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[FICHAMENTO] MORIN, Edgar. Cultura de Massas no século XX

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Morin – Cultura de Massas no século XX
Cap. 1: Um terceiro problema
Segundo Morin, os problemas decorrentes da nova modernidade são considerados parte do que se chama de Terceira Cultura, ou seja, tudo aquilo oriundo da imprensa, do cinema, do rádio, da TV, projetando-se ao lado das culturas clássicas e nacionais. 
É esse o caso daquilo que pode ser considerado como Terceira Cultura, oriunda da imprensa, do cinema, do rádio, da televisão, que surge, desenvolve-se, projeta-se, ao lado das culturas clássicas – religiosas ou humanistas – e nacionais. P. 14
A Cultura de massa (mass culture) é consequente disso. Ela é produzida sob normas de fabricação industrial, propagada através de técnicas de difusão de massa, e destinada a uma massa social.
Cultura de massa, isto é, produzida segundo as normas maciças da fabricação industrial; propagada pelas técnicas de difusão maciça [...]; destinando-se a uma massa social, isto é, um aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade (classes, família, etc.). p. 14
Definição de cultura:
Podemos adiantar que uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as emoções. P. 15
Cultura de massa:
Ela constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de identificações específicas. Ela se acrescenta à cultura nacional, à cultura humanista, à cultura religiosa, e entra em concorrência com estas culturas. P. 15-16
Cap. 3: O Grande Público
A produção de conteúdo, embora variável em número e tipos, tende a uma homogeneização de estilos: na informação procura-se o sensacionalismo e as vedetes (tudo o que parece romanesco é traduzido para o real); por outro lado, os romances buscam aspectos da vida real para as pessoas se identificarem com aquilo (tudo o que parece real é traduzido para o romanesco).
Sincretismo é a palavra mais apta para traduzir a tendência a homogeneizar sob um denominador comum a diversidade dos conteúdos. P. 36
A cultura de massa é animada por esse duplo movimento do imaginário arremedando o real e do real pegando as cores do imaginário. Essa dupla contaminação do real e do imaginário [...] esse prodigioso e supremo sincretismo se inscreve na busca do máximo de consumo. P. 37
Essa homogeneização também afeta o consumo, já que tudo é feito para atingir públicos das mais diversas idades: conteúdos adultos atraem as crianças (pelo uso das fotos e desenhos), e os conteúdos infantis atraem os adultos (pois servem como instrumentos de aprendizagem para a cultura de massa).
Assim, uma homogeneização da produção se prolonga em homogeneização do consumo que tende a atenuar as barreiras entre as idades. P. 39
As fronteiras culturais são abolidas no mercado comum das mass media. Na verdade as estratificações são reconstituídas no interior da nova cultura. P. 40
Tende-se, sobretudo, uma homogeneização sobre o plano das nações, em que a cultura industrial é desenvolvida para ser consumida em sentido global (ex.: agências de notícias internacionais, Hollywood). Ela faz isso realizando produções cosmopolitas (uma dublagem, uma legenda, uma cooperação entre vários países) ou se apropriando de temas regionais para ressignificar num sentido global.
A cultura industrial adapta temas folclóricos locais transformando-os em temas cosmopolitas, como o western, o jazz, os ritmos tropicais (samba, mambo, chá-chá-chá, etc.). Pegando esse impuso cosmopolita, ela favorece, por um lado, os sincretismos culturais (filmes de co-produção, transplantação para uma área de cultura de temas provenientes de uma outra área cultural) e, por outro lado, os temas “antropológicos”, isto é, adaptados a um denominador comum de humanidade. P. 44
Diferente dos outros tipos de cultura, em que são impostas por meio das diversas instituições sociais (escola, igreja, etc.), a cultura de massa é determinada e proposta pelo mercado.
A produção cultural é determinada pelo próprio mercado. P. 45
A cultura de massa, no universo capitalista, não é imposta pelas instituições sociais, ela depende da indústria e do comércio, ela é proposta. Ela se sujeita aos tabus (da religião, do Estado, etc.), mas não os cria; ela propõe modelos, mas não ordena nada. P. 46
A imprensa/cinema que faz o público ou o público que faz a imprensa/cinema? A cultura de massa é produto dessa dialética entre produção-consumo.
É evidente que o verdadeiro problema é o da dialética entre o sistema de produção cultural e as necessidades culturais dos consumidores. Essa dialética é muito complexa, pois, por um lado, o que chamamos de público é uma resultante econômica abstrata da lei da oferta e da procura [...] e, por outro lado, os constrangimentos do Estado (censura) e as regras do sistema industrial capitalista pesam sobre o caráter mesmo desse diálogo. P. 47
Cap. 6: Uma cultura de lazer
O modelo de trabalho do capitalismo moderno institui uma ideia de “lazer” diferente do que era dado no antepassado. Se, antes, haviam festas com carácter de comunhão coletiva e ritos sagrados, hoje o tempo livre é destinado a trabalhos de interesses individuais (tarefas de casa, hobbies, talentos pessoais) e ao consumo do bem-estar.
Efetuamos, durante o lazer, trabalhos pelos quais nos sentimos individualmente interessados e responsáveis, [...] ou então desenvolvemos talentos pessoais, hobbies ou ideias fixas. P. 68
Essa participação embrionária no consumo significa que o lazer não é mais apenas o vazio do repouso e da recuperação física e nervosa; não é mais a participação coletiva na festa, não é tanto a participação nas atividades familiares produtivas ou acumulativas, é também, progressivamente, a possibilidade de ter uma vida consumidora. P. 68-69
O consumo dos produtos se torna, ao mesmo tempo, o autoconsumo da vida individual. P. 69
Nesse sentido, o jogo e o espetáculo mobilizam o lazer. O espectador é o leitor do jornal ou da revista, em que tudo desenrola diante de seus olhos, mas sem poder tocar, participando do espetáculo por intermédio do “corifeu” (mediador, jornalista, locutor, fotógrafo, cameraman).
Assim, participamos dos mundos à altura da mão, mas fora do alcance da mão. Assim, o espetáculo moderno é ao mesmo tempo a maior presença e a maior ausência. É insuficiência, passividade, errância televisual e, ao mesmo tempo, participação na multiplicidade do real e do imaginário. P. 71
Também existe no espetáculo do lazer um componente lúdico: as férias se tornam tipos de jogos de prazeres por meio de atividades ancestralmente vitais (pescar, caçar, camponês, lenhador).
Essas férias não são apenas entreatos recuperadores no seio da natureza (sono, repouso, caminhada), mas também dos prazeres e dos jogos, seja por meio do exercício de atividades ancestralmente vitais (pesca, caça, colheita) reencontrado por forma lúdica, seja pela participação dos novos jogos (esportes de praia, esqui aquático, pesca submarina). A vida se torna uma grande brincadeira: brinca-se de ser camponês, montanhês, pescador, de lutar, correr, nadar... p. 73
O turismo, nessa linha de pensamento do lazer, é um componente de consumação do espaço físico: o turista “esteve lá”, experimentou, se apropriou do espaço através de fotos e souvenirs.
Há na visitação turística a introdução, simultaneamente, de um suplemento de ser e de um quantum de ter. A auto-ampliação física é ao mesmo tempo uma apropriação, certamente semimágica, experimentada como uma exaltação, um enriquecimento de si. P. 74
Essa vida de jogo-espetáculo é feita à imagem da vida cinematográfica.
Essa organização cria uma espantosa sociedade temporária, inteiramente fundada no jogo-espetáculo: passeios, excursões, esportes náuticos, festas, bailes. P. 74
Assim, o ideal da cultura de lazer é a vida dos olimpianos modernos: heróis do espetáculo que propõem e expõe um modelo de vida ideal de lazer.
Esses olimpianos propõem o modelo ideal da vida de lazer, sua suprema aspiração. Vivem segundoa ética da felicidade e do prazer, do jogo e do espetáculo. Essa exaltação simultânea da vida privada, do espetáculo, do jogo é aquela mesma do lazer, e aquela mesma da cultura de massa. P. 75
Nesse sentido o tecido do individualismo moderno é, de fato, niilista a partir do momento em que nada vem justificar o indivíduo senão sua própria felicidade. P. 76
Cap. 10: Os olimpianos
Na cultura de massas, os olimpianos (celebridades, figuras exaltadas e “endeusadas”) elevam seu estrelato, mas também partilham de características que irão faze-los parte do cotidiano da massa. Assim, eles têm uma dupla natureza: são deuses na vida pública (como “modelos” a serem seguidos), mas humanos na vida privada (permitindo que a massa se identifique).
Os novos olimpianos são, simultaneamente, magnetizados no imaginário e no real, simultaneamente, ideais inimitáveis e modelos imitáveis; sua dupla natureza é análoga à dupla natureza teológica do herói-deus da religião cristã: olimpianas e olimpianos são sobre-humanos no papel que eles encarnam, humanos na existência privada que eles levam. P. 106
Os olimpianos, por meio de sua dupla natureza, divina e humana, efetuam a circulação permanente entre o mundo da projeção e o mundo da identificação. Concentram nessa dupla natureza um complexo virulento de projeção-identificação. Eles realizam os fantasmas que os mortais não podem realizar, mas chamam os mortais para realizar o imaginário. P. 107

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