Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRINCÍPIOS DE FARMACOLOGIA Prof. Disney Oliver Sivieri Junior Introdução Farmacologia: do grego phármakon (droga); lógos (estudo) Estuda os efeitos das substâncias sobre os organismos vivos e os efeitos sobre as funções biológicas. Droga: substância química que produz efeitos biológicos quando administrada em organismos vivos. Qualquer substância que provoque (ou cause) alteração no(s) sistema(s) biológico(s). Droga = Fármaco. Medicamento: produto farmacêutico (forma farmacêutica) que contenha uma ou mais drogas (princípios ativos). Utilizada com o objetivo de induzir um efeito terapêutico. Não confunda Medicamento com Remédio! Nomenclatura das drogas e medicamentos Cada medicamento possui no mínimo três nomes: A. Sigla: RO 13-9904 B. Nome químico: (6R,7R)-7-(Z)-2-(6R,7R)-7-(Z)-2-(amino-4-tiazolil)-2-[metoiimino] acetoamido- 3-[(2,5-diidro-2-metil-oxo-as-triazin-3-il)tio]metil-8-oxo-5-tia-1-azobiciclo[4,2,0]-oct-2-em-2-acido carboxílico C. Nome genérico: ceftriaxona sódica D. Nome registrado: Rocefin® (Roche) E. Sinônimo: Ceftriax (EMS) Medicamento de referência: medicamento inovador; Medicamento genérico: é o medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que pretende ser com esse intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade e denominado pela Denominação Comuim Brasileira ou, na sua ausência, pela Denominação Comum Internacional; Medicamento similar: medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. Definições Fitoterapia: é a profilaxia ou tratamento de doenças através de plantas, bem como por partes de plantas (folhas, flores, raízes, frutos ou sementes) e pelas suas preparações; terapêutica que utiliza os medicamentos cujos constituintes ativos são plantas ou derivados vegetais e que tem a sua origem no conhecimento e no uso popular. Medicamento Fitoterápico: aquele obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição substâncias ativas isoladas (sintéticas ou naturais), nem as associações dessas com extratos vegetais. Portanto, as plantas ou suas partes devem ser utilizadas em sua integridade (as quais geralmente são formadas por fitocomplexos). Medicamentos obtidos de substâncias naturais: composto quimicamente definido isolado de plantas. Fitoterapia e o SUS: a Rename (2020) lista 12 medicamentos fitoterápicos. Exemplos: Mentha x piperita (hortelã: síndrome do cólon irritável); Mikania glomerata (guaco: broncodilatador). Definições Farmacologia O que a droga faz no organismo a fim de produzir um efeito biológico? Como o organismo processa e manipula a molécula da droga? Farmacodinâmica Estuda os efeitos biológicos, o local e o mecanismo de ação das drogas. Farmacocinética Estuda quantitativamente a cronologia dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção das drogas. “O que a droga faz no organismo” “O que organismo faz com a droga” Farmacodinâmica Caso Clínico O Sr. CS, 62 anos de idade, trabalhador rural, usuário do SUS, compareceu na sessão de fisioterapia semanal. O Sr. CS é hipertenso, dislipidêmico (hipercolesterolemia) e está realizando fisioterapia para melhorar a função muscular da perna esquerda, pois ele sofreu um acidente durante seu trabalho que resultou em colocação de gesso até o joelho (devido rompimento de ligamento de tornozelo). Porém, nos exercícios ele se queixou de cansaço e dores na nuca. Ele relatou que faz uso de losartana potássica (antagonista AT1 da angiotensina II, que é agonista desses receptores) 50 mg 1x/dia, um diurético tiazídico (inibidor do co-transportador Na+-Cl-, canal de transporte de íons no néfron) 25 mg 1x/dia, sinvastatina 20mg 1x/dia (inibidor enzimático competitivo da HMG-COA-redutase, enzima chave na produção do colesterol). Após verificação da pressão arterial, foi constatado que o Sr. CS estava com pressão de 162 mmHg/94 mmHg. Assim, a sessão de fisioterapia foi interrompida e o Sr. CS encaminhado para ser medicado com o pessoal de atendimento clínico. Ao ser recebido pelo profissional de enfermagem é questionado sobre o seguimento do tratamento farmacológico. Questionamentos: 1. Como essas drogas (medicamentos) atuam no organismo? Explique utilizando os conceitos que explicam os tipos de interação entre a droga e os alvos farmacológicos. 2. Por que nesse esquema farmacoterapêutico necessita de associação de drogas? 3. Qual possível motivo que levou ao descontrole da pressão arterial do Sr. CS? O conceito de Receptor Qualquer molécula com a qual a droga interaja para produzir um efeito biológico Macromoléculas cuja função é reconhecer e responder a mediadores endógenos: Receptor & “alvos (farmacológicos) de drogas” (aceptor) Canais iônicos DNA Receptores nucleares Receptores Enzimas Alvos de drogas Agonistas e antagonistas O conceito de Agonista Agonistas: substâncias que se ligam ao receptor e alteram seu estado produzindo uma resposta biológica; ativam o receptor. Citoplasma Membrana Plasmática Meio Extracelular Inativo Ativo Efeito Agonista Inativo Antagonismo Competitivo Reversível Citoplasma Membrana Plasmática Meio Extracelular Inativo Inativo Sem Efeito Antagonista Muitos antagonistas agem de maneira mutuamente (possuem afinidade) no mesmo receptor com os quais os agonistas interagem: antagonismo competitivo reversível. É reversível porque a ligação entre as moléculas não é estável suficiente para evitar o deslocamento induzido pelo agonista. Inativo Ativo Efeito Inativo Sem Efeito Antagonista Agonista Citoplasma Membrana Plasmática Meio Extracelular Inativo Inativo Sem Efeito Antagonista Alguns antagonistas se dissociam muito lentamente, ou mesmo não se dissociam dos receptores impedindo, assim, a ligação do agonista: antagonismo irreversível. Nesse caso as forças de interação entre as moléculas são mais fortes, conferindo estabilidade da ligação. Ativo Efeito Inativo Sem Efeito Inativo Antagonismo Competitivo Irreversível Antagonista Agonista Antagonismo Não Competitivo Alguns antagonistas interferem em algum ponto na cadeia de eventos envolvida na instalação do efeito em resposta a um agonista: antagonistas não competitivos. Ex: um inibidor de uma atividade enzimática da cascata intracelular de eventos Citoplasma Membrana Plasmática Meio Extracelular Inativo Ativo Efeito Agonista Evento 1 Evento 2 Evento n Droga X Antagonismo químico Duas drogas se combinam (reagem) em solução de forma que uma delas perde a capacidade de se ligar ao receptor. Ex. infliximabe (anticorpo anti-TNF-α) Citoplasma A AMembrana Plasmática Meio Extracelular Inativo Ativo Efeito A A Inativo + Antagonismo Farmacocinético Quando uma droga “X” afeta a absorção, distribuição e/ou eliminação de uma outra droga, diminuindo seu efeito biológico. Moduladores Alostéricos Sítios alostéricos: podem aumentar ou diminuir a capacidade do agonista em se ligar ao receptor e/ou sua capacidade de ativá-lo. Antagonistas e facilitadores alostéricos. Como se pode entender que uma droga quando se liga ao receptor pode não produzir nenhuma alteração? Eficácia é a capacidade de uma droga, quando ligada ao receptor, de produzir efeito. Agonistas possuem eficácia > 0 Antagonistas possuem eficácia = 0 Conclusão: o efeito de uma droga depende não somente da sua concentração, mastambém, da afinidade e eficácia! Para entender as interações droga-receptor é necessário quantificar a relação entre a droga e o efeito biológico! Relação Dose-Resposta Concentração-efeito Parâmetros Avaliados em uma Curva Dose-Efeito Resposta (ou efeito) máxima Sensibilidade (potência): concentração para produzir determinado efeito: mais utilizado é o nível de 50% (CE50 ou EC50) (CI50 – Concentração que induz 50% de inibição – muito utilizado para atividade enzimática) Potência: medida da posição relativa da curva no eixo X (concentração ou dose) 0 0.01 0.1 1 Log [droga] 0 20 40 60 80 100 120 140 E F E IT O ( % E F E IT O M Á X IM O ) CE50 Efeito máximo Receptores & Seus Sistemas Efetores Considerações Fármaco ideal deveria interagir com um único tipo de estrutura (ou receptor) – Seletividade. Distribuição (quantidade e expressão) e localização do receptor: tecidual, circulante. A presença de fisiopatologia pode alterar a função do tecido ou do órgão modificando a sinalização e a expressão de moléculas. Pode interferir na interação droga-receptor. Outros Alvos Moleculares (aceptores): Enzimas, Canais Dependentes de Voltagem, Proteínas Transportadoras e Estruturais, DNA. Classificação dos Receptores e Aceptores (Alvos) para Drogas Canal iônico: Alteração a condutância do canal Receptores hepta- helicoidais: ligação porção extracelular ou transmembrana Receptor com domínio enzimático intracelular: ativação ou inibição Receptores citoplasmático ou nucleares: drogas lipofílicas
Compartilhar