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2012 EquipamEntos dE protEção individual E ColEtivo Prof. Léo Roberto Seidel Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof. Léo Roberto Seidel Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 620.86 S4581e Seidel, Léo Roberto. Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva/ Léo Roberto Seidel. Centro Universitário Leonardo da Vinci –Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2012.x ; 180 p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-338-9 1. Engenharia de Segurança 2. Proteção Individual I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título Impresso por: III aprEsEntação Caro acadêmico! Você tem em mãos o Caderno de Estudos da disciplina de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva que lhe servirá de importante meio para a aquisição de conceitos fundamentais referentes à Segurança do Trabalho. No decorrer deste Caderno serão apresentados conceitos, exemplos, comentários e também alguns exercícios a respeito dos vários temas abordados. Encorajo você a cumprir cada etapa com empenho e entusiasmo. Também recomendo a realização das leituras recomendadas, que se prestam como uma maneira muito interessante e instrutiva para a aquisição de novos conhecimentos. Na primeira unidade você conhecerá alguns fatores históricos importantes que motivaram o uso e o desenvolvimento de equipamentos de proteção. Também ficará sabendo das obrigações e direitos que cabem aos empregadores e aos funcionários quanto à utilização e conservação dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). A segunda unidade traz aspectos referentes à documentação inerente aos EPIs (Certificado de Aprovação – CA, ficha de entrega e outros). Nesta parte também serão estudadas questões sobre treinamento para a correta utilização do EPI. Por fim, a terceira unidade lista várias categorias de EPIs e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva) classificados conforme o tipo. Desejo a você um forte abraço e que este Caderno lhe auxilie no desenvolvimento do aprendizado e habilidades necessárias para a formação de um excelente profissional. Prof. Léo Roberto Seidel IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs ................................................. 1 TÓPICO 1 – HISTÓRICO ...................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CAPACETES DE PROTEÇÃO ............................................................................................................ 4 3 DISPOSITIVOS DE ANCORAGEM ................................................................................................ 6 4 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ............................................................................................................ 11 5 PROTETORES AUDITIVOS E AURICULARES ............................................................................ 14 6 O CENÁRIO FUTURO ........................................................................................................................ 17 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 18 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO ................................................................................................................... 21 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21 2 LEI Nº 6.514 DA CLT ............................................................................................................................ 21 3 A NORMA REGULAMENTADORA Nº 9 (NR-9) .......................................................................... 23 4 NR 6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) .................................................... 24 4.1 DISPOSIÇÕES GERAIS DA NORMA .......................................................................................... 25 4.2 OBRIGAÇÕES DO EMPREGADOR ............................................................................................. 26 4.3 OBRIGAÇÕES DO TRABALHADOR .......................................................................................... 26 4.4 SOBRE O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DOS EPIs ........................................................... 27 5 ANEXOS DA NR 6 ................................................................................................................................ 29 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 37 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38 TÓPICO 3 – OBRIGAÇÕES E DIREITOS .......................................................................................... 39 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39 2 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES AO USO DE EPI .......................................................... 39 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 42 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 49 AUTOATIVIDADE................................................................................................................................. 50 UNIDADE 2 – GERENCIAMENTO DE EPIs ..................................................................................... 51 TÓPICO 1 – CERTIFICADO DE APROVAÇÃO ............................................................................... 53 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 53 2 POR QUE TER O CA ............................................................................................................................ 53 2.1 MERCADO DE CONSUMO .......................................................................................................... 54 3 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA CONSEGUIR O C. A. ................................................. 55 4 A NR-6 .................................................................................................................................................... 56 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 63 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 64 sumário VIII TÓPICO 2 – CONTROLE E GERENCIAMENTO DE EPI 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 CONTROLE E TROCA DO EPI INDIVIDUAL.............................................................................. 65 3 CONTROLE E TROCA DO EPI POR SETOR ................................................................................. 67 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 69 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 70 TÓPICO 3 – EPI X INSALUBRIDADE X NEUTRALIZAÇÃO ....................................................... 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71 2 EPIs E SUAS APLICAÇÕES ............................................................................................................... 72 2.1 LUVAS ............................................................................................................................................... 72 2.1.1 Luvas de PVC para Alta Tensão ........................................................................................... 72 2.1.2 Luva de Borracha Nitrílica ou Neoprene ............................................................................ 72 2.1.3 Luvas de Látex ou de PVC .................................................................................................... 73 2.1.4 Luvas de Alma de Aço ........................................................................................................... 73 2.1.5 Luvas de Malha Pigmentada, de PVC, de Borracha, de Lona ......................................... 74 2.1.6 Luva GUNN ............................................................................................................................. 75 2.1.7 Luva Montpelier Mista ............................................................................................................ 75 2.2 CAPACETES ..................................................................................................................................... 76 2.2.1 Capacete Simples .................................................................................................................... 76 2.2.2 Capacete com Protetor Facial de Policarbonato ................................................................. 76 2.2.3 Capacete com Protetor Facial e Abafador de Ruído .......................................................... 77 2.2.4 Capacete com Abafador de Ruído ....................................................................................... 77 2.2.5 Capacete com Cinta Jugular .................................................................................................. 78 2.3 BOTAS E CALÇADOS .................................................................................................................... 78 2.3.1 Calçados ................................................................................................................................... 78 2.3.2 Botas .......................................................................................................................................... 79 2.3.2.1 Bota em borracha vulcanizada ........................................................................................... 80 2.3.2.2 Bota altamente especializada ............................................................................................. 80 2.4 PROTETORES AUDITIVOS ........................................................................................................... 81 2.4.1 Tipo Plug .................................................................................................................................. 81 2.4.2 Tipo Concha ............................................................................................................................. 81 2.5 CAPAS DE CHUVA e AVENTAIS ................................................................................................. 81 2.5.1 Capa de Chuva ........................................................................................................................ 82 2.5.2 Avental ...................................................................................................................................... 82 2.6 ROUPAS ........................................................................................................................................... 82 2.6.1 Paletó ........................................................................................................................................ 83 2.6.2 Calça ......................................................................................................................................... 83 2.6.3 Capuz ........................................................................................................................................ 84 2.7 ÓCULOS E MÁSCARAS DE SOLDA ........................................................................................... 84 2.7.1 Óculos de Segurança ............................................................................................................. 84 2.7.2 Óculos de Segurança para Soldador .................................................................................... 84 2.7.3 Óculos de Segurança .............................................................................................................. 85 2.7.4 Máscara de Solda .................................................................................................................... 85 2.8 MÁSCARAS, RESPIRADORES E FILTROS ................................................................................. 86 2.8.1 Respirador Purificador de Ar ................................................................................................ 86 2.8.2 Respirador Purificador de Ar de Segurança Tipo Peça Única ......................................... 86 2.9 CINTO DE SEGURANÇA, TRAVA-QUEDA E TALABARTE .................................................. 87 2.9.1 Cintos de Segurança Tipo Paraquedista, Alpinista e Construção Civil .......................... 87 2.9.2 Trava-queda para Corda ou Cabo de Aço........................................................................... 87 2.9.3 Talabarte Y ...............................................................................................................................88 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 89 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90 IX TÓPICO 4 – HIGIENIZAÇÃO .............................................................................................................. 91 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91 2 HIGIENE NO TRABALHO ................................................................................................................ 92 2.1 HIGIENIZAÇÃO DOS EPIs ........................................................................................................... 95 2.2 HIGIENIZAÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO ......................................................................... 96 2.2.1 Higienização em Canteiro de Obras .................................................................................... 96 2.2.2 Higienização em Empresas ................................................................................................... 98 2.3 ESTRESSE NO TRABALHO.........................................................................................................100 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................102 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103 TÓPICO 5 – TREINAMENTO PARA OS COLABORADORES...................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 TREINAMENTO DE SEGURANÇA, HIGIENE E MEDICINA NO TRABALHO ................105 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................112 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113 UNIDADE 3 – TIPOS DE EPIs E EPCs ..............................................................................................115 TÓPICO 1 – CREMES E PROTEÇÃO PARA CABEÇA .................................................................117 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................117 1.1 ÁGUA RESISTENTE .....................................................................................................................117 1.2 ÓLEO RESISTENTES ....................................................................................................................118 1.3 CREMES ESPECIAIS .....................................................................................................................118 1.4 FILTROS SOLARES .......................................................................................................................119 2 PROTEÇÃO AUDITIVA ...................................................................................................................119 2.1 TIPO CONCHA .............................................................................................................................120 2.2 TIPO MOLDÁVEL .........................................................................................................................120 2.3 ESPECIAL .......................................................................................................................................121 2.4 PRÉ-MOLDADO ............................................................................................................................121 2.5 NOVIDADES ..................................................................................................................................122 3 CAPACETES DE PROTEÇÃO ..........................................................................................................122 3.1 COM ABA TOTAL - TIPO I ..........................................................................................................122 3.2 COM ABA FRONTAL - TIPO II ...................................................................................................123 3.3 SEM ABA - TIPO III .......................................................................................................................123 4 PROTEÇÃO FACIAL .........................................................................................................................124 4.1 ÓCULOS DE SEGURANÇA ........................................................................................................125 4.2 PROTETOR FACIAL .....................................................................................................................125 4.3 MÁSCARAS DE SOLDA ..............................................................................................................126 5 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ..........................................................................................................126 5.1 TIPOS DE AGENTES NOCIVOS .................................................................................................126 5.2 ATMOSFERAS IPVS (IMEDIATAMENTE PERIGOSAS À VIDA E À SAÚDE) ..................127 5.3 TIPOS DE RESPIRADORES .........................................................................................................128 5.4 RESPIRADORES PURIFICADORES DE AR..............................................................................128 5.4.1 Peça semifacial filtrante .......................................................................................................128 5.4.2 Respirador semifacial com filtros substituíveis ................................................................129 5.4.3 Respirador Facial Inteiro e filtros substituíveis ................................................................130 5.4.4 Respirador purificador de ar motorizado com capuz .....................................................131 5.5 RESPIRADORES POR ADUÇÃO DE AR...................................................................................131 5.5.1 Respirador com linha de ar comprimido ..........................................................................132 5.5.2 Respirador Autônomo ..........................................................................................................133 X RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................134 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................135 TÓPICO 2 – PROTEÇÕES PARA O CORPO ...................................................................................137 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137 1.1 CINTURÃO DE SEGURANÇA TIPO ABDOMINAL ..............................................................138 1.2 CINTURÃO TIPO PARAQUEDISTA .........................................................................................138 1.3 TRAVA-QUEDAS ...........................................................................................................................139 1.4 TALABARTE ..................................................................................................................................139 2 LUVAS DE PROTEÇÃO ....................................................................................................................1402.1 LUVA DE COURO (RASPA/VAQUETA) OU TECIDO (LONA) ............................................140 2.2 LUVA DE MALHA DE AÇO E ARAMIDA ...............................................................................141 2.3 LUVAS DE PARA-AMIDA ...........................................................................................................141 2.4 LUVAS DE COURO TRATADO, FIBRAS ARAMIDAS, TECIDOS MISTOS (PARA-AMIDA E CARBONO), COMPOSTOS CERÂMICOS ................................................142 2.5 ISOLANTES DE BORRACHA .....................................................................................................143 2.6 LUVAS COM CORPO DE COURO E PALMAS DE POLÍMEROS .........................................143 2.7 BORRACHA COM CHUMBO (PLUMBÍFERAS) .....................................................................144 2.8 PROTEÇÃO CONTRA PRODUTOS QUÍMICOS .....................................................................144 2.9 TENDÊNCIAS ................................................................................................................................145 3 VESTIMENTAS DE PROTEÇÃO ....................................................................................................145 3.1 PROTEÇÃO CONTRA CHAMAS ..............................................................................................146 3.2 ELETRICIDADE .............................................................................................................................146 3.3 RESISTÊNCIA AO CALOR IRRADIADO .................................................................................147 3.4 RESISTÊNCIA A PRODUTOS QUÍMICOS ...............................................................................148 3.5 RESISTÊNCIA MECÂNICA ........................................................................................................149 3.6 RESISTÊNCIA A AGENTES BIOLÓGICOS...............................................................................150 4 CALÇADOS DE PROTEÇÃO ..........................................................................................................151 4.1 RESISTÊNCIA A QUEDAS DE PRODUTOS .............................................................................151 4.2 RISCOS ELÉTRICOS .....................................................................................................................152 4.3 RESISTENTES À ÁGUA ...............................................................................................................153 4.4 RESISTÊNCIA TÉRMICA .............................................................................................................154 4.5 RESISTENTES À PENETRAÇÃO E OBJETOS PONTIAGUDOS ...........................................155 4.6 RESISTENTES A RESPINGOS DE PRODUTOS QUÍMICOS..................................................155 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................156 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................157 TÓPICO 3 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA .....................................................159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 1.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................................................159 1.2 APLICAÇÃO ..................................................................................................................................159 2 TIPOS DE EPCs ...................................................................................................................................160 2.1 EPCS PARA SERVIÇOS EM ELETRICIDADE ..........................................................................160 2.1.1 Banqueta Isolante ..................................................................................................................160 2.1.2 Manta e Cobertura Isolante .................................................................................................161 2.1.3 Travas para Disjuntores .......................................................................................................161 2.1.4 Outros dispositivos...............................................................................................................162 2.2 DISPOSITIVOS DE SINALIZAÇÃO ...........................................................................................162 2.2.1 Cones de Sinalização ............................................................................................................162 2.2.2 Placas de Sinalização ............................................................................................................163 2.2.3 Fitas de Sinalização ...............................................................................................................164 2.3 BARREIRA DE PROTEÇÃO ........................................................................................................164 XI 2.4 EXTINTOR DE INCÊNDIO..........................................................................................................165 2.5 REDES DE PROTEÇÃO ................................................................................................................165 2.6 LAVA-OLHOS E CHUVEIRO DE SEGURANÇA .....................................................................166 2.7 EXAUSTORES DE AR ...................................................................................................................167 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................168 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................172 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................173 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................175 XII 1 UNIDADE 1 HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender o desenvolvimento dos EPIs; • conhecer as obrigações e direitos dos empregados e empregadores; • entender as principais regulamentações a respeito de EPIs; • compreender os conceitos sobre a necessidade do uso de EPI e a conscien- tização dos empregados a este respeito. Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que no final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conteúdos estudados. TÓPICO 1 – HISTÓRICO TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO TÓPICO 3 – OBRIGAÇÕES E DIREITOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HISTÓRICO 1 INTRODUÇÃO No início da Revolução Industrial, a segurança e a saúde do trabalhador tinham pouca relevância perto da prioridade que são atualmente. Assim, com o aumento da produção, também houve aumento de lesões e mortes do trabalhador. A ideia de trabalho seguro cresceu lentamente a partir de um pequeno vislumbre de uma chama brilhante dentro da consciência coletiva da força de trabalho daquela época, sobretudo nos países mais industrializados. Como a necessidade e o desenvolvimento de soluções de proteção ao trabalhador ocorreram inicialmente nos países mais industrializados, tomaremos como ponto de partida, para uma análise histórica da evolução dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), a construção da mundialmente conhecida Golden Gate, ponte suspensa que liga São Francisco à Califórnia, nos Estados Unidos. Esta obra, construída entre 1933 e 1937, é um excelente exemplo da influência precoce de EPIs em matéria de segurança. A construção de uma ponte de cabos de aço com 4.200metros de comprimento era uma tarefa que não tinha sido tentada antes e que apresentou muitos perigos. O engenheiro chefe do projeto, Joseph Strauss, se comprometeu a fazer a sua construção de modo seguro possível. FIGURA 1 – PONTE GOLDEN GATE, EM SÃO FRANCISCO FONTE: Rich Niewiroski Jr. (2010). UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 4 2 CAPACETES DE PROTEÇÃO A construção da ponte teve um papel particularmente importante no êxito do desenvolvimento e utilização de vários EPIs, pois foi o primeiro grande projeto em que foi exigido de todos os seus trabalhadores o uso de capacetes. Embora o capacete fosse, naquela época, um tanto rudimentar, a proteção da cabeça não era nova. Garimpeiros tinham aprendido muito antes a importância de medidas preventivas contra quedas de detritos. Michael Lloyd, gerente da Bullard, uma empresa americana de EPIs fundada em 1898, diz que muitos mineiros utilizavam chapéus de feltro bem duro com a parte superior arredondada. Muitas vezes apelidado de “Chapéu de Ferro”, esses eram preenchidos com algodão para criar uma barreira de amortecimento contra golpes. (BARRERA, 2010) Inspirado no design do seu capacete do Exército, Edward Bullard retornou da 1ª Guerra Mundial e iniciou um projeto de um novo tipo de capacete protetor. O capacete foi feito em camadas de lona impregnada com resina, envernizadas e costuradas num molde. Bullard recebeu a patente deste projeto em 1919. Mais tarde, naquele ano, a Marinha dos Estados Unidos enviou a Bullard um pedido para algum tipo de proteção para a cabeça de seus trabalhadores do estaleiro. A primeira suspensão interna foi adicionada ao capacete para aumentar a sua eficácia, sendo que a utilização do produto se espalhou rapidamente para os madeireiros, trabalhadores de serviços públicos e trabalhadores da construção civil. Na época da construção da Barragem de Hoover, nos Estados Unidos, em 1931, muitos trabalhadores utilizavam voluntariamente o capacete. De acordo com Barrera (2010), a construção da ponte Golden Gate mostrou-se um verdadeiro teste à capacidade de proteção do capacete, pois a queda rebites foi um dos grandes perigos durante a obra. FIGURA 2 – PRIMEIRO CAPACETE DE E. BULLARD FONTE: <https://bit.ly/2zfAYol.jpg>. Acesso em: 8 out. 2018. Segundo Barrera (2010), outras inovações vieram na forma de materiais diferentes. Em 1938, Bullard lançou o primeiro capacete de alumínio. Era mais durável e confortável, mas conduzia eletricidade e não suportava muito bem determinados choques mecânicos. Nos anos 40, capacetes fenólicos tornaram-se disponíveis como predecessores dos de fibra de vidro. Termoplástico tornou-se o material preferido para protetores cranianos uma década depois e ainda é usado por muitos fabricantes hoje em dia. TÓPICO 1 | HISTÓRICO 5 Em 1953, Bullard introduziu o processo de capacetes moldados por injeção. “Antes, os capacetes termoplásticos eram prensados num molde aberto. No processo de moldagem por injeção, tem-se realmente um molde fechado em que a bomba faz um capacete mais consistente e um produto de maior qualidade, sendo que ainda se pode garantir a mesma espessura em toda a peça. Vai ser um capacete mais seguro”, declara Lloyd. (BARRERA, 2010) FIGURA 3 – CAPACETES DE PROTEÇÃO EM MATERIAL INJETADO FONTE: <https://www.epibrasil.com.br/capacete-aba-frontal-com-jugular-e-catraca- spf21892-p5906/>. Acesso em: 8 out. 2018. Apesar da eficácia do capacete e de seu custo relativamente baixo, nos EUA seu uso não foi oficialmente exigido em locais de trabalho até o surgimento da Lei de Segurança e Saúde em 1970. A norma OSHA de proteção para cabeça, 1910.135, obrigou os trabalhadores a proteger as cabeças e instruiu os fabricantes e os empregadores ao padrão Z89.1, o American National Standards Institute, para as diretrizes de uso adequado. No Brasil, a obrigação do uso de capacetes (bem como de outros EPIs) iniciou de forma efetiva com a publicação da Lei Nº 6.514/77. Desde então, muitos materiais novos já foram criados, tais como a resina de alta resistência ao calor da General Electric, polyphthalato-carbonato, para capacetes de bombeiros. Novos capacetes rígidos foram desenhados para fornecer proteção lateral, designados de tipo 2, conforme ANSI Z89.1. “Os capacetes foram originalmente concebidos para proteção contra quedas de objetos”, afirma Lloyd. “Mas o que acontece se você topar com alguma coisa de frente? O que pode acontecer se você se virar para algo que atinge o seu capacete?”. (BARRERA, 2010) Conforme Barrera (2010), pelo fato de o mercado de capacetes ser bem maduro, com exceção para o desenvolvimento de novos materiais, a maioria das inovações atuais visa a características de conforto e de tecnologias que lhes permitam suportar extremos de temperatura. Modelos mais fáceis de usar estão aparecendo para permitir ao usuário ajustar a suspensão de um capacete com apenas uma mão. Nos últimos anos, os fabricantes têm apresentado diferentes tipos de capacetes ventilados projetados para ajudar os trabalhadores a se manterem arejados. Muitos capacetes apresentam acessórios como protetores UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 6 faciais destacáveis, viseiras, protetores auriculares, e alguns com forro para absorção de suor forro. Alguns mais sofisticados vêm com rádio AM / FM, rádio- comunicadores e até filmadoras. FIGURA 4 – CAPACETES DE PROTEÇÃO COM ACESSÓRIOS DIVERSOS FONTE: <https://multimedia.3m.com/mws/media/1003282F/muffler-hearing-protector- attachable-to-the-helmet.jpg>. Acesso em: 8 out. 2018 3 DISPOSITIVOS DE ANCORAGEM Embora primitiva pelos padrões de hoje, a solução para o problema de quedas de trabalhadores também foi abordada durante a construção da ponte Golden Gate. Após três anos de obras, diversos atrasos convenceram Strauss a investir mais de 130 mil dólares (um valor muito alto, considerando-se a época da Grande Depressão) em uma grande rede semelhante às utilizadas em circos. Suspensa por debaixo da ponte, a rede se estendia por 10 metros a mais na largura e 15 metros mais comprida do que a própria ponte. Isso deu a confiança dos trabalhadores de se mover rapidamente através da construção de aço escorregadio. Houve relatos de trabalhadores que foram ameaçados de demissão imediata, se fossem encontrados propositalmente mergulhando na rede, conforme Barrera (2010). A rede de Strauss provou ser um grande sucesso na manhã de 16 de fevereiro de 1937, quando o lado oeste de uma plataforma com 11 trabalhadores se soltou. Após ficar pendurada precariamente por um momento, o outro lado se soltou e a plataforma caiu sobre a rede, que continha dois outros trabalhadores que estavam a raspar detritos. Um trabalhador da plataforma, Tom Casey, conseguiu saltar e agarrar uma viga da ponte antes da plataforma cair, ele ficou pendurado até ser resgatado. A rede suportou a plataforma e os outros trabalhadores por alguns segundos antes de se rasgar e cair na água. Dois dos 12 homens que caíram sobreviveram. (WIKIPEDIA, 2010) Barrera (2010) informa que dispositivos de prevenção contra quedas eram usados no início do século XX por muitos profissionais, embora usando cordas feitas de fibras naturais e simples cinturões para o corpo sem dispositivos de amortecimento. Clarence W. Rose, que no início de sua carreira era lavador de TÓPICO 1 | HISTÓRICO 7 janelas, tornou-se pioneiro na proteção contra quedas, quando fundou a Rose Mfg Co. em 1934 e iniciou a produção de cintos de segurança e cabos de proteção para limpadores de janela. Em 24 de novembro de 1959, Rose registrou a patente de um conector de cabos de fácil operação para cintos de segurança, que também tinha algumas propriedades de absorção de impactos. Anexada na patente estava uma declaração de que o conector poderia, entre outras coisas, “ser adaptado para deslizar um pouco quando na verificação da queda de seu usuário, de modo a minimizar o choque mecânico.” FIGURA 5 – DISPOSITIVO TRAVA-QUEDAS DESENVOLVIDOPOR CLARENCE ROSE FONTE: OHS Magazine (2010). Joseph Feldstein, gerente de Serviços Técnicos na MSA, que comprou a Rose Mfg Co. em 1996, disse que a ideia de um “amortecedor” foi um passo importante na proteção contra as grandes forças de frenagem originadas numa queda, especialmente durante o período de Rose. “Como você pode imaginar, os trabalhadores com um arranjo simples de cinto e corda, que era comum naquela época, estariam expostos a uma queda que não só poderia feri-los internamente, devido às forças exercidas pelo dispositivo de proteção contra os tecidos moles do abdômen ao redor da cintura, como também tais forças poderiam romper a corda”, conta Feldstein. (BARRERA, 2010) Rose continuou a desenvolver o seu conceito de absorção de choques e registrou várias patentes para amortecedores novos e melhores. Em última instância, seus desenhos influenciaram a criação do “amortecedor” dos tempos modernos. Rose também recebeu muitas outras patentes relacionadas de alguma forma com a prevenção e proteção contra quedas de trabalhadores. Um exemplo é a patente para um “estribo para subir escadas” que contém dois ganchos interligados por um cabo ao corpo do usuário. Ao subir ou descer, o trabalhador prende um gancho em cada mão e os conecta alternadamente aos degraus da escada, conforme mostra a figura de registro da patente, a seguir. (BARRERA, 2010). UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 8 FIGURA 6 – DISPOSITIVO PARA SUBIR OU DESCER ESCADAS DE ROSE FONTE: OHS Magazine (2010). Décadas mais tarde, a indústria veria o surgimento de conectores de bloqueio e amarras de corpo inteiro, que ganharam grande aceitação a partir da década de 1980. Em 1990, a OSHA aprovou a regulamentação 1910.66 que continha um apêndice em que recomendava a utilização de ganchos com trava em equipamentos trava-quedas, considerando-os mais eficientes e adequados do que os modelos sem travamento. A aceitação do gancho com bloqueio conduziu à criação de toda uma nova série de sistemas de fixação: cintas, D-rings, e muito mais. “E isso continuou a evoluir até o presente momento, onde temos agora conectores personalizados de fixação para quase todas as aplicações, quer se trate de construção civil ou indústria em geral”, segundo Feldstein. Mesmo ainda permitindo o uso de cintos corporais, Feldstein afirmou que a OSHA reconheceu as amarras de corpo inteiro como uma grande inovação na prevenção de quedas. “Cintos ainda são permitidos atualmente para posicionamento, mas em uma queda, é preferível estar protegido por um sistema de sustentação de corpo inteiro. Esses sistemas distribuem a carga por todo o seu peito e massa óssea do quadril, onde seu corpo é mais capaz de absorver um golpe, e protege os tecidos moles do abdômen”, disse Feldstein. (BARRERA, 2010) FIGURA 7 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS FONTE: Getty Images (2010). TÓPICO 1 | HISTÓRICO 9 Dois anos depois da publicação 1910.66, o comitê lançou a padronização ANSI Z359.1 utilizado até a atualidade nos Estados Unidos, afirma Barrera (2010). Uma das mudanças mais significativas implantadas foi a obrigatoriedade da utilização de proteção de corpo inteiro e ganchos de encaixe e travamento automáticos. Firl disse que este padrão de cumprimento voluntário pressionou a OSHA a reconhecer que seu padrão existente necessitava de atualização e encorajou o desenvolvimento de uma padronização para a indústria da construção civil. De acordo com essa norma, a partir de 1º de janeiro de 1998, o uso de cintos simples e encaixas sem travamento automático foram proibidos. Durante os anos 80, ganchos autorretráteis evoluíram em desenvolvimento e utilização. Eles foram desenvolvidos inicialmente na década de 1950 para trabalhos na extração de petróleo no Mar do Norte, mas rapidamente se tornaram componentes comuns nos sistemas de proteção contra quedas no mundo todo. Feldstein disse que este tipo de dispositivo se tornou muito valioso porque permitiu que os trabalhadores fossem protegidos em percursos muito maiores, aumentando a produtividade sem sacrificar a segurança. Ele descreveu um cenário para os trabalhadores de vagões ferroviários: “Os trabalhadores poderiam ser protegidos ao nível do solo e em todo o caminho até o topo do vagão, enquanto eles estavam trabalhando ao longo do trem, porque os ganchos poderiam ser montados com mobilidade. Assim, isto assegurou um novo padrão de proteção para todos os tipos de trabalhadores em sistemas de transporte, desde carros ferroviários, caminhões de carga à manutenção de aviões”. (BARRERA, 2010) FIGURA 8 – GANCHO AUTORRETRÁTIL FONTE: Getty Images, (2010). Quanto a futuros dispositivos de proteção contra quedas, Firl e Feldstein acreditam que o conforto vai continuar a avançar. Firl também prevê avanços em nichos de mercado especializados com materiais e componentes, semelhante à progressão das âncoras de vácuo para o setor do transporte aéreo com os trabalhos de manutenção em aeronaves, cuja superfície não pode ser perfurada com âncoras do tipo tradicional. “No passado, um cinto de segurança era simplesmente um cinto de segurança. Não importava se ele se destinava à construção civil, ou setor de prestação de serviços, ou de armazenagem. Atualmente, tem-se um mercado mais especializado, como, por exemplo, o setor de prestação de serviços em que se empregam amplamente materiais resistentes ao fogo. Este setor se preocupa com a resistência ao calor, pois se sabe que os materiais diversos devem resistir a um arco voltaico”. UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 10 FIGURA 9 – AIRBAG DE USO PESSOAL ITSUMO FONTE: Getty Images, (2010). Feldstein afirma que os avanços na educação podem, eventualmente, eliminar todos os riscos de queda à medida que a ênfase para os perigos de queda contemplem a própria construção e futura ocupação dos edifícios. Na Europa, os códigos de construção civil obrigam os proprietários de edifícios e arquitetos a incorporar meios para a prevenção que evitem a possibilidade de acontecer uma queda de modo que, futuramente, os EPIs não sejam mais necessários. Airbags pessoais vestidos junto às demais peças de roupa podem ser um componente futuro dos sistemas de proteção contra a queda. Peter Simeonov, Ph.D., coordenador de pesquisa de segurança para NIOSH Divisão de Segurança, fez uma apresentação sobre a tecnologia em 2006, no Simpósio da Sociedade Internacional para a Proteção contra Quedas, em que ele mencionou dois fabricantes japoneses que estão desenvolvendo a tecnologia de airbags de vestir que absorvem grande parte do impacto de uma queda. Um exemplo é o “Itsumo air bag” que é projetado para inflar rapidamente e proteger a coluna vertebral, pescoço e cintura de um trabalhador que está caindo. Embora a tecnologia com certeza vá melhorar no futuro, testes recentes realizados pelo Instituto Nacional de Segurança Industrial do Japão confirmaram o parecer de Simeonov de que o produto não protege o suficiente para substituir todos os dispositivos de proteção contra quedas, mas poderia ser uma opção suplementar no caso de os demais dispositivos de proteção falharem. “Provavelmente seria muito difícil garantir uma proteção completa com tais dispositivos, pois não se consegue proteger a cabeça suficientemente”, disse ele. “Então, eu encaro o airbag pessoal como um campo passível de muitas melhorias para uma medida complementar de proteção contra impactos e quedas ao invés de uma solução completa por si só”. Esta tecnologia também está sendo desenvolvida para proteção contra quedas para motociclistas e também para idosos. (BARRERA, 2010) TÓPICO 1 | HISTÓRICO 11 4 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA Durante a construção da ponte Golden Gate, um problema respiratório surgiu quando os trabalhadores estavam utilizando jatos de areia em algumas vigas de aço que tinham chegado enferrujadas. Embora a proteção respiratória já existisse, Strauss solicitou a Bullard uma solução rápida. Uma máscara improvisada foiconfeccionada anexando-se uma capa em torno de um capacete que foi equipado com uma mangueira de ar e utilizada em combinação com uma capa de proteção contra os componentes abrasivos do jateamento. (BARRERA, 2010) FIGURA 10 – OPERÁRIO DA GOLDEN GATE UTILIZANDO EPI RESPIRATÓRIO DESENVOLVIDO POR BULLARD FONTE: OSH Magazine (2010). Respiradores datam desde a época do Império Romano, quando bexigas de animais eram usadas para proteger os mineiros da inalação de óxidos diversos. Filtros de ar realmente começaram a avançar com a descoberta da capacidade de o carvão ativado em remover vapores orgânicos e gases do ar. Um pioneiro notável foi John Stenhouse, que em 1854 apresentou uma máscara de “filtro de gás por carvão” em uma reunião da Society of Arts, em Londres. Alegou-se que a máscara poderia remover o cloro, sulfeto de hidrogênio e amônia do ar. Stenhouse decidiu não patentear o projeto e, ao invés disso, disponibilizou o produto ao público, talvez para permitir o seu desenvolvimento, porque muitos londrinos estavam sendo afetados pela exposição perigosa ao sulfeto de hidrogênio proveniente das fossas e esgotos de Londres, conforme Barrera (2010). Em 1871, o físico John Tyndall baseou-se na máscara de Stenhouse e adicionou um filtro de algodão saturado com cal, glicerina e carvão, criando o primeiro respirador para bombeiros, exibido em uma reunião da Real Sociedade de Londres, em 1874. Nesse mesmo ano, Samuel Barton patenteou um dispositivo semelhante que permitia a respiração em atmosferas carregadas com gases tóxicos. UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 12 FIGURA 11 – RESPIRADOR DE MORGAN FONTE: OSH Magazine, (2010). Embora os dispositivos de proteção respiratória fossem utilizados na Europa durante muitos séculos para a proteção de mineiros expostos a gases tóxicos, as patentes de respiradores não apareceram nos Estados Unidos até 1823. Apenas um século mais tarde os benefícios dos respiradores ganhariam a devida atenção. Em 1914, foi concedida ao inventor afro-americano Garret A. Morgan uma patente para um respirador purificador de ar denominado de “Capacete de Segurança e Protetor de Fumaça Morgan”. O EPI de Morgan foi originalmente projetado para auxiliar os bombeiros, consistindo de uma capa de lona com dois tubos que se estendiam até os lados onde se fundiam em um único tubo na parte traseira. Uma esponja embebida em água unida à extremidade aberta do tubo servia de filtro para a fumaça. Em 1916, houve uma explosão na no sistema de abastecimento de água Cleveland. Três equipes de resgate haviam entrado no recinto em chamas e não haviam retornado. Morgan, seu irmão e dois voluntários, usando suas máscaras, conseguiram entrar no túnel sob o lago Erie cheio de gases tóxicos do incêndio e retiraram a todos. A genialidade do design simples desta invenção foi o fato de que o seu tubo de respiração se estendia junto ao chão, onde o ar estava livre dos gases perigosos que subiam ao teto. Seu sucesso recebeu cobertura da imprensa nacional e o EPI de Morgan se tornou a base para futuras máscaras de gás usadas pelo exército americano durante a 1ª Guerra Mundial para proteger soldados de guerra química. (BARRERA, 2010) TÓPICO 1 | HISTÓRICO 13 Nas décadas seguintes, as opções de máscara com respirador evoluíram para a inclusão de peças faciais completas ou parciais. Materiais mais maleáveis, como o silicone, estavam disponíveis como alternativas à borracha rígida. John King, diretor técnico da Bullard, informa que o lançamento da primeira máscara facial com filtro descartável da 3M teve um grande efeito na indústria. “Seu sistema foi aprovado pela NIOSH, e foi uma inovação importante, pois reduziu o custo de proteção respiratória e tornou seu uso mais fácil”, completou King. Outra inovação importante veio nos anos 70 com o surgimento do Respirador Purificado com Ar, que empregava um ventilador e elemento de filtro dentro de um capacete. “Este equipamento permitiu mais mobilidade, pois o trabalhador estava ligado a uma linha de ar fornecido por um ventilador alimentado por baterias dentro do próprio capacete”, disse King. “Além disso, havia algum grau de pressão positiva no interior do capacete, ao invés da comumente pressão negativa, pois havia um ventilador soprando ar fresco pelo filtro de purificação de ar”, de acordo com Barrera (2010). John Hierbaum, gerente de produto da linha da MSA, informa que muitas questões ainda precisam ser resolvidas antes que o uso de respiradores pressurizados possa ser expandido no futuro. “Eles são volumosos e grandes. Você tem que carregar as baterias, você tem que levar um ventilador e eles são muito mais caros do que apenas um filtro de máscara facial ou respirador de pressão negativa”. Hierbaum disse, acrescentando que em muitos postos de trabalho, como a construção civil, os trabalhadores não precisam do nível de proteção que um respirador pressurizado fornece. “Você pode sair com uma máscara ou um respirador tipo cartucho, porque os níveis de exposição são baixos e os gases não são cancerígenos”. FIGURA 12 – RESPIRADOR PRESSURIZADO FONTE: <http://www.metallo.pl/waz-oddechowy-versaflo-bt-30-p-1054.html>. Acesso em: 29 set. 2018. UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 14 King apontou uma área que irá ajudar no avanço dos futuros respiradores pressurizados que é o desenvolvimento de uma tecnologia sensível à respiração capaz de acelerar ou diminuir o volume de ar soprado para atender às necessidades do usuário, evitando-se, assim, a criação de pressão negativa pela sobrecarga do respirador. “A pressão positiva dá mais proteção do que a pressão negativa, de modo que há uma tendência de haver mais desenvolvimento na área de protetores capazes de fornecer pressão positiva”, acrescentou. Hierbaum disse que outro avanço significativo possível no futuro da proteção respiratória poderia ser o desenvolvimento de um indicador confiável de fim de vida útil em cartuchos de filtro. Atualmente, os fabricantes disponibilizam cartuchos com orientações sobre a vida útil esperada ou calculadoras online que estimam a vida de seus cartuchos com base no seu uso. Embora útil, é passível de erros por parte dos usuários. “Os cartuchos são utilizados além do esperado. O motivo é que, às vezes, as pessoas não sabem quando jogá-los fora, ou não se preocupam em aprender”, disse Hierbaum, que considera a confiabilidade o principal desafio para esse item. “O fato é que existe um vasto número de contaminantes para os quais as pessoas se protegem com o uso de máscaras; logo fazer um indicador para todas as substâncias é algo muito difícil”.(BARRERA, 2010) 5 PROTETORES AUDITIVOS E AURICULARES Assim como a queda de rebites era um perigo para os trabalhadores da Golden Gate, o martelar dos rebites em seus lugares também oferecia riscos à saúde dos trabalhadores na forma de ruído excessivo. Embora não houvesse regulamentação sobre a proteção auditiva, já havia preocupação com a perda da audição principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Bill Sokol, vice- presidente de Marketing Estratégico para o Grupo de Segurança Auditiva Bacou-Dalloz, indica como o primeiro exemplo de proteção auditiva a Odisseia de Homero, onde o poeta descreve a cera usada para tapar os ouvidos dos marinheiros e bloquear o apelo sedutor das sereias. Patentes de dispositivos de proteção auditiva começaram a ser emitidas desde o século XIX e na década de 1920, tampões para os ouvidos estavam sendo vendidos para uso em grandes cidades como Nova York e Chicago para ajudar os residentes a lidar com as condições extremamente ruidosas. Muitas vezes, feitas de algodão e cera, esses tampões para os ouvidos foram inicialmente feitos para ajudar os usuários a dormir ao invés de proteger a sua audição. Na década de 1930, alguns fabricantes apresentaram tampões de ouvidos para os proprietários de fábricas, oferecendo amostras grátis para testes. (BARRERA, 2010) Em 1969, antes da formação da OSHA, oDepartamento do Trabalho norte- americano incorporou o “a regulamentação de ruídos de Walsh-Heale” sob a autoridade do Cartório Público de Walsh-Healey, aplicável a todos os contratos de trabalho federais. Junto com outras normas concernentes tornou-se a norma OSHA de ruídos, em 1971. Devido à pressão da indústria para o esclarecimento TÓPICO 1 | HISTÓRICO 15 do seu “programa de conservação auditiva efetiva e contínua“, a norma foi quase alterada em 1981, mas uma reorganização da gestão OSHA atrasou esta alteração por dois anos. A publicação do Adendo da Norma de Conservação Auditiva foi finalmente promulgada em 1983. Embora tenha forçado a indústria a realizar testes de desempenho em todos os aparelhos auditivos, a fim de cumprir com as taxas de redução de ruídos exigidas, a responsabilidade por prover orientações sobre os dispositivos de proteção auditiva recaiu para a Agência de Proteção Americana. Protetores de ouvido tinham por objetivo um efeito mais simples e prático no início que não estava relacionado com a prevenção da perda auditiva. Aos 15 anos de idade, Chester Greenwood inventou o “Protetor Auricular Greenwood Champion” e recebeu uma patente em 13 de março de 1877. Greenwood construiu seu dispositivo para proteger seus ouvidos sensíveis do clima frio. Com a ajuda de sua avó na costura, ele criou as proteções a partir de peles de castor, veludo e arames. Protetores auriculares evoluíram para dispositivos de proteção auditiva durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, disse Sokol, a variedade crescente de materiais de espuma durante meados do século 20 levou a uma maior utilização dos dispositivos de proteção auditiva, especialmente, com tampões para os ouvidos. “Plugues de orelha fabricados em espuma começaram a aparecer em torno dos anos 60 até os 80, onde o PVC dominava com seus protetores de orelha em forma de barril”, disse ele. “Então, cerca de 15 a 20 anos atrás, espuma de poliuretano começou a emergir como o material preferido para plugues de ouvido. É um pouco mais macio, mais fácil de trabalhar, mais capaz de contornar superfícies em diferentes formas diferentes, e tem um acabamento mais liso”. (BARRERA, 2010) Caro aluno! É importante salientar que existe uma diferença fundamental entre protetor auricular e protetor auditivo, embora ambos sejam costumeiramente confundidos como sendo o mesmo tipo de EPI. Os protetores auriculares têm por função a proteção das orelhas do usuário, geralmente contra choques mecânicos ou agentes agressivos, já os protetores auditivos são utilizados para evitar a perda de audição. NOTA UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 16 FIGURA 13 – PROTETORES DIVERSOS FONTE: <https://blog.safetyglassesusa.com/aim-for-the-right-decibel-levels-in-shooting- earmuffs-protection/>. Acesso em: 29 set. 2018. Segundo Barrera (2010), atualmente os tampões para os ouvidos dominam o mercado global de proteção auditiva, pois novos materiais que protegem melhor e mais econômicos são constantemente desenvolvidos. Um exemplo é o elastômero termoplástico, um composto que responde ao calor do corpo no interior do canal auditivo, ajustando-se melhor ao local. Há materiais que distorcem menos a fala humana ao permitir que as pessoas conversem em meio ao barulho das máquinas, sem remover os plugues de suas orelhas. Outros avanços na tecnologia de prevenção da perda auditiva levaram a dispositivos com melhores características de proteção com a inserção de pequenos microfones internos capazes de medir a exposição ao ruído no interior do canal auditivo do usuário que envia um alerta quando o trabalhador chega ao seu limite pré- configurado de exposição. Apesar de tantos avanços, a perda auditiva continua a aumentar entre os trabalhadores sendo que Sokol prevê que o problema vai continuar a crescer no futuro a menos que os empregadores utilizem novas abordagens. “Para mim, uma das fronteiras mais interessantes de proteção auditiva não está dentro dos ouvidos, mas mais entre as orelhas das pessoas que trabalham em ambientes ruidosos”, disse ele. “Nós acreditamos que a próxima fronteira é o lado humano da questão. Por que as pessoas não levam a sério a proteção da audição? Por que é que alguém que usa seus óculos de proteção ou luvas todos os dias no trabalho resistente à ideia de que eles podem perder a sua audição no mesmo ambiente?” Parte da solução é incorporar a proteção auditiva completamente na vida dos trabalhadores, dentro e fora do trabalho, disse Sokol. A proteção auditiva não é algo que deve estar confinado ao período de um turno de trabalho apenas. Para ser realmente eficaz, os empregadores vão ter de olhar para além do que acontece durante turno de trabalho. Eles terão de saber como os seus funcionários protegem sua audição enquanto não estão trabalhando, afirma Sokol. (BARRERA, 2010) TÓPICO 1 | HISTÓRICO 17 6 O CENÁRIO FUTURO A sugestão de Sokol pode ser verdadeira para o futuro de todas as categorias de EPI. Ela está sendo reconhecida por muitos empregadores e fabricantes. Para reduzir as lesões e tempo de inatividade, algumas empresas nos Estados Unidos e Europa já permitem que os seus trabalhadores levem para casa seu EPI para usar em suas vidas pessoais, evitando assim os acidentes domésticos, comuns em tarefas como jardinagem, pequenos consertos em casa, manutenção do carro e outras mais. Outros têm ido mais longe nessa questão, dando vídeos de segurança para toda a família, indica Barrera (2010). Independentemente de quantas possibilidades futuras o EPI mantém, o seu avanço e valor serão limitados pelo grau de comprometimento e interesse que as indústrias venham a tomar para a adoção de uma política completa de segurança que vá além dos portões da fábrica. Um cenário deste tipo requer que as gerações atuais e futuras de trabalhadores tenham consciência e conhecimentos suficientes para a correta prevenção. Se a consciência de prevenção se tornar dominante em toda nossa cultura o futuro será muito promissor. 18 Neste tópico, foram apresentados os seguintes assuntos: • Há muitos séculos, existem registros históricos que relatam a utilização de equipamentos de proteção individual rudimentares. • A Revolução Industrial levou ao desenvolvimento de novas tecnologias e legislações diversas a respeito de EPIs. • A construção da ponte Golden Gate fez necessária a criação e desenvolvimento de diversos EPIs amplamente utilizados nos dias atuais. • A ampla utilização de EPIs no Brasil só se iniciou com a publicação da NR 6. • Tão importante quanto fornecer o equipamento de proteção individual ao trabalhador é instruí-lo corretamente sobre seu uso e conscientizá-lo a respeito de atitudes e posturas preventivas. RESUMO DO TÓPICO 1 19 Baseado no que você estudou até agora, responda às questões a seguir. 1 Qual é a relação da ponte Golden Gate com o surgimento e desenvolvimento de EPIs? 2 Cite alguns acessórios disponíveis para capacetes de proteção. 3 Quais são as duas principais funções do amortecedor nos equipamentos de ancoragem? 4 Cite as principais melhorias adicionadas aos equipamentos de proteção respiratória durante o século passado. 5 Qual era a função dos primeiros protetores de orelha? 6 Durante a construção da Golden Gate, diversos foram os perigos encontrados que demandaram de novos equipamentos de proteção e procedimentos de segurança por parte dos trabalhadores. A presença de rebites na obra levou a utilização de quais EPIs? AUTOATIVIDADE 20 21 TÓPICO 2 LEGISLAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A legislação brasileira tem na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e nas Normas Regulamentadoras (NRs) textos que se referem à segurança e saúde do trabalhador em relação aos EPIs. É de fundamental importância o conhecimento das obrigações apresentadas nas referidas leis. Mais do que uma obrigação judicial, deve-se encarar tais regulamentos como diretrizes que visam à saúde e ao bem estar do trabalhador, bem como o bom funcionamentoda empresa, que refletem no ganho de toda a sociedade. 2 LEI Nº 6.514 DA CLT O código brasileiro que trata dos equipamentos de proteção individual no campo da segurança e saúde do trabalhador, encontrado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é a Lei Nº 6.514, de 22 de janeiro de 1977. O capítulo V desta Lei, “Da Segurança e da Medicina do Trabalho”, dispõe sobre diversas questões referentes aos EPIs. Na Seção I, do capítulo supracitado, podemos destacar o Artigo 157, com a seguinte redação: Art. . 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. Já o artigo seguinte determina: UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 22 Art. . 158 - Cabe aos empregados: I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo. Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. A Seção IV do capítulo V (Do Equipamento de Proteção Individual) possui os seguintes artigos a destacar: Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho. Por fim, cita-se o Artigo 200, da Seção XV (Das Outras Medidas Especiais de Proteção), que demonstra a preocupação em determinar exigências adicionais aos EPIs na proteção do trabalhador. Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre: I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual em obras de construção, demolição ou reparos; II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas; III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, eliminação de poeiras, gases, etc. e facilidades de rápida saída dos empregados; TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO 23 IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contrafogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acessos e saídas amplos e protegidos, com suficiente sinalização; V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento profilaxia de endemias; VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessárias; VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais; VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo. Parágrafo único - Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que se refere este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito adotadas pelo órgão técnico 3 A NORMA REGULAMENTADORA Nº 9 (NR-9) A Norma Regulamentadora Nº 9 (NR 9) – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais trata da necessidade de utilização de EPIs quando da impossibilidade de implementação de medidas preventivas de caráter coletivo. Nesse ínterim, se destaca o item 9.3.5.4: UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 24 9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou se encontrarem em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia: a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b) utilização de equipamento de proteção individual - EPI. Já no item posterior é apresentado o seguinte texto, referente à utilização de EPIs: 9.3.5.5 A utilização de EPI no âmbito do programa deverá considerar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver no mínimo: a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário; b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece; c) estabelecimento de normas ou procedimentos para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas; d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identificação dos EPIs utilizados para os riscos ambientais. 4 NR 6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) A NR6 (2010), Norma Regulamentadora Nº 6, Equipamento de Proteção Individual cuja redação foi dada pela Portaria MTE/SIT nº 25, de 15 de outubro de 2001, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) em 17 de outubro de 2001, estabelece as disposições relativas aos EPIs. Esta norma regulamentadora pode ser acessada na sua versão mais recente na página do Ministério do Trabalho, cujo endereço é indicado na seção Referências Bibliográficas. TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO 25 4.1 DISPOSIÇÕES GERAIS DA NORMA Segundo a NR6 (2010): 6.1. Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 6.1.1. Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 6.2. O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. 6.3. A empresaé obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e, c) para atender a situações de emergência. 6.4. Atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no ANEXO I desta NR. 6.4.1. As solicitações para que os produtos que não estejam relacionados no ANEXO I, desta NR, sejam considerados como EPI, bem como as propostas para reexame daqueles ora elencados, deverão ser avaliadas por comissão tripartite a ser constituída pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, depois de ouvida a CTPP, sendo as conclusões submetidas àquele órgão do Ministério do Trabalho e Emprego para aprovação. 6.5. Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade. 6.5.1. Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao designado, mediante orientação de profissional tecnicamente habilitado, recomendar o EPI adequado à proteção do trabalhador. UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 26 4.3 OBRIGAÇÕES DO TRABALHADOR Sobre as obrigações do trabalhador, a NR6 (2010), diz que: 6.7. Cabe ao empregado 6.7.1. Cabe ao empregado quanto ao EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. 6.8. Cabe ao fabricante e ao importador: 6.8.1. O fabricante nacional ou o importador deverá: a) cadastrar-se, segundo o ANEXO II, junto ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; b) solicitar a emissão do CA, conforme o ANEXO II; c) solicitar a renovação do CA, conforme o ANEXO II, quando vencido o prazo de validade estipulado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde do trabalho; 4.2 OBRIGAÇÕES DO EMPREGADOR Conforme a NR6 (2010), cabe ao empregador: 6.6. Cabe ao empregador: 6.6.1. Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. (Inserida pela Portaria SIT nº 107, 25 ago. 2009) TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO 27 4.4 SOBRE O CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DOS EPIs Sobre o certificado de aprovação dos EPIs, veja que a NR6 (2010), nos mostra que: 6.9. Certificado de Aprovação - CA 6.9.1. Para fins de comercialização o CA concedido aos EPI terá validade: a) de 5 (cinco) anos, para aqueles equipamentos com laudos de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito do SINMETRO; b) do prazo vinculado à avaliação da conformidade no âmbito do SINMETRO, quando for o caso; c) de 2 (dois) anos, para os EPI desenvolvidos até a data da publicação desta Norma, quando não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos ensaios, sendo que nesses casos os EPI terão sua aprovação pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação, podendo ser renovado até 2007, quando se expirarão os prazos concedidos; e, (Alterada pela Portaria SIT nº 194, de 22 de dezembro de 2006) d) de 2 (dois) anos, renováveis por igual período, para os EPI desenvolvidos após a data da publicação desta NR, quando não existirem normas técnicas nacionais ou internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização dos ensaios, caso em que os EPI serão aprovados pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, mediante apresentação e análise do Termo de Responsabilidade Técnica e da especificação técnica de fabricação. d) requerer novo CA, de acordo com o ANEXO II, quando houver alteração das especificações do equipamento aprovado; e) responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao Certificado de Aprovação - CA; f) comercializar ou colocar à venda somente o EPI, portador de CA; g) comunicar ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos; h) comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua utilização, manutenção, restrição e demais referências ao seu uso; i) fazer constar do EPI o número do lote de fabricação; e, j) providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do SINMETRO, quando for o caso. UNIDADE 1 | HISTÓRICO E REGULAMENTAÇÃO DOS EPIs 28 6.9.2. O órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, quando necessário e mediante justificativa, poderá estabelecer prazos diversos daqueles dispostos no subitem 6.9.1. 6.9.3. Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA. 6.9.3.1. Na impossibilidade de cumprir o determinado no item 6.9.3, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho poderá autorizar forma alternativa de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou importador, devendo esta constar do CA. 6.10. Restauração, lavagem e higienização de EPI 6.10.1. Os EPI passíveis de restauração, lavagem e higienização, serão definidos pela comissão tripartite constituída, na forma do disposto no item 6.4.1, desta NR, devendo manter as características de proteção original. 6.11. Da competência do Ministério do Trabalho e Emprego / MTE 6.11.1. Cabe ao órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho: a) cadastrar o fabricante ou importador de EPI; b) receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI; c) estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios de EPI; d) emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador; e) fiscalizar a qualidade do EPI; f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora; e, g) cancelar o CA. 6.11.1.1. Sempre que julgar necessário, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho, poderá requisitar amostras de EPI, identificadas com o nome do fabricante e o número de referência, além de outros requisitos. 6.11.2. Cabe ao órgão regional do MTE: a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI; b) recolher amostras de EPI; e, c) aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis pelo descumprimento desta NR. TÓPICO 2 | LEGISLAÇÃO 29 5 ANEXOS DA NR 6 Veja a seguir, os anexos da NR6 (2010): ANEXO I LISTA DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA A. 1 - Capacete a) capacete de segurança para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio; b) capacete de segurança para proteção contra choques elétricos; c) capacete de segurança para
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