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Roteiro para dissecação - membro torácico (1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
SETOR DE ANATOMIA VETERINÁRIA 
DISCIPLINA MEV100- ANATOMIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS I 
Profa. Márcia Maria Magalhães Dantas de Faria 
ASSUNTO: MIOLOGIA 
 
 
ROTEIRO PARA DISSECAÇÃO E ESTUDO DO MEMBRO TORÁCICO 
 
 
1. Faces laterais do Ombro e do Braço 
 
1.1 A dissecação começa com a retirada da pele, que deve ser feita cuidadosamente, a fim de se evitar 
cortar estruturas mais profundas. Faça uma incisão na pele sobre a linha mediana ventral, desde o 
terço médio do pescoço até a cicatriz umbilical. Em seguida, faça mais três incisões perpendiculares 
àquela. Uma, a partir do ponto de origem da primeira incisão até a linha mediana dorsal, cruzando a 
região lateral do pescoço. Outra, da linha mediana ventral até a face medial da articulação do 
cotovelo, atravessando a axila. A terceira começa na cicatriz umbilical e passa sobre a região 
abdominal lateral até a linha mediana dorsal. Remova a pele desde a linha mediana ventral até a linha 
mediana dorsal. Na altura do cotovelo, faça uma incisão contornando esta articulação. 
 
1.2 Identifique, logo abaixo da pele, o músculo cutâneo do tronco. Este é um músculo de forma laminar 
que se estende da face lateral do ombro até as faces laterais da pelve e da coxa, cobrindo o tórax e o 
abdome. 
 
1.3 Também, deverão ser identificados, no sentido craniocaudal, os músculos braquiocefálico, 
omotransverso, trapézio e grande dorsal. Este último está encoberto pelo músculo cutâneo do tronco. 
Estes músculos servem para prender o membro torácico ao pescoço e ao tronco. Se necessário, 
remova o conjuntivo que os recobre. Rebata ventralmente o músculo cutâneo do tronco para visualizar 
o grande dorsal. 
 
1.4 Identifique a veia cefálica, que corre sobre o músculo braquiocefálico, vindo da face cranial do 
antebraço em direção ao pescoço. 
 
1.5 Localize a espinha da escápula. Cranialmente a ela e sob a aponeurose do trapézio identifique o 
músculo supra-espinhal, que se aloja na fossa supra-espinhal da escápula. Caudalmente à espinha 
identifique o músculo infra-espinhal, que ocupa a fossa do mesmo nome da escápula. Identifique 
agora o músculo deltóide. Ele é constituído de duas partes. A parte cranial é denominada acromial e 
a caudal é chamada escapular. As suas aponeuroses recobrem parcialmente o músculo infraespinhal 
e fundem-se a fáscia que recobre este músculo. 
1.6 Identifique os músculos tríceps braquial e tensor da fáscia do antebraço. Eles ocupam o ângulo 
caudal formado pela escápula e pelo úmero. O tríceps é o mais cranial e, nesta face, aparecem duas 
de suas cabeças: cabeça lateral e cabeça longa. A cabeça lateral é a menor e a mais cranial. 
Localize o limite entre as duas cabeças do tríceps. O músculo tensor da fáscia do antebraço é 
alongado, estreito e situa-se caudalmente à cabeça longa do tríceps. 
 
1.7 Isole com cuidado a cabeça lateral do tríceps e seccione-a transversalmente ao nível de seu terço 
médio. Afaste os cotos (ou segmentos) do músculo e identifique, inicialmente, o nervo radial. 
Cranialmente ao nervo radial localize o músculo braquial. Caudalmente àquele nervo localize o 
músculo ancôneo, que se dirige para o olécrano. 
 
 
2. Antebraço 
 
2.1 Faça uma incisão vertical na pele da face medial do antebraço e da mão, até o casco. Faça outra 
incisão perpendicular à primeira, na face medial do carpo. Remova a pele, rebatendo-a nos sentidos 
cranial e caudal, até contornar completamente os segmentos que serão dissecados. 
 
2.2 Disseque, na tela subcutânea da face cranial do antebraço, a veia cefálica e o ramo superficial do 
nervo radial. 
 
2.3 Seccione longitudinalmente a fáscia do antebraço ao longo da margem medial do rádio. Rebata esta 
fáscia cranial e caudalmente. 
 
2.4 Identifique cranialmente ao rádio, o músculo extensor carporradial e a inserção dos músculos 
bíceps braquial e braquial. O extensor radial do carpo situa-se ao longo da face cranial do rádio. O 
bíceps e o braquial inserem-se no terço proximal do rádio. 
 
2.5 Remova a fáscia que recobre os músculos da face lateral do antebraço. Identifique o músculo 
extensor carporradial. Este é um potente músculo que ocupa a face cranial do antebraço. Observe, ao 
nível do terço distal do rádio, o pequeno músculo extensor oblíquo do carpo, cujo tendão cruza 
obliquamente, nos sentidos lateromedial e proximodistal, o tendão do músculo extensor carporradial. 
 Os demais músculos da face lateral do antebraço situam-se caudalmente ao extensor carporradial e 
são no sentido craniocaudalmente, os seguintes: extensor digital comum, extensor digital lateral e 
ulnar lateral. 
 
2.6 Identifique caudalmente ao rádio, o músculo flexor carporradial e o músculo ulnar do carpo; 
destes, o flexor ulnar do carpo é o mais caudal. 
 
2.7 Identifique profundamente aos músculos flexor carporradial e flexor carpoulnar, os ventres dos 
músculos flexores digitais superficial e profundo. Seccione o flexor carpoulnar em seu terço 
médio e note que ele cobre o ventre do flexor digital superficial. Afaste os músculos flexores digital 
superficial e carpo radial e identifique as várias cabeças do músculo flexor digital profundo . 
 
 
 
3. MUSCULOS DO MEMBRO TORACICO 
 
 
 
3.1 Músculos da Face Lateral da Escápula 
 
3.1.1 Supra-espinhal 
O músculo supra-espinhal ocupa a fossa supra-espinhal. Origina-se na fossa supra-espinhal e espinha 
da escápula e insere-se, por meio de dois tendões, nos tubérculos maior e menor do úmero. Sua 
inserção no tubérculo menor do úmero está coberta pela porção cranial do músculo peitoral profundo. 
 Ação: Estende a articulação do ombro. 
 
3.1.2 Infra-espinhal 
Ocupa a fossa Infra-espinhal. Origina-se nesta e na cartilagem e espinha da escápula. Insere-se na 
porção caudal do tubérculo maior do úmero e numa área imediatamente abaixo desta. Sob seu tendão 
de inserção, observa-se uma bolsa sinovial bastante desenvolvida. 
 Ação: Estende a articulação do ombro e, possivelmente, produz sua rotação lateral. 
 
3.1.3 Deltóide 
O músculo deltóide apresenta forma triangular. Situa-se na face lateral da articulação do ombro. 
Compreende duas partes: uma cranial, denominada de acromial e outra caudal, chamada de escapular. 
À parte acromial tem origem no acrômio e espinha da escápula e insere-se na tuberosidade deltóidea 
do úmero. A parte escapular tem origem na espinha da escápula, por meio de uma aponeurose que 
cobre o músculo Infra-espinhal, e no terço proximal da margem caudal da escápula. Insere-se na fáscia 
braquial, superficialmente à cabeça lateral do tríceps. 
Ação: Flexiona a articulação do ombro e abduz o braço. 
 
3.2 Músculos da Face Medial da Escápula 
 
3.2.1 Redondo maior 
É um músculo alongado, de contorno triangular, situado na face medial do ombro e braço, caudalmente à 
articulação do ombro. Origina-se na margem caudal da escápula e insere-se na tuberosidade redonda 
do úmero. 
 Ação: Flexiona a articulação do ombro. 
 
3.3 Músculos do Braço 
 
3.3.1 Bíceps braquial 
Situa-se na porção cranial do braço e está coberto pelos músculos peitorais. Origina-se por forte tendão 
no tubérculo supraglenoidal da escápula. Este tendão está coberto pela extremidade distal do músculo 
supraespinhal e corre no sulco intertubercular, onde existe uma bolsa sinovial desenvolvida. Insere-se 
por curto tendão na tuberosidade do rádio. 
 Ação: Sua ação é estender o ombro e flexionar o cotovelo. 
 
3.3.2 Braquial 
É um músculo volumoso que ocupa o sulco do músculo braquial do úmero. Origina-se na margem 
caudal do úmero e na metade proximal do sulco. Sua inserção se dá na margem medial e na face 
caudal do rádio, um pouco abaixo da tuberosidade do rádio e ainda na margem medial da extremidade 
proximal da ulna. 
 Ação: Flexiona a articulação do cotovelo. 
 
3.3.3 Tríceps braquial 
É o maior músculo do braço. Possui três cabeças principais e uma acessória.A cabeça longa é a mais 
volumosa. Origina-se na margem caudal da escápula. Ocupa o ângulo formado pela escápula e o úmero 
e insere-se no olécrano e fáscia do antebraço. A cabeça lateral está parcialmente coberta pelo músculo 
deltóide. Origina-se acima da tuberosidade deltóidea, numa área rugosa lateral, adjacente ao colo do 
úmero. Insere-se no olécrano, em sua face lateral. 
 Ação: Flexiona a articulação do ombro e estendo a do cotovelo, sendo esta sua ação mais efetiva. 
 
3.3.4 Tensor da fáscia do antebraço 
É um estreito músculo situado na face caudal do braço e que se estende do terço proximal da margem 
caudal da escápula à face medial do olécrano, juntamente com o tríceps braquial. Este músculo não 
possui conexões com a fáscia do antebraço, ao contrário do que seu nome sugere. 
 Ação: Flexiona a articulação do ombro e estende a articulação do cotovelo. 
 
 
 
3.3.5 Ancôneo 
É um músculo pequeno, alongado, situado profundamente na face lateral do braço e coberto pela cabeça 
lateral do tríceps. Origina-se na face caudal e margem lateral da metade distal do úmero e insere-se na 
face lateral do olécrano. 
 Ação: Sua ação é estender a articulação do cotovelo. 
 
3.4 Músculos do Antebraço 
 
3.4.1 Extensor radial do carpo 
Ocupa a porção craniolateral do antebraço. Origina-se na face lateral da parede da fossa do olécrano e 
na fossa radial do úmero. Seu tendão de inserção passa no sulco medial da extremidade distal do rádio 
e na face dorsal da articulação do carpo e insere-se na tuberosidade do metacárpico III e IV. 
 Ação: Estende a articulação do carpo e flexiona a do cotovelo. 
 
3.4.2 Extensor oblíquo do carpo 
È um músculo que ocupa a face lateral da extremidade distal do antebraço, possuindo uma porção 
carnosa triangular, achatada e um tendão que cruza obliquamente o músculo extensor radial do carpo e 
a articulação do carpo. Origina-se na metade distal da face lateral do corpo da ulna e do rádio. Insere-
se na margem medial da base do metacárpico III e IV. 
 Ação: Estende a articulação do carpo. 
 
3.4.3 Extensor digital comum 
É um músculo longo, situado na face lateral do antebraço e estende-se do cotovelo às falanges distais 
dos dedos principais. É constituído de duas partes. A parte umeral é a maior e origina-se no epicôndilo 
lateral do úmero. À parte ulnar situa-se profundamente à umeral e origina-se na face lateral da metade 
proximal do corpo da ulna. Seu delgado tendão une-se ao da parte umeral ao nível do terço distal do 
antebraço. O tendão do músculo extensor digital comum ao nível da articulação metacarpofalângica, ele 
divide-se em dois ramos, que correm na face dorsal de cada dígito e insere-se na falange distal. 
 Ação: Atua na extensão do carpo e dos dígitos. 
 
3.4.4 Extensor Digital Lateral 
È um músculo alongado, de contorno triangular, situado na face lateral do antebraço. Origina-se no 
epicôndilo lateral do úmero e sua origem ulnar estende-se somente até a metade do corpo da ulna. Seu 
tendão corre distalmente na face lateral do carpo e metacarpo. Ao nível da extremidade distal do 
metacarpo, ele passa para a face dorsal do dígito IV, onde se divide em duas partes. Estas inserem na 
face dorsal da base da falange média e na falange distal. 
 Ação: Estende as articulações do digito IV e abduz o mesmo. 
 
3.4.5 Ulnar lateral 
Situa-se na face laterocaudal do antebraço. Origina-se numa área da face lateral da extremidade distal 
do úmero, caudalmente ao epicôndilo lateral. Sua porção carnosa é achatada e se continua por dois 
tendões que se inserem na face lateral do osso acessório do carpo e na face dorsal do ângulo lateral da 
base do metacárpico III e IV. Nos bovinos, insere ainda no metacárpico V. 
 Ação: Flexiona a articulação do carpo e estende a articulação do cotovelo. 
 
3.4.6 Flexor radial do carpo 
É um músculo longo e estreito, de ventre muscular reduzido, situado na face medial do antebraço, 
caudalmente à margem medial do rádio. Origina-se no epicôndilo medial do úmero e insere-se na face 
palmar da base do osso metacárpico III e IV. Relaciona-se, superficialmente, com a fáscia do antebraço 
e pele e, profundamente, com a artéria, nervos medianos e o músculo flexor digital superficial. Seu 
tendão corre na face medial do carpo. 
 Ação: Flexiona a articulação do carpo. 
 
3.4.7 Flexor ulnar do carpo 
É um músculo largo e delgado, situado superficialmente na porção caudal da face medial do antebraço. 
Está coberto pela fáscia do antebraço. Origina-se no epicôndilo medial do úmero, numa área que se 
estende até a margem lateral da fossa do olécrano. Insere-se no osso acessório do carpo. 
 Ação: Flexiona a articulação do carpo. 
 
3.4.8 Flexor digital superficial 
É um músculo fusiforme, cujo ventre está dividido em partes superficial e profunda. Situa-se no 
antebraço profundamente ao músculo flexor ulnar do carpo. Sua origem está parcialmente fundida à do 
flexor ulnar do carpo e se prende no epicôndilo medial do úmero. Ao nível do carpo, a parte profunda 
está unida ao tendão do músculo flexor digital profundo por um forte tendão. O músculo flexor superficial 
possui dois tendões que correm nas faces palmares do carpo e do metacarpo. O tendão da parte 
superficial passa no interior do ligamento anular do carpo, enquanto que o tendão da parte profunda 
passa pelo canal do carpo, onda está unido ao tendão do músculo flexor digital profundo pelo músculo 
interflexor distal. No terço distal do metacarpo, os tendões do músculo flexor digital superficial fundem-se 
num curto tendão comum. Após pequeno trajeto, este se divide num ramo para cada dedo principal. Ao 
nível dos sesamóides proximais, cada ramo se une à parte superficial do músculo interósseo III e IV, 
constituindo um canal fibroso para o tendão do músculo flexor digital profundo. Logo abaixo dos 
sesamóides proximais, cada ramo divide-se em partes axial, intermédia e abaxial. A parte intermédia é a 
mais forte e insere-se no sesamóide distal. As partes axial e abaxial são mais delgadas e inserem-se 
nos tubérculos da face palmar da base da falange média. 
 Ação: Flexiona as articulações metacarpofalângica e interfalângica proximal. Auxilia na 
sustentação do corpo do animal. 
 
3.4.9 Flexor digital profundo 
É bastante desenvolvido nos ruminantes. Situa-se na face caudal do rádio, parcialmente coberto pelos 
músculos flexores radial do carpo, ulnar do carpo e digital superficial. Possui de quatro a cinco cabeças: 
uma radial, duas ou três umerais e uma ulnar. Estas cabeças se unem na face palmar do carpo num 
tendão comum que se estende até a extremidade distal da face palmar do metacárpico III e IV, onde se 
divide em dois ramos, um para cada dedo principal. Cada ramo passa no canal fibroso formado pelos 
músculos flexor digital superficial e interósseo III e IV e vai se inserir na falange distal correspondente. 
A cabeça radial é pequena e triangular. Origina-se na face caudal do terço proximal do rádio. Seu 
ventre está aderido à face caudal do rádio e se continua por delgado tendão, que se une aos tendões 
das outras porções na altura do carpo. Nos pequenos ruminantes, a cabeça radial é relativamente mais 
alongada. Nos ovinos, seu tendão se insere na porção medial da face palmar do metacárpico III e IV. As 
cabeças umerais são as mais volumosas e variam em número, de duas a três. Usualmente, elas são 
duas. Originam-se numa área da extremidade distal do úmero caudal ao epicôndilo medial. Ao nível da 
face palmar do carpo unem-se num tendão comum. A cabeça ulnar é também triangular e está situada 
na margem caudal do antebraço, coberta parcialmente pelo músculo flexor ulnar do carpo. Nos bovinos, 
ela está coberta pelo músculo flexor ulnar do carpo apenas na face medial do antebraço. Origina-se na 
face medial, margem caudal e face lateral da ulna, logo abaixo do olécrano. Seu longo tendão corre 
distalmente no antebraço entre as cabeçasumerais e o músculo ulnar lateral, unindo-se ao tendão 
comum ao nível da face palmar do carpo. 
 Ação: Flexiona as falanges e, ligeiramente o carpo. 
 
 
 
 
 
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