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Leitura e Produção de Textos na Graduação

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COMUNICAÇÃO E
LINGUAGENS
Faraídes M. Sisconeto de Freitas
Ivanilda Barbosa
Leitura e produção de textos na graduação
Faraídes M. Sisconeto de Freitas
Ivanilda Barbosa
COMUNICAÇÃO E LINGUAGENS
Leitura e produção de textos na graduação
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE
 Freitas, Faraídes M. Sisconeto de.
F884c Comunicação e linguagens: leitura e produção de textos na graduação 
[livro eletrônico] / Faraídes M. Sisconeto de Freitas, Ivanilda Barbosa. – Uberaba: 
Universidade de Uberaba, 2020.
 175 p. : il. color. 
 Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. 
 Inclui bibliografia. 
 ISBN 
 
 1. Comunicação – Estudo e ensino. 2. Comunicação escrita. 3. Comunicação 
– Metodologia. 4. Linguagem – Estudo e ensino. I. Barbosa, Ivanilda. II. Universi-
dade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD 302.207 
© 2020 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Pró-Reitor de Ensino Superior
Marco Antônio Nogueira
Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia Denise dos Santos Bisinoto
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Ilustrações
Depositphotos. Acervo Uniube.
Getty Images. Acervo Uniube.
Preparação dos originais
Márcia Regina Pires
Revisão ortográfica, gramatical, textual e de estilos
Erlane Silva Nunes
Editoração eletrônica
Matheus Kaneko da Silva
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Faraídes M. Sisconeto de Freitas
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba – Uniube. Especialista em 
Linguística Aplicada e em Avaliação Educacional pela Universidade de Uberlândia 
– UFU. Licenciada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade de Uberaba e 
em Pedagogia pela Faculdade de Educação Antônio A. Reis Neves. É docente da 
Universidade de Uberaba nas modalidades de ensino presencial e na Educação a 
Distância. Possui experiência na área de Linguagens, com ênfase em Linguística 
e Língua Portuguesa. Desenvolve pesquisa em: educação a distância, práticas 
educativas e formação de professores, com enfoque em metodologias ativas.
Ivanilda Barbosa
Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista 
em Linguística Aplicada e em Literatura Brasileira Contemporânea pela 
Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Licenciada em Letras, pela Faculdade 
de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino – Fista, de Uberaba. 
Pertenceu ao corpo docente da Universidade de Uberaba – Uniube, onde atuou 
como professora dos cursos de graduação em Letras e Comunicação Social, 
entre 1979 a 2006, e coordenou a implantação do Programa de Educação a 
Distância no período de 2000 a 2007. Foi consultora de projetos educacionais na 
Universidade Tuiuti do Paraná e na Uniube de 2008 a 2011. Exerceu o cargo de 
diretora da Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães de Uberaba e de 
Superintendente de Bibliotecas Públicas da Fundação Cultural de Uberaba entre 
os anos 2013 a 2017. É uma das organizadoras do livro Brasil à luz do espelho: 
sombras, conflitos e reflexões, publicado pela Editora Humanitas – USP, 2019.
Sobre as autoras
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................XI
Capítulo 1 - Ação comunicativa: leitura, interpretação e expressão ....................... 1
1.1 Introdução .............................................................................................................................................2
1.2 Os atos de falar e de escrever ........................................................................................................4
1.3 Fatores que interferem na ação comunicativa .......................................................................6
1.3.1 Conhecimento de mundo ....................................................................................................7
1.3.2 Informatividade ........................................................................................................................9
1.3.3 Intencionalidade e receptividade .................................................................................. 11
1.4 Elementos que interagem na comunicação oral ............................................................... 13
1.5 Aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito ................................... 19
1.6 O prazer de ler e escrever ............................................................................................................. 24
1.7 Resumo ................................................................................................................................................ 25
Capítulo 2 - Comunicação e textos acadêmicos ............................................................29
2.1 Introdução .......................................................................................................................................... 30
2.2 Comunicação verbal no contexto acadêmico..................................................................... 31
2.2.1 A noção de texto ................................................................................................................... 31
2.2.2 Texto e hipertexto ................................................................................................................. 34
2.3 O texto acadêmico.......................................................................................................................... 41
2.4 A organização de textos orais .................................................................................................... 44
2.4.1 A entrevista ............................................................................................................................. 45
2.4.2 O debate ................................................................................................................................... 48
2.5 A organização de textos escritos .............................................................................................. 50
2.5.1 Primeiro grupo: resumo e resenha ................................................................................ 51
2.5.2 Segundo grupo: relatório e portfólio ............................................................................ 58
2.5.3 Terceiro grupo: comunicação, artigo científico e monografia ............................ 60
2.6 Resumo ................................................................................................................................................ 65
Capítulo 3 - Procedimentos para leitura de textos dissertativos ............................73
3.1 Introdução .......................................................................................................................................... 74
3.1.1 Recuperando a noção de dissertação .......................................................................... 74
3.2 Procedimentos para a leitura do texto dissertativo .......................................................... 75
3.2.1 Ler para identificar ................................................................................................................75
3.2.2 Ler para delimitar as partes ............................................................................................... 77
3.2.3 Ler para analisar ..................................................................................................................... 80
3.2.4 Ler para reconhecer argumentos ...................................................................................81
3.2.5 Ler para estabelecer relação ............................................................................................ 86
3.2.6 Ler para avaliar e emitir um julgamento...................................................................... 86
3.3 Resumo ................................................................................................................................................ 89
Capítulo 4 - Linguagem, trabalho e prática social ........................................................93
4.1 Introdução .......................................................................................................................................... 94
4.2 A escrita no cotidiano das organizações ............................................................................... 96
4.2.1 A identificação profissional – requerimento, carta de apresentação e 
currículo ...............................................................................................................................................100
4.2.2 A circulação de informação interna – memorando, avisos, ordem de serviço, 
instrução normativa, parecer técnico, pauta e ata de reunião ....................................106
4.2.3 Comunicação externa – ofício, declaração, contrato e procuração ...............119
4.3 Comunicação e imagem da organização ............................................................................123
4.4 Resumo ..............................................................................................................................................126
Capítulo 5 - Linguagem técnica e competência comunicativa ............................ 133
5.1 Introdução ........................................................................................................................................134
5.2 Adequação textual e produção de sentidos ......................................................................136
5.3 O uso da imagem em textos informativos, técnicos e 
 científicos ....................................................................................................................... 140
5.4 Ação comunicativa e desempenho profissional ..............................................................146
5.5 Escrita e imagem em projetos e memorial descritivo ...................................................152
5.5.1 O projeto e a organização textual ................................................................................154
5.5.2 O memorial descritivo ......................................................................................................163
5.6 Resumo ..............................................................................................................................................171
XI
A liberdade, a autoconfiança, o desejo consistente e o olhar curioso movem as criaturas 
na grande aventura da comunicação por milênios e milênios. A interação humana 
vem concretizando-se nas linguagens dos costumes, do mito, da arte, da ciência e 
do trabalho, articuladas e diluídas por e entre tênues fios de gestos, sons, imagens e 
sentidos − eis a linguagem ou as linguagens humanas. Eis o homem em sua aventura.
 
Seria, então, cada linguagem uma aventura? E o “que pode uma criatura senão, entre 
criaturas”, dizer e, nesta fala mesma − do contador e do poeta, do dançarino, do músico 
e do inventor, do grafiteiro, do místico, do filósofo e do cientista − protestar, dispersar, 
cantar e dançar, não dizer e ousar ouvir, ler e escrever? 
“Cada ser humano é palavra inédita” − anuncia o antropólogo Juvenal Arduini. Na 
palavra se irmanam as crenças, os saberes, os costumes, a ação e a realização dos 
homens, dos povos, das sociedades. Também se articulam o dentro e o fora, o rígido e o 
fugidio, a tirania e a esperança, o medo e a solução na alegria do aprender, do construir 
e do conhecer o mundo, o outro e a si mesmo.
Como um atuante cidadão brasileiro, em casa, na escola ou no trabalho, você usa a 
língua portuguesa ou a língua brasileira de sinais, cotidianamente, na condição de 
filha(o), irmã(o), companheira(o), amiga(o), consumidor(a), cliente ou profissional. Ao 
realizar um curso superior de graduação, você está sendo convidado a aventurar-se pela 
linguagem e pelas situações de comunicação do contexto acadêmico.
Comunicação e linguagens – leitura e produção de textos na graduação pretende 
ser um instrumento de uso diário que poderá auxiliá-lo a aprimorar sua comunicação 
oral e escrita em diferentes situações no circuito de sua vida acadêmica. 
Apresentação
https://www.youtube.com/watch?v=9ga4DcNqQl4
https://www.youtube.com/watch?v=9ga4DcNqQl4
http://academiadeletrastm.com.br/juvenalarduini.php
XII
Em cinco capítulos, estão desenvolvidos temas relacionados à ação comunicativa, à 
comunicação verbal no contexto acadêmico, aos procedimentos para leitura de texto 
didático-científico, à linguagem e trabalho, à prática comunicacional no contexto das 
organizações e às relações entre linguagem, sociedade e comunicação.
Os capítulos estão organizados de forma didática: uma introdução, os objetivos do 
estudo, um esquema inicial do conteúdo, um texto explicativo que inclui conceitos, 
exemplos, questionamentos, reflexões, links e indicação de leituras para ampliação dos 
seus conhecimentos e, ainda, um breve resumo do conteúdo e as obras de referências, 
isto é, as que foram mencionadas ao longo do texto.
No percurso de estudo destes cinco capítulos, estaremos junto a você, com a certeza 
de que falar/ouvir, contar/interpretar, ler/escrever são jogos de linguagem, e suas 
regras são socialmente estabelecidas e pactuadas na ousada aventura da comunicação 
humana, em cada tempo e em cada contexto histórico. 
As autoras
XIII
Capítulo 1
Ação comunicativa: 
leitura, interpretação 
e expressão
Objetivos
• Identificar os fatores que interferem na comunicação oral e escrita.
• Reconhecer a adequação da linguagem em diferentes situações de interação 
social.
• Identificar os elementos que asseguram a legibilidade do texto escrito. 
• Utilizar a Língua Portuguesa com adequação em situações comunicativas.
2
1.1 Introdução
Não basta falar bem. É preciso saber ler e escrever. Monteiro Lobato, no início do 
século XX, afirmou que “Um país se faz com homens e livros”. Seria essa afirmação 
ainda impactante, no século XXI? Livros são necessários para o desenvolvimento social, 
econômico e cultural de um país? 
Falamos mais do que escrevemos e lemos menos do que ouvimos. Isto é um fato para a 
maioria das pessoas com as quais convivemos em casa, no trabalho e na escola. Sendo 
assim, em que falar e escrever contribuem para maior ou menor realização pessoal e 
profissional das pessoas? A pessoa que transita com facilidade entre as múltiplas formas 
da fala e da escrita tem mais oportunidade de alcançar os objetivos a que se propõe? 
Qual é mesmo a relação que há entre falar e escrever com propriedade e adequação 
e o grau de satisfação das pessoas em suas relações familiares, amorosas, escolares e 
profissionais? 
 
As nossas respostas podem ser bastante variadas para todas essas indagações. 
E, possivelmente, muitos estudiosos já se dedicaram a essa polêmica tão 
presente no diálogo de pais, alunos e professores, profissionais liberais e 
comunicadores. 
Restringindo um pouco nosso espaço de observação, o exercício de pensar no 
contexto da escola tem se mostrado exigente quanto à aplicação destas duas 
modalidades da linguagem verbal − a oralidade e a escrita. 
Estamos no reinoda palavra, 
e tudo que aqui sopra é verbo.
Ferreira Gullar
https://www.ebiografia.com/monteiro_lobato/
3
Iniciando os estudos, propomos que você exercite suas habilidades de ler e de 
falar, ouvir e escrever, a partir de textos que são produzidos no cotidiano da vida 
universitária. Esses textos têm por finalidade incentivar a produção e registro das 
reflexões, das leituras, das indagações e da pesquisa nos cursos, por alunos e 
professores.
Ao exercitar sua capacidade de expressão oral e escrita, sinta-se um ser de linguagens 
múltiplas e confie: quanto mais conhecer as variedades da linguagem humana e as 
utilizar em uma perspectiva de interação, com uma visão crítica, criativa e ética, mais 
empreendedor do conhecimento científico e tecnológico e dos valores culturais você 
se tornará.
4
As grandes narrativas que hoje temos nas bibliotecas e nos livros sagrados de diferentes 
povos nos mostram que elas tiveram origem na paciência histórica de alguém que 
contou o que viu e o que imaginou a um outro que, curiosa e pacientemente, o ouviu. 
E, assim, esse registrou e distribuiu a muitos outros aquilo que um dia esteve guardado 
na memória ou na imaginação das pessoas, dos povos e das civilizações. 
Embora saibamos que fala e escrita guardam, cada uma, sua identidade, têm 
características próprias, elas permaneceram, ao longo da história dos homens e de 
seus feitos, lado a lado, sem nenhuma relação de superioridade, como faces da mesma 
linguagem. 
Podemos afirmar que falar e escrever são práticas que se estabelecem em diferentes 
tempos, em diferentes espaços sociais e geográficos, e que se complementam na busca 
do conhecimento, da compreensão, da convivência e da criação humana.
As formas da fala e da escrita que ganham vida em cada espaço familiar, de trabalho, 
de lazer, de estudo se conjugam em diferentes combinações de sinais, de cores, de 
sons, de códigos e de sentidos – diferentes linguagens próprias dos grupos familiares, 
religiosos, sociais, culturais, artísticos, científicos e profissionais. 
Nessa perspectiva, podemos dizer que os espaços social, cultural e geográfico 
interferem na forma de expressão tanto da fala quanto da escrita e se constituem em 
fatores determinantes na comunicação em qualquer situação de interação humana.
As pessoas das sociedades letradas que têm o privilégio de se manifestarem pela fala e pela 
escrita constatam que estão sujeitas a regras em uma e outra situação de comunicação. 
1.2 Os atos de falar e de escrever
5
• Em cada situação de comunicação, escrita ou oral, existem variados 
fatores que interferem na escolha do modo de falar e de escrever, seja 
da pessoa ou de um grupo social.
• Os fatores geográficos, sociais e culturais destacam-se como 
determinantes da comunicação.
• A motivação da pessoa e sua função ou lugar social, no momento em 
que fala ou escreve, interferem na seleção que faz de enunciados, de 
palavras, de entonação e de ritmo. 
Sintetizando
A escrita de um bilhete para um amigo, por exemplo, é bem diferente de um 
comunicado de um diretor aos seus colaboradores afixado no mural da empresa. Ou, 
ainda: um artigo de jornal sobre um acidente ecológico se difere de um laudo técnico 
do biólogo para fins de avaliação de responsabilidades e também do depoimento que 
o mesmo biólogo possa dar a um repórter sobre o assunto. 
Muitas outras situações poderiam ser aqui relacionadas, apresentando as diferenças 
entre formas de expressão oral e formas de expressão escrita. Porém, basta observarmos 
os contatos entre os diversos grupos de pessoas para entendermos que os exemplos 
poderiam ser infinitos, como infinitas podem ser as situações de comunicação humana. 
Fala e escrita são atos contínuos por meio dos quais temos o privilégio de nos relacionar 
na dinâmica da vida em sociedade.
Assim sendo, nas sociedades letradas, desenvolveu-se as noções de variedade e 
de adequação da ação comunicativa. Isto é, em cada situação é necessário que se 
harmonizem os diferentes tipos de linguagens verbais e não verbais para que se 
obtenha uma comunicação eficiente e eficaz.
6
A Universidade é um dos espaços de produção de escritas, leituras e releituras, 
direcionadas para a formação do cidadão. Nesse sentido, caracteriza-se pela prática da 
leitura e da escrita como um princípio motivador da manutenção dos valores culturais, 
da pesquisa científica, da construção do conhecimento e das relações que mantém com 
a comunidade na qual está inserida.
Entendemos que a leitura, porque traz benefícios incontestáveis ao indivíduo e 
à sociedade, é um direito humano que se efetiva na forma de lazer e de prazer, de 
aquisição de conhecimentos e de produção cultural, de humanização do convívio e 
de interação social. 
 
Nesse sentido, os atos de ouvir e falar, de ler e escrever são práticas indispensáveis 
à formação integral do indivíduo, interferindo no seu desenvolvimento emotivo, 
• O conhecimento de mundo dos interlocutores determina também o 
modo de organizar a fala e a escrita.
• A receptividade dos ouvintes e leitores motiva a escolha dos estilos 
próprios que cada pessoa vai construindo ao longo de sua história de 
vida.
• O domínio que cada pessoa tem das técnicas de falar e de 
escrever, de acordo com a situação de comunicação, possibilita 
alcance dos objetivos nas situações sociocomunicativas.
1.3 Fatores que interferem na ação comunicativa
7
1.3.1 Conhecimento de mundo
Conto ao senhor é o que eu sei e o senhor não 
sabe; mas principalmente quero contar é o que eu 
não sei se sei e que pode ser que o senhor saiba.
 
João Guimarães Rosa
Entende-se por conhecimento de mundo o saber que a pessoa tem sobre a natureza 
e a cultura de diferentes povos: sobre a geografia, as ciências, as artes, a política, as 
religiões, a tecnologia, as linguagens, os costumes, formas de trabalho, rituais religiosos, 
formas de convívio, entre outros conhecimentos que a humanidade vai acumulando 
no curso da sua história.
 
Ao mesmo tempo em que o convívio com as diversidades culturais - artística, social, 
linguística, religiosa - possibilita o diálogo e a interação entre pessoas, o conhecimento 
de mundo delas se amplia. Assim, as pessoas passam a ter mais possibilidade de buscar 
novos conhecimentos e de compreenderem a realidade.
A importância da linguagem verbal revela-se no contínuo uso das formas da fala e 
da escrita por diferentes povos, em diversificados suportes, de maneira a aprimorar 
incessantemente os sistemas de linguagens e processos de comunicação humana. Dos 
registros em pedras aos mais sofisticados processos tecnológicos, a linguagem verbal 
está presente, testemunhando as descobertas no campo das ciências, da filosofia e da 
arte. 
Podemos afirmar que cada pessoa põe em prática todo o conhecimento de mundo 
que já lhe pertence, ao ouvir e entender, ler e compreender, sentir e expressar, ao 
intelectual, social e profissional e proporcionando-lhe, dia após dia, a ampliação de 
seu conhecimento de mundo. 
8
escrever e comunicar, ao aprender e traduzir, para si e para o outro, o que já sabe. 
O conhecimento de mundo, portanto, interfere na forma da pessoa dialogar, ler, 
interpretar e compreender a realidade, o outro e a si mesmo.
O conhecimento de mundo é um fator que interfere na expressão oral e escrita, na 
leitura compreensiva e crítica do ser humano. Sendo assim, considerando que as 
práticas de linguagem são pessoais e coletivas, podemos afirmar que a formação 
da identidade do indivíduo-cidadão, enquanto agente social transformador da 
comunidade em que vive, exige conhecimento de mundo. 
8
9
1.3.2 Informatividade
A informatividade está presente nos textos orais, escritos e visioespaciais, tais como 
nos anúncios, poema, teatro, pinturas, esculturas, debates, entrevistas, conferências e 
se relaciona ao grau de novidade contida no texto. 
O que seria então informatividade? Quando a pessoa que fala provoca na outra uma 
expectativa a partir do que está dizendo, significa quehá algo novo sobre o assunto. Ou 
seja: o ouvinte fica esperando tomar conhecimento de algo que ele ainda não sabe. Se 
o que ouve já lhe é conhecido, a sua expectativa não é atendida. Dizemos, então, que 
quem falou não trouxe nada de novo. Não deu informação àquele ouvinte. 
10
A informatividade é, assim, um fator que se mede pela quantidade de novidade que 
chega ao ouvinte. O grau de informatividade do texto pode variar de ouvinte para 
ouvinte, ou de leitor para leitor, se o texto for escrito. 
Por qual motivo? Vejamos.
Relacionando as afirmações anteriores com a noção de conhecimento de mundo, 
podemos dizer que, para determinadas pessoas, o grau de informação de um texto 
é alto, pois, para elas, o texto está repleto de novidade. Enquanto para outras, o 
mesmo texto pode ter um baixo grau de informação. E isso pode decorrer de dois 
fatores: ou a pessoa não possui conhecimentos anteriores, repertório, que lhe 
possibilite compreender o que está sendo informado; ou porque ela já tem um grande 
conhecimento sobre o assunto, portanto, pouco lhe foi acrescentado.
Por isso, ao falar ou escrever, devemos cuidar de saber para quem estamos falando ou 
escrevendo, uma vez que nossa intenção é sempre manter o elo comunicativo com as 
pessoas. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. O nosso interlocutor precisa de pistas 
para que encontre, em nosso texto, o sentido novo, a novidade, a informação. A eficácia 
de uma comunicação encontra-se também no controle do grau de informação, por 
parte de quem se dispõe a comunicar.
Observando os textos que circulam nos canais de TV aberta - propagandas, 
publicidades, reportagens ou notícias - podemos constatar que eles apresentam um 
grau médio de informatividade. Eles se dirigem a um público diversificado e conseguem 
manter a atenção do telespectador, pois calculam a média do conhecimento de mundo 
da audiência, naquele horário, e acrescentam informações de interesse geral.
11
Em sala de aula, laboratórios, congressos, seminários científicos, programação cultural, o 
desafio é para todos: assegurar, em cada situação de estudo, um grau de informação que 
permita aos interlocutores o entendimento, a interação e a produção do conhecimento 
pela comunidade acadêmica. 
1.3.3 Intencionalidade e receptividade
A intencionalidade e a receptividade interferem na comunicação, uma vez que ambas 
têm origem nos propósitos das pessoas envolvidas na ação comunicativa. 
Se a intenção de quem produz um texto escrito é provocar no leitor uma reação, para 
que isso aconteça, é necessário que o leitor tenha a disposição de ler o texto que lhe 
está sendo oferecido. 
Exemplificando
Os textos produzidos para os canais de TV aberta são elaborados tendo como 
base o conhecimento geral do grande público que os assiste, ou seja, das 
pessoas que formam sua audiência, para que essas possam compreendê-los. 
Entretanto, pensemos em outra situação: em um congresso de nefrologia por 
exemplo. Nesse caso, os produtores dos textos orais e escritos considerariam 
que o público do congresso, possivelmente composto por médicos 
nefrologistas e urologistas, sabe os termos científicos dessa área, por isso 
esses termos seriam usados. Observe que, como o congresso é destinado a 
um público restrito, a linguagem e a escolha das palavras podem ser mais 
específicas e com aprofundamento na temática.
12
O êxito da ação comunicativa implica intencionalidade, informatividade, conhecimento 
de mundo e receptividade. Esses fatores encontram-se associados às situações de 
comunicação.
Para promover o interesse pela leitura, o texto precisa conter elementos motivadores. 
O leitor se interessa por ler à medida que ele encontra no texto dados, referências que 
já são do seu conhecimento, isto é, do seu repertório, e que vão ser acrescidos de algo 
novo sobre o assunto. 
A receptividade do texto depende da motivação do leitor, da capacidade de o autor 
usar a linguagem, favorecer o prazer estético, acrescentar conhecimento, promover a 
interpretação e a compreensão no ato da leitura. Por isso, que todo texto contém em 
si um possível recebedor. 
Exemplificando
Na publicidade de automóveis, ganha relevância o conforto, a segurança, o 
preço, o status social. Esses aspectos são de grande interesse da classe média 
brasileira. As campanhas publicitárias da maioria das marcas automobilísticas 
se dirigem a essa classe social.
13
O teatro é uma forma milenar de narrativa oral. Para contar a história, faz-se uma 
encenação, na qual se conjugam vozes e gestos, movimento corporal, expressão 
fisionômica, cenário e figurino. Você já teve a oportunidade de assistir a peças teatrais 
– tragédias, comédias, musicais, monólogos? Pôde observar o fascínio que o teatro 
exerce sobre as pessoas?
 A situação de comunicação no teatro pressupõe a proximidade espacial entre atores 
e público. As pessoas se sentem participando da cena, testemunhando o que ocorre 
no palco. Isso é envolvente. 
1.4 Elementos que interagem na comunicação oral
14
Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, identifica com maestria os recursos da 
expressão oral no ato de narrar:
[...] narrar é um ato inventivo, seja para contar o acontecido ou 
apalavrar o imaginado. E toda a sua invenção reside no detalhe: 
evidenciar uma palavra, iluminar uma pausa, desdobrar um gesto, 
incorporar a participação dos ouvintes, buscar um tom de voz, 
encaixar um comentário, introduzir uma personagem, arquear as 
sobrancelhas... Desenrolar o enredo e enredar as palavras são as 
duas páginas da mesma folha. O ouvinte não se envolve apenas 
com o rumo dos acontecimentos, mas também com o rumor das 
palavras. (MARQUES, 2005, p. 54).
Observe que, embora esteja escrito, o autor se expressa de forma bastante espontânea: 
o ritmo cadenciado é indicado pelos sinais de pontuação (vírgulas, dois pontos, 
reticências) e imprime ao texto um efeito de fala, de oralidade. A sensação que temos 
é a de que estamos ouvindo a voz do autor, vendo seus gestos. 
No teatro, como na dança, a linguagem do corpo ganha visibilidade. Talvez esse 
seja o motivo do permanente interesse de gerações e gerações por essas formas de 
comunicação artística. 
No vídeo A arte de ensinar e aprender, o artista Chico dos Bonecos mescla 
humor e brincadeiras. Ele faz uma expressiva apresentação de seu trabalho com 
o livro Muitas coisas, poucas palavras. Assista ao vídeo a seguir.
https://www.editorapeiropolis.com.br/biografia/?autor=132&nome=Francisco+Marques+%28Chico+dos+Bonecos%29
15
A linguagem corporal não está presente apenas nas expressões artísticas. Em cada 
situação de comunicação oral, que se realiza de maneira mais ou menos formal, 
constata-se que o tom e o volume da voz, o movimento do corpo, os gestos, a expressão 
facial e o deslocamento do olhar se complementam para motivar e manter o interesse 
dos interlocutores.
16
Não é sem motivo que especialistas em comunicação têm dispensado tempo para a 
pesquisa da linguagem corporal e os seus efeitos nas relações de trabalho.
No livro O corpo fala, Pierre Well e Roland Tompakow oferecem ao leitor um detalhado 
estudo do comportamento humano a partir da linguagem silenciosa do corpo, 
abordando temas como: harmonia e desarmonia, origem dos gestos, o amor e sua 
expressão corporal, entre outros. Esse estudo ressalta a importância da gestualidade, da 
postura e da adequação do vestuário como fatores que interferem na comunicação oral.
O livro tem sido indicado para profissionais de diferentes áreas de atuação. Os autores 
abordam, de maneira simples, prática e divertida, a silenciosa linguagem do corpo.
No vídeo Como falar bem: gestos, a fonoaudióloga Leny Kyrillos nos traz informações 
e orientações de como usar os gestos para uma comunicação mais eficaz. Veja-o.
https://docs.google.com/file/d/0B5CK2xfgallpeWJQMHpvY05DR28/edit?pli=1
17
No vídeo Comunicação verbal, a autora Eunice Mendes esclarece dúvidas acerca de 
quais aspectos são importantes edevem ser considerados para o desenvolvimento da 
habilidade de falar em público.
Indicação de leitura
Os autores: Eunice Mendes, Lena Almeida e Marco Polo Henriques também 
nos oferecem um texto agradável sobre a linguagem do corpo no livro Falar 
bem é fácil: um superguia para uma comunicação de sucesso. 
1818
19
Os dois textos sugeridos anteriormente para leitura, O corpo fala e Falar bem é 
fácil, nos permitem observar que há entre fala e escrita mais semelhanças do que 
diferenças, quando nos colocamos no lugar de interlocutores. Ou seja: a compreensão 
do pensamento do autor (falante ou escritor) é facilitada pelos elementos gráficos, 
os espaços que foram utilizados para marcar o ritmo e a sequência e progressão do 
pensamento. 
As pausas breves marcadas pelas vírgulas entre as palavras e expressões permitem 
a visualização de detalhes: “evidenciar uma palavra, iluminar uma pausa, desdobrar 
um gesto, incorporar a participação dos ouvintes, buscar um tom de voz, encaixar um 
comentário, introduzir uma personagem, arquear as sobrancelhas...” (MARQUES, 2005, 
p.55). 
As reticências sugerem que mais detalhes poderiam ser enumerados. O autor Francisco 
Marques (Chico dos Bonecos) conta com a atenção e a imaginação do seu leitor, que 
mais se aproxima a um ouvinte ou a um espectador.
Em O corpo fala, o leitor está presente no texto por meio das formas verbais do 
imperativo e pelas formas pronominais de segunda pessoa: “Seja coerente, procure 
ser você ao se expor para um grupo de pessoas. Nessa exposição dê atenção a todos, 
Catar feijão se limita com escrever: 
jogam-se os grãos na água do alguidar 
e as palavras na folha de papel; 
e depois, joga-se fora o que boiar.
João Cabral de Melo Neto
1.5 Aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito
20
- Pontuação 
Vejamos um caso em que a pontuação (ou a falta dela) interfere na compreensão do 
texto. Para quem é a refeição que está na mesa? 
Uma senhora responsável pela limpeza e organização de uma república de estudantes 
escreveu um bilhete antes de sair. No bilhete estava escrito: 
deixe o seu olhar dançar entre eles, mas nunca olhe fixamente para nenhum deles.” 
(MENDES, 2008).
Na comunicação escrita, assim como na oral, existem aspectos formais que contribuem 
para que o texto se torne legível (compreensível) – pontuação ortografia, concordância 
e regência verbal e nominal, adequação do vocabulário ao assunto e ao conhecimento 
de mundo do leitor e a organização textual.
Importante lembrar que esses aspectos formais, que interferem na comunicação escrita, 
seguem normas especiais em cada tipo de texto. Um poema se organiza espacialmente 
de forma diferente de um texto científico. Espaçamento, divisão de parágrafos, por 
exemplo, são utilizados conforme a situação comunicativa.
A forma de escrever um texto jornalístico é diferente da composição de um texto 
publicitário. Embora possam estar publicados em uma mesma página do jornal ou da 
revista, a leitura requer atenção diferenciada de um mesmo leitor, pois os elementos 
que entram na composição dos textos são diferentes. O mesmo ocorre quando a 
pontuação e a ortografia concorrem para a clareza do texto. 
21
Essa encomenda é para o João não para a sua namorada 
também não é para o Álvaro entregar ao síndico jamais 
para o José do quarto 2 não é para a Rosa.
Fátima
Situação A
O João lê o bilhete.
Essa encomenda é para o João. Não para a sua 
namorada. Também não é para o Álvaro entregar ao 
síndico. Jamais para o José do quarto 2. Não é para a 
Rosa. 
Fátima
Essa encomenda é para o João? Não! Para a sua namorada? 
Também não. É para o Álvaro entregar ao síndico? Jamais. 
Para o José do quarto 2? Não. É para a Rosa.
Fátima
Situação B
A Rosa leu o bilhete
22
- Ortografia 
Ortografia significa escrita correta – orto = certo + grafia = escrita.
Em 1990, foi assinado um acordo de unificação da ortografia em Língua Portuguesa 
entre todos os países lusófonos, isto é, países em que Português é a língua oficial. No 
Brasil, o acordo entrou em vigor em 2016. Os argumentos que justificaram o acordo 
incluem razões de ordem comercial e de identidade cultural entre esses países.
As alterações abrangem o uso do trema, do hífen, do acento gráfico em ditongos 
abertos e hiatos e a inclusão, no caso do Brasil, das letras w, k, y no alfabeto.
No Guia prático da Nova Ortografia, de Douglas Tufano, você pode saber mais sobre 
o que mudou na ortografia brasileira. Sugerimos essa leitura!
Essa encomenda é para o João? Não. Para a sua namorada? 
Também não. É para o Álvaro entregar ao síndico? Jamais. 
Para o José do quarto 2. Não é para a Rosa.
Fátima
PENSE!
Se você fosse o José do quarto 2, como leria este bilhete?
A pontuação interfere na compreensão dos textos escritos. Diante disso, ao escrever um 
texto, devemos nos lembrar de que os sinais de pontuação auxiliam o leitor a entender 
e encontrar sentido no que escrevemos.
https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/188/Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf
23
Retomando os versos de João Cabral de Melo Neto, necessitamos “catar feijão” – catar 
palavras, recolher, retirar o que não é bom, o que não é palavra adequada não é palavra 
boa, para que o texto fique bom. Em seguida, “jogam-se os grãos na água do alguidar”, 
na intenção de escolher, “e as palavras na folha de papel” que, associadas aos fatores 
aqui apresentados, certamente resultarão em escrita coesa e coerente, e será bem 
recebida pelos seus interlocutores. 
24
Continho
 Era uma ver um menino triste, magro e barrigudinho, do sertão de 
Pernambuco. Na soalheira danada do meio-dia, ele estava sentado na poeira 
do caminho, imaginando bobagem, quando passou um gordo vigário a cavalo:
 – Você aí, menino, para onde vai essa estrada?
 – Ela não vai não, nós é que vamos nela.
 – Engraçadinho duma figa! Como se chama?
 – Eu não me chamo não, os outros é que me chamam de Zé. 
(CAMPO, 1998, p. 24.)
Há pessoas que conseguem ver e escrever histórias em todo lugar. Como a oralidade 
precede a escrita, ou seja: quando aprendemos a ler e a escrever já sabíamos ouvir e 
falar ou ver e representar, boas histórias têm origem nos ‘causos’, nas prosas, histórias 
populares, narradas em situações de descanso e lazer. 
Paulo Mendes Campos escreveu o texto Continho, apropriando-se de uma história 
oral. Veja-o a seguir.
1.6 O prazer de ler e escrever
https://ims.com.br/titular-colecao/paulo-mendes-campos/
25
O estudo, a partir deste capítulo, permitiu a reflexão sobre o uso da linguagem oral 
e escrita, identificando os aspectos de aproximação e distanciamento nessas duas 
modalidades da linguagem verbal.
Refletimos sobre a importância de ter domínio das variedades de técnicas de falar e 
escrever, para que se consiga uma comunicação eficiente.
A partir da leitura de alguns textos, observamos os fatores que devem ser 
considerados na produção de textos orais e escritos, com o objetivo de adequar as 
formas de linguagem à situação, aos interesses do falante/escritor e do ouvinte/leitor.
1.7 Resumo
Agora é a sua vez
Agora é a sua vez de ser escritor. Escolha uma história popular que você ouviu 
e gostou. Crie um ‘continho’. Compartilhe sua escrita com colegas e amigos.
26
Referências
ACADEMIA de Letras do Triângulo Mineiro. Monsenhor Juvenal Arduini. 
Disponível em: <http://academiadeletrastm.com.br/juvenalarduini.php>. Acesso 
em: 20 jan. 2020. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar. Interpretado por Paulo José. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9ga4DcNqQl4>. Acesso 
em: 20 jan. 2020. 
CAMPOS, Paulo Mendes. Continho. In: ANDRADE, C. Drummond de et all. 
Para gostar de ler. v.1. p. 24. ed. São Paulo: Ática, 1998. 
IMS – Instituto Moreira Salles. Paulo Mendes Campos. Disponível em: <https://
ims.com.br/titular-colecao/paulo-mendes-campos/>. Acesso em: 20 jan. 2020.
CHICO dos bonecos. Francisco Marques. Editora Peirópolis. São Paulo. 
Disponível em: <https://www.editorapeiropolis.com.br/biografia/?autor=132&amp;nome=Francisco+Marques+%28Chico+dos+Bonecos%29>. Acesso em: 21 
jan. 2020. 
CHICO dos Bonecos. A arte de ensinar. Vídeo. Estevão Marques. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=ONRLr6RIQGs>. Acesso em 20 jan. 
2020. 
COMO falar bem: gestos. Leny Kyrillos. Revista eletrônica Você S/A. Vídeo. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Wa0UIGPTcio>. Acesso 
em: 21 jan. 2020. 
EBIOGRAFIAS. Monteiro Lobato. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/
monteiro_lobato/>. Acesso em: 20 jan. 2020. 
FALAR bem em público: dom ou aprendizado? Professores Eunice Mendes 
e Edmundo Conde. Videoaula (2 min.). Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=ZnfjKl151o8>. Acesso em: 21 jan. 2020. 
http://academiadeletrastm.com.br/juvenalarduini.php
https://ims.com.br/titular-colecao/paulo-mendes-campos/
https://ims.com.br/titular-colecao/paulo-mendes-campos/
https://www.youtube.com/watch?v=ONRLr6RIQGs
27
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 1981.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coerência textual. São Paulo: 
Contexto, 1998.
______. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1999.
LOBATO, Monteiro. América. Obras Completas de Monteiro Lobato. Vol. 9. 
São Paulo: Brasiliense, 1957, p.45. 
MARQUES, Francisco. Muitos dedos, enredos. Um rio de palavras 
deságua num mar de brinquedos. São Paulo: Peirópolis, 2005.
MENDES, Eunice. Comunicação verbal. Entrevistador: Ronie Von. Entrevista 
concedida ao programa Todo Seu. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=IaQ5G6aiwUU>. Acesso em: 21 jan. 2020. 
MENDES, E.; HENRIQUES, M. P.; ALMEIDA, L. Falar bem é fácil: um 
superguia para uma comunicação de sucesso. 2. ed. São Paulo: AGWM, 2008. 
ROSA, Guimarães. Grande Sertão: veredas. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 1988.
TUFANO. Douglas. Guia prático da nova ortografia. Saiba o que mudou 
na ortografia brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 2008. Disponível 
em:<https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/188/
Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf> . Acesso em: 21 jan. 2020. 
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem 
silenciosa da comunicação não verbal. 65. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
https://www.youtube.com/watch?v=IaQ5G6aiwUU
https://www.youtube.com/watch?v=IaQ5G6aiwUU
https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/188/Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf
https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/188/Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf
Capítulo 2
Comunicação e textos 
acadêmicos
Objetivos
• Ler e relacionar texto e situação de comunicação.
• Diferenciar textos usuais no contexto acadêmico.
• Identificar as diferenças e semelhanças entre entrevista e debate.
• Reconhecer as diferenças entre resumo, resenha, relatório e outras formas de 
comunicação científica.
30
2.1 Introdução
A leitura de textos científicos, jornalísticos, jurídicos, publicitários e literários faz parte 
do cotidiano do universitário. A variedade de suportes, nos quais esses textos circulam 
hoje, propicia a cada um escolher o que melhor se adapta aos seus hábitos de leitura: 
tela do computador, páginas dos livros impressos, revistas especializadas e jornais. 
O certo é que, nesses suportes, o texto põe o leitor em contato com as informações 
sobre economia e política, com as discussões sobre as questões ambientais, invenções 
tecnológicas, acontecimentos reais e ficcionais que nos situam no dinâmico universo 
da sociedade em que vivemos. A leitura, portanto, faz parte da nossa agenda diária, se 
nos sentimos motivados a aprender, a criar, a manter diálogos sobre os mais variados 
temas, com as mais diversas pessoas.
Se quiser fazer uma torta de maçã a partir do zero, 
primeiro você terá de inventar o universo.
Carl Sagan
https://www.infoescola.com/biografias/carl-sagan/
31
2.2 Comunicação verbal no contexto acadêmico
2.2.1 A noção de texto
A comunicação entre os humanos se faz com gestos, movimentos, sinais e palavras. As 
pessoas se comunicam em diferentes situações, produzindo textos desde a infância. 
Mas é na escola, quando aprendemos a ler e a escrever, que a palavra texto passa a 
ocupar um bom espaço em nosso dia a dia. Ouvimos as pessoas dizerem “leia o texto”, 
“escreva um texto”, “gostei de seu texto”, “foi publicado um texto no jornal”, “o texto 
constitucional garante”.
Ouvindo essas expressões, relacionamos texto a uma sequência articulada de palavras 
escritas que, em maior ou menor extensão, nos permite:
• conhecer histórias de ficção;
• obter informações;
• aprender física, química, biologia;
Neste capítulo, trataremos de textos que nascem de outros textos com a finalidade 
de registrar os estudos no dia a dia do curso de graduação, ou seja, vamos observar as 
formas de textos acadêmicos. O que pretendemos é mostrar a você alguns caminhos 
que possam auxiliá-lo(a) na prática da leitura e da escrita durante o processo de 
formação universitária. 
Por isso, ao demonstrar os modos de organização de alguns textos, faremos comentários 
sobre os recursos de linguagem verbal neles utilizados. Esperamos que esse estudo 
possa lhe ser útil, quando for expressar suas ideias, opiniões e apresentar-se em situação 
de comunicação acadêmica.
32
• saber as leis de uma sociedade, sobre a política e os costumes dos povos;
• conhecer a geografia e a história de um país, o pensamento do colega, do cientista 
ou do poeta;
• expressar o que pensamos e o que sentimos.
Construímos relações humanas com gestos, desenhos e falas; mas também as 
construímos por meio da escrita. Em ambas situações, o texto é a morada da palavra 
que tem sentido. 
Entre os povos que não adotaram a escrita, as comunidades ágrafas, existem 
textos? Como são passadas as tradições, os costumes, as normas de convivência, o 
conhecimento de geração em geração? 
À medida que essas questões vão sendo respondidas, a imagem de texto vai se 
diversificando. Empregamos a palavra TEXTO para nomear diferentes objetos, por 
exemplo, sequências de:
• gestos nos rituais; 
• formas, linhas e cores, em uma tela plana; 
• sons, nos diálogos e músicas;
• sinais gráficos sobre um papel; 
• de imagens em quadrinhos.
Veja a imagem a seguir.
33
Podemos indagar: o que há de comum entre uma fotografia, um poema, uma história 
em quadrinho, um filme, uma letra de música, um ritual indígena e uma sequência 
musical, para que todos sejam denominados TEXTO? Observando, podemos constatar 
que todos eles: 
• surgem de uma necessidade: a pessoa (o autor) quer se expressar para 
intencionalmente se relacionar com outra pessoa;
• trazem as marcas do seu autor (falante ou escritor) e do seu destinatário: leitor, 
espectador, ouvinte;
• ocorrem em uma certa situação;
• são produzidos com base em um código, um sistema de sons, cores, movimentos 
ou sinais gráficos;
• suas partes ou sequências remetem umas às outras formando uma unidade.
Essa unidade ganha sentido porque mantêm relação com o mundo do autor e do 
destinatário.
UNIDADE DE SENTIDO
TEXTO
34
2.2.2 Texto e hipertexto
Na elaboração de um texto, como os fios de uma trama, os elementos verbais e não 
verbais estabelecem as relações internas e externas, organizam-se, unem-se e produzem 
uma unidade de sentido – o texto.
O texto é, portanto, construído em situação de interlocução e necessita de condições 
para sua existência. Entre essas condições, destacam-se:
• a intencionalidade;
• a organização interna de suas partes;
• as relações de sentido entre as partes (coesão);
• as relações de sentido do texto com o contexto externo (coerência);
• a receptividade.
Texto Hipertexto
35
Por entre os fios da trama, há muitos nós, ligando um fio ao outro como em uma rede. A 
imagem da rede auxilia a entender que é preciso tecer o texto, escolhendo os recursos 
linguísticos de que dispomos para expressar sentimentos e saberes.
Um texto, por exemplo, pode ter muitos nós, ou seja, entrada ou saída para outros 
textos:os denominados links. Links textuais não são uma novidade dos tempos da 
cibernética. Eles sempre existiram nos textos orais e escritos. 
Em uma conversa, as pessoas se apropriam das falas umas das outras para dar 
continuidade ao diálogo; nos textos escritos, com as notas de rodapé, referências 
bibliográficas, citações, o escritor põe o leitor em contato com outras escritas. 
Então o que há de novidade sobre o link? O vocábulo em inglês significa ligação, 
conexão, laço, elo, vínculo.
A novidade é a mudança dos suportes para as mídias digitais e a velocidade com que 
a tecnologia da informação multiplica links e constrói os grandes textos – os chamados 
hipertextos. Os hipertextos compõem-se de uma multiplicidade de textos, de vozes e 
de linguagens que circulam nas hipermídias.
No cenário da escrita, no passado ou no estimulante presente das tecnologias na 
comunicação, há diferença entre a maneira de ler um artigo de jornal ou um poema, 
um romance ou um tratado científico? Quem ou o quê determina o modo de leitura 
de um texto?
Vamos buscar respostas para essas perguntas, fazendo a leitura de dois pequenos textos 
que têm finalidades diferentes. 
https://hipermidias.wordpress.com/2007/10/05/hipermidia-o-que-e-isso/
36
Esta narrativa é uma fábula. As fábulas nos remetem a questões complexas da vida, que 
são apresentadas de uma forma simples e concisa. Algumas circulam há séculos, mas, 
em cada época em que são lidas, elas se renovam.
Texto 1
A assembleia dos ratos
Um gato de nome Faro -Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha 
que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de 
fome. Tornando -se muito sério o caso, resolveram reunir -se em assembleia para 
o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro Fino andava 
aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.
– Acho – disse um deles – que o meio de nos defendermos de Faro -Fino é lhe 
atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia, e 
pomo -nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. 
Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
– Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro -Fino?
Silêncio geral. Um desculpou- se por não saber dar nó. Outro, porque não era 
tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu -se no meio 
de geral consternação.
Dizer é fácil; fazer é que são elas!
 (LOBATO, 1994, p.190).
37
Observe:
1. as partes dessa fábula:
• uma situação inicial: os estragos de Faro Fino;
• a mudança nessa situação: a assembleia;
• o desenvolvimento (desdobramentos): a reflexão e a decisão da assembleia;
• uma situação final: a impossibilidade de pôr em prática a decisão.
2. alguns elementos garantem a conexão entre as partes da narrativa: a pontuação, 
os tempos verbais (deu, resolveram, disse), as expressões “para isso”, “assim que”, “um 
e outro”. São elementos de coesão. Estando articuladas e bem conectadas, a história 
vai progredindo e as partes formam um texto único. Um todo coeso, um todo que faz 
sentido para o leitor.
3. com o conhecimento de mundo que temos, relacionamos a situação vivenciada 
pelos ratos com as situações cotidianas, valores culturais e pontos de vista de pessoas 
de nosso convívio social.
4. encontramos uma coerência na história narrada, embora saibamos que animais não 
falam.
5. entendemos que, em textos literários, a coerência advém de um pacto do leitor com 
a criação, com a inventividade, com a imaginação do autor.
6. nessa fábula, o autor faz uso da criatividade para, simbolicamente, apresentar valores 
morais das sociedades humanas.
38
Esse texto foi retirado de uma publicação dirigida a pessoas que se interessam por 
construir conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo -o, podemos observar que o 
autor:
Texto 2
O Termo Direito
Não é fácil perceber todas as significações encerradas no termo “Direito”, ou tirar 
desse termo o conteúdo que possa nos aproximar da compreensão do que seja 
a finalidade da ciência que pretendemos conhecer: direito, do latim directus, adj. 
colocado em linha reta; direito, reto; certeiro; direto; preciso. O vocábulo ora 
significa: a) ordenamento ou norma conjunto de normas ou sistema jurídico 
vigente num país: o Direito da Alemanha; b) autorização ou permissão de fazer 
o que a norma não proíba, ou o que a norma autorize, ou seja, certo poder de 
exigir ou dispor de uma ação: isso é direito meu; c) qualidade do que atende a um 
anseio de justiça e retidão, do que é justo e reto: isso não é direito; d) prerrogativa 
que alguém possui de exigir de outrem a prática ou abstenção de certos atos: 
defendo -me porque alguém põe em risco o meu direito; e) ciência de norma 
coercitivamente imposta (obrigatória): o Direito é a ciência normativa; f ) conjunto 
de conhecimentos acerca dessa ciência: essa regra de Direito.
Também pode significar um conjunto de conhecimentos englobantes, que se 
ocupa de uma série de disciplinas diferentes: “a filosofia do Direito, a sociologia 
do Direito, a história do Direito e a Jurisprudência (“dogmática jurídica”), para se 
referir somente às mais importantes. (NERY, 2002, p. 21).
39
Cada texto tem existência própria e surge sempre de uma situação de comunicação. 
Toda situação comunicativa pressupõe a existência de interlocutores. A escolha e a 
organização dos elementos linguísticos pelo autor e o conhecimento de mundo do 
leitor interferem na construção e compreensão do texto.
Importante
Com base nos aspectos abordados anteriormente, podemos inferir que a 
comunicação verbal, nas formas da oralidade ou da escrita, encontra-se 
presente na quase totalidade das ações humanas, sejam elas individuais 
ou coletivas. Ao contar, interpretar, dialogar, produzir, registrar e difundir 
conhecimentos, as pessoas produzem textos com os recursos e conhecimento 
de mundo que têm disponíveis em seu repertório. 
• situa -se como alguém solidário ao leitor, quando usa as expressões "...nos 
aproximar ...pretendemos"; 
• fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando 
fundamenta suas explicações, recorrendo a outros autores; 
• usa termos técnicos e preocupa- se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que 
possa impedir a compreensão do significado do termo Direito. 
O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de 
se relacionar com um assunto novo. 
Podemos afirmar que o objetivo do autor, nesse texto, é didático, ou seja, facilitar a 
compreensão do significado do termo Direito.
40
Embora seja uma unidade de sentido, o texto relaciona-se com tantos outros textos que 
o antecederam ou que poderão surgir a partir dele. Pela sua forma de organização, é 
o próprio texto que aponta os caminhos para que o leitor o interprete, o compreenda, 
encontrando os seus sentidos. 
A noção de texto não se restringe ao texto escrito; assim, o ato de ler deve também ser 
entendido em seu sentido mais amplo. O ato de ler consiste no momento em que o 
leitor age com a intenção de compreender a unidade de sentido que é o texto. 
41
Grupos Gêneros Necessidades/ Objetivos Variantes
1 Literário
Expressar criativa e 
esteticamente 
pela escrita.
Poemas e narrativas:
trovas, sonetos, 
romance, crônica, 
novela e conto.
2
Oficial (legal, jurídico 
e comercial)
Estabelecer 
comunicação 
formal e registros 
em ambientes de 
trabalho público 
e privado.
Memorando, ofício,
parecer, 
requerimento, 
lei, regimento, 
carta comercial.
Quadro 1: Gêneros textuais e variantes
2.3 O texto acadêmico
Alguns tipos de textos são reconhecidamente apropriados às situações de 
aprendizagem e ensino na universidade. Mas, como a universidade é um espaço de 
pesquisa, de diálogos e reflexão, de circulação de informações, de produção e difusão 
de conhecimentos acumulados, em princípio, os textos que circulam no contexto 
acadêmico são os mesmos que se encontramdisponíveis para os cidadãos na 
sociedade, em Bibliotecas e bancos de dados na internet, por exemplo. 
Considerando as funções sociais da escrita, é possível identificar, basicamente, cinco 
grupos de gêneros de textos: 1- literário; 2- oficial; 3- filosófico/científico; 4- jornalístico/ 
publicitário; 5- religioso.
Os gêneros surgem na prática do uso da linguagem verbal e não verbal e atendem a 
certas necessidades, em diferentes situações de comunicação. Cada gênero tem suas 
variantes como indicado no quadro seguinte.
42
 A leitura de textos científicos, técnicos e didáticos pode ser realizada para:
• subsidiar as reflexões em sala de aula;
• incentivar a pesquisa e produção de novos conhecimentos; 
• promover a ampliação do conhecimento de mundo e a formação do profissional 
nas diferentes áreas. 
Esses textos encontram-se acessíveis em livros, boletins, revistas especializadas e jornais, 
em mídia impressa ou on-line. Os textos produzidos pela comunidade acadêmica 
podem ser motivados pelas circunstâncias sociais, históricas e situacionais, vivenciadas 
na sociedade. 
Grupos Gêneros Necessidades/ Objetivos Variantes
3
Filosófico, científico 
(técnico e didático)
Registrar e 
divulgar reflexões, 
fenômenos 
naturais, processos 
sociais, resultados 
de investigação 
científica.
Tratado, artigo, 
resumo, resenhas, 
relatórios, 
monografia, 
dissertação
4
Jornalístico e
publicitário
Divulgar 
informações, 
produtos e 
formar opinião.
notícias, 
publicidades, 
reportagens, 
editoriais
5 Religioso
Difundir princípios 
religiosos; doutrinar.
parábolas, sermões, 
evangelho, cânticos 
e orações.
Fonte: Adaptado de Santos ( 2001. p. 33).
43
No ambiente universitário, você é solicitado a registrar o que ouve e lê, a dizer o que 
leu, a opinar sobre o assunto que pesquisou. Você produz textos para apresentar ao 
professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em 
periódicos.
A escola adota, então, alguns modelos de textos, adequando -os aos estudos que 
os alunos e os professores desenvolvem para a progressiva ampliação e partilha de 
conhecimentos necessários à formação profissional. 
O debate, a entrevista, o artigo, a resenha, o resumo, o projeto, o relatório, a 
monografia, o portfólio são produzidos com a finalidade de alimentar o processo de 
ensinar e de aprender.
44
2.4 A organização de textos orais
A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as situações de encontros 
entre as pessoas. Ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em todos os 
textos orais. É a estrutura do diálogo. 
• Há sempre a suposição de que uma pessoa se dirige a outra.
• A fala pode ser mais espontânea ou mais formal, conforme a pessoa esteja mais 
ou menos à vontade na situação.
• Há gestos, expressões faciais, hesitações, que complementam a fala. 
• As pessoas falam a mesma língua. 
Nessa perspectiva, denominamos textos acadêmicos ao conjunto da produção textual, 
nas modalidades oral ou escrita, formalmente utilizado por alunos e professores e que 
têm por finalidade ampliar os conhecimentos sobre um assunto, registrar as reflexões 
e gerar novos conhecimentos no contexto da Universidade. 
45
2.4.1 A entrevista 
Você já foi entrevistado(a)? Já entrevistou alguém? Já assistiu a uma entrevista de algum 
grupo musical ou de uma equipe esportiva? 
Certamente, em todas essas situações, reconhecemos dois papéis distintos, presentes 
em toda entrevista: o papel do entrevistador, que é o responsável por abrir o diálogo, 
fazer as perguntas, dar continuidade ao assunto, controlar os rumos da conversa e 
encerrar a entrevista; e o papel do entrevistado, que é o de responder às perguntas.
A entrevista se organiza a partir de um esquema padrão:
• situação inicial: apresentação dos interlocutores e as razões da entrevista 
(INTRODUÇÃO).
• desenvolvimento do diálogo: sequência de perguntas, respostas e 
comentários que estabelecem a relação entre um e outro ponto da conversa 
(DESENVOLVIMENTO).
46
• finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem 
sempre vêm transcritos quando a entrevista é publicada (FECHAMENTO).
Embora sigam um esquema básico, são diferentes a entrevista que o profissional da 
saúde faz com o paciente da entrevista que o repórter realiza com o político; ou aquela 
entrevista que o candidato a um emprego concede ao gerente da empresa. 
Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as 
habilidades de comunicação oral do entrevistador e do entrevistado contribuem para 
o êxito da entrevista e, consequentemente, para o alcance dos objetivos.
Observe o vídeo, a seguir, em que o apresentador Antônio Ambujamra entrevista a 
filósofa Viviane Mosé. Essa primeira entrevista faz parte de uma série, disponibilizada 
na TV Cultura Digital. Vale a pena ver toda a série!
47
Agora é a sua vez
Experimente ler uma entrevista impressa, do começo ao fim, observando as 
partes do texto. Pesquise em jornais e revistas de circulação nacional, que 
são direcionados a um grande número de leitores, as sessões denominadas 
entrevistas. 
Encontre pistas no texto para responder às seguintes indagações:
• entrevistador e o entrevistado estão cientes de que a finalidade da 
entrevista é ser divulgada, na mídia impressa?
• a linguagem varia de um tom mais formal a menos formal, 
chegando a informal?
• é possível identificar um roteiro (esquema) da entrevista?
• há momentos em que o leitor se descontrai e logo retoma o ritmo 
da leitura?
Há programas na mídia televisiva que se sustentam no ar, há anos, e são cuidadosamente 
direcionados a um público mais restrito, por exemplo, o Roda Viva. 
O nome Roda viva evoca a ideia de movimento, que é confirmada no cenário do 
programa: o entrevistado ao centro, os entrevistadores em volta e, à medida que é 
cedida a palavra a um e a outro entrevistador, o entrevistado se volta para um ou outro 
lado, movimentando a cadeira giratória.
Para assistir alguns dos melhores momentos das mil primeiras entrevistas do programa 
Roda Viva, você poderá acessar o site da TV Cultura. Na oportunidade, você terá um 
passeio histórico acerca das reflexões de importantes intelectuais de nosso país.
https://tvcultura.com.br/videos/13878_edicao-dos-melhores-momentos-das-mil-primeiras-entrevistas-do-roda-viva.html
48
2.4.2 O debate
O debate é uma situação de comunicação motivada pela necessidade de esclarecimento 
sobre temas polêmicos, pela existência de novas descobertas científicas e pelo interesse 
em buscar soluções para questões sociais, econômicas e políticas.
A realização de um debate, no espaço acadêmico, requer:
• uma definição dos objetivos: para quê? Qual a finalidade do debate?
• o estabelecimento de normas: os debatedores devem conhecer e concordar 
com as regras estabelecidas, relacionadas ao tempo para a exposição, para a 
formulação de perguntas e respostas; 
Em síntese, pode-se afirmar que a entrevista corresponde a uma situação de 
comunicação em que estão envolvidos o entrevistador e o entrevistado e:
a. se organiza com base na apresentação dos motivos, na sequência de 
perguntas e respostas, no fechamento;
b. apresenta -se em estilos diferentes: entrevista jornalística, médica, 
empresarial, científica;
c. deve ser adequada ao suporte (meio utilizado para divulgação), 
conforme o público que se quer alcançar: ao vivo, transmitida pela TV 
e rádio; publicada, em periódicos impressos ou on-line;
d. é realizada com finalidades diversas: selecionar candidatos; conhecer 
o paciente ou dar um diagnóstico; esclarecer a população sobre 
determinado assunto; divulgar conhecimentos científicos; colher dados 
para pesquisa.
Sintetizando
49
• a presença do moderador: aquele que coordena o debate e é o responsável por 
garantir a progressão das ideias em torno do tema que está em questão. No espaço 
da sala de aula, essa função normalmente é exercida pelo professor. Nada impede 
que seja desempenhadapor um aluno; 
• a presença dos debatedores: eles podem se servir de documentos, anotações 
para fundamentar o seu ponto de vista ou comprovar suas afirmações.
Com a inovação tecnológica e a acessibilidade aos recursos digitais, o debate no meio 
acadêmico tem ocorrido em diferentes espaços virtuais, com grande potencial para a 
reflexão e a discussão sobre os mais variados temas. O estudo, a pesquisa e a leitura 
dos temas a serem debatidos são necessários à preparação prévia dos argumentos que 
validarão o ponto de vista dos debatedores.
Importante
• Podemos distinguir dois tipos de diálogos: os informais (bate -papos) e 
as conversas dirigidas (entrevistas e debates). Uma entrevista, que pode 
ser de coleta de dados para uma pesquisa ou para a realização de uma 
matéria jornalística. 
• Essas situações de comunicação oral podem ser adequadas ao exercício 
do ensinar e do aprender. 
• O debate tem um esquema básico de organização: pessoas se 
reúnem para apresentar suas razões a favor ou contra uma ideia ou 
acontecimento.
• Quem participa de um debate usa argumentos para defender um ponto 
de vista sobre determinado assunto e pode levar o seu interlocutor, o 
público ouvinte ou espectador, a pensar como ele, isto é, pode formar 
opinião.
50
2.5 A organização de textos escritos
Quanto mais temos contato com as formas de textos, mais fácil se torna reconhecê -las 
e utilizá-las com adequação em benefício próprio e coletivo. Vamos mostrar a seguir a 
organização de alguns textos mais frequentes, tanto para a leitura, como para a redação 
de trabalhos que desenvolvemos na Universidade.
As universidades, no mundo todo, têm sido um lugar privilegiado para a produção, 
validação e certificação do conhecimento. Outro compromisso da comunidade 
acadêmica é o de difundir o conhecimento científico. Com essa finalidade, são criados 
os periódicos especializados e os livros didáticos. O intuito é tornar o conhecimento 
disponível mais acessível para os pesquisadores iniciantes. Colaboram para essa 
prática algumas formas de textos que se tornaram recorrentes no desenvolvimento 
dos estudos na Universidade.
Se considerarmos a organização e as finalidades, podemos identificar três grupos 
distintos entre as formas de textos acadêmicos mais frequentes nos cursos de 
graduação.
• No meio acadêmico, o debate contribui para a ampliação das reflexões e 
para a divulgação dos conhecimentos científicos. A situação de debate 
é vivenciada em seminários, aula dialogada e mesa redonda, fóruns de 
discussão on-line, entre outras.
51
2.5.1 Primeiro grupo: resumo e resenha
O resumo e a resenha têm origem em outros textos, pois a finalidade deles é apresentar 
obras já prontas, sejam elas jornalísticas, artísticas, científicas. São práticas textuais que 
exigem habilidades de observação e análise. 
Em determinadas situações, exigem mais de seu autor: são necessários consistentes 
conhecimentos sobre o assunto tratado na obra, para identificar o pensamento do 
autor e saber traduzi -lo.
 
Em uma resenha, vamos além: é preciso saber situar a obra e o pensamento do autor 
em comparação com outras obras e emitir um julgamento sobre ela.
A organização textual da resenha e do resumo pode variar em decorrência:
• do gênero da obra que lhes dá origem; 
• dos objetivos com que são produzidos; 
• do suporte para sua publicação.
- Resumo
É um texto explicativo, de dimensões menores do que o texto que lhe dá origem. Sua 
finalidade é traduzir, em menos palavras, o pensamento que está no texto de origem, 
mas cuidando de preservar as intenções do autor e realçar os pontos para os quais esse 
autor dispensou maior atenção. 
52
Importante
Interessante lembrar: um mesmo texto pode dar origem a diferentes 
resumos, pois cada pessoa que resume considera relevantes os aspectos 
que estão relacionados ao motivo pelo qual está lendo a obra.
Exemplos de resumos de comunicação científica
Título
Autoria
Resumo/texto
As publicações eletrônicas dentro da comunicação científica
Marcelo Sabbatini
Instituição: UMESP
O presente trabalho caracteriza e descreve o surgimento 
das publicações eletrônicas científicas na Internet, traçando 
o histórico de seu desenvolvimento e abordando também 
as principais questões envolvidas na transição do modelo 
de publicação baseado no papel para o modelo eletrônico...
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
DE
SE
NV
OL
VI
ME
NT
O
CO
NC
LU
SÃ
O
1ª parte
situa o tema
...dentre as quais se destacam as questões dos direitos 
autorais, a questão econômica, a legitimidade acadêmica, 
a percepção de qualidade e o acesso e preservação destas 
publicações, que são tratadas na revisão da literatura sobre 
o tema.
2ª parte
Destaca as questões 
da transição entre 
os modelos de 
publicação
Dentro destas questões, uma grande relevância é dada 
em relação ao papel que as publicações eletrônicas terão 
dentro do sistema sociotecnológico presente atualmente 
na sociologia e nos processos comunicacionais da ciência.
3ª parte
Conclui, situando a 
relevância do tema 
para a ciência
Fonte: Sabbatini (2019). 
Exemplo 1
53
Título
Autoria
Resumo/texto
Um olhar sobre o humor em Dom Casmurro
Acadêmica: Márcia Regina Pires
Orientador(a): Profa. Me. Ivanilda Barbosa
Instituição/curso: Universidade de Uberaba Uniube/Curso de 
Letras
Uma característica marcante do discurso literário de Machado de 
Assis é o humor, que se evidencia, sobretudo, em seus romances 
da segunda fase. O romance Dom Casmurro, publicado em 1899, 
é uma das obras mais discutidas pela crítica literária ainda nos 
dias de hoje. Esta obra participa da segunda fase da produção 
machadiana e se distingue pela abordagem psicológica, pela 
análise crítica dos sentimentos e intervenções do narrador que 
dialoga, constantemente, com os leitores.
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
DE
SE
NV
OL
VI
ME
NT
O
CO
NC
LU
SÃ
O
1ª parte
situa o tema, o 
autor e a obra
O objetivo deste estudo foi observar o humor que é configurado 
na narração deste romance sob o foco do personagem 
protagonista, Bentinho. Uma análise semântica e estilística 
permitiu-nos observar o humor sob três perspectivas: o 
humor-graça, o humor-intimidade e o humor-ironia. Percebeu- 
-se que o humor foi instituído, não de forma evidente e 
despojada, mas sutilmente, provocando o envolvimento do leitor, 
de maneira quase imperceptível, porém gradativa. Constatou-se 
que a maturidade do narrador possibilita uma visão mais ampla 
de sua história e, assim, Bentinho assume a posição de quem 
assiste cenas de sua existência, construindo uma narração crítica 
como quem, a distância, observa, comenta e ironiza situações.
2ª parte
Apresenta o objetivo, 
os pressupostos 
e a metodologia 
para análise
Concluiu-se que o humor em Dom Casmurro foi propositalmente 
empregado, ora para estabelecer uma intimidade com o leitor, 
ora para surpreendê-lo, ora para chamar-lhe a atenção e convidá-
lo a refletir sobre a condição humana.
Área de conhecimento: Linguística, Letras e Artes
Palavras-chave: humor, romance, literatura
3ª parte
Conclui, explicitando 
o humor como 
recurso de 
interlocução 
Fonte: Pires (2000). 
Exemplo 2
54
Resumo
Texto sem subdivisões, embora apresente três partes
situa o assunto do texto que está sendo resumido.1ª parte
Introdução
apresenta o conteúdo das partes do texto que está sendo 
resumido.
2ª parte
Desenvolvimento
apresenta as conclusões do autor do texto que foi resumido.3ª parte
Conclusão
Veja um breve resumo do romance Caim, do escritor português José Saramago:
Resumo do romance Caim, de José Saramago.
portaldaliteratura.com
Para redigir um resumo, é preciso ter compreendido detalhadamente o texto. Vale 
lembrar: um aluno do curso de Teologia e outro do curso de Letras, tendo lido esse 
romance, provavelmente vão destacar em seu resumo os aspectos de acordo com a sua 
área de estudos. Mas, uma coisa é fundamental: é importante que os dois mantenham 
as informações ou o ponto de vista do autor sobre cada aspecto que indicarão como 
relevantes.- Resenha
É um texto que tem por finalidade apresenta, com detalhes, uma obra que lhe dá 
origem. Ou seja: fornece dados de identificação da obra; descreve o conteúdo e a 
http://www.portaldaliteratura.com/livros.php?livro=4689#ixzz0fHXcjhXf
55
composição; analisa os recursos utilizados; analisa a pertinência do pensamento do 
autor em relação ao conhecimento já disponível; avalia a importância da obra e sua 
contribuição para o desenvolvimento do contexto social, científico e cultural.
Exemplificando
Resenha de livro publicada em revista impressa
A Questão Ambiental – Diferentes abordagens
de Sandra Baptista da Cunha e Antônio José Teixeira Guerra (orgs.)
Bertrand Brasil, 252 p.
Ecologia virou moda, disciplina de escola, programa de TV, bandeira política 
e campo profissional. O assunto envolve vários discursos arriscados: o 
reducionismo do senso comum, o tecnicismo dos burocratas, a demagogia 
dos governantes de plantão. Como entender as causas econômicas e 
políticas das agressões à natureza e, ao mesmo tempo, capacitar-se para 
enfrentá-las no campo dos conceitos históricos, filosóficos e políticos? Esta 
coletânea de ensaios tenta encontrar um equilíbrio entre ideologização e 
prática, causa e consequência, técnicas e leis. É o sétimo de uma série de 
obras da Bertrand Brasil sobre o meio ambiente.
Fonte: Fluxos - Revista do Instituto de Humanidades da Universidade 
de Uberaba. p. 46, 1º/2003.
56
Agora, observe outro exemplo, com o detalhamento de sua organização.
Exemplificando
Autor da resenha: Renato Muniz Barreto de Carvalho*
BARBOSA, Ivanilda; ELIAS, Silvana; RESENDE, Vania Maria (Orgs.). Brasil à luz 
do espelho – sombras, conflitos e reflexões. São Paulo: Humanitas, 2019.
Brasil à luz do espelho – sombras, conflitos e reflexões. São 
Paulo: Humanitas, 2019.
BARBOSA, Ivanilda; ELIAS, Silvana; RESENDE, Vania Maria 
(Orgs.).
Brasil à luz do espelho: sombras, conflitos e reflexão é uma 
coletânea de artigos nos quais se discutem temas relacionados 
a política, educação, literatura, arte, mídias, questões de 
gênero, espiritualidade, informação, economia, contexto 
jurídico e meio ambiente.
 
Livros são sempre necessários. Fazem parte da nossa cultura 
há séculos e, ao contrário do que alguns alegam, não estão 
condenados ao desaparecimento. Os livros reúnem ideias, 
práticas e reflexões sobre as questões humanas em suas 
dimensões social, cultural, política, artística e científica. 
Constituem parte indissociável da memória da humanidade, 
anunciam o porvir e a esperança e não é possível caminhar 
rumo ao futuro sem eles. Estas foram algumas das proposições 
levadas em conta para a reunião dos textos que compõem 
esse livro.
Identificação 
da obra
Autoria
Apresentação da 
obra, destacando 
o tema 
57
Trata-se de uma obra coesa e repleta de diversidade: 54 
autores de diversas regiões do país, convidados para pensar 
a realidade brasileira do século XXI, resultando em 46 artigos. 
Na ordenação dos artigos considerou-se a ordem alfabética 
dos nomes dos autores.
Com um explícito compromisso humanista e plural, a obra 
conta com a colaboração de profissionais de diferentes 
áreas do conhecimento e história de trabalho dedicado 
à vida pública, para contribuírem com o que o momento 
exige: um diálogo aberto, democrático, sobre os rumos e as 
possibilidades da democracia no tempo presente. Afinal, 
tempos implicados em contradições políticas e culturais 
acirradas pedem análises múltiplas e que suscitem o 
pensamento crítico.
A coletânea organizada por três professoras com destacada 
trajetória intelectual ligada à política educacional e cultural em 
Uberaba (MG), desponta como iniciativa privilegiada na busca 
pelo entendimento da crise que desgasta as relações sociais 
no mundo e, especificamente, no Brasil neste início de século.
Apresentando uma pluralidade instigante e imprescindível de 
temas para a compreensão da realidade atual, o livro também 
oferece subsídios a atividades pedagógicas em diferentes 
áreas do conhecimento e pode ser lido, compreensivamente, 
por alunos do Ensino Médio e de cursos superiores.
* Renato Muniz Barreto de Carvalho é mestre em Geografia, foi 
professor de cursos universitários, é autor de livros de contos 
e romance, tem publicado crônicas e artigos sobre temas do 
cotidiano em Jornais de circulação diária.
Organização 
da obra
Resumo 
comentado 
sobre o assunto
Análise e 
avaliação da obra
Indicação 
de leitura
Dados do autor 
da resenha
58
Relatório de pesquisa
Introdução
Apresentação do tema da pesquisa, importância 
científica, social e cultural: como o assunto foi 
problematizado, os objetivos do pesquisador.
Referencial 
teórico
Apresentação das teorias nas quais se sustentaram 
as reflexões desenvolvidas, discutindo o tratamento 
científico que já havia sido dado ao tema.
Metodologia
Descrição detalhada dos instrumentos, métodos e 
procedimentos utilizados para coleta e seleção do 
material (ou corpus) a ser estudado e do processo de 
tratamento dos dados obtidos.
Se compararmos os quadros aqui apresentados, podemos afirmar que os textos 
acadêmicos escritos contêm uma estrutura básica: Introdução, Desenvolvimento e 
Conclusão. Quando redigidos e enviados para publicação, devem conter os dados de 
identificação do autor e do tipo de texto que está sendo apresentado. 
2.5.2 Segundo grupo: relatório e portfólio
O relatório e o portfólio têm origem em um trabalho já realizado ou que está realizando-
se. A finalidade é contar o que se desenvolveu ou o que foi observado em uma 
experiência ou o que se realizou em um período ou fases de um estudo. 
São documentos de grande importância, pois fornecem dados e informações relevantes 
para o desenvolvimento de pesquisa, a gestão de recursos humanos e para a destinação 
de recursos financeiros, seja no meio acadêmico ou no setor público ou empresarial. 
Embora apresentando algumas variações, são organizados de forma muito semelhante.
Verifique os esquemas a seguir.
D
es
en
vo
lv
im
en
to
59
Relatório de pesquisa
Apresentação 
dos resultados
Exposição dos resultados obtidos, ordenados conforme 
os objetivos da pesquisa.
Análise dos 
resultados
Exame e interpretação dos dados, relacionando -os ao 
referencial teórico de forma a levar à aceitação ou à 
refutar as hipóteses estabelecidas.
Conclusão
Breve retomada dos aspectos desenvolvidos em cada um 
dos itens anteriores, comparando os resultados obtidos 
aos objetivos que nortearam a pesquisa. Apresentação 
de sugestões ou recomendações, sobretudo quando a 
pesquisa tem por objetivo a resposta imediata a uma 
situação- problema. Sugestões e/ou recomendações são 
necessárias quando a pesquisa realizada visa a solução de 
um problema concreto ou a resposta a uma necessidade 
imediata.
De
se
nv
ol
vi
m
en
to
- PORTFÓLIO
A palavra portfólio é de origem latina e significa coleção daquilo que está ou pode 
ser guardado em um porta-folhas. Bastante adequado para registro de experiência 
nas áreas de Artes e Arquitetura, revelou-se adequado para a reunião das diferentes 
produções do aluno, baseada nos registros de suas reflexões, de suas leituras, de suas 
indagações e de suas criações. 
Com as características de um hipertexto, comporta muitos outros textos de diferentes 
linguagens, que se relacionam entre si para formar uma narrativa. Mostra o movimento 
do autor em seu processo de formação, expressando o desenvolvimento de sua própria 
aprendizagem. 
60
Portfólio: conceito e construção
uniube.br
2.5.3 Terceiro grupo: comunicação, artigo científico e monografia
Comunicação (paper), artigo científico e monografia são textos geralmente elaborados 
para publicação em periódicos especializados ou em anais de eventos científicos. Têm 
por objetivo apresentar e avaliar as novidades em pesquisas ou refletir sobre fatos de 
relevância científica e cultural. Eles se apresentam como um texto integral, organizados 
em introdução, desenvolvimento (corpo) e conclusão. Os dois

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