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Contração Muscular e Bioenergética

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Fernanda Letícia de Souza 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Para realizarmos qualquer movimento, do mais simples ao mais 
complexo, dos rotineiros, como caminhar ou sentar e levantar, aos exercícios 
físicos programados, como musculação ou uma aula de step, utilizamos a 
musculatura estriada esquelética, que tem como principal característica a 
contração voluntária, ou seja, a que depende da nossa vontade e comando. 
Assim, a contração do músculo esquelético produz os mais diversos 
movimentos gerando trabalho e, para tanto, necessita de energia para 
acontecer. Qualquer contração depende de uma série de reações químicas que 
ocorrem dentro da fibra muscular, gerando ou consumindo algum tipo de energia. 
Nesta aula, veremos como ocorre a contração do músculo estriado 
esquelético, a participação da molécula de ATP – adenosina trifosfato – nesse 
processo e como o estoque dessa importante moeda de troca do nosso 
organismo pode ser restabelecido por meio dos metabolismos anaeróbio e 
aeróbio. Além disso, faremos a relação do consumo de carboidratos, lipídios e 
proteínas com o fornecimento de energia para o mecanismo da contração 
muscular e da ressíntese do ATP. 
TEMA 1 – BIOENERGÉTICA NO EXERCÍCIO FÍSICO 
A célula do músculo estriado esquelético é a fibra muscular, composta 
basicamente de sarcolema, membrana da fibra muscular, de sarcoplasma, 
citoplasma da fibra muscular, de diversos núcleos, a fibra muscular é 
multinucleada, e de todas as demais organelas celulares, como as mitocôndrias 
e o retículo sarcoplasmático. Cada fibra muscular é subdividida em centenas ou 
milhares de miofibrilas formadas pela união dos sarcômeros – a menor unidade 
contrátil do músculo estriado esquelético. 
É no interior de cada sarcômero que o mecanismo da contração muscular 
acontece, pois essa unidade é composta de proteínas contráteis capazes de 
causar o encurtamento e, consequentemente, o alongamento da musculatura. A 
actina e a miosina, juntamente do complexo troponina-tropomiosina, são as 
proteínas mais importantes para a contração muscular, como veremos a seguir. 
 
 
 
3 
1.1 Mecanismo da contração muscular 
O processo do mecanismo de contração do músculo esquelético tem 
início no cérebro, com o envio de um potencial de ação que percorre todo o nervo 
motor até suas terminações na fibra muscular. Em cada terminação, é despejada 
uma pequena quantidade do neurotransmissor acetilcolina, que desencadeia 
uma série de acontecimentos necessários para que o músculo se contraia. 
A acetilcolina atua no sarcolema (membrana da fibra muscular), 
provocando a abertura de canais de íons, por meio dos quais entra no meio 
celular da fibra muscular grande quantidade de íons sódio. A membrana que se 
encontrava polarizada, ou seja, com cargas alternadas no meio externo e interno, 
sofre uma despolarização – igualdade de cargas elétricas nos meios extra e 
intracelular – que desencadeia o potencial de ação na membrana da fibra 
muscular. 
Esse potencial de ação se propaga por toda a fibra muscular e vai atuar 
diretamente no retículo sarcoplasmático, fazendo com que o cálcio armazenado 
em seu interior seja liberado no sarcoplasma. O cálcio desempenha papel 
fundamental no mecanismo de contração muscular, atuando junto ao complexo 
troponina-tropomiosina presentes no sarcômero. 
É importante ressaltar aqui que, como vimos anteriormente, a contração 
muscular ocorre dentro de cada sarcômero por meio da conexão entre as 
cabeças da miosina (filamento grosso) com os sítios ativos da actina (filamentos 
finos) e, em seguida, com o tracionamento dessas pontes cruzadas e o 
deslizamento dos filamentos de miosina e actina um sobre o outro. 
Quando o músculo está relaxado, o complexo troponina-tropomiosina 
atua cobrindo os sítios ativos da actina, não permitindo que as cabeças da 
miosina se conectem a este filamento. Por isso, o cálcio é fundamental neste 
mecanismo, pois aumenta a atratividade entre os filamentos de proteína e se liga 
ao complexo troponina-tropomiosina, movendo-o para expor os sítios ativos da 
actina. Veja na figura a seguir as proteínas que compõem o sarcômero e sua 
distribuição. 
 
 
 
4 
Figura 1 – Detalhe do tecido muscular mostrando actina e miosina, complexo de 
troponina, filamentos finos e filamentos grossos 
 
Crédito: Blamb/Shutterstock. 
Assim que os sítios ativos da actina ficam livres pela atuação do cálcio, 
as cabeças da miosina se conectam a estes sítios ativos. Neste momento, para 
que ocorra a tração das pontes cruzadas formadas, é necessária uma grande de 
energia. Esta energia é fornecida pelas moléculas de ATP – adenosina trifosfato 
–, que se ligam às cabeças da miosina e permitem o tracionamento das pontes 
cruzadas e o deslizamento dos filamentos contráteis. 
Esse mecanismo se repete inúmeras vezes enquanto a contração 
muscular estiver acontecendo, permitindo a execução dos movimentos. A cada 
deslizamento, as moléculas “quebradas” de ATP se soltam das cabeças da 
miosina que se desconectam dos sítios ativos da actina e, com a chegada de 
novas moléculas de ATP, se conectam novamente realizando nova tração. 
1.2 ATP – Moeda de troca 
Já vimos que o mecanismo da contração muscular depende da molécula 
de ATP – adenosina trifosfato – para o fornecimento de energia. Por isso, tal 
molécula é tão importante para nosso organismo, sendo considerada uma 
importante moeda de troca de energia. 
 
 
5 
Vejamos agora como ocorre este “fornecimento de energia”. A molécula 
de ATP é formada por uma molécula de Adenosina (adenina + ribose) e três 
moléculas de fosfato, por isso o nome Adenosina Trifosfato. A ligação entre a 
segunda e a terceira moléculas de fosfato é muito energética. O fornecimento de 
energia para a contração muscular – tracionamento das pontes cruzadas – 
ocorre pela “quebra” desta ligação. A energia liberada nessa reação é 
suficientemente forte para permitir que a contração muscular aconteça. 
Além de fornecer energia para a formação das pontes cruzadas, o ATP 
atua em outros momentos da contração muscular: no bombeamento de íons de 
sódio e potássio por meio do sarcolema e no retorno do cálcio ao retículo 
sarcoplasmático, quando encerra a contração. 
Como o processo da contração muscular é muito veloz e precisa 
acontecer repetidamente, o ATP fica estocado na própria fibra muscular, o que 
permite sua rápida conexão com as cabeças da miosina. 
Com a quebra de uma das ligações de fostato, o ATP se transforma em 
ADP, ou seja, adenosina difostato (com duas moléculas de fosfato), e a terceira 
molécula de fosfato (P) fica solta na fibra muscular. A grande questão é que 
nosso estoque de ATP é limitado e capaz de manter a contração muscular por 
apenas dois segundos antes que seja totalmente esgotado. 
Assim, como mantemos a contração muscular acontecendo por longos 
períodos? Para que isso seja possível, é necessário que façamos a ressíntese 
dos nossos ATPs, ou seja, que os ADPs resultantes das quebras se juntem 
novamente aos Ps (moléculas de fósforo) soltos. Mas, para isso, precisamos de 
energia! 
Essa energia é fornecida por meio de dois metabolismos: o metabolismo 
anaeróbio – que se divide em alático e lático – e o metabolismo aeróbio. É o que 
veremos a seguir. 
TEMA 2 – SISTEMA ATP-CP 
O primeiro sistema a entrar em ação para o fornecimento de energia para 
ressíntese do ATP é o sistema ATP-CP, também conhecido como sistema do 
fosfagênio ou metabolismo anaeróbio alático. 
Este sistema é responsável pelo fornecimento de energia rápida logo no 
início da contração muscular, quando é preciso manter as reservas de ATP para 
que o movimento continue acontecendo. 
 
 
6 
A molécula de fosfocreatina (CP) é a responsável pelo fornecimento 
dessa energia imediata. Assim como o ATP, a fosfocreatina tem uma ligação 
altamente energética da molécula decreatina (C) com a molécula de fósforo (P). 
Além disso, a CP fica armazenada na fibra muscular e, por esse motivo, 
sua contribuição energética é imediata. 
A hidrólise (quebra) da molécula de fosfocreatina (CP) em creatina (C) e 
fósforo (P) fornece energia suficiente para ressintetizar o ATP, ou seja, juntar 
uma molécula de ADP – adenosina difosfato – a uma molécula de fósforo (P). 
Observe na figura abaixo a constituição da molécula de fosfocreatina e a ligação 
altamente energética entre a creatina e o fósforo, cuja “quebra” fornece a energia 
para ressíntese do ATP: 
 
Crédito: chromatos/Shutterstock. 
O sistema ATP-CP não depende de uma série de reações químicas e do 
transporte de oxigênio até o músculo, sendo capaz de fornecer energia para a 
contração muscular por um tempo entre 8 e 10 segundos, quase o suficiente 
para uma corrida de 100 metros rasos. Assim, este sistema é utilizado, 
principalmente, em atividades de potência e explosão muscular de curtíssima 
duração. 
Alguns estudos apontam que, em atletas bem treinados, o sistema ATP-
CP pode fornecer até 15 segundos de energia para a contração muscular, sendo 
possível encontrar autores que falam em até 30 segundos de energia. 
 
 
7 
Por este motivo, há uma crença de que a suplementação de creatina 
poderia aumentar os níveis de fosfocreatina intramuscular e, consequentemente, 
os níveis de energia no início da contração muscular, contribuindo para a 
hipertrofia muscular e o aumento do desempenho no treinamento resistido. No 
entanto, o músculo esquelético tem um limite de armazenamento de 
fosfocreatina em suas unidades contráteis e os estudos tem comprovado que a 
creatina ingerida é eliminada por não conseguir passar da corrente sanguínea 
para o interior da musculatura. 
Após o esgotamento das reservas de fosfocreatina do músculo, nos cerca 
de 12 segundos iniciais da contração muscular, o organismo precisa utilizar outra 
fonte de energia para ressintetizar os ATPs. Entramos, então, no metabolismo 
anaeróbio lático. 
Vale destacar que, em repouso, a energia do ATP é utilizada para 
“refazer” o estoque de fosfocreatina dos músculos, reconectando as moléculas 
de creatina às moléculas de fósforo. 
TEMA 3 – METABOLISMO ANAERÓBIO 
Como vimos anteriormente, após o esgotamento das reservas de 
fosfocreatina, o organismo precisa de outra fonte de energia para ressintetizar 
as moléculas de ATP e manter a contração muscular. 
Entramos no metabolismo anaeróbio lático. Anaeróbio significa sem 
oxigênio, portanto esse metabolismo também atua nos primeiros momentos da 
contração, quando o oxigênio absorvido pelas vias aéreas ainda não consegue 
chegar até os músculos em ação. 
A principal fonte de energia do metabolismo anaeróbio lático é o 
glicogênio armazenado no interior do músculo. Este glicogênio é rapidamente 
convertido em glicose e a quebra desta molécula de glicose – chamada de 
glicólise –, decorrente de cerca de dez reações químicas sucessivas, fornece 
energia para a formação de 4 ATPs. 
No entanto, o início da quebra de cada molécula de glicose consome 2 
ATPs para conversão da glicose em glicose-6-fosfato e em frutose, o que nos 
deixa um saldo de 2 ATPs produzidos para cada molécula de glicose clivada 
pelo organismo. 
O produto da glicólise anaeróbia, além dos dois ATPs, são duas 
moléculas de piruvato que, na ausência do oxigênio, se transformam em 
 
 
8 
lactato, conhecido como ácido lático. Enquanto o oxigênio não chega até o 
músculo, o ácido lático se espalha pela musculatura, causando dor e fadiga 
muscular, e se torna um fator limitante dessa via metabólica. 
Quanto melhor preparado fisicamente estiver o indivíduo, menor vai ser a 
fadiga causada pelo ácido lático, pois a capacidade de captação do oxigênio 
pelas vias aéreas em indivíduos treinados é muito superior, fazendo com que o 
oxigênio chegue mais rápido ao músculo em contração. 
Um teste bem interessante e simples de se aplicar para verificar o efeito 
do ácido lático na musculatura é executar um sprint de corrida segurando a 
respiração. Ao final da corrida, é possível perceber claramente a dor na 
musculatura das pernas. Essa dor é causada por um dos produtos da glicólise 
no organismo sem a presença do oxigênio, o ácido lático. 
A via do metabolismo anaeróbio lático é capaz de manter a contração 
muscular por cerca de 1 a 2 minutos. Portanto, é o sistema utilizado em 
atividades de curta duração. No esporte, podemos citar os 400 metros rasos do 
atletismo, as provas de 100 e 200 metros da natação ou os piques de alta 
intensidade nos esportes coletivos, como um contra-ataque no basquetebol ou 
a busca do domínio de bola após um lançamento no futebol. 
A remoção do ácido lático formado no metabolismo anaeróbio do 
organismo é feita de várias formas. Uma delas é pela chegada do oxigênio ao 
músculo. Nessa etapa, o lactato é rapidamente reconvertido em piruvato. O 
piruvato entra na mitocôndria para dar início ao metabolismo aeróbio, que 
veremos a seguir. 
Podemos concluir que, enquanto no sistema ATP-CP o fator limitante do 
tempo de contração muscular era o esgotamento da fonte energética, no caso o 
estoque de fosfocreatina, no metabolismo anaeróbio, o fator limitante é a fadiga 
muscular causada pelo acúmulo de ácido lático, e não o esgotamento do 
glicogênio muscular. 
TEMA 4 – METABOLISMO AERÓBIO 
A atividade física foi iniciada e, nos primeiros dois minutos, a contração 
muscular foi mantida sem a presença de oxigênio nas reações, sendo nos 
primeiros 12 segundos pelo sistema ATP-CP e nos quase dois minutos seguintes 
pelo metabolismo anaeróbio lático. 
 
 
9 
Passados estes cerca de dois minutos iniciais, o oxigênio começa a 
chegar às fibras musculares, a energia para a ressíntese do ATP e a 
continuidade da atividade física passam a ser fornecidas pelo metabolismo 
aeróbio. 
Aeróbio significa com oxigênio, ou seja, é o momento em que o músculo 
recebe oxigênio e as mitocôndrias da fibra muscular entram em ação, realizando 
a respiração celular e fornecendo energia para a contração. O tempo que o 
oxigênio leva para chegar até o músculo depende do nível de condicionamento 
físico do indivíduo. Indivíduos treinados têm mais capacidade de captação e 
transporte do oxigênio, devido a adaptações sofridas pelo organismo ao 
exercício físico e, portanto, entram no metabolismo aeróbio mais rapidamente. 
Enquanto o sistema ATP-CP e o metabolismo anaeróbio lático 
apresentam um tempo máximo pelo qual podem manter a contração muscular, 
seja pelo esgotamento da fonte energética ou por outros fatores limitantes, o 
metabolismo aeróbio é capaz de manter a contração muscular infinitamente. As 
fontes energéticas utilizadas no metabolismo aeróbio são o glicogênio muscular 
e hepático, os lipídios – glicerol e ácidos graxos – e as proteínas – aminoácidos. 
Como vimos anteriormente, o produto do metabolismo anaeróbio são 
duas moléculas de piruvato que, com a chegada do oxigênio ao músculo, entram 
na mitocôndria para dar início ao ciclo de Krebs. 
4.1 Ciclo de Krebs 
O ciclo de Krebs, também chamado de ciclo do ácido cítrico, é uma das 
etapas metabólicas da respiração celular e ocorre na matriz mitocondrial. A 
função do ciclo de Krebs é promover a degradação de produtos do metabolismo 
dos carboidratos, lipídios e de diversos aminoácidos e, por meio desses 
substratos, fornecer energia para a célula. No caso da célula muscular – fibra 
muscular –, a energia é utilizada para a ressítese do ATP que, como vimos 
anteriormente, é a molécula que possibilita a contração muscular. 
O ciclo de Krebs é uma sequência de oito reações oxidativas, ou seja, que 
contam com a presença do oxigênio e que resultam em produção de gás 
carbônico (CO2), água (H2O) e ATPs. Todas essas reações acontecem com o 
auxílio de diversas enzimas presentes no interior da mitocôndria. 
A primeira reação que ocorre é a descarboxilação oxidativa do piruvato.A 
molécula de piruvato, proveniente da glicólise anaeróbia, entra na mitocôndria, 
 
 
10 
perde um CO2 gerando um grupo acetil que se liga à coenzima A (coA) e dá 
origem ao acetil-coA. 
O acetil-coA inicia a série de oito reações oxidativas pelo meio das quais 
os carbonos formados na cadeia são oxidados, liberando CO2 – eliminado pela 
respiração – e hidrogênios (H), que se ligam às moléculas carreadoras de 
energia NAD e FAD e fornecem a energia necessária para a ressíntese do ATP. 
A sequência de oxidações do ciclo de Krebs é a seguinte: piruvato – 
acetilcoA – ácido oxaloacético – ácido cítrico – ácido cetoglutárico – ácido 
succínico – ácido fumárico – ácido málico. 
Observe na imagem abaixo um resumo da produção de energia por meio 
do ciclo de Krebs: 
 
Crédito: VectorMine/Shutterstock. 
Podemos perceber que o tempo para produção de energia é mais longo 
e as reações químicas mais complexas no metabolismo aeróbio, no entanto o 
saldo é muito mais positivo. Para cada molécula de glicose oxidada são 
produzidos 38 ATPs. Além disso, não há limitações no metabolismo aeróbico, 
o que permite manter a contração muscular acontecendo por tempo 
indeterminado. 
 
 
11 
Como comentado anteriormente, não é somente a glicose que é oxidada 
no ciclo de Krebs. Os lipídios e as proteínas também podem ser utilizados como 
substratos energéticos. Os lipídios entram no metabolismo aeróbio como 
glicerol, ainda na via glicolítica, ou diretamente no ciclo de Krebs, como ácidos 
graxos capazes de produzir 146 ATPs em um ciclo. As proteínas entram como 
fonte de energia por meio da gliconeogênese decorrente da desaminação de 
alguns aminoácidos. 
A seguir, estudaremos cada um destes substratos energéticos: 
carboidratos, lipídios e proteínas. 
TEMA 5 – UTILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS ENERGÉTICOS DURANTE O 
EXERCÍCIO 
Vimos anteriormente que a energia para a contração muscular é 
proveniente da quebra da molécula de ATP, mas que a quantidade de ATP que 
temos estocada no músculo é limitada e, por este motivo, é preciso que tais 
moléculas sejam ressintetizadas por meio dos metabolismos anaeróbio e 
aeróbio. No metabolismo anaeróbio, o substrato energético utilizado é 
exclusivamente a glicose, enquanto, no metabolismo aeróbio, os lipídios e as 
proteínas, além da glicose, também são utilizados como fontes de energia. 
A utilização das fontes energéticas obedece a certa ordem durante a 
contração muscular, sendo a glicose proveniente dos carboidratos o primeiro 
substrato energético a ser utilizado, seguido dos lipídios e, por último, da 
proteína. Vale destacar que a utilização de um substrato não depende do 
esgotamento do substrato energético anterior. Os metabolismos se sobrepõem 
para atender à demanda energética do exercício físico. 
Todos esses substratos energéticos entram no nosso organismo por meio 
da alimentação e, após digeridos, são armazenados e estocados para que 
possam fornecer energia no momento em que forem solicitados. 
5.1 Carboidratos 
Os carboidratos compõem a maior parte da nossa alimentação diária. São 
fontes de carboidratos pães, batata, massas, frutas e outros alimentos que, após 
digeridos, se transformam em glicose para geração de energia. 
 
 
12 
Assim, 80% do produto da digestão dos carboidratos pelo sistema 
digestório é glicose. Os outros 20% são compostos de frutose e galactose 
rapidamente convertidas em glicose no fígado. 
Após a digestão do carboidrato, a glicose vai para a corrente sanguínea 
de onde, com a ajuda do hormônio insulina – secretado pelo pâncreas – é 
transportada para o interior das células. 
Ao chegar no interior das células a glicose pode ser imediatamente 
utilizada para o fornecimento de energia ou armazenada em forma de glicogênio 
muscular – no interior das fibras musculares – ou hepático – no fígado. Quando 
as células que armazenam o glicogênio chegam perto da saturação, a glicose 
em excesso é convertida em lipídios no fígado e armazenada no interior das 
células adiposas. 
Como vimos, o glicogênio – tanto o muscular quanto o hepático – é 
utilizado nos mecanismos anaeróbio e aeróbio para ressíntese de ATP. Assim 
que a energia é requerida pela contração muscular, o glicogênio armazenado é 
rapidamente reconvertido em glicose e entra na via glicolítica para atuar como 
substrato energético. No metabolismo anaeróbio lático, a glicose utilizada é 
proveniente do glicogênio muscular, uma vez que esse metabolismo é utilizado 
no início da contração muscular, mais precisamente nos primeiros dois minutos 
do exercício físico. 
Assim que os estoques de glicogênio muscular se esgotam, o glicogênio 
hepático passa a ser utilizado convertido em glicose e transportado pela corrente 
sanguínea até as células musculares em atividade. 
Uma alimentação rica em carboidratos de qualidade é necessária após a 
prática de exercícios de longa duração para que as reservas de glicogênio 
muscular e hepático sejam rapidamente repostas. 
5.2 Lipídios 
Os lipídios compõem entre 20% e 30% de nossa alimentação e se dividem 
em triglicerídeos, fosfolipídios e colesterol (esteroides). São fontes de lipídios na 
nossa alimentação os ovos, o leite, os queijos, os óleos, as castanhas e outros 
alimentos que fornecem energia para o metabolismo celular, formam 
membranas e hormônios e trabalham no transporte de algumas vitaminas. 
 
 
13 
Os lipídios utilizados como fonte de energia para a contração muscular 
são os triglicerídeos. Após digeridos, eles são armazenados no tecido adiposo, 
mais precisamente no interior dos adipócitos, e no fígado. 
Assim que requisitados como apoio no fornecimento de energia para a 
ressíntese de ATP para a contração muscular, os triglicerídeos armazenados 
são hidrolisados em glicerol e ácidos graxos. Importante lembrar que a utilização 
dos lipídios como substrato energético durante o exercício físico não acontece 
somente após o esgotamento das fontes de glicogênio. À medida que o exercício 
físico se prolonga, os triglicerídeos são recrutados para suprir a demanda 
energética elevada. 
O glicerol, obtido pela hidrólise do triglicerídeo armazenado, entra na 
célula muscular e é imediatamente utilizado como fonte de energia na via 
glicolítica – fora da mitocôndria – na glicólise que dará origem ao piruvato. 
Os ácidos graxos só podem ser oxidados no ciclo de Krebs, no interior da 
mitocôndria, sendo capazes de fornecer uma quantidade final de ATPs muito 
maior do que a oxidação do piruvato proveniente da glicólise: um total de 146 
ATPs. 
5.3 Proteínas 
As proteínas devem compor grande parte de nossa alimentação, pois 
como nosso organismo não é capaz de sintetizar nove aminoácidos chamados 
de essenciais, nós precisamos ingeri-los por meio da alimentação. São fontes de 
proteínas algumas leguminosas como arroz, feijão e lentilha (proteínas 
incompletas pois não contêm todos os aminoácidos essenciais) e carnes, peixes, 
ovos e laticínios, considerados proteínas completas. As funções das proteínas 
em nosso organismo vão desde o anabolismo dos tecidos – principalmente o 
muscular – até a regulação do metabolismo e do sistema imunológico. 
As proteínas também podem ser utilizadas como fonte de energia para a 
ressíntese do ATP no metabolismo aeróbio, embora em quantidade muito menor 
quando comparadas aos carboidratos e lipídios. 
O produto da digestão das proteínas pelo trato gastronintestinal são os 
aminoácidos que, por meio da corrente sanguínea, são transportados para o 
interior das células. Quase que imediatamente após sua entrada nas células, os 
aminoácidos se combinam entre si para formar proteínas celulares. Assim, a 
concentração de aminoácidos livres no interior das células é geralmente baixa 
 
 
14 
mas, em caso de necessidade de energia para atividade celular, tais proteínas 
podem ser rapidamente degradadas novamente em aminoácidos e jogados na 
corrente sanguínea. 
As células têm um limite de armazenamentode proteínas e, quando todos 
os estoques já estão devidamente abastecidos, o excesso de aminoácidos é 
degradado no fígado para fornecimento de energia ou convertido primariamente 
em gordura e, depois, em glicogênio para ser armazenado. 
Portanto, a proteína que entra no ciclo de Krebs como substrato 
energético para o exercício físico é o excesso que não pode ser armazenado nas 
células e é degradada, no fígado, pela desaminação, ou ainda, armazenada 
como gordura ou glicogênio. 
No entanto, em caso de exercícios extenuantes ou em situação de baixas 
reservas de glicogênio no organismo, a proteína armazenada nas células pode 
ser rapidamente quebrada em aminoácidos e degradada no fígado para ser 
utilizada como substrato energético, provocando o catabolismo dos tecidos. 
NA PRÁTICA 
O conhecimento da bioenergética é fundamental no momento da 
prescrição do exercício físico e adequação do tipo de exercício prescrito ao 
objetivo do praticante. 
Considerando que o primeiro substrato energético utilizado para 
ressíntese do ATP é o glicogênio – muscular e hepático – proveniente da 
ingestão de carboidratos, fica claro que para objetivos de emagrecimento e perda 
de tecido adiposo se faz necessária a prescrição de exercícios aeróbicos de 
duração média a longa e intensidade moderada a baixa. 
Dessa forma, os triglicerídeos poderão ser queimados como substrato 
energético, já que sua utilização só ocorre no metabolismo aeróbio e após algum 
tempo de utilização exclusiva do glicogênio, já com exercícios de intensidade 
moderada a baixa, o praticante consegue manter a atividade por um período 
mais prolongado. 
Exercícios de treinamento resistido, por sua vez, têm menor contribuição 
na perda de peso, pois utilizam somente o metabolismo anaeróbio, alático e 
lático, tendo como substratos energéticos a fosfocreatina e o glicogênio 
muscular. 
 
 
15 
FINALIZANDO 
Nesta aula, pudemos compreender o mecanismo da contração muscular 
e a utilização das moléculas de ATP como fonte de energia para a formação das 
pontes cruzadas e seu tracionamento para o encurtamento do sarcômero. 
A quebra do ATP em ADP + P fornece a energia necessária para que a 
contração muscular aconteça. No entanto, o estoque de ATP na fibra muscular 
é limitado e se faz necessária a síntese do ADP + P para que a contração 
muscular continue acontecendo. 
Esta ressíntese do ATP também precisa de energia, e é fornecida por três 
sistemas: o sistema ATP-CP, que utiliza a fosfocreatina como substrato 
energético, o sistema anaeróbio lático, que utiliza o glicogênio muscular como 
substrato energético e o sistema aeróbio, que utiliza o glicogênio muscular e 
hepático, os lipídios e as proteínas como fontes de energia. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
BERTUZZI, R. C. M.; SILVA, A. E. L.; ABAD, C. C. C.; PIRES, F. O. Metabolismo 
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