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1° Semestre GRADUAÇÃO Gestão de Micro e Pequenas Empresas 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS APRESENTAÇÃO Prezado(a) Aluno(a), Bem-vindo(a) à Graduação na modalidade a distância, ofertado pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Sabemos que o seu percurso de aprendizagem necessita ser acompanhado e orientado, para que você obtenha sucesso nos estudos e construa um conhecimento relevante à sua formação profissional e acadêmica. Preparamos este material didático, possibilitando, assim, guiá-lo no autoestudo da disciplina e na realização das atividades. Além disso, você conta com o ambiente virtual de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa no curso. Nele você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações online, além de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático, tais como links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por ele sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias. Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual. Este material é o seu livro-texto e apoio importante no percurso de aprendizagem! Bom estudo! Reitoria UDC 2 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Núcleo de Educação a Distância GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. DIAS, Prof. Mestre Ricardo Foz do Iguaçu - PR 2013. 85 p. MATERIAL REVISADO: DIAS, Prof. Mestre Ricardo 99 p. Administração - EaD CDU: 658 NEAD – Núcleo de Educação a Distância Av. Bartolomeu de Gusmão, 1324 - Centro – CEP: 85.852-130 Foz do Iguaçu – Paraná / ead.udc.br / 3574-690 3 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 1 UNIDADE I- EMPREENDEDORISMO ....................................................................................... 4 1.1 PERFIL EMPREENDEDOR ................................................................................. 4 1.2 FORMAS DE ENTRADA ................................................................................... 15 1.2.1 Criar uma nova empresa. ................................................................................ 15 1.2.2 Adquirir uma empresa já existente .................................................................. 18 1.2.3 Adquirir uma empresa familiar ......................................................................... 21 1.2.4 Participar de uma cisão ou de um processo de terceirização .......................... 22 1.2.5 Participar de franquia (ou franchising) ............................................................. 24 1.2.6 Empresas familiares ........................................................................................ 27 UNIDADE II – MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ............................................................. 34 2.1 REALIDADE E IMPORTÂNCIA DAS MPE ........................................................ 35 2.1.1 Problemas enfrentados pelas MPE ................................................................. 44 2.2 ASPECTOS LEGAIS, ESTRUTURAS E PROGRAMAS DE APOIO A MPE ..... 50 2.2.1 A Lei Geral das micro e pequenas empresas .................................................. 51 2.2.3 Natureza jurídica das MPE .............................................................................. 54 2.2.4 Etapas para abertura de uma MPE ................................................................. 55 2.2.5 Estruturas e programas de apoio às MPE ....................................................... 57 UNIDADE III – ESTRATÉGIAS PARA MPE E PLANOS DE NEGÓCIOS ..................... 61 3.1 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES ......................................................... 61 3.1.1 Gestão estratégica de MPE............................................................................. 68 3.1.2 Onde estamos: diagnóstico organizacional ..................................................... 69 3.1.3 Plano de negócios ........................................................................................... 75 UNIDADE IV – GERENCIAMENTO DE MPE ........................................................................ 81 4.1 GERENCIAMENTO DE MARKETING ............................................................... 81 4.1.1 Gerenciamento de recursos humanos ............................................................. 84 4.1.2 Gerenciamento da produção e operações....................................................... 88 4.1.3 Gerenciamento financeiro ............................................................................... 91 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 96 4 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS UNIDADE I- EMPREENDEDORISMO Prezado(a) aluno(a), nesta primeira unidade veremos o processo empreendedor, estudando primeiramente o perfil e características do empreendedor e as principais formas de se operacionalizar o negócio, tais como adquirir uma empresa ou montar uma empresa nova ou ser um franqueado. Por fim, estudaremos um tipo especial de empresa: as empresas familiares, muito comuns em nosso País. 1.1 PERFIL EMPREENDEDOR Nesta aula vamos estudar o que é um empreendedor, quais os motivos ou benefícios de ser um deles, quais são seus tipos e características básicos. Ao final, você poderá refletir se tem, ou não, vontade e aptidão para se tornar um empreendedor. Nos últimos anos uma palavra vem chamando a atenção da Administração: o empreendedorismo. O que é isso? Empreendedorismo é o processo de levar uma empresa adiante, podendo o empreendedor começar do zero ou adquirir uma empresa já estabelecida. E o que é um empreendedor? Há várias definições, desde aquela pessoa que identifica e viabiliza uma oportunidade, aquela que inicia uma empresa, e aquele gerente ou diretor que dirige uma empresa de terceiros. Em nossa apostila adotaremos a definição de Longenecker et al. (2018, p. 7): Glossário:Empreendedores: são aquelas pessoas que são proprietárias (sócias) e também gestores de uma empresa. Veja que, nesta definição ampla, não importa se o empreendedor fundou a empresa ou adquiriu-a de terceiros, ou até a herdou. Desde que seja sócio e participe da gestão da empresa, é considerado empreendedor. O que não é considerado empreendedor, pela definição dada, é aquele gestor profissional assalariado, que dirige uma empresa pertencente a terceiros. Esse profissional pode ter todas as características de um empreendedor (intraempreendedor), e até sem muito mais 5 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS competente que vários deles, mas uma característica fundamental do empreendedor, para nosso estudo, é aportar capital (ser sócio) e correr o risco de perder esse capital. Um diretor assalariado, em caso de falência da empresa, geralmente corre apenas o risco de perder o emprego. E quais são os benefícios em se tornar um empreendedor? Podem ser identificadas pelo menos cinco razões básicas para empreender1: 1) ganhar dinheiro; 2) ser seu próprio chefe; 3) fugir de uma situação indesejável; 4) ter uma vida satisfatória; 5) contribuir com a sociedade. Ganhar dinheiro. De modo simplificado, a renda de uma pessoa é composta por quatro tipos de rendimentos: salário (valor recebido pela venda de seu trabalho), aluguel (rendada locação de terrenos), juros (renda do empréstimo financeiro) e lucro (renda advinda das operações empresariais). Assim, um assalariado que quiser aumentar sua renda deve investir parte de seu salário em outras fontes de renda, para que o dinheiro passe a trabalhar para ele. Mesmo quem ganha muito, como um jogador de futebol famoso ou um artista, sempre terá seu salário limitado por quem o contrata. É por isso que há um ditado que diz que “quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro”. Em parte, isso é verdade, pois um trabalhador que gasta 100% do que ganha em seu sustento não consegue poupar e investir. Assim, empreender é uma forma de aumentar a renda, pois além de o empreendedor receber um pró-labore (salário) pelo seu trabalho realizado, também recebe os lucros gerados pela empresa, os quais podem ser reinvestidos, aumentando o capital e a renda. Ser seu próprio chefe. Há pessoas que gostam de fazer as coisas à sua própria maneira e também pode determinar seus próprios horários. Apesar de essa ser uma razão apontada por muitos empreendedores, a verdade é que nem sempre o empresário tem essa independência. Normalmente há normas, regulamentos e práticas de mercado que impedem a empresa de alterar sua forma de atuar. Na questão dos horários, a realidade é a mesma: apesar de o proprietário poder trabalhar quando tem vontade, o que ocorre 1Longenecker et al. (2018, p. 8-10) 6 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS na prática é que sua carga horária semanal é geralmente maior que a de um funcionário. De toda forma, um empreendedor competente que souber contratar bons funcionários e praticar a delegação apropriada, poderá seguramente fazer uma escala de horários que atenda às suas necessidades de tempo livre, para conviver com a família ou ter algum hobby. Fugir de uma situação indesejável. Muitas vezes um funcionário que não aguenta mais um trabalho entediante ou burocrático, pressões injustificadas ou assédio moral, encontra solução na fundação de uma empresa. O mesmo vale para um jovem universitário ou um imigrante que tem dificuldades para encontrar emprego ou até uma dona de casa e mãe que se sente apta e motivada ao trabalho, mas que possui necessidades de tempo que não se enquadram nos empregos formais disponíveis. Desta forma, fundar uma empresa pode um meio para a pessoa se libertar dessa condição desagradável e conseguir sua independência financeira. Ter uma vida satisfatória. Imagine trabalhar naquilo que lhe dá prazer. Nesses casos, o trabalho deixa de ser um fardo e vira uma diversão. Um empreendedor pode escolher uma atividade ou ramo de negócios que lhe dê enorme prazer. Por exemplo, um aficionado por esportes poderá montar uma loja de artigos esportivos ou um excelente cozinheiro amador montar um restaurante. Contribuir para a comunidade. Uma última razão para empreender é a vontade de dar a sua retribuição à sociedade, fornecendo produtos e serviços que visem melhorar as condições de vida da sociedade. Muitos empreendedores sentem orgulho da rede de funcionários, terceiros e fornecedores que dependem da prosperidade de seu negócio. Note que o empreendedor pode se motivar por apenas uma das razões citadas, ou uma delas ser a principal. Entretanto, quanto mais razões o empreendedor tiver, provavelmente maior sua motivação, possibilidade de êxito e aumento de sua realização íntima. Em relação a essa motivação, Lemes Júnior (2010) identifica dois tipos de empreendedores: aqueles que empreendem por necessidade e os que empreendem por oportunidade. Vamos ver cada uma dessas categorias detalhadamente. 7 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS O empreendedorismo por necessidade decorre da falta de opções satisfatórias de emprego, que obriga o indivíduo a abrir seu próprio negócio. Geralmente essas empresas começam de modo informal e são mais frequentes em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento devido a dificuldades de absorção de mão de obra pelo mercado formal. O maior problema desse tipo de empreendedorismo é que, por se dar de forma pouco profissional, pode acabar por levar o empreendimento à falência. Segundo dados do Sebrae2, 29% das empresas fecham as portas antes de completar o primeiro ano e 56% fecham antes de completar cinco anos. Em média, 80% dos micros e pequenos empresários perdem os recursos investidos, todo ou em parte. Na aula 5 iremos atualizar esses números e aprofundar o conhecimento sobre a alta mortalidade das micro e pequenas empresas. Já o empreendedor por oportunidade procura atender a uma necessidade de mercado através da criação de uma empresa, refletindo um lado bastante positivo do empreendedorismo. Esse tipo de empreendedor observa primeiro o mercado, traçando estratégias e buscando a inovação, que deve ser cultivada continuamente. Como as MPEs enfrentam dificuldades no acesso e operacionalização de tecnologias, [...] as capacidades gerenciais e comerciais tornam-se decisivas para inovar. Assim, o estudo sugere que a capacidade inovadora derivada das capacidades dinâmicas reside não apenas na figura do empreendedor e na gestão estratégica exercida, [...] mas também se encontra associada às informações e conhecimentos obtidos pelas redes de conhecimento e ao relacionamento com os clientes e com a sociedade VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2018, p. 363). De acordo com dados do GEM – Global Entrepreneurship Monitor – de 20083, o Brasil está na 13ª posição dentre os países pesquisados com maior capacidade empreendedora. Naquela pesquisa, são empreendedores no Brasil 12% da população adulta, correspondendo a 66% empreendedores por oportunidade e 34% empreendedores por necessidade. O autor ressalta que observando o desempenho no país através das pesquisas anteriores, esse percentual de empreendedores por oportunidade só vem aumentando. 2apud Lemes Júnior(2010, p. 10) 3apud Lemes Júnior(2010, p. 12) 8 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS O relatório atualizado desta instituição (2018) mostra que no Brasil temos 18% de empreendedores iniciais (novos e nascentes) em relação à população adulta, sendo que 62% deles são empreendedores por oportunidade e 38% por necessidade (GEM, 2018). O aumento nos empreendedores por necessidade nos últimos anos pode ser devido à recessão enfrentada pelo país e a elevação nos índices de desemprego. Mas o relatório aponta que o quadro pode estar se invertendo novamente. Empreendedores novos mantiveram sua taxa (16,4%) em comparação com 2017 (16,3%). No entanto, houve uma redução significativa em empreendedores nascentes para apenas 1,7% em 2018 contra 4,4% no ano passado. A redução de empreendedores nascentes, pelo segundo ano consecutivo, pode ter sido causada por mais pessoas desempregadas esperando voltar ao mercado de trabalho. Isso alinha com indicadores oficiais apontando para uma ligeira, mas consistente, recuperação no emprego formal. A taxa de empreendedores nascentes deve ser um foco dos decisores políticos brasileiros nos próximos anos, já que novas reduções podem sinalizar percepções negativas sobre como iniciar um negócio no Brasil. Esta suposição, se confirmada, exigirá ação para melhorar o ecossistema empreendedor (GEM, 2018, p. 69 – tradução livre). De todo modo, o Brasil ainda apresenta um elevado percentual de empreendedores em relação à população adulta. Além da já citada taxa de desemprego, isso pode ser devido a diversos outros fatores, como a estabilidade econômica, políticas públicas de apoio ao microempresário, criação de disciplinas sobre empreendedorismo em vários currículos nas universidades, a criação e desenvolvimento de polos tecnológicos e incubadoras de empresas, dentre outros.E você, já pensou quais seriam as características de um empreendedor? Pense em exemplos de empreendedores conhecidos, brasileiros e estrangeiros. O que eles têm em comum? O SEBRAE (2013) aponta que o espírito criativo e pesquisador é uma característica básica do empreendedor e apresenta uma lista com dez características gerais dos empreendedores: 9 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Busca oportunidades e toma a iniciativa: toma as atitudes antes de ser forçado pelo mercado ou circunstâncias, procurando aproveitar as oportunidades e expandir sua empresa. • Corre riscos calculados: avalia alternativas e busca posições em que os riscos sejam moderados em relação às expectativas de resultados, assumindo desafios. • Exige qualidade e eficiência: pesquisa e encontra meios de fazer as coisas de forma melhor, mais rápida, mais barata, buscando a excelência em seus processos, produtos ou serviços. • Persiste: procura superar os obstáculos através da repetição ou mudança de estratégia, de modo a atingir suas metas e objetivos, sem esmorecer frente a algum fracasso. • Compromete-se: esforça-se para completar uma tarefa, mesmo fazendo sacrifícios pessoais, colaborando com os empregados de modo a fazer o cliente satisfeito. • Busca informações: investiga pessoalmente novos produtos e processos, procura informações dos clientes, funcionários e fornecedores, contrata consultoria especializada. • Estabelece metas: define metas e objetivos desafiadores de longo e médio prazos, de forma clara, específica e mensurável. • Planeja e monitora de forma sistemática: divide suas metas em tarefas e subtarefas de forma a poder mais bem planejá-las e executá-las, monitorando constantemente o desempenho e promovendo as mudanças necessárias. • Tem poder de persuasão e investe na rede de contatos: trabalha para manter e aumentar suas relações comerciais e utiliza de estratégias para influenciar as pessoas de modo a atingir seus objetivos4. • É autoconfiante e busca a independência: tem confiança na própria capacidade e procura decidir de forma autônoma em relação a imposição 4 É importante ressaltar aqui a importância da reflexão e do comportamento ético do empreendedor, de modo a não enganar ou ludibriar clientes, fornecedores ou empregados. 10 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS de terceiros, mantendo sua firmeza de propósito mesmo em face de resultados iniciais desanimadores. Neste sentido, Timmons e Spinelli 5 destacam as seguintes características desejáveis aos empreendedores: comprometimento e determinação; liderança; obsessão por oportunidades; tolerância aos riscos, às ambiguidades e às incertezas; criatividade, autoconfiança e adaptabilidade; motivação para vencer. Quanto à idade, Longenecker et al. (2018, p. 16) apontam a faixa de 25 a 35 anos como a ideal para se iniciar uma carreira como empreendedor. Antes disso a pessoa ainda não possui experiência e capita e depois provavelmente já possui carreira consolidada como funcionário ou assumiu compromissos e obrigações familiares. Os autores ressaltam, entretanto, que há exceções. O Anuário das Micro e Pequenas Empresas publicado pelo SEBRAE/DIEESE, em sua última edição disponível publicada em 2017, apresenta os dados dos empregadores no país em vários segmentos entre 2005 e 2015. Quanto à faixa etária, podemos ver na figura 1 que a grande maioria (72,5%) dos empregadores no Brasil possui entre 35 a 64 anos. Figura 1 – Distribuição dos empregadores por faixa etária Fonte: MTE. Rais – Anuário das MPEs 2015 do SEBRAE/DIEESE (2017) 5apud Longenecker et al.(2018, p. 17). 11 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Em relação à formação acadêmica, a figura 1.2 mostra a distribuição dos empregadores no Brasil por escolaridade, entre 2005 e 2015. Verifique que, ao longo dos anos, o número de empreendedores com curso superior completo aumentou de 20,8% para 30,5%, e que os que possuem mais que o segundo grau atingem cerca de 70% do total, o que pode indicar a importância do estudo para o empreendedor. Figura 1.2 – Distribuição dos empregadores por escolaridade Fonte: MTE. Rais – Anuário das MPEs 2015 do SEBRAE/DIEESE (2017). Quanto ao gênero, podemos ver pela figura 1.3 que ao longo dos 10 anos da pesquisa pouco mudou a distribuição dos empregadores por sexo, permanecendo os homens com 73% do total e as mulheres com 27%. Isto mostra o quanto ainda temos que andar na almejada igualdade de oportunidade entre os gêneros. 12 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Figura 1.3 – Distribuição dos empregadores por sexo Fonte: MTE. Rais – Anuário das MPEs 2015 do SEBRAE/DIEESE (2017). Por fim, agora que conhecemos as características dos empreendedores e entendemos a diferença entre empreendedor e gestor (gerente profissional assalariado), apresentamos, no quadro 1, um comparativo entre os comportamentos dos empreendedores e dos gestores: Quadro 1 – Comparativo gestor x empreendedor Gestor Empreendedor Otimiza os recursos visando atingir metas preestabelecidas. Estabelece as metas e os objetivos para depois conseguir os recursos. Busca adaptar-se às mudanças. Busca iniciar mudanças. Trabalha dentro de uma estrutura existente. Define tarefas e papéis que criam uma estrutura na organização. 13 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Busca conhecimentos gerenciais e técnicos. Apoia-se na autoconfiança, na sua própria visão e na capacidade de inovação e criação de valor. Padrão de trabalho implica análise racional. Padrão de trabalho implica imaginação e criatividade. Foca o trabalho em grupo. Foca a evolução individual e comunicação do grupo. Trabalha centrado em processos que levam em conta o meio em que ele se desenvolve. Trabalha centrado no planejamento de processos que resultam de uma visão diferenciada do meio. Apoia-se na cultura da afiliação. Apoia-se na cultura da liderança. Desenvolve padrões em busca de aplicações concretas e específicas. Desenvolve padrões em busca de regras gerais e abstratas. Enfatiza a adaptabilidade. Enfatiza a perseverança. Busca de conhecimento em gerenciamento de recursos da própria especialização. Busca do conhecimento que eleve a ocupação de espaço no mercado. Fonte: adaptado de administradores.com.br apud Lemes Júnior (2010, p. 8) Percebeu as diferenças entre os empreendedores e os gestores? Viu que aquelas características básicas apresentadas são realmente pontos diferenciais entre os dois perfis? Para refletir: 14 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS E então, você já se perguntou se tem perfil empreendedor? Ou se possui mais aptidão para ser um diretor ou gerente profissional, trabalhando em empresas de outras pessoas? Antes de encerrarmos, é importante dizer que há outro tipo de empreendedor6, que é o empreendedor investidor7. Esse empreendedor não participa da gestão da empresa, mas aporta capital em troca de sociedade por um prazo limitado, visando ganho de capital na venda de sua participação. Esse investidor, muitas vezes chamados de investidor anjo (angelinvestor), pode atuar isoladamente ou através de fundos de capital de risco (venture capital). Nesta aula vimos a definição de empreendedor, as razões para ser um empreendedor bem como seus principais tipos. Também estudamos suas características pessoais e as diferenças entre esse perfil e os gestores profissionais. A próxima unidade tratará das formas de entrada no mercado, ou seja, como o empreendedor pode começar suas atividades empresariais. Aprimoreseus estudos: Para você se aprofundar nos estudos dos temas abordados nesta aula, os seguintes capítulos dos livros constantes das referências bibliográficas podem ser consultados: Longenecker et al. (2018, cap. 1). Lemes Júnior (2010, cap. 1). Drucker (2003). MTE. Rais – Anuário das MPEs 2015 do SEBRAE/DIEESE (2017). Disponível em:<https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioDosTrabalhadoresPequenosNe gocios.pdf>. GEM – Empreendedorismo no Brasil, 2016. Disponível em <https://www.gemconsortium.org/report/49919>. 6Lemes Júnior (2010, p. 13-14) 7Este tipo de empreendedor não é abrangido pela definição de empreendedor usado em nossa apostila, pelo qual o empreendedor deve ser sócio e também participar da gestão. Foi incluído aqui, pois o termo investidor anjo tem sido muito usado. https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioDosTrabalhadoresPequenosNegocios.pdf https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioDosTrabalhadoresPequenosNegocios.pdf https://www.gemconsortium.org/report/49919 15 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS GEM – Global Entepreneurship Monitor, 2018/2019 Global Report. Disponível em: <https://www.gemconsortium.org/report/50213>. (até o momento apenas em Inglês) 1.2 FORMAS DE ENTRADA Veremos neste tópico algumas maneiras de um empreendedor iniciar seu empreendimento. Vamos começar com uma reflexão. Para refletir: Além de criar uma nova empresa, você pode dizer quais outras formas podem ser usadas para o empreendedor gerir seu próprio negócio? Há várias formas de ser sócio e gerenciar uma empresa e criar uma empresa do zero é apenas uma delas. Por exemplo, o empreendedor poderá adquirir uma empresa já existente; poderá comprar parte de uma empresa em um processo de cisão ou de um processo de terceirização, poderá ser um franqueado ou até mesmo assumir uma empresa familiar. Vamos ver em detalhes cada uma dessas formas e suas vantagens e desvantagens. 1.2.1 Criar uma nova empresa. Para se desenvolver uma nova empresa o empreendedor deve identificar oportunidades no mercado que ainda não foram exploradas por outras empresas ou então necessidades dos consumidores que essas empresas ainda não conseguem atender plenamente. Você pode até abrir uma empresa em um mercado competitivo, mas será muito mais difícil prosperar em um mercado saturado do que em um nicho que ainda estiver pouco explorado. Aprimore seus estudos: https://www.gemconsortium.org/report/50213 16 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS É disso que trata o livro “A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante” (KIM; MAUBORGNE, 2005). Vale a pena ler este livro. Várias são as razões que podem levar você a abrir uma nova empresa, em vez de adquirir uma empresa já existente ou uma empresa familiar ou até mesmo tornar- se um franqueado8: • Possuir um desejo pessoal de criar um produto ou serviço próprio e desenvolver seu mercado comercial. • Usufruir de recursos disponíveis que sejam exclusivos, tais como um ponto comercial ideal, alguma tecnologia ou processo inovador, uma mão de obra excepcional etc. • Evitar pontos negativos das empresas já existentes, como associações da marca com eventos negativos, problemas legais ou compromissos indesejáveis ou desfavoráveis. • Desejo de se tornar um empreendedor bem-sucedido por conta própria, enfrentando o desafio por si mesmo. A opção por abrir uma empresa envolve a identificação de uma oportunidade (assunto que será tratado em detalhes na Aula 7), determinação de uma estratégia para explorar essa oportunidade (Aula 8) e elaboração de um plano de negócios (Aula 9). Há vantagens e desvantagens em se montar a própria empresa. Lemes Júnior (2010, p.64) destaca os seguintes pontos positivos de criar uma nova empresa: • Liberdade de escolher o que e como produzir. • Liberdade de escolha do local. • Construir o empreendimento à maneira própria. • Contratar o pessoal. • Escolher seus fornecedores. • Escolher seus distribuidores, se for o caso. 8Longenecker et al. (2018, p. 48-49) 17 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Negociar seus próprios prazos de pagamento com clientes. Veja que todos esses itens estão relacionados com a liberdade de o empreendedor decidir e agir. Aqueles empreendedores que tem perfil mais arrojado, que lidam melhor com os riscos e que não gostam de se submeter a políticas e normas impostas por terceiros, certamente têm a tendência a montarem sua própria empresa. Entretanto, há pontos negativos nessa escolha, como aponta Lemes Júnior (2010, p. 64): • Dificuldades legais para criar e registrar a empresa. • Necessidade de investimentos iniciais por conta do empreendedor. • Dificuldade de conseguir financiamento bancário. • Necessidade maior de investimentos em marketing para divulgar a empresa. • Vender com pouca margem de lucro, para conquistar os primeiros clientes. Note que essas dificuldades estão relacionadas à entrada em um novo mercado. Uma empresa desconhecida deve despender maiores esforços para se tornar conhecida, tanto para os clientes quanto para fornecedores, bancos, funcionários. Isto faz sentido, pois um banco terá provavelmente mais boa vontade (e taxas de juros menores) para empresas já consolidadas do que para uma nova empresa, cujo risco é maior9. Da mesma forma, a empresa recém-criada terá que convencer um bom funcionário a deixar seu emprego atual para embarcar em um novo projeto, sem garantias ou histórico de sucesso. Assim, uma dificuldade inicial importante diz respeito à montagem e capacitação da equipe. Como a empresa é nova e desconhecida, ela terá que retirar funcionários experientes e competentes de concorrentes (o que pode ser difícil e caro) e/ou começar com uma equipe nova e pouco experiente, o que pode trazer outros problemas, como baixa qualidade e produtividade, falta de adaptação e perda de clientes insatisfeitos. 9O Governo, no sentido de beneficiar as MPE, procura, através de seus bancos de fomento (como o BNDES), lançar linhas de crédito especiais com juros mais baixos. Veja exemplo no vídeo da TIRIO TV, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=u9oC78WU60g>. Acesso em 30 Mar. 2019. https://www.youtube.com/watch?v=u9oC78WU60g 18 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Por isso, abrir uma nova empresa pode exigir do empreendedor maior investimento de recursos que em outras opções que serão vistas nesta aula, pelo menos no primeiro momento. 1.2.2 Adquirir uma empresa já existente Caso o empreendedor não deseje abrir uma nova empresa, pelos problemas acima citados, ele poderá optar por adquirir uma empresa já existente. Às vezes ocorre de, ao se buscar informações de mercado para se montar uma empresa, surja uma boa oportunidade de se adquirir uma empresa já existente, cujos proprietários se dispõem a vendê-la. São vários os motivos para se adquirir uma empresa, em vez de abrir uma nova. Esses motivos são resumidos em quatro categorias10: • Redução das incertezas. Uma empresa que apresenta um histórico conhecido, mesmo que isso não seja garantia de desempenho futuro, possui muito mais informações para permitir uma avaliação que uma empresa que ainda irá ser fundada. • Continuar operações e relacionamentos já em andamento. Ao adquirir uma empresa em operação, seus processos estarão ativos, assim como os relacionamentos com fornecedores, clientes, prestadores de serviço etc. Desta forma o novo proprietário não terá que despender recursos para implantar essa operação e estabelecer relacionamentos, embora possa rever processos e renegociarcontratos. • Obter uma empresa por um valor inferior ao necessário para iniciar um negócio. Esta alternativa é válida quando o vendedor, por qualquer motivo, precise se desfazer da empresa com mais empenho que o novo comprador. Nesse caso, o preço tenderá a ser inferior ao valor real da empresa, mas isto deverá ser analisado pelo empreendedor através de uma avaliação chamada due dilligence. 10Longenecker et al. (2018, p. 75-76) 19 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Iniciar rapidamente. A compra de uma empresa em funcionamento permite ao empreendedor início do seu negócio e aplicação de suas ideias de forma quase imediata. Abrir uma nova empresa requereria tempo para registro, aluguel e reforma, compra de equipamentos, contratação de pessoal, dentre outros, o que atrasaria sua entrada em operação. Como várias pessoas podem se desmotivar com essa dificuldade inicial e demora em se abrir uma empresa, adquirir uma empresa já existente poderia ser uma excelente alternativa para esse perfil de empreendedor. Lemes Júnior (2010, p. 66) traz os seguintes pontos positivos nesse caso: • Redução dos custos iniciais e problemas de se começar do zero. • Economia do tempo para o início do funcionamento e retorno do capital investido. • Nome conhecido no mercado, dependendo, é claro, do bom conceito que essa empresa tenha conquistado. • Ter estabelecido relacionamento com funcionários, bancos, fornecedores, clientes e demais stakeholders. • Existência de fluxo de caixa em operação (contas a receber), devido à carteira de clientes preestabelecida. • Possibilidade de conhecer o histórico de demandas e dos custos, permitindo identificar as sazonalidades. O mesmo autor, entretanto, levanta os seguintes pontos negativos de se comprar uma empresa já existente: • Possibilidade de haver problemas graves, ocultos à primeira vista, como, por exemplo: passivos trabalhistas, fiscais ou ambientais [...]. • O negócio pode não estar indo tão bem quanto o atual proprietário quer demonstrar [...]. • Existência de problemas crônicos, causados pela força da concorrência [...]. • Existência de projeto futuro para instalações de shopping centers ou de grandes supermercados, por exemplo, que possam afetar substancialmente o negócio (LEMES JÚNIOR, 2010, p. 66-67). 20 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Assim, adquirir uma empresa, apesar de haver informações disponíveis para se conhecer o histórico e se fazer previsões, essas informações podem não ser precisas ou confiáveis, e é necessária investigação minuciosa do novo empreendedor para avaliar se o negócio vale a pena. Em primeiro lugar, deve-se descobrir por que aquela empresa se encontra à venda, pois nem sempre os motivos declarados pelo vendedor são os reais motivos. Longenecker et al. (2018, p. 77) levantam algumas das razões pelas quais os proprietários colocam à venda suas empresas: idade avançada ou doença que os impedem de continuar no comando; mudança de local de residência; falta de lucratividade; perda de uma condição exclusiva (como uma franquia, patente ou fornecedor); mercado saturado e falta de potencial de crescimento. Para que o novo empreendedor possa fazer uma avaliação crítica dessas razões, deve cercar-se de profissionais competentes (advogados, contabilistas e administradores, dentre outros especialistas no setor), analisando todas as informações financeiras disponíveis: demonstrativos (balanços patrimoniais, DRE, fluxo de caixa), declarações de imposto de renda, livros fiscais de, pelo menos, cinco anos. Ademais, deve-se verificar junto aos órgãos competentes se não há passivos financeiros, fiscais ou trabalhistas relevantes. Em relação ao passivo trabalhista, isto é particularmente importante. Algumas empresas não cumprem os preceitos trabalhistas legais, como jornadas de trabalho extensas, folgas e férias insuficientes, pagamento de horas extras em desacordo com a legislação, não pagamento de adicionais como periculosidade e insalubridade ou até o não recolhimento de encargos e contribuições sociais, como o FGTS e o INSS. Ao adquirir a empresa, o novo proprietário assume toda e qualquer dívida trabalhista deixada pelo dono anterior, lembrando que, mesmo depois da rescisão de contrato, os funcionários têm um prazo legal para requerer seus direitos. Além disso, há fatores não-financeiros que devem ser avaliados, tais como os produtos e seu ciclo de vida, seu preço e diferenciação em relação à concorrência, o local e a distribuição, também em comparação com os concorrentes. Fatores socioambientais deverão ser levados em conta, como a capacidade de absorção do produto e crescimento do mercado, instalações físicas e desenvolvimento da região e da comunidade. 21 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Por fim, para se fechar a compra é necessária a redação de um contrato detalhado entre ambas as partes contendo toda a discriminação do que está sendo adquirido e como deverá ser quitado, bem como as demais obrigações e deveres de cada parte. 1.2.3 Adquirir uma empresa familiar Adquirir uma empresa familiar segue o mesmo processo de aquisição de uma empresa existente, vista na seção anterior. Entretanto, por uma empresa familiar ser considerado um tipo especial de empresa, que possui características peculiares (a serem vistas na Aula 3), alguns itens devem ser observados. Segundo a consultora Priscilla de Mello, do SEBRAE, 70 % das empresas familiares não sobrevivem à morte de seu fundador, encerrando suas atividades, enquanto das 30% restantes, apenas uma minoria (5%) sobrevive até a terceira geração11. Já pesquisa do PWC de 2016 aponta que apenas 12% das empresas familiares chega à terceira geração12. Assim, uma empresa familiar pode ser colocada à venda não porque vai mal, ou está em dificuldades, mas por incapacidade de o fundador conseguir formar um sucessor (herdeiro(a) que esteja capacitado(a) e disposto(a) a assumir a empresa). Desse modo, quando da saída do sócio fundador da empresa familiar sem a possibilidade de sucessão por um herdeiro, a família tem geralmente três opções: ou continuar a empresa, com o risco de perder todo o investimento, contratar um gestor profissional ou vender a empresa. A venda de uma empresa familiar, no entender de Lemes Júnior (2010, p. 72), pode apresentar uma boa oportunidade tanto para a família do fundador quanto para o potencial comprador, possuindo os seguintes pontos fortes: • Autoridade definida na pessoa do fundador ou empreendedor, só ele negocia. • Interesse comum no sucesso da empresa. 11 SEBRAE-SC. Disponível em: <http://www.sebrae- sc.com.br/newart/default.asp?materia=10410>. Acesso: 04 Mar. 2019. 12 PWC. Disponível em: <https://www.pwc.com.br/pt/setores-de-atividade/empresas- familiares/2017/tl_pgef_17.pdf>. Acesso em 04.Mar. 2019. http://www.sebrae-sc.com.br/newart/default.asp?materia=10410 http://www.sebrae-sc.com.br/newart/default.asp?materia=10410 https://www.pwc.com.br/pt/setores-de-atividade/empresas-familiares/2017/tl_pgef_17.pdf https://www.pwc.com.br/pt/setores-de-atividade/empresas-familiares/2017/tl_pgef_17.pdf 22 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Facilidade de transmissão de informações e da cultura empresarial. • Simplicidade de estrutura. • Flexibilidade dos métodos e processos. • Clima de confiança e segurança. • Carteira de clientes e cadastro de fornecedores implantados. • Para o comprador: subavaliação no momento de vender, após a saída do empreendedor. • Contudo, segundo o mesmo autor, podem-se destacar os seguintes pontos negativos: • Na maioria dos casos não possui gestão profissional. • Ausência de um planode negócios escrito. • O ambiente da empresa se isola, face aos acontecimentos de mercado. • Confusão entre o patrimônio da empresa e da família. • Falta de controles em geral, principalmente os financeiros. • Geralmente os financiamentos obtidos para a empresa são em nome da pessoa física do empreendedor. • Problemas com a sucessão. Deste modo, considerando uma empresa familiar como um tipo especial de empresa, podemos verificar que sua aquisição pode-se revelar uma boa oportunidade, desde que tomados os devidos cuidados com os pontos negativos apontados. 1.2.4 Participar de uma cisão ou de um processo de terceirização Muitas empresas crescem além de um determinado tamanho ótimo e tomam a decisão administrativa de repassarem parte de seu patrimônio e operações a outras empresas. A cisão ocorre quando uma empresa transfere partes de seu patrimônio a terceiros, podendo se extinguir (caso transfira seu patrimônio total). Essa transferência pode ser dar por um contrato de venda, na qual a empresa cindida vende uma parte do patrimônio e de suas operações a um empreendedor. 23 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS A diferença desta opção em relação à vista na seção 1.2.2 (aquisição de empresa existente) é que a compra não é da empresa inteira, mas apenas de uma parte. Exemplo: Por exemplo, uma indústria metalúrgica que trabalhe com fundição de todos os tipos metais pode decidir trabalhar apenas com alumínio, vendendo seu patrimônio relativo à produção e venda de outros metais a outras empresas. Isto pode envolver a transferência de máquinas e equipamentos, instalações prediais, mão de obra, carteira de clientes, contratos com fornecedores etc. dependendo das condições acertadas. Já na terceirização, uma empresa resolve estrategicamente focar no seu negócio principal (core business), de modo a despender seus esforços naquilo que faz melhor, repassando a terceiros as atividades complementares ou acessórias. Exemplo:Por exemplo, as empresas costumam terceirizar atividades como alimentação dos funcionários, transporte, serviços de recrutamento e seleção, contabilidade, logística e distribuição, dentre outros. Assim, para um empreendedor pode ser interessante ser um terceirizado, realizando parte das atividades de uma grande empresa, de modo a especializar-se nisso e ganhar mercado prestando serviços de qualidade a preços inferiores ao que as empresas teriam se realizassem as atividades internamente. Lemes Júnior (2010, p. 73) destaca os seguintes pontos positivos da terceirização: • Redução de custos fixos para a empresa contratante. • Possibilidade de sobrevivência e lucro para a empresa contratada. • Não necessidade de imobilizar capital em infraestrutura. • Maior flexibilidade. • Maior tempo para dedicar-se ao que realmente importa: o seu produto. Enquanto que os pontos negativos, envolvem: • Correr o risco de terceirizar tudo, inclusive áreas estratégicas e sigilosas da empresa. 24 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Empregados da terceirizada são menos comprometidos do que os de uma empresa. • A contratante pode ser citada perante a Justiça do Trabalho juntamente com a contratada. 1.2.5 Participar de franquia (ou franchising) Outra opção de empreendedorismo que vem crescendo é a franquia (ou franchising), que é um sistema comercial que gira em torno de um contrato legal entre duas partes, no qual é concebido a uma das partes (o franqueado) a prerrogativa de comerciar um produto ou serviço e dirigir uma empresa como um proprietário individual, mas isso deve ser feito de acordo com os métodos e termos especificados pela outra parte (o franqueador) (LONGENECKER et al., 2018, p. 68). Exemplo: Por exemplo, um franqueador, como a rede Subway ou a brasileira O Boticário, concede pontos-de-venda, a título de franquia, a empreendedores locais (franqueados) por um tempo determinado. Basicamente o franqueador passa o know-how do negócio (processo e produto ou serviço) e o direito de uso de sua marca e o franqueado paga royalties (geralmente um percentual das vendas). O setor de franquias no Brasil tem aumentado ano a ano, conforme mostra a figura 2.1, com o faturamento do setor de franchising nos últimos 5 anos. 25 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Figura 2. – Faturamento do setor de franchising brasileiro Fonte: ABF. Disponível em <https://www.abf.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Desempenho- do-Franchising-Brasileiro-em-2018-e-estudo-sobre-Microfranquias.pdf>. Acesso: 04 Mar. 2019. São várias as vantagens de o empreendedor se tornar um franqueado13: • Treinamentos. Você aprenderá não só a executar os processos operacionais para execução do produto ou serviço, mas também aprenderá a como vendê- los, como negociar com fornecedores e até como gerir administrativa e financeiramente o negócio. Estes últimos são particularmente importantes para empreendedores que não têm formação administrativa. Normalmente os treinamentos têm longa duração e servem como processo de seleção para aprovação do franqueado. • Assistência financeira. Ao se associar a uma franquia, o empreendedor, além de uma assessoria financeira, tem um histórico e um prognóstico futuro a apresentar para um banco ou um agente de financiamento para captar recursos para seu início. Um empreendedor que monta sua empresa do zero terá maior dificuldade e taxas de juros significativamente maiores. Além disso, vários franqueadores trabalham com financiamento que pode ser pago pelo franqueado com o resultado de suas operações, bem como condições comerciais especiais de pagamento de matéria prima, aliviando a necessidade de capital de giro do franqueado14. • Benefícios operacionais. Normalmente os produtos e serviços de uma rede de franquias têm reconhecimento e aceitação, além de um processo produtivo otimizado e padronizado, resultado de muitos anos de aperfeiçoamento em centenas de unidades em diversos locais. Os métodos de gestão e marketing usados também possuem grande desenvolvimento e estão, normalmente, amplamente testados. Soma-se a isso o tamanho da corporação, que permite altos investimentos em tecnologia e desenvolvimento de novos produtos. 13Longenecker et al. (2018, p. 69-71) 14Cada tipo de franquia e contrato deve ser avaliado quanto a este quesito. Há franqueadores que, ao contrário, exigem altos investimentos antecipados do franqueado, dificultando sua gestão financeira. https://www.abf.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Desempenho-do-Franchising-Brasileiro-em-2018-e-estudo-sobre-Microfranquias.pdf https://www.abf.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Desempenho-do-Franchising-Brasileiro-em-2018-e-estudo-sobre-Microfranquias.pdf 26 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Todavia, isto não é garantia que todas as franquias terão sucesso em todos os casos, pois o processo de franchising possui limitações, tais como15: • Custos da franquia. Um empreendedor candidato a franqueado deve considerar os diversos custos incidentes, tais como: taxa inicial de franquia (a ser pago ao franqueador antes de iniciar o negócio); custos de investimento (aluguel ou compra do ponto comercial, móveis e equipamentos, aquisição de estoque etc.); pagamento de royalties (percentual sobre a receita bruta); custos com publicidade (contribuição dos franqueados para um fundo de publicidade para promover a marca). • Restrições sobre operações comerciais. O franqueado possui uma série de restrições contratuais que limitam sua atuação, tais como: restrição de território (não podendo expandir-se ou mudar de área sem autorização do franqueador); restrição de layout (não há como mudar a disposição ou o aspecto visual do pontode venda); restrição de produtos e serviços (não podem ser alterados, excluídos ou sofrer inclusão sem autorização); restrição sobre horário de funcionamento e publicidade e propaganda. • Perda da independência. Aqueles empreendedores que largam o emprego para se dedicar a algo próprio e poder fazer as coisas à sua maneira, sem imposição de terceiros, poderão se decepcionar com uma franquia, pois o franqueador possui contratualmente vários controles, auditorias e fiscalizações que reduzem o poder do franqueado. Além disso, o franqueado não tem garantia que o contrato será renovado após seu prazo de vigência, que gira em torno de 15 ou 20 anos. • Falta de suporte do franqueador. Vários franqueados reclamam que o franqueador não honra seus compromissos e não dá suporte em pontos fundamentais como melhoria e garantia da qualidade do produto, apoio promocional deficiente, aumento nos preços dos insumos, falta de treinamento continuado, dentre outros. Pesquise e aprenda: 15Longenecker et al.(2018, p. 72-73) 27 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Se você se interessou por essa forma de iniciar sua carreira empreendedora, visite o site da Associação Brasileira de Franchising – ABF (http://www.portaldofranchising.com.br/) e descubra a franquia que se adapta a você no espaço: Encontre sua franquia. Até aqui vimos as diversas formas que um empreendedor pode iniciar seus empreendimentos: criando uma nova empresa, adquirindo um negócio existente, comprando uma empresa familiar, participando de uma cisão ou terceirização ou até sendo franqueado. Aprimore seus estudos: Para você se aprofundar nos estudos dos temas abordados nesta aula, os seguintes capítulos dos livros constantes das referências bibliográficas podem ser consultados: Lemes Júnior (2010, cap. 3). Longenecker et al. (2018, cap. 4). ABF. https://www.abf.com.br SEBRAE. http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae Portal do Empreendedor. http://www.portaldoempreendedor.gov.br/ 1.2.6 Empresas familiares Esta aula trabalha o tema das empresas familiares, um tipo de empresa que possui características muito especiais. Talvez você seja sócio, esteja trabalhando ou já trabalhou em uma empresa familiar. Digo isso porque as empresas familiares, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, correspondem a maioria das empresas formais. Se considerarmos a economia informal, este número tende a aumentar. Alguns autores chegam a estimar em torno de 90% a participação das empresas familiares nas empresas de pequeno porte16. Além disso, há empresas familiares de todos os portes, desde uma microempresa até uma gigante, como a Ford e a Walmart. 16Lemes Júnior (2010, p. 50) http://www.portaldofranchising.com.br/ http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae http://www.portaldoempreendedor.gov.br/ 28 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Já estudo do SEBRAE, realizado em 2016 com amostragem de 6.617 empresas em todo o País, aponta para 52% o percentual de empresas familiares no universo das micro e pequenas empresas, conforme mostra a figura 3. Figura 3– Empresas familiares no universo das MPE Fonte: SEBRAE - A influência das empresas familiares na realidade de negócios do país (2017)17. Independente dos números, advindos de pesquisas com metodologias e fontes diferentes, com certeza as empresas familiares tem um peso significativo no quantitativo das empresas. Mas o que pode ser considerada uma empresa familiar? Para nosso estudo, uma empresa familiar é aquela “na qual dois ou mais membros de uma mesma família são proprietários ou a operam em conjunto ou por sucessão” (LONGENECKER et al., 2018, p.82). O grau desse envolvimento dos membros da família pode variar em cada empresa, podendo ter alguns membros no comando enquanto outros trabalham em funções operacionais. Para refletir: 17 Disponível em: < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/a-influencia-das-empresas- familiares-na-realidade-de-negocios-do-pais,db033f55e3bfc510VgnVCM1000004c00210aRCRD >. Acesso em 04.Mar. 2019 29 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS E quais são as características de uma empresa familiar que a torna diferente das empresas não-familiares? Para responder a essa questão, faremos novas perguntas: • Quando um funcionário não está correspondendo às expectativas, ele é demitido e isso geralmente causa pouco impacto no restante da corporação. Mas, se o funcionário for membro da família, como será a reação? • Se João tem desempenho melhor que Pedro, ele merece receber salário mais alto. Mas, e se eles forem filhos do proprietário da empresa? Salários diferentes poderão gerar disputas e ressentimentos? O que ocorre nesses, e em outros exemplos semelhantes, é que uma empresa familiar mistura duas instituições distintas: a empresa e a família. Cada uma tem uma estrutura e valores específicos, que podem gerar conflitos quando em confronto. Por exemplo, o valor fundamental de uma família é a união e o bem-estar de seus membros. Já o valor maior de uma empresa, na maioria das vezes, é o lucro. Quando uma decisão que envolva esses valores deve ser tomada pelos gestores da empresa, a situação pode ficar delicada. Estudo de caso: Imagine-se na gestão de uma empresa familiar às voltas com o dilema: mandamos o parente embora e contratamos um profissional mais competente, aumentando o lucro; ou nos contentamos com um lucro menor, mantendo o parente na empresa e a união familiar? Este tipo de questionamento, e outros parecidos, fazem parte do cotidiano de muitas empresas familiares. Quando fazemos a pergunta: “o que vem primeiro, a empresa ou a família?”, muitas pessoas diriam que é a família, mas pense em quantos empreendedores(as) se dedicam demais à empresa, passando pouco tempo com os filhos ou companheiros(as)? 30 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Para entendermos essa competição, temos de analisar as diversas situações ou formas de envolvimento entre os indivíduos e a empresa. A figura 4 nos ajuda a fazer essa divisão: Figura 4– O modelo de três círculos da empresa familiar Fonte: adaptado de Tagiuri e Davis apud Longenecker et al. (2018, p. 83) No circulo Propriedade se encontram todos os indivíduos que têm participação acionária na empresa, podendo ser familiares ou não, atuarem ou não, na empresa. No círculo Família, estão as pessoas que fazem parte da família, não importando se são sócios ou trabalham na empresa. No círculo Empresa estão aqueles que trabalham na empresa, que podem pertencer ou não à família. Desta forma, temos sete situações, conforme numeração na figura, em que podem ser classificados os indivíduos em uma empresa familiar: • São membros da família que não são sócios da empresa e nem trabalham nela, por exemplo, algum irmão que não pertença à sociedade. • São sócios da empresa, mas não pertencem à família nem trabalham na empresa, por exemplo, investidores financeiros. • São funcionários da empresa que não pertencem à família. • São membros da família e sócios da empresa, mas que não trabalham nela. Por exemplo, um filho que herdou a empresa junto com os irmãos mais tem uma vida profissional à parte. • São sócios e gestores da empresa, mas que não fazem parte da família. 2 Propriedade 3 Empresa 1 Família 4 5 6 7 31 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • São membros da família que trabalham na empresa, mas não são sócios, por exemplo, um primo ou sobrinho que é contratado para algum cargo operacional. • São membros da família, sócios e gestores da empresa. São as pessoasque, de fato, comandam a empresa. Pode-se notar que o grau de influência e os interesses variam de acordo com a situação representada. Quanto mais dentro do círculo familiar, em geral, maior a pressão para que os valores familiares prevaleçam e, fora desse limite, tendem a prevalecer os valores corporativos. Não há uma regra ou um conjunto de melhores práticas que diga como os gestores de empresas familiares devam se comportar. Permitir que a empresa vá à falência para preservar os valores familiares não é o ideal, da mesma forma que levar a família à “falência” em nome da sustentabilidade da empresa, também não. Há que se buscar o melhor equilíbrio possível. Alguns papéis e correspondentes características podem ser identificados nas empresas familiares: • Pais e filhos: normalmente os pais são conservadores e os filhos mais arrojados. O conflito de gerações familiares costuma vir à tona, com o(s) filho(os) desafiando a autoridade paterna(materna). Além disso, os pais fundadores ainda têm que lidar com fatores como motivação, leniência (passar a mão na cabeça), favoritismo, dentre outros. • Marido e mulher: a relação conjugal pode se fortalecer e trazer enormes benefícios à empresa, mas o contrário pode também ocorrer, quando assuntos ou problemas corporativos são levados para casa deteriorando a relação afetiva. Disputas pelo poder, melindres ou ciúmes podem contaminar gestão da empresa, com evidentes resultados negativos. • Irmãos: a rivalidade entre irmãos pode ser um elemento propulsor e benéfico para e empresa, mas também pode ser um elemento desagregador se os conflitos não forem satisfatoriamente administrados. • Parentes não-consanguíneos: noras, genros ou cunhados, à medida em que a empresa cresce, podem ser convidados a integrar seu quadro funcional. Isto 32 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS pode trazer sangue novo e novas visões ao ambiente normalmente fechado da cultura familiar, mas também pode causar problemas. Para refletir: Você pode falar mal do seu irmão e no outro dia estarem se abraçando, mas e se você falar mal da esposa dele? O que poderia acontecer? Por que você acha que isso ocorre? O objetivo da reflexão acima é ponderar que nem todo comportamento aceito pela família nuclear (pais e filhos) é tolerado pelos membros agregados. Por isso é muito importante administrar tanto as relações familiares quanto as empresariais, buscando equilíbrio e homeostase no sistema organizacional formado. Assim, devido ou apesar dessas especificidades, uma empresa familiar tem vantagens e desvantagens em relação às empresas convencionais. Lemes Júnior (2010, p. 51) apresenta alguns pontos positivos das empresas familiares: • União de esforços (o que inclui sacrifícios pessoais) para alcançar o sucesso, já que a renda familiar depende da empresa. • Lealdade e fidelidade entre o fundador/empreendedor e os demais familiares. • Existência de laços afetivos. • Utilização da empresa para “treinar” durante muitos anos, o(s) sucessor(es) na gestão dos negócios. • Maior flexibilidade e agilidade na tomada de decisões. E, na sequência, o mesmo autor (2010, p. 51-52) destaca os pontos negativos: • Utilização dos recursos da empresa permitindo confusão patrimonial. • As desavenças podem ser mais sérias do que com outros empregados não membros da família, pois não se pode simplesmente demitir e contratar outros. • Resistência à adoção de técnicas de planejamento e controle. • Resistência à contratação de gestor profissional. • Decisão centralizada no fundador, muitas vezes de forma autoritária. • Disputa pela sucessão, que poderá levar à venda da empresa. 33 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS A figura 5 apresenta um modelo de empresa familiar de sucesso, segundo visão do SEBRAE. Figura 5– Modelo da empresa familiar de sucesso Fonte: adaptado de SEBRAE-PR apud Lemes Júnior (2010, p. 52) Note que três pontos se destacam: 1) formalização, 2) separação entre os papéis familiares e gestores, e 3) profissionalização. Ward (apud LONGENECKER et al., 2018, p. 92) aponta algumas boas práticas nesse sentido: • Estimular novos modos de pensar e reciclar entendimentos estratégicos. • Atrair e manter gestores excelentes que não façam parte da família. • Criar uma organização flexível e inovadora. • Criar e conservar capital. • Preparar sucessores para assumir a liderança. • Explorar a vantagem competitiva de possuir uma empresa familiar. • Pessoal, chegamos ao fim da Unidade I, que trabalhou o empreendedorismo, com foco no perfil do empreendedor, as diversas formas de se iniciar um empreendimento e as empresas familiares. •Composição societária adequada/equilíbrio •Direitos de herança claros •Diferenciar empresa/patrimônio familiar •Acordos formalizados Propriedade •Diferenciar papéis: família/gestão •Preservar diferenças de espaço •Aceitar diferenças de poder •Estimular desenvolvimento •Dar suporte (confiança) Família •Divisão clara de responsabilidades •Transparência do processo decisório •Respeitar executivos profissionais •Desenvolvimento constante •Empenho na profissionalização Negócio 34 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Agora vamos à Unidade II, que trabalhará as micro e pequenas empresas, sua realidade, aspectos legais e instituições e programas que a apoiam. Aprimore seus estudos: Para você se aprofundar nos estudos dos temas abordados nesta aula, os seguintes capítulos dos livros constantes das referências bibliográficas podem ser consultados: Longenecker et al. (2018, cap. 5). Lemes Júnior (2010, cap. 2). Machado, Hilka. Reflexões sobre concepções de família e empresas familiares. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 2, p. 317-323, mai./ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/pe/v10n2/v10n2a19.pdf>. Acesso em 04 Mar. 2019. UNIDADE II – MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Prezado(a) aluno(a), na primeira unidade estudamos o processo empreendedor. Vimos os tipos e características dos empreendedores, as distintas formas de se montar um empreendimento e também um tipo de empresa especial: as empresas familiares. Nesta Unidade II veremos em detalhes as pequenas empresas. O que é uma pequena empresa, qual a sua realidade e importância hoje, no Brasil e no mundo; quais seus principais problemas e causas do seu fracasso. Por fim, estudaremos os aspectos legais, como abrir uma empresa e as instituições e programas no Brasil apoiam as micro e pequenas empresas. Vamos lá? http://www.scielo.br/pdf/%0D/pe/v10n2/v10n2a19.pdf 35 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 2.1 REALIDADE E IMPORTÂNCIA DAS MPE O que é uma pequena empresa? Como classificar uma micro, pequena, média ou grande empresa? Há algum critério universalmente aceito? Não há um padrão único usado para definir o tamanho das empresas, seja no Brasil ou nos demais países. Até mesmo dentro de um país, dependendo da região e da organização avaliadora, os critérios podem variar. Para refletir: Mesmo que não haja um critério único, você poderia dizer quais variáveis poderiam ser avaliadas para se definir o tamanho da empresa? Acertou se disser itens como seu faturamento ou receita, o valor de seus ativos e a quantidade de funcionários. Intuitivamente, se compararmos uma empresa com vendas anuais de R$ 100 milhões e 1000 funcionários a uma empresa com faturamento de R$ 1 milhão e 50 funcionários, podemos inferir que a primeira é bem maior que a segunda. O Estatuto Nacional da MPE18, estabelecido pela Lei Complementar Federal 123 de dez/2006 e suas sucessoras, define uma microempresa aquela que tem receita bruta anual inferior a R$ 360.000,00 e a empresa de pequeno porte aquela cujo faturamentoesteja compreendido entre R$ 360.000,01 e R$ 4.800.000,00. Esses valores são atualizados periodicamente. Por isso é importante pesquisar e se atualizar. Mas, além da receita, como dissemos, há outros critérios para se definir o porte de uma empresa, conforme tabela 2. Tabela 1 – Critérios para determinação do porte da empresa Critérios Microempresa Pequena empresa 18Disponível em: < http://www.leigeral.com.br/legislacao/detalhes/6689-Lei-Complementar-123- 2006-Estatuto-Nacional-da-Micro-e-Pequena-Empresa >. Acesso: 04 Mar. 2019. http://www.leigeral.com.br/legislacao/detalhes/6689-Lei-Complementar-123-2006-Estatuto-Nacional-da-Micro-e-Pequena-Empresa http://www.leigeral.com.br/legislacao/detalhes/6689-Lei-Complementar-123-2006-Estatuto-Nacional-da-Micro-e-Pequena-Empresa 36 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Simples nacional – Receita bruta até R$ 360 mil até R$ 4,8 milhões SEBRAE (indústria e construção)–número de empregados até 19 de 20 a 99 SEBRAE (comércio e serviço)- número de emprega- dos Até 9 de 10 a 49 MERCOSUL Resol. 59/08 (indústria) - receita até US$ 400 mil até US$ 3,5 milhões MERCOSUL Resol. 59/08 (comércio e serviços) - receita até US$ 200 mil até US$ 1,5 milhão Fonte: adaptado e atualizado de Lemes Júnior (2010, p. 44) Nos demais países também não há um critério único para classificação do porte de uma empresa. Nos EUA, uma empresa com até 500 funcionários é considerada de pequeno porte; já na União Europeia (UE) o critério é parecido como brasileiro, ou seja, a micro empresa vai de 1 a 9 empregados e a pequena empresa, de 10 a 4919. Já Leone e Leone (2012) apresentam diversos critérios para se tentar mensurar o tamanho de uma empresa. São critérios quantitativos: • Número de empregados; • Volume anual de vendas; • Faturamento (ou receita) anual bruto; • Capital Social, Estrutura de Financiamento, Valor do Passivo, Valor do Patrimônio Líquido; • Valor do Ativo Imobilizado; • Consumo de energia; • Centros de lucros; • Quantidade de dirigentes; • Quantidade de contratos; 19Lemes Júnior (2010, p. 44-45) 37 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Quantidade de produtos; • Participação no mercado. • São critérios qualitativos: • Gestão centralizada; • Estrutura organizacional simples; • Pouca especialização; • Sistema de informação simples; • Recursos escassos; • Tomada de decisão intuitiva; • Falta de dados quantitativos. O quadro 2 apresenta, de forma sucinta, alguns diferenciais entre pequenas e grandes empresas no tocante às diversas variáveis de comparação. Quadro 2 – Diferenças entre Pequenas e Grandes Empresas. Característica Grande Empresa Pequena Empresa Adaptabilidade Pequena Grande Administração Profissional Pessoal ou familiar Capacidade de interpretar e utilizar políticas e dispositivos legais Grande Pequena Capacidade de utilizar especialistas Grande Pequena Capacitação profissional Especializada Não-especializada Capital Dissolvido Concentrado Concentração de recursos Capital Trabalho Decisão Descentralizado Centralizado 38 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Estrutura Organizada Informal Flexibilidade Grande Pequena Forma jurídica Sociedade anônima Limitada Ganhos de escala Grandes Pequenos Recursos financeiros Abundantes Escassos Sistemas de informação Complexos, formalizados e informatizados Simples, informais e manuais (mecaniza- dos) Utilização de tecnologia Alta Baixa (artesanal) Fonte: adaptado de Kassai (1997, p.5) apud Leone e Leone (2012) O professor Waldyr Fortes, da Universidade Estadual de Londrina (UEL) escreveu um artigo no qual avalia essa profusão de critérios nos seguintes termos: • verifica-se que existe um grande número de tentativas para se conceituar as pequenas e médias empresas, que consideram o número de funcionários e o critério de faturamento, mas nenhum deles satisfaz plenamente a necessidade de uma caracterização que considere as peculiaridades regionais, os ramos de negócios, o maior ou menor emprego de mão-de-obra e o alcance dessas empresas • concluindo que um critério geral baseado apenas em uma variável não é suficiente para se caracterizar plenamente o porte da empresa (FORTES, 2014). • O mesmo autor sugere a utilização de um gabarito20 para determinação do porte da empresa, baseado em 29 variáveis, tais como origem do empresário e do capital, estrutura da organização, nível de assessoramento, atividades de 20 Disponível em: <http://www.portal- rp.com.br/bibliotecavirtual/outrasareas/administracao/0007.htm>. Acesso em 24 Jul. 2014. http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/outrasareas/administracao/0007.htm http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/outrasareas/administracao/0007.htm 39 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS pesquisa e desenvolvimento, processo de vendas, área de operação, nível de reinvestimento, dentre outros. Para refletir: E por que é importante se determinar o porte da empresa e se estudar as micro e pequenas empresas? Em primeiro lugar, a depender do tamanho da empresa, o diagnóstico de problemas e proposições de soluções podem ser bastante diferentes. Por exemplo, uma falta de mão de obra especializada em uma grande empresa pode demandar ações distintas do que ter o mesmo problema em uma microempresa. Assim, mesmo que houvesse poucas empresas, seu estudo seria relevante para entender sua estrutura e funcionamento, de modo a permitir à Ciência da Administração auxiliá-las em seu desenvolvimento. Entretanto, elas não são poucas, ao contrário, 99% das empresas são classificadas como micro ou pequenas empresas, seja no Brasil ou nos Estados Unidos (no restante do mundo ocorre o mesmo). Ou seja, é um equivoco dizer que por ser de pequeno porte sua importância é baixa. Segundo Longenecker et al. (2018, p.7), nos EUA, as pequenas empresas: • Representam mais de 99,7% de todos os empregadores. • Empregam mais da metade de todos os funcionários do setor privado. • Pagam 44,5% do total da folha de pagamento privada dos Estados Unidos. • Geram, anualmente, de 60% a 80% de todos os novos postos de trabalho. • Produzem 13 a 14 vezes mais patentes por empregado que as grandes empresas produtoras de patentes. No Brasil, a situação não é diferente. Veja, no gráfico apresentado na figura 6, a participação relativa das MPE no total de estabelecimentos, empregos e massa de remuneração paga aos empregados formais de 2005 a 2015. Na pesquisa foram consideradas as empresas privadas não agrícolas. 40 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Figura 7– Participação relativa das MPE na economia. Fonte: MTE. Rais – Anuário das MPEs 2015 do SEBRAE/DIEESE21 Repare que cerca de 99% dos empreendimentos, 54% dos empregos e 44% da massa salarial vêm de micro e pequenas empresas. Segundo o mesmo relatório, em 2015 havia no Brasil em torno de 6,8 milhões de empresas de micro e pequeno portes e o crescimento médio do número de MPE no período entre 2005 e 2015 foi de 2,5% ao ano. A figura 7 mostra a distribuição das MPE no Brasil por setor de atividade econômica entre 2005 e 2015. Note que, ao longo desses anos, o ramo da indústria se manteve relativamente estável, com pequena queda, o do comércio diminuiu 9 pontos percentuais, enquanto os setores de construção e serviços cresceram, aproximadamente, 2 e 7 pontos percentuais respectivamente. 21 Disponível em: <https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioDosTrabalhadoresPequenosNegocios.pdf>. Acesso em 04 Mar. 2019. https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioDosTrabalhadoresPequenosNegocios.pdf41 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Figura 7.1 – Distribuição das micro e pequenas empresas por setor de atividade econômica. Fonte: MTE. Rais – Anuário das MPEs 2015 do SEBRAE/DIEESE18. Segundo o relatório do SEBRAE/DIEESE (2017, p.39) a queda das participações relativas do comércio e da indústria ocorreu porque o ritmo de expansão das MPEs nesses setores foi inferior à média das MPEs no país. O comércio cresceu 0,6% a.a., a indústria 2,0% a.a contra 2,5% a.a. na média nacional. Já o crescimento das participações relativas dos serviços e da construção está associado ao ritmo mais acelerado de criação de novas empresas nesses setores, com taxas de crescimento anual de 4,6% a.a. e 8,4% a.a., respectivamente. O maior dinamismo do dos serviços pode estar associado às mudanças progressivas na distribuição da renda pessoal e ao aumento do consumo das famílias no período, além de ser um movimento esperado para as economias de renda média, como a brasileira. Já o dinamismo da construção pode estar associado, principalmente, ao aquecimento do setor imobiliário no país e também aos programas de investimento em infraestrutura que foram anunciados no período. Agora que já entendemos sua importância na Economia, quais seriam as vantagens competitivas que as micro e pequenas empresas levam em relação àquelas de médio e grande portes? Para Fortes (2014), são vantagens das pequenas empresas: 42 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Flexibilidade e capacidade de adaptação. Por serem menores e mais ágeis se adaptam melhor a novas situações e conjunturas. • Mobilidade. Mudam rapidamente sua linha de produtos para se adequar a exigências do mercado. • Decisões rápidas. A menor burocracia permite decisões mais ágeis. • Contato direto com os clientes. A estrutura enxuta permite que os gestores fiquem próximos dos clientes, ouvindo suas demandas diretamente, sem intermediários. • Informalidade comportamental. As relações mais pessoais favorecem a compreensão e a união de esforços. • Sentimento de grupo. A informalidade faz com que os funcionários desenvolvam um senso de pertencimento e busquem participar das decisões empresariais. • Baixo ponto de equilíbrio. Com custos fixos mais baixos, a empresa consegue sobreviver com uma produção menor. • Independência e liberdade de ações. Como a cúpula se resume a um ou poucos sócios, a liberdade de decisões é ampliada. • Maior criatividade e iniciativa. Costumam ser mais audaciosas e abertas às inovações. • Volume reduzido de investimentos. Com estrutura administrativa e burocrática menor, exigindo baixos investimentos, mais recursos podem ser destinados ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. • Antecipação ao mercado. A estrutura enxuta, o contato direto com clientes e a capacidade inventiva fazem com que as pequenas empresas sejam mais ágeis e antecipem-se ao mercado. • Atenção aos detalhes. Como têm menor número de clientes, podem reduzir a padronização e customizar produtos e serviços, • Contudo, o mesmo autor levanta algumas das desvantagens das empresas de pequeno porte em relação às suas concorrentes maiores: 43 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS • Dificuldade de acesso a fontes de crédito. Apesar de linhas especiais de crédito para esse tipo de empresa, as garantias exigidas a formalidade dos procedimentos dificultam o acesso a crédito a baixo custo. • Escassez de matéria prima. Os fornecedores dão preferência (em prazo e custo) às grandes encomendas, reduzindo a competitividade das pequenas empresas. • Mentalidade empresarial restrita. Os empresários atuam isoladamente, com dificuldades para reivindicações grupais. • Indefinição da estrutura operacional. A impossibilidade de o empresário administrar tudo e a tendência à centralização acabam por tornar a estrutura da empresa indefinida, dificultando a padronização de tarefas e perpetuando vícios e distorções organizacionais. • Instabilidade constante. O fato de as pequenas empresas viverem na dependência de grandes empresas ou de um mercado sobre o qual elas têm baixo controle, dificultam o planejamento de longo prazo. • Falta de especialização. Tendência à mudança constante de atividades, de modo a atender às mais variadas demandas, faz com que as pequenas empresas não aprofundem o conhecimento em um mesmo ramo empresarial. • Dificuldade na análise do ambiente externo. O empreendedor fica restrito ao seu ambiente interno e o baixo nível de assessoramento faz com que ele tenha dificuldade de entendimento do ambiente macroeconômico. • Sistemas de controle precários. O controle geralmente é realizado pelo proprietário de modo informal e não sistemático, reduzindo as chances de identificação de problemas e proposição de melhorias. • Problemas tecnológicos. Uso de tecnologia mais simples e barata, reduzindo a eficiência do negócio. • Dificuldades de recrutamento de pessoal. As vantagens oferecidas pelas grandes empresas reduzem a atratividade das pequenas na contratação de profissionais qualificados. Devido a esses problemas, é muito alta a taxa de fracasso das micro e pequenas empresas. Na próxima aula estudaremos as causas de insucesso e principais erros cometidos pelas MPE. 44 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Aprimore seus estudos: Para você se aprofundar nos estudos dos temas abordados nesta aula, os seguintes capítulos dos livros constantes das referências bibliográficas podem ser consultados: Longenecker et al. (2018, cap. 1). Lemes Júnior (2010, cap. 2). Koteski, Marcos. As micro e pequenas empresas no contexto econômico brasileiro. Revista FAE BUSINESS número 8 maio 2004. Disponível em: <http://img.fae.edu/galeria/getImage/1/16570546884843246.pdf>. Acesso em 04 Mar. 20 2.1.1 Problemas enfrentados pelas MPE Na aula anterior estudamos o que é uma MPE e sua importância e realidade atual, ressaltando as vantagens e desvantagens em relação às empresas de maior porte. Vários são os problemas enfrentados pelas MPE devido a essas desvantagens e nesta aula estudaremos as causas das dificuldades e principais erros cometidos por essas empresas, o que eleva sua taxa de fracasso e mortalidade. Pesquisa do SEBRAE, que acompanhou o histórico de empresas fundadas em 2006, mostra que no Brasil 27% não sobreviveram a 2 anos de existência, conforme figura 5. Figura 8 – Taxa de mortalidade de empresas de 2 anos para empresas constituídas em 2006 http://img.fae.edu/galeria/getImage/1/16570546884843246.pdf 45 1° Semestre GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Fonte: SEBRAE-NA (2011) 22 Estudo mais recente do SEBRAE de 2016, considerando empresas constituídas entre 2008 e 2012 nos diversos setores, pode-se constatar que em média 77% das empresas sobrevivem por mais de 2 anos, enquanto 23% fecham as portas nesse período. A figura 5.2 apresenta o gráfico da pesquisa. Figura 9 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, por setor Fonte: SEBRAE-NA (2011) 23 Uma ressalva deve ser feita aqui. É importante observar que a diferença de metodologia utilizada no estudo, que incluiu as microempresas individuais (MEI) apenas a partir de 2010, fez com que os números de 2008 e 2009 (dois primeiros no gráfico em cada setor) sejam bastante diferentes dos três últimos. Por exemplo, na Indústria, das empresas constituídas em 2008 e 2009, 59% sobreviviam por mais de 2 anos enquanto daquelas constituídas entre 2010 e 2112, em média 81% sobreviviam mais de 2 anos. Isto não se deve a algum fator externo que aumentou a sobrevida, mas à mudança de método, que incluiu as MEI na pesquisa. Corroborando as pesquisas do SEBRAE, a tabela 2, mostra o índice de mortalidade em relação ao tempo de vida da empresa segundo
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