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ELISAMARA DE OLIVEIRA Atualizado e revisado por É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1 . Introdução: empreendedorismo e empreendedores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1 Empreendedor e empreendedorismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 1.2 Características e comportamento do empreendedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 1.3 O empreendedor, o líder e a liderança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 1.4 Empreendedor x administrador x gerente tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 2 . As diferentes visões do perfil do empreendedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.1 Chiavenato: o executor e o administrador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 2.2 Degen: sacrifício pessoal ou não . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.3 Dolabela: o motor da economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 2.4 Dornelas: oito tipos de empreendedores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.5 Empresarial, intraempreendedor, público e social: os quatro contextos do empreendedorismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3 . Empreendedorismo no Brasil e na área de TI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3.1 O empreendedorismo brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 3 .2 Situação do empreendedorismo no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.3 racassos no cenário corporativo brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.4 Empreendedorismo em TI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.5 O empreendedor na área de TI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 4 . Plano de negócios - primeira parte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 4.1 O que é o plano de negócios e para que serve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Estrutura do plano de negócios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 4.3 Sumário executivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 4.3.1 Caracterização do empreendimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.3.2 Dados dos empreendedores, experiência profissional e atribuições . . . 51 4.3.3 Definição da missão e vda isão da empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4.3.4 Definição da estratégia empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.3.5 Setor de atividade, forma jurídica e enquadramento tributário. . . . . . . 55 4.3.6 Capital social e fontes de recursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 4 .4 Análise de mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.5 Produtos e serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 5 . Plano de negócios - segunda parte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.1 Estratégia de marketing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.1.1 Os quatro Ps do marketing: produto, preço, praça, promoção . . . . . . . 62 5.1.2 Os outros quatro Ps do marketing: pessoas, processos, posicionamento e performance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5.2 Plano operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 5.3 Plano de recursos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 5.Plano financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76 6 . Empreendedorismo e inovação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 6.1 O empreendedor e a inovação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 6.2 Investidores x empreendedores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 6.3 Organização exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Pág. 5 de 96 INTRODUÇÃO Prezado aluno, será que você já sonhou em ter um negócio próprio, ser dono do seu horário de trabalho, faturar alto, poder gastar sem se preocupar com a entrada de recursos financeiros? Se já teve esse pensamento, certamente ficou com receio de perder o seu salário mensal, das pressões de clientes e fornecedores e da sociedade à sua volta. Provavelmente já ouviu dizer que ter negócio próprio implica duplicar e, às vezes, triplicar a sua jornada de trabalho, em detrimento do seu lazer, família, amigos e/ou entretenimento, não é mesmo? Ao pensarem nesse assunto, as pessoas pesam os prós e contras de empreender, e a maioria passa a achar que o melhor é passar em um bom concurso público e “garantir uma aposentadoria tranquila”. Seja qual for o seu sonho, o material que preparamos objetiva possibilitar que você adquira conhecimentos relativos aos fundamentos da gestão e do empreendedorismo, mesmo que você decida não seguir esse caminho. Em um evento sobre empreendedorismo, um dos sócios de uma grande empresa brasileira disse claramente que o empreendedor precisa, acima de tudo, de paixão pelo trabalho, coragem e uma dose de loucura! Para Dornelas, autor de reconhecido sucesso, o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos e tem uma a visão futura da organização (Dornelas, 2001). E aí fica a pergunta: ser empreendedor é algo que já nasce conosco, um traço da personalidade ou algo que nos tornamos em função de necessidades ou da agregação de novas técnicas administrativas, conhecimentos e/ou sabedoria? Resposta difícil, não? Este material foi baseado em textos extraídos e compilados de diversas fontes, referenciadas ao longo das páginas e listadas no final. Iremos falar sobre o empreendedorismo tratando do seu histórico e suas definições, as competências e comportamentos dos empreendedores de sucesso e as diferenças existentes entre o empreendedorismode startup (incubadora) e o empreendedorismo corporativo. Depois, apresentaremos a principal ferramenta do empreendedor, o plano de negócios, mostrando do que se trata, quais são suas finalidades e qual a sua estrutura. Então vamos lá. Se você quiser tentar sonhar com um pouco mais de bagagem, vamos juntos nesta viagem nas próximas páginas deste material. Pág. 6 de 96 1. INTRODUÇÃO: EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORES Caro aluno, um aspecto fundamental ao empreendedor é a formação continuada. Estudar e manter-se atualizado é essencial para evoluir como pessoa, cidadão e indivíduo. Neste momento, serão abordados o tema empreendedorismo e o perfil de um empreendedor. Sigamos juntos. 1.1 Empreendedor e empreendedorismo De acordo com Chiavenato (2012, p. 3), o termo empreendedor vem do francês entrepreneur, que significa aquele que assume riscos e começa algo inteiramente novo. Esse termo também é utilizado na língua inglesa. O autor diz que o empreendedor é aquele que abre negócios, funda empresas ou impulsiona negócios estabelecidos e ainda fornece a energia que alavanca novas ideias, move a economia, cria oportunidades de empregos e impulsiona talentos e competências. Empreendedor é um termo utilizado para qualificar, principalmente, o indivíduo que apresenta, de uma forma especial e inovadora, dedicação às atividades de idealização, organização, administração e execução resultando na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos (mercadorias) ou serviços (PARREIRA, 2013, p. 12). De acordo com o Sebrae (2017b), podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo e parte para a ação. Ser empreendedor significa, acima de tudo, ser um realizador que produz novas ideias através da congruência entre criatividade e imaginação. O empreendedorismo (entrepreneurship, em inglês) reflete a prática de criar novos negócios ou revitalizar aqueles já existentes. Por isso essa prática está associada com riscos e incertezas. Empresas como Google, YouTube, Amazon, Facebook etc. enfrentaram grandes riscos quando a internet e as TICs (tecnologias da informação e comunicação) estavam em seus primórdios. FIGURA 1 – Entrepreneur Fonte: bleakstar/ shutterstock 7 Pág. 7 de 96 Dolabela (1999b) utiliza o termo empreendedorismo em seu sentido amplo, considerando-o como uma forma de ser e não de fazer. Está incluído nesse conceito, por exemplo, o empregado-empreendedor, também denominado intraempreendedor, o pesquisador- empreendedor, o empreendedor comunitário, o funcionário público empreendedor etc. De acordo com Dornelas (2007), em qualquer definição de empreendedorismo, deve-se encontrar pelo menos os seguintes aspectos ligados ao empreendedor: • Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz. • Capacidade de utilizar os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive. • Clareza quanto a assumir os riscos e a possibilidade de fracassar. Segundo Chiavenato (2012), o empreendedorismo tem sua origem na reflexão dos pensadores econômicos dos séculos XVIII e XIX, conhecidos defensores do liberalismo econômico. Esses pensadores defendiam que a ação da economia era refletida pelas forças livres do mercado e da concorrência. O empreendedorismo é visto como a força-motriz que direciona a inovação e promove o desenvolvimento econômico. Ao longo da história, vários pesquisadores e empreendedores forneceram suas contribuições para o entendimento e o desenvolvimento do empreendedorismo. O quadro 1 apresenta as principais delas. FIGURA 2 – Entrepreneurship Fonte: Rawpixel.com/ shutterstock Pág. 8 de 96 QUADRO 1 – Contribuições ao desenvolvimento do empreendedorismo Ano Autor Contribuição 1961 McClelland Identifica três necessidades do empreendedor: poder, afiliação e sucesso (sentir que se é necessário). Afirma que “o empreendedor manifesta necessidade de sucesso”. 1966 Rotter Identifica o locus de controle interno e externo: “o empreendedor manifesta lócus de controle interno”. 1970 Drucker O comportamento do empreendedor reflete uma espécie de desejo de colocar sua carreira e sua segurança financeira na linha de frente e correr riscos em nome de uma ideia, investindo muito tempo e capital em algo incerto. 1973 Kirsner “Empresário é alguém que identifica e explora desequilíbrios existentes na economia e está atento ao aparecimento de oportunidades.” 1982 Casson “O empreendedor toma decisões criteriosas e coordena recursos escassos.” 1985 Sexton e Bowman “O empreendedor consegue ter uma grande tolerância à ambiguidade.” 1986 Bandura “O empreendedor procura a autoeficácia: controle da ação humana através de convicções que cada indivíduo tem para prosseguir autonomamente na procura de influenciar a sua envolvente para produzir os resultados desejados.” 2002 William Baumol “O empreendedor é a máquina de inovação do livre mercado.” Fonte: Chiavenato (2012, p. 8). 1.2 Características e comportamento do empreendedor Uma concepção mais atual para o empreendedor é alguém que inova e é agente de mudanças. Com o objetivo de descobrir e compreender o que leva uma pessoa a empreender, diversos pesquisadores investigaram as características pessoais e atitudinais dos empreendedores, além de buscar o sistema de valores que se relaciona com o comportamento típico destes. Pág. 9 de 96 Parreira Jr. (2013) relata que uma das razões para a existência de grandes civilizações, segundo os historiadores, é que os heróis nacionais seriam tomados como modelos pelas gerações seguintes, que imitariam os seus comportamentos e, a partir daí, se capacitariam a superar obstáculos e a aumentar os limites do possível. De acordo com o autor, ainda não se conseguiu definir um perfil psicológico genérico de empreendedor, cientificamente comprovado, em função dos variados fatores que são capazes de influenciá-lo. Além disso, o perfil do empreendedor tende a ser bastante modificado ao longo do tempo em que atua no mercado. Por exemplo, empreendedores que começaram há dois ou três anos têm perfil diferente dos que atuam há 20 anos ou mais. Outros fatores, como região de origem, nível educacional, crenças religiosas e cultura familiar, também influenciam o perfil e devem ser levados em consideração quando pesquisas forem conduzidas. Especialistas afirmam que o empreendedorismo é essencial na busca pelo sucesso profissional, pois o empreendedor desenvolve e aperfeiçoa sua capacidade de gestão, ficando mais bem preparado para o ambiente de incertezas do mundo corporativo. O interessante é que todos nós temos um determinado grau de empreendedorismo, pois: • acreditamos em nosso potencial criativo e dispomo-nos a superar obstáculos e aumentar nossos limites; • assumimos diferentes papéis pessoais e profissionais e para cada um deles temos diferentes planos e projetos; • estamos sempre construindo algo, o que nos impulsiona a crescer e ir em busca da realização de nossos sonhos. Na jornada da vida, o fracasso não pode ser um empecilho para o alcance de nossos objetivos, mas deve ser entendido como um pequeno e temporário atraso que vai nos permitir testar nossa resistência e capacidade de superação. Ao liberarmos em nós a vontade de sonhar e transformar nossos sonhos em realidade, libertamos o empreendedor que existe em nós. Um empreendedor não almeja apenas ganhar dinheiro, ser independente ou realizar um sonho. Junto com isso, traz a vontade de superar as dificuldades FIGURA 3 – Empreendedor como agente de mudanças e inovação Fonte: everything possible/ shutterstock Pág. 10 de 96 para transformar seu negócio em algo bem-sucedido e seguir firme em busca de concretizar seus objetivos. SAIBA MAIS Antes de se aprofundar nos estudos, caro aluno, teste seu perfil. É uma maneira de poder aproveitar melhoro material deste tópico. O teste da Endeavor está disponível em: http://quiz.endeavor.org.br/ perfilempreendedor/. De acordo com o Sebrae (2016a), “iniciativa, visão estratégica, capacidade de liderança e capacitação constante são algumas das competências de um bom empreendedor”. O empreendedor deve ter uma visão mais ampla e crítica e deve saber apoiar cada pessoa da sua equipe a ajustar o seu comportamento e seu trabalho para que os objetivos possam ser alcançados e para que cada um encontre a sua motivação e a sua satisfação pessoal. O líder empreendedor deve basear sua gestão na confiança, na valorização das pessoas, na colaboração e em um processo de comprometimento profissional e emocional, aberto ao diálogo. O Sebrae (2017a) elenca 10 dez características essenciais do comportamento empreendedor: [1] Busca oportunidades e tem iniciativa: desenvolve a capacidade de se antecipar aos fatos e de criar oportunidades de negócios com novos produtos e serviços. Um empreendedor com essas características bem trabalhadas: - Age com proatividade, antecipando-se às situações - Busca a possibilidade de expandir seus negócios - Aproveita oportunidades incomuns para progredir [2] É persistente: desenvolve a habilidade de enfrentar obstáculos para alcançar o sucesso. A pessoa com essas características: - Não desiste diante de obstáculos - Reavalia e insiste ou muda seus planos para superar objetivos - Esforça-se além da média para atingir seus objetivos [3] Corre riscos calculados: tem disposição de assumir desafios e responder por eles. O empreendedor com esta característica: - Procura e avalia alternativas para tomar decisões - Busca reduzir as chances de erro - Aceita desafios moderados, com boas chances de sucesso Pág. 11 de 96 [4] Exige qualidade e eficiência: tem disposição e inclinação para fazer sempre mais e melhor. Um empreendedor com essa característica: - Melhora continuamente seu negócio ou seus produtos - Satisfaz e excede as expectativas dos clientes - Cria procedimentos para cumprir prazos e padrões de qualidade [5] Tem comprometimento: envolve sacrifício pessoal, colaboração com os colaboradores e esmero com os clientes. O empreendedor comprometido: - Traz para si mesmo as responsabilidades sobre sucesso e fracasso - Atua em conjunto com a sua equipe para atingir os resultados - Coloca o relacionamento com os clientes acima das necessidades de curto prazo [6] Busca informações: envolve a atualização constante de dados e informações sobre clientes, fornecedores, concorrentes e sobre o próprio negócio. Este empreendedor: - Envolve-se pessoalmente na avaliação do seu mercado - Investiga sempre como oferecer novos produtos e serviços - Busca a orientação de especialistas para decidir [7] Estabelece metas: saber estabelecer objetivos que sejam claros para a empresa, tanto em longo como em curto prazo. Assim, o empreendedor: - Persegue objetivos desafiadores e importantes para si mesmo - Tem clara visão de longo prazo - Cria objetivos mensuráveis, com indicadores de resultados [8] Utiliza planejamento e monitoramento sistemáticos: desenvolve a organização de tarefas de maneira objetiva, com prazos definidos, a fim de que os resultados possam ser medidos e avaliados. O empreendedor com essa característica bem trabalhada: - Enfrenta grandes desafios, agindo por etapas - Adequa rapidamente seus planos às mudanças e variáveis de mercado - Acompanha os indicadores financeiros e os leva em consideração no momento de tomada de decisão [9] Tem persuasão e rede de contatos: utiliza estratégia para influenciar e persuadir pessoas e se relacionar com pessoas chave que possam ajudar a atingir os objetivos do seu negócio. Dessa forma, este empreendedor: - Cria estratégias para conseguir apoio para seus projetos - Obtém apoio de pessoas chave para seus objetivos - Desenvolve redes de contatos e constrói bons relacionamentos comerciais Pág. 12 de 96 [10] Tem independência e autoconfiança: desenvolve a autonomia para agir e manter sempre a confiança no sucesso. Um empreendedor que possui essa característica: - Confia em suas próprias opiniões mais do que nas dos outros - É otimista e determinado, mesmo diante da oposição - Transmite confiança na sua própria capacidade FIGURA 4 – Busca de informações pelos empreendedores Fonte: OPOLJA/ shutterstock Pág. 13 de 96 ATIVIDADE REFLEXIVA Caro aluno, faça uma reflexão sobre os mandamentos do empreendedor elencados a seguir e responda à pergunta: você acredita que seja um empreendedor? Mandamentos do empreendedor • Faça o trabalho que for necessário para que seu projeto dê certo, independentemente de sua função/cargo. • Compartilhe os créditos do sucesso. • Lembre-se, é preferível errar pela ação do que pela omissão. • Trabalhe com motivação e aprenda a gostar do que faz. • Peça conselho antes de pedir recursos. • Siga sua intuição a respeito das pessoas, trabalhe com os melhores. • Prepare-se antes de divulgar sua ideia. • Nunca aposte em uma corrida se não estiver participando. • Seja verdadeiro com suas metas, mas realista sobre os meios para atingi-las. Seja comprometido com seus superiores, a organização e seus patrocinadores! Fonte: Dornelas (2009, p. 82). 1.3 O empreendedor, o líder e a liderança Em função das características de impulsionador de negócios, o papel do empreendedor é confundido com o de líder. Apesar de os conceitos serem próximos e de existirem muitos casos de empreendedores que se tornam líderes famosos, esses papéis apresentam características distintas. Vejamos. De acordo com o Guia Empreendedor (2017), as diferenças entre empreendedor e líder podem ser caracterizadas como mostra o quadro 2. Pág. 14 de 96 QUADRO 2- Características do empreendedor e do líder Empreendedor Líder Motiva as pessoas a fazer. Inspira as pessoas. O poder do empreendedor está relacionado ao seu conhecimento e propriedade em relação a um assunto. O líder tem seu poder concedido pelas pessoas, em função da sua autoridade moral, sua capacidade de cooperação e sua empatia. O empreendedor busca demonstrar a importância que as ações das pessoas têm para o sucesso do projeto. O líder é alguém que consegue reunir várias pessoas em torno de uma causa ou motivo, inspirando-as a atingir seu potencial total. O empreendedor é mais destemido e reage de forma mais natural ao erro, aprendendo com ele e entendendo-o como parte de sua função. O líder procura evitar o erro e busca agir com parcimônia, de forma a garantir que suas ações tenham o resultado almejado. O empreendedor está sempre em busca de inovações que vão além do senso comum; procura não se adequar a rótulos enquanto se empenha em desenvolver novos projetos, novas estratégias e novas formas de agir. O líder busca envolver as pessoas que estão inseridas no ambiente, seja ele empresarial ou não, e influenciá-las de acordo com as necessidades da empresa ou comunidade. O empreendedor, no constante desejo por mudança, age com mais prontidão e é mais propenso a ser ansioso; almeja resultados rápidos e por causa disso toma atitudes mais ousadas e dinâmicas. O líder geralmente tem mais paciência e acredita na obtenção de resultados de longo prazo, com o aperfeiçoamento e o fortalecimento pessoal do indivíduo. Fonte: Baseado em Guia Empreendedor (2017). Apesar das diferentes características, um empreendedor que deseja transformar sua ideia em um negócio bem-sucedido necessita desenvolver o perfil de líder para que consiga inspirar e motivar as pessoas que fazem parte de seu projeto a atingir seus potenciais em busca de bons resultados. Caso não consiga ser um bom líder, deve procurar manter um em sua equipe. O mundo corporativo oferece um ambiente de altíssima competitividade, e um dos requisitos básicos de sobrevivência de uma empresa é a presença de um profissional com habilidade de acompanhar, motivar e fazer a gestão de equipes de maneira eficiente e eficaz. Esse profissionalé o líder, que tem a função de coordenar os trabalhos dos colaboradores, de forma a garantir que os processos sejam executados de maneira correta para que os resultados planejados sejam alcançados dentro dos prazos definidos e, se possível, que superem as expectativas. Pág. 15 de 96 No entanto, há diferentes tipos de liderança que podem influenciar diretamente no comportamento e no comprometimento dos colaboradores com as metas corporativas. De acordo com Espíndola (2017), podemos identificar os seguintes tipos: 1. Autoritária: é geralmente o tipo mais presente nas empresas atuais. A liderança autoritária tem foco na execução de demandas, seguindo de forma rigorosa regras pré-estabelecidas, definindo as decisões a ser tomadas sem envolver a participação de outros colaboradores. Pode implicar sérios quadros de desmotivação, gerando improdutividade. O líder autocrático é o chefe, costuma ser dominador e temido pela equipe, que só trabalha quando ele se encontra presente. 2. Liberal: o líder deixa os colaboradores mais livres para exercerem suas funções e tomarem suas próprias decisões, podendo ser uma liderança eficiente, por deixar a equipe mais motivada. O perigo seria o de algum colaborador irresponsável acomodar-se com tal liberdade, negligenciando suas tarefas, e se dispersar pela falta de controle. Há que se ter cuidado. 3. Visionária: o líder que possui grande senso de oportunidade e otimismo nas funções que desempenha é empreendedor e está disposto a correr riscos, exerce uma liderança visionária. Esse tipo de liderança reconhece a importância dos colaboradores para a obtenção de bons resultados e busca motivá-los constantemente. 4. Democrática: esse tipo de liderança permite que os colaboradores participem das decisões importantes, aceita ideias, sugestões e críticas, com o objetivo de aperfeiçoar as atividades e a organização como um todo. Esse líder incentiva a participação de todos, oferece espaço para uma comunicação interna mais efetiva e cria bons laços de relacionamentos com as pessoas de sua equipe. 5. Situacional: o líder escolhe o tipo de liderança de acordo com o trabalho que será executado e as pessoas envolvidas, de forma a adaptar a escolha à situação. O líder tanto pode ordenar os colaboradores a cumprir ordens como também consultá-los antes de tomar decisões. Líderes bem-sucedidos conseguem adaptar seu comportamento de acordo com as necessidades corporativas e de seus liderados. 6. Motivadora: o líder motivador está sempre em busca de alcançar os objetivos agindo sobre o emocional de seus colaboradores, que, motivados, expressam potenciais ignorados ou Figura 5 – Leadership – liderança Fonte: Rawpixel.com/ shutterstock Pág. 16 de 96 8. Técnica: o líder é respeitado por possuir maior conhecimento e capacidade técnica de destaque sobre assuntos de interesse. Suas decisões são respeitadas e seguidas pois transmite segurança aos liderados. Esse tipo de líder serve como modelo de sucesso a ser seguido em função de sua própria trajetória de dedicação, empenho e excelentes resultados alcançados. 1.4 Empreendedor x administrador x gerente tradicional O administrador vem sendo estudado há muito mais tempo que o empreendedor por meio de trabalhos publicados por renomados autores como Rosemary Stewart, Henry Mintzberg, Peter Drucker etc. Mesmo assim, há dúvidas sobre o seu real papel e suas atribuições. Esses autores afirmam que existem muitos pontos em comum entre o administrador e o empreendedor. Alguns dizem que os empreendedores são administradores, mas que se diferenciam dos gerentes e dos executivos tradicionais por serem mais ousados e visionários, enquanto estes se ocupam mais dos aspectos estratégicos do negócio. De acordo com Dornelas (2008, p. 19), as diferenças entre os domínios empreendedor e administrativo podem ser comparadas em cinco dimensões-chaves do negócio: orientação estratégica, análise das oportunidades, comprometimento dos recursos, controle dos recursos e estrutura gerencial, conforme mostra o quadro 3. desconhecidos. Em situações de crise, esse tipo de liderança é importante, pois consegue unir pessoas em torno de objetivos, estimulando toda a equipe a melhorar os processos e alcançar os resultados planejados. 7. Leader coach: funciona quando a liderança é baseada nos princípios do coaching, em que o líder costuma ser um exemplo a ser seguido. O leader coach estimula o desenvolvimento de novas habilidades e busca aprimorar as capacidades e competências de cada colaborador para potencializar seus resultados. FIGURA 6 – Coaching Fonte: Rawpixel.com/ shutterstock Pág. 17 de 96 QUADRO 3 - Comparação dos domínios empreendedor e administrativo Domínio empreendedor Dimensões-chave do negócio Domínio administrativo Percepção de oportunidades Orientação estratégica Controle dos recursos Revolucionário de curta duração Análise das oportunidades Revolucionário de longa duração Mínima utilização em estágios periódicos Comprometimento dos recursos Decisão tomada passo a passo com base em orçamento Uso mínimo dos recursos existentes Controle dos recursos Habilidade no emprego dos recursos Informal com muito relacionamento interpessoal Estrutura gerencial Formal com respeito à hierarquia Fonte: Dornelas (2008, p. 20). Dornelas (2008, p. 19) afirma que o empreendedor de sucesso leva consigo ainda uma característica singular, que é o fato de conhecer como poucos o negócio em que atua, o que leva tempo e requer experiência. Outro fator que diferencia o empreendedor de sucesso do administrador comum é o constante planejamento a partir de uma visão de futuro. Esse talvez seja o grande paradoxo a ser analisado, já que o ato de planejar é considerado uma das funções básicas do administrador desde os tempos de Fayol. [...] Então, não seria o empreendedor aquele que assume as funções, os papéis e atividades do administrador de forma complementar a ponto de saber utilizá-los no momento adequado para atingir seus objetivos? Neste caso o empreendedor estaria sendo um administrador completo, que incorpora as várias abordagens existentes sem se restringir a apenas uma delas e interage com seu ambiente para tomar as melhores decisões. Vamos considerar ainda a comparação entre o “gerente tradicional” e o empreendedor. O quadro 4, com base em Dornelas (2008), mostra que cabe ao gerente gerenciar os recursos disponíveis, enquanto que ao empreendedor cabe multiplicar os recursos e utilizá-los de forma surpreendente em favor próprio, da sociedade e do país. Pág. 18 de 96 QUADRO 4 - Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores Temas Gerentes tradicionais Empreendedores Motivação principal Promoção e outras recompensas tradicionais da corporação, como secretária, status, poder etc. Independência, oportunidade para criar algo novo, ganhar dinheiro. Referência de tempo Curto prazo, gerenciando orçamentos semanais, mensais etc. com horizonte de planejamento anual. Sobreviver e atingir cinco a dez anos de crescimento do negócio. Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente. Status Preocupa-se com o status e como é visto na empresa. Não se preocupa com status. Como vê o risco Com cautela. Assume riscos calculados. Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas. Aprende com erros e falhas. Decisões Geralmente concorda com seus superiores. Segue seus sonhos para tomar decisões. A quem serve Aos outros (superiores) A si próprio e a seus clientes. Histórico familiar Membros da família trabalham em grandes empresas. Membros da família possuem pequenas empresas ou já criaram algum negócio. Relacionamento com outras pessoas A hierarquia é a base do relacionamento. As transações e acordos são a base do relacionamento. Fonte: Dornelas (2008, p. 21). Pág. 19 de 96 ACONTECEU Empreendedor e administrador: diferenças, similaridades e dificuldades Por CláudioRaza, em 30 de junho de 2008 Administrar é uma arte, e empreender é transformar ideias em oportunidades. Essas colocações ou definições são muito simplórias para qualificar dois profissionais ou dois talentos importantíssimos no processo das organizações e dos negócios. Cada um tem seu perfil, seu valor e seu papel dentro das organizações e dos negócios e merecem estudos mais profundos e muita reflexão, mas darei a minha opinião no final do artigo. Antes, porém, vou citar alguns aspectos que acho importantes. Henry Fayol deixou-nos os cinco princípios da arte de Administrar, que são: Prever, agora modernizado para Planejar, Organizar, Comandar, agora utilizado Dirigir, Coordenar e Controlar. [...] No caso dos Empreendedores, aprendemos que são aqueles que assumem riscos, começam algo novo, criam empregos e prosperidades, são propulsores da economia, etc. As características dos Empreendedores também são bem distintas, são visionários, tomadores de decisões, fazem a diferença, identificam e exploram as oportunidades, são determinados, dinâmicos, dedicados, otimistas, constroem seu próprio destino, são líderes, organizados, planejadores, tem conhecimento do que faz, são bem relacionados (networking) e assumem riscos calculados. Existem algumas similaridades com o Administrador, mas também muitas diferenças, a saber: 1) Quanto à orientação estratégica: o Empreendedor tem a percepção de oportunidade, já o Administrador guia-se pelos critérios de desempenho. 2) Quanto à análise de oportunidades: o Empreendedor toma decisões rápidas, já o Administrador vê mais a redução dos riscos. 3) Quanto à alocação dos recursos financeiros e de mão de obra: o Empreendedor prioriza a eficiência, o Empreendedor vai pelo planejamento formal. 4) Quanto ao controle dos recursos: o Empreendedor é flexível, o Administrador valoriza o poder, o status e a recompensa. 5) Quanto à estrutura gerencial: o Empreendedor é informal, o Administrador é formal e segue a cultura organizacional. Essas são algumas diferenças citadas por José Carlos Dornelas em seu livro Empreendedorismo: transformando ideias em negócios, 2ª edição, Campus/Elsevier. Diversos autores colocam o Empreendedor como um Administrador mais completo. Minha opinião diverge dos demais; entendo que o Administrador é formado e orientado para o planejamento e controle, é muito mais centrado em como melhorar processos, controles, informações, análises e qualidade. O Empreendedor, em minha opinião, é focado no mercado, nas oportunidades, nos produtos, na inovação, na criatividade; ele é ligado no negócio presente e futuro. Pág. 20 de 96 São completamente diferentes, dificilmente um Empreendedor que é visionário e dinâmico, conseguiria ficar preso às hierarquias organizacionais, à submissão de chefias ou comandos, participar de reuniões enfadonhas, como também ficar trancado em sua sala, assinando, papéis, cheques, relatórios, etc. Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/empreendedor-e-administrador-diferencas- similaridades-e-dificuldades/23692/. Pág. 21 de 96 2. AS DIFERENTES VISÕES DO PERFIL DO EMPREENDEDOR Vimos que traçar um perfil geral de uma pessoa empreendedora é difícil, mas, neste tópico, mostraremos a você a visão e o que os principais estudiosos da área afirmam sobre o assunto. 2.1 Chiavenato: o executor e o administrador Segundo Chiavenato (2012), há dois estilos empreendedores, que constituem os dois extremos de estilos de fazer negócios no continuum da abordagem gerencial. Em uma ponta, está o executor, que inicia o negócio com base em suas habilidades e com pouco conhecimento de gestão. Na outra, está o administrador, com formação e instrução em administração, que utiliza procedimentos gerenciais sistemáticos, com noção de gestão do negócio. O autor afirma que o ideal é o empreendedor caminhar e desenvolver- se sempre na direção da extremidade do administrador experiente. Chiavenato (2012, pp. 15-6) descreve os dois perfis de empreendedor como se segue: • O empreendedor executor é uma pessoa que inicia um negócio basicamente com suas habilidades técnicas e um pequeno conhecimento da gestão de negócios. Sua formação educacional limita-se ao treinamento técnico. Tem experiência técnica na área, mas não possui capacidade para se comunicar bem, avaliar o mercado, tomar decisões e gerir o negócio. Esse empreendedor, quanto ao processo decisório, apresenta as características: ◊ Tem uma orientação de tempo de curto prazo, com pouco planejamento para futuro crescimento ou mudança. ◊ É paternalista, dirige o negócio como dirigiria sua própria família. ◊ Reluta em delegar autoridade, é centralizador. ◊ Usa uma ou duas fontes de capital para abrir sua empresa. ◊ Define a estratégia de marketing em termos de preço tradicional, da qualidade e da reputação da empresa. ◊ Esforça-se nas vendas basicamente por motivos pessoais. ◊ Tem visão intraorientada para sua empresa. FIGURA 7 – Idal- berto Chiavenato Fonte: http://1.bp.blogspot. com/_mrRWLlrvEuU/ TGReYGmCv_I/ AAAAAAAAACk/ykECE_ yeebM/s1600/idalberto.jpg. Pág. 22 de 96 Chiavenato fornece como exemplos desse tipo o médico e o dentista que abrem seus consultórios, o advogado ou o engenheiro que cria um pequeno negócio ou consultoria, o mecânico que começa uma oficina independente, o profissional que trabalha em um salão de beleza e que abre um novo em outro local para aproveitar sua experiência profissional e ampliar horizontes. Esse profissional, se não puder se desenvolver profissional e culturalmente, será sempre um fornecedor de mão de obra ou de trabalho especializado. Chiavenato recomenda que esse tipo de pessoa se empenhe ao máximo em aprender sobre administração e ampliar sua visão de negócios. • O empreendedor administrador é aquele que tem uma educação técnica mais ampla, com graduação em administração e comportamento organizacional, podendo ainda ter conhecimentos em economia, legislação e outras línguas. Procura sempre estudar e aprender. Tem as seguintes características: ◊ É um líder de negócios. ◊ Evita o paternalismo na condução da equipe. ◊ Delega autoridade às pessoas necessárias para o crescimento. ◊ Emprega estratégias de marketing e esforços de vendas mais variadas. ◊ Obtém capitalização original de mais de duas fontes de dinheiro. ◊ Planeja o crescimento futuro do negócio. ◊ Utiliza sistemas de registro e controle, orçamento apropriado, oferta precisa e pesquisa sistemática de mercado. ◊ Mantém um olhar voltado para a empresa e para o mercado. FIGURA 8 – Dentista como em- preendedor executor Fonte: Nikodash/ shutterstock Pág. 23 de 96 ATIVIDADE REFLEXIVA Leia o texto, faça as perguntas a si mesmo e reflita sobre o que Chiavenato (2012, p. 17) propõe. Inicialmente, deve-se fazer a seguinte pergunta: em qual ponto você se situa? Quais são as suas características pessoais? Que tipo de empreendedor você é? Qual é a sua necessidade de realização? Qual é a sua disposição para assumir riscos? Qual é o seu grau de autoconfiança? O autoconhecimento é fundamental para você ter um referencial próprio. Deve ser o seu ponto de partida antes da escolha de seu novo empreendimento. Um bom negócio é aquele que tem o seu feitio pessoal, a sua cara, o seu jeito. O negócio deve ajustar-se a você como se fosse feito sob medida. Mas você tem de conhecer suas medidas para saber se o negócio lhe cabe. Caso contrário, você se colocará em um papel totalmente inadequado, que em nada combina com suas características pessoais. O novo negócio tem de ter o seu DNA. Mas também deve casar com o mercado. 2.2 Degen: sacrifício pessoal ou não De acordo com Degen (2009), o empreendedor é dotado de grande vontade de superar as dificuldades que se posicionam como obstáculos à concretização de seu negócio e está disposto até mesmo a sacrificar sua vida pessoal para isso. Com base nessa característica, o autor classifica as pessoas em dois grupos: 1.Um grupo menor, que reúne aqueles que, ao ser desafiados por um objetivo pessoal, dispõem-se a realizar sacrifícios pessoais para realizá-lo. 2. Um grupo maior, formado pelos que não se dispõem a fazer sacrifícios que afetem seu lazer e a sua vida familiar para concretizar um objetivo maior. Dessa forma, o autor define que em um extremo está o empreendedor inconformado com o mundo e no outro, o autoempregado de uma franquia. Degen (2009, p. 15) afirma que o perfil do empreendedor de sucesso ilustra duas importantes características de todo futuro empreendedor: “Primeiro não se conformar com o mundo e tentar adaptar o mundo a si; segundo, ter grande necessidade de realizar, disposição de assumir riscos e fazer sacrifícios pessoais necessários para ter sucesso”. FIGURA 9 – Ronald Degen Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_ JLPtL6LeEAc/TJd-_G5VHeI/AAAAAAAAADg/ ABz4804aJkg/s1600/CRAMG157.jpg Pág. 24 de 96 Isso nos permite concluir que não há sucesso fácil e sem sacrifícios. Ainda segundo Degen, as principais características de um empreendedor bem-sucedido são: • Alguém que não se conforma com os produtos e serviços disponíveis o mercado e procura melhorá-los. • Alguém que, por meio de novos produtos e serviços, procura superar os existentes no mercado. • Alguém que não se intimida com as empresas estabelecidas e as desafia com o seu novo jeito de fazer as coisas. 2.3 Dolabela: o motor da economia Dolabela (1999a, p. 28) escreve que o empreendedor pode ser considerado “o motor da economia” e que “um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Segundo o autor, pesquisas realizadas em diversas partes do mundo permitiram que um empreendedor possa ser definido como: - um ser social, produto do meio que vive (época e lugar). Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação para criar o seu próprio negócio; - um fenômeno regional, ou seja, existem cidades, regiões, países mais empreendedores do que outros. O perfil do empreendedor (fatores do comportamento e atitudes que contribuem para o sucesso) pode variar de um lugar para o outro. (DOLABELA, 1999a, p. 28) Dolabela apresenta como exemplos de empreendedor: • uma pessoa que inicia um negócio ou uma empresa, de qualquer ramo e porte; • uma pessoa que adquire uma empresa ou um negócio já existente e insere inovações, assume os riscos e introduz novas formas e meios de gestão, melhorando seus produtos e/ou serviços, agregando valor ao empreendimento; • um funcionário de uma empresa que introduz inovações nos processos tradicionais, provocando melhorias significativas. FIGURA 10 – Fernando Dolabela Fonte: https://www.canguruonline.com. br/files/Fernanda%20Dolabela.jpg. Pág. 25 de 96 De acordo com Dornelas (2007), não existe um único tipo de empreendedor ou um modelo padrão que o identifica. O autor afirma que realizou várias pesquisas com o objetivo de encontrar um estereótipo geral que caracterizasse um empreendedor e não encontrou. Para, ele é difícil rotular alguém como tal, e tornar-se empreendedor é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Para Dornelas (2007, pp. 11-6), há oito tipos de empreendedores: 1. Empreendedor nato (mitológico): inclui os mais famosos e reconhecidos. Geralmente, é uma pessoa que começou em níveis hierárquicos inferiores e criou grandes empresas. Deu início à sua carreira bem jovem e adquiriu habilidade de negociação e venda, comprometendo-se integralmente com a realização de seus sonhos. Possui como características o fato de ser otimista e visionário, estando à frente de seu tempo. Exemplos de brasileiros nessa categoria incluem Abílio Diniz e Sílvio Santos. ACONTECEU Assista a um vídeo de 2011 em que Sílvio Santos trata de maneira muito direta de empreendedorismo. Divertido e informativo. Link: http://www.youtube.com/watch?v=CTOaajZX-qo. 2. Empreendedor que aprende (inesperado): é aquele que, ao se deparar com uma oportunidade, decidiu mudar sua vida, dedicando-se ao seu próprio negócio. A menos que tenha sido demitido ou sua demissão seja iminente, demora um pouco para tomar a decisão de mudar de carreira. As novas situações apresentam-se, e ele tem que aprender a lidar com elas. Geralmente, envolve-se com todas as atividades de seu negócio. 3. Empreendedor serial (cria novos negócios): é aquele que é apaixonado pelas empresas que cria e, principalmente, pelo ato de empreender. Vai além de criar uma empresa e administrá-la até torná-la uma grande corporação. É dinâmico e prefere os desafios de assumir a criação Ele não considera como empreendedor uma pessoa que, por exemplo, compra uma empresa e não introduz inovações e novas formas de gestão significativas, cuidando apenas de sua administração. 2.4 Dornelas: oito tipos de empreendedores FIGURA 11 – José Carlos Assis Dornelas Fonte: http://contratepalestras.com.br/assets/img/ galeria/jose-dornelas-06052016_111425-G.jpg. Pág. 26 de 96 de novos empreendimentos para se manter motivado. Sua habilidade maior é acreditar nas oportunidades e não descansar enquanto não as implementa. Consegue montar equipes, motivar as pessoas e captar recursos para iniciar novos empreendimentos. 4. Empreendedor corporativo: encarna o executivo competente, que possui grande capacidade gerencial e conhecimento de gestão. Trabalha em busca de resultados, valoriza o trabalho de sua equipe, costuma assumir riscos e não se detém diante do desafio de não ter autonomia própria por pertencer a uma grande corporação. Suas habilidades incluem grande capacidade de comunicação, persuasão na apresentação de ideias, bom relacionamento interpessoal, com vasto networking, e capacidade de trazer pessoas competentes para sua equipe. Tem ambição profissional e buscam a autopromoção. 5. Empreendedor social: é aquele que, em sua vida pessoal, busca construir um mundo melhor para si e para as pessoas, levando essa missão ao mundo dos negócios. Trabalha e envolve-se em causas humanitárias, buscando dar oportunidades aos menos favorecidos. Geralmente, tem papel social de destaque, assumindo as lacunas que o Poder Público deixa em aberto, por meio de apoio a ONGs e movimentos sociais. Exemplo de pessoa que atuou como empreendedor social inclui Betinho (Herbert de Sousa), e de empreendedorismo social, o Graac, que surgiu em 1991, fundado pelo oncologista pediátrico Antonio Sérgio Petrili, para combater o câncer infantil no Brasil. FIGURA 12 – Empreendedorismo social – Graac Fonte: https://storage.alboom.ninja/sites/1273/ albuns/46160/graacc-clube-de-artesanato.jpg. 6. Empreendedor por necessidade: é aquele que, por falta de outra opção, cria o seu próprio negócio. Geralmente, foi demitido ou trabalha fora do mercado, atuando em negócios informais e prestando serviços simples com retorno financeiro modesto. Esse tipo de empreendedor possui iniciativas pouco inovadoras e não contribui, ou contribui pouco, com o pagamento de taxas e impostos. Pág. 27 de 96 7. Empreendedor herdeiro (sucessão familiar): é aquele que recebe um patrimônio da família e assume a tarefa de administrar e melhorar o negócio. Normalmente, assume cargos de direção da empresa familiar ainda jovem, usando a experiência e o conhecimento que a própria família amealhou ao longo do tempo. Há nesse tipo o que assume postura conservadora, não alterando a estrutura ou o funcionamento da empresa, e o ousado, que busca mudar a gestão do negócio familiar. Exemplo de brasileiro nessa categoria inclui Antonio Ermírio de Moraes. 8. Empreendedor planejado (normal): é aquele que assume o papel que dele se espera nas mais variadas situações. Age buscando minimizar os riscos, traça metas futuras, preocupa-se com os próximos passos do negócio e trabalha buscando atingir metas. Dornelas afirma que o tipo 8 (planejado) seria, dentre todos, o mais completo do ponto de vista da definiçãode empreendedor e o que poderia ser seguido como boa referência. Mas, na prática, ainda não representa uma quantidade considerável de empreendedores. FIGURA 13 – Exemplo de em- preendedor por necessidade Fonte: sirtravelalot / shutterstock Pág. 28 de 96 SAIBA MAIS Sete histórias de empreendedores de sucesso brasileiros A Endeavor criou uma lista com sete histórias de vida de empreendedores de sucesso brasileiros, que misturam ousadia e pragmatismo, os mesmos ingredientes que transformam sonhos grandes em negócios de alto impacto: 1 . Acredite em você, sempre! – Robinson Shiba [China in Box] 2 . As conexões que movem a vida – Marcelo Sales [21212 .com] 3 . A fórmula da autoestima – Zica e Leila Velez [Beleza Natural] 4 . A loja de brinquedos que vende felicidade – Ricardo Sayon [RiHappy] 5 . Acredite no impossível – Romero Rodrigues [Buscapé] 6 . Uma história de empreendedorismo – Alexandre Costa [Cacau Show] 7 . Do caixa da loja à bolsa de valores – Luiza Trajano [Magazine Luiza] Assista aos vídeos destes empreendedores de sucesso em: https://endeavor.org.br/empreendedores-de- sucesso/. Acesso: 26 jun. 2018. 2.5 Empresarial, intraempreendedor, público e social: os quatro contextos do empreendedorismo A jornalista Maíra Amorim (2014) entrevistou alguns especialistas na área de empreendedorismo, que reuniram características dos empreendedores. Isso apontou para quatro perfis, de acordo com o tipo de empreendedorismo que realizam: empresarial, intraempreendedor, público e social. • Empresarial: reúne o empreendedorismo por necessidade e o por oportunidade. Aquele que abre um negócio por necessidade geralmente se preocupa com sua sobrevivência, limitando-se a um empreendimento de baixo impacto, sem característica de inovação. Aquele que empreende por oportunidade geralmente busca algo inovador e pensa no futuro. • Intraempreendedor: é aquele que empreende e inova dentro de uma organização da qual não é proprietário. Esse tipo costuma se sentir como o dono da empresa, pois tem autonomia e está sempre em busca de inovação e melhores retornos financeiros. O intraempreendedor pode desempenhar um papel empreendedor em empresas já constituídas, podendo atuar de forma tão relevante como a criação de uma nova empresa. Além de esse tipo não ser comum, também não é comum unir profissionais com esse perfil a empresas que incentivem o intraempreendedorismo em nosso país. Essa união é mais praticada nos Estados Unidos e no Japão, pois o Brasil não tem em sua cultura corporativa o esse modelo de gestão. Pág. 29 de 96 SAIBA MAIS Intrapreneur é como se denomina um tipo de perfil profissional que tem atraído muitos olhares por parte dos empregadores. Também conhecido como intraempreendedor, é aquele que tem uma visão de empreendedor, mas que trabalha dentro de uma organização, como o próprio nome sugere. Ele é o profissional que a maioria das empresas quer: inovador, corre riscos calculados, sempre sendo criativo e diferente. As oportunidades que ele sugere são racionais, mas nunca antes cogitadas e, para ele ser um bom profissional, deve usar todo esse talento flexível, tolerante e persuasivo para apoio e tentar convencer seus superiores de que essas mudanças são boas. Sendo assim, intraempreendedores são, naturalmente, ótimos negociantes. Como já se sabe, mudanças geram resistência. É necessário que o intrapreneur conheça a organização em que está inserido a fundo para que aumente seu poder de convencimento de seus colegas de trabalho. Além disso, é necessário que poder seja delegado para que o colaborador se sinta à vontade para expor suas ideias. Muitas vezes ótimas oportunidades são perdidas pois os funcionários, os que mais conhecem a empresa, não tem espaço para criação. Já para empresas já estabilizadas, o intrapreneuring (intraempreendedorismo) significa uma oportunidade para ampliar mercados, aumentar negócios, adquirir novos produtos e/ou serviços, como também conseguir novas práticas de gestão mais eficientes. Fonte: https://portogente.com.br/portopedia/85056-intrapreneur-intraempreendedor. Acesso: 26 jun. 2018. • Público: O funcionário com perfil de gestor público empreendedor é aquele que, quebrando o comodismo do serviço público realizado sempre da mesma forma, tenta mudar esse cenário. Dessa forma, busca aproveitar oportunidades de mudanças e inserir inovações nos processos, apontando novos caminhos e novas práticas. Como consequência, suas ações podem melhorar o atendimento ao cidadão e trazer economia aos cofres públicos. Algumas características necessárias para um servidor ser empreendedor no serviço público incluem ser aberto a novas ideias, saber escutar os outros, estar atento aos talentos internos, ser criativo para realocar pessoas e recursos dentro de limitações de leis e de espaços, ter curiosidade para pesquisar iniciativas inspiradoras e ter inteligência emocional para lidar com entraves burocráticos e de relacionamento. • Social: Um empreendedor social é aquele que se preocupa com o coletivo e busca sua realização produzindo e agindo em favor da comunidade e da sociedade, sem abrir mão do objetivo de obter retorno financeiro. Para conciliar sua crença em uma causa e sua preocupação social, abre um negócio cujo objetivo é trazer mudanças para a sociedade ou para uma comunidade, mas com perspectiva de retorno financeiro. Atualmente, com a intensificação do politicamente correto, da consciência social e ecológica, muitos investidores estão com foco nesse segmento e muitas empresas estão destinando verbas para o empreendedorismo social. Um exemplo de pessoa que atua nessa categoria é Bono Vox (vocalista da banda U2). Pág. 30 de 96 CURIOSIDADE Walk On: lições de empreendedorismo com a banda U2 Logo de início, a banda U2 chamou a atenção por uma postura agressiva e até certo ponto panfletária, com letras profundamente religiosas ou políticas. Com uma grande presença de palco e a empolgação de quem se acha capaz de mudar o mundo, Bono (ou Paul David Hewson) catalisou uma série de valores e incorporou-os ao U2. Como toda marca, desde o início, o U2 definiu seus diferenciais (as características do som, a profundidade das letras, o magnetismo do time) e foi a campo vender seu peixe (ou sua música). Com essas credenciais e histórico, o U2 com certeza tem muito a nos ensinar sobre sucesso, branding e, por que não, empreendedorismo. Para seus fãs, o U2 sempre foi mais que uma simples banda de rock’n’roll. Seu ativismo a favor de causas como Anistia Internacional, ONE, Live Aid e Live 8, entre outros, tem permitido que sua audiência conheça e se envolva com essas causas também. Depois de tantos anos e todos os êxitos alcançados pelos quatro integrantes da banda, eles seguem sendo amigos e com os mesmos valores de quando iniciaram sua trajetória rumo ao sucesso. Nos seus mais de 40 anos juntos, o U2 tornou-se lendário por nunca parar de crescer, aprender, refinar, errar e aperfeiçoar seu talento. Essa é a lição do grupo, aprender sempre no meio do caminho, adaptar-se às mudanças e “recandidatar-se ao seu próprio emprego”. Diferente de outras bandas, por exemplo, Rolling Stones e Bon Jovi, o U2 está sempre inovando sua música. A banda mudou seu estilo pelo menos umas quatro vezes desde que começou, e isso, acredite ou não, a tem ajudado a ganhar novos fanáticos, enquanto ao mesmo tempo ainda mantém seus fãs mais hardcore. Por essa razão, é possível ver nos concertos da banda seguidores ensandecidos de 15 anos até os acima da faixa dos 50 anos, todos cantando empolgados os grandes hits do grupo musical. Fonte: http://blog.nxfacil.com.br/walk-on-licoes-de-empreendedorismo-com-a-banda-u2/. Acesso: 26 jun. 2018. Pág. 31 de 96 3. EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E NA ÁREA DE TI Sabemos que a cultura é um elemento importante para o desenvolvimento do empreendedorismo. Países como os Estados Unidos são exemplo de empreendedorismo porque têm uma cultura forte relacionada às finanças,o que os leva a entenderem mais facilmente o que é um modelo de negócios ou plano de negócios. Veremos como é o perfil do empreendedor brasileiro e como atuam na área de TI. 3.1 O empreendedorismo brasileiro Voltando no tempo, a história do empreendedorismo remonta à chegada da primeira Revolução Industrial ao Brasil, no século XIX, que trouxe a necessidade de construir infraestrutura de transporte para escoamento de mercadorias. Nesse cenário, o personagem de maior destaque foi Irineu Evangelista de Sousa, o barão de Mauá. Esse empreendedor realizou diversos grandes projetos, como a primeira ferrovia brasileira, ligando Petrópolis ao Rio de Janeiro. Desde essa época, outros empreendedores deixaram sua marca na história brasileira, mas foi apenas na década de 1990, no período pós-ditadura, com a abertura econômica, a entrada de capital estrangeiro e o aumento da competitividade, que a cultura empreendedora teve impulso no Brasil (ASAAS, 2016). Com a criação de entidades como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), o empreendedorismo passou a ser tratado com maior ênfase no cenário econômico do Brasil. FIGURA 14 – Logotipo Fonte: http://www.saojoaodaurtigars.com.br/wp-content/uploads/2017/08/sebrae-11.jpg. Pág. 32 de 96 CURIOSIDADE Conheça a história do barão de Mauá Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá (1813-1889), foi a primeira figura proeminente na burguesia industrial na história do Brasil. Nascido no Rio Grande do Sul, mudou-se na adolescência para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar em uma empresa de importação. Posteriormente, viajou à Inglaterra, onde entrou em contato com a sociedade urbana e industrial inglesa, que o fascinou. De volta ao Brasil, conseguiu um empréstimo para a aquisição de uma fundição em Niterói, no Rio de Janeiro, que foi transformada em estaleiro naval. Ali foram produzidos mais de 60 navios a vapor e a vela. O barão de Mauá criou, ainda, a Companhia de Rebocadores da Barra de Rio Grande, conseguiu os direitos de tráfico no rio Amazonas por 30 anos e investiu em companhias de bondes no Rio de Janeiro. Mauá foi ainda um dos grandes incentivadores da implantação de ferrovias no Brasil, com o objetivo de transportar a produção agrícola do país com maior velocidade. A primeira delas foi a ferrovia Mauá, que ligava o Rio de Janeiro ao Vale do Paraíba fluminense, cuja licença para construção foi concedida em 1852. Mauá, em conjunto com o governo imperial de d. Pedro II, construiu ainda uma rede de telégrafos submarinos ligando o Brasil à Europa, investiu na Companhia de Gás do Rio de Janeiro, destinada à iluminação pública da cidade, e também na criação de bancos, como o Mauá, o MacGregor & Cia. e a Casa Mauá & Cia., com atuação significativa em Brasil, Inglaterra, Estados Unidos e países platinos. Entretanto, seus projetos de industrialização contrastavam com a base da economia brasileira à época, pois a mão de obra escrava não possibilitava um desenvolvimento industrial. Suas propostas contrárias à escravidão não eram bem vistas pelos latifundiários brasileiros, o que resultou em sabotagens e atentados. [...] Com seu banco falido em 1878, o barão de Mauá terminou seus anos de vida como corretor dos negócios do café. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/barao-maua-industrializacao.htm. Acesso 26 jun. 2018. FIGURA 15 - Inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II: vista da estação de Macacos (atual Paracambi) Fonte: https://i.pinimg.com/originals/41/2b/bf/412bbfb72926aa95257e7b331556220d.jpg. Pág. 33 de 96 Vários programas de apoio ao empreendedorismo foram desenvolvidos no âmbito da Softex, principalmente em incubadoras de empresas e em universidades que ofereciam cursos de Ciência da Computação, como o projeto Genesis, o Empretec (Sebrae), o Brasil Empreendedor, ensino de empreendedorismo nas universidades, oferta de alternativas de financiamento por agentes governamentais como Fapesp e Finep etc. Além dessas iniciativas, o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), um consórcio internacional fundado pela London Business School da Inglaterra e pelo Babson College dos Estados Unidos, fomenta importantes contribuições ao empreendedorismo. O GEM mede o nível de atividade empreendedora no mundo desde 1999. Essa pesquisa facilita a identificação de fatores críticos que incentivam ou inibem a iniciativa empreendedora em cada país. No Brasil, o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), com o apoio do Sebrae, é o responsável, desde 2000, pelas informações coletadas e publicadas sobre esse tema. Além da taxa de empreendedorismo, o estudo monitora a evolução de diversas variáveis, como a relação oportunidade/ necessidade, a participação de mulheres e jovens e a motivação para empreender. FIGURA 16 - GEM Fonte: https://i.ytimg.com/vi/_ZfLFDgEP-U/maxresdefault.jpg. Pág. 34 de 96 Os dados da pesquisa GEM têm como objetivo principal estimar a quantidade de indivíduos envolvidos em atividades e m p re e n d e d o ras e m u m determinado momento, avaliando de uma forma abrangente o papel do empreendedorismo como estimulador do crescimento econômico de uma região. O GEM (2017, p. 17) afirma que o número de países participantes da pesquisa continua em ascensão, atingindo a marca de 65 países dos 5 continentes, que representam 70% da população e 83% do PIB mundial. Em cada país, equipes nacionais analisam os dados de amostras estatisticamente representativas da população, com o objetivo de identificar as atitudes da população em relação à atividade empreendedora, as taxas de empreendedorismo, as motivações e as características dos empreendedores e de seus empreendimentos, além das condições para empreender. 3 .2 Situação do empreendedorismo no Brasil O Brasil está entre os países que lutam pela liderança nos mercados globais. Mas, apesar de estar dentre os que possuem uma população empreendedora, o empreendedorismo brasileiro ainda precisa conquistar avanços considerados críticos para que atue como força propulsora de um desenvolvimento sólido e sustentável. O relatório da pesquisa sobre o empreendedorismo no Brasil em 2016 realizada pelo GEM (2017) afirma: em 2016 acentuou-se a mudança no cenário da economia brasileira que iniciou- se em 2014 e continuou em 2015. A desaceleração econômica do país nesses 3 anos culminou com um período recessivo que começou com a crise nos mercados internacionais, tornou-se mais grave com a continuada queda do preço das commodities, e, especialmente, com a crise. Esse cenário se mostrou menos favorável ao empreendedorismo por oportunidade e, em decorrência da situação de maior desocupação no país, acarretou um incremento no empreendedorismo por necessidade. a Taxa Total de Empreendedores (TTE) brasileiros apresentou valor de 36,0 % em 2016, número inferior à observada em 2015 (39,3%). FIGURA 17 – IBQP Fonte: https://d12oh4b377r949.cloudfront.net/places/7b6dcf38-826e-4a21- 9cab-8b2e3ac2e1b4/54dcfba8-2c86-4e51-a9ab-c426c7299d64_logo. Pág. 35 de 96 a Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEA), composta por empreendedores nascentes e novos, alcançou o valor de 19,6%, também inferior a 2015 (21,0%). A Taxa de Empreendedorismo Estabelecido (TEE), definida como sendo os proprietários que administram um negócio capaz de gratificar-se monetariamente por mais de 42 meses (3,5 anos), o valor foi de 16,9%, resultado inferior à observada em 2015 (18,9%). Esses dados podem ser observados no quadro 5. QUADRO 5 - Taxas e estimativas de empreendedorismo segundo o estágio dos empreendimentos no Brasil em 2016 Estágio Taxas Estimativas Inicias 19,6 26.191.876 Nascentes 6,2 8.350.471 Novos 14,0 18.793.132 Estabelecidos 16,9 22.674.916 Total de empreendedores 36,0 48.239.058 Fonte: GEM (2017, p. 23). De acordo com os relatórios do GEM, a atividade empreendedora,que traz inovação, impulsiona a economia, gera empregos e abarca as necessidades sociais, está presente no Brasil e no mundo. Os estudos da entidade revelam que os empreendedores que buscam a inovação e trabalham para que seu negócio cresça são os que realmente contribuem para o crescimento e a evolução social de um país. Ainda de acordo com o relatório GEM (2017, p. 29), no período de retração da economia brasileira, pós 2012, o empreendedorismo continuou a crescer, porém, agora puxado pela sua componente por necessidade. Isto pode ser um indicativo de que o empreendedorismo no Brasil pode estar assumindo um comportamento mais independente do nível de atividade econômica, talvez sendo mais fortemente influenciado na última década por outros fatores estruturais que também estão em processo de mudança, tais como: o aumento do nível de escolaridade dos brasileiros e por negócios mais simples e de menor escala de faturamento, como a Lei responsável por criar o MEI – Micro Empreendedor Individual; ou até mudanças na cultura brasileira, agora, cada vez mais propensa à atividade empreendedora. Pág. 36 de 96 3.3 racassos no cenário corporativo brasileiro No Brasil, um grande número de pequenos negócios é criado; por outro lado, o número de empresas de pequeno porte que encerram suas atividades também é grande, o que é preocupante para a economia brasileira. O relatório Sobrevivência das empresas no Brasil, que visa responder a perguntas como quais os motivos do fechamento das empresas, o que foi feito de forma errada na gestão desses negócios, quais os problemas enfrentados pelos empreendedores, é realizado pelo Sebrae desde 2011. De acordo com o Sebrae (2016b) o relatório de 2016, que tem como referência as empresas brasileiras criadas em 2012 e suas informações disponíveis na Secretaria da Receita Federal até 2014, indica que a taxa de sobrevivência das organizações com até dois anos de atividade foi de 76,6%. As figuras a seguir apresentam os resultados. No entanto, esses dados não refletem a crise econômica imposta ao país no governo Dilma, a partir de 2014. FIGURA 18 – Gráfico da taxa de sobrevivência de empresas em dois anos: evolução no Brasil Fonte: Sebrae (2016b, p. 16). Pág. 37 de 96 FIGURA 19 - Gráfico da taxa de mortalidade de empresas em dois anos: evolução no Brasil Fonte: Sebrae (2016b, p. 17). Dados após a crise econômica, de acordo com a revista Exame (2017), indicam que a taxa de mortalidade de empresas cresceu durante a recessão econômica: dos 1,8 milhão de empreendimentos lançados em 2014, 600 mil (ou 33%) fecharam até o final de 2016. Dados anteriores, que consideravam o 1,6 milhão de empresas abertas em 2012, mostravam que 23,4% chegaram inativas ao fim de 2014 (como mostra o gráfico 2). As razões para a alta taxa de um terço de mortalidade estão relacionadas à redução no consumo, associado ao aumento do peso dos impostos e à escassez de crédito para capital de giro. Pág. 38 de 96 SAIBA MAIS Sugiro que você leia o artigo a seguir, que traz trechos de uma publicação de Marcos Hashimoto em que são expostas as principais causas de fracassos dos negócios, do ponto do vista deste professor, autor e consultor. O que fracassa não é o negócio, é o empreendedor! [...] Vamos considerar fracasso a necessidade de se desfazer do negócio (venda ou encerramento das operações) sem que esse seja o desejo do empreendedor. [...] Vamos nos ater a erros recorrentes – aqueles que o empreendedor já cometeu uma vez, mas, por diversos motivos, comete de novo. [...] Prefiro descrever as cinco limitações que levam a eles: Incapacidade de perceber . O empreendedor fica tão focado naquilo em que acredita ou em executar o plano traçado que se torna cego e surdo ao que acontece à sua volta, recusando-se a enxergar fatos e evidências que estão na frente do seu nariz e que podem dar outro rumo ao negócio. [...] Orgulho e amor próprio são as causas desse mal. Incapacidade de admitir seus erros . Por ser visto como líder, por cultivar uma forte autoimagem e por acreditar que as pessoas o respeitam porque ele deve saber o que está fazendo, o empreendedor tem muita dificuldade em admitir quando tomou uma decisão errada. E ele faz isso o tempo todo, por causa dos pressupostos que assumiu em ambiente de incerteza. [...] Admitir que pode ter tomado um caminho errado é um sinal de maturidade e um passo importante no seu processo de autoconhecimento. Incapacidade de ler as pessoas . [...] Muitos empreendedores julgam-se superiores às demais pessoas e agem de forma intolerante, irresponsável e inconsequente com aqueles que o ajudam a conduzir seu negócio. As consequências são devastadoras, pois ele contrata errado, recompensa errado, faz parcerias e sociedades erradas, demite errado. Qualquer erro desses, em tempos de carência de mão de obra qualificada, pode ser fatal para o negócio. Incapacidade de aprender . Desde que começa a desenvolver o seu negócio, o empreendedor aprende muito. Sua motivação e seu entusiasmo o levam a dedicar horas e horas lendo, estudando, fazendo cursos, falando com pessoas. [...] A verdade é que a maior parte do aprendizado vem depois que o negócio começa. O empreendedor precisa ter uma visão muito ampla, principalmente na visão de negócios, em itens como controles financeiros, elementos operacionais, compreensão do mercado, entendimento das leis etc. Falta de tempo é apenas uma desculpa. O excesso de autoconfiança é a causa principal desse problema. Incapacidade de gerir . Mesmo tendo uma boa capacidade de percepção, e sabendo lidar com pessoas e aprender com os erros, o empreendedor pode fracassar por falta de capacidade de gestão. Isso não quer dizer que basta dominar as técnicas e ferramentas de administração, mas saber como aplicá-las para cada tipo específico de negócio e como explorá-las diante das circunstâncias que se apresentam. [...] Para ser competitivo, é preciso saber equalizar a relação entre os custos e as receitas, aumentar a eficiência dos processos, decidir onde investir para crescer, como diversificar e como definir objetivos, entre outras práticas de gestão. Pág. 39 de 96 Essas incapacidades sozinhas não são responsáveis pelo fracasso, mas uma combinação delas pode ser fatal se não for compensada por competências de outras pessoas, como sócios ou funcionários- chave. Se o empreendedor não percebe uma necessidade de mudança – ou percebe a necessidade, mas não está preparado para enfrentá-la –, isso se repetirá diante de todas as situações em que é preciso tomar decisões. Fonte: Hashimoto (2013). 3.4 Empreendedorismo em TI Hoje, é impossível falarmos em empreender em tecnologia e não nos referirmos à internet como rede de computadores, cenário de negócios ou plataforma tecnológica. De fato, a rede mundial alterou os hábitos, comportamento e valores das sociedades do nosso planeta. A popularização da internet influenciou de forma muito intensa a maneira como as pessoas passaram a comprar, ou seja, grande parte da população trocou o modo de consumo tradicional (aquisição em lojas físicas ou de serviços em escritórios) por compras e/ ou contratações de serviços online. Naturalmente, diversos fatores contribuíram para isso e continuam impulsionando o comércio virtual de serviços e produtos, como comodidade, facilidade, maior concorrência e queda nos preços, produtos regionais distribuídos nacionalmente, indicações e informações detalhadas disponíveis, maior acesso aos recursos de comunicação móvel etc. Do ponto de vista do empreendedor, a internet tem se mostrado uma grande oportunidade para uma nova carreira, um novo comércio ou uma extensão de um comércio já existente. Diariamente, vemos notícias exaltando os números atribuídos ao comércio eletrônico, que, mesmo já sendo impressionantes, tendem a ter um crescimento cada vez mais expressivo. O comércio eletrônico evoluiu de um canal complementar de vendas para uma ferramenta essenciale estratégica nas diferentes formas de marketing oferecidas, em função do enorme aumento da utilização da internet e do crescente volume de vendas online. Esse setor da economia brasileira, como mostra a figura a seguir, vem crescendo anualmente na casa dos dois dígitos. FIGURA 20 – Tecnologia e novos negócios em TI Fonte: violetkaipa / shutterstock Pág. 40 de 96 FIGURA 21 - Crescimento do faturamento no comércio eletrônico no Brasil Fonte: https://www.ecommercebrasil.com.br/wp-content/uploads/2016/09/vendas-ecommerce-ebit.jpg. Considerando-se o crescimento sustentável, a agilidade na capacidade de negociação, as ferramentas de marketing e concorrência acessíveis a todos, há um cenário favorável para quem quer empreender usando a tecnologia. O comércio eletrônico é, se não a melhor, uma das melhores opções para investimento, seja para venda de produtos em varejo, atacado ou prestação de serviços. Atuando no Brasil desde 2000, a Ebit é a maior referência em inteligência competitiva para o e-commerce brasileiro, acompanhando a evolução do varejo digital no país desde seus primórdios. Desde 2001, fomenta o Webshoppers, que é um relatório sobre o comércio eletrônico brasileiro. De acordo com o Webshoppers da Ebit (2017, p. 12), a oportunidade de acesso à internet com a democratização do acesso 3G e 4G, além das já conhecidas vantagens oferecidas pelo comércio eletrônico como, por exemplo, preços baixos e informações sobre produtos, permitiram que o volume de consumidores que fizeram pelo menos uma compra no 1º semestre de 2017 fosse maior que em 2016, registrando um crescimento de 10,3% e totalizando cerca de 25,5 milhões consumidores ativos comprando pela internet.”. Pág. 41 de 96 Outro dado interessante do relatório de 2017 pode ser visto na figura a seguir: quase 25% das compras foram realizadas usando-se dispositivos móveis. Isso é reflexo do aumento de 56,2% de vendas por intermédio de smartphones (m-commerce, ou mobile commerce) no 1º semestre de 2017, comparado ao semestre anterior. “Isso mostra que os consumidores continuam investindo em aparelhos com mais funcionalidades e modernos, o que viabiliza esta migração do comportamento de consumo” (EBIT, 2017, p. 12). FIGURA 23 - Dispositivos mais utilizados em compras online Fonte: Ebit (2017, p. 12). FIGURA 22 – Ebit Fonte: https://logodownload.org/wp- content/uploads/2016/10/ebit-logo.png. Pág. 42 de 96 O Ebit (2017) também traz dados relativos ao digital commerce, que reúne vendas de produtos novos e usados de empresas para consumidores (B2C) e de consumidores para consumidores (C2C), além de serviços (turismo, locação de veículos e ingressos), como mostra a figura a seguir. No período de 2012 a 2016, o digital commerce apresentou aumento de 88%, com crescimento médio anual de 17%. Nesse mesmo período, o produto interno bruto (PIB) brasileiro teve um recuo de 3,9%, mostrando o dinamismo e o potencial de crescimento do comércio eletrônico nacional (EBIT, 2017). FIGURA 24 - Dados do digital commerce Fonte: Ebit (2017, p. 25). Mesmo com esse cenário favorável, empreender exige doses extras de disciplina, visão de futuro, entrega pessoal, multidisciplinaridade, persistência e coragem, dentre outras coisas. É quase uma grande aventura. E aventura e dinamismo andam juntos. Este último faz parte da área de TI, que é, de longe, o tipo de empreendedorismo que oferece menores riscos, dado o seu embasamento em tecnologia e conhecimentos específicos. Pág. 43 de 96 3.5 O empreendedor na área de TI Embora no Brasil haja diversas oportunidades de trabalho na área de TI, ainda é comum que alguns profissionais sonhem em ter seu próprio negócio. Trabalhar com tecnologia e com inovações leva muitos profissionais a se espelhar em exemplos de jovens que ficaram milionários com projetos que desenvolveram em garagens. Personalidades que se tornaram mitológicas, como Steve Jobs, Bill Gates, Linus Torvalds e Mark Zuckerberg, são muito inspiradoras. Mas criar um novo negócio em TI requer cuidados e análises aprofundadas, pois uma ideia original nem sempre resulta em um projeto viável. Ao invés de buscar ideias, o empreendedor deveria buscar oportunidades originais, que não precisam ser necessariamente novas, mas sim ter futuro ou ser inovadoras. Como já ficou claro pelo que apresentamos até aqui, deixar de ser empregado para ser empregador não é tarefa fácil. Os novos negócios precisam de boa gestão, bons profissionais envolvidos, boa soma de capital e muitos outros requisitos para serem bem sucedidos. SAIBA MAIS Assista no Youtube ao vídeo em que Steve Jobs discursa na Universidade de Stanford sobre sua vida. Link: http://youtu.be/mM0KfNUGIFg. Os programadores e desenvolvedores são os empreendedores mais encontrados na área de TI. Isso ocorre porque o profissional consegue desenvolver seus projetos sem necessitar da ajuda de terceiros e pode trabalhar em seu tempo livre e em ritmo próprio. Dessa forma, cria programas, sistemas e aplicações que podem alavancar novos negócios. Diversas outras possibilidades abrem-se ao empreendedor da área de TI, envolvendo atividades como suporte a pacotes de software proprietários, manutenção em computadores e equipamentos de hardware, consultoria em projetos, treinamentos, criação de loja virtual, venda de produtos de TI, montagem de redes de computadores, criação de apps para dispositivos móveis, criação de ambientes virtuais de aprendizagem, criação de aplicações com base em realidade aumentada FIGURA 25 - Bill Gates, Ste- ve Jobs e Linus Torvalds Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-T55qCeTa1GI/ VXsZKCTgs_I/AAAAAAAAAG0/hMju-eyyONU/s1600/Bil l%2Bgates%2Bsteve%2Bjobs%2Blinus%2Btorvalds.jpg. Pág. 44 de 96 e realidade virtual, programação para games, enfim, uma gama de opções limitada apenas pela criatividade. De acordo com Luiz Dias (2016), o empreendedorismo em TI pode seguir por quatro caminhos diferentes: 1. Startup: essa iniciativa refere-se a negócios cujas atividades envolvam a criação e o desenvolvimento de soluções ou aplicações que sejam replicáveis, ou seja, que possam ser vendidas várias vezes, sem a necessidade de adaptações significativas. Embora enseje um ambiente de incertezas, esse modelo de investimento tem nos negócios baseados na web seu grande nicho. Investir em uma startup pode ser muito lucrativo e rentável, pois envolve baixos custos. FIGURA 26 – Negócio baseado em startup Fonte: Shai_Halud / shutterstock 2. Empreendedor autônomo: profissionais de TI altamente especializados e com comprovado grau de conhecimento podem atuar como consultores autônomos. As áreas de atuação incluem a criação e o planejamento de sistemas integrados de gestão, envolvendo diferentes áreas, como contabilidade, recursos humanos, marketing, softwares para tomadas de decisões, programação para games e dispositivos móveis, dentre outras. 3. Empreendedor corporativo: o profissional de TI atua dentro de uma empresa, ajudando com ideias estratégicas para que esta alcance metas ambiciosas em seu mercado de atuação. Para prestar esse tipo de consultoria com excelência, é necessário que o profissional conheça diversos setores tecnológicos e contribua com alternativas que possam promover agilidade em processos e reduzir custos. A área que exige conhecimentos de big data associado com arquitetura de soluções e segurança oferece excelentes oportunidades. Pág. 45 de 96 4. Ser dono de um negócio: para criar sua própria empresa, o profissional de TI deverá elaborar um plano de negócios, ter capital para o investimento inicial e ter habilidades de gestão, dentre outras características. Há diversas áreas de atuação, como terceirização de equipes forenses, tratamento de dados não estruturados, softwares de segurança, arquitetura de soluções, treinamento especializado, desenvolvimento para web etc. O mais indicado é reunir um grupo de profissionais especializados em diferentes
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