Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÓDULO 5 – CONTRATOS DE CAMBIO E CÂMBIO EXPORTAÇÃO Contratos de câmbio O contrato de câmbio é o instrumento pelo qual se efetua a troca de divisas estrangeiras por nacionais e vice-versa. Nele consta, dentre outras informações, a moeda estrangeira que está sendo comprada ou vendida, a taxa contratada, o valor correspondente em moeda nacional, os nomes do comprador e do vendedor e suas respectivas assinaturas. Os contratos de câmbio devem estar vinculados à declaração de despacho de exportação (D.D.E.) e deve haver uma correlação entre o registro de exportação (o que foi exportado, o valor e o prazo de pagamento) e a contratação de câmbio. A vinculação entre esses registros e o contrato de câmbio deve restar exata, isto é, com saldo zero. Significa que, qualquer diferença ou eventual mudança deve ser devidamente registrada, tanto no contrato de câmbio como no seu respectivo registro. Por exemplo, se o exportador remete mercadoria no valor de US$ 100.000,00 para o importador e este, por perceber alguns defeitos na mesma, faz um desconto no preço, pagando apenas US$ 80.000,00, o exportador deve fazer a ratificação nos registros. Caso contrário, o BC informará que a operação não resultou em saldo zero, ou seja, que não foi fechado o câmbio na diferença de US$ 20.000,00. A formalização das operações de câmbio se desdobra em duas fases: registro e edição do contrato de câmbio, na primeira, e a efetivação do contrato, na segunda. Existem contratos específicos para operações relativas à exportação, importação, remessas, ingressos, etc; e a negociação do câmbio entre o banco e o exportador pode ser feita diretamente ou através de um corretor de câmbio, que funciona como interveniente. Cabe a este corretor fazer os registros dos contratos, buscar a instituição com a melhor taxa cambial e assessorar o exportador até a fase final do contrato. Os elementos dos contratos de câmbio, com exceção dos considerados imutáveis, podem ser alterados, desde que haja mútuo consenso entre as partes. São permitidas as alterações na natureza da operação; no pagador/recebedor no exterior; nos contratos não vinculados a operações comerciais; no prazo para a liquidação; na forma de entrega e nas cláusulas de negociação. -Efetivação e Fechamento do contrato de câmbio. A efetivação do contrato ocorre quando o documento é sacramentado com a instituição financeira. Fechar o câmbio nada mais é que negociar com o banco as condições (taxa, tarifa, prêmio, prazo) de compra e venda da moeda estrangeira. De acordo com as regras, o fechamento pode ser feito antes ou depois do embarque da mercadoria e o exportador tem um prazo, começando a contar da data do embarque, para a entrega dos documentos da exportação. Antes de fechar o câmbio, o exportador deve estudar as variáveis do mercado financeiro, tais como a taxa de juros vigente e a expectativa em torno da taxa cambial, a fim de escolher o melhor momento para liquidar o contrato. -Liquidação do contrato de câmbio A liquidação consiste no memento em que se faz a troca recíproca de moedas. Tal troca nem sempre ocorre no memento da contratação (como câmbio no turismo, por exemplo, em que a liquidação ocorre imediatamente). Com exceção da liquidação sob a forma prevista no câmbio simplificado simultâneo de exportação, as operações cambiais devem ser liquidadas mediante a entrega de moeda ou entrega do documento que a repasse ao banco como qual tenha sido celebrado o contrato. -Cancelamento do contrato de câmbio. Os contratos de câmbio podem ser cancelados, em comum acordo entre as partes, quando a mercadoria não foi embarcada e/ou o serviço contratado ainda não tenha sido prestado. No caso de já ter ocorrido o embarque da mercadoria ou prestação de serviço, o cancelamento ou baixa do contrato deve ser efetuado em certo prazo a partir da data do embarque. Na hipótese de recebimento da moda estrangeira referente a contrato de câmbio que tenha sido cancelado, o exportador deve celebrar novo contrato para liquidação pronta e é classificado como processo de recuperação de divisas. Ocorrendo o pagamento da exportação, o contrato de câmbio baixado deve ser restabelecido e imediatamente liquidado. - Tipos de contratos de câmbio Antes de outubro de 2011, no Brasil, existiam diversos tipos de contratos de câmbio para compra, venda, transferências financeiras, alterações nos contratos já assinados, cancelamentos e operações de arbitragem. A partir de 2011, alguns tipos de contratos foram revogados pela Circular nº 3.545, sendo ainda válidos e operantes os seguintes tipos: · Compra (importação): destinado às operações de compra de moeda estrangeira realizadas pelas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio; · Venda (exportação): destinado às operações de venda de moeda estrangeira realizadas pelas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio; · Tipos 7(para compras) e 8(para vendas): alteração de contrato de câmbio celebrado até 30 de setembro de 2011; · Tipos 9 (para compras) e 10(para vendas): cancelamento de contrato de câmbio celebrado até 30 de setembro de 2011, usados, também, por adaptação, para a documentação da posição cambial. Exportação A necessidade de proteger divisas fez com que fossem editadas normas reguladoras referentes às moedas envolvidas (câmbio) nos negócios internacionais e tais normas se encontram espalhadas em diversos diplomas legais. As regras sobre operações cambiais ganham revelo em dois grandes negócios: importação e exportação. Exportação é a venda ou remessa de produtos de um país para outro, sendo o exportador aquele que vende e o importador aquele que compra. A exportação pode ser realizada de três formas, sendo elas: · Exportação direta, na qual a empresa toma todas as providências para a venda da mercadoria, sem nenhum interveniente junto ao importador; · Exportação indireta, na qual o produtor vende sua mercadoria a um terceiro interveniente, podendo este ser uma cooperativa ou um consórcio de produtores, que irá efetuar a exportação; · Exportação indireta por Trading Company(Empresa Comercial Exportadora). As Trading Companies são organizações comerciais constituídas sob a forma de sociedade por ações e possuem tratamento tributário diferenciado. Dessa forma, o exportador conta com isenção de certos impostos e deixa de ter responsabilidade sobre a continuidade da operação. Nas operações realizadas dentro do país não é lícita a recusa de moeda nacional como forma de pagamento, porém o mesmo não acontece no mercado internacional. Entre nós, o Estado tem o monopólio e controla as moedas estrangeiras, a fim de preservar as reservas cambiais. Por muitos anos, o exportador não podia receber o pagamento dos importadores estrangeiros em moeda nacional, pois frustraria entrada de moeda forte no país. A partir de 2006, com a Lei n.11.371/06, passou a ser possível o recebimento de moeda nacional como forma de pagamento das exportações brasileiras. Além disso, passou a ser possível aos exportadores brasileiros manter no exterior a integralidade dos recursos recebidos por suas exportações. Somente as instituições autorizadas pelo Banco Central é que podem operar no mercado de câmbio, e as operações de compra e venda de moeda estrangeira, para serem lícitas, devem ser contratadas e liquidadas com as instituições autorizadas pelo BACEN, devendo seguir todos os normativos e regras para tais operações. Nas exportações e importações existem obrigações recíprocas: o vendedor fica obrigado a entregar a mercadoria e o comprador, por sua vez, a entregar o valor combinado. Essas operações não podem ser realizadas simultaneamente e tanto os importadores como os exportadores liquidam os valores devidos através doa bancos, e não diretamente entre si. O pagamento aos exportadores pode ser antecipado (o exportador recebe o dinheiro antes do embarque da mercadoria), por cobrança (oexportador recebe o dinheiro após o embarque da mercadoria) e pelas cartas de crédito. Estas serão estudadas mais a frente, nos próximos módulos. MÓDULO 6 – CÂMBIO IMPORTAÇÃO E PRINCIPAIS TIPOS DE FINANCIAMENTO A EXPORTAÇÃO Importação A importação é o processo pelo qual entram em determinado país, por meio da compra, produtos e bens produzidos no exterior. A empresa importadora (quem compra) deve ser registrada pelo Siscomex*, o que ocorre de forma automática após a realização da primeira operação de importação. Neste ato são informados CNPJ, constituição societária, capital social, dentre outros dados cadastrais. Após a compra, para que a mercadoria importada seja nacionalizada e licenciada para consumo, é necessária a emissão de um documento conhecido como declaração de importação. Assim, o importador fornece à Receita Federal diversas informações sobre a operação, tais como: especificação da mercadoria, forma de pagamento, benefícios fiscais, classificação aduaneira e meio de transporte da mercadoria. Portanto, adeclaração de importação consolida as informações cambiais, tributárias, fiscais, comerciais e estatísticas da operação, representando o início do Despacho Aduaneiro.¹ ¹- conjuntos de atos que garantem a autorização de entrega da mercadoria procedente do exterior. *Sistema integrado de comércio exterior. Regime Cambial Para que o importador possa efetuar o pagamento ao seu fornecedor no exterior, deverá comprar a respectiva moeda estrangeira, realizando o fechamento de câmbio, a fim de liquidar sua obrigação no exterior. A remessa de moeda será efetuada pelo banco como qual o contrato de câmbio foi fechado, através de uma ordem de pagamento ao seu correspondente no exterior, tendo como beneficiário o vendedor da mercadoria. Segundo o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais, capítulo 12 “as operações de câmbio destinadas ao pagamento de importações brasileiras, inclusive as relativas a parcelas de principal de importações financeiras até 360 dias, podem ser celebradas para a liquidação pronta (até 2 dias da data de contratação) ou futura (até 360 dias da data de contratação), independentemente da modalidade da transação.” Nas importações realizadas à vista e com pagamento antecipado, a contratação do câmbio normalmente é efetuada para liquidação pronta. Já nas importações a prazo, a contratação do câmbio pode ser tanto para liquidação pronta como para liquidação futura. A contratação de câmbio por pessoa diversa do importador indicado na Declaração de Importação é permitida nas seguintes condições: a) na alteração de denominação social do importador; b) na falência do importador; c) por decisão judicial; d) na fusão, cisão, sucessão ou incorporação de empresa importadora; e) na inadimplência do importador com o banco autorizado a operar em câmbio, emissor da carta de crédito ou garantidor do pagamento da importação; f) na importação realizada por conta e ordem de terceiro; As alterações nos contratos de câmbio de importação podem ser processadas para adequar seus dados à operação a qual se vinculam. Apenas não são permitidas alterações no importador, no Banco Interveniente, no valor em moeda estrangeira e moeda nacional e na taxa cambial. As alterações admitidas devem ser devidamente registradas no Sisbacen.² ²- Sistema de Informações do Banco Central. Pagamento antecipado Esta modalidade de pagamento apresenta altíssimo risco para o importador, uma vez que o pagamento é realizado antes do embarque da mercadoria, além de elevar o custo da mercadoria transacionada. É mais utilizada na importação de produtos de alta tecnologia e máquinas fabricadas sob encomenda, uma vez que, para o importador, representa uma garantia de recebimento e, para o exportador, aporte de recursos de capital de giro destinado à fabricação da mercadoria. O processo ocorre, basicamente, da seguinte forma: 1. O importador efetua a compra da mercadoria junto ao exportador e providencia a compra da moeda estrangeira de que necessita, fechando um contrato de câmbio junto a um Banco de sua escolha. 2. O banco, através de uma ordem de pagamento, envia os recursos em moeda estrangeira ao Banco do exportador (no exterior). 3. O exportador embarca a mercadoria e remete os documentos originais diretamente ao importador para desembaraço junto à alfândega, além de entregar uma cópia dos documentos ao banco para comprovar o embarque da mercadoria de acordo com a legislação cambial de seu país. Comissão de agentes As comissões devidas a agentes, representantes, concessionários etc. podem ser transferidas ao exterior, integrando o pagamento das importações, ou retidos no país, em favor dos credores. Se o contrato de câmbio for liquidado sem a vinculação da comissão, o valor desta deve estar no contrato mercantil ou em outro documento idôneo da operação. Principais tipos de financiamento a exportação Os bancos que operam com câmbio concedem aos exportadores os Adiantamentos sobre os Contratos de Câmbio (ACC), que consistem na concessão, feita pelo banco negociador das divisas, da antecipação do preço da moeda estrangeira ao exportador amparado por uma linha de crédito externa, intermediada pelo banco, que é autorizado a operar em câmbio. O objetivo dessa modalidade de financiamento é proporcionar recursos antecipadas ao exportador para que este possa fazer face às diversas fases do processo produtivo e à comercialização da mercadoria a ser exportada. Constitui-se, assim, com um incentivo à exportação. Pelo fato deste incentivo financeiro demandar custos bem mais favoráveis do que as taxas de mercado, a concessão pelos bancos e a utilização desses ACC pelos exportadores devem ser dirigidas para seu fim essencial: apoiar financeiramente a concretização da exportação objetivo do contrato de câmbio. O ACC desdobra-se em duas fases. A primeira refere-se à concessão do adiantamento pelo banco, tradicionalmente, em até 180 dias antes do embarque da mercadoria, caracterizando-se como um financiamento à produção, embora perdendo a desvalorização cambial posterior que possa ocorrer com os reais. A segunda fase acontece quando a mercadoria já está pronta e embarcada, podendo ser solicitado até 60 dias após o embarque, aproveitando ao máximo a variação cambial. Nessa fase, passa a se chamar Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE), e pode caracterizar-se pela simples manutenção do ACC, efetuando-se apenas a transformação contábil através de complementação de valor. O valor adiantado poderá ser averbado no próprio contrato de câmbio ou através de instrumento em separado que se integrará ao contrato. Muitas vezes, o ACC é utilizado como um instrumento para ganho financeiro pelo exportador. Tal fato ocorre quando as taxas de juros domésticas estão elevadas em relação às taxas em dólar, o que incentiva as empresas a tomarem recursos nessas linhas para aplicá-los no mercado financeiro. Nesse caso as empresas contratam o ACC/ACE para financiar suas atividades. A partir das alterações nas regras de recebimento das exportações brasileiras, feitas pelo BC em 2009, os exportadores brasileiros podem transformar um financiamento interno- normalmente um ACC- em financiamento externo- pré-pagamento de exportações, realizando o embarque ou prestação de serviços em qualquer prazo. A medida teve como objetivo ampliar as operações de negociação visando melhores condições de financiamento à exportação, e valeu para as novas operações de ACC após aquela data e para o estoque de financiamentos em vigor. MÓDULO 7 – FINANCIAMENTO NO MERCADO INTERNACIONAL Financiamento no mercado internacional Dentro das operações e mecanismos existentes para financiar a exportação, podemos destacar: o pré-pagamento, export note e a securitização das exportações. O pré-pagamento Consiste na aplicação de recursos em moeda estrangeira na liquidação de contratos de câmbio de exportação, anteriormente ao embarque das mercadorias.O prazo de embarque da mercadoria é de, no máximo, 360 dias após a contratação do câmbio. Caso o prazo não seja cumprido, a operação conduzida como pagamento antecipado da exportação pode ser convertida –a pedido do exportador e com consentimento do pagador no exterior- em investimento direto de capital ou empréstimo de moeda. O motivo para adotar a estrutura de pré-pagamento no lugar de ACC é a diferença de risco político existente. No pré-pagamento, as instituições financeiras no exterior não esperam receber divisas remetidas no Brasil, correndo apenas o risco comercial de haver ou não o embarque da mercadoria. No caso de uma crise cambial, as autoridades brasileiras poderiam proibir a remessa de divisas para pagar dívidas, mas dificilmente proibiram o embarque de mercadorias já vendidas e pagas. Export Note É um título representativo dos direitos de créditos de exportação difundido em contrato mercantil, entre o exportador brasileiro e o importador estrangeiro, no qual o exportador cede ao Banco os direitos sobre a exportação em troca da antecipação dos recursos. Securitização das exportações Consiste na emissão de um título no mercado internacional com lastro em vendas futuras ao exterior. É operacionalizado para que os exportadores obtenham financiamento no exterior a custos mais baixos. Com base no contrato de exportação, o exportador emite um papel de, no mínimo, 361 dias de prazo, para buscar financiamento junto aos investidores institucionais e instituições financeiras internacionais. Tais papéis são garantidos pelo desempenho do exportador ao longo dos anos. O investidor estrangeiro acompanha os dados, que são registrados numa conta de passagem, na qual é contabilizada a receita auferida pelo exportador coma venda do produto no mercado. É uma conta de saldo zero, já que serve apenas para mostrar, no exterior, a renda obtida com as exportações, antes dos recursos serem internados no país. Além disso, os exportadores podem abrir, no exterior, uma conta de depósito de moeda estrangeira (deferente da de passagem) onde vão depositar recursos para o pagamento dos juros e encargos. Às vésperas do pagamento, o tomador coloca recursos em sua conta como garantia ao investidor de que ele honrará o compromisso. Assim, o exportador consegue recursos a custo mais baratos, já que se subentende que o contrato de exportação terá baixo risco, justamente por estar garantido em fluxo de recursos de moeda forte. Supplier’s credit, Buyer’s Credit e Forfaiting Na modalidade Supplier’s credit o financiamento é concedido ao exportador por um banco mediante desconto das cambiais representativas de vendas a prazo, podendo o financiador exercer o direito de regresso contra o exportador/financiado. Assim, o exportador vende a prazo e as divisas também vão ingressar, futuramente, nos respectivos vencimentos. O pagamento da cambial de exportação é de responsabilidade do exportador, junto ao banqueiro financiador, quer na condição de sacador quer na qualidade de endossante. Pode ser negociada, entre financiador e financiado, a dispensa do direito de regresso contra o exportador, o que acarretará o pagamento, por parte deste, da comissão de risco ao financiador. Já na modalidadede Buyer’s Credit o financiamento é concedido diretamente ao importador estrangeiro, com atuação de um banco no exterior que financia a operação ao importador. Neste caso, apenas o comprador e seus avalistas, quando houver, permanecem responsáveis pelo pagamente das cambiais de exportação, não havendo qualquer vinculação do exportador com as cambiais. O Forfaiting é uma concessão de crédito através da qual, com a intermediação de um banco, um exportador pode vender suas mercadorias a prazo e receber à vista. O mercado forfaiting funciona como uma espécie de desconto de notas promissórias, sendo uma forma de captação contra venda de uma cambial (saque). Seu maior atrativo é que o mecanismo não oferece riscos ao exportador, pois é a compra de obrigações do importador, saque cambial sempre sem o direito de regresso, o que garante ao exportador estar sempre livre de riscos da operação. O forfaiting ainda é pouco conhecido pelos bancos, mas em breve deve tornar-se uma fonte popular de recursos, já que, ao fecharem financiamentos para o comércio exterior via forfaiting, os bancos brasileiros transferem o risco da operação para uma instituição especializada no ramo (forfaiter). Além disso, a operação é simples e rápida. Primeiro o exportador deve remeter um saque cambial ao comprador e este deverá assiná-lo, comprometendo-se a pagar no vencimento. Em seguida o banco analisa o risco, o prazo e estabelece um desconto para valor de face dos títulos. O custo depende exclusivamente do risco, sendo muito barato para um risco bom e chagando a valores mais elevados para financiar riscos maiores. Por exemplo: uma empresa brasileira negocia a venda de uma máquina ao exterior no valor de US$ 1.000.000 e O importador pede um financiamento de cinco anos, para ser pago em dez prestações semestrais. Com a empresa brasileira querendo receber o pagamento à vista e o importador querendo receber o financiamento, monta-se uma operação forfaiting através da venda de crédito do exportador ao banco, à vista e com um desconto. O exportador então, segundo a orientação do banco, financia, via banco, o importador estrangeiro, emitindo notas promissórias. Essas notas serão compradas, à vista, pelo banco, acerta-se com o forfaiter e, mediante a um desconto, torna-se credor oficial do importador, sem direito de regresso. Assim, o exportador recebe à vista, o importador consegue o financiamento e o banco ganha a taxa de intermediação. Financiamento à importação Até a abertura da economia brasileira, iniciada em 1990, os financiamentos para a aquisição de bens de serviços no exterior eram uma opção obrigatoriamente imposta pela norma política de comércio exterior. A desestabilização econômica e inflação instável, mesmo que a curto prazo, não deixavam os executivos das empresas tranquilos quanto à obtenção do lucro no final da operação. Além disso, ferramentas de proteção, como o hedge cambial (trabalhado nos próximos módulos), ainda não eram praticadas pelo mercado doméstico e não estavam regulamentadas pelo Banco Central. Atualmente, além dos amplos mecanismos que o mercado oferece em termos de proteção, o sucesso no controle da inflação e a estabilidade proporcionada pela política cambial deixaram claro que a opção por um financiamento à importação pode trazer vantagens financeiras ao importador. Assim, qualquer alternativa de financiamento aos níveis atuais de das taxas praticadas no mercado doméstico representa um custo significativamente superior. Diante de tal diferencial entre as taxas de juros, o importador obterá relevante benefício financeiro ao optar pelo pagamento da importação a prazo. É fundamental que a empresa adote uma política de hedge para se preservar de possíveis depreciações da taxa de câmbio diante da moeda do financiamento, com objetivo de defender seus lucros. Essa modalidade de financiamento tem como objetivo principal atender às empresas que pretendem importar bens de consumo, serviços e bens de capital, esses destinados à modernização e atualização dos processos industriais para fazer frente à concorrência internacional. Operações de garantia A crescente participação e integração das empresas no mercado internacional vêm aumentando o volume de operações comerciais e financeiras com o exterior, exigindo presença das operações de garantia. Entre as principais, temos: · Aval bancário: Mediante a concessão de aval, os Bancos podem assegurar ao credor o pagamento da dívida caso o comprador se torne inadimplente. O aval só pode ser dado em um título de crédito, nunca em outro instrumento. · Fiança: é um contrato pelo qual o banco (fiador) garante o cumprimento da obrigação de seu cliente junto a um credor.· Bid Bond: é uma espécie de aval concedido em documento para que determinada empresa possa participar de concorrência. Garante o pagamento de multa caso a concorrente, se vencedora, se recuse ou não apresente os documentos, garantias e condições para formar o contrato nos termos de sua oferta. Teoricamente o valor dessa multa seria suficiente para ressarcir a empresa ofertante dos custos de uma nova consulta ao mercado. · Performance Bond: Contrato no qual o banco garante o pagamento de multa (5 a 10% do valor do contrato) pelo fornecedor/fabricante caso haja descumprimento de termos e condições estabelecidos no contrato, tais como: prazo de entrega, qualidade, desempenho físico do produto, etc. e neste caso o banco é encarregado de pagar o valor da garantia caso o exportador não cumpra com o contrato. Cartas de crédito (Letter of Credit – L/C) A carta de crédito é um documento que oferece alta dose de segurança para se operar no comércio internacional, já que o banco emitente garante o pagamento ao exportador, em nome do importador. O importador deve responsabilizar-se pelo pagamento da mercadoria e procurar um banco que faça a emissão do documento ao exportador. A L/C tem informações padronizadas, entre elas: data, nome dos bancos, valor da mercadoria, condições de venda e de pagamento, prazo de embarque, entre outros. MÓDULO 8 – FUNDOS DE INVESTIMENTO E EMPRÉSTIMOS EM MOEDA ESTRANGEIRA (M.E.) Fundos de investimento Dentre as formas mais optadas pelas empresas para se obter fundos para investimento, merecem destaque: - Commercial papes (Notas promissoras comerciais); São títulos de crédito de natureza cambial emitidos por grandes empresas, sem garantia real, colocados no mercado monetário com o objetivo de captar recursos financeiros sem que tais empresas tenham de recorrer a bancos. São muito utilizados nos Estados unidos por parte de empresas altamente conceituadas. Entre as principais vantagens do comercial paper estão sua flexibilidade, com livre determinação de prazos, taxa de juros maior do que a dos certificados de depósitos e diversificação dos papéis, com grande número de empresas emissoras. Por outro lado, como desvantagens, temos a inexistência de liquidez a curto prazo, alto risco e negociações em mercado secundário. Por permitirem uma estruturação mais rápida e com custo menor, muitas companhias que precisam do dinheiro com maior urgência usam as notas como uma ponte para a emissão futura de debêntures* ou ações. *Valor mobiliário emitido pelas sociedades por ações, representativo de dívida, que assegura aos seus detentores o direito de crédito contra a companhia emissora. -Bônus/Eurobônus de empresas São títulos lançados no exterior por empresas nacionais, com objetivo de captar recursos em valores elevados. Recebem o prefixo “Euro” quando a emissão ocorrer fora do País da moeda na qual o título estiver sendo emitido. Por exemplo, Os eurobônus e euronotes¹ caracterizam a emissão dos referidos títulos, denominados em dólar, mas fora dos Estados Unidos. Podem ser lançados títulos com taxas de juros fixas (Fixed Rate Notes) ou flutuantes (Floating Rate Notes), sendo o BC o órgão responsável por determinar os prazos mínimos de capitação no mercado internacional, seja por meio da emissão de títulos ou das operações de empréstimo entre empresas. Muitas vezes os títulos são vendidos com desconto em ralação ao valor de face. O cálculo em sistema de fluxo de caixa de acordo com o prazo do título, levando em conta o desconto e o juro prometido, resulta no retorno obtido pelo investidor. O termo “bônus” (Bond em inglês) é usado tradicionalmente, no exterior, para títulos com mais de 10 anos de prazo. Para os títulos com menos de 10 anos, utiliza-se o termo notes¹. A captação de recursos é controlada pelo BC que, de acordo com seus interesses de política monetária e cambial, estabelece alíquotas de IOF* para acelerar ou desacelerar a entrada de recursos externos a cada momento econômico. *Imposto sobre Operações de Crédito. Ainda nesse contexto, vale destacar as diretrizes e implicações causadas pelo surgimento de uma lei (nº 4.131.) referente à aplicação de fundos de investimento. A lei 4.131 disciplina a aplicação do capital estrangeiro no país e as remessas de valores para o exterior. Ela estabeleceu que só os capitais estrangeiros com devida certificação no BC podiam remeter lucros ao exterior. Podiam obter o registro do BC os capitais que: pertencessem a não residentes no país; pudessem comprovar o ingresso no Brasil por meio de operação de câmbio ou ingresso de bens; e se destinassem a atividades produtivas. Assim, a legislação criou problema para várias empresas que, como operavam há muito tempo no país, não foram capazes de reunir a documentação comprovando o ingresso do capital anterior a criação da lei. A partir daí surgiu o problema do chamado capital contaminado, que obrigava o registro e a certificação pelo BC dos capitais estrangeiros já investidos no Brasil. Uma das maiores distorções provocadas pela legislação foi a dos reinvestimentos de juros da remuneração sobre o capital próprio. Essa brecha, aberta pela Receita federal após o Plano Real, permitiu a distribuição de resultados mesmo quando havia prejuízo, mas, pelas regras da Lei 4.131, não era possível obter a certificação quando uma empresa com prejuízo reinvestia no país juros sobre o capital próprio. Finalmente, em agosto de 2006, o governo e o BC estabeleceram as regras para a regularização do capital contaminado. Empréstimos em M.E. As contratações de empréstimos externos diretamente pelos bancos com carteira comercial ou de investimento eram reguladas pela Resolução 63, de 21/08/1967, do CMN. Por meio de contratos de repasse de empréstimo externo, os bancos repassavam ao mutuário final os reais por eles obtidos com a venda da moeda estrangeira, cobrando do tomador, além da correção cambial, a comissão de repasse e os custos da captação. Os recursos captados no exterior, enquanto não empregados nos repasses de que tratava a Resolução 63, só podiam ser aplicados em: · Repasses interbancários; · Operações de arrendamento mercantil; · Aquisição de direitos de crédito oriundos de operações de crédito com contratos celebrados no mercado interno; · Depósitos remunerados (em US$) nas condições determinadas pelo BC; · Depósitos em R$ no BC sem remuneração. Atualmente a Resolução 3.844, de 23/03/2010, é que dispõe sobre o capital estrangeiro ingressado ou existente no país, em moeda ou em bens, e seu registro no BC. Nesse registro estão incluídas as seguintes modalidades de capital estrangeiro: · Investimento estrangeiro direto; · Empréstimo externo; · Royalties, serviços técnicos e arrendamento mercantil; · Garantias prestadas por organismos internacionais; · Capital em moeda nacional. Carta circular 5 (CC5) de 27 de fevereiro de 1969 As Contas CC5 ficaram assim conhecidas devido à Carta Circular n.5, do BACEN, que criou contas não-residentes na padronização contábil das instituições financeiras. Foram criados dois tipos de contas CC5: a) subtítulo Contas Livres (originadas de venda de câmbio) provenientes, exclusivamente, de depósitos de recursos oriundos do exterior, possibilitando o repartimento do saldo da conta; b) subtítulo Contas Livres (de outras origens) que podiam receber depósitos em moeda nacional, sem a possibilidade de repartimento. Assim, se o correntista não residente desejasse repartir recursos além das sobras, teria de sacá-los em espécie e trocá-los por moeda estrangeira. Em 1988, como surgimento do Mercado de Taxas flutuantes, houve uma maior liberalização do fluxo de capitais com o exterior, desmistificando, assim, uma longa história de restrições cambiais geradas pela escassez de divisas. A partir daí, as contas CC5 Passaram a ser o instrumentode entrada e saída de moeda estrangeira do país utilizado por instituições financeiras no exterior com contas CC5 em bancos brasileiros. Derivativos de Swaps e hedges cambiais A palavra Swap significa troca, e designa uma operação cada vez mais procurada no mercado internacional. Com o swap, por exemplo, companhias com dívidas em dólar corrigidas por taxas flutuantes podem contratar uma operação que as transforme em dívidas com taxas fixas, e vice-versa. É caracterizada como uma operação de troca de posições, e assim, há espaço para o desenvolvimento e surgimento de vários tipos de swap. O Swap, assim como o hedge,* pode ser usado para proteção contra o risco de variação de taxas de juros. Para a condição específica citada acima, (risco de variação da taxa de juros) podem ser inclusas, de acordo com a circular 2.348, do BC, as seguintes modalidades de hedge: Swap da taxa de juros- operação em que as contrapartes se comprometem a trocar, por um período de tempo predeterminado, os pagamentos de juros que tenham como base taxas referenciais de natureza diferente- taxa fixa para variável, e vice-versa- sobre um valor principal de referência. cap de taxas de juros- operação em que uma parte se compromete a efetuar pagamentos à outra parte em períodos predeterminados, calculados sobre um valor de referência, sempre que determinada taxa de juros exceder um nível máximo predefinido. Floor da taxa de juros- operação em que uma das partes efetua pagamentos à outra, em períodos predeterminados, calculados sobre um valor de referência, sempre que determinada taxas de juros estiver abaixo de um nível mínimo predefinido. collar de taxas de juros- operação combinada de um cap e floor, em que as contrapartes se comprometem a efetuar pagamentos uma à outra sempre que uma determinada taxa de juros exceder o nível máximo ou estiver abaixo do nível mínimo predeterminado. Os pagamentos e recebimentos dos hedges anteriormente citados são sempre efetuados em moeda estrangeira através de operação de câmbio para liquidação no mercado à vista. O limite das operações de proteção é o valor remanescente dos direitos e obrigações de natureza comercial ou financeira que lhes deram origem. Além disso, operações de câmbio relativas a tais direitos e obrigações são acordadas e liquidadas na forma, prazos e condições obrigatoriamente contratados, respeitando a regulamentação cambial vigente. *Hedge- operação destinada à proteção contra riscos de variações no mercado de taxas de juros, paridade entre moedas e preços de commodities, relativamente a seus pagamentos e recebimentos com efetivação programada ou prevista em data futura.
Compartilhar