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MELHORES TEXTOS DOS COLUNISTAS DO CASAL SEM VERGONHA

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© 2015, by Casal Sem Vergonha
Título: Melhores textos dos colunistas do Casal Sem Vergonha
Gerente Editorial: Jaqueline Barbosa e Emerson Viegas
Projeto Gráfico: Emerson Viegas
Diagramação: Emerson Viegas
Revisão: Jaqueline Barbosa
Capa: Emerson Viegas 
2015
Todos os direitos desse ebook são reservados. Nenhuma parte dessa 
obra pode ser apropriada e estocada em sistema de bancos de dados 
ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de 
fotocópia, gravação, etc., sem a permissão dos detentores do copyright. 
Visite-nos nos endereços abaixo:
www.casalsemvergonha.com.br
facebook.com/casalsemvergonha
twitter.com/ksalsemvergonha
instagram.com/casalsemvergonha
casalsemvergonha.com.br/grupofechado
redacao@casalsemvergonha.com.br
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Índice
Como tudo começou
Ricardo Coiro
Quando o outro é seu melhor programa
Aquela coisa chamada saudade
Só macho beta tem medo de mulher alfa
Daniel Bovolento
Case-se com um homem que
Faça amor, não faça a barba
Traição não é ir embora. É ficar por pena.
Bruna Grotti
Não posso ser a mulher da sua vida, porque já sou a mulher da minha
Sobre Relacionamentos Na Era do Exibicionismo - Amor de 
Verdade Precisa de Provas Públicas?
Laís Montagnana
Procura-se um amor que goste de chupar
Bad timing: quando a pessoa certa chega na hora errada
Porque Amor de Verdade Não Pode Ser Limpinho
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Danielle Daidan
Case-Se Com Uma Mulher Que...
Por um mundo com menos “a gente se vê” e mais 
“abre a porta que cheguei”
O amor de verdade se mede em como você trata o seu
 amor quando não precisa mais conquistá-lo
Priscila Nicolielo
Sofrimento: Você Cospe ou Engole?
Era pra somar, ele sumiu: como agir quando a 
pessoa com quem você está ficando desaparece
Cola Em Mim: Uma Crônica Sobre Homens Grudentos
Nathalí Macedo
Ele só quer te comer: porque esse discurso não deveria incomodar
10 coisas que valem muito mais do que uma aliança
Diz que ama ser solteira, mas chora sozinha de noite querendo 
um amor de verdade
Lucas Baranyi
Mulher que é mulher tem celulite, homem que é homem não repara
A arte de se reapaixonar pela mesma pessoa: praticamos
Porque ser dama na rua e puta na cama não faz sentido
 
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Daniel Braz
O amor da sua vida desceu na outra estação
É preciso coragem para ser um casal em tempos 
de pegação desenfreada
Juntando as escovas de dente: por que (ou por que não) morar junto?
Vana Medeiros
Nós Aceitamos o Amor que Achamos que Merecemos
Conselho aos desesperados por um par: continuem sozinhos
Uma Geração de Covardes e Traidores
Hugo Rodrigues
O sonho da mulher dos seus sonhos 
O amor é rotina que não cansa
Qualquer motivo pra você ficar
Fred Mattos
Os poderes da arte de rir do outro (e de si mesmo)
A verdade por trás do “ele não era pra você”
Da próxima vez em que disser “Ele só quer me comer”, lembre-se disso
Para terminar
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Como tudo começou
No remoto ano de 2011, nascia o site que viria a ser o maior veículo 
brasileiro focado em relacionamentos e sexualidade - o Casal Sem 
Vergonha. 
O projeto nasceu da nossa vontade de criar um veículo que falasse sobre 
esses temas sem a abordagem clichê com a qual as pessoas estavam 
acostumadas. Nos incomodávamos muito com a forma na qual temas do 
universo de amor e sexo eram tratados pela mídia: sempre com 
muitos tabus, poucas verdades e muitos estigmas que precisavam ser 
desbancados o quanto antes. 
Hoje, quatro anos depois da criação do projeto, atingimos a marca de 
7 milhões de leitores todo mês, que chegam até nós em busca de 
conteúdo diário de qualidade e que não menospreze a inteligência 
das pessoas.
Aliás, esse é um dos motivos pelo qual nosso público é tão fiel: nos 
mantivemos firmes ao nosso propósito inicial que era realmente impactar 
a vida das pessoas e ajudá-las a serem mais felizes no sexo e nos 
relacionamentos. E, de acordo com os feebbacks diários que recebemos 
dos leitores, temos conseguido cumprir a nossa missão. 
Com o passar o tempo, decidimos também abrir espaço no site para 
que outras pessoas pudessem contribuir com suas opiniões e pontos de 
vista. Criamos assim uma iniciativa inovadora na internet: uma seleção de 
colunistas que teve inscrições do Brasil inteiro. Depois dela, outras duas 
seleções aconteceram, e no total tivemos a impressionante soma de 5 
mil inscritos em busca de vagas para escrever e se comunicar com os 
leitores do Casal Sem Vergonha. 
Essa iniciativa fez com que descobríssemos vários talentos. Alguns deles 
não escreviam antes, mas despertaram a paixão pela escrita através da 
colaboração com o Casal Sem Vergonha. Outros já tinham o sonho de 
brilhar nessa área, mas não tinham tido a chance de expor seu trabalho 
para o mundo. Hoje temos muito orgulho em saber que fomos o primeiro 
veículo a identificar muitos desses talentos e apostar no trabalho deles. 
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Nossa maior recompensa é vê-los brilhando e indo cada vez mais longe.
Com o passar do tempo, outros colunistas também foram chegando e 
se unindo ao time. Formamos então, ao longo desses quatro anos, uma 
comunidade de colunistas incríveis, cada qual com seu perfil e pontos 
de vista. Essa soma fortaleceu ainda mais o site Casal Sem Vergonha e 
contribuiu para que nos tornássemos uma referência em conteúdos sobre 
amor e sexo no Brasil.
Por isso, decidimos unir os artigos mais matadores dos colunistas do site 
aqui nesse livro, para que você possa reler os seus textos favoritos ou 
conhecer (e se apaixonar!) pelo trabalho de outros escritores que talvez 
você não conheça tanto. Difícil mesmo foi escolher quais foram os 
melhores textos de cada um para chegar nessa coletânea. Mas 
conseguimos. 
Esperamos que curta tanto esse livro quanto curtimos produzi-lo. 
Deixamos aqui nosso agradecimento aos nossos queridos colunistas que 
tanto somaram ao nosso trabalho ao longo esses anos. E também a você 
leitor, por nos dar o prazer da sua companhia fiel durante esse tempo 
todo.
Um beijo,
Jaque e Eme 
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Quando o outro é seu melhor programa
Ontem, após o Nespresso duplo de cada dia, eu ouvi, pela primeira vez, a 
música Mais Ninguém, gravada pela recém-formada Banda do Mar 
(grupo musical que conta com o Marcelo Camelo e com a Mallu 
Magalhães, entre outros músicos).Além de ter curtido o som, graças à 
mensagem gostosa que transborda da música, senti-me impelido a 
escrever sobre uma coisa que, em minha opinião, figura entre as 
principais responsáveis pela duração de longas relações amorosas: a 
capacidade de encontrar no parceiro todos os elementos necessários 
para se distrair por longos períodos de tempo, mesmo quando estiver 
em locais desprovidos de outras fontes de entretenimento.
Conheço casais que parecem achar graça apenas em programas que 
envolvem outros casais, música ao vivo, alta gastronomia e paisagens 
que dispensam filtros no Instagram. São pares formados por pessoasque não conseguem enxergar, no próprio parceiro, o suficiente para que, 
vez ou outra, os complementos não sejam necessários para tornar um 
programa a dois memorável. Gente que corre o risco de morrer de tédio 
quando precisa passar a noite toda, só com o parceiro, bebendo sobre a 
sarjeta. Gente infeliz, de acordo com a minha ótica.
Eu já tive um caso - felizmente breve - com uma moça que parecia 
precisar de mil coisas além de mim para achar que um programa era bom 
o suficiente para motivá-la a tirar um vestido limpo do armário. E, talvez, o 
culpado tenha sido eu e meu papo enfadonho, vai saber. Mas que eu sei, 
de fato, é que nossos diálogos eram mais ou menos assim:
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- Mari (nome fictício), vamos fazer algo na sexta?
- O quê?
- Ficar juntos, que tal?
- Eu, você e quem mais?
- Eu e você! Não está bom?
- Podemos chamar o Rafa e a Fê, o que acha?
- Pode ser.
- E o que você quer fazer?
- Vamos tomar uma cerveja gelada?
- Onde?
- No amarelinho?
- Lá é muito sem graça. Só tem porções, bebidas e mesinhas!
- Ué, mas não é disso que um bar precisa para ser considerado um bar?
- Vou procurar algo na internet...
Vinte minutos depois
- Achei um lugar bem legal, é um bar no qual os clientes têm direito a fritar 
a própria porção de batatas e a inventar os drinks que desejam beber. E 
não para por aí: lá existe um telão que vive a transmitir desenhos antigos; 
e se o cliente, na hora de pedir a conta, acertar o nome de mais de três 
personagens de algum dos desenhos transmitidos na noite, ele concorre, 
automaticamente, a camisetas geniais. Legal, né?
- Vamos lá então!
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- Fechou! O que acha de levarmos o War para nos distrair um pouco caso 
tenha fila de espera?
Muitos de vocês, neste exato momento, devem estar defendendo a moça 
do diálogo acima e, por desconhecerem o resto da história, 
provavelmente dirão que ela só estava à procura de cerejas para 
incrementar a nossa relação. Eu até concordaria com vocês caso ela não 
tivesse agido de maneira parecida à descrita no diálogo inúmeras outras 
vezes e se ela não tivesse feito cara de “que programa de índio, mate-me, 
por favor!” sempre que estávamos a sós em algum local sem pirotecnias, 
Dalí original pendurado em alguma parede e porções temperadas com 
azeite trufado.
Porém, graças à namorada que eu tenho hoje - aquela que se mostra 
feliz por estar ao meu lado mesmo quando não há nada além de nós, que 
manteve o sorriso no rosto até mesmo quando nos vimos condenados a 
comer pão com cream cheese em plena ceia de Natal e que acha 
ótimo quando varamos a noite apenas papeando - eu finalmente entendi 
a enorme diferença entre “ter uma companhia vazia” e “ter uma 
companhia para suportar qualquer vazio”. Ainda não sabe em qual das 
categorias anteriores o seu parceiro se enquadra? Simples: tranque-se 
com ele, por algumas horas, em um quarto vazio, sem televisão ou 
qualquer outro tipo de distração. Se o tempo que passarem por lá 
parecer uma espécie de tortura, desista; porém, se a experiência for boa, 
saiba que você está ao lado do cara certo e que qualquer complemento 
(de rafting ao molho barbecue) que optarem por incluir entre vocês, só 
somará, mas nunca se tornará essencial a ponto de colocar o amor de 
vocês em cheque caso seja removido ou esteja em falta no mercado.
A namorada parceira, de verdade, é aquela que sorri quando é convidada 
para não fazer nada, só com você. E sabe o que fará com que ela diga 
“sim” ao seu convite? Você!
Quando estamos com alguém que amamos de verdade, até fila uma de 
banco quilométrica pode se tornar um local especial.
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Aquela coisa chamada saudade
Nada nesse mundo tem mais toneladas do que a saudade, nada. 
Saudade é uma dor imensurável e sufocante presente em cada hiato. 
É sentimento abstrato que esmaga o peito como se fosse concreto. A 
saudade é a vírgula quilométrica enraizada entre dois pontos, dos muitos 
textos que a vida infelizmente pausa por falta de prosa e até pelo excesso 
de rosas.Saudade afia os ponteiros do relógio, transforma poucas horas 
em cortes profundos, dominados por flashbacks com ardor de álcool 
cuspido sobre ferida aberta, aparentemente incicatrizável. A saudade nos 
afoga com as águas calmas do passado, desfoca o presente e congela o 
futuro como faz o frio polar de uma nevasca.
A saudade transforma qualquer música em motivo para pensar 
naquilo que partiu dentro de um avião, que nunca deveria decolar, nem 
por decreto do Papa. Saudade é emoção indivisível, razão incontestável 
para relembrar o gosto inesquecível daquela pessoa que mudou nossos 
passos, gestos e hoje, infelizmente nos considera gasto, empoeirado. A 
saudade é a sombra maldita que não precisa da luz solar para nos seguir 
por cada calçada da vida. Ela repousa num banco de passageiros vazio, 
dorme em nossa insônia, esconde-se nos presentes que prendemos em 
caixas lacradas, blindadas pelo medo de encarar as memórias boas.
Ela transforma comercial de televisão em lágrimas reais, faz homem 
barbado virar menino ansioso em dia de natal, como um cachorro que 
espera o dono todo dia ao pé da porta, mesmo que esse nunca mais 
volte pra casa. A saudade enlouquece, embriaga, faz o mundo todo ter 
uma só cara e nenhuma cura. A saudade é um bar que já saiu rotina, um 
prato de risoto que foi comido antes do gozo, um beijo único no meio do 
olho. É o medo de perder uma peça em meio à multidão e nunca mais 
encontrar outro alguém que encaixe tão bem nesse quebra-cabeça. 
Saudade é temer a vinda do novo e teimar em achar que o velho sempre 
será a melhor parte dessa obra de arte, chamada vida.
A verdade nua e crua é que ninguém nesse palco real está imune ao 
pesar da saudade, a dor latejante das inevitáveis partidas e aos 
planejamentos que talvez permaneçam inacabados até o fim da vida, 
esquecidos numa lista eternamente guardada no fundo da gaveta, mas 
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nunca jogada fora. Desconheço alguém nesse universo grandioso que 
não tenha perdido o chão, a cabeça, a pose e até mesmo a sanidade 
quando deu de cara com esse tal sentimento com aparência de muralha 
intransponível e cheiro de fotos velhas. Não existe colete à prova de 
saudade, nem formas de blindar nossa vida dos estilhaços daquilo que 
vai e nem sempre volta.
Sendo bem sincero, existem sim algumas dicas para quem não quer 
esbarrar com a saudade: recuse toda e qualquer alegria que te faça 
gargalhar até sentir dor nos músculos da barriga, nunca se envolva com 
pessoas capazes de colorir teus dias mais cinzas e chuvosos, coma tudo 
sem sal e sem tempero, não viaje, não saia de baixo do edredom por 
nada, não beije nem na bochecha, não faça sexo e em hipótese alguma 
conheça seus avós se a vida lhe der essa oportunidade imperdível.
Não sei vocês ilustres leitores, mas eu prefiro carregar essas mil 
toneladas de saudade, ainda que em meio a lágrimas e memórias 
martelantes, pois só assim terei a certeza que estou vivo de verdade, sem 
talvez, nem porém. Afinal, saudade é corpo de delito das coisas boas da 
vida.
Só macho beta tem medo de mulher alfa
Machos do meu Brasil, do mundo e de Marte, afivelem bem os cintos, 
pois a mulher alfa acaba de assumir o volante de vez. Esse exemplar de 
fêmea Mega Power² não aceita ter uma bunda gostosa que só serve para 
rebolar, muito menos quer ostentar nádegas eternamente passivas, 
destinadas sempre ao banco de passageiros.Ela agora está no controle. 
Pilota semmedo um conversível furioso, passando rímel enquanto faz 
uma baliza perfeita. Quebra todos os limites impostos pelo machismo de 
museu e, com toda certeza, não pisará no freio, mesmo que o Vin Diesel, 
aos prantos e aterrorizado, peça para sair.
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Ela possui um poder notável, capaz de fazer o Capitão Nascimento 
parecer um mero usuário de fraldas. Ela transpira rios de segurança, mas 
nem por isso borra um milímetro sequer da maquiagem feita com a 
maestria de um pintor renascentista, enquanto simultaneamente 
amamenta gêmeos, lê o jornal do dia, joga sinuca e ainda planeja dominar 
o mundo. Sim, as mulheres alfa um dia farão com que a Terra seja 
conhecida como “planeta rosa”, ao invés de planeta azul.
A mulher alfa gosta dos homens, claro que gosta, mas aprendeu muito 
bem a não depender deles, para nada. Elas trocam pneu sem descer do 
salto. Abrem o vidro de azeitona com a ajuda de tutoriais científicos do 
YouTube. Criam técnicas femininas para sobrevivência na selva, sendo 
capazes de quebrar cocos com o auxílio do salto agulha e de fazer fogo 
utilizando apenas um laquê. Sem contar que elas geralmente dominam as 
mais cruéis modalidades de defesa pessoal e, ao menor sinal de ameaça, 
extinguem testículos com a mesma facilidade de quem estoura um 
plástico bolha.
Elas chegaram lá, no topo da aparentemente imutável cadeia alimentar 
e, para isso, não precisaram injetar nem uma gota de testosterona nas 
veias. Nem mesmo recorreram aos bigodes postiços ou tiveram que 
prender o cabelo e escondê-lo dentro da cartola. As mulheres alfa 
assumiram a presidência, a direção, os campos de futebol, os ringues e 
qualquer lugar antes só destinado aos homens, mas nunca, por nada, 
abriram mão daquela feminilidade que tanto amamos.
Hoje elas tomam uísque sem gelo, mas nem por isso deixaram de se 
derreter quando se deparam com um filhotinho de labrador. Hoje, elas 
seguram firme a rédea de uma empresa multinacional, mas lindamente 
não conseguem segurar as lágrimas quando o mocinho, enfim, pede a 
mocinha em casamento no cinema. Hoje, elas não têm o menor medo de 
lutar com unhas e dentes por direitos iguais, mas felizmente, ainda pulam 
em nosso colo e nos agarram forte quando encontram uma barata, um 
grilo, um rato, um morcego, um besouro, uma formiga ou até uma 
mariposa. Não porque precisam - apenas porque querem.
Vejo muitos homens dizendo por aí que ainda preferem as mulheres 
submissas, dessas quase escravas. Barbados que vivem defendendo o 
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retrocesso e a volta das mulheres de Atenas, que viviam, secavam e 
morriam pelos maridos. Na minha humilde opinião, tais homens só 
gostam dessas “Amélias”, pois só ao lado delas conseguem fingir que 
são machos alfa e líderes de alguma coisa, quando na verdade eles não 
passam de homens Zeta, lotados de insegurança e frustrações. Eternos 
bundões que nunca conseguiram nem o cargo de chefe dos escoteiros 
e que passaram a vida toda sofrendo pela desobediência do próprio 
cachorro.
Eu não quero uma mulher que dependa de mim, não preciso disso para 
fingir que sou superior a alguma coisa. Eu quero mesmo é admirar a 
mulher que estiver ao meu lado, ou à minha frente, por que não? Quero 
aprender com ela também, não apenas ensinar. Quero olhar nos olhos 
dela, enquanto ela me conta como foi o dia e pensar: “Caralho, como é 
que ela é capaz de fazer tudo isso e ainda consegue me fazer tão feliz?”.
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Case-se com um homem que
Case-se com um homem que deite no seu colo, de um jeito meio largado, meio 
descompensado, meio de quem pede ajuda porque o chefe é um mala e as 
coisas só dão certo porque ele tem você no fim do dia. Não escolha alguém 
que faz tudo por você, que vive por você, que atende todos os seus caprichos. 
Sabe por quê?Porque um cara desses deixaria de ser dele pra ser seu, se 
esqueceria da vida dele pra viver a sua e, cá entre nós, você quer somar, não é? 
Ou quer alguém que viva por você, não com você? Por isso mesmo é que você 
deve se casar com alguém que traga um novo mundo pra juntar ao seu e que 
te mostre como os seus planetas ainda podem ser desalinhados de uma forma 
bonita.
Case-se com um homem que te desperte. Da cama, do medo, dos pesadelos. 
Que te beije na testa com ternura e faça cafuné, mesmo sabendo que você 
odeia que enrolem o seu cabelo. Um homem desses que despenteiam, 
desses que deixam uma bagunça gostosa no meio campo. Queira um homem, 
um cara, um rapaz, seja lá o seu termo preferido, que tenha um olhar que não te 
atravesse. Alguém que vai olhar pra você e ver quem você é, sem construções 
idealizadas ou suposições construídas na fantasia. Sem olhares que atravessam 
e se desviam, que não encontram os seus olhos e caminham pelo seu corpo. 
Escolha os olhos daquele que sustenta o mundo quando te olha. Ele tem que 
ser forte, e talvez a força dele seja essa de te ajudar a dividir o peso do mundo 
nas costas, de te ligar no almoço pra dizer que te ama e que nunca se 
esqueceu de ti.
Queira um cara que vá se emocionar quando vê-la entrando na igreja. E que se 
emocione com você de pijama acordando. Que te ache linda independente do 
seu manequim e que se orgulhe de você pelas suas conquistas do dia a dia, até 
aquelas pequenininhas como conseguir passar do primeiro dia da dieta. 
Case-se com um homem que vá rir de você quando você fizer um 
escândalo por ter quebrado a unha ou por ter furado o dedo pregando um 
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quadro na parede. Ele tem que ser do tipo que sabe que você não precisa dele, 
e por isso mesmo que fica. Fica e vai ficando, vai se alojando no sofá, vai 
deixando a escova de dentes e quando você for ver, ele vai ter aprendido 
alguma receita no Google pra tentar te impressionar. Valorize um homem pelo 
esforço dele, não só pelo resultado final. Você vai perceber que um homem que 
se esforça pra te ver feliz é um homem que vale mais do que qualquer 
encantado que a Disney tentou te vender como homem perfeito. Desconfie de 
um cara sem defeitos. E aprenda: tipos perfeitos como os dos livros infantis não 
existem. O que existe são homens que, ao seu modo, conquistam você e fazem 
pender a balança pro lado das qualidades, enquanto você aprende a lidar com 
os defeitos.
Deseje um guri que seja louco. Não por você, mas pela vida. Gente louca pela 
vida gosta de explorar o mundo, a cidade, a rua de cima, o novo restaurante 
japonês da Liberdade e tudo mais. Gente que é louca pela vida entende bem de 
liberdade, companheirismo, amizade e todos esses sentimentos que só quem 
gosta de viver entende. Além disso, te garanto que gente assim tem um ótimo 
papo. Daqueles que não contam vantagem e ainda desenham na sua cabeça 
as cenas todas que alguém com muita paixão já viveu. Daqueles que fazem 
você se apaixonar sempre que falam da forma com que o mundo deles mudou 
desde que você chegou.
Por fim, mas não menos importante, case-se com um homem que te ame em 
detalhes. Nos cartões das flores, na careta da selfie, na camisa cafona que a 
sua mãe deu de presente, na vez em que ele percebeu que você tinha cortado 
o cabelo antes de você falar, nos pedidos de comida às duas da madrugada 
quando ele percebe que você tá morrendo de fome e cagou pra dieta, no 
anti-alérgico que ele carrega na carteira caso você precise. Case-se com quem 
te faça sentir que esse texto é pouco pra falar dele e te faça vontade de 
continuar a escrevê-lo, mesmo que você não seja lá muito boa com palavras,mesmo que você só saiba definir o que sente por ele como amor.
Faça amor, não faça a barba
Nove entre dez mulheres me contam diariamente nas redes sociais que é dos 
barbudos que elas gostam mais. Ao redor do mundo, um bando de (duvidosas) 
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pesquisas induzem ao pensamento de que os pelos são o crachá de sex appeal 
que todo homem gostaria de ter. Afinal de contas, o que uma barba tem de tão 
especial que a torne mais importante do que o homem que a use?
Arrisquei perguntar às mulheres que me rodeiam sobre o efeito da barba na vida 
delas. Resposta: elas não sabem, mas acham sexy. Hashtag faça-amor-não-
faça-barba. Talvez seja aquela máxima de que a barba torna o homem mais 
gutural, mais primitivo e mais macho-com-ar-de-quem-nasceu-pra-realizar-to-
dos-os-seus-desejos. Um objeto decorativo que combina charme e estilo, além 
de um quê de me-joga-na-parede-e-me-faz-suar. O mais interessante é que 
consideram que qualquer sujeito, ainda que não seja um Brad Pitt da vida, fica 
mais boa-pinta com uma boa relva.
O atrito da barba pode ser útil pra provocar sensações na pele delas. Dessas 
que se desfazem em gemidos pelo pescoço. Serve pra provocar uma pulsação 
ritmada e o arrepio leve independente da barba feita, malfeita ou desfeita. 
Também serve de conforto pra mulherada repousar a mão e acariciar – ainda 
que a analogia óbvia do momento seria o carinho que ela faz num cachorrinho. 
E mal sabem elas como relaxa a gente um afago no queixo barbado. Barba é 
acompanhamento pra autoestima do homem. Depois de tantos bons elogios, 
usar barba é elevar a imagem por alguns andares. Só que a coisa vai além da 
estética e parece povoar o imaginário feminino com referências que precisam 
ser alcançadas, caso contrário, a frustração é certa. Ou você acha que 
Amarante e Camelo são homens-barba-pra-serem-olhados?
Tá aí um problema nisso tudo: a expectativa que elas têm. Meio que indica 
maturidade, meio que parece que a gente tem alguma coisa de especial 
quando pode ter nada. Eis o problema em confundir a barba com o barbudo. 
Nessas horas bate uma vontade de dizer pra aquelas pesquisas todas que 
são feitas todos os anos que elas desconsideram personalidade e consideram 
apenas o símbolo sexual isolado. Barba sozinha seria nojenta, tipo os pelos que 
ficam no sabonete ou largados perto do ralo e que elas tanto reclamam. Pode 
ter um revés azarento também: vai que a guria tem alergia ao roçar dos seus 
pelos no pescoço dela? Daí danou-se.
Mas ainda assim, barba é o que elas querem. E aos amigos-de-queixo-careca, 
eu deixo as minhas condolências. Mesmo que uma boa pele de bebê possa 
revelar um rosto mais bonito, menos marcado, mais iluminado e blá, blá, blá, 
a gente acha que tá na frente da disputa. A gente, sim - me incluo no time 
dos barbados de plantão. Que me permitam o erro burro da generalização, 
mas é quase um fato comprovado que toda mulher adoraria ter um barbudo 
pra chamar de seu (e rezemos pra que elas queiram conhecer além da barba 
também). E a gente se aproveita dessa onda misteriosa pela busca da barba 
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perfeita e faz a festa. Deixa até de se achar sujo e “parecido com um mendigo”, 
como diriam nossas mães – e parece que não consideram a opinião das mães 
nessas pesquisas sobre barba. Sorte a nossa.
Traição não é ir embora. É ficar por pena.
Pode me chamar de filho da puta. Pode pensar em me chamar de todos os 
palavrões que aprendeu na escola e fora dela. Pode gritar, espernear, fazer com 
que todas as suas amigas me achem um grande imbecil-canalha-idiota-bro-
cha-insensível e tudo o mais que vier à mente. Você pode jogar as minhas cois-
as da janela e deixar os carros passando por cima das minhas roupas.Mas isso 
não vai mudar o fato de que acabou. Não vai mudar o fato de que nós dois não 
somos mais “nós”. Que a gente foi e foi pra sempre mesmo. Mesmo que 
sempre seja uma palavra tão pontual que devamos evitar como o tal do nunca.
É o que todo mundo faz. No final, é comum que a gente tenha essa separação 
– de bens e de perspectivas – quando olha pro rosto de quem tá dando adeus. 
Salvo exceções (dos crápulas e babacas que você já encontrou por aí), a 
maioria não merece ser violentada assim. Com tanto rancor.
A vitimização é um processo comum pra acalmar a dor. Ela exige que a gente 
dê um tapa na cara do outro sem luvas. Que é pra esbofetear e deixar alguma 
marca. Porque, no fundo, a gente acha que não é justo. Ainda mais se a outra 
pessoa se for sem que a gente queira. Então é a medida compensatória que a 
gente acha pra dar conta. Coração palpitante e a raiva que vem pra passar por 
cima da tal tristeza. A gente precisa infringir algum tipo de dor ao outro pra se 
sentir melhor. A gente precisa manchar um pouco a imagem de quem tá indo, 
pra gente arrumar alguma desculpa ou falha de caráter – do outro – que 
justifique o término, o abandono, a superação rápida, o desalento e todas essas 
pontas soltas que nos deixam sem saber como reagir.
Por isso eu entendo. Entendo você e entendo outros milhares que caminham de 
cabeças baixas e olhos agressivos por aí.
Não é porque eu terminei com você que eu seja o maior filho da puta da história 
do mundo. Não é porque eu resolvi tirar as coisas de casa e dar uma volta pelo 
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mundo que o inferno agora sou eu – ou os outros. Mas a falta tenta arrumar 
justificativa pra ficar. Senão seria tudo muito bem resolvido num tchau e benção. 
Daí a tal síndrome de Tom e Summer. Você com uns tons a menos de voz de 
tanto se esgoelar pra falar mal de mim, e eu sumo. Naquela velha dicotomia de 
mocinho e vilão, sabe? Parece que o mundo precisa sempre definir um lado 
bom e um lado mau da coisa.
Então pode me chamar de filho da puta. Assumo a culpa inexistente se isso 
fizer você se sentir melhor. Mas não existe razão pra isso, meu bem. Eu fui – 
como você poderia ter ido e como muita gente se vai – e o mundo continua. 
Não tem motivo pra ficar brava comigo nem pra transformar essa dor toda em 
acusação. O amor verdadeiro está na renúncia e eu renuncio de você em 
respeito a tudo o que vivemos. Que existiu, que foi lindo, mas que - como tudo 
na vida - teve um fim. Dizer que não deu certo seria blasfêmia, deu sim, certo 
demais, mas acabou. Como um filme bom que toca a gente mas acaba. Ou 
como livro que a gente tenta em vão ler devagar pro fim não chegar. Eu me 
detestaria se continuasse aqui por pena. Seria uma traição comigo e com você. 
Eu vou e eles também se foram um dia desses. Porque o lado triste do amor é 
que alguém sempre vai – e aposto que algum dia você vai também.
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Somos Tão Jovens - uma crônica sobre a 
dor e a delícia de amadurecer
Acabei de receber um convite para um chá-bar. Despretensioso, por e-mail, 
com um layout moderninho. Só gente boa na lista de convidados, gente com 
muito amor pra dar e pra receber. Mas preciso desabafar: aquilo soou um 
pouco assustador pra mim. Poderia ser apenas uma boa oportunidade para 
rever bons amigos e tomar bons drinks, mas arrisco dizer que não é. Não que 
eu seja adepta daquela historinha sem graça de “mimimi, perdemos mais um 
guerreiro para o time dos casados”. Quero mesmo é que todo mundo seja feliz 
nessa vida da maneira como convier: a um, a dois, a três ou de quatro. E pode 
até ser que eu esteja fazendo tempestade em copo d’água, mas pra mim, por 
enquanto, a verdade é tão somente essa: perdemos mais um guerreiro. Não 
para o timedos casados – afinal, o que é o casamento senão um contrato 
social para firmar algo que já existe há certo tempo? –, mas para um time muito 
mais experiente e bom de bola. Um time que não leva desaforo pra casa e que 
não tem tempo a perder: o tão temido time dos adultos.
Dramática, eu? Com todo o prazer da minha ascendência grega. Mas antes isso 
fosse apenas um simples surto de drama. Há duas semanas, eu fui ao quarto 
casamento de uma amiga no período de um ano – o que dá, em média, um 
casamento a cada três meses. E há três, me vi passeando por entre estandes 
de roupa infantil na Benedito Calixto para comprar uma roupa para o filhinho de 
um casal de amigos. Na minha timeline do Facebook, que antes era composta 
quase que exclusivamente por vídeos de bandinhas hipsters que me dão no 
saco que eu nem tenho ou por protestos políticos dessa gentinha de esquerda 
(como vocês costumeiramente se referem a mim), agora vejo uma enxurrada 
de conhecidas grávidas e uma avalanche de amigos postando fotos de bebês 
que, se fosse há dois anos, seriam meros sobrinhos, priminhos ou irmãozinhos 
temporãos. Mas que hoje, são filhos. F-I-L-H-O-S. Fabricados por aquele 
processo delicioso que a gente costuma chamar de sexo. Enquanto eu só faço 
pra brincar, tem gente fazendo pra valer. É. Parece que a realidade me bate à 
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porta. E acho que já tá na hora de abrir.
Que atire a primeira pedra quem nunca foi minimamente acometido pela tão 
condenada síndrome de Peter Pan. Não necessariamente estou falando, cara, 
de ser, cara, um integrante, cara, de uma banda de rock, cara, brasileira dos 
anos 80, cara. Nem de se recusar a assumir um novo posto profissional com 
medo das responsabilidades. Mas, sim, daquela vontade angustiante de gritar 
ao maquinista do mundo: PARA, QUE EU QUERO DESCER. Ou volta 20 
estações, que eu quero retornar à minha infância. Quero colinho de mãe, quero 
leite quente com bolacha Passatempo no café da manhã. Quero subir numa 
bicicleta e pedalar sem rumo pela estrada de terra, quero cair e ralar os 
joelhos só para sentir o ardor do Merthiolate. Quero dormir sem hora pra 
acordar, quero que minha única preocupação na vida seja fazer a tarefa de 
matemática. Não quero contas a pagar, não quero amores mal resolvidos. 
Só quero amor de mãe.
Mas a gente cresceu, brôu. Primeiro arranjou um emprego. Depois um amor. 
Depois umas contas a pagar. Depois um filho – ou uma legião de cachorros. 
Depois mais contas a pagar. E quando se deu conta, a infância já havia virado 
uma realidade distante. Quase utópica, de tão distante. Era o adulto batendo à 
porta. E a gente abriu só uma frestinha, que era pra ele ir entrando aos 
poucos, descompensando aos poucos, enlouquecendo aos poucos. Não vou 
dizer que a vida adulta seja só ônus, porque não é. Ao contrário da pressão 
social que nos é imposta, ninguém é obrigado a casar e a ter filhos – temos 
bônus da liberdade de escolha. Presumindo que conquistemos o nosso próprio 
dinheiro, podemos fazer o que bem entendermos com ele – temos o bônus da 
independência. O nosso repertório de vida parece minimamente suficiente para 
resolvermos problemas que antes nos deixariam sem dormir – temos o bônus 
da maturidade. Descobrimos o verdadeiro sentido da vida depois de 
experimentarmos a primeira gozada – temos o bônus do sexo, a coisa mais 
deliciosa que eu já experimentei até hoje.
Sem dúvida, se eu tenho estrutura emocional para suportar um corpo e as 
responsabilidades dos vinte e poucos anos, é, em partes, por causa da criança 
que fui. Mas se eu pudesse deixar um conselho a ela, eu diria: prenda-se menos 
às regras - elas foram feitas para te limitar. Apronte um pouquinho mais - mas 
aguente todas as consequências das suas molecagens. Estude um pouquinho 
menos - mas só um pouquinho. Você poderia ter ainda mais cicatrizes nos 
joelhos se tivesse sido mais displicente com a tarefa do inglês. As melhores 
coisas da vida, menina, você vai aprender na escola. Mas, definitivamente, não 
na sala de aula.
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Não posso ser a mulher da sua vida, 
porque já sou a mulher da minha
E chega um dia em que a gente se pega apaixonado. Mais apaixonado do que 
nunca. Mais do que pelo Felipe, aquele menino gracinha do pré-primário, de 
cabelos cacheadinhos e olhos curiosos, inquietos, trapaceiros, de cigano 
oblíquo e dissimulado. Mais do que pelo Tobias, aquele cachorrinho feio, mas 
extremamente companheiro e dócil,que morreu quando a gente tinha uns oito 
ou nove anos e deixou no ar um luto que parecia que ia durar uma vida inteira. 
Mais do que pelas tardes de bolinho de chuva e chocolate quente na casa das 
amigas na época do ginásio, quando a gente largava os cadernos no sofá da 
sala e não queria sair do quarto nem com ameaça de bomba. Mais do que pelo 
oitavoanista jogador de basquete, que era o amor de onze entre dez meninas 
quando a gente tava na quinta série.
Chega o dia, enfim, em que a gente se apaixona de verdade. E que a gente 
percebe que é amor. Com direito a cafuné antes de dormir, beijo 
apaixonado logo depois de acordar e sentir saudade antes mesmo de ir 
embora. Com direito a um peito com encaixe perfeito para a nossa cabeça, um 
companheiro para os nem tão legais almoços de família e uma química que faz 
um beijo arrepiar até o pelo da canela. Tudo muito bem, tudo muito bom, tudo 
delícia cremosa. Até que, diante de tanta paz e de uma felicidade que beira o 
êxtase, uma armadilha fica iminente: a armadilha da possessão. Do “ele é só 
meu”. Do “ela nasceu pra mim”. Do “independente do que aconteça”. Do “para 
sempre”. Do “amor eterno”.
Hollywood, Manoel Carlos, os romances clássicos, a burrice e companhia 
limitada criaram na nossa cabeça um universo de fantasia onde ter um final feliz 
é o destino obrigatório de todo e qualquer ser humano ~do bem~, que paga 
suas contas, seus impostos e que faz carinho nos cachorrinhos de rua. E que 
ter um final feliz, por sua vez, está intimamente atrelado a ter alguém pra amar 
- que é, inclusive pra mim, a mais genuína e gratificante forma de felicidade, 
mas que, convenhamos, está longe de ser a única. E que se deus escreveu por 
aquelas famigeradas linhas tortas, não há o que tire ele de você. Nem 
incidentes, nem acidentes, nem o Papa. Nem a sua displicência ao conduzir 
uma relação. Nem o seu ciúme sufocante e doentio. Nem a sua falta de carinho. 
Afinal, ele é o homem da sua vida. Nasceu assim: etiquetado com o seu nome, 
como os cadernos da segunda série. Como uma propriedade sua.
E é aí que soa o alarme em toda e qualquer pessoa com o mínimo de noção da 
vida e de amor-próprio. Gente nasce, cresce e morre com livre arbítrio e não é 
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(ou não deveria ser) propriedade de absolutamente ninguém. Todo mundo, quer 
esteja solteiro, ficando, namorando ou casado, tem o direito de ir e vir. E ficar 
é uma decisão que a gente toma todos os dias. Quando acorda sorrindo - ou 
chorando de emoção. Quando almoça com fome e sem preocupações - ou 
com a preocupação de fazer com que cada detalhe daquela viagem planejada 
com carinho dê certo. Quando deita na cama e dorme tranquilamente - ou troca 
o sono por uma boa noite de sexo ou aquelas conversas sobre a vida que se 
estendem até o sol raiar.
Porque construir um amor de verdade é como dar um laço. E laço é diferente de 
nó. Laço precisa de cuidado. Precisa de alguém pra aparar as pontas, pra 
cortar os fiapos, pra firmar o tecido. Precisa de companheirismo, de 
compreensão, de sinceridade. E no final de tudo, é bonito. Simples, mas 
bonito. Diferente do nó, aquele amarrão forte quea gente dá uma vez só que 
é pra prender de vez e não encher o saco. Não exigir preocupação. Não soltar, 
por mais que machuque os dedos e arrebente a linha.
Sem dúvida, é infinitamente mais fácil dar um nó. Mas eu prefiro cuidar do meu 
laço. Afinal, como já dizia vovó, contrariando a sabedoria duvidosa do Waze, 
nem sempre o melhor caminho é o mais curto.
Sobre Relacionamentos Na Era do 
Exibicionismo - Amor de Verdade Precisa 
de Provas Públicas?
Depois de muito me esconder na barra da saia da minha mãe quando criança e 
de tanto querer que meus peitos não se desenvolvessem na adolescência, 
cresci uma mulher sem vergonha. Sem vergonha mesmo. Não sei como. 
Daquelas que elogiam a camisa do cobrador de ônibus, que sobem no palco do 
teatro quando o ator chama, que fazem amizade na fila do pão, que não ligam 
de transar com a luz acesa, que conversam até sobre os embargos infringentes 
com o vizinho no elevador. Afinal, não há nada de feio ou vexatório em mim que 
eu precise esconder – a não ser o meu narizinho de batata, que só está à 
mostra por motivos óbvios.
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Apesar de ser uma sem vergonha declarada, porém, tenho observado por aí 
um movimento que me faz querer abrir um buraco no chão e enfiar a cabeça 
feito uma ema. Podem me chamar de insensível, de chata, de mal amada, de 
recalcada. Talvez eu realmente seja tudo isso – e mais um pouco. Mas não acho 
nada admirável essa história de pedidos públicos de casamento ou namoro. Em 
tempos de redes sociais, em que a conquista só vale se for fotografada – afinal, 
de que adianta eu conquistar se ninguém tiver a oportunidade de sentir inveja 
de mim? –, a intimidade parece ter ficado em segundo plano. Um fondue 
regado a vinho numa noite fria não tem graça se as bocas lambuzadas de 
queijo não virarem uma foto de Instagram, uma cervejinha num bar não é tão 
divertida se não se puder fazer check-in no Foursquare, um passeio ao ar livre 
num dia de sol não tem tanto valor se não rolar pelo menos um post no 
Facebook esfregando para toda uma timeline a sua felicidade.
E o amor, infelizmente, tem tomado o mesmo rumo. Se pra você um pedido 
público de casamento é prova de amor, me desculpe: pra mim não passa de 
coerção e de necessidade de autoafirmação – com o perdão da generalização 
imprudente. Coerção porque se imagina que a outra pessoa não será capaz de 
negar – afinal, há uma plateia sedenta por um final feliz e que pode servir como 
testemunha da insensibilidade daquele que recusou, caso o final não seja assim 
tão feliz. E necessidade de autoafirmação porque toda megalomania é uma 
fantasia de poder – ouvir um “sim” em público prova ao mundo (e até a quem 
não está minimamente interessado nisso) que eu, o namorado perfeito das 
comédias românticas, provavelmente terei uma vida perfeita e filhos perfeitos 
com cabelos perfeitos para pentear antes de ir à escola que vai lhes garantir 
uma educação perfeita.
E assim, roteirizando os relacionamentos interpessoais e ditando regras sobre 
o que é o namoro ideal, o casamento ideal, a gravidez ideal, os filhos ideais e a 
velhice ideal, a gente segue exibindo a nossa felicidade antes mesmo de 
curti-la. Fazendo dela um grande evento, e não uma bela casualidade. Isso é 
o que a sociedade do espetáculo tem feito com a gente. Somos todos atores 
de um filme que ainda não se sabe como vai terminar. Vocês, que acreditam na 
~magia~ dos pedidos públicos, e eu, que os condeno. Já ouvi 
namorados se queixarem de que suas namoradas, por mais carinhosas que 
fossem, não postavam fotos do casal nas redes sociais. E já vi namorada postar 
foto de namorado novo apenas para mostrar ao ex que ela havia encontrado 
~um partido melhor~. Não que eu ache que amor foi feito pra ficar guardado a 
sete chaves. Nada disso. Amor é pra ser gritado aos sete ventos, é pra 
contagiar o mundo de sorrisos, é pra inspirar mais amores, é pra virar 
best-seller. Amor é um crime a ser cometido. Mas desde que o alvo principal de 
toda e qualquer demonstração de carinho seja a pessoa amada, e não a 
necessidade particular de esfregar na cara dos outros a sua felicidade.
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Procura-se um amor que goste de chupar
Não precisa ligar no dia seguinte. Muito menos se oferecer pra pagar a conta. 
Não precisa tecer elogios inéditos. Nem abrir a porta do carro. Não precisa ser 
do tipo que manda mensagens de “bom dia”. Não precisa ter decorado todas 
as regras do novo acordo ortográfico.Nem saber fazer combinações satis-
fatórias com suas peças de roupa. Não precisa amar o Bukowski. Nem o Chico. 
Ou o Caetano. Não precisa nem ter visto o meu top3 de séries indispensáveis 
pra se viver. Não precisa preferir drama à ação. Nem gostar mais de James-
on que de Jack. Ou achar Beatles melhor que Stones. Tenho apenas uma 
condição. Só almejo uma peculiaridade. Minha única e mais urgente exigência 
é por um cara que goste de chupar. É isso mesmo que você leu: LAMBER-VA-
GINAS. Pode pendurar aí a plaquinha de “procura-se um amor que goste de 
chupar pepecas”.
Engana-se quem acha que esse meu pedido é singelo. Sim, homens adoram 
sexo oral. Mas só receber porque, na hora de oferecer, a coisa, ou melhor, 
os números mudam: uma pesquisa recente afirma que de um total de 1.252 
homens heterossexuais, 78% recebe sexo oral frequentemente, mas quase a 
metade, 43% deles, não o pratica de volta. Ficou chocada? Pois ainda não 
terminou: dos caras que praticam, 1/3 tem nojo de fazer sexo oral na sua 
parceira. Ou seja, mesmo dentre os que fazem sexo oral, 35% diz que só 
o fazem porque têm “medo de ser considerado gay”, “medo de ser traído”, 
“porque tô com tesão e não penso na hora”, “porque amo minha parceira”, 
“para dar prazer a ela” e “para retribuir”. E isso me leva a uma terrível indagação. 
Caras que não chupam: onde vivem? De que se alimentam? Por que existem? 
De onde vem esse nojinho? Como lidar?
Acredito que essa atitude perante às nossas digníssimas vaginas só pode ter 
uma explicação: egoísmo ou nojinho. E sentir nojinho de buceta é misoginia. 
Não adianta vir me dizer que é uma questão de ~gosto ou que eu tô cagando 
regra porque esse é um assunto que atinge diretamente a vida sexual feminina. 
Há muitas mulheres que nunca tiveram um orgasmo na vida porque não 
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conhecem o próprio corpo. E por que elas não se conhecem? Porque existem 
esse monte de estigmas sobre o órgão sexual feminino. A vagina sempre foi 
demonizada, somos ensinadas desde criança que ela é algo vergonhoso, o que 
leva muitas mulheres a sentir repúdio e nojo de si mesmas. A indústria pornô 
também pesa nessa realidade porque fortalece um modelo padrão de 
vaginas desprovidas de um único pelo. O cheiro, o gosto, a umidade, os pelos 
e a aparência da vagina são padronizados, plastificados, camuflados e 
adquirem a única função de satisfazer seu parceiro britadeira humana - e 
dificilmente ser saciada.
Resolvei adotar uma decisão bêbada para o resto da vida sóbria: NÃO 
CHUPADORES NÃO PASSARÃO! Quando tive esse lampejo de 
consciência, para provar meu compromisso com a causa, imediatamente deletei 
do whatsapp um PA que não cumpria o requisito. Até tinha cogitado continuar 
com o cara, mesmo com esse empecilho, afinal ele era gostosinho e mandava 
bem apesar dos pesares. Pensei em tratar na mesma moeda: já que você não 
me chupa, também não vou te chupar. Só que acontece que eu realmente 
gosto de cair de boca no que eu deveria retaliar. Cheguei à conclusão de que 
não seria justo. Não é legal pregar o revanchismo no sexo, porque o sexo 
representa justamente o avesso disso. Sexo é harmonia.É um momento em 
que não há separatismos, e sim comunhão de corpos. É chupar cada 
centímetro do corpo alheio e ser retribuído, é lamber cu, chupar buceta, 
levar tapa, levar dedada, dar tapa, gozar na cara, deixar ser gozado, amarrado, 
mordido, sentado, dominado. É sentir prazer em provocar prazer no outro. Sem 
censuras, sem inibições e sem nojinhos. Não rola dar pra quem tem nojo de 
uma parte minha tão importante. Quem ama, chupa.
Bad timing: quando a pessoa certa chega 
na hora errada
Um bar, uma balada, um café, um parque. Você nota alguém diferente. Você 
percebe alguém que salta no seu campo de visão sem convite prévio. Alguém 
que te faz perder o rumo, o chão, o ar.Alguém que faz parecer que deram um 
blur no resto das pessoas ao redor que do nada ficaram em tom sépia e em 
volume mais baixo. Vocês trocam olhares. Você arrisca um “oi”. Você troca 
ideia com a pessoa e os dois percebem que existe algo. Rolou! Choque, faísca, 
química, ligação, explosão. Rolou! Vocês trocam whatsapp, mensagens, 
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suspiros, canções, beijos, taras, roxos, madrugadas, roupas, guiltypleasures, 
besteiras. Há um entendimento em nível avançado. Você sente, ele sente. E, 
quando tudo se encaminha pra chegar num nível mínimo de intimidade, quando 
você já tá pensando em deixar uma camisa extra no armário alheio, acontece 
o fim prematuro da relação que poderia ter sido o que não foi. O que te resta? 
Ficar imaginando o que aconteceria se as circunstâncias tivessem sido mais 
propícias. A pessoa em questão é praticamente uma desconhecida, mas você 
ama a ideia de quem é ou poderia ser. Quem nunca?
“Se vocês têm química, só precisam de mais uma coisa: timing. E o timing é 
uma vadia!”. O conselho de Robin Scherbatsky é simples e certeiro. O tal timing 
é a relação do indivíduo com o tempo/espaço, a situação em que algum fato 
acontece e a reação que ele provoca em um contexto específico. Ou seja, você 
pode dar sorte e ser o cara que está no lugar certo na hora certa (=timing 
perfeito!), ou ser vítima do bad timing e culpar a Lei de Murphy. O bad timing é 
um dos motivos pelos quais, às vezes, só o amor ou a paixão não são o 
suficiente. A vida é cheia de encontros e desencontros e, além de química e 
atração, para um relacionamento dar certo é fundamental que as duas pessoas 
estejam no mesmo momento de vida.
Às vezes você tá com foco total no trabalho e sem tempo, terminou um 
relacionamento e ainda não se desapegou do ex, às vezes você acordou 
ranzinza, já se machucou demais com o amor e se sente intimidado por alguém 
que vem com muita sede ao pote ou apenas está em um ritmo diferente do seu. 
Esses são exemplos de situações que nos deixam sem energia mental pra nos 
comprometer com outra pessoa de uma forma que acrescente um significado e 
valha a pena para ambos. Sabe quando você tá um caco emocional e não quer 
arrastar ninguém mais pra junto desse seu buraco negro sentimental? 
Algumas pessoas precisam de um tempo pra trabalhar suas necessidades 
antes de tentar encaixar outra pessoa em uma situação que pode não 
precisar de outra pessoa. Aquele momento de vida em que fechamos pra 
balanço e vestimos a plaquinha de emocionalmente indisponível.
Tem gente que não acredita em bad timing e se recusa a aceitar esse 
empecilho: cisma em forçar a entrada em janelas fechadas e colocar correntes 
e cadeados em portas escancaradas porque acha que isso não passa de uma 
desculpa esfarrapada. O bad timing pode até ser uma desculpa, mas acredito 
que seja uma desculpa consciente, uma escolha mesmo do tipo: “eu realmente 
acho que a gente poderia ser ótimo juntos, mas não agora”. É uma merda? 
Claro que é! Imagina o tanto de pessoas incríveis que poderiam ter se 
encontrado e construído algo legal se não fosse o maldito timing. Inclusive, pra 
punir esse mal, de madrugada, o fantasminha do bad timing vem puxar o pé da 
cama de quem já dispensou pessoas maneiras e assombrar seus sonhos com 
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doses de arrependimento e pensamentos inapropriados de como poderia ter 
sido o relacionamento desperdiçado.
Na era do amor líquido, em que desfazemos camas alheias com a mesma 
facilidade que vemos relacionamentos se desfazer e escorrerem por entre os 
vãos dos dedos, como lidar quando a química rolou, mas o timing não? O jeito 
é aceitar que dói menos! Infelizmente, tem coisas na vida que fogem do 
nosso controle. Então a nós, meros mortais, resta nos conformarmos e aceitar 
as coisa que rompem os limites da nossa responsabilidade, preparar o coração 
pra ficar sempre atento a novos ventos e torcer para o cosmos nos separar 
boas surpresas.
Porque Amor de Verdade Não Pode Ser 
Limpinho
Dias desses li uma frase que me deixou incomodada. Era sobre o amor e a 
intimidade não combinarem com erotismo. Algo como se o mistério fosse 
essencial para que houvesse o tesão. E fiquei intrigada tentando relembrar 
transas casuais - relação na qual o mistério predomina -, mentalizando assim 
qual foi o nível de satisfação sexual entre elas.Tudo o que veio em minha 
mente foi um emaranhado de posições mal encaixadas, aquele sutil 
desconforto de deixar o outro ver a luz do quarto penetrar tua pele nua e seu 
corpo em posições quem menos te favorecem, o efeito do álcool passando e 
a inibição voltando e fazendo com que você e cara ao teu lado fossem apenas 
dois estranhos dividindo, de maneira incômoda, o quarto.
Não me entenda mal, sou super a favor do sexo casual. Dou pra quem eu 
quero, a hora que quero e quando eu quero, mas acho que quando se busca 
qualidade a intimidade é um ponto a favor. Sabe aquele lance de que a 
prática leva a perfeição? Então, por aí. E não me venha tentar imacular o amor 
me falando de como esse sentimento é puro não deixando espaço para a 
libertinagem. Essa é apenas uma de suas facetas. É que o amor também sabe 
ser sujo. E para ter sujeira é preciso existir cumplicidade.
Só com muita intimidade a gente se sente confortável para revelar nossas 
vontades mais toscas, nossas taras mais bizarras sem medo de ser feliz ou de 
ser taxado como pervertido. Somente quando confiamos em alguém nos atrev-
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emos a partilhar coisas das quais normalmente nos envergonharíamos. Não 
dizia Nelson Rodrigues que “se cada um soubesse o que o outro faz 
dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava”? Então, ele estava 
certo. É na quietude dos lençóis branquinhos com arabescos na fronha em uma 
cama de casal que mora o perigo. Você pode descer até todos os inferninhos 
mais mequetrefes da Augusta. Pode pegar a puta mais barata e transar com 
ela em um banheiro onde cheiram cocaína. Mas isso não chega nem perto da 
putaria que ocorre no lençol cheirando a amaciante de uma cama de casal.
O amor é muito mais imundo que qualquer depravação. É aquela vontade de 
morder sua axila, de cheirar sua nuca, rasgar seu ombro. Não existe putaria 
maior que saborear sem nojo toda a pessoa por inteira, sem frescuras ou 
restrições. Amor é nos sentirmos confortáveis com nossos desejos mais íntimos 
quando encontramos alguém com quem fazer um pacto secreto de conivência 
diante das bizarrices do outro. Algo como: o que acontece em Vegas, fica em 
Vegas. É admitir nossa fragilidade e permitir que o outro faça contigo algo que 
jamais nos submeteríamos com um estranho. É o laço de lealdade se 
aprofundando a cada aumento de devassidão.
O amor é sujo. Porque o amor é lindo. O amor é feio. Tem cheiro de mijo. Te 
leva ao céu. Te tira o chão. Te rouba a consciência. Te surra. Te esmurra. Te fode 
de um jeito “te bato porque te amo”. O amor é sujo. E eu evocê somos 
cúmplices dessa sujeira. Tipo Bonnie e Clyde. A gente se ama, se entrega. 
A gente inventa e aperfeiçoa o nosso sexo. A gente não apenas troca fluídos 
corporais. A gente fode com a alma. A nossa sintonia me faz achar as pintinhas 
do seu ombro a coisa mais tesuda do mundo e você quase goza só olhando a 
curva das minhas costas. Quer putaria mais absurda que essa?
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Case-Se Com Uma Mulher Que...
Difícil mesmo é sambar a dois. Afinar o ritmo, o compasso, o contratempo 
daquela melodia que se espera ser dançada pela vida inteira. Ainda mais 
complicado é definir quem tirar pra dançar. Ela vai ser seu primeiro sorriso pela 
manhã e seu último olhar de doçura antes de dormir. É com ela que você vai 
dividir os dias, os anseios, receios, as vitórias, derrotas e bem possivelmente, 
num futuro próximo, os genes. Dela, serão seus cafés da manhã regados a 
iogurte com cereais e pão francês, como também as viagens de fim de semana 
para um lugar aconchegante qualquer. As mãos dela serão o alicerce rumo a 
mais uma etapa sensacional na sua vida: o felizes para sempre (ou pela breve 
infinidade do sentimento). Mais do que sua parceira, ela precisa ser a sua 
melhor escolha. Mais do que companhia, ela precisa ser conforto, morada e 
paz, pra vida e para o coração.
Por isso, case-se com alguém que seja a sua maior torcida no futebol de 
sábado, no trabalho, na vida. Que vista a camisa do time, calce as chuteiras, 
entre no jogo ou simplesmente esteja preparada para recebê-lo no vestiário com 
o beijo mais acolhedor do mundo depois daquele cartão vermelho. Alguém que 
entenda o quão sagrada e preciosa é aquela cerveja com os amigos e o 
videogame de domingo a tarde. Uma pessoa que saiba cuidar e que ao mesmo 
tempo entende que regar demais a flor também maltrata o jardim.
Case-se com alguém que saiba dizer não, porque o respeito à individualidade e 
ao livre arbítrio do outro é o lençol que cobre a cama de sorrisos todas as noites 
antes de dormir. Que seja serenidade e calor nas manhãs de domingo. Que seja 
saudade e desassossego no momento da mais absoluta ausência.
Escolha uma mulher que saiba sorrir com você, de você e para você. Que 
aponte o caminho mais do que o erro e seja bússola quando faltar o norte. Eleja 
para o resto da vida aquela dotada da mais ardente coragem, seja para 
abandonar certas travessias, hábitos, rotinas, seja para peregrinar cada vez 
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mais fundo em cada uma delas.
Opte por uma companheira que saiba reconhecer sua tentativa desastrada de 
cozinhar durante a crise de TPM dela e que seja disposta a eventualmente te 
acompanhar nos seus desatinos em série, como aquela corrida de kart com os 
amigos ou aquela trilha na montanha.
Case-se com alguém que diga sim não só ao que você tem de melhor, mas que 
saiba amar cada metade torta das suas falhas e defeitos (incluindo sua mania 
recorrente de deixar a toalha molhada em cima da cama). Escolha alguém que 
esteja inteiramente com você “apesar de”, porque fácil mesmo é se enlaçar 
por um olhar, um sorriso, um corpo escultural - o difícil é entender que em todo 
paraíso existe um pouco de tormenta. O que me leva a um ponto de suma 
importância: case-se com alguém que saiba ceder a uma discussão no 
momento certo. No amor vence quem sabe perder. Perder o orgulho, a vez, a 
discussão delimita a batalha de uma guerra em que os dois saem ganhando. 
Escolha alguém que não desista de você.
Abrace para o resto da vida a menina bailarina que exime o parceiro da 
liderança da valsa. Que se dispõe a guiar junto com você essa dança louca que 
é o amor, de pés no chão pra sentir a vibração do palco, o calor da plateia e as 
mãos bem dadas fluindo no tom da canção.
E talvez as palavras mais sinceras que eu poderia dizer seriam, case-se com a 
sua melhor amiga, a parceria das suas risadas mais gostosas. No fim de tudo, 
quando faltarem forças, palavras, a barba branquear, o cabelo ralear, quando a 
imagem do espelho não for mais a mesma, é a amizade que vai importar, que 
vai sustentar o edifício quando a estrutura do concreto esmorecer. É o quanto 
vocês conseguem dizer um para o outro muitas vezes sem se tocar, apenas ali 
no silêncio de um olhar, que vai garantir a solidez dos próximos capítulos desse 
livro.
Acontece que amor não tem pré-requisito, carta marcada, currículo e muito 
menos se fundamenta em uma lista de características. Minimizar os pontos de 
crise é bom e evita um bocado de dor de cabeça, mas se a pessoa que você 
escolher passar o resto da vida não apresentar o mínimo daquilo que você 
procura, que exista carinho suficiente para cativar e ser cativado. Fundamental 
mesmo é o amor. Então se case com a mulher que preencher de permanência 
seu coração. Determinadas clarezas só a alma da gente é capaz de dizer.
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Por um mundo com menos “a gente se vê” 
e mais “abre a porta que cheguei”
Acontece que um belo dia, perdido entre o que foi e o que poderia ser, você 
acorda cúmplice de uma espera. A expectativa de um telefonema, uma carta, 
mensagem de texto, um adeus, qualquer coisa capaz de consumir 
definitivamente aquela angústia e colocar fim na tormenta que já se estende por 
semanas.E nada. Porque a espera é isso, um grande nada recheado de todas 
as caraminholas passíveis de viver no coração de alguém. Ainda assim, a 
sensação de preenchimento e plenitude desencadeada pelo apego domina 
toda e qualquer atitude racional pronta a desabrochar, e o suspiro vem fundo, 
mentindo no ápice do alívio, que está tudo bem em te esperar. Enquanto isso o 
mundo está lá fora te provando que nada pode ser melhor do que eu, nós e o 
que construímos até aqui, apesar de você insistir em me colocar no banquinho 
do depois. E eu como mocinha comportada que sou fico ali aguardando a hora 
de sair do castigo. Porque não existe punição maior para quem procura 
reciprocidade do que comprar o ingresso do parque e precisar enfrentar uma fila 
quilométrica para andar no brinquedo tão esperado apenas por breves 
segundos.
O fato é que quem gosta não espera e isso foi lição aprendida depois de 
muita lágrima derramada no cantinho escuro do quarto. O amor é um dos 
sentimentos mais urgentes do mundo. Exige, demanda, ele praticamente 
abraça a eternidade no espaço pontual daquela euforia. Porque ele quer e quer 
no exato momento que a adrenalina avisa para o corpo que tudo aquilo que ele 
sempre esperou se encontra ali, entre uma escolha e outra, apenas aguardando 
um sinal de entrada. O amor transborda presença. Nada de “eu quero passar 
o resto da vida com você, mas não agora”, nada de “eu gosto de você, porém 
não sei se devo assumir um relacionamento neste instante”, nada de “estou 
com saudades, mas infelizmente sem tempo para te encontrar essa semana”. 
Amor é coisa poderosa demais. Força de vontade também. Não existe trauma, 
frustração, dúvida, decepção no mundo capaz de lutar contra um 
sentimento quando existe reciprocidade. Da premissa mais conhecida: 
quem quer faz, quem não quer arruma uma desculpa. Simples assim.
Bem como diz aquele filme que eu adoro: “quando a gente descobre que quer 
passar o resto da vida com alguém, a gente deseja que o resto da vida 
comece logo”. A dura verdade é que enquanto você está aí atrás da porta, 
como uma criança a espera do brinquedo novo, ouvindo o barulho dos passos 
que sempre se aproximam, mas parecem nunca abrir a porta de fato, os pés do 
outro dançam pelo mundo afora. Enquanto você é refém de uma indecisão e 
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marionete dos caprichos daquele alguém, o universo segue sua órbita e apenas 
seu coração permanece suspenso no banquinho ao lado da porta ansiando por 
uma brecha para a grande estreia naquele palco.
Então não, não vale a pena “esperar” por ninguém. Porque se você precisa 
provar a alguém seu valor para que uma decisão seja tomada, se você 
precisa literalmente parar sua vida esperando uma chance de finalmente sambar 
a dois. Se sua autoestima bem como suas vontades são negligenciadas durante 
o processo, e se o sentimento do outro é forte o bastante para sustentar uma 
espera, talvez este sentimento não seja verdadeiro o suficiente para fazer 
morada na sua vivência.
Ou você quer, ou não. Não existem meios termos, muito menos meias 
verdades. Bem como a gente secretamente deseja o lado da moeda no 
momento em que a joga para cima, no fundo, a gente sempre sabe o que quer, 
apenas demora um pouco mais para assimilar aquela escolha e suas possíveis 
consequências. Afinal de contas descer do muro e decidir por um dos lados da 
estrada invalida de certa forma inúmeras possibilidades de felicidade presentes 
no caminho deixado para trás. Propor uma espera nada mais é do que uma 
tentativa frustrada de se apegar a um plano B, caso todas as outras travessias 
deem errado. Além de cômodo é a máxima falta de respeito com a 
permissividade do outro. E se tem uma coisa que a gente não é obrigada nessa 
vida é a esperar pra ser feliz.
Aceitar o descompasso e seguir adiante. Amor não é barganha e 
definitivamente não sabe esperar. Não importa se o relacionamento é antigo 
ou se o sentimento está pedindo passagem nesse exato momento. Parar de 
ocupar o caminho com uma presença incompleta e deixar partir aquilo que não 
encontrou espaço na sua vivência. A vida é transitória demais para mirar o 
passar das horas através de um banquinho atrás da porta. Coragem para 
aceitar a única certeza inquestionável do amor: o livre arbítrio de ser, estar, 
permanecer. Que seja aqui e agora, enquanto existe vontade, não na 
imprevisibilidade do amanhã. Qualquer coisa diferente disso é migalha, perda de 
tempo e invariavelmente descaso com o sentimento mais importante do mundo: 
o amor próprio.
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O amor de verdade se mede em como você 
trata o seu amor quando não precisa mais 
conquistá-lo
Eu particularmente adoro rotina. O cinema de sábado à tarde, o almoço caseiro 
de domingo, o happy hour de sexta à noite, a parceria nossa de cada dia. O 
amor é talvez a única rotina universal, junto com o típico baião de dois, que as 
pessoas fazem questão de se lambuzar e lamber os dedos.Quase um mantra: 
acordar, bocejar, levantar, sorrir, amar. O grande problema da rotina é que ela 
é confortável demais. A paz e o aconchego de saber-se quando, onde e com 
quem não demora muito a ser confundida com desleixo. Quando se vê o 
pijama furado é figurinha marcada na cama, o corte de cabelo vencido também, 
e o pior de todos os males, os pequenos requintes de gentileza, como um “por 
favor” ou um “obrigado”, que eram tão comuns no início do relacionamento se 
tornam a mais absoluta raridade.
É justamente no dia a dia, no dividir das horas, que a gente consegue discernir 
um amante experiente de um amador. O amador descuida no quesito 
primordial de qualquer parceria: o tempo. E nessa de achar que o jogo está 
ganho perde-se conceitos, posições no ranking e no final da corrida, a 
pessoa amada. Amor nenhum sobrevive de máscaras. De nada adianta bancar 
a gatinha manhosa ou o galante cavalheiro no início do namoro e depois 
simplesmente se esquecer de fazer um simples agradecimento pela 
reciprocidade alheia. Nada como uma boa dose de intimidade para mostrar a 
essência de que cada um é feito. O experiente entende que o tempo apenas 
agrega valor ao relacionamento e que relaxar nunca deve ser uma opção. As 
pequenas demonstrações de respeito para com a pessoa escolhida para 
aninhar morada no peito da gente são imprescindíveis para o sucesso de 
qualquer relação.
Acima de tudo, saber diferenciar intimidade de reciprocidade. Respeito, 
companheirismo e cumplicidade vêm lá da vontade de se estar junto de alguém 
e não fundamentado em uma quantidade de tempo pré-estabelecida. Erro 
grave mesmo é descuidar do outro e da relação só porque a tão sonhada 
estabilidade já foi alcançada. Se o outro te trata bem, com carinho, com a 
atenção e consideração que você merece é porque ele assim deseja, e claro, 
algum afago na alma você fez pra merecer esse afeto. Nada mais justo que 
retribuir todo esse apreço com pitadas generosas de cordialidade, amabilidade 
e cortesia. Respirar fundo antes de pronunciar respostas atravessadas, de tratar 
o outro com rispidez descontando um problema que nem de perto é da 
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competência dele, se colocar na posição do companheiro (a), não perder a 
razão alterando o tom de voz, muito menos usar da famosa chantagem 
emocional para conseguir o que se quer. Usar as palavrinhas mágicas que 
mamãe ensinou muito antes de você saber andar sobre as próprias pernas, por 
favor, obrigada, com licença, garante não só uma relação equilibrada como uma 
parceria de fato em harmonia.
Um relacionamento pode muito bem sobreviver ao esmalte vermelho lascado, a 
cueca furada, ao mau hálito matutino e ao chulé do futebol, mas de forma 
nenhuma uma união que se preze mantém bases sólidas sem o mínimo de 
respeito. Se no começo de tudo, quando o jardim era estrelado de flores, a 
docilidade para debater um descompasso imperava sobre qualquer indício de 
grosseria, nada mais natural que após o período “probatório” a cumplicidade 
amadureça. As pessoas se unem em parcerias porque de repente ser dois 
passou a ser mais vantajoso que ser um só. Ao menor traço de desrespeito, 
inferiorização e desconsideração essa premissa vai por água abaixo e a melhor 
saída neste caso é mesmo buscar outros caminhos.
Aceitar o comportamento subversivo de quem anda de mão dada com a 
gente não é sinônimo de amor ou sequer de compreensão. Já dizem por aí que 
a gente aceita o amor que acha que merece. Amor próprio para reconhecer a 
barganha e a ausência de reciprocidade e, mais ainda para saber retribuir toda 
a dádiva de ter uma pessoa sensacional dividindo a travessia. Conquistar todos 
os dias mais do que com flores, bombons e pompa. Respeito é uma sutileza 
que nunca cai na rotina. Surpreendente mesmo é poder dizer “obrigado” 
enquanto ainda existe algo concreto para ser grato. Nem toda fome do mundo 
mantém os convidados na mesa se a companhia para dividir o prato principal 
for a indelicadeza de alguém que está ali puramente por escolha, e não, por 
mera obrigação.
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Sofrimento: Você Cospe ou Engole?
Dá licença, posso sofrer sem que me encham o saco ou me chamem de 
menininha ou de ser humano frágil? Se me tirarem esse direito, viro só mais uma 
carcaça que trabalha, come, dorme e trepa. Eu não sei como é ser proibida de 
votar, usar calças compridas, trabalhar e escolher marido.Eu não faço ideia. Eu 
já nasci diva de cinema, camisinha na bolsa, motorista de carro e divorciada. Já 
sou presidenta, mas não disse que pagaria com felicidade. Ainda sinto 
pontadas melancólicas, que me obrigam a chorar de saciar baldes: o único jeito 
de contar pra mim quando estou triste, apesar do mundo que conquistei.
Engole o choro, Priscila. Me lembro mais dessa frase, do que dos Natais da 
minha infância. Meu pai sempre mandava essa, quando percebia uma faísca 
de berreiro. Eu me esforçava para não desapontar omeu herói, mas nunca tive 
talento pra algemar tristeza.
Chorei no primeiro dia de aula do primário. Não queria ser adulta. Se eu 
pudesse continuava desenhando bolinhas e brincando de pega-pega. Chorei 
no banheiro do trabalho, por causa de uma chefe sacana. Chorei no trânsito e 
um vendedor de rosas no farol me perguntou o que aconteceu. O meu avô tinha 
morrido e eu enfrentava duas horas de congestionamento. Ignorei 
caminhoneiros e motoboys ao redor, o meu público. Chegando em casa, não 
abracei ninguém, fui pro quarto umedecer a cara. A minha família nem imagina 
que, longe deles, eu sou de açúcar.
Choro pelos caras. Eu coloco músicas pra me lembrar deles e mando ver. Na 
saída de um show, tive um ataque por causa de um. Um de quem gostei com 
aquela brutalidade, que não consigo evitar. Uma menina na fila quis me 
assessorar, Não chora pelo amor de Deus, ela dizia, como se zelasse pela 
minha dignidade. Que dignidade? Eu já tinha esfaqueado a minha dignidade, 
desde que me permiti gostar de alguém, que só esfregou a sola do sapato na 
minha cabeça. Perto de uma dignidade desertora, o que eram umas 
lagriminhas, detonadas pela cerveja na saída daquele show? Vai ser digna no 
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inferno! Doía, porra. Essas lágrimas que te envergonharam, essas aí, que você 
tentou barrar, garota, é o meu jeito de expor um ponto de vista. Me violentei 
toda vez que fiz silêncio. Eu sou de me derramar inteira numa folha em branco. 
De ter pranto contando pra desconhecidos como me sinto. Sofrer é pra quem 
tem força. Fica tranquila, porque eu aguento o dia seguinte, quando tudo é 
ressaca de uma surra emocional. Eu aguento. Eu espero sempre aguentar.
Reprimir meu choro é tão agressivo que acabo no hospital. É travar boca. É 
calar teclas. Não suporto gente contida. Não entendo. Cheira a aguado. Gente 
que ri sem arreganhar os dentes. Personagens vazias, poluídas de bons 
modos. O que passa pela cabeça de vocês quando a luz se apaga e a vida é 
mais franca? Vocês enchem a cara de álcool para amortecer o coração 
mastigado? Como vocês esparramam suas lasquinhas de dor secreta?
Eu não quero ajuda. Eu gosto do meu exagero. Gosto de quando o sofrimento 
aterrissa, pra eu esvaziá-lo até a última linha. Descrevê-lo em gotas salgadas - 
antes que passe. O sofrimento é turista. Gosto de encadernar suas fotografias, 
porque me vestem de espertezas futuras. Eu nunca chorei pelo mesmo Adeus. 
Se eu reprimo, a dor transborda por poros desajustados e me convence de que 
faço escarcéu, em vez de desabafos. De que transformo vírgulas em 
parágrafos. Me dá licença. Vou sofrer sempre que puder. Eu não vou engolir o 
choro, vou cuspir pelos olhos.
Era pra somar, ele sumiu: como agir 
quando a pessoa com quem você está 
ficando desaparece
Vocês estão juntos. Nada oficial, mas juntos e saltitantes. Mensagens pipocam 
no celular o dia todo, vocês se encontram mais de uma vez na semana, já 
existem até piadinhas internas entre os dois (ui, que casal em sintonia!), e 
quando não existe mais onde melhorar... A pessoa S-O-M-E. (Som de carro 
freando)
Todo mundo aqui já levou essa bofetada da vida, pelo menos umas trinta e sete 
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vezes. Te deixa com #chatiação no estômago, triste, puta da vida. É covardia, é 
falta de educação, é o que você quiser; mas é, principalmente, a realidade daqui 
pra frente. Então o jeito é encarar.
Diante desse cenário você tem duas opções:
Sofrer; o que, na minha opinião de mulher com muita experiência e tara pelo 
sofrimento, não resolve muita coisa - a não ser que você goste de escrever 
(muito prazer!). Chorar no banheiro da firma, no travesseiro ou na Avenida 
Paulista (been there, done that): escolha aí um lugar bem bacana pra te deixar 
mais patética, porque sejamos sinceras, passar essa vergonha toda por alguém 
que não tá nem relando o pensamento em você é sinal de que sua autoestima 
tá precisando de um Hadouken.
Seguir em frente é na verdade a única opção. Seguir em frente, sem olhar pra 
trás. Não há nada que você possa fazer para trazer de volta a pessoa amada. 
Ela volta se quiser, e isso está descontroladamente fora do seu controle. Delete 
esse ser humano do seu dia-a-dia, como borracha – daquela vermelha e azul, 
que apaga até caneta e detona o papel, sabe? A pessoa não tinha vários 
defeitos? Aqueles que você parava pra pensar se no futuro agüentaria 
conviver? Pois é, meu bem, esse é o momento pra ativar todos e somente eles 
no seu coração. O ser humano, que já dançava estranho, piscava demais os 
olhos ou maltratava garçom, sumiu e não deixou nem um post-it escrito “Valeu”. 
Ele merece um gelo polar do seu orgulho.
Faça isso, mas sem jogar. Seguir em frente não é tentativa alucinada de 
chacoalhar alguém, até que ele acorde e perceba a estupidez que fez 
(obviamente foi uma estupidez, afinal somos incríveis, não somos?). Seguir em 
frente é pra quem quer ser feliz e só. Não adianta bater em tecla vazia; 
quando alguém te quer, o telefone toca. Quando alguém te quer não existe 
muito trabalho, aniversário do primo do amigo da vizinha, não existe passeio 
com o cachorro, não existe “tá chovendo granizo e eu não tenho carro”. 
Quando alguém te quer, desculpinha é palavra fora do dicionário.
Vamos tirar das nossas vidas pessoas que não se importam com o que 
sentimos. Talvez, coitadas, seja o jeito delas de permanecerem boas em suas 
consciências, porque o que os olhos veem, o coração sente. É ruim ser o vilão 
da história. E na vida, tudo tem vinte lados. Mas vamos priorizar um: o lado da 
nossa felicidade. Sofrer só prorroga o momento de abrir uma nova porta no 
coração. Seguir em frente é girar a maçaneta e estar pronta pra próxima.
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Cola Em Mim: Uma Crônica Sobre Homens 
Grudentos
Homem bom é aquele que gruda. Que cola em você como unha-de-gato em 
muro. Que não te larga nem na hora do exame de sangue. Segura a sua mão 
até quando dorme. Preenche todo o espaço do seu celular, do seu carro, do 
seu café-da-manhã, da sua cabeça com um massacre de mensagens e fotos 
e ligações e músicas, que fariam vomitar as pessoas mais gélidas. Que, como 
num jogo teatral de contato improvisação, não deixa de tocar em você nem por 
um suspiro e se soltar for preciso continua tocando com os olhos.
Eu gosto é do agarro.
Já corri muito de cara grudento. Um auto-boicote ao amor. Se ele cumpria a 
promessa de ligar no dia seguinte, o bafômetro acionava alto teor de 
cobrança, loucura, maridices e outras fantasias que me davam medo. 
Um jeitinho da cabeça pra que eu continuasse solteira. Aí, andava atrás dos 
impossíveis. Saciava, assim, o meu desejo interno pela solidão. Mas indico o 
tipo, especialmente, para aquelas que querem sossegar.
O grudento não é chato. É dedicado. É aquele que vai perguntar como foi o 
médico, o aniversário da tia-avó ou se você melhorou daquele roxinho 
insignificante atrás do joelho. É o cara que te espera em casa numa 
segunda-feira qualquer, com a sua cerveja preferida a postos (atenção, grudes: 
eu gosto de Heineken). O grudento é econômico e a favor da portabilização. 
Muda a operadora de celular para a mesma que você, a fim de economizar 
dinheiro, mas não palavras. Te liga na hora do almoço só pra desejar “bom 
apetite”. O grudento te nomeia Instagram particular e não publica uma foto nas 
redes sociais sem que te mostre antes. E você se enche de orgulho. É como 
receber o primeiro pedaço do bolo de um aniversariante.
A mulher de um homem-grude é mais bonita do que as outras. Ela não tem 
olheiras, porque não passa noites em companhia da insônia se perguntando 
por onde ele anda.

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