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Desenvolvimento humano Profa Paula Prata Fatores do desenvolvimento • Cada vez mais, psicólogos e educadores têm defendido uma concepção que entende o desenvolvimento em uma dimensão integradora e transformadora, na qual atuam em permanente interação os fatores de natureza biológica e os de natureza social e cultural. • É nessa perspectiva, que discutiremos sobre os quatro fatores intervenientes no desenvolvimento humano, assim denominados: Fatores do desenvolvimento • Crescimento orgânico e maturação do sistema nervoso e endócrino • Exercício e experiência • Interação e transmissões sociais • Mecanismo reguladores Fatores do desenvolvimento • Como ponto de partida, adotaremos a terminologia piagetiana, para nomear cada um dos fatores. Afinal, este teórico os apresentou de forma mais sistematizada. • Todavia, investigando as teorias de Vigotski e Wallon, constatamos que, embora utilizem termos diferentes, eles também se referem a estes quatro fatores. • Vale salientar ainda que, para os três teóricos: ✓nenhum fator pode ser visto isoladamente e ✓nenhum fator pode ter preponderância sobre os demais. Para refletir • A escola tem um relevante papel nesse sentido. • É importante que se crie situações desafiadoras para que o aprendiz adquira conhecimentos de forma dinâmica, interativa, reflexiva, crítica e criativa. • É preciso que o aprendiz saia do senso comum e apreenda conceitos científicos. 1º Fator - O crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso e endócrino O crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso e endócrino • Piaget destaca que a maturação abre possibilidades novas ao ser humano, sendo condição necessária, mas não suficiente, para o aparecimento de certas condutas, funções e comportamentos no indivíduo. • Embora não explique todo o desenvolvimento, a maturação desempenha papel fundamental na ordem fixa dos estágios do desenvolvimento da inteligência. O crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso e endócrino • Assim, explica que uma criança não pode pular do estágio sensório-motor para o operatório concreto, sem ter passado pelo pré- operatório. Afinal, suas estruturas vão amadurecendo gradativamente. • Para ele, à medida que as aquisições do indivíduo na construção da inteligência vão se complexificando, há um decréscimo da influência da maturação e, consequentemente, um aumento das influências do meio físico e social. O crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso e endócrino • Sobre o fator maturação, Vigotski defendia que a base biológica do funcionamento psicológico humano se assenta no cérebro como órgão principal do desenvolvimento mental. • O cérebro é a base da atividade psíquica que cada indivíduo traz consigo ao nascer. • No entanto, para ele, essa base não é imutável, posto que, na permanente internalização da cultura e interação com o outro, o cérebro humano foi desenvolvendo novas funções criadas ao longo da história. O crescimento orgânico e a maturação do sistema nervoso e endócrino • Nessa mesma direção, Wallon destaca que, no desenvolvimento humano, os aspectos biológicos presentes fortemente no nascimento vão gradativamente cedendo lugar à influência dos aspectos sociais. • Para ele, a maturação cerebral nos processos de desenvolvimento humano, sem a intervenção da cultura, não garante as habilidades intelectuais mais complexas. • Assim, as fronteiras entre os fatores de maturação orgânica e os sociais são bastante tênues. 2º Fator: O exercício e a experiência O exercício e a experiência • Este é um fator complexo do desenvolvimento humano. • Há a experiência física caracterizada pela ação do sujeito no mundo concreto. Por exemplo, comparar o peso e o tamanho de dois objetos. • Mas, há também a experiência lógico-matemática que envolve a construção de relações entre objetos, fatos, elementos que não têm existência física na realidade externa e, sim, na mente do sujeito. O exercício e a experiência • Alguns exemplos são as operações matemáticas com números e variáveis; as interpretações textuais; as análises de causas e consequências de determinados eventos, fatos e fenômenos etc, que exigem do sujeito um tipo de abstração denominada reflexiva. • Esta é uma capacidade de pensamento mais complexa, que para ser desenvolvida necessita que o indivíduo viva experiências que o levem para além do plano concreto, do contato físico com os objetos. • Experiências que lhe permitam imaginar, hipotetizar, criar, confrontar, relacionar, abstrair, induzir, desafiar, etc. O exercício e a experiência • Para Vigotski, a experiência como fator influente no desenvolvimento se insere em seu conceito de atividade do indivíduo no mundo, mediado pelos sistemas simbólicos dos quais ele dispõe, notadamente, pela linguagem. • A estrutura humana se constrói em um processo, cujas raízes estão na relação dialética da história individual e social. • Apropriando-se das experiências culturais acumuladas pela humanidade, o indivíduo se constrói como ser humano. O exercício e a experiência • Wallon também realça a experiência como um dos elementos fundantes do desenvolvimento das habilidades intelectuais complexas. • Um ideia central de sua teoria é a construção da inteligência a partir dos atos motores, ou seja, é na ação da criança sobre o mundo físico, que ela vai constituir o seu pensamento. 3º Fator: As interações e transmissões sociais As interações e transmissões sociais • Piaget se refere ao processo de socialização humana, como sendo aquele para o qual o indivíduo contribui e, ao mesmo tempo, recebe dele contribuição. • À medida em que a criança se desenvolve cognitivamente, na interação com o meio, seu comportamento é afetado em todas as áreas. As interações e transmissões sociais Portanto, o processo de construção do pensamento, ocorre do mesmo modo que o processo de construção da capacidade de julgamento moral por parte do sujeito. As interações e transmissões sociais • Assim, a capacidade do indivíduo de julgar o que é certo ou errado, adequado ou inadequado, ético ou antiético, honesto ou desonesto, verdade ou mentira etc, está relacionada diretamente aos estágios do desenvolvimento do pensamento. • É o que ele denominou de isomorfismo entre operação e cooperação, ou seja a forma como aprendemos a somar números é a mesma como aprendemos o que é ser solidário, por exemplo. Para refletir • Supondo que um bebê nascesse e sobrevivesse no meio de uma selva, convivendo apenas com animais, sem as experiências da nossa cultura, não se humanizaria. • Você lembra da estória de Tarzan? • Embora com os equipamentos biológicos, nossas funções superiores ficarão comprometidas em seu desenvolvimento. As interações e transmissões sociais • Este terceiro fator é fundamental na teoria piagetiana, posto que concebe a construção das estruturas cognitivas na permanente interação do sujeito com o meio, considerando que em todos os meios os indivíduos constantemente discutem, investigam, interagem, colaboram. As interações e transmissões sociais • Em Vigotski, os fatores sociais no desenvolvimento humano encontram um lugar de destaque. Sua concepção de desenvolvimento já os considera um processo sócio-histórico. • A internalização das atividades, socialmente e historicamente desenvolvidas, constitui aspecto característico da espécie humana, culminando na formação dos processos psicológicos superiores. As interações e transmissões sociais • Esse processo de internalização da cultura é possível graças à mediação dos sistemas simbólicos de representação do real, cuja a linguagem é o principal sistema. • O uso de signos, conduz os seres humanos a uma estrutura específica de comportamentoque se destaca do desenvolvimento biológico, por exemplo, dos demais animais. • Assim, cria novas formas e processos psicológicos de inserção na cultura. As interações e transmissões sociais • Para Wallon, assim como Vigotski, a cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os instrumentos de sua evolução, sendo o desenvolvimento dependente das condições oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito fizer dela. • É o ambiente social que vai ajudar a transformar o intenso intercâmbio emocional característico do primeiro ano de vida, em comunicação verbal. Mecanismos reguladores Mecanismos reguladores • O quarto fator que intervem no desenvolvimento humano é chamado por Piaget de equilibração. • É um mecanismo interno que permite a nossa mente coordenar e conciliar as contribuições da maturação, da experiência e da interação social. E Q U I L I B R A Ç Ã O Mecanismos reguladores • O organismo para responder às perturbações do meio, desenvolve compensações ativas, através de: 1. assimilações, 2. acomodações e 3. adaptações. • A equilibração funciona como um processo de natureza autorreguladora, que permite ao sujeito incorporar, com êxito, aos seus esquemas mentais: • novas experiências, • conhecimentos, • comportamentos e etc. Mecanismos reguladores • Em Vygotsky, o mecanismo coordenador dos demais fatores é o processo de internalização ou apropriação. • Desde o nascimento, às crianças se apropriam da cultura, a partir dos significados que os adultos atribuem as condutas e a objetos culturais que se formaram ao longo da história. PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO/APROPRIAÇÃO Mecanismos reguladores • Através das intervenções constantes dos adultos, os processos psicológicos complexos começam a se formar. • Assim, o desenvolvimento do psiquismo é mediado pelo outro, que indica, delimita e atribui significados à realidade. • Quando internalizadas, as atividades que antes eram mediadas (interpessoal), passam a constituir-se em um processo voluntário e independente (atividade intrapessoal). • Por exemplo, a criança aprende o que é uma cadeira, uma colher, um aniversário porque os adultos lhe ensinaram. Mecanismos reguladores • O mecanismo regulador dos outros três fatores, para Wallon, é a oposição funcional entre afetividade e cognição (razão-emoção), ao longo do desenvolvimento. • A base deste mecanismo está no conflito vivido pelo sujeito, seja interno ou advindo do meio. Para ele, mesmo do ponto de vista orgânico tendo atingido a maturação, as estruturas psíquicas poderão progredir num permanente processo de especialização e sofisticação. Oposição funcional entre afetividade e cognição (razão-emoção)
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