Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
MAPA Coordenação de Redes no Agronegócio Acadêmico(a): JULIANA SILVA DE BRITO R.A.: 1856342-5 Polo: JUNDIAÍ Disciplina: Coordenação de Redes no Agronegócio Data: 04/10/2020 a) Diferencie sistema agroindustrial (SAG) de cadeia produtiva. Caracterização de Sistemas Agroindustriais (SAG) A partir dos estudos realizados por Davis & Goldberg (1957) e Zylbersztajn (1995), estudos de coordenação de sistemas agroindustriais de produção passaram a ter um referencial para toda cadeia agrícola, os quais desenvolveram o conceito de agronegócio como sendo um somatório das operações de produção, distribuição, armazenamento, processamento de unidades agrícolas, bem como seus suprimentos e derivados. Também através da noção de commodity system approach, Golberg (1968), desenvolveu estudos de comportamento dos sistemas de produção da laranja, trigo e soja nos Estados Unidos, o que permitiu uma aplicação de sucesso, devido sua simplicidade e coerência teórica, além do sucesso apresentado nas previsões expostas. Um SAG corresponde ao conjunto de atividades necessárias para se estruturar e produzir produtos agroindustriais. Todas essas atividades estão inter-relacionadas. Além disso, segundo Zylbersztajn (1995), as inter-relações entre as atividades do processo agroindustrial não pode ser entendida como um SAG de produção linear, apresentado por Galbraith (2001) e sim como uma rede, onde cada atividade possui contato direto com uma ou mais partes e, a partir do desenvolvimento e aperfeiçoamento de tais interrelações, farão com que a estrutura do SAG tenha maior ou menor eficiência. Caracterização da Análise de Filiéres Através dos estudos de Morvan (1988), foram desenvolvidos três elementos de análise, que estariam ligados aos termos de cadeia de produção: primeiramente, considerou-se a cadeia de produção como uma sucessão de operações de transformação, que podem ser separadas e ligadas entre si; em segundo lugar, a cadeia também é um conjunto de relações comerciais e financeiras, onde há um fluxo de troca em cada parte das operações; e, por último lugar, a cadeia de produção também corresponde a um conjunto de ações econômicas que valoram os meios de produção. Custos de Transação A partir de trabalhos como de Coase (1937), analisou-se uma busca maior de eficiência produtiva pautada nos reflexos sobre os padrões de conduta dos agentes econômicos e na forma pela qual suas atividades são organizadas e gerenciadas. A teoria dos Custos de Transação é suportada por dois princípios básicos: o primeiro relativo a competência cognitiva dos agentes econômicos e o segundo no tocante às oportunidades apresentadas em cada ação dos agentes econômicos. Ainda sobre a perspectiva de competência e oportunismo, Williamson (1994) apresentou implicações relativas a essas perspectivas, são elas: i) contratos complexos são, necessariamente, incompletos; todo contrato implica riscos, ou seja, a confiança entre as partes não pode basear-se apenas nos contratos estabelecidos; e, ii) nem sempre as relações de mercado são adequadas para gestão das transações entre partes. Obtenção de Dados e Informações O procedimento empregado para obtenção dos dados e informações contidos nesta disse respeito ao levantamento de informações disponíveis em centros de pesquisas e entidades relacionadas ao setor vinícola e à cadeia agroindustrial da uva e vinho no Brasil. Juntamente aos dados obtidos nos centros de pesquisa e entidades do setor, como a Food and Agricultural Organization (FAO), Instituto Brasileiro de Vinhos (IBRAVIN), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) buscaram-se dados por meio de contatos com agentes do setor, sejam eles públicos, privados, produtores industriais e da pesquisa do setor. Artigos e publicações em revistas técnicas e sites informativos também foram pesquisados. Cadeia produtiva e suas especificidades Como o foco deste trabalho é a análise da cadeia produtiva da uva e do vinho e, na percepção de um produtor do município de Dom Pedrito, neste item é caracterizado o referencial teórico utilizado para tal análise. Com isso pode-se considerar que o negócio da uva e do vinho está em plena ascensão e é mais uma alternativa de diversificação produtiva. Os aspectos referentes à contribuição desta cadeia para o desenvolvimento pois há oferta de emprego, começa a ser reconhecida pelo país e também pelo mundo quando se trata das características apresentadas e também pela qualidade do produto. O Sistema Agroindustrial da Uva e seus arranjos organizacionais Originária da Ásia, da árida região do Cáucaso, a uva é um dos alimentos mais antigos da humanidade, existindo 6.000 anos a.C. No Brasil o cultivo se origina a partir de 1535, com mudas trazida pelos portugueses, porém o desenvolvimento da viticultura comercial brasileira somente ocorreu após a chegada de imigrantes italianos e portugueses no século XIX. Atualmente as regiões Sul e Nordeste, são as principais produtoras da fruta. A uva também é um dos produtos agrícolas mais exportados assim como um dos mais importados pelo nosso país, caracterizando a uva chilena, argentina e americana. Segundo dados da Embrapa Uva e Vinho, o Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro, sendo responsável por aproximadamente 90% da produção nacional, tendo como principal destino do cultivo a produção de vinhos e sucos. Por outro lado, o Estado de São Paulo é um dos maiores produtores da uva de mesa, participando com cerca de 20% na produção nacional, em 2002. Ainda de acordo com indicativos do IBGE (2007), em 2006 a produção brasileira de uvas alcançava o patamar de aproximadamente 1,26 milhões de toneladas. De acordo com a análise do sistema produtivo e dos estudos de cadeias agroindustriais, o SAG da uva pode ser dividido nos seguintes elos de produção: insumos, produção, indústria de transformação, distribuição e consumo b) Escolha um sistema agroindustrial que se destaca na sua região e desenhe com base na figura 1. Não esqueça de todos os elementos precisam estar presentes, exemplifique os agentes. A discussão em torno do termo “Agronegócio”, suas características e especificidades estão estreitamente ligados aos autores David e Goldeberg. Os referidos autores cunharam termo, agribusiness, com o intuito de transcrever através de um termo o significado do conjunto de todas as operações e transações envolvidas, desde a fabricação dos insumos agropecuários, passando pelas operações de produção nas unidades agropecuárias, processamento, distribuição, até o consumo dos produtos agropecuários in natura ou industrializados (BATALHA E SILVA, 2007). O sistema agroindustrial da uva além de apresenta importância econômica significativa atualmente, em decorrência dos inúmeros empregos nos setores de insumos para atividade, produção, processamento, distribuição, serviços de apoio. Em 2007 a área mundial destinada ao plantio de uvas representou 7.272.583 hectares havendo um total produzido de 67,22 milhões de toneladas (MELLO, 2009). Embora venha sendo reduzida, a maior área plantada de uvas, em âmbito mundial, concentra-se na Europa e representa 56,35% do total, no triênio 2005/2007. Nesse mesmo período a produção do continente diminui sua representatividade passando de 60,12% para 43,14% da produção mundial. Em contrapartida no demais continentes houve significativos avanços em área plantada e volume de produção (MELLO, 2009). Em se tratando de Brasil, em 2007, este ocupava 19° posição mundial em produção de uvas, referente à produção mundial. No que diz respeito às transações internacionais, o Brasil foi o 11° colocado em quantidade de uvas exportadas e o 7° em valor das exportações de uvas (FAO apud MELLO, 2010). De acordo com Mello (2010), as exportações brasileiras do setor vitivinícola apresentaram, em 2010, 148,33 milhões de dólares, 11,95% superiores ao ano de 2009. E em relação às importações, no mesmo período estas cresceram 32,91% em quantidade e, 66,27% em valor. De acordo com Batalha e Silva (2007), uma cadeia produtiva representa um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes. Figura 1 Fonte: Embrapa Uva e Vinho (2007) Neste sentido, a figura 1, em linhas gerais, representa a sistematização da cadeia produtiva da uva e/ou do vinho, com suas devidas inter-relações. De acordo com dados da União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA), a produção de uvas no Brasil possui três destinações diferentes: para o comércio in natura, a chamada uva de mesa; para a produção de sucos; e, para produção de vinhos. Apesar de não possuir um sistema de acompanhamento estatístico, a produção de vinhos e sucos nacional pode-se definir quase que totalmente através da análise da produção no Rio Grande do Sul, região esta responsável por cerca de 90% de toda produção brasileira. Ainda de acordo com a UVIBRA, a produção de sucos merece destaque, visto que apresentou um crescimento médio de 17,58%, apresentando apenas um pequeno decréscimo de 0,8% em 2003. Sob os aspectos da escola francesa, já mencionada, pode-se se observar os três elementos desenvolvidos: primeiramente quanto a sucessão e operações na cadeia, onde a produção está relacionada diretamente aos insumos, a transformação, dependente da produção e a distribuição e consumo ligadas tanto a transformação quanto a produção; em segundo lugar, a relação da cadeia envolve trocas financeiras e econômicas, no caso há a compra dos insumos para a produção, a venda das uvas produzidas para indústria de transformação e a venda do produto industrializado ou in natura para os distribuidores e, posteriormente, para o consumidor final; por último, ocorre a valoração das etapas em cada transação na cadeia, ou seja, a variação dos preços e custos em cada etapa, afetam diretamente ou indiretamente a seguinte parte na cadeia, que passa a absorver este custo ou repassá-lo ao próximo elo. 3.1. Insumo São produtos e recursos necessários para que seja desenvolvida a atividade produtiva. Dentre eles encontra-se sementes, adubos, defensivos, mão-de-obra, irrigação, infra-estrutura, entre outros. Diante da necessidade em aumento de produtividade e redução no preço final, conforme tendência mundial (HARKER, 2003), observam-se possíveis problemas fitossanitários que ocorrem em virtude das condições climáticas no período do plantio, o que motiva uma maior utilização de fungicidas, devido sucessivas safras apresentarem fungos e outros problemas fitossanitários (ROMBALDI et al, 2004; GRIGOLETTI & SÔNEGO, 1993). 3.2. Produção Representado pela prática do cultivo da uva, correspondendo a etapa de plantio, tratamento e colheita. Segundo dados do IBGE (2006), a área plantada era de 75.385 hectares, sendo aproximadamente 72% dessa área na Região Sul e, nessa região, 82% do plantio realizado pelo Estado do Rio Grande do Sul. Embora esta representatividade da Região Sul no plantio de uva seja tão expressiva, o cultivo é praticamente todo destinado a produção de vinhos (MOREIRA et al, 2004), enquanto as demais regiões, como os Estados de São Paulo, Bahia e Pernambuco, destinam seus plantios quase que exclusivamente produção de uvas de mesa ou para consumo in natura. Ainda segundo Moreira et al. (2004), a viticultura na região semi-árida, em especial o submédio São Francisco, destaca-se pelo constante incremento no volume de produção, bem como os altos rendimentos alcançados e na qualidade da uva produzida. De acordo com Sato (2005), o plantio da uva está diretamente relacionado às condições de solo apropriadas e depende das condições climáticas da região de plantio, ocorrendo um distanciamento da produção dos centros consumidores. De acordo com últimos dados da FAO (2007), a produção brasileira de uva estava em torno de 31.763 toneladas em 2004, apresentando um decréscimo de 23,4% comparado com a produção de 41.448, em 2003. O valor acumulado, nos últimos 05 anos (de 1999 a 2004), atinge um crescimento de 168,4% . Sendo o ano de 2003 o mais expressivo, com a ressalva da queda apresentada em 2004 (redução em 23,37% na produção), que foi reflexo da crise da agricultura, iniciada na segunda quinzena do ano. Tal fato mostra o potencial de crescimento que o Brasil apresenta, apesar das dificuldades políticas internas, como a falta de apoio governamental; e comerciais como barreiras técnicas e dificuldades na redução dos custos de produção. 3.3. Indústria de transformação A industrialização das uvas pode ser dada em duas vertentes: a primeira para produção de vinhos e a segunda para a produção de sucos naturais. Existe também o destino de uvas para fabricação de geléias, porém os valores são irrisórios em comparação aos demais aspectos produtivos. A produção no Brasil de vinhos dá-se desde o século 19, quando imigrantes italianos e portugueses trouxeram técnicas de cultivo visando exclusivamente a fabricação de vinhos. Porém, apesar da tradição, o consumo do vinho no Brasil ainda não é muito expressivo, atualmente em aproximados 1,8 litros per capta ao ano, no entanto a projeção do Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN) é de que esse consumo alcance aproximados 9 litros per capta ao ano até 2022. Quanto ao suco de uva, a demanda crescente por produtos naturais e saudáveis, fomenta o investimento nesta produção, esta produção, ainda segundo o IBRAVIN, apresentou um crescimento de 22% nos últimos anos, com forte expressividade para a relação 2003-2004, onde este crescimento alcançou 58%. 3.4. Distribuição De acordo com estudos de Sato (2005), grande parte da uva é comercializada através de intermediários atacadistas, com apenas uma pequena parcela sendo encaminhada à exportação, a qual é geralmente feita diretamente pelo produtor. Há também a figura dos supermercados que exercem uma função importante na distribuição, realizando muitas vezes transações de compra direta com o produtor agrícola. Os canais de distribuição de vinhos em geral se dão através de grandes distribuidores como adegas e empresas de distribuição de bebidas, bem como a venda direta para o consumidor em supermercados. 3.5. Consumo O consumo corresponde ao encerramento da cadeia, onde a absorção do produto pelo consumidor irá refletir em todo volume e preços praticados ao longo da mesma. Atualmente o Brasil não apresenta um consumo expressivo de uva e seus derivados, como o vinho e o suco, como se pode observar na Tabela 2. abaixo: 4. Análise dos custos de transação Observados os diferentes aspectos nas transações correntes em cadeias produtivas, Williamson (1994) desenvolveu o estudo da Teoria dos Custos de Transação, baseado nas pesquisas de Coase (1937) sobre eficiência produtiva baseada nos efeitos sobre a organização e o gerenciamento das atividades econômicas exercidas por agentes. Williamson (1985) também comenta que por trás de cada transação existe um custo, o qual depende de fatores de freqüência, incertezas e especificidade do ativo transacionado. Para análise da freqüência observam-se os volumes de trocas entre os produtores das uvas e os agentes industrializadores e distribuidores. A periodicidade da colheita da uva no Brasil está muito diversificada devido a espécies hibridas desenvolvidas, o que permite colheitas entre os meses de janeiro e abril no Estado de São Paulo e entre os meses de maio e julho na região Sul e em qualquer época do ano no Nordeste do Brasil (SATO, 2005; BARROS & BOTEON, 2002). A incerteza é um atributo que influencia sobre as características dos agentes econômicos dependendo da sua capacidade de analise e compreensão das adversidades futuras, estimulando, assim, o desenvolvimento de contratos mais flexíveis e reguladores das relações entre as partes. Tal flexibilidade contratual permite a adaptação as constantes mudanças e surgimento de implicações que exigem uma ação do agente econômico. A maioria produtora, em São Paulo, é de pequenos produtores que vêm atuando ainda de maneira artesanal, são muitas vezes desfavorecidos das condições climáticas e acabam tendo seus custos mais elevados e devendo assumir maiores riscos, como as vendas em consignação o que pode gerar prejuízos consideráveis ao produtor. Finalmente, pelo ponto de vista da especificidade, Williamson (1985) determinou quatro fatores determinantes das características específicas do negócio, são elas: i) especificidade de natureza espacial, relacionada às distâncias entre as partes (compradores e fornecedores), combinadas aos custos de transferência das unidades produtivas; ii) especificidade relativa à exclusividade de transferência dos produtos entre as partes, o que pode implicar em ociosidade produtiva no caso de rompimento das relações entre os agentes econômicos; iii) especificidade de capital humano, relacionado às qualificações e eficiência derivadas de diferentes formas de aprendizado dos agentes econômicos; e, iv) especificidade física, que está relacionada diretamente a infra-estrutura dos agentes, especializada e capacitada para atendimento às exigências e necessidades da outra parte. Observados os fatores determinantes das características do negócio abortadas por Williamson (1985), notam-se as seguintes características do SAG da Uva: i) quanto à natureza espacial - em virtude da necessidade de solos e condições climáticas mais favoráveis, os produtores acabam por distanciarem-se dos principais centros consumidores, até mesmo pela utilização mais próxima destas terras para culturas mais tradicionais e com maiores projeções no mercado, como soja, cítricos, entre outros. ii) quanto à exclusividade - neste caso o fator tempo é crucial, pois o produto possui uma perecibilidade alta, desta forma os produtores necessitam do desenvolvimento de parceiros que garantam a compra de sua produção. iii) quanto ao capital humano - certamente esta característica específica é uma das que mais afetam a qualidade e o rendimento da produção. A viticultura é muito exigente quanto à mão-de-obra e há uma grande dificuldade por parte dos produtores de encontrarem bons meeiros (trabalhadores especializados no plantio e colheita da uva). iv) quanto à especificidade física – não há muita necessidade de altos investimentos em estrutura física para os produtores, visto que a produção é comercializada diretamente para industriais e distribuidores que serão responsáveis pelo armazenamento e/ou transformação e a venda. O mercado de uvas de uma forma geral atende principalmente às exigências temporais, relacionado diretamente a perecibilidade da fruta, bem como as características de localização que influenciam, na hora da venda, no valor do produto, este encarecido devido aos custos com transporte especializado (em geral refrigerado para reduzir a degradação do produto até o ponto de comercialização). 6. CONSIDERAÇÕES GERAIS Com vista ao potencial Brasileiro no aspecto agrícola e as vantagens climáticas inerentes ao território brasileiro, o plantio de uva é uma alternativa considerável, visto que diferentes regiões brasileiras vêm produzindo uva com certeza regularidade e estabilidade, diferindo apenas a destinação da produção para diferentes consumos. Tais diferenças e destinações das produções influenciam no comportamento e nas medidas dos agentes, pois cada um deverá exercer procedimentos diferentes uns dos outros. Desta forma os preços serão influenciados regionalmente, bem como as relações dos agentes industrializadores e distribuidores com os seus fornecedores, no caso, os produtores de uva. A região Sul, com maior histórico e maior consolidação no mercado, já possui tecnologia e métodos de cultivo mais avançados em comparação as regiões Sudeste e Nordeste. Porém vale destacar o crescimento da produção em Pernambuco e Bahia, que passaram a figurar nos últimos quatro anos dentre os principais produtores nacionais de uvas. Assim, conclui-se que, no aspecto produtivo, que estes Estados são os mais viáveis para novas implantações e investimentos para o cultivo da uva. c) A partir do sistema agroindustrial escolhido na letra “b”, discuta as funções desempenhadas por cada um dos agentes. a) Sistemas de Produção Em se tratando de sistemas de produção no cultivo da uva, deve-se levar em conta a existência de duas características que diferem os principais tipos de uva: as americanas voltadas para o consumo in natura, suco e vinhos comuns e, as européias direcionadas à fabricação de vinhos finos. Há algumas considerações que devem ser explanadas de forma individual, entretanto, algumas características podem ser mencionadas de maneira comum entre as duas. Por exemplo, no decorrer do sistema produtivo são considerados três tipos de poda: formação, frutificação e renovação. A primeira relaciona-se com oferecer à planta a forma mais adequada para que esta se adapte ao sistema de condução escolhido. A poda de frutificação prepara a videira para a próxima safra e, a poda de renovação tem por objetivo eliminar partes da planta que estejam com vitalidade bastante reduzida em função de fatores climáticos, doenças, pragas. A seguir os principais tipos de uva de acordo com o objetivo de produção e seus sistemas de condução. As uvas americanas ou uvas comuns (Vitis labrusca) caracterizam-se, de acordo com Nachtigal e Camargo (2007), por apresentarem altos índices de produtividade e resistência superior às doenças fúngicas, em relação às Vitis vinífera, menor custo de produção, portanto, sendo comercializadas por um valor menor que as uvas europeias. Como exemplo de cultivares pode-se citar: Bordô, Isabel, Concord, entre outras (tintas); Niágara Branca, Niágara Rosa, etc. (brancas e rosadas). Para o cultivo das uvas americanas usa-se, comumente, o sistema de condução em latada que pode ser chamado também de pérgola. Este sistema conduz o desenvolvimento da planta de maneira horizontal proporcionando um elevado número de cachos e por conseqüência maior produtividade. As Uvas finas ou européias (Vitis vinífera) apresentam características próprias para a fabricação de vinhos finos ou de mesa. Possuem baixa resistência às principais doenças da cultura e, por este fato se torna uma produção com custo mais elevados evidenciados pelo maior número de tratamentos e aplicações de defensivos. Porém estas apresentam uma maior valorização no mercado. Pode-se citar como exemplo de variedades das uvas européias: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Tannat, (vinhos finos) e, Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, Red Globe, (vinhos de mesa), entre outras variedades (MANDELI E MIELE, 2007). Para este cultivo, normalmente, é utilizado o sistema de condução em espaldeira conduzindo a planta de maneira vertical. Utilizado pelos principais países vitivinícolas do mundo e, encontrado nos vinhedos do RS, em especial na Região da Campanha propiciando maior insolação para as plantas resultando em melhor qualidade dos frutos. b) Insumos para a produção Os insumos necessários para a produção referem-se às mudas, equipamentos e a condição da terra onde o produto é cultivado, ou seja, terra própria ou arrendada. As mudas para o cultivo das uvas finas podem ser adquiridas de duas maneiras: através da compra ou preparo das mesmas na propriedade. Ao partir para a aquisição das mudas deve-se obter informações seguras sobre a origem do material de propagação, visto que a introdução de material contaminado (mudas, estacas, etc.) pode comprometer a produção (NACHTIGAL e KUHN, 2007). O preparo das mudas na propriedade poder ser realizado no local da produção, assim como, em viveiro separado e depois transpostas ao local definitivo da produção. Em se tratando de equipamentos para a produção de uvas, pode-se destacar a utilização de tratores que auxiliam no preparo da terra e no momento de roçar ao entorno dos parreirais. Também é considerado as colheitadeiras, podendo estas otimizarem o tempo de colheita e consequentemente intervirem na melhora da qualidade aromática dos vinhos. Os insumos caracterizam-se por serem representados por produtos e recursos necessários à produção (PEREIRA E GAMEIRO, 2008). Em se tratando da cultura da uva consideram-se como insumos básicos e fundamentais os fertilizantes e defensivos, pois são eles que irão auxiliar na fertilidade do solo e no controle de pragas e doenças desta cultura. c) Produção De acordo com o INCRA/FAO (1999) em nível de estabelecimento agrícola, um sistema de produção pode ser definido como uma combinação (no tempo e no espaço) dos recursos disponíveis para a obtenção das produções vegetais e animais. Um processo de produção é um sistema de ações que estão inter-relacionadas de forma dinâmica e que estão orientadas para a transformação de determinados elementos. Como tal, os elementos de entrada, as uvas, passam a ser elementos de saída, o vinho, na sequência de um processo em que é incrementado o seu valor. A produção propriamente dita refere-se à prática do cultivo da uva, correspondendo a etapa do plantio e da colheita (PEREIRA E GAMEIRO, 2008). A produção de uvas na Região Sul, a maior produtora de uvas do país, é praticamente toda voltada para a fabricação de vinhos e, nos Estados de São Paulo, Bahia e Pernambuco a produção é direcionada para o cultivo de uvas ao consumo in natura, conforme o que diz Pereira e Gameiro (2008 apud MOREIRA et al, 2004). Alguns fatores são indispensáveis para que esta etapa possa ser realizada como, por exemplo, a mão-de-obra podendo ser local ou externa e, como dito anteriormente os aspectos que envolvem a colheita exemplificando através da constatação se está é manual ou mecanizada, sendo estes aspectos encontrados nos resultados e discussões. Denomina-se vindima a operação da colheita de uva para a vinificação, dependendo de vários fatores, sendo os mais importantes, o estado sanitário e o grau de maturação que dependerá do tipo de vinho que será elaborado (SANTOS ET AL, 2007). d) Processamento De acordo com Pereira e Gameiro (2008) quando trata-se do processamento de uvas estas podem seguir dois caminhos: um voltado para a produção de vinhos e outro direcionado para a produção de sucos. Existe também um terceiro destino no processamento de uvas que seria para a fabricação de geléias, porém este não apresenta números consideráveis. Para Santos et. al (2007) o vinho é uma bebida alcoólica que envolve uma série de processos sendo caracterizado por ser uma bebida que envolve uma série de matérias-primas. Ainda conforme os autores acima, o vinho não de ser consumido imediatamente após o engarrafamento, pois é necessário deixá-lo repousar por alguns meses, dependendo do tipo do vinho. Envolvendo nesta etapa a necessidade de rolhas de qualidade a cor da garrafa deve-ser, preferencialmente, escura, verde ou castanha, para impedir que a presença da luz possa causar malefícios ao produto. e) Distribuição e Comercialização Segundo Pereira e Gameiro (2008 apud SATO, 2005) grande parte da uva é comercializada através de intermediários atacadistas, com apenas uma pequena parcela sendo encaminhada à exportação, a qual é geralmente feita diretamente pelo produtor. Há também a figura dos supermercados que exercem uma função importante na distribuição, realizando muitas vezes transações de compra direta com o produtor agrícola. Os canais de distribuição de vinhos em geral se dão através de grandes distribuidores como adegas e empresas de distribuição de bebidas, bem como a venda direta para o consumidor em supermercados. Segundo Barros (2007) comercialização compreende “o conjunto de atividades realizadas por instituições que se empenham na transferência de bens e serviços desde o ponto de produção inicial até que eles atinjam o consumidor final.” f) Consumo O consumo caracteriza-se por ser a parte final das cadeias, sendo este responsável pelos resultados de todo o trabalho desempenhado nos elos anteriores, ou seja, a absorção do produto irá refletir no consumidor todos os preços praticados ao longo da cadeia (PEREIRA E GAMEIRO, 2007). A tabela 4 relaciona-se ao consumo de vinho per capita que, de acordo com Franzolim (2010), a situação verdadeira do consumo de vinhos de uvas viníferas é representado por 0,25 litros por pessoa. Levando em conta os vinhos e espumantes importados chega-se ao número de 0,56 litros por brasileiro em 2009, verificando-se esses dados a seguir. Tabela 1. Consumo per capita de vinho no Brasil em 2009 Estes dados referem-se apenas aos vinhos fabricados a partir de uvas viníferas. Também é importante reforçar que o consumo por vinhos finos importados é maior que os vinhos brasileiros. Vale lembrar também que o Brasil possui um mercado com potencial de crescimento, pois o consumo per capita é de 2 litros ao ano, ocupando uma das últimas posições no mundo, se comparado ao consumo em países, como Chile e Argentina, sendo o consumo individual acima de 25 litros de vinho/ano (Uvibra, 2010). d) A partir do sistema agroindustrial escolhido na letra “b”, discuta como os ambientes institucional e organizacional impactam no SAG. É necessário que você compreenda o que são: - Ambiente institucional: - Ambiente Organizacional: Depois que pesquisou sobre estes conceitos e analisando o SAG escolhido por você, discuta como o ambiente institucional e o ambiente organizacional impactam no sistema agroindustrial. Com isso pode-se considerar que o negócio da uva e do vinho está em plena ascensão e é mais uma alternativa de diversificação produtiva para a região. Os aspectos referentes à contribuição desta cadeia para o desenvolvimento da região ficam nítidos após o explanado, pois há oferta de emprego, a região começa a ser reconhecida pelo país e também pelo mundo quando se trata das características apresentadas pelos vinhos gaúchos e também pela qualidade do produto. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA BARROS, Geraldo Sant’Ana de Camargo. Economia da Comercialização Agrícola. Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2007. CASTRO, A. M. G.; CEMBRAPA. Acesso em 30.03.2008, disponível em: http://www.cpafrr.embrapa.br/index.php/cpafrr/artigos/produ_o_agr_cola_mundial_o_p otencial_do_brasilRISTO, C. M. P. N.; LIMA, S. M. V. Cadeia Produtiva: Marco Conceitual para Apoiar a Prospecção Tecnológica. In: Simpósio de Gestão e Inovação Tecnológica., 22., Salvador, 2002. CIDADES. Dom Pedrito. Disponível em: http://www.cidades.com.br/cidade/dom_pedrito/003586.html . Acesso em: 4 de abril de 2012. ENGELMANN, Daniel. Da estância ao parreiral: um estudo de caso sobre a vitivinicultura em Santana do Livramento. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Administração. Programa de Pós-Graduação em Administração. Porto Alegre, 2009. FRANZOLIM, Ivan. A verdade do consumo de vinho per capita, 2010. Disponível em: http://vinifera.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16:a-verdade-do-consumo-de-vinho-per-capita&catid=1:informacoes&Itemid=4. Acesso em: 3 de janeiro de 2012. GUERRA, Celito Crivellaro et. al. Conhecendo o essencial sobre uvas e vinhos. Embrapa Uva e Vinho. Bento Gonçalves, 2009. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Cidades, 2010. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em: 27 de março de 2012. IBRAVIN – Instituto Brasileiro do Vinho. Comercialização de vinhos – Empresas do Rio Grande do Sul, Brasil – comparação 2004-2009. Disponível em http://www.ibravin.org.br/admin/UPLarquivos/200420101624142.pdf. Acesso em 27 de março de 2012. ______________. Importações brasileiras de vinhos e espumantes: comparativo 2004-2010. Disponível em: http://www.ibravin.org.br/admin/UPLarquivos/220220111854462.pdf. Acesso em 26 de março de 2012. INCRA/FAO. Guia Metodológico: Análise diagnóstico de sistemas agrários. Convênio INCRA/FAO, Brasília: 1999, 65 p. MANDELLI, Francisco e MIELE, Alberto. Recomendações para produção de videiras em sistemas de base ecológica. Sistemas de condução. Embrapa. Bento Gonçalves/RS, 2007. MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo, Martins Fontes, 1983. MELLO, Carlos Ernesto Cabral de. A história do vinho no Brasil. Revista Adega, ed.61, 2009. Disponível em <http://revistaadega.uol.com.br/Edicoes/61/artigo191123-7.asp>. Acesso em: 9 nov. 2011. MELLO, Loiva Maria Ribeiro de. Atuação do Brasil no mercado vitivinícola mundial – panorama 2010. Embrapa Uva e Vinho, 2010. NACHTIGAL, Jair Costa. Avanços tecnológicos na produção de uvas de mesa. X Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia, Bento Gonçalves, 2003. _______. Vitivinicultura brasileira: panorama 2010. Embrapa Uva e Vinho, 2011. PHILLIPS, Rod. Uma breve história do vinho. Rod Phillips: tradução de Gabriela Máximo. ed 3, Rio de Janeiro, Record, 2005. Título Original: A short history of wine. Copyright, 2000. Roderick Phillips. PEREIRA, Eduardo Profeta e GAMEIRO, Augusto Hauber. Sistema agroindustrial da uva no Brasil: arranjos, governanças e transações. XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Rio Branco/Acre, 2008. SANTOS, Joana et al. Processamento Geral dos Alimentos I – Processamento Industrial do Vinho Tinto. Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária, 2007. UVIBRA – União Brasileira de Vitivinicultura. Produção de uvas, elaboração de vinhos e derivados: 1998 - 2010, 2010. Disponível em: http://www.uvibra.com.br/pdf/safra_uva1998-2010.pdf. Acesso em: 27 de março de 2012. BARROS, M.H.C. e BODEON, M. Avaliação do desempenho regional dos principais pólos produtores de uva no Brasil. Anais do XXXX Congresso brasileiro de Economia e Sociologia Rural (SOBER), 2002. BATALHA, M.O.; IANNONI, A.P.; SILVA, A.L.; LIMA FILHO, D.O.; SCRAMIM, F.C.L.; SOUZA FILHO, H.M.; NANTES, J.F.D.; PAULILLO, L.F.; SCARPELLI, M.; AZEVEDO, P.F.; MORABITO, R.; SPROESSER, R.L.; MARTINS, R.A.; BIALOSKORSKI NETO, S. Gestão Agroindustrial: GEPAI: Grupo de estudos e pesquisas agroindustriais / coordenador Mário Otávio Batalha. – 3. ed. – São Paulo. Atlas, 2007. COASE, R. H.; The Nature of the Firm. Economica , Vol. 4, November, pp. 386-405. 1937. DAVIS, J.H. & GOLDBERG, R.A. A concept of agribusiness. Boston, Division of Research / Graduate School of Business Administration / Harvard University, 1957. EMBRAPA. Acesso em 30.03.2008, disponível em: http://www.cpafrr.embrapa.br/index.php/cpafrr/artigos/produ_o_agr_cola_mundial_o_p otencial_do_brasil EMBRAPA UVA E VINHO. Acesso em 20.02.2008, disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/UvaNiagaraRosadaReg ioesTropicais/index.htm FAO . Food And Agriculture Organization of the United Nations. The Statistics Division. http://www.fao.org/es/ess/toptrade/trade.asp?dir=exp&disp=countrybycomm&resource =560&ryear=2004 . Março 2008. GALBRAITH, J.R. Planejamento estratégico de organização. In: MINTZBERG, H; QUINN, J.B. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. p. 133-140 GRIGOLETTI Jr., A.; SÔNEGO, O.R. Principais doenças fúngicas da videira no Brasil. Bento Gonçalves: EMBRAPA-CNPUV, outubro 1993. 36p. (EMBRAPACNPUV. Circular Técnica, 17). HARKER, F. R. Organic food claims cannot be substantiated through testing of samples intercepted in the marketplace: a horticulturalist's opinion. Food Quality and Preference, v.32, n.4, p.147-149, 2003. IBGE. Acesso em 30.03.2008, disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=t&o=11&i=P MOREIRA, A.N. et al. Cultivo da Videira. EMBRAPA Semi-Árido, Sistemas de Produção, 1. ISSN-1087-0027, versão eletrônica, junho/2004. MORVAN, Y. Fondaments d’économie industrielle. Paris: Economica, 1988. p. 247. ROMBALDI, C.V.; FERRI, V.C.; BERGAMASQUI, M.; LUCHETTA, L.; ZANUZO, M.R. Produtividade e qualidade de uva, Cv. Bordô (Ives), sob dois sistemas de cultivo. 2004. SATO, G.S.; MARTINS, V.A.; BUENO, C.R.F.; ASSUMPÇÃO, R. Cadeia produtiva da uva de mesa fina no Estado de São Paulo: produção, sazonalidade de preços e canais de distribuição. XLIII Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural – SOBER, 2005. UVIBRA. Acesso em 30.03.2008, disponível em: http://www.uvibra.com.br/pdf/comercializacao2003a2008_jan_jan.pdf WILLIANSON, O. E. The economic institutions of capitalism firm, markets, relational contracting. The N.Y. press, 1985. WILLIAMSON, O.E.; Strategizing, Economizing, and Economic Organization. In: RUMELT. R., SCHENDEL, D. e TEECE,D. Fundamental Issues in Strategy. Harvard Business School Press, p.369, 1994. WILLIAMSON, O. E.; The Mechanisms of Governance, Oxford, 429 pp., 1996. ZYLBERSZTAJN, D. Estruturas de governança e coordenação do Agribusiness: uma aplicação da Nova Economia das Instituições. Tese de livre docência apresentada no Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. São Paulo: 1995. 238 p. ZYLBERSZTAJN, D. Competitividade e abordagem de sistemas agroindustriais. Texto preliminar para discussão. PENSA/FEA/USP, 1995. Av. Guedner, 1610 - Jardim Aclimação - CEP: 87050-390 - Maringá - PR www.ead.cesumar.br
Compartilhar