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Daniel Almeida Falcao - Carta das Nações Unidas

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Universidade Federal Fluminense
Discente: Daniel Almeida Falcão
Docente: Elisabete Cristina Cruvello Da Silveira
Data: 23/03/2021
O presente trabalho tem como objetivo discutir a proposta: Programa Escola Ativa
em parceria com o Banco Mundial em 1998. Para isso, objetiva-se relacionar, criticamente, o
programa em conjunto com o cenário educacional brasileiro, no que diz respeito à concepção
do escolanovismo adaptado à realidade brasileira, demonstrando que as contribuições desta
iniciativa buscam na realidade aumentar o número de capital produtivo para os
empreendimentos internacionais.
Há de se fazer uma ressalva primordial para a compreensão do seguinte trabalho. O
Programa Escola Ativa (1998), diz respeito a uma iniciativa de investimento na educação
para o campo, que se concentra também na formação dos professores. Posteriormente o
programa é ampliado tomando dimensões nacionais. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é
observar de forma ampla a proposta pedagógica do projeto em consonância com o ideal
filosófico democrático da proposta, bem como abordar a sua inserção no meio escolar.
A ideia central do programa é alinhar os ideais democráticos difundidos pela
democracia burguesa global com os projetos curriculares implementados no Brasil,
repensando a função da escola, do currículo e da formação continuada dos professores à
lógica do campo.
“Nessa perspectiva, o documento da UNESCO elege como eixos de tais mudanças:
produção de módulos de aprendizagem focada em aprendizagens significativas;
estratégias metodológicas baseadas em trabalhos cooperativos e em pequenos
grupos; mudança do papel do professor; instalação e dinamização de bibliotecas nas
escolas; ampliação do período letivo anual; interação crítica com os meios de
comunicação de massa; oferta de educação bilíngüe e intercultural em contextos
específicos; ampliação das oportunidades de educação inicial; formação em serviço
para professores, privilegiando a leitura e a escrita.” (HAGE, Salomão, 2005,
p.201.)
O programa Escola Ativa decorre da implementação pedagógica do escolanovismo
de Dewey (SAVIANI,1988). O objetivo do escolanovismo é desenvolver uma proposta
pedagógica dialógica (FREIRE,1987), em contraste com a proposta elaborada pela escola
clássica, e as teorias não-críticas (SAVIANI,1988), que viam na educação fator de conversão
da marginalidade. Nesse sentido, o escolanovismo descentraliza a figura do professor do
processo de desenvolvimento reflexivo presente na sala de aula, essa observação contribui
para o entendimento sobre a formação do professor, já que a escola clássica compreende que
a formação do professor é sinônimo da construção de um espaço escolar de excelência, a
escola nova compreende que não basta somente uma formação do magistério com qualidade,
é preciso ter espaços alunos-centrados que ajudem na construção de uma escola plural,
abarcando os diferentes tipo de desenvolvimento de conhecimentos.
A despeito da iniciativa, comprova-se que o intuito da parceria acima exposta é
implementar um novo modelo educacional que esteja alinhado às demandas produtivas
nacionais e internacionais. Há de se perceber que existe uma grande diferença entre formar os
alunos para o trabalho e formar ao trabalho.
A proposta da Escola Ativa no estado do Rio Grande do Sul é um exemplo
interessante para análise das relações constituídas entre a parceria Mec e Banco Mundial. De
acordo com Marlene Ribeiro, a Escola Itinerante foi um modelo escolar pensado pelos setores
do Movimento Camponês, a fim de substituir a lógica implementada pelo MEC (Ministério
da Educação), que segundo os atores políticos do movimento, negligencia às demandas do
campo e do setor agrário, substituindo por uma lógica de ensino formal e urbanocêntrica.
“Levanta-se a hipótese de que a educação rural, amplamente criticada como
negação histórica dos sujeitos que vivem do trabalho com a terra – os agricultores
familiares –, substituída pelo MEC por uma concepção liberal, a escola ativa, com
características civilizatórias e urbano cêntricas de “preparação para o trabalho”, é no
sentido de subtrair a educação do campo conquistada pelo Movimento Camponês.
No embate com esse Movimento, a resposta do Estado, ao optar pelo Programa
Escola Ativa, parece, assim, identificar-se como uma reação.” (MARLENE,
Ribeiro, 2012, p.462)
Desse modo, junto das questões colocadas, é interessante refletir que o objetivo por
detrás da parceria MEC e Banco Mundial, é desenvolver através da educação, capital
produtivo, por meio da instrumentalização dos saberes difundidos pela população. Da mesma
forma que a pedagogia clássica torna a marginalidade algo execrável, os objetivos
oligopolistas refletem uma teoria globalista acerca das intenções de formação de capital
produtivo pelos setores internacionais. Assim não há superação das questões colocadas pelo
escolanovismo, sobretudo na questão do campo já analisada pelos pesquisadores acima
citados, sendo a reprodução do Messianismo burguês da ONU premissa para o
desenvolvimento das forças produtivas nos países terceiro-mundistas, a fim de “preparar o
terreno” para empresas globais. Sobre isso, a autora Luciana desenvolve:
“Nesse sentido, a ONU coopera, a partir de suas práticas, na construção de uma
mentalidade de bem-estar social concebida como: afirmação da justiça social,
defesa dos direitos humanos e do desenvolvimento social atrelado ao econômico. A
cultura de bem estar social conforma-se na missão messiânica das Nações Unidas,
no sentido de buscar o estabelecimento de uma restauração e da utopia,
características essenciais do messianismo.” (SILVEIRA, Elisabeth, 2014, p.416)
Portanto, é preciso perceber os enlaces colados nas relações entre o Banco Mundial e a
agenda de bem-estar social, que se transformam à luz do capitalismo global, em uma tentativa
de formação de capital produtivo que atenda as intenções dos países participantes da ONU.
Referência Bibliográficas
HAGE, Salomão (Org.). Educação do campo na Amazônia: retratos de realidade das
escolas multisseriadas no Pará. Belém: Gráfica e Editora Gutemberg Ltda, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1987
RIBEIRO, Marlene. Educação do Campo: embate entre Movimento Camponês e Estado.
Educação em Revista, Belo Horizonte, v.28, n.01, p. 459-490, março, 2012
SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 20ª Ed. Campinas: Autores Associados, 1988.
(Coleção Polêmicas do Nosso Tempo).
MESSIANISMO E CULTURA DE BEM-ESTAR SOCIAL NAS NAÇÕES UNIDAS: poder,
violência e políticas públicas na construção da identidade onusiana. R. Pol. Públ., São Luís, v.
18, n. 2, p. 415-424, jul./dez. 2014

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