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Carta Internacional dos Direitos Humanos: Declaração Universal dos Direitos do Homem * 
(Publicada no Diário da República, I Série A, n.º 57/78, de 9 de Março de 1978, mediante aviso do Ministério dos Negócios 
Estrangeiros) 
Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral na sua Resolução 217A (III) de 10 
de Dezembro de 1948 
Preâmbulo 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família 
humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça 
e da paz no mundo; 
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a actos 
de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que 
os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado 
como a mais alta inspiração do homem; 
Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de 
direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; 
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; 
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do 
homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam 
resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; 
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações 
Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais; 
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a 
tal compromisso: 
A Assembleia Geral 
Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as 
nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, 
pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas 
progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as 
populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição. 
Artigo 1.º 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir 
uns para com os outros em espírito de fraternidade. 
Artigo 2.º 
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção 
alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou 
social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. 
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território 
da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de 
soberania. 
Artigo 3.º 
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
 
 
 
Artigo 4.º 
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são 
proibidos. 
Artigo 5.º 
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
Artigo 6.º 
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica. 
Artigo 7.º 
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual 
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo 8.º 
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os 
direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. 
Artigo 9.º 
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo 10.º 
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal 
independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal 
que contra ela seja deduzida. 
Artigo 11.º 
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada 
no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face 
do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no 
momento em que o acto delituoso foi cometido. 
Artigo 12.º 
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, 
nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei. 
Artigo 13.º 
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. 
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu 
país. 
Artigo 14.º 
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. 
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por 
actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. 
 
 
 
 
Artigo 15.º 
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. 
Artigo 16.º 
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, 
nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. 
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado. 
Artigo 17.º 
1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade. 
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. 
Artigo 18.º 
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar 
de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em 
público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 
Artigo 19.º 
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas 
opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de 
expressão. 
Artigo 20.º 
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
Artigo 21.º 
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por 
intermédio de representantes livremente escolhidos. 
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicos do seu país. 
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a 
realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a 
liberdade de voto. 
Artigo22.º 
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos 
direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia 
com a organização e os recursos de cada país. 
Artigo 23.º 
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à 
protecção contra o desemprego. 
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 
 
 
 
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência 
conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social. 
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para a defesa dos seus 
interesses. 
Artigo 24.º 
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a 
férias periódicas pagas. 
Artigo 25.º 
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, 
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais 
necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de 
perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do 
matrimónio, gozam da mesma protecção social. 
Artigo 26.º 
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar 
fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos 
superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. 
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades 
fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou 
religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. 
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos. 
Artigo 27.º 
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no 
progresso científico e nos benefícios que deste resultam. 
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou 
artística da sua autoria. 
Artigo 28.º 
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente 
efectivos os direitos e as liberdades enunciados na presente Declaração. 
Artigo 29.º 
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua 
personalidade. 
2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei 
com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de 
satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. 
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações 
Unidas. 
 
 
 
 
Artigo 30.º 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, 
agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os 
direitos e liberdades aqui enunciados. 
* Fonte: Centro dos Direitos do Homem das Nações Unidas, publicação GE.94-15440.

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