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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA

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SNúcleo de Educação a Distância
R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05
Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111
www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.
Material Didático: Ayeska Machado
Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes
Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, 
Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profi ssionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! .
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora Stefânia Rosa Santos
O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profi sisional.
Esta unidade analisará os fundamentos históricos e epistemo-
lógicos da Psicologia, a partir de um breve panorama da história da 
Psicologia e suas bases epistemológicas. Em outras palavras, esta 
unidade faz um esboço geral da Psicologia antes mesmo da Psicolo-
gia, ou seja, desde o seu caráter pré-científi co até a consolidação e o 
desenvolvimento dos arcabouços teórico-metodológicos deste campo 
do saber, na contemporaneidade. Especifi camente, foram enfocados: 
a) os caminhos percorridos pelo pensamento fi losófi co ocidental – e os 
saberes e refl exões acerca do próprio homem; b) o desenvolvimento da 
Psicologia pré-científi ca e sua consolidação como ciência. Para tanto, 
foi utilizada uma bibliografi a específi ca, que abrange alguns aspectos: 
em primeiro lugar, a fi losofi a e suas contribuições para o conhecimento 
do ser humano; em segundo lugar, as principais correntes teóricas do 
campo da Psicologia moderna. 
Filosofi a, História da Psicologia, Psicanálise, Psicologia Social. 
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CAPÍTULO 01
BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES – O 
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO: 
Apresentação do módulo ______________________________________ 11
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 CAPÍTULO 02
A PSICOLOGIA NOS CAMINHOS DA CIÊNCIA
O Pensamento Medieval _______________________________________
CAPÍTULO 03
PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
O Mundo Moderno e o Racionalismo Científi co __________________
Recapitulando _________________________________________________
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Contextualização: O Surgimento Da Psicologia __________________
Subjetividade Humana: Algumas Defi nições ____________________
O Objeto de Investigação da Psicologia: O Desafi o da 
Cientifi cidade _________________________________________________
Recapitulando _________________________________________________
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Gestalt ________________________________________________________
Behavorismo __________________________________________________
Psicanalise ____________________________________________________
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Psicologia Social _______________________________________________ 61
A Filosofi a Grega e suas Contribuições para a Refl exão da 
Existência Humana ____________________________________________
Sócio-Histórica ________________________________________________ 62
Psicologia e Saúde ____________________________________________ 64
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Recapitulando _________________________________________________ 67
Indicações Bibliográfi cas ______________________________________
Referências ___________________________________________________
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Fechando Unidade ____________________________________________ 72
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A História da Psicologia, muitas vezes, é minimizada ou deixada 
em segundo plano, seja em razão da natureza prática da atuação profi ssio-
nal ou, ainda, pelas vertentes dos cursos de graduação e pós-graduação, 
que seguem linhas específi cas de trabalho. De qualquer forma, é preciso 
valorizar a história das ciências, das profi ssões, principalmente, seu desen-
volvimento ao longo do tempo. Reconhecer os caminhos percorridos, no 
caso da Psicologia, é compreender a relação passado-presente e todos os 
elementos que formaram este saber atéaqui. Independentemente da área 
profi ssional, da linha de pesquisa e do campo de atuação, é importante que 
a (o) psicóloga (o) entenda como, quando e quais foram as condições para 
o surgimento e desenvolvimento de sua profi ssão. 
O capítulo 1 tem como objetivo principal fazer um resgate da his-
tória da fi losofi a e do pensamento ocidental – base para a compreensão do 
homem e suas relações com o mundo. Este panorama, ainda que breve, 
trouxe alguns dos principais fi lósofos desde a antiguidade clássica, pas-
sando pela visão de mundo medieval e, fi nalmente, chegando aos tem-
pos modernos, a era da ciência. A partir das dicas de leitura, fi lmes e sites 
é possível complementar os estudos fi losófi cos e aprofundar-se mais nas 
ideias de cada fi lósofo apresentado, como também outros que não foram 
contemplados neste estudo. É importante salientar que o presente capítulo 
teve como eixo principal trazer um pouco da história da fi losofi a como um 
dos fundamentos epistemológicos da Psicologia. 
O capítulo 2 desta unidade tem como principais pontos: o contexto 
do surgimento da Psicologia; a Psicologia como ciência e a cientifi cidade 
de seu objeto e, por fi m, um breve esboço sobre o tema da subjetividade e 
alguns debates que permeiam suas defi nições. Longe de esgotar os assun-
tos supracitados, o capítulo busca trazer algumas discussões que auxiliam 
no desenvolvimento desta unidade e, principalmente, na compreensão da 
Psicologia enquanto um saber-fazer e sua trajetória no debate científi co. 
É de suma importância que o profi ssional desta área não esteja alheio à 
construção histórica do campo em que escolheu atuar, uma vez que seu 
trabalho também é construído cotidianamente, num movimento incessante 
que requer qualifi cação e aprimoramentos permanentes. 
O terceiro e último capítulo desta unidade tem como proposta uma 
apresentação geral das principais abordagens da Psicologia, com destaque 
para os principais conceitos e seus respectivos representantes. É importan-
te enfatizar, que o objetivo geral foi sintetizar as principais ideias e, por isso, 
torna-se imprescindível aprofundar-se nos temas através das leituras e dos 
complementos indicados. A partir de cada corrente teórica e seus métodos, 
é possível compreender a constituição da subjetividade e o desenvolvimen-
to psíquico dos sujeitos, daí a importância da psicoterapia e do processo do 
autoconhecimento.
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BREVE HISTÓRIA DA 
PSICOLOGIA: CAMINHOS E
BIFURCAÇÕES
“Quando, por ignorância, seus amigos se encontravam 
 em apuros, procurava livrá-los por intermédio de 
 conselhos”. 
(Platão. Apologia de Sócrates). 
“Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e 
 não somos...”. 
(Heráclito de Éfeso)
Para compreender os fundamentos teóricos da Psicologia é 
importante resgatar o seu processo histórico e a formação dos paradig-
mas que delinearam essa área do saber. De forma geral, contextualizar 
a Psicologia é percorrer os principais caminhos da constituição de sua 
base científi ca (e pré-científi ca), assim como reconhecer a importância 
da história do pensamento ocidental. O ponto de partida passa a ser a 
Filosofi a e suas valiosas contribuições para uma ‘escavação’ da mente 
humana – proposta que pertence ao campo da Psicologia, mas não 
exclusivamente. É a partir das questões fi losófi cas elementares: men-
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te-corpo/ homem-mundo/ razão-emoção, que é possível traçar a fonte 
comum das investigações propostas tanto pela Filosofi a quanto pela 
Psicologia. 
A forma como o desejo humano é abordado/explorado está in-
timamente relacionada ao contexto sócio-histórico e cultural do qual se 
fala, daí a importância do estudo acerca dos paradigmas científi cos e 
seus respectivos processos históricos. São eles os responsáveis pela 
visão de mundo que é construída em determinados contextos, por dif-
erentes indivíduos e grupos. Assim, é possível afi rmar que o estudo dos 
fundamentos históricos da Psicologia é também o desenvolvimento de 
tradições do pensamento: 
História da psicologia é história da cultura. Como história da cultura, é história 
de culturas psicológicas e fi losófi cas, bem como é história das ideias. Como 
história de culturas psicológicas é história de tradições de pensamento psi-
cológico. Tradições são práticas sociais de longa duração, ou simplesmente 
culturas, consequentemente, tradições de pensamento psicológico são cultu-
ras, ou práticas culturais (ABIB, 2009, p.199).
Isto posto, entede-se que o estudo que fundamenta a Psico-
logia e suas vertentes teorico-metodológicas passa pela constituição 
do pensamento humano: o pensar sobre si, que também diz respeito 
ao pensar as relações e a realidade concreta. Dessa forma, compreen-
der a história ‘das Psicologias’ é adentrar o processo de formação do 
pensamento histórico, cultural e fi losófi co, pois são inquestionáveis as 
contribuições desses saberes no desenvolvimento deste processo. 
A FILOSOFIA GREGA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLE-
XÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA
Heráclito de Éfeso
Um dos grandes pensadores gregos pré-socráticos, Heráclito 
de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C), a partir da visão do devir, do vir-a-ser e 
do fl uxo, apresenta um conjunto de ideias voltadas para a refl exão do 
individuo diante das vicissitudes da vida. 
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Imagem 1. Heráclito de Éfeso
Fonte: Super Interessante, 2015.
Nada mais humano e dialético: as mudanças e transformações 
que contribuem para a construção do sujeito. Para ele, ninguém entra 
duas vezes no mesmo rio, pois ao entrar no rio pela segunda vez, nin-
guém é o mesmo e o rio também não. De acordo com tal pressuposto, 
qual a relação entre Heráclito e o sentido da Psicologia? 
Para responder esta questão vale ressaltar a dimensão psíqui-
ca presente nas experiências fi losófi cas dos gregos, a partir do exercí-
cio da refl exão e, principalmente, da auto-percepção. De acordo com 
o pensamento de Heráclito, tudo fl ui, nada permanece estático, “o rio 
nunca é o mesmo”. Assim, surge a necessidade de compreensão em 
torno do emaranhado de ações e acontecimentos que cercam a vida 
humana: a relação do mundo externo com o mundo subjetivo, interno, 
individual. Essa é uma relação em constante movimento, pois o que 
está fora também é parte constituinte de quem nos tornamos, ou seja, 
o indivíduo é capaz de afetar e transformar seu meio, assim como é 
afetado e transformado, constantemente, por ele.
A fi losofi a de Heráclito infl uenciou muitos pensadores contem-
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porâneos (ver capítulo 3) e contribuiu para a uma compreensão mais 
integral da existência humana, à medida que explorou o indivíduo em 
relação ao movimento de sua própria vida e os desdobramentos que 
todo fl uxo pode gerar. São as forças contrárias que impulsionam as mu-
danças e, consequentemente, a forma como o homem se coloca no 
mundo. A partir desta ideia do fl uxo e do vir-a-ser das coisas é possível 
fazer uma associação, em linhas gerais, entre essa base fi losófi ca da 
Antiguidade e os caminhos percorridos posteriormente pela “ciência da 
mente”, independentemente do eixo teórico-metodológico. 
Neste blog, o autor Bruno Carrasco apresenta diversos artigos 
que podem complementar seus estudos sobre Filosofi a e 
Psicologia. Vale a pena a leitura referente ao pensamento de 
Heráclito. 
Acesse: 
http://www.ex-isto.site/2017/06/heraclito-fi losofo-do-devir.html.
Em conclusão,os princípios da Psicologia também passam 
pela busca em compreender as dimensões de nossas próprias esco-
lhas, além de compreender os desdobramentos desses fl uxos intermi-
tentes que, ora desconstroem ora reconstroem o sentido de ser/estar 
no mundo. Essas e outras questões serão levantadas no decorrer desta 
unidade como uma forma de intervenção refl exiva ou, parafraseando 
Heráclito: um fl uxo inconstante de ideias. 
Sócrates
Sócrates (470 a.C – 399 a.C), grande mestre do pensamento 
ocidental, já trazia ao mundo antigo a preocupação com o sentido do 
autoconhecimento e da problemática do homem. Para ele, a prática do 
diálogo é o caminho para a construção das ideias, do debate e da busca 
pelo saber que passa, sobretudo, pelo questionamento daquilo que é 
imposto. Esse método socrático fi cou conhecido como maiêutica, a arte 
de parturejar ideias através da ironia fi losófi ca como forma de provoca-
ção intelectual, que questionava a ordem estabelecida. Outra importan-
te discussão em torno do pensamento do fi lósofo é com relação à alma 
humana. Nesse sentido, afi rma-se que:
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É a partir de Sócrates que surge a concepção de alma como sede da cons-
ciência moral e do caráter, a alma que no cotidiano de cada um é aquela 
realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter 
conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que, por isso, deveria 
ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem (PESSA-
NHA, 2004, p. 30).
Uma das mais conhecidas máximas fi losófi cas, “conhece a ti 
mesmo”, foi inscrita no Templo de Apolo, em Delfos e, apesar de não 
ser de autoria de Sócrates (como é atribuída muitas vezes) é muito 
associada ao seu pensamento, pois resume, com precisão, o exercício 
do olhar para si próprio e pensar a existência de uma forma crítica e 
refl exiva. O saber de si, como um posicionamento ativo diante da vida, 
pode parecer óbvio por um lado, mas, sua prática complexa exige um 
intenso esforço que, por sua vez, é um dos grandes trabalhos propostos 
pela Psicologia. 
Leandro Karnal, professor e historiador brasileiro, faz uma 
análise bastante apropriada do assunto que abordamos neste capítulo. 
Confi ra o vídeo: “Conhece a ti mesmo”
(Fragmento da palestra: “A vida que vale a pena ser vivida em 
tempos líquidos”).
Acesse o canal Saber fi losófi co, através do link: https://
www.youtube.com/channel/UCWdXgfpEIZIGzah9_yCL-Xw
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Platão e o Dualismo Corpo/Alma
Imagem 2. Platão
Fonte: Instituto Sócrates, 2017
Outro fi lósofo que marcou a formação do pensamento ociden-
tal foi Platão (428-427 a.C. - 348-347 a.C.), cujo pensamento central 
consistiu no dualismo mente/corpo, mundo sensível/mundo inteligível. 
Em seu mito da caverna, o fi lósofo questiona o aprisionamento dos ho-
mens, suas amarras, quando só conhece aquilo que vê e o que seus 
sentidos proporcionam. Para Platão, os sentidos podem enganar e im-
pedir que os indivíduos conheçam o mundo existente fora da caverna. 
Nota-se que a fi losofi a de Platão buscava ressaltar a importân-
cia do conhecimento e dos dilemas humanos através de um caminho 
autônomo, no qual é preciso enxergar muito além do que está aparen-
te. A alma é a principal motivação de suas refl exões, sendo o corpo 
uma espécie de cárcere. Na visão platônica, a matéria está vinculada 
ao mundo sensível, concreto, e pode fornecer apenas representações 
distorcidas da realidade. Já o mundo das ideias seria um campo re-
fl exivo, que busca o real através do conhecimento. É a partir dele que 
os homens constroem possibilidades de uma vida mais livre e menos 
superfi cial. 
A refl exão que permeia o dualismo corpo/alma suscita diver-
sas questões no campo fi losófi co, como por exemplo, a forma como o 
homem se relaciona com seu próprio desejo – elemento protagonista 
para a Psicologia. A manisfestação do desejo é fonte de muitos debates 
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e está relacionada, muitas vezes, à diferentes visões de mundo, con-
cepções e modos de explorar (e até mesmo controlar) os fl uxos dese-
jantes que movimentam a vida humana. 
Imagem 3. Pensamento platônico
Fonte: Sabedoria Política, 2016.
SAIBA MAIS
Neste site você encontra cinco dicas de fi lmes para 
compreender a fi losofi a de Platão. Vale a pena conferir:
Acesse: https://www.pensarcontemporaneo.com/5-fi lmes-
para-entender- fi losofi a-de-platao/.
Destaque para: ”O show de Truman: o show da vida”, 1998, 
direção de Peter Weir. Nesta obra é possível identifi car muito 
do pensamento de Platão, principalmente no que se refere ao 
mito da caverna e às formas contemporâneas de 
aprisionamento de nós mesmos.
 Bom fi lme!
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Aristóteles e o Conceito de Virtude
Por fi m, para complementar este esboço geral da formação do 
pensamento fi losófi co grego, Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz, en-
tre outros conceitos importantes, a noção de virtude, forma pela qual 
os homens constroem uma boa vida. Essas atitudes, que também são 
éticas e políticas, (de acordo com o fi lósofo “homem é um animal políti-
co”) contribuem para o exercício da felicidade – uma das mais antigas 
preocupações fi losófi cas. Dessa forma, afi rma-se que:
Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade da alma conforme a virtude 
perfeita, é necessário considerar a natureza da virtude, pois isso talvez possa 
nos ajudar a compreender melhor a natureza da felicidade (ARISTÓTELES, 
2005, p. 36).
As virtudes equilibram a vida do homem em sociedade, 
pois são elas que o
conduzem à temperança. Assim, seria legítima a busca de um 
caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e as 
faltas. Na perspectiva aristotélica, os os homens possuem a 
capacidade de desenvolver, pela prática, suas virtudes e sua 
moral. Assim, nessa perspectiva: 
Se cada homem é de certo modo responsável por sua disponsição moral, 
será também de certo modo responsável pela aparência; se não for assim, 
ninguém seria responsável pelos maus atos que praticar, pois todos os pra-
ticariam por ignorância dos fi ns, julgando que com eles conseguiriam o me-
lhor. Visar ao fi m não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido 
com uma visão moral, por assim dizer, que nos permita julgar corretamente e 
escolher o que é verdadeiramente bom (ARISTÓTELES, 2006, p.67). 
A partir disso, entende-se que é pelo hábito, pelo costume 
(“éthos”) que torna-se possível desenvolver, racionalmente, um modo 
de vida mais próximo da felicidade. Por fi m, vale ressaltar que Aristóte-
les é considerado o “pai” da psicologia, uma vez que, entre seus princi-
pais estudos, está presente a precoupação com os processos subjeti-
vos da alma humana.
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Aqui, você encontra diversos artigos interessantes sobre os 
temas abordados neste capítulo. Aos amantes de Filosofi a, uma ótima 
fonte de artigos e discusssões pertinentes ao estudo da psique e sua 
relação com outras áreas do conhecimento. 
Acesse: http://fi losofi acienciaevida.com.br/fi losofi a-e-psico
logia/.
O PENSAMENTO MEDIEVAL: A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO
Para pensar o contexto medieval e o do desenvolvimento do 
pensamento dominante ocidental, é necessário levantar a questão em 
torno do conceito de “homem”. Para melhor compreendê-lo há um ele-
mento decisivo que marca toda a sociedade da época: a religiosidade, 
principalmente, a consolidação do cristianismo. A partir disso, foi defi -
nido um modelo a ser seguido socialmente e que incidia diretamente 
sobreas formas de vida. 
 O exemplar ideal era, portanto, o ser cristão. Dessa maneira, 
o homem sem fé, nos princípios cristãos, estava fora de um padrão e, 
apesar das particularidades e diferenças, havia um elo que fazia daque-
les homens um só ser - a criatura de Deus, segundo a antropologia cris-
tã medieval. A fi m de corroborar com uma das questões fundamentais 
da formação do pensamento ligado à Idade Média, cabe aqui a seguinte 
colocação: 
Ora, Filosofi a e Religião são excludentes, metodologicamente excludentes: a 
Filosofi a, por defi nição, só admite a argumentação racional e exclui qualquer 
concessão à autoridade (como já dizia Aristóteles paradigmaticamente: “sou 
amigo de Platão, mas mais amigo da verdade...”). A Religião, por sua vez, 
deve prescindir da razão e afi rmar a autoridade (do “Livro” e/ou da hierarquia 
religiosa): o dogma expressa a revelação de um mistério inapreensível ra-
cionalmente e afi rmado pela fé. Então, como ser simultaneamente fi lósofo e 
religioso? (ESTEVÃO, 2011, p.18). 
Dentro deste contexto religioso, o pensamento fi losófi co era 
construído, também, em uma base cristã, através de uma perspectiva 
racional. Diferentemente da busca pelo conhecimento da verdade, a 
fi losofi a da Idade Média se propõe a investigar a verdade já revelada 
por Deus (VASCONCELLOS, 2007). Nesse sentido, a razão não deixa 
de ser um elemento constituinte do pensamento, mas o seu exercício 
é destinado à compreensão da fé, a grande e principal fonte de pensa-
mento do medievo. A seguir, serão elucidados dois grandes pensadores 
que representam este período.
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Agostinho de Hipona (354 – 430)
“Compreendo para crer, creio para compreender”, esta frase 
ilustra e resume, com muita clareza, o pensamento de Agostinho, co-
nhecido também como Santo Agostinho, um dos principais pensadores 
da chamada fi losofi a patristica, e contextualizado na chamada antigui-
dade tardia (embora muito conhecido como um dos precursores do pen-
samento medieval). Em sua concepção, a fé é o ponto de partida para 
o caminho de compreensão de todas as outras coisas, até mesmo da 
razão, que estaria, portanto, subordinada à verdade divina. Ao longo de 
todo o percurso religioso e fi losófi co, Agostinho desenvolve o pensa-
mento da chamada fi losofi a cristã:
Deus e a alma não são conhecimentos distintos em Agostinho. Um e outro 
estão intimamente ligados, pois a alma é o meio do qual parte, a fi m de atingir 
o conhecimento de Deus, uma vez que este não pode ser atingido imediata-
mente pela razão, só pela fé. A alma, o homem interior, no entanto, pode ser 
conhecido pela razão (...) (Idem, p.229). 
A vida e obra de Agostinho de Hipona, também conhecido 
como Santo Agostinho, é um caminho de busca por respostas e expli-
cações acerca da existência, dos dilemas da alma, da fi gura de Deus. 
Foi no ano de 386, que se deu sua conversão ao cristianismo, após uma 
trajetória de vivências e experiências variadas. Em sua obra Confi ssões 
(escrita entre 397 e 398), ele desenvolve seu pensamento fi losófi co-teo-
lógico, autobiográfi co, que contribuiu para uma visão de mundo cons-
truída, ainda que não somente, pelos dogmas da fé cristã. 
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a Filosofi a Medieval e seus 
principais representantes, recomendamos a leitura: 
A Filosofi a Medieval. Das Origens Patrísticas à 
Escolástica Barroca, de Josep-Ignasi Saranyana. 
Boa leitura!
Tomás de Aquino
Tomás de Aquino foi um dos representantes da chamada fi lo-
sofi a escolástica, desenvolvida entre os séculos IX – XV. Este foi um 
momento de gradativas mudanças no mundo medieval, entre elas, o 
declínio do sistema feudal, a partir do século XIII, que marcou o perío-
do da Baixa Idade Média. Este quadro histórico tornou-se um cenário 
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propício para o surgimento de novas formas de pensar e viver. 
É neste cenário que a fi losofi a de Tomás de Aquino foi elabora-
da e desenvolvida, tornando-se uma parte importante na representação 
da produção fi losófi ca medieval. Suas ideias reuniam as premissas de 
um tempo que já notava as mudanças de um novo paradigma que se 
aproximava. Com isso, é importante ressaltar a aproximação do fi lósoso 
com o pensamento racional - não sem o respaldo da fé - mas como 
uma forma de alcança-la e compreendê-la. 
Ao aproximar-se das ideias de Aristóteles, Aquino buscava 
conciliar a fé com a razão, assim como comprovar a existência de Deus. 
Mas como seria essa tentativa de explicar a verdade divina através da 
razão? De acordo com esta premissa, é possível chegar à uma ideia 
Deus a partir de fundamentos lógicos e até empíricos, ou seja, a própria 
existência de um ser superior demandava uma forma de racionalidade. 
Imagem 4. Filosofi a medieval
Fonte: Estadão, 2017. 
Pode-se dizer que o universo da fé, antes restrito ao mundo re-
ligioso, transformava-se, aos poucos, em um campo de estudos da Filo-
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sofi a. Com relação ao pensamento de Tomás de Aquino, Tarnas afi rma:
Tomás sustentava que o reconhecimento da ordem da natureza aperfeiçoava 
a compreensão humana da criatividade divina de Deus e de modo algum 
diminuía a onipotência divina (...). Estava convencido que a Razão e a liber-
dade humana tinham valor em si (TARNAS, 2000, p.203-204). 
Sendo assim, considera-se que, ao fi nal da Idade Média, o 
pensamento fi losófi co e intelectual começava a desvincular-se do domí-
nio religioso, predominantemente cristão e fudamentado na fé católica, 
para, mais tarde, incorporar os princípios e metódos racionalistas ba-
seados na visão antropocêntrica da Era Moderna. A partr daí, a ciência 
surge com toda a sua inquietude para transcender os limites do homem 
de outrora e criar caminhos para a invenção humana.
SAIBA MAIS
Dica: fi lme e livro
Quer saber mais sobre a formação do pensamento medieval?
 “O nome da rosa” (1986), direção Jean-Jacques Annaud, é um 
grande clássico para uma boa aproximação com o contexto. Além disso, 
o fi lme é baseado na obra, de mesmo nome, do autor italiano Umberto 
Eco. 
O PENSAMENTO MODERNO E A INFLUÊNCIA DO RACIONALISMO
Do ponto de vista histórico, a transição da Idade Média para a 
Idade Moderna foi marcada por muitas mudanças, entre elas, a passa-
gem do teocentrismo (visão de mundo baseada em Deus) para o an-
tropocentrismo (o homem como centro, não mais Deus). Tendo esta 
tranformação de mentalidade como foco, é possível levantar a seguinte 
questão: Qual é a relação do homem com o conhecimento a partir de 
uma perspectiva antropocêntrica? Este é o ponto que o presente tópico 
terá como tema.
 Com o fi m do período medieval (fi nal do século XIV), o 
mundo europeu presenciou um rompimento signifi cativo com o domínio 
religioso (cristão/católico) marcado por um movimento artístico e cul-
tural que infl uenciou o desenvolvimento das ideias antropocêntricas: o 
Renascimento. Muito além de um acontecimento histórico, o movimen-
to renascentista construiu as bases do pensamento moderno, centrado 
nas ações e potencialidades do homem e, principalmente, pela busca 
de um conhecimento pautado na razão. 
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Entre os grandes teóricos que destacam-se neste contexto es-
tão: Francis Bacon, René Descartes, John Locke (1632-1704), entre 
muitos outros. De forma geral, o debate moderno foi formulado a partir 
do tema do conhecimento, da forma como o homem conhece, aprende 
e desenvolve o pensar. Cada um a sua maneira, os fi lósofos raciona-
listas buscavam consolidar o cientifi cismo a fi m de superar as explica-
ções de caráter não racional. Dessa forma, a “verdades” construídas ao 
longo do tempo passaram porum processo de ruptura decorrente dos 
novos paradigmas teórico-metodológicos. Segue-se, abaixo, um pano-
rama geral das principais ideias suscitadas por esses fi lósofos. 
Francis Bacon (1561-1626)
Considerado um dos precursores do pensamento moderno, o 
britânico Francis Bacon valorizava as experiências com base na via da 
indução, que consistia nas observações de casos através de suas parti-
cularidades, para chegar às verdades mais gerais. Este método diferen-
ciava-se da dedução, cujas fundamentações partiam das observações 
gerais para explicar os casos específi cos (Galileu Galilei era um dos 
expoentes). Uma das principais ideias de Bacon está em sua teoria dos 
ídolos*, uma crítica às formulações baseadas em verdades que podem 
distorcer a realidade e comprometer o caráter científi co do conhecimen-
to. De acordo com o fi lósofo:
(...) Cada um tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a 
luz da natureza; seja devido à natureza própria singular de cada um; seja 
devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros 
ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram (Apud ARANHA & 
MARTINS, p. 173).
Esse fragmento possibilita um debate acerca das dimensões 
sociais do pensamento humano, como também, o comportamento do 
homem de seu tempo, e das diversas infl uências que incidem sobre 
a forma como o homem enxerga a realidade ao seu redor. É possível 
pensar nas mais variadas formas de manipulação criadas para iludir e 
dominar os indivíduos, transformando-os em meros reprodutores e es-
pectadores de suas vidas. Mais adiante, essa temática será desenvolvi-
da tanto pelas Ciências Sociais como pela Psicologia. Em resumo, para 
Bacon: “Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano 
e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser 
difícil o acesso da verdade, como poderão ressurgir como obstáculo à 
própria instauração das ciências” (1988, p. 20-21). 
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FIQUE LIGADO
Saiba mais sobre a teoria dos ídolos, de Francis Bacon:
Novum organum, ou, Verdadeiras indicações acerca da inter
pretação da natureza.
São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988.
Sugestão de blog: Ensaios e notas, por Leonardo Alves:
https://ensaiosenotas.com/2016/10/08/francis-bacon-os-qua
tro-idolos-da-mente/
René Descartes (1596-1650)
O fi lósofo francês Descartes, muito conhecido por sua máxima 
““cogito ergo sum”, traduzida como “penso, logo existo”, foi um impor-
tante pensador racionalista do século XVII, que propôs um novo método 
para a Filosofi a Moderna, que consistia em construir caminhos através 
do rigor do pensamento, por meio da razão e da dúvida metódica. 
Descartes destaca três tipos de ideias: as inatas, as externas 
e as factícias.O cogito cartesiano, portanto, não seria formado pelos 
sentidos nem pela imaginação, mas sim pelo espírito (ARANHA & MAR-
TINS, 2004). 
E sua obra O discurso do método1, o autor expõe os caminhos 
que devem ser traçados para a busca de um conhecimento verdadeiro, 
sem as interferências dos sentidos, mas pelo exercício da dúvida. Para 
ele, a existência depende do ato pensante e somente é possível co-
nhecer a realidade através do questionamento. Assim, faz-se necessá-
rio desvencilhar-se de todo o pensamento incutido pelo mundo externo 
para, então, construir uma nova forma de pensar, livre de interferências 
que diminuem a veracidade dos fatos. Dessa forma: 
(...) o pensador francês promove a razão, informada pelas regras do método, 
à condição de guia supremo do processo de conhecer. Ao teorizar sobre a 
racionalidade, ele promove uma separação entre mente e corpo, entre ma-
téria e pensamento, e entre a razão e as demais formas de conhecimento, 
nascendo daí a ruptura da ciência com o sensível, a natureza, a imaginação 
e o sagrado (ÁVILA ARAÚJO, 2004, p.133-134). 
Para atingir esse método, Descartes propõe quatro regras: evi-
dência, análise, síntese e enumeração. Tais regras seriam uma forma 
1 DESCARTES, RENÉ. Discurso do método. São Paulo: Escala Educacional, 2006.
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de organização sistemática do pensamento, para a investigação minu-
ciosa do conhecimento verdadeiro, autêntico e autônomo. Em suma, o 
princípio fundamental de todo o método cartesiano era a dúvida – este 
seria o ponto de partida para a sabedoria do homem moderno. 
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Para complementar o tema abordado neste capítulo,
 indicamos a seguinte leitura: A Filosofi a Explica As Grandes 
Questões da Humanidade, dos autores Clóvis de Barros Filho 
e Júlio Pompeu. Ano: 2013. 
Bons estudos!
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
(Adaptada) Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: SECULT-CE 
Cargo: Analista de Cultura 
Relacione corretamente as frases e ideias apresentadas a seguir 
com os respectivos autores, numerando a Coluna II de acordo 
com a Coluna I.
Coluna I 
1. Tudo é fl uxo. 
2. Conhece-te a ti mesmo. 
3. Virtudes para uma boa vida
4. Mito da caverna
Coluna II
( ) Platão 
( ) Sócrates 
( ) Heráclito 
( ) Aristóteles
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
A) 3, 4, 2, 1.
B) 4, 2, 3, 1.
C) 2, 4, 1, 3.
D) 4, 2, 1, 3.
QUESTÃO 2.
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor 
Chaui (2005) afi rma que Aristóteles considerava o ponto mais 
alto da Filosofi a, a metafi sica e a teologia, de onde se derivam 
todos os outros conhecimentos. Afi rma também, que a partir 
daí, defi niu-se o grande campo da investigação fi losófi ca que se 
desdobrou, até o século XIX, em 3 aspectos: o da ontologia, o dos 
valores e o epistemológico.
Levando-se em conta o que é dito pela autora, os campos de 
investigação da Filosofi a derivados da posição aristotélica são os 
conhecimentos: 
A) cosmológico, antropológico e teologia
B) gnosiológico, empírico-formal e lógica
C) do senso-comum, mítico e cientifi co
D) abstrato, formal e empírico
E) do ser; das ações humanas e da capacidade humana de conhecer
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QUESTÃO 3.
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor
Sócrates nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por 
seus discípulos Platão e Xenofonte. Nas conversas com seus dis-
cípulos, privilegia as questões morais. Aprendemos de Sócrates 
que o conhecimento resulta de uma busca contínua, enriquecida 
pelo diálogo, que corresponde ao fi losofar. 
Sócrates é responsável por um método dialógico que se compõe 
de dois momentos. As etapas do método socrático são: 
A) a dialética e a argumentação
B) a ironia e a maiêutica 
C) o juízo e o raciocínio
D) a proposição e a discussão
E) a tese e a antítese
QUESTÃO 4
Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Cargo: Professor 
São Tomás de Aquino, principal representante da __________, 
desenvolve um pensamento profundamente ligado ao de 
__________. Seu papel principal foi o de organizar as verdades 
da religião e de harmonizá-las com a fi losofi a. Para ele, então, a 
__________ criada por Deus, e a __________, revelação de Deus, 
não podem entrar em __________, porque procedem do mesmo 
Princípio. 
Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do 
texto apresentado.
A) Escolástica – Aristóteles – razão – fé – contradição.
B) Patrística – Platão – razão – fé – confl ito.
C) Escolástica – Aristóteles – fé – razão – acordo.
D) Patrística – Platão – fé – razão – contradição.
E) Sofística – Sócrates – razão – fé – confl ito
QUESTÃO 5
Leia o trecho a seguir: “[…] é quase impossível que nossos juízos 
sejam tão puros e tão sólidos como teriam sido se tivéssemos tido 
inteiro uso de nossa razão desde a hora de nosso nascimento, e se 
tivéssemos sido conduzidos sempre por ela.”
(DESCARTES,René. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fon-
tes. 1996, p. 17).
A Razão Cartesiana inaugurou, na modernidade, uma forma de se 
pensar a partir de uma linguagem racionalista, inspirada em mo-
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delos matemáticos. Esse modelo racional pretendia servir como 
guia para o conhecimento da realidade. Sobre o método cartesia-
no, é correto afi rmar que:
A) tem sua formulação mais bem acabada na obra “Crítica da Razão 
Pura”
B) consistia em colocar o mundo, a realidade, “entre parênteses”, ope-
rando assim em uma “redução fenomenológica”
C) foi duramente combatido pelos fi lósofos contemporâneos a Descar-
tes, não tendo assim exercido infl uência em nenhuma geração posterior
D) consistia em duvidar de tudo e, a partir da dúvida, reconduzir o pen-
samento à possibilidade da realidade, processo que se sintetiza na fra-
se: “penso, logo existo”
E) tem seu apogeu no século XV, quando a entra em declínio a fi losofi a 
escolástica
QUESTÃO DISSERTATIVA
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEDUC-AL Cargo: Professor 
- Filosofi a
Texto associado 
Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que 
tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige 
tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem co-
nhecer-se mutuamente enquanto não houverem “provado sal juntos”; e 
tampouco podem aceitar um ao outro como amigos enquanto cada um 
não parecer estimável ao outro e este não depositar confi ança nele. Os 
que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser 
amigos, mas não o são a menos que ambos sejam estimáveis e o sai-
bam; porque o desejo da amizade pode surgir depressa, mas a amizade 
não. Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 
382 (com adaptações)
Tendo o texto precedente como referência inicial – Explique o con-
ceito de virtude, em Aristóteles. 
QUESTÃO INÉDITA
Analise o trecho da canção “Como uma onda”, de Lulu Santos, e assi-
nale a alternativa correta:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XFa73hlzR-4
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“Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará/
A vida vem em ondas Como um mar/
Num indo e vindo infi nito”.
A) o trecho destacado pode ser relacionado com o pensamento racional 
de René Descartes
B) a ideia de uma onda que vai e vem remonta ao fi lósofo Platão e o 
dualismo corpo e alma
C) é possível compreender, a partir da canção, um pouco da concepção 
de fl uxo, de Sócrates
D) a trecho pode ser relacionado com a fi losofi a de Heráclito e sua ideia 
de fl uxo
E) não é possível relacionar este trecho da canção com a Filosofi a
NA MÍDIA
FILOSOFIA É USADA COMO GUIA PARA VIVER MELHOR
Ensinamentos de pensadores clássicos prometem revolucionar 
até mesmo a terapia. Entenda como esses sábios do passado 
podem nos ajudar com os problemas de hoje 
Tiago Cordeiro | Ilustrações: André Bergamin 
Veja a matéria na íntegra em: 
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common
/0,,ERT299871-17773,00.html
NA PRÁTICA
As indagações acerca dos dilemas e das questões que permeiam a vida 
humana, fazem parte de uma longínqua trajetória percorrida pela his-
tória do pensamento ocidental. O dia-a-dia do trabalho, as obrigações 
cotidianas, as preocupações diversas, muitas vezes impossibilitam o 
olhar mais atento e refl exivo para a vida. Ao negligenciar os sentimentos 
e as emoções, o sujeito passa a alienar-se de suas próprias necessida-
des e desejos, por não ter um conhecimento profundo sobre si mesmo. 
A fi losofi a se coloca como uma base para uma série de conhecimentos 
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práticos, sobretudo o autoconhecimento, a tomada de decisões, a sabe-
doria, a maturidade – que são elementos fundamentais num processo 
psicoterapêutico. Assuntos como: amor, trabalho, política, problemas 
sociais, modos de vida, costumes, crenças, enfi m, uma série de temáti-
cas que, inevitavelmente, chegam para o psicólogo todos os dias, seja 
no campo clínico ou institucional, social ou organizacional. 
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Para um aprofundamento na leitura sobre a formação do pensamento 
ocidental, recomendamos a seguinte obra:
TARNAS, Richard. A epopeia do pensamento ocidental:
para compreender as ideias que moldaram nossa visão de 
mundo. Trad. Beatriz Sidou. -2.ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2000.
DICA DE VÍDEO
Filosofi a e felicidade, com Marcia Tiburi e Mario Sergio Cortella
“O que é felicidade? Essa é uma pergunta que acompanha a humani-
dade, há séculos, e que, com o passar do tempo vai ganhando inter-
pretações diferentes, de acordo com o comportamento, a cultura e a 
identidade de uma época”. 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=W_1EtLeJEh0
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“A história das ciências é um tecido de juízos implícitos 
sobre o valor dos pensamentos e das descobertas 
científi cas. O papel da epistemologia é de explicitá-los”.
(JAPIASSU, Hilton)
“Cada indivíduo aprende a ser homem”.
(LEONTIEV)
O presente capítulo “A psicologia como ciência” tem como ob-
jetivo central contextualizar a Psicologia e seu desenvolvimento cientí-
fi co, assim como suscitar uma breve discussão em torno de seu objeto 
de estudo: a subjetividade humana. A partir disso, buscar-se-á ressaltar 
uma das grandes questões no campo das ciências: a relação sujeito-
-objeto e o debate acerca da dicotomia objetividade-subjetividade. A 
discussão em torno da ciência – principalmente quando se trata do grau 
de cientifi cidade de um saber – aponta para um aspecto importante na 
construção do conhecimento: a objetividade. Ora, aquilo que é cientí-
fi co é comprovado e torna-se um estudo objetivo, delimitado pelo seu 
campo de atuação e seu arcabouço teórico-metodológico. Mas, como 
lidar com essa questão quando o interesse científi co é voltado para os 
A PSICOLOGIA NOS 
CAMINHOS DA CIÊNCIA
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elementos subjetivos da vida humana? Como analisar comportamento 
e subjetividade? Estes e outros questionamentos são inerentes ao pro-
cesso de consolidação do campo da Psicologia.
No site do Conselho Federal de Psicologia você pode conferir 
uma linha do tempo da Psicologia no Brasil. O material faz parte do 
Projeto Memórias da Psicologia Brasileira. 
Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-
da-psicologia-brasileira/outros/
Para BOCK (1989, p. 23) “a identidade da Psicologia é o que a 
diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida 
considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de ma-
neira particular”. Dessa forma, o tema da subjetividade suscita inúmeras 
questões para debate, principalmente no que se refere à formação do 
sujeito enquanto ser biopsicossocial. Este é o principal papel da Psico-
logia: compreender a diversidade que marca os aspectos subjetivos, 
sociais e cognitivos dos indivíduos em permanente construção. Além 
disso, é importante ressaltar que toda subjetividade é situada sócio-his-
toricamente e, por isso, cada sujeito possui sua singularidade e sua for-
ma de ser/estar no mundo. Diante desse debate, a Psicologia percorre 
diferentes caminhos (às vezes divergentes) para estudar e compreen-
der as dimensões da vida humana: comportamentos, sentimentos, rela-
ções, políticas, questões sociais. Assim, é possível afi rmar que:
Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suasexpressões, 
as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as 
singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos to-
dos assim) – é o homem – corpo, homem afeto, homem ação e tudo isso 
está sintetizado, isso está no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese 
singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos 
nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural 
(BOCK, 1989, p. 24). 
Através de diversos olhares, por meio de múltiplos instrumen-
tos, esse campo do conhecimento busca cada vez mais engajar-se na 
vida social e possibilitar novas formas de enxergar as pessoas. Barros e 
Passos analisam a noção de ‘campo’ da Psicologia e afi rmam que “es-
tamos frequentemente tão engajados nele que já não poderíamos dis-
criminar as forças que o constituem, ao mesmo tempo que nele somos 
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constituídos como uma de suas partes integrantes”. Os autores também 
alertam para a condição crítica das práticas psicológicas em seu duplo 
signifi cado: pela atividade de crítica e como situação de crise – aspec-
tos que marcam o processo de consolidação deste campo. Por fi m, eles 
apontam para o seguinte questionamento: “E do que partimos quando 
nos engajamos neste campo?” (BARROS & PASSOS 2000, p.78). 
CONTEXTUALIZAÇÃO: O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA E SEU 
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO 
Imagem 5. Wilhelm Wundt
Fonte: Psicoativo, 2016.
A Psicologia surgiu, enquanto uma disciplina científi ca, a partir 
do século XIX, através dos estudos de Wilhelm Wundt e William James, 
com o objetivo principal de investigar o comportamento humano através 
de estudos experimentais acerca do funcionamento da mente. 
Um dos precursores deste campo foi o médico Wilherm Wun-
dt (1832 – 1920). Considerado o “pai da Psicologia”, fundou o primeiro 
laboratório experimental na área, no ano de 1879, na Alemanha. Ele 
marca uma divisão da ciência psicológica experimental e social. Seu 
método era baseado na percepção sensorial e na descrição de elemen-
tos da experiência imediata por indivíduos treinados. Segundo Abib:
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Para Wundt [1897]), psicologia como ciência é psicologia empírica. E, como 
tal, interpreta a experiência psíquica a partir da própria experiência psíqui-
ca; deduz os processos psíquicos de outros processos psíquicos; faz uma 
interpretação causal de processos psíquicos com base em outros processos 
psíquicos; não recorre a substratos diferentes desses processos, tais como 
uma mente-substância ou processos e atributos da matéria, para explicá-los 
(ABIB, 2009, p.197). 
A partir dos estudos de Wundt, a Psicologia passava a ocupar 
um lugar no campo da ciência, através do princípio da comprovação sis-
temática e da experimentação. Dentro de um ideal positivista (corrente 
fi losófi ca predominante no século XIX) as ciências humanas buscavam 
consolidar-se, com seus métodos e objetivos próprios e a preocupação 
do estudo do homem e suas relações em sociedade. Segundo Freire 
(1997), Wundt estudava os processos mentais através de métodos ex-
perimentais pertencentes às outras ciências. Os fundamentos de seu 
trabalho consistiam na observação, experimentação e quantifi cação. 
William James (1842 – 1910), por sua vez, é considerado o 
pai da psicologia funcional. Considerado o pai da nova psicologia ame-
ricana, sua ênfase no funcionalismo era baseada na teoria da evolução 
humana e, por isso, para ele a Psicologia era uma ciência natural, ou 
uma “esperança de ciência” relacionada diretamente com os aspectos 
físicos e cerebrais (ABIB, 2009). 
Imagem 6. William James
Fonte: Livraria Cultura, 2017. 
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O funcionalismo, de forma geral, tratava do caráter adaptativo 
da consciência e questionava qual seria a função da mente, através de 
uma visão pragmática e instrumental. Dessa forma, Freire (1997, p.102) 
enfatiza que a questão passa a ser de ordem mais prática, dentro da 
qual o homem se adapta ao meio físico e social, pois: “a psicologia, para 
o funcionalismo, é o estudo da vida psíquica, considerada como um 
instrumento de adaptação ao meio”. 
Em suma, as primeiras experiências da Psicologia buscaram 
desenvolver um papel teórico e metodológico de acordo com as pre-
missas científi cas modernas, voltadas às ciências naturais. Segundo 
Nunes: 
Apesar da unidade do homem com a natureza, as ciências naturais são com-
pletamente diferentes das ciências humanas. Há dois tipos de experiências 
a serem apreendidas: a externa e a interna (...). O objeto das ciências huma-
nas consiste em apreender a realidade histórica e social naquilo que ela tem 
de singular e individual, bem como estabelecer as regras e os fi ns de seu 
desenvolvimento (NUNES, 2003, p.67). 
É dentro deste contexto maior que surge a necessidade de di-
ferenciação entre as ciências naturais e exatas e as ciências cujo princi-
pal foco de análise era o homem e sua relação com o meio, e ainda, dos 
fenômenos psíquicos e subjetivos. Dilthey (1883 apud NUNES, 2003), 
foi um historiador que defendeu uma epistemologia autônoma das ciên-
cias humanas e conferiu a elas um caminho próprio através de um mé-
todo compreensivo, diferentemente do explicativo atribuído às ciências 
naturais. De acordo com o autor, o homem é o criador do meio social em 
que vive e é isso que confere às ciências humanas uma historicidade.
Assista ao vídeo: Wilhelm Wundt: Por que ele é o Pai da 
Psicologia Moderna? do canal Psicoativo TV. 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c
O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DA PSICOLOGIA: O DESAFIO DA 
CIENTIFICIDADE
A partir das transformações ocorridas na sociedade ocidental, 
sobretudo no século XIX, as ciências humanas começaram a conquis-
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tar um espaço no estudo e na compreensão do homem, não somente 
como um corpo biológico, mas um ser social, que vive, que trabalha, se 
relaciona com o mundo. Toda a esfera na qual ele está inserido deve-
ria, pois, ser analisada, compreendida. Desse modo, disciplinas como 
a Sociologia, Antropologia, Psicologia, vão de encontro com essa nova 
preocupação científi ca. É nessa perspectiva que DOSSE (2004) pensa 
as ciências humanas como disciplinas interpretativas, que outrora se 
separaram da Filosofi a, na tentativa de adquirir sua autenticidade como 
ciência. Mas atualmente se reaproxima, assimilando as teorias fi losófi -
cas em suas abordagens. 
A consolidação da Psicologia no meio científi co construiu-se, 
principalmente, em torno da natureza de seu objeto de investigação: a 
subjetividade humana - as questões mentais, os sentimentos, o com-
portamento de forma geral. De acordo com este pressuposto, Castañon 
(2009) elucida alguns dos problemas ontológicos da Psicologia quanto 
à inserção de seu objeto de estudo no campo científi co: da natureza in-
quantifi cável do objeto da psicologia; da impossibilidade de o sujeito ser 
ao mesmo tempo objeto; da indivisibilidade do fenômeno psíquico; da 
alteração do objeto da psicologia pela interação e pelo conhecimento, 
entre outros. 
Nota-se que um dos objetivos centrais nessa discussão acerca 
da cientifi cidade era a questão do método como uma importante ferra-
menta das produções científi cas. Figueiredo aponta para a constituição 
de um “sujeito epistêmico pleno”, consciente de si e senhor absoluto de 
sua consciência, ou seja, um sujeito construído metodologicamente. “Ao 
método caberia a tarefa de expurgar de cada sujeito tudo aquilo que o 
tornasse suspeito, não confi ável, irregular” (FIGUEIREDO, 1995, p.17).
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Recomendamos uma boa leitura sobre o tema da 
epistemologia e
do processode consolidação da Psicologia moderna:
 Revisitando as psicologias: Da epistemologia à ética 
das práticas e discursos psicológicos, de Luís Cláudio 
Figueiredo. 
Boa leitura!
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Portanto, o desafi o principal era conferir cientifi cidade a um 
material incomensurável, não quantifi cável como outros processos ex-
perimentais relativos a diferentes áreas do conhecimento. Diante deste 
pressuposto, como seria defi nida a subjetividade? De que forma passou 
a ser estudada cientifi camente? Essas questões são de grande rele-
vância no processo de consolidação do campo da Psicologia, principal-
mente no que se refere à delimitação de seu “objeto” de estudo. Diante 
disso, é válido ressaltar que:
Tratar do nascimento de um sujeito nos domínios da Psicologia implica fa-
lar da sua colocação como objeto para um discurso científi co socialmente 
autorizado a enunciar verdades a respeito de instâncias psicológicas que 
compõem este sujeito (...) universalizando-as, substancializando-as e natu-
ralizando-as ancorado nas objetividades do corpo e da natureza, bem ao 
estilo do modelo de ciência da época (PRADO FILHO, 2007, p.14). 
Nesse sentido, as temáticas referentes ao universo psíquico 
direcionavam-se para a “compreensão do signifi cado da experiência 
humana, e não a busca de teorias de aplicação generalizada” (CAS-
TAÑON, 2009). Essa discussão sobre o caráter científi co da Psicologia 
(e das ciências humanas em geral) ainda persiste até os dias atuais, 
tanto no universo acadêmico como no mercado de trabalho. É importan-
te reconhecer esse histórico de construção do conhecimento, pois é a 
partir dele que se edifi cam as bases da profi ssão do psicólogo (a), suas 
formas de atuação, suas ferramentas teórico-metodológicas, enfi m, seu 
espaço singularizado na sociedade. 
Sobre o papel do (a) psicólogo (a) na sociedade, 
recomendamos o Vídeo Institucional - Papel do psicólogo 
em todos os lugares, no canal do CRP – SC. 
Acesse o link: 
https://www.youtube.com/watch?v=Oc1vjYVT5ak
A SUBJETIVIDADE HUMANA: ALGUMAS DEFINIÇÕES 
 
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Imagem 7. Fluxos mentais
Fonte: YouTube, 2017.
Segundo o dicionário Michaelis2, sub·je·ti·vi·da·de signifi ca:
1. Caráter ou qualidade de subjetivo;
2. Filos. Aquilo que se relaciona unicamente a um 
indivíduo, sendo inacessível a outrem;
3. Característica de todos os fenômenos psíquicos que se 
relacionam ao próprio indivíduo e considerados por ele seus.
O conceito de subjetividade é intrínseco ao paradigma histórico 
e cultural de cada teoria. Em linhas gerais, há vários olhares e defi ni-
ções diferentes, a partir de estudos e suas respectivas linhas teóricas, 
mas é possível destacar, pelo menos, duas concepções que norteiam 
essa discussão: de um lado, a subjetividade pode ser explicada a partir 
do campo intrapsíquico, diretamente ligado aos aspectos mentais e in-
dividuais. Por outro lado, o sentido pode estar relacionado com o meio 
no qual o indivíduo vive, suas experiências, sua relação com o contexto 
social. É importante compreender que uma visão não exclui a outra, 
necessariamente, uma vez que a subjetividade não é cindida, fragmen-
tada entre individual/social. Ela é composta por esses dois universos 
repletos de outros fatores. 
Entretanto, do ponto de vista teórico-metodológico, ao longo 
da história da Psicologia, essa questão protagoniza uma série de con-
cepções que se complementam e também se distanciam. Este capítulo 
2 Dicionário eletrônico. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/
busca/portugues-brasileiro/SUBJETIVIDADE/
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não alongará o tema, mas o próximo fará um apanhado geral das prin-
cipais vertentes da Psicologia, o que explica, de certa forma, o sentido 
da subjetividade e como ela se constrói de acordo com cada visão. De 
acordo com esta premissa, Abib entende que: “Como práticas culturais 
ou culturas, tradições de pensamento psicológico se constituem como 
práticas de pesquisa, com desfechos favoráveis para algumas e desfa-
voráveis para outras” (ABIB, 2009, p. 199). 
São estas práticas culturais formadoras do pensamento psi-
cológico que infl uenciam na forma como o comportamento humano é 
trabalhado e na construção de sentido da subjetividade, ou melhor, das 
subjetividades múltiplas. Portanto, enquadrar o comportamento humano 
e todas as suas formas de relação com o mundo numa visão determi-
nista é reduzir demasiadamente seu caráter diverso. Um dos principais 
conceitos que marcam os estudos e práticas em Psicologia é a ideia do 
inconsciente e sua infl uência na formação do sujeito. De acordo com 
uma visão psicanalítica, o aparelho psíquico possui compartimentos em 
que censura e reprime determinados fatos da vida. 
SAIBA MAIS
Para complementar o assunto, recomendamos a você a 
fala do professor Christian Dunker: “Nascimento da Psicologia: 
Sujeito ou objeto?”. 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=i3t5PH0kAbE
Dessa forma, essas lembranças que ressurgem no decorrer do 
tempo trazem à tona questões que atuam diretamente na 
subjetividade, uma vez que:
O processo de constituição subjetiva está intimamente relacionado com a 
concepção de que o campo do sujeito é efeito, em especial, da linguagem e 
de uma trama de relações pré-existentes ao nascimento, constituindo o que 
será o mito fundador de uma história singular. O sujeito, para a psicanálise, 
é aquele que se constitui na relação com o Outro através da linguagem (TO-
REZAN e AGUIAR, 2011). 
O sujeito, de um ponto de vista psicanalítico, compõe-se por 
meio do desejo, e é ele que vai “guiar” a sua construção subjetiva e a 
forma como se coloca diante da vida. A partir dessa dinâmica psíquica 
os processos de subjetivação se desenvolvem com base nos impulsos 
do Inconsciente (o capítulo 3, desta unidade, abordará com mais deta-
lhes a Teoria Psicanalítica).
Dentro de uma visão histórico-cultural, Gonzáles Rey enfatiza 
a noção de sujeito e subjetividade de acordo com um processo dialético. 
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Sua ideia consiste em anular a dicotomia entre social e individual, numa 
tentativa de apresentar o sujeito como um agente ativo dentro de seu 
contexto histórico-social. Para ele, a subjetividade não se internaliza, 
não vem como algo externo ao indivíduo, ou seja: 
Trata-se de compreender que a subjetividade não é algo que aparece somen-
te no nível individual, mas que a própria cultura dentro da qual se constitui 
o sujeito individual, e da qual é também constituinte, representa um sistema 
subjetivo, gerador de subjetividade (REY, 2005, p. 78).
Entende-se, assim, que o conceito de subjetividade não é fi xo 
e imutável, como, por exemplo, ocorre com a personalidade. Muitas ve-
zes, os dois termos se confundem, sugerindo a forma de ser/estar de 
um sujeito. Entretanto, ao falar em personalidade, vem à tona uma ideia 
de ‘jeito’ de ser ou maneiras de se comportar, como um conjunto de 
atributos de um indivíduo. 
Assista à palestra do professor citado acima, Fernando 
Gonzaléz Rey: “A Teoria da Subjetividade e a 
Epistemologia Qualitativa na Pesquisa”.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=lnRAwQUjjLs
A subjetividade, por sua vez, pode apontar para uma noção 
de constituição e formação do ser humano que é constante e está vin-
culada a uma variedade de fatores. Ela representa uma das categorias 
mais singulares do sujeito. É aquilo que ele pode ter de mais genuíno 
e autêntico. De acordo com um enfoque Histórico-cultural, a subjetivi-
dade é constituída dentro do quadro social. “Todo processo psicológico 
é volitivo, sendo que a vontade é inicialmente social,interpsicológica e 
posteriormente intrapsicológica” (MOLON, 2003, p.91). 
Nesse sentido, a Teoria Histórico-cultural propõe uma relação 
dialética das dimensões interpsicológica e intrapsicológica. Para Vygo-
tsky, as funções psicológicas superiores formam-se primeiro no coletivo 
para, depois, transformarem-se em funções da personalidade. O social 
constitui o sujeito ao mesmo tempo em que é constituído por ele.
Na atividade animal, o desenvolvimento biológico é dado de 
modo imediato, ausente de consciência, sem constituir cultura e sem 
apropriação de um conhecimento histórico de atividades, exercendo 
apenas as funções psicológicas inferiores (inatos como, por exemplo, 
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virar o pescoço na direção de um ruído) de acordo com sua fi logênese 
(naturais da espécie).
O homem, por sua vez, além de apresentar essas funções psi-
cológicas inferiores, dadas a priori, apresenta as funções psicológicas 
superiores que se originam de modo sociocultural, como a apropriação 
da linguagem, a sua lógica e capacidade de aprendizado social media-
do. “O homem defi nitivamente formado possui já todas as propriedades 
biológicas necessárias ao seu desenvolvimento sócio-histórico ilimita-
do” (LEONTIEV, 1978, p. 263). Assim, o que constitui o ser humano é a 
sua capacidade de apropriação e objetivação da realidade por media-
ção.
SAIBA MAIS!
Para complementar seus estudos acerca das defi nições 
do conceito de subjetividade, indicamos a seguinte leitura:
LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: 
O desenvolvimento do psiquismo.
Apropriação/ objetivação
Na Teoria Histórico-cultural apropriação e objetivação são con-
ceitos fundamentais para o processo de humanização. Apropriação é a 
reorganização das habilidades motoras e psíquicas, é através dela que 
o individuo cria novas aptidões; já a objetivação é o resultado de uma 
prática social. De acordo com Duarte, a relação entre apropriação e 
objetivação se dá na produção de instrumentos: “o homem se apropria 
da natureza objetivando-se nela para inseri-la em sua atividade social”
(DUARTE, 1996, p. 35). 
Essa relação impulsiona o desenvolvimento histórico e, ao 
mesmo tempo, é constituída por ele. Nesse processo dialético, a apro-
priação de um objeto gera novas necessidades e, na medida em que o 
homem se apropria, ele se objetiva, se humaniza. Ambos os processos, 
apropriação e objetivação, acontecem constantemente durante toda a 
vida do indivíduo, aprimorando cada vez mais suas capacidades mo-
toras e psíquicas. “Cada processo de apropriação e objetivação gera 
a necessidade de novas apropriações e novas objetivações” (Ibidem, 
p.120).
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Para resumir o pensamento central de Vygotsky destacam-se 
algumas palavras-chave, tais como: sociabilidade do homem; intera-
ção social; signo e instrumento; cultura; história; entre outros conceitos 
(IVIC, 1994).
Mediação
Para Vygotsky, mediação é a principal categoria da Teoria His-
tórico-cultural, ao contrário de Luria e Leontiev, que a consideravam 
apenas um conceito. Não é propriamente um conceito, mas sim, uma 
categoria pela qual o homem consegue chegar à aprendizagem, não 
é um terceiro na relação sujeito-objeto, mas está inserido dentro dela. 
Dessa forma, afi rma-se que: 
A mediação é processo, não é o ato em que alguma coisa se interpõe; me-
diação não está entre dois termos que estabelecem uma relação. É a própria 
relação. (...) A mediação não é presença física do outro, não é a corporeidade 
do outro que estabelece a relação mediatizada, mas ela ocorre através dos 
signos, da palavra, da semiótica, dos instrumentos de mediação. A presença 
corpórea do outro não garante a mediação (MOLON, 2003, p.102).
Os instrumentos têm a função de transformar o objeto, ope-
rando exatamente dessa forma. Para Vigotski todo instrumento é um 
estímulo, mas nem todo estímulo é um instrumento (VIGOTSKI, 1996). 
Ambos (signos e instrumentos) são atividades mediadas que possuem 
naturezas diferentes, mas que estão interligadas. A partir desse pres-
suposto observa-se que o mais subjetivo dos pensamentos é também 
intermediado por aspectos do processo histórico-social da vida de um 
indivíduo. A subjetividade é construída, portanto, no decorrer da história 
de cada um. O homem é um ser de natureza social e constrói-se como 
humano a partir de suas relações em sociedade. 
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Imagem 8. Lev Vygotsky
Fonte: Instituto Net Claro Embratel, 2018.
São inúmeras as defi nições acerca do tema da subjetividade, 
sobretudo ao se tratar das questões: indivíduo/sociedade, psíquico/so-
cial e tantas outras refl exões que este assunto promove. Não se trata 
aqui de abarcar toda essa discussão, mas de apresentar alguns eixos 
para desenvolver o debate em questão neste tópico. Falar em subjetivi-
dade é como pensar no “objeto primordial”, quase mítico que é a mente, 
como um resultado e efeito das relações diversas e não universais. “A 
subjetividade se produz na relação das forças que atravessam o sujeito, 
no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo 
saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 2007, 
p.17).
Este mundo psíquico precisa ser pensado dialeticamente com 
outros elementos da vida humana, pois pensar o indivíduo é também 
refl etir toda a sua história, sua cultura, seu modo de viver. De acordo 
com Rey (2005), a subjetividade não é internalizada pelo sujeito, como 
algo externo, mas sim, forma-se através de um sistema subjetivo que 
considera o social e o individual em relação, e não isolados um do outro. 
Assim, é possível defi nir que: 
A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único 
na ontogênese humana. A singularidade é produto da história das condições 
sociais e materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza 
e com outros homens. Conforme a complexifi cação dessas relações (que 
foram perdendo o caráter eminentemente imediato para mediato), o indivíduo 
se distancia das relações imediatas, apropria-se das mediações e objetiva 
outras (SILVA, 2009, p. 172). 
Diante desses apontamentos, é possível pensar numa clínica 
transdisciplinar, que se constitui não somente como espaço físico, mas 
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como sistema aberto, no qual são construídos os modos de subjetiva-
ção, a partir de uma polifonia que contempla as inúmeras variáveis da 
subjetividade humana, pois “não se trata de modo algum de reunir, uni-
fi car, mas de construir redes por ressonâncias, deixar nascer mil cami-
nhos que nos levariam a muitos lugares” (PASSOS & BARROS, 2000, 
p.78). 
SAIBA MAIS
No site do Conselho Federal de Psicologia você pode ter 
acesso à diversas indicações bibliográfi cas dessa área. 
Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-
da-psicologia-brasileira/livros/
Imagem 9. O grito, de Edvard Munch. 1893.
Fonte: Cultura Mix, 2011. 
Assim, o estudo desse emaranhado subjetivo deve ser caute-
loso quanto às visões reducionistas, que ora podem ser pautadas so-
mente na perspectiva individual (como se a relação sujeito-subjetivida-
de fosse exclusivamente interna, sem outras associações), ora na visão 
restrita no meio social, internalizado pelo sujeito e responsável por todo 
o seu desenvolvimento psíquico. Nas palavras de Bock: 
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Podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada, 
mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas for-
mas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento à perda de memória 
imposta pela fugacidade da informação(...). Estudar a subjetividade, nos 
tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto 
é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica (BOCK, 
1989, p. 24). 
Portanto, entende-se que a Psicologia direciona-se à multipli-
cidade dos sujeitos e oferece seu repertório para compreendê-la, res-
peitá-la e potencializá-la, diante de toda imprevisibilidade que marca a 
existência humana. Não há como restringir a subjetividade a um objeto 
inerte e mensurável, dada a complexidade de sua natureza. No próximo 
capítulo desta unidade serão abordadas algumas das principais linhas 
teóricas da Psicologia através de um panorama geral que busca com-
preender o sujeito e a formação da subjetividade.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2012 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: MPE-AL Cargo: 
Psicólogo Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como 
disciplina acadêmica formal. Ele instalou o primeiro laboratório, 
lançou a primeira revista especializada e deu início à Psicologia 
Experimental como ciência. Qual a opção abaixo sobre esta fase 
das bases das Teorias e Sistemas Psicológicos está correta? 
A) Sensação, percepção, atenção, sentimentos, reação e associação 
não foram temas das pesquisas de Wundt. 
B) As criações de Fechner são posteriores a Psicologia como ciência. 
C) O uso do termo “Psicologia Experimental” não é de autoria de Wundt. 
D) A Psicologia Experimental de Wundt tratou do desenvolvimento men-
tal humano expresso na linguagem, nas artes, nos mitos, nos costumes 
sociais, na lei e moral. 
E) As publicações de Wundt inauguram a divisão da ciência psicológica 
entre Psicologia Experimental e Psicologia Social.
QUESTÃO 2
(Adaptada) Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de 
Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social
Philip Zimbardo, conhecido pesquisador estadunidense e pro-
fessor da Universidade de Stanford, foi responsável por um 
polêmico estudo experimental no qual simulou num laboratório 
as condições de uma prisão (1971). O experimento precisou ser 
cancelado, mas repercute até hoje. Inspirado neste experimen-
to, foi realizado um fi lme em 2010 que, em português, recebeu o 
nome de: 
A) A noite dos desesperados
B) Fome de viver
C) Acossados
D) O experimento 
E) Experiência macabra
QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: CFP Cargo: Especialista em 
Psicologia - Clínica 
Na questão da validação do conhecimento psicológico que se 
apresenta como sendo científi co, é correta a afi rmação de que: 
A) há um abandono no intento de fazer repousar o conhecimento cien-
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tífi co em bases sólidas e inquestionáveis. 
B) há que se atingir um conhecimento imediato e indiscutível. 
C) é consenso que o conhecimento científi co só é reconhecido com 
bases na tradição cartesiana.
D) não se pode fugir de projetos epistemológicos da modernidade, de 
inspiração Baconiana.
E) todos os pressupostos deverão ser verifi cados ou refutados. 
QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: Gestão Concurso Órgão: Consurge - MG Cargo: 
Psicólogo 
Há uma afi rmativa no senso comum que diz: “de psicólogo e lou-
co, todo mundo tem um pouco”; como, por exemplo, quando se 
ouve o problema de um amigo, ajudando a solucioná-lo. No entan-
to, o senso comum não é ciência. Para ser uma ciência, torna-se 
necessário fundamentá-lo em bases científi cas. 
Nesse contexto, é CORRETO afi rmar:
A) A Psicologia é um ramo das ciências naturais que utiliza métodos 
científi cos para o estudo do ser humano em toda a sua amplitude de 
mente e de corpo. 
B) A Psicologia utiliza-se de técnicas como o tarô, a astrologia, a qui-
romancia, entre outras práticas associadas ao saber psicológico para 
resolução dos problemas humanos.
C) A Psicologia é uma área das Ciências Humanas que estuda o com-
portamento e a psique humana e vem se desenvolvendo na história 
desde 1875, quando Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Ex-
perimentos em Psicofi siologia.
D) A psicologia é uma área das Ciências Sociais que parte de observa-
ções empíricas do comportamento humano no cotidiano com foco em 
condutas anormais como: fobias, alucinações, agressividade, descon-
trole emocional, entre outros aspectos. 
E) Todas as afi rmativas estão corretas. 
QUESTÃO 5
Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia 
Cargo: Especialidade em Psicologia Social
De acordo com Furtado, O.: “... o repertório de ‘ideias’ de uma 
determinada cultura, de uma determinada nação, de um grupo so-
cial, tem como base o processo histórico do desenvolvimento das 
forças produtivas e, ao mesmo tempo, acaba infl uindo no próprio 
processo econômico, ou seja, no desenvolvimento das formas 
subjetivas de expressão desse processo de desenvolvimento”. 
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O autor está discutindo: 
A) que a subjetividade coincide com a noção popular de “ideia”
B) sobre as “dimensões subjetivas da realidade”
C) sobre desenvolvimento humano como foco da análise psicológica
D) que a objetividade é central no estudo da psicologia social
E) que o repertório de “ideias” enquanto ideologia infl uencia as forças 
produtivas
QUESTÃO DISSERTATIVA 
Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia 
Cargo: Especialidade em Psicologia Social - (Adaptada)
GONZÁLEZ REY (2004, p.125) afi rma: “A subjetividade permite uma 
reconstrução não só da psique individual, como também das várias for-
mas de produção psíquica, próprias dos cenários sociais em que vive o 
homem, assim também da própria cultura”.
De acordo com o fragmento citado, explique o conceito de subjetividade 
proposto pelo autor. 
QUESTÕES INÉDITAS
QUESTÃO 1
Um dos principais desafi os da Psicologia científi ca moderna foi:
A) a sua indissociabilidade da Filosofi a
B) o caráter especulativo de seus estudos
C) a natureza não quantifi cável de seu objeto de estudo
D) a falta de observação em suas pesquisas
E) nenhuma das alternativas
QUESTÃO 2
William James é considerado o pai do funcionalismo. A principal 
característica dessa abordagem era:
A) explicações meramente fi losófi cas
B estudo do inconsciente
C) o caráter adaptativo da consciência
D) o método da introspecção
E) todas as alternativas estão corretas
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QUESTÃO 3
“A subjetividade se produz na relação das forças que atravessam o 
sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetiva-
ção pelo saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 
2007, p.17).
De acordo com o fragmento acima:
A) a subjetividade não faz parte do campo científi co
B) existem forças que impedem o sujeito de construir sua subjetividade
C) a produção de subjetividade faz parte de um jogo de forças
D) não há subjetividade nas práticas de objetivação
E) o conceito de subjetividade é unilateral, fi xo e individual. 
NA MÍDIA
O controverso ‘Experimento de Aprisionamento de Stanford’, inter-
rompido após sair do controle.
Estudo conduzido pelo professor de Psicologia Social Philip Zimbardo 
em 1971 deveria se estender por duas semanas, mas não passou de 
seis dias.
Esse é um dos experimentos sociais mais famosos da história, contado 
tantas vezes que alguns o consideram um mito. Talvez você já tenha 
escutado: um professor universitário de Psicologia recruta um grupo de 
estudantes e lhes pede que imaginem que estão em uma prisão. 
Fonte: BBC 
Data: 02/12/2018 
Disponível em:
tps://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/12/02/o-controverso-
-experimento-de-aprisionamento-de-stanford-interrompido-apos-sair-
-do-controle.ghtml
NA PRÁTICA
A subjetividade humana é um tema fundamental no campo da Psico-
logia e infl uencia diretamente nos trabalhos realizados no cotidiano da

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