Buscar

UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS DA ECONOMIA 
UNIDADE 1 - Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
1. Conceito de Economia
É a junção da palavra grega oikos (casa) e nomos (norma, lei), e deve ser entendida como “administração da casa”, ou “administração da coisa pública”. Nos tempos modernos, a economia passou a ser a ciência social que estuda a forma pela qual os homens, as nações ou as instituições empregam seus recursos na produção de bens e serviços para atender às suas necessidades.
O que é “escassez de recursos”. Mas você sabe o que são recursos?
Em linhas gerais, uma necessidade humana é satisfeita através do acesso a um bem econômico, o qual foi resultado de um processo de transformação. Esse processo de transformação se caracteriza pelo “uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir outputs” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2007,
p. 36). O quadro a seguir descreve algumas operações por meio de processos de transformação:
Se observarmos mais atentamente, os recursos de inputs listados no quadro podem ser classificados em três grupos fundamentais:
· Terra ou recursos naturais: representa todos os recursos originados diretamente na natureza;
· Trabalho: além de mão de obra, esse recurso engloba as atividades técnicas, administrativas e intelectuais, representando, portanto, todo o esforço humano empregado no processo de produção;
· Capital: todos os inputs capazes de elevar a eficiência do trabalho humano, por exemplo, equipamentos e instalações.
1.1 Problemas econômicos fundamentais
a humanidade produz apenas bens e serviços. Produzir bens e serviços é a resposta humana para os problemas de escassez.
Bens e serviços são resultado do trabalho humano realizado para suprir as necessidades humanas. Os bens são tangíveis, físicos, e são resultado da transformação da matéria-prima em produtos. Os serviços são intangíveis, abstratos, e são resultados de ações específicas realizadas por técnicas específicas, dominadas pelos homens. Um avião é físico, pois é possível tocá- lo, senti-lo, e vê-lo, mas o transporte de passageiros que ele realiza não pode ser tocado, sentido e nem visto, sendo portanto um serviço.
veja a Figura 1. Ela apresenta as características que diferenciam os bens e os serviços. Observe que no centro do gráfico existem “bolas divididas”, ou melhor, tipos de produção que atuam tanto como bens quanto serviços, ou seja, atividades que englobam características tangíveis e intangíveis. É o caso dos restaurantes, que servem um bem (o alimento físico) e o serviço (atendimento do garçom).
Os bens são subdivididos em quatro grupos:
Bens de consumo não duráveis: são os produtos físicos que se esgotam em curto período de tempo, e assim devem ser repostos com frequência. Neste subgrupo incluem-se peças de vestuário e calçados, alimentos, produtos de higiene e limpeza, medicamentos etc.;
Bens de consumo duráveis: são os produtos físicos que não precisam ser substituídos com tanta frequência, pois o tempo de desgaste é consideravelmente maior. Automóveis, eletrodomésticos, computadores e aparelhos eletrônicos, mobília e utensílios domésticos são produtos que se encaixam neste subgrupo;
Bens intermediários: são produtos resultantes das ações de extrativismo ou da fase inicial do processo industrial, porém não são consumidos, necessitando de reprocessamento para se transformarem em bens de consumo. Neste subgrupo estão classificados o aço, o petróleo, os produtos químicos, a celulose e as matérias-primas em geral;
Bens de capital: são os produtos que não se destinam ao consumo das pessoas, e sim das empresas. Em geral, esses bens atuam no processo produtivo transformando matérias-primas em bens de consumo. Máquinas e equipamentos são os produtos mais característicos deste subgrupo.
existem produtos que podem tanto ser classificados como bens de capital quanto como bens de consumo duráveis, o automóvel é um desses casos. Imagine um motorista de táxi. Se ele adquirir um automóvel para seu trabalho diário, é um bem de capital, mas se adquirir um automóvel para o lazer de sua família, é um bem de consumo durável.
Questões fundamentais: o que produzir? Quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
· O que produzir? Esta é uma decisão que vai além dos limites da economia. A resposta para essa questão está no centro da sociedade. É ela quem deve decidir se produz maiores quantidades de bens de capital ou de bens de consumo. Em países onde imperam as economias de mercado, como os países europeus, o Japão, o Brasil e os Estados Unidos, somente para citar alguns, são os consumidores que indicam o que produzir. A isso dá-se o nome de “soberania do consumidor”. Mas em países com economias planificadas ou centralizadas, como China, Cuba e outros, a decisão é tomada por um Órgão Central de Planejamento, vinculado ao Estado
· Quanto produzir? Aqui também é uma decisão da sociedade. É ela quem deve dizer quais quantidades de cada bem devem ser produzidas. Mais uma vez existe uma diferença entre a tomada de decisão nas economias de mercado, em que as quantidades a serem produzidas são definidas pela oferta e demanda. Porém, nas economias planificadas, ou centralizadas, essa decisão cabe ao Órgão Central de Planejamento.
· Como produzir? Esta decisão cabe ao contexto empresarial nas economias de mercado, pois é dependente dos recursos disponíveis e da capacidade de investimento. Geralmente, passa pela eficiência desejável e pelos métodos de produção utilizados: capital intensivo ou mão de obra intensiva? Sociedades com necessidade de geração de emprego optam pelo uso da mão de obra intensiva. Já as sociedades com grande disponibilidade de recursos financeiros optam pelo uso do capital intensivo.
· Para quem produzir? Aqui o problema é de distribuição da renda gerada, ou seja, a sociedade deve decidir quem serão os beneficiados na comercialização dos produtos. Nas economias de mercado, os beneficiários são as pessoas de maior poder aquisitivo, porém nas economias planificadas ou centralizadas, a decisão sobre os beneficiários cabe ao governo.
Para entender a economia como ciência precisamos colocar o conjunto de processos (produção, distribuição e consumo) no centro da dinâmica.
Os produtores precisam decidir como combinar os recursos de produção e quanto de cada recurso utilizar. Os consumidores precisam decidir quanto adquirir de cada bem ou serviço para satisfazer suas necessidades. Tanto produtores quanto consumidores possuem restrições financeiras, o que implica renunciar a alguma coisa para priorizar outra.
Assim, você enquanto consumidor, ao escolher comprar mais de um determinado produto, esteja certo de que terá que reduzir a compra de outros. Esta lei da economia é implacável.
1.2 Curva das possibilidades
Figura 2 – Fluxo circular da renda.
A interação dos agentes econômicos se dá em dois tipos de mercados (os fatores de produção e bens e serviços) e efetiva dois fluxos (real e monetário).
O fluxo real representa o processo de satisfação das necessidades em si, ou seja, a produção e a distribuição de bens e serviços. Ao observarmos esse fluxo, cada um dos agentes assume um papel duplo: as famílias demandam bens e serviços e ofertam fatores de produção; as empresas, por sua vez, demandam esses fatores de produção para poder ofertar bens e serviços.
Nesse sentido, descrevemos o fluxo real da seguinte maneira: as empresas alocam os fatores de produção ofertados pelas famílias em processos produtivos, os quais terão como resultado a produção de bens e serviços. Estes serão vendidos através dos mercados de bens e serviços para as famílias. E esse fluxo é incessante, ocorrendo de maneira ininterrupta.
Por sua vez, para que esse fluxo real de mercadorias que suprem as necessidades humanas seja efetivado em um sistema econômico, há a necessidade do estabelecimento do fluxo monetário: ninguém “trabalha” de graça, assim como nenhum produto é gratuito.
Isso significa que, quando as famílias ofertam os fatores de produção às empresas, elas exigem em contrapartida umaremuneração. Assim, cada proprietário de fator de produção recebe uma renda por sua utilização: trabalhadores ganham salários; arrendatários, aluguel; capitalistas, juros e/ou lucro etc. Essa renda, que é ao mesmo tempo custo para as empresas, deverá ser gasta na aquisição de bens e serviços. Logo, o que é gasto para as famílias se transforma em receita para as empresas.
Nas chamadas economias de livre mercado, o governo apenas fiscaliza esse círculo de trocas de forma a evitar abusos, mas, nas economias planificadas, o governo assume a tomada de decisão tanto das empresas quanto da sociedade.
Guarde bem esse conceito do Fluxo Circular de Renda, pois ele será muito importante durante o curso. Outro conceito de importância ímpar é a Curva das Possibilidades de Produção, também conhecida como “Fronteira das Possibilidades de Produção”.
Imagine uma economia tão simplificada que produz apenas dois tipos de bens: máquinas agrícolas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo). Todo alimento produzido será utilizado para as necessidades de nutrição das pessoas, e não poderá ser estocado para ser usado no dia seguinte ou no futuro.
Como em toda economia, complexa ou simplificada, os recursos são escassos, e, para aumentar a produção de alimentos e atender ao crescimento da população, por exemplo, precisamos diminuir a produção de máquinas agrícolas. Mas se diminuirmos a produção de máquinas agrícolas, a produção de alimentos nos anos seguintes será insuficiente para atender à demanda da população. O que você faria?
A tabela a seguir mostra algumas possibilidades de produção dessa economia.
A alternativa A indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir máquinas agrícolas, ou seja, representa a quantidade máxima de máquinas que essa economia é capaz de produzir. A Alternativa D indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir alimentos, ou seja, representa a quantidade máxima de alimentos que essa economia é capaz de produzir. Somente para lembrar, se você optar por resolver o problema imediato das pessoas, saciando a fome e produzindo somente alimentos, no futuro terá uma série de problemas, afinal, se não produzir maquinário agrícola, não conseguirá expandir a produção de alimentos para atender ao crescimento da população. Então, o que você faria?
Para solucionar esse problema, primeiro você precisa conhecer o conceito da Curva de Possibilidades de Produção (CPP), que representa esquematicamente a fronteira máxima que uma economia consegue produzir, onde se pressupõe o pleno emprego dos recursos disponíveis. Analise atentamente o gráfico apresentado na Figura 3.
para produzir 10 mil máquinas agrícolas, nenhuma tonelada de alimento pode ser produzida, pois todos os recursos da economia estão sendo empregados na produção das máquinas agrícolas. Se produzir 8 mil máquinas, a economia conseguirá produzir no máximo 6 milhões de toneladas de alimentos. Essa análise se repete em todos os pontos sobre a Curva das Possibilidades de Produção, e os especialistas dizem que a economia está operando a pleno emprego de recursos, ou seja, não existe desemprego nem capacidade ociosa de produção.
Agora, observe o ponto E, em que a economia produz 8 mil máquinas agrícolas e 2 milhões de toneladas de alimentos. Nesse caso, e para todo e qualquer ponto situado na parte interna da curva, os especialistas dizem que a economia está subutilizando os recursos de produção, ou seja, existe desemprego ou algum recurso está ocioso.
Por outro lado, a situação do ponto F, em que a economia produz 8 mil máquinas e 10 milhões de toneladas de alimentos, é uma situação impossível de existir, pois a economia estaria operando acima da sua capacidade e não disporia de recursos para tanto.
Os desdobramentos analíticos da CPP podem ser normativos e positivos.
2. Evolução do Pensamento Econômico
No século XVI é que surgiu a primeira escola econômica: o mercantilismo. Essa escola preocupava-se com a acumulação de riquezas das nações e o fomento do comércio exterior, muito embora ainda se tratasse de conceitos elementares.
A escola mercantilista assentava-se em princípios absolutamente empíricos, sem a preocupação com o desenvolvimento de fundamentos teóricos que os embasassem.
Um preceito básico do mercantilismo era atribuir o poder e a força de um país ao acúmulo de ouro e prata. Essa influência chegou até nossos dias, à medida que a capacidade de emissão de moedas de um país estava vinculada ao lastro em ouro desse mesmo país
Esses preceitos reforçaram o poder do Estado nas decisões econômicas, além de incentivar guerras e estimular o nacionalismo.
Como contraponto ao mercantilismo, surgiu no século XVIII, na França, a fisiocracia. Essa escola do pensamento econômico pregava a supremacia da lei da natureza, acreditando ser desnecessária a regulamentação do Estado sobre a economia. Para os fisiocratas, a terra era tida como fonte de riqueza única e o universo era regido por leis naturais determinadas pela Providência Divina.
Contrariando o pensamento mercantilista, em que a riqueza era proporcionada pelo acúmulo de metais preciosos, os fisiocratas afirmavam que a riqueza era derivada da produção de bens obtidos pelas atividades econômicas da época (agricultura, pesca e mineração).
O desenvolvimento da escola fisiocrata estava centrado na figura de Quesnay, primeiro autor a conferir um viés analítico e científico para problemáticas econômicas. Suas ideias ancoravam-se em princípios da escola filosófica utilitarista e sua maior contribuição foi a construção de um quadro econômico, o qual expunha as contribuições dadas por cada classe social ao sistema econômico
Para o autor, o sistema econômico era considerado um organismo vivo (lei natural), e sua representação numérica permitiu que se chegasse à conclusão do papel de cada classe social, as quais dividiam-se em:
· Classe produtiva: agricultores, assalariados e outros trabalhadores agrícolas;
· Classe proprietária: soberano, nobreza proprietária e clero;
· Classe estéril: comerciantes, manufatureiros e seus trabalhadores.
Ao observar que os agricultores precisam acumular capital para conseguir iniciar a produção, chegou-se à conclusão de que a única classe capaz de gerar algum tipo de excedente era a produtiva.
2.1 Escola Clássica
A contribuição dos autores da Escola Clássica foi fundamental para que a Economia passasse a ter suas próprias teorias e formar um conjunto de ferramentas de análise das consequências das ações econômicas.
O pensamento comum a todos os autores da Escola Clássica era o da livre iniciativa e as leis do mercado regendo a economia, cabendo ao Estado apenas as funções fiscalizatórias para coibir abusos.
Adam Smith desenvolveu o conceito da “mão invisível”, segundo o qual a livre concorrência, por si só, conduziria a sociedade à perfeição. Ele criou a Teoria do Valor-Trabalho, em que a divisão do trabalho e a especialização nas funções são fatores decisivos na busca pelo aumento da produção.
Para Adam Smith, a produtividade é derivada da divisão e da subdivisão do trabalho e da ampliação dos mercados, ou seja, especializar os trabalhadores em suas tarefas mais simples e ganhar a escala de produção como fatores de geração de riqueza.
O papel do Estado, na economia de Adam Smith, é limitado à proteção da sociedade contra a especulação financeira e à manutenção da infraestrutura necessária para o funcionamento da economia.
Outro autor bastante influente foi David Ricardo, que discutiu o rendimento das terras mais férteis quando comparado à produtividade das terras menos férteis e a questão do comércio internacional.
Ele desenvolveu a ideia de que somente o custo do trabalho resume todos os demais custos e que o crescimento da população aliado à acumulação de riqueza provoca um aumento da renda da terra até um certo limite. Após esse limite, os rendimentos decrescentes diminuem os lucros e a poupança torna-se nula, colocando a economia em um estágio estacionário, com saláriosmarginais e crescimento zero.
Vale ressaltar que Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas, no comércio internacional, enquanto David Ricardo criou a Teoria das Vantagens Comparativas. Assim, ambos trabalharam teorias a respeito desse comércio.
Os economistas clássicos procuraram descobrir leis gerais que regiam e regulamentavam o comportamento da economia, porém são criticados pela abordagem excessivamente normativa que tentaram dar à complexa ciência econômica, esquecendo ou minimizando a influência do homem na questão.
2.2 Teoria Neoclássica
Os autores da Teoria Neoclássica deram ênfase ao raciocínio matemático aplicado às questões econômicas, deixando um pouco de lado as questões políticas e o planejamento devido à crença no livre mercado e sua condição autorreguladora.
O foco da Teoria Neoclássica está no desejo de satisfação do consumidor e na maximização do lucro por parte do produtor. O equilíbrio do mercado é calculado através da medição do grau de satisfação do consumidor e de produção, sendo consideradas também as restrições financeiras e as restrições dos recursos de produção. Essa forma de ver as coisas deu origem à Teoria Marginalista desenvolvida por Alfred Marshall.
A Teoria Neoclássica colocou a microeconomia no centro das atenções, porém não se furtou totalmente das questões da macroeconomia, em que se destacam os trabalhos de Schumpeter, “Teoria do Desenvolvimento Econômico” e de Böhm-Bawerk, “Teoria do Capital e dos Juros”.
A Teoria Neoclássica foi fundamentada no trinômio produção-distribuição-consumo, porém as ideias de Alfred Marshall deram outro contorno a essa visão, incluindo também os conceitos de riqueza e bem-estar social.
Na primeira metade da década de 1930, Lionel Robbins elaborou uma forma de caracterizar e identificar os fenômenos econômicos. Ele fundamentou sua sistemática nos seguintes pontos:
· A atividade humana sempre possui múltiplas finalidades;
· Os objetivos humanos têm diversos níveis de importância e podem ser priorizados por essa ordem;
· Os meios utilizados pelo homem para alcançar os múltiplos objetivos são limitados;
· Os meios utilizados pelo homem são flexíveis e podem ser utilizados de diferentes formas para alcançar diversos objetivos.
Em linhas gerais, a Escola Neoclássica define a Economia como o estudo do homem na condução das questões referentes à sua riqueza e a seu bem-estar.
2.3 Marxismo
Para o marxismo, o proletariado, uma classe social que centraliza a força de trabalho, é obrigado a vender seu principal recurso de produção (mão de obra) para a burguesia, uma classe social que se apropria da produção e aufere vantagens com essa apropriação. O valor dessa força de trabalho, por sua vez, deveria ser determinado pelo tempo dedicado à produção. A discrepância entre o tempo socialmente dedicado à criação de valor e o valor efetivamente recebido por um trabalhador fundamentou o conceito chamado “mais-valia”.
A mais-valia, portanto, é o valor que excede o valor pago à força de trabalho que é apropriada pelo capitalista, fazendo com que este acumule riquezas às custas do trabalho proletário.
O desenvolvimento tecnológico tem um papel fundamental na reprodução desse tipo de exploração: na medida em que a máquina substitui o homem nos processos de produção, ela é a principal responsável pela formação do exército de reserva dos desempregados.
Por sua vez, essa massa desempregada é, na visão da escola marxista, a principal fonte de rigidez dos salários: capitalistas, para aumentar a produção empregando mais trabalhadores, não precisam elevar salários, basta contratar aqueles que estão desempregados.
2.4 Keynesianismo
Segundo Keynes, o principal fator gerador de empregos é o nível de demanda agregada de uma economia, invertendo a Lei de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria procura. Nesse caso, as forças de auto ajustamento da economia deixam de atuar, impulsionando a economia para uma recessão.
Assim, em momentos em que a atividade econômica começa a se enfraquecer, é vital a interferência do Estado, impondo uma política de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para inverter a espiral recessiva e devolver a economia ao caminho do crescimento.
Esse conjunto de argumentos se revelara efetivo não somente por tirar diversos países da recessão econômica, mas especialmente no período pós-Segunda Guerra Mundial, em que se tornou necessária a reconstrução da economia dos países europeus.
Nos dias atuais, os preceitos de Keynes ainda são bastante debatidos, especialmente por seguidores de três correntes distintas:
Os monetaristas: defendem um baixo grau de interferência do Estado na economia e um forte controle da moeda;
Os fiscalistas: são partidários de um grau acentuado de interferência do Estado na economia e o uso de políticas fiscais mais contundentes;
Os pós-keynesianos: defendem a interferência do Estado na economia via controle das especulações financeiras.
3. A relação Entre Economia e Outras Áreas do Conhecimento
ECONOMIA E POLÍTICA 
Existe uma secular relação de interdependência entre a Política e a Economia. À medida que compete à Política a organização do Estado, as relações entre as classes sociais e a definição das instituições para o desenvolvimento das atividades econômicas, as ações econômicas passam a ser diretamente subordinadas à estrutura política da sociedade.
A partir de 1930 houve uma grande transformação na estrutura econômica e o Estado passou a ter uma função intervencionista que modificou as bases do sistema capitalista.
Nesse período, a Política buscou na Economia soluções que pudessem dar continuidade às formas de organização política vigentes nos países ocidentais que reconheciam a livre iniciativa como vital para o desenvolvimento econômico.
Nos países socialistas, a justaposição das ações políticas e econômicas funciona como pilar das instituições mantidas pelo Estado. Nos países socialistas, compete ao Estado as funções de direcionamento econômico, uma vez que este controla todo o sistema de gestão e direção das empresas.
Assim, qualquer que seja a orientação do Estado, Política e Economia estão inter-relacionadas a tal ponto que perde o sentido estudá-las isoladamente, assim como ações isoladas de qualquer uma das partes não surtem o efeito desejado.
Se você observar atentamente, a instabilidade econômica afeta diretamente as instituições políticas, ao passo que o bom desempenho da Economia direciona um cenário político de absoluta estabilidade.
ECONOMIA E SOCIOLOGIA
Atualmente, existe um interesse crescente dos economistas pelas questões da realidade social e como essas questões podem influenciar no desempenho da Economia, desde ações localizadas atribuídas a problemas microeconômicos, isto é, relativos ao comportamento e processo decisório dos agentes econômicos, até questões de macroeconomia, que se referem ao comportamento da Economia como um todo.
Segundo Rossetti (1994), a interação social, o comportamento dos grupos, a mobilidade, a estratificação, as mudanças sociais, a investigação das condições de vida das comunidades e o exame dos diferentes níveis de organização e da cultura da sociedade são alguns dos setores que caíram no campo de gravitação da Sociologia. Tais setores também interessam diretamente às questões da análise econômica, pois podem explicar muitos dos fenômenos que afetam a Economia das nações.
Os economistas contemporâneos entendem que os fatores condicionantes da atividade econômica são frutos das relações sociais, cuja análise é de interesse da Economia, muito embora sejam resultado da Sociologia.
ECONOMIA E HISTÓRIA
É inegável que os principais fatos que marcaram a história da humanidade tiveram motivação econômica. Foram questões econômicas que motivaram portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses a partirem rumo à colonização da América.
Também foram questões econômicas que motivaram as grandes guerras mundiais, assim como foram questões econômicas que impulsionaram Napoleão Bonaparte à expansão de seu império.Assim, a inter-relação História-Economia é fundamental para o entendimento das rápidas mudanças que sacodem as estruturas da sociedade contemporânea, fornecendo elementos para que o homem possa superar os desafios de construir condições de equilíbrio social, mesmo diante das turbulências típicas da vida contemporânea
ECONOMIA E GEOGRAFIA
A Geografia Econômica fornece subsídios sobre os recursos humanos e naturais disponíveis em determinada região, além de análises climatológicas, hidrográficas etc. que servem como indicadores para as políticas econômicas de distribuição de recursos financeiros com mais eficiência.
Fornecedora de dados que permitem a avaliação das condições econômicas do mercado, da concentração de recursos produtivos nas regiões e da composição de setores da atividade econômica.
A inter-relação entre essas duas áreas do conhecimento permite ao mercado tomar decisões sobre investimentos utilizando como critério de decisão as tendências de desenvolvimento econômico e perspectivas de crescimento.
ECONOMIA E DIREITO
Segundo Rossetti (1994), nenhuma ordem econômica é possível sem que o Direito limite as liberdades em função das responsabilidades recíprocas, solucionando claramente os conflitos potenciais observados.
Todas as ações econômicas envolvem as pessoas, as empresas e o governo. Como esses protagonistas possuem interesses diferentes, surgem as áreas de conflitos potenciais.
A própria liberdade de concorrência entre as empresas, a autorregulação do mercado, as liberdades de escolhas individuais, o consumo e a acumulação de riquezas devem ser regulamentados pela ordem jurídica que opera para conciliar os interesses, coibir abusos e delimitar as responsabilidades.
Compete à legislação situar o homem, a atividade empresarial e a sociedade no bojo da política e do meio ambiente, indicando os direitos e responsabilidades das partes e impondo os limites dentro dos quais a liberdade de ação pode ser praticada sem que a outra parte seja prejudicada.
ECONOMIA E MATEMATICA
A Matemática, por sua vez, nos permite demonstrar através de gráficos e fórmulas importantes princípios e conceitos das relações econômicas. A Matemática permite também detalhadas análises sobre modelos econômicos teóricos e práticos, utilizando para tanto recursos de simulação e simplificando situações complexas a um pequeno grupo de variáveis.
A interação entre Economia e Matemática é tão forte que existe uma área de estudos em que os modelos são quantificados, denominada “Econometria”, uma combinação de Estatística, Matemática e Economia.
A Economia não possui tantas relações de exatidão quanto a Matemática, pois se assim fosse seria plenamente previsível. Na Economia, os números aprendem, pensam, reagem, projetam, fingem e são substituídos pelo ser humano com todos as suas qualidades e defeitos.
Na relação entre a Matemática e a Economia, você precisa estar ciente de que a Matemática é um instrumento a serviço da Economia. É uma ferramenta que permite provar as hipóteses da Economia, sendo apenas um meio, e não um fim em si mesma

Continue navegando