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Ditadura Militar no Brasil: Do Golpe de Estado de 1964 à Democracia (E-book)

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Prévia do material em texto

Ditadura Militar no Brasil: 
Do Golpe de Estado de 1964 à Democracia 
Jener Cristiano Gonçalves 
 
Direitos autorais do texto original © 2016 Historiação Humanas 
Todos os direitos reservados. 
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou veiculada em 
nenhum formato seja físico ou eletrônico sem conhecimento e autorização 
expressa do autor. 
 
Visite-nos em 
http://www.historiacao.com.br/ 
https://www.youtube.com/user/jener32 
 
E-mail: historiacao@gmail.com 
 
http://www.historiacao.com.br/
https://www.youtube.com/user/jener32
Para toda a minha família, inclusive aqueles sem laço de sangue, por contribuir de todas as 
formas possíveis e imagináveis para o crescimento de Historiação Humanas. 
 
 
Prefácio 
 
“Um desenho pode ajudar a resolver qualquer problema”. Dan Roam 
“Historiação Humanas: histórias visuais para você nunca mais esquecer 
a lição! ” Esta é a principal característica de nosso trabalho. Eu sou um 
aprendiz extremamente visual. Sempre que começo a desenvolver uma ideia 
ela sempre surge em minha mente como uma imagem. Quando estou 
estudando um assunto complexo em um livro preciso converter o texto em 
imagens para obter uma adequada compreensão do assunto. As narrativas 
visuais são extremamente poderosas. Pesquisas recentes indicam que o 
cérebro humano é capaz de processar imagens 60 mil vezes mais rápido se 
comparado com mensagens em forma de texto. Isto se explica porque a visão 
foi um dos sentidos mais necessários para que os seres humanos 
conseguissem sobreviver no passado. Ou você se protegia por meio da 
identificação visual das ameaças ou então morria. A linguagem escrita 
desenvolveu-se muitos milênios depois. Então, podemos tirar uma conclusão. 
Uma informação visual é processada e interpretada quase instantaneamente 
pelo cérebro humano. Não há como deixar de explorar este recurso em 
qualquer processo de comunicação. 
 
Por mais incrível que pareça, a escola e a grande maioria dos 
professores parece menosprezar e até mesmo debochar de uma das mais 
poderosas habilidades do cérebro humano. Escuto com frequência na sala dos 
professores a seguinte piada: “você entendeu o que eu disse ou vou precisar 
desenhar? ” No meu caso o desenho mental sempre vem antes do texto. O 
livro que você vai ler agora foi antes de tudo desenhado em um Mapa Mental e 
só depois foi transformado em texto. Esta piada corriqueira nas escolas 
brasileiras (e também em outras partes do mundo) sugere que as pessoas que 
costumam representar visualmente suas ideias possuem o raciocínio mais 
lento, além de apresentar dificuldade de compreensão, quando na verdade 
trata-se exatamente do contrário. 
 
Albert Einstein desenvolveu a sua incrível Teoria da Relatividade 
explorando representações visuais de todos os ângulos possíveis. Os nazistas, 
sob o comando de Adolf Hitler, utilizaram as imagens em sua propaganda 
política como ninguém havia feito antes e até os dias de hoje a suástica nazista 
é um símbolo poderoso que extrapola a morte de seu criador. Foi assim que 
nasceu Historiação Humanas. Primeiro um blog, que evoluiu para um site e 
depois transformou-se em um dos mais respeitados canais de História e 
Ciências Humanas do Youtube brasileiro. Essa evolução foi lenta e durante o 
processo as representações visuais do pensamento tornaram-se cada vez mais 
elaboradas. 
Para que você explore melhor o conteúdo deste livro eu sugiro que você 
acesse os links que remetem para os vídeos em nosso canal do Youtube. Tudo 
o que está escrito aqui foi ricamente traduzido em narrativas visuais em nossas 
videoaulas. Não deixe de assisti-las em hipótese alguma. O cérebro humano 
tem a capacidade de fotografar as imagens em nossa memória, possibilitando 
a compreensão e recuperação das informações de forma muito mais rápida, 
eficiente e agradável. Imagens têm o potencial de tornar simples aquilo que é 
complexo. Explore este incrível potencial desenvolvido durante milhões de 
anos pela espécie humana e dessa forma aprender qualquer assunto, por mais 
difícil que pareça, será uma tarefa muito mais produtiva. Acompanhe a nossa 
história e se deixe conquistar pelo poder das imagens! 
 
Jener Cristiano Gonçalves 
Mestre em História - UFMG 
 
Muito obrigado por adquirir este livro! 
 
Eu gostaria de lhe pedir um favor. Você pode ceder alguns minutos para 
avaliar o nosso livro no site da Amazon? Faço este pedido porque assim este 
projeto será continuamente melhorado e você é fundamental neste processo. O 
seu feedback é de extrema importância para tomar decisões sobre quais 
capítulos adicionar e quais capítulos precisam ser ajustados. 
 
Agradeço antecipadamente pelo seu tempo! 
 
Jener Cristiano Gonçalves 
 
E-mail: historiacao@gmail.com 
 
Índice 
 
Introdução 
 
Capítulo 1 – O Conceito de Ditadura 
 
Capítulo 2 – Guerra Fria e a influência dos EUA na implantação de 
Ditaduras Militares na América Latina 
 
Capítulo 3 – Castelo Branco (1964-1967), 
os Atos Institucionais e o Bipartidarismo 
 
Capítulo 4 – Costa e Silva (1967-1969), 
o AI-5 e o Milagre Econômico Brasileiro 
 
Capítulo 5 – Garrastazu Médici 
(1969-1974) e os Anos de Chumbo 
 
Capítulo 6 – Ernesto Geisel (1974-1979) 
e a abertura política “lenta, gradual e segura” 
 
Capítulo 7 - João Baptista Figueiredo (1979-1985), as “Diretas Já” e a 
Emenda Dante de Oliveira 
 
Conclusão 
 
Respostas do “Centro Nervoso das Reflexões” 
 
Referências Bibliográficas 
 
Sobre o autor 
 
Querido(a) Leitor(a), 
 
 
Introdução 
 
Este livro tem como público alvo alunos dos anos finais do Ensino 
Fundamental, estudantes do Ensino Médio em fase de preparação para o 
ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e estudantes universitários em 
busca de bases históricas iniciais para que posteriormente possam verticalizar 
a sua base de estudos nas disciplinas de Histórias e Ciências Humanas. 
Alunos de graduação que fazem cursos na modalidade de Ensino à Distância 
encontrarão aqui um breve manual da História da Ditadura Militar brasileira que 
poderá ser consultado com extrema facilidade a qualquer momento. Os 
admiradores e amantes da História também irão experimentar bons momentos 
ao longo do livro. 
 
Durante o século XX a História do Brasil experimentou dois momentos 
ditatoriais. 
 
O primeiro deles foi a ditadura civil comandada por Getúlio Vargas, cujo 
momento mais intenso ocorreu entre os anos de 1937 e 1945. Tratava- se do 
Estado Novo, fase do governo varguista em que as liberdades democráticas 
foram destruídas em um sistema republicano ainda muito recente e frágil. 
 
O segundo momento ditatorial do século XX foi a ditadura militar 
implantada em 1964 e que perdurou até o ano de 1985. Este é o período a ser 
analisado ao longo deste livro. 
 
O primeiro capítulo apresenta ao leitor o conceito de ditadura. Eu 
sempre dou muito valor aos conceitos, pois bases conceituais sólidas nos dão 
condições de penetrar em conteúdos mais complexos ao longo da jornada de 
estudos. Além disso, você perceberá aos poucos que os diferentes conceitos 
começarão a se interligar em suas reflexões sobre o tema, o que permitirá a 
construção de uma síntese, a mais sofisticada habilidade cognitiva dos seres 
humanos. 
 
O segundo capítulo analisa o contexto histórico em que as ditaduras 
militares foram implantadas na América latina. Estamos falando da Guerra Fria 
e da polarização do mundo entre EUA e URSS. É impossível compreender a 
ditadura militar implantada no Brasil sem o adequado entendimento da 
interferência dos norte-americanos nesse processo. 
 
No terceiro capítulo é feita a análise do governo do primeiro presidente 
da ditadura militar brasileira. Foi no governo de Castelo Branco (1964-1967) 
que ocorreu a criação dos Atos Institucionais, do bipartidarismo (Arena e MDB) 
e o definitivo alinhamento político com os Estados Unidos da América. 
 
O quarto capítulo focaliza o governo de Costa e Silva (1967-1969). O 
segundo governo militar foi responsável pela criação domais violento de todos 
os Atos Institucionais: o AI-5. Neste período também teve início o famoso 
Milagre Econômico Brasileiro. 
 
No quinto capítulo será feito o estudo do governo de Garrastazu Médici 
(1969-1974), período extremamente violento da ditadura militar brasileira 
conhecido como os “Anos de Chumbo”. 
 
O capítulo seis tem como tema a administração de Ernesto Geisel 
(1974-1979). Em seu governo a ditatura militar começa a perder força, 
refletindo o que estava acontecendo no contexto internacional. A Guerra Fria 
saiu de seu período mais tenso e entrou na fase conhecida como “Coexistência 
Pacífica” entre EUA e URSS. Esta mudança explica em grande parte a 
abertura política “lenta, gradual e segura” implementada por Geisel. 
 
O sétimo capítulo centra as atenções sobre o governo do último 
presidente militar. João Baptista Figueiredo (1979-1985) deu continuidade ao 
processo de abertura política no país. Os principais destaques deste período 
ficam por conta da campanha das “Diretas Já”, da Emenda Dante de Oliveira e 
da ascensão de Tancredo/Sarney ao posto de presidente da república 
democratizada no Brasil depois de mais de 20 anos de uma ditadura 
comandada pelos militares. 
 
Volto a lembrar sobre a importância de acessar os links que irão 
direcionar você para as nossas videoaulas. A riqueza das narrativas visuais, os 
mapas mentais, os gráficos e animações farão com que você compreenda os 
assuntos de forma muito mais rápida e prazerosa. Este livro é transmidiático, 
ou seja, explora diversas mídias para contar suas histórias. Cada mídia tem a 
sua riqueza e sua especialidade. Recursos audiovisuais são quase imbatíveis 
na conquista da atenção do público. Entretanto, o texto do livro irá expandir as 
histórias contadas nos vídeos, sugerindo que você produza a suas próprias 
sínteses. 
 
Ao final de cada capítulo você irá encontrar o “Centro Nervoso das 
Reflexões”, com o objetivo de desenvolver o domínio e a retenção da 
informação. Embora estas atividades sejam opcionais é altamente 
recomendável que você tente realizá-las, pois a cada passo você irá ganhar 
autonomia para refletir sobre os temas e conectá-los com a História das 
Relações Internacionais. Não tente fazer tudo de uma vez. Permita que seu 
cérebro internalize as informações, faça revisões espaçadas e então tente 
escrever os seus textos. Se você espaçar os seus dias de estudo perceberá 
que a sua produtividade atingirá níveis muito mais elevados. Este método 
funciona é já foi comprovado pelos estudos de neurociência. 
 
Se você é um estudante do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio é 
sempre bom lembrar que a prova do ENEM avalia a sua competência em 
explorar diversas áreas do conhecimento para analisar a situação-problema 
apesentada como tema da redação. Dessa forma, as atividades de domínio e 
retenção da informação também irão contribuir para o desenvolvimento de seu 
raciocínio crítico, além de ajudá-lo a ser um bom produtor de textos. 
 
Tenha bons estudos! 
 
Capítulo 1 – O Conceito de Ditadura 
 
“Apesar de existirem diferentes formas de ditadura no mundo contemporâneo, algumas 
características são compartilhadas por todas: o cerceamento dos direitos políticos e individuais, 
a ampla utilização da força pelo Estado contra sua própria sociedade e o fortalecimento do 
poder executivo em detrimento dos outros poderes”. Kalina Vanderlei Silva 
 
 Link para a videoaula 1 - https://goo.gl/a5HGJ3 
 
O dia 1º de abril de 2014 marcou o aniversário de 50 anos do golpe de 
Estado responsável pela implantação da ditadura militar no Brasil. De 1964 até 
1985 foram escritos alguns dos capítulos mais violentos e obscuros da história 
de nosso país. Este é o tema sobre o qual iremos dedicar a nossa atenção a 
partir de agora. 
 
A nossa primeira tarefa é definir o conceito de ditadura para 
compreender o que ocorreu no Brasil a partir de 1964. 
 
Em primeiro lugar, a ditadura é um regime de governo onde todos os 
poderes do Estado estão concentrados em um indivíduo, um grupo ou um 
partido. Na ditadura existe um pequeno grupo dirigente que assume o comando 
do país e impõe suas decisões sobre o restante da população com o uso da 
violência. No caso do Brasil, o grupo dirigente responsável pela tomada de 
todas as decisões era composto pelos membros das Forças Armadas 
(Exército, Marinha e Aeronáutica). Os militares assumiram a responsabilidade 
de tomar todas as decisões em nome do povo brasileiro. 
 
Em segundo lugar, um governo ditatorial não admite oposição a seus 
atos e ideias, possuindo poder e autoridade absoluta. É um regime 
antidemocrático onde não existe a participação da população. Ou seja, nos 
países em que a ditadura foi implantada havia uma única conduta, um único 
modo de agir, um único ponto de vista considerado correto: tratava-se daquele 
que era imposto e estabelecido pelo governo ditatorial. Na ditadura você não 
tem o direito de discordar das decisões políticas impostas pelo governo. Caso 
você discorde das decisões do grupo dirigente a sua única opção é 
permanecer secretamente em silêncio. Se você demonstrar publicamente sua 
oposição ao governo ditatorial será preso, torturado e sumariamente eliminado. 
Por isso, a ditadura é um governo antidemocrático. Democracia significa o povo 
no poder ou então a representação política do povo. A ditadura destrói e 
https://goo.gl/a5HGJ3
combate toda e qualquer forma de representação política popular pelo uso 
constante da violência e da repressão. 
 
Em terceiro lugar, observamos nos regimes democráticos a divisão dos 
poderes em Legislativo (responsável pela produção das leis), Executivo 
(responsável pelo governo do povo e pela administração dos interesses 
públicos) e Judiciário (responsável pela interpretação, aplicação e julgamento 
das leis). Na democracia os três poderes são harmônicos e interdependentes 
entre si. O motivo de sua separação é evitar a concentração e o abuso do 
poder. Já na ditadura essa divisão é um grande teatro, pois o Poder Executivo 
é constantemente e desproporcionalmente fortalecido em detrimento do 
Legislativo e do Judiciário. Ou seja, na prática o mesmo grupo é responsável 
pelo governo, pela produção, aplicação e julgamento das leis de um país. 
Dessa forma, os ditadores estabelecem um padrão de governo que toda a 
população é obrigada a respeitar o obedecer. Caso contrário, será julgada e 
condenada de acordo com as leis criadas pelo governo ditatorial. 
 
E por último, a ditadura militar é uma forma de governo onde o poder é 
totalmente controlado por militares. A implantação de governos militares 
ocorreu praticamente ao mesmo tempo no Brasil e em toda a América Latina a 
partir da década de 1960. Será que isto foi uma mera coincidência ou teria 
existido algum fator externo que favoreceu a implantação de ditaduras militares 
nesta parte do planeta? Esta é uma pergunta que iremos responder em nosso 
próximo capítulo, onde iremos analisar o que estava acontecendo no mundo na 
década de 1960. Sem essa informação não conseguiremos entender a 
implantação dos governos ditatoriais no Brasil em seus vizinhos da América 
Latina. 
 
Centro Nervoso das Reflexões 
 Domínio e retenção da informação 
 
1) O que é uma Ditadura? 
 
2) Qual é a diferença entre uma ditadura civil e uma ditadura militar? Apresente 
exemplos. 
 
3) Por que os governos ditatoriais entram em rota de colisão com os governos 
democráticos? 
 
Respostas 
file:///C:/Users/JenerCristiano/Desktop/KPD/Centro%23_Respostas_do_
Capítulo 2 – Guerra Fria e a influência dos EUA na 
implantação de Ditaduras Militares na América Latina 
 
"É política desta nação considerar qualquer lançamento de míssil nuclear de Cuba contra 
qualquer nação do Hemisfério Ocidental um ataque contra os Estados Unidos, exigindo uma 
resposta retaliatória completa à União Soviética." John Kennedy 
 
 Link para a videoaula 2 https://goo.gl/Ey2Xc6 
 
No capítulo anterior observamos que as ditaduras militares foramimplantadas praticamente ao mesmo tempo no Brasil e no restante da América 
Latina a partir da década de 1960. Seria isso uma mera coincidência do destino 
ou forças externas estariam influenciando a política na América do Sul? A 
resposta será apresentada a vocês a partir de agora. 
 
Para responder esta pergunta nós precisamos entender o que estava 
acontecendo no resto do mundo no período em que a ditadura militar foi 
implantada no Brasil. A partir desse momento nós vamos estabelecer um link 
entre a História do Brasil e a História Geral. Lembre-se: nós vivemos cada vez 
mais em um mundo interligado. É impossível entender a História do Brasil sem 
conectá-la com o contexto internacional. 
 
Bom, a situação era está aqui. O mundo estava em guerra, Guerra Fria. 
Na década de 1960 o mundo estava passando por um dos piores momentos 
desse conflito. Esta guerra colocou de um lado a União Soviética 
(representante e líder do Bloco Socialista); e do outro lado o seu arquirrival, os 
Estados Unidos da América (representante e líder do Bloco Capitalista). A 
Guerra Fria começou logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao final do 
conflito mais assassino da história da humanidade União Soviética e Estados 
Unidos tornaram-se as duas principais superpotências mundiais. Socialismo e 
Capitalismo entraram em uma disputa geopolítica em que o objetivo era 
conquistar aliados e impedir o crescimento do inimigo. Desse modo, a União 
Soviética agia de forma a expandir os governos socialistas em várias regiões 
ao redor do mundo. Por outro lado, os Estados Unidos investiram bilhões de 
dólares para conquistar mais aliados para o bloco capitalista e impedir a todo o 
custo o avanço do socialismo. Na verdade, a Guerra Fria foi composta por 
várias guerras em que a União Soviética e os Estados Unidos nunca se 
enfrentavam diretamente. O confronto direto ocorria entre os aliados dos 
soviéticos e os aliados dos norte-americanos. 
 
https://goo.gl/Ey2Xc6
Um dos episódios mais dramáticos da Guerra Fria começou com a 
Revolução Cubana. Fidel Castro e Ernesto Che Guevara lideraram um golpe 
de Estado em 1959 responsável por derrubar a Ditadura de Fulgêncio Batista, 
o então governante da ilha de Cuba. Junto com a queda do antigo governo 
também teve fim a longa trajetória de influência e favorecimento que o governo 
dos EUA tinha no Estado cubano. Enfim, o novo governo instalado por Fidel 
Castro fez com que os EUA perdessem uma importante área de influência na 
região do Caribe. E para piorar ainda mais a situação Fidel Castro implantou 
um governo socialista. Depois que o governo norte americano liderou uma 
tentativa fracassada de invasão à Cuba para derrubar o governo de Fidel 
Castro as coisas ficaram ainda piores, pois Cuba se colocou definitivamente na 
órbita de influência da União Soviética para se defender dos ataques dos EUA. 
Ou seja, Cuba era um governo socialista protegido pela União Soviética em 
uma área de influência geopolítica comandada pelos Estados Unidos. 
 
Porém, o contra-ataque dos Estados Unidos não tardou em acontecer. A 
partir de 7 de fevereiro de 1962 o governo norte americano liderou em embargo 
econômico à Ilha de Cuba que durou até o dia 17 de dezembro de 2014. Este 
bloqueio econômico praticamente quebrou a economia de Cuba, colocando-a 
em uma dependência extrema da União Soviética para manter sua economia 
viva. 
 
Mas o pior ainda estava por vir. Em outubro de 1962 ocorreu o episódio 
conhecido como a “Crise dos Mísseis”, momento em que o mundo ficou à beira 
de uma guerra nuclear envolvendo diretamente soviéticos e norte-americanos. 
Mísseis russos foram instalados em Cuba e apontados na direção dos Estados 
Unidos. Depois de uma delicada negociação diplomática os mísseis foram 
retirados de Cuba e a guerra nuclear felizmente não aconteceu. 
 
Depois desses episódios os Estados Unidos queriam confirmar que 
novos governos socialistas jamais seriam novamente implantados no 
continente americano, sua principal área de influência no mundo. Para que isso 
ocorresse o governo dos EUA passou a financiar e apoiar uma série de golpes 
de Estado responsáveis pela implantação de ditaduras militares na América 
Latina. Estes governos militares seriam um escudo para reprimir, combater e 
exterminar novos governos socialistas que tentassem se instalar na América 
Latina. 
 
Foi assim que ocorreu a implantação das ditaduras militares no Brasil e 
no restante do continente americano a partir da década de 1960. Ou seja, não 
foi mera coincidência. Foi uma intervenção direta dos Estados Unidos para 
combater a expansão do comunismo no continente depois da Revolução 
Cubana. 
 
Em nosso próximo capítulo iremos analisar o desenvolvimento do regime 
militar no Brasil. Nosso alvo de análise será o governo do primeiro presidente 
deste novo período ditatorial, ou seja, o governo de Castelo Branco, 
desenvolvido entre 1964 e 1967. 
 
Centro Nervoso das Reflexões 
 Domínio e retenção da informação 
 
1) O que é Geopolítica? O que foi a Guerra Fria? 
 
2) De que forma a Revolução Cubana ajuda a compreender a instalação quase 
simultânea de governos ditatoriais na América latina a partir da década de 
1960? 
 
Respostas 
Capítulo 3 – Castelo Branco (1964-1967), 
os Atos Institucionais e o Bipartidarismo 
 
“Interessava ao poder a existência de um partido oposicionista (MDB), para ajudar a manter 
uma aparência democrática”. Rodrigo Patto Sá Motta 
 
 Link para a videoaula 3 https://goo.gl/LM9MCy 
 
O golpe político-militar de 1964 
 
Neste capítulo iremos analisar o governo do primeiro presidente da 
Ditadura Militar. Estamos falando de Castelo Branco, que esteve à frente do 
governo do país entre 1964 e 1967. Este governo marcou o começo da 
ditadura militar em nosso país. O Golpe político-militar que colocou fim na 
democracia brasileira aconteceu em 1º de abril de 1964. Este golpe de Estado 
foi responsável pela derrubada do presidente João-Goulart, também conhecido 
como Jango. Tão logo os militares se estabeleceram no poder começou uma 
longa e violenta jornada de caçada e repressão aos grupos políticos de 
esquerda que haviam apoiado as Reformas de Base do ex-presidente João 
Goulart. 
 
Lembre-se: nós estamos falando de acontecimentos que ocorreram na 
década de 1960. Neste contexto ser politicamente de esquerda significava 
apoiar a União Soviética, Cuba, Fidel Castro e o socialismo. Por outro lado, ser 
considerado politicamente de direita significava apoiar os Estados Unidos, o 
capitalismo e a preservação da propriedade privada. Quando falamos em 
grupos de esquerda tratavam-se de indivíduos que defendiam os interesses 
dos operários, a reforma agrária e o fim do favorecimento das empresas 
estrangeiras que enriqueciam explorando economicamente o Brasil. Naquela 
época este tipo de posicionamento político era identificado como sendo de um 
indivíduo socialista ou comunista. Embora haja diferenças do ponto de vista 
teórico, socialista e comunista eram praticamente expressões sinônimas 
naquele período. Dentre os principais grupos políticos de esquerda caçados e 
reprimidos pelos militares podemos citar a União Nacional dos Estudantes 
(UNE), a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e as Ligas Camponesas. 
Todos eles foram colocados na ilegalidade e passaram a agir 
clandestinamente, sendo, portanto, considerados criminosos e passíveis de 
sofrerem penalidades durante a ditadura militar. 
 
https://goo.gl/LM9MCy
Os Atos Institucionais 
 
A partir de agora preste muita atenção. Nós vamos analisar a definição 
de um Ato Institucional. Os Atos Institucionais foram os principais 
instrumentos jurídicos criados pelos militares para tornar legais todas as suas 
decisões políticas e econômicas. Você só irá compreender adequadamente a 
ditadura militar no Brasil se tiver um adequado entendimento a respeito dos 
Atos Institucionais. 
 
O Ato Institucional foi um conjunto de leis de exceção decretadas 
durante os governos militares brasileiros entre1964 e 1985. Lei de exceção 
significa lei que anula a constituição anterior, lei que anula a democracia, lei 
que anula o Estado de Direito, lei que anula as possibilidades de defesa de um 
cidadão em caso de atos de injustiça. Em um Estado político de exceção a lei 
expressa unicamente as vontades e os desejos do grupo que está instalado no 
poder. Caso você discordasse dessa legislação se tornaria um criminoso e 
seria punido pelos grupos instalados no poder. No caso do Brasil, você seria 
punido pelas leis criadas pelos militares. 
 
Preste atenção nesta informação. O Ato Institucional era uma ordenação 
jurídica que tinha como principal característica a sua superioridade em relação 
à Constituição oficial do país, tendo inclusive a prerrogativa a cancelá-la. Foi 
por meio dos Atos Institucionais que os governos militares cancelaram 
gradativamente todas as liberdades individuais com o objetivo principal de punir 
os opositores do governo. 
 
 Link para a videoaula 4 https://goo.gl/EFe9hM 
 
A partir de agora nós iremos analisar especificamente as principais 
características dos Atos Institucionais criados durante a Ditadura Militar no 
Brasil. Haverá uma especial atenção para os Atos Institucionais números 1 e 2. 
Todos eles foram produzidos durante o governo de Castelo Branco. 
 
Tudo começou com o Ato Institucional número 1 (AI-1), publicado no 
ano de 1964. Suas principais características são apresentadas a seguir. 
 
Houve a transferência do poder político para as Forças Armadas. Ou 
seja, quem comandava o Brasil a partir daquele momento eram os militares do 
Exército, Marinha e Aeronáutica. 
https://goo.gl/EFe9hM
 
Também foram estabelecidas eleições indiretas para a escolha do 
próximo presidente. Eleição direta é aquela em que há a participação popular. 
O povo vota e escolhe o presidente da república. Já na eleição indireta não 
existe a participação das camadas populares. Quem vota e escolhe o 
presidente é um Colégio Eleitoral formado pelos Deputados Federais e pelos 
Senadores. E adivinha quem comandava o Colégio Eleitoral que escolheria o 
novo presidente? Obviamente, os militares. O Colégio Eleitoral apenas 
confirmaria o nome da pessoa indicada para o cargo de presidente da 
república. 
 
Outra decisão importante do Ato Institucional número 1 foi a autorização 
dada ao Poder Executivo (ou seja, ao presidente da república) para cassar 
mandatos e suspender os direitos políticos pelo prazo de 10 anos. Em um 
governo democrático somente o Poder Legislativo tem a permissão para tomar 
este tipo de decisão. As pessoas que tiveram seus direitos políticos cassados 
eram membros da oposição que tentavam combater a destruição da 
democracia no Brasil. 
 
O Ato Institucional número (AI-2) foi decretado em 1965. Suas 
principais características são apresentadas a seguir. 
 
Novamente foi estabelecido que as eleições para o cargo de presidente 
seriam indiretas. É sempre bom repetir que na eleição indireta o povo não vota, 
não há participação popular. A função de escolher o novo presidente ficaria sob 
a responsabilidade de um Colégio Eleitoral composto por deputados federais e 
Senadores. Eles apenas confirmariam o nome do novo presidente indicado 
pela junta militar. 
 
Aqui nós temos uma informação muito importante. Houve a dissolução 
de todos os partidos políticos. Ou seja, todos os partidos políticos existentes 
até aquele momento foram extintos. Em seu lugar foi criado o bipartidarismo, 
ou seja, um sistema político composto por apenas dois partidos políticos. De 
um lado estava a Arena (Aliança Renovadora Nacional), representado o 
partido do governo militar, o partido da situação. Do outro lado estava o MDB 
(Movimento Democrático Brasileiro), que por sua vez, representava o partido 
da oposição permitido pelo governo militar. O bipartidarismo foi uma estratégia 
utilizada pelos militares para enfraquecer os grupos políticos de oposição, 
colocando-os dentro de um mesmo bloco, facilitando o controle e a repressão. 
 
O Ato Institucional número 2 ainda estabeleceu o direito do Poder 
Executivo de fechar o Congresso Nacional e colocá-lo em recesso. Ou seja, 
toda vez que o Congresso Nacional tentasse impedir uma decisão política 
tomada pelos militares ele seria fechado e colocado em recesso. Podemos 
concluir que a representação política durante a Ditadura militar era um teatro, 
pois quem de fato comandava o país eram os militares instalados no poder. 
 
 Link para a videoaula 5 https://goo.gl/vAb7by 
 
 
O teatro democrático da ditadura brasileira 
 
Neste momento dedicaremos a nossa atenção aos Atos Institucionais 
números 3 e 4. Analisaremos também o SNI (Serviço Nacional de 
Informação), o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) e o definitivo 
alinhamento do Brasil com os Estados Unidos. 
 
O Ato Institucional número 3 (AI-3) foi decretado em 1966. Ele 
estabeleceu a eleição indireta para os cargos de governador e vice-governador. 
Ou seja, não havia a participação do povo neste processo de escolha. Na 
prática isto significa que somente seriam eleitos para govenador e vice-
governador os nomes de confiança permitidos pela ditadura militar. 
 
Além disso, a escolha dos prefeitos das capitais brasileiras ocorreria da 
seguinte forma. O governador escolhido e permitido pelos militares deveria 
indicar o nome de um prefeito. Posteriormente, as assembleias legislativas 
estaduais deveriam aprovar o nome indicado. Este era mais um instrumento de 
controle estabelecido pela junta de governo militar. Somente ocupariam os 
cargos de prefeitos e de governadores os indivíduos que fossem considerados 
confiáveis pela ditadura brasileira. 
 
Por fim, nós temos o Ato Institucional número 4 (o AI-4), estabelecido em 
1966. Ele apenas convocou o Congresso Nacional para que ele votasse e 
promulgasse a Constituição de 1967. Temos aqui uma observação importante. 
Os militares tentavam criar perante o povo a impressão de que as leis e a 
representação política continuavam em vigor. Eles construíram toda uma 
encenação para tentar demonstrar que a democracia continuava em vigor no 
Brasil. 
 
https://goo.gl/vAb7by
Uma constituição outorgada é uma constituição imposta pelo uso da 
força, sem a participação dos representantes do povo, tais como deputados 
federais e senadores. A Constituição de 1967 foi promulgada, ou seja, foi 
votada e aprovada por deputados e senadores. Porém, eles fizeram isso 
apenas atendendo às ordens, desejos e decisões do governo militar. A 
Constituição de 1967 foi escrita de acordo com regras ditadas pelos militares. A 
única função do Congresso Nacional naquele momento era votar e aprovar a 
Constituição de 1967 sem fazer nenhuma alteração em seu texto. Caso 
contrário, a força das armas seria utilizada para garantir a sua aprovação. 
 
 
SNI, PAEG e Alinhamento com os EUA 
 
Agora é a vez de analisar a criação do SNI, o Serviço Nacional de 
Informação. O SNI era o serviço de inteligência criado pelos militares. Sob o 
comandado do general Golbery do Couto e Silva. O seu objetivo era preservar 
a segurança nacional, ou seja, encontrar e reprimir o comunismo. Está 
lembrado da Guerra Fria analisada nos capítulos anteriores? Pois então. O 
Brasil estava alinhado com os interesses dos Estados Unidos e o objetivo dos 
norte-americanos era evitar a instalação de novos governos socialistas na 
América Latina. Dessa forma, a principal função do SNI era encontrar e reprimir 
focos de liderança comunista no Brasil. 
 
Na economia o principal destaque do governo de Castelo Branco foi o 
Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). Seus objetivos eram os 
seguintes. 
 
O primeiro alvo era conseguir a diminuição do déficit público. Isto 
significa que o governo deveria diminuir seus gastos, aumentar a sua 
arrecadação e assim, obter um saldo positivo em suas contas. 
 
O segundo objetivo era combater e controlar a inflação. Em outras 
palavras, impedir a alta dos preços dos produtos e mantê-los estáveis e 
controlados.O lado negativo do Plano de Ação Econômica do Governo foi o arrocho 
salarial dos trabalhadores. Isto significa que as camadas sociais mais pobres 
não tiveram aumentos de salários e arcaram com a elevação dos preços, 
vendo cada vez mais reduzida a sua capacidade de compra. 
 
Este também foi um período de falência de inúmeras empresas 
brasileiras. Isto significa que a economia brasileira não enfrentava um bom 
momento. 
 
E para finalizar a análise do governo de Castelo Branco vamos falar do 
alinhamento político entre Brasil e Estados Unidos. Nós já sabemos que a 
implantação de ditaduras militares na América Latina foi financiada e apoiada 
pelo governo dos EUA com o objetivo de impedir a instalação de novos 
governos socialistas. Dessa forma, o Brasil ficou totalmente alinhado com os 
interesses dos norte-americanos após o golpe de Estado de 1964. Houve a 
revogação da lei de remessas de lucro para o exterior. Dessa forma, as 
empresas estrangeiras podiam livremente transferir para seus países os lucros 
obtidos com a exploração do mercado brasileiro. Esta medida tinha como 
principal objetivo favorecer a entrada de capital estrangeiro no Brasil, 
facilitando principalmente o enriquecimento das empresas norte americanas. 
Não podemos deixar de citar o rompimento das relações diplomáticas com o 
Estado Cubano. Na condição de aliado dos Estados Unidos e inimigo dos 
governos comunistas instalados pelo mundo afora, os militares brasileiros 
ajudaram no bloqueio econômico que praticamente quebrou a economia do 
governo cubano de Fidel Castro. 
 
Em nosso próximo capítulo iremos analisar o governo do segundo 
presidente da ditadura militar. Iremos destacar o governo de Costa e Silva 
desenvolvido entre os anos de 1967 e 1969. 
 
Centro Nervoso das Reflexões 
 Domínio e retenção da informação 
 
1) O que foram os Atos Institucionais? Quais eram os seus objetivos dentro do 
governo da ditadura militar brasileira? 
 
2) Analise a introdução do bipartidarismo pelo Ato Institucional número 2 (AI-2). 
 
3) Identifique a principal motivação da criação do Serviço Nacional de 
Informação (SNI). 
 
Respostas 
 
Capítulo 4 – Costa e Silva (1967-1969), 
o AI-5 e o Milagre Econômico Brasileiro 
 
“Todos melhoraram, mas alguns melhoraram mais do que outros”. Delfim Neto 
 
 Link para a videoaula 6 https://goo.gl/oawWFz 
 
Neste capitulo vamos analisar o governo do segundo presidente do 
regime militar implantado no Brasil em 1964. Estamos nos referindo à 
administração de Costa e Silva, desenvolvida entre 1967 e 1969. 
Nós dedicaremos especial atenção para a mobilização popular que 
lutava para restabelecer a democracia no país. Vamos analisar também a 
contraofensiva dos militares, reprimindo, censurando, prendendo, torturando e 
desaparecendo com os opositores do regime. Abordaremos ainda o Ato 
Institucional número 5 (AI-5), o mais violento e repressivo de todos os Atos 
Institucionais. Na parte econômica daremos destaque para o Milagre Brasileiro, 
um momento de forte crescimento da economia nacional durante a Ditadura 
Militar. 
 
 
O crescimento das manifestações pró democracia 
 
O segundo governo militar teve início quando o presidente Costa e Silva 
assumiu o poder. A principal característica deste período foi o fortalecimento 
dos instrumentos utilizados pelos militares para reprimir todos aqueles que 
eram contrários à ditadura implantada em 1964. 
 
Como exemplo podemos citar a criação da Frente Ampla, um grupo de 
oposição que atuava fora do Congresso Nacional. A Frente Ampla era 
composta e liderada por importantes políticos no cenário nacional, tais como 
João Goulart e Juscelino Kubistchek (ambos ex-presidentes da república); e 
até Carlos Lacerda, desta vez manifestando sua oposição ao regime militar. A 
principal característica da Frente Ampla foi lutar pela redemocratização do país 
por meios legais, contando, sobretudo, com o apoio da população. A Frente 
Ampla fazia oposição aberta e declarada ao governo. Entretanto, como já 
sabemos, depois dos Atos Institucionais todas as manifestações políticas que 
discordavam das decisões dos militares eram rapidamente desmobilizadas por 
serem consideradas ilegais. Na verdade, toda manifestação contrária à 
https://goo.gl/oawWFz
ditadura militar era considerada ilegal, portanto, passível de julgamento e 
condenação. 
 
A sociedade civil tinha uma noção cada vez mais clara de que estava 
ocorrendo a destruição da Constituição, da democracia e das liberdades 
individuais. Diante desta percepção inúmeros grupos entraram em cena para 
mobilizar a participação popular contra a ditadura militar. Em julho de 1968, na 
cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a Passeata dos 100 mil. Greves de grandes 
proporções foram desencadeadas em grandes centros industriais do país, tais 
como nas cidades de Osasco (SP) e Contagem (MG). 
 
Os grupos políticos mais radicais não acreditavam que seria possível 
restabelecer a democracia no Brasil por meios pacíficos e legais. Eles 
decidiram então partir para a luta armada. Este é o caso de Leonel Brizola, 
líder de uma série de ações de guerrilha na Serra do Caparaó (situada entre 
MG e ES). Como já dissemos, a atuação da comunidade universitária foi 
rigorosamente vigiada, monitorada e reprimida. Militares disfarçados de civis 
ficavam dentro da sala de aula para vigiar a conduta dos professores 
universitários. A União Nacional dos Estudantes (UNE) tentou realizar em 
segredo o seu congresso no interior de São Paulo. A tentativa foi fracassada 
porque os militares descobriram e prenderam todos os participantes. 
 
No campo cultural e artístico as coisas não foram muito diferentes. Toda 
a produção cultural, tais como peças teatrais, canções da música popular 
brasileira, cinema, livros, programas de rádio e televisão, absolutamente tudo 
era monitorado e censurado pelos militares. Os autores das obras artísticas e 
culturais com mensagens políticas de oposição à ditadura militar eram vigiados, 
perseguidos, acusados e investigados pelos famosos Inquéritos Policial-
Militares (IPM). Para muitas pessoas a única saída viável era o exílio, ou seja, 
sair do Brasil e viver em outro país. 
 
Os militares perceberam que a oposição e as manifestações populares 
estavam se fortalecendo e tomando grande proporção. Diante desta situação 
eles responderam aos opositores com a criação do mais violento aparato 
jurídico do regime militar. Estamos falando do Ato Institucional nº 5 (AI-5), alvo 
de análise detalhada e exclusiva a partir de agora. 
 
 Link para a videoaula 7 https://goo.gl/pRGKXI 
 
 
https://goo.gl/pRGKXI
AI-5: ponto máximo do Estado de exceção 
 
Antes de iniciar a análise do AI-5 vamos revisar rapidamente a definição 
de Ato Institucional. O Ato Institucional é um conjunto de leis de exceção 
decretadas durante os governos militares brasileiros. Lei de exceção significa 
lei que anula a constituição, lei que anula a democracia, lei que anula o Estado 
de Direito, lei que anula as possibilidades de defesa de um cidadão em caso de 
atos de injustiça. Um regime político que cria leis de exceção é um governo que 
torna legal todos as medidas necessárias para combater seus opositores 
políticos, com o objetivo de torná-los criminosos e foras da lei. Em outras 
palavras, dentre todos os Atos Institucionais, nenhum outro foi tão destruidor da 
democracia quanto o AI-5. Vamos analisar quais foram as suas principais 
características. 
 
Em primeiro lugar, temos a autorização dada ao Presidente da república 
para que ele pudesse legislar, ou seja, o presidente militar recebeu a 
permissão para criar leis. Isto significa que o Poder Legislativo estava anulado 
no Brasil. Significa que o povo não tinha mais qualquer representação política 
no Parlamento. Lembre-se: os Deputados Federais são os representantes 
diretos do povo, porém, com o AI-5 esta representação deixou de existir. 
 
Foi por esta razão que o Congresso Nacional (nível federal), as 
AssembleiasLegislativas (nível estadual) e as Câmaras Municipais (nível 
municipal) foram colocados em recesso. Como o Poder Legislativo estava 
agora concentrado nas mãos do Presidente da República, os deputados 
federais, os senadores, os deputados estaduais e os vereadores não tinham 
mais o direito de representar o povo, não tinham mais o direito de produzir leis. 
Toda essa reponsabilidade e autoridade estava concentrada nas mãos das 
Forças Armadas e na figura central do presidente. 
 
Em terceiro lugar, destacamos a suspensão dos direitos políticos e das 
garantias individuais. Isto significa que se você fosse considerado culpado 
pelas novas leis criadas pelo governo militar não haveria a possibilidade de 
recorrer aos direitos previstos na constituição, não haveria a possibilidade de 
reivindicar um julgamento justo e imparcial. Na prática significava que você já 
era considerado culpado mesmo antes do julgamento e caberia aos militares 
simplesmente decretar a penalidade, algo que na maioria das vezes acontecia 
secretamente, com o “desaparecimento” dos opositores políticos. Muitas 
dessas pessoas continuam “desaparecidas” até os dias de hoje. 
 
A quarta característica de destaque do AI-5 foi a suspensão das 
imunidades da Magistratura. Ou seja, os juízes perderam todas as imunidades 
que lhes davam certos privilégios e direitos, tais como apenas serem julgados 
pelos próprios juízes. Na prática isto significava que os juízes que não 
tomassem medidas favoráveis aos governos da ditadura seriam perseguidos e 
punidos pelos militares. Outra coisa ficou evidente com o AI-5. Na prática a 
divisão dos três poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário deixou de 
existir. Todo o poder, toda a autoridade estava concentrada nas mãos do Poder 
Executivo (presidentes militares). 
 
E para finalizar o Ato Institucional número 5 decretou estado de sítio 
por tempo indeterminado. Estado de Sítio significa a suspensão temporária dos 
direitos e garantias individuais previstos na Constituição. Ou seja, caso uma 
injustiça fosse cometida contra um indivíduo não haveria a possibilidade de 
buscar proteção utilizando a Constituição brasileira, pois ela estava suspensa. 
Como já foi dito antes, cidadãos e cidadãs já eram considerados culpados 
antes mesmo que qualquer julgamento fosse feito. 
 
Por todas essas razões o AI-5 foi considerado o mais violento e o mais 
repressivo de todos os Atos Institucionais. O Poder Legislativo e o Poder 
Judiciário caíram de joelhos diante do regime militar. A Constituição estava 
suspensa. Todos os direitos políticos e liberdades individuais estavam 
canceladas. Todo o poder e autoridade encontrava-se nas mãos dos militares. 
Enfim, a democracia estava destruída naquele momento da História Brasileira. 
 
 Link para a videoaula 8 https://goo.gl/RBGFZG 
 
 
O Milagre Econômico Brasileiro 
 
Para encerrar este capítulo sobre o governo de Costa e Silva daremos 
destaque para o Milagre Econômico Brasileiro, um momento de impressionante 
crescimento da economia no Brasil, responsável por colocá-lo na condição de 
oitava maior economia do mundo no início da década de 1970. 
 
O crescimento da economia brasileira foi o principal instrumento de 
propaganda utilizado pela ditadura para conquistar popularidade e legitimar a 
competência do governo liderado pelos militares. Entre os anos de 1968 e 1973 
ocorreu o conhecido Milagre Econômico Brasileiro. O milagre econômico foi 
uma expressão criada para fazer referência a um momento de acelerado 
crescimento da economia nacional. 
https://goo.gl/RBGFZG
 
A evidência desse crescimento econômico acelerado podia ser 
verificada principalmente pelas elevadas taxas do Produto Interno Bruto (PIB), 
pela redução das taxas de inflação, pela forte entrada do capital estrangeiro no 
país, pelos investimentos do governo no setor industrial, nas telecomunicações, 
nos setores energético, siderúrgico e petroquímico, na agricultura, na 
mineração e na pecuária. Tivemos ainda uma série de investimentos no 
sistema bancário, no sistema financeiro e na construção civil. Ou seja, a 
economia brasileira cresceu em praticamente todos os setores. Como resultado 
tivemos um salto realmente impressionante em nosso PIB. Em 1968 o 
crescimento do PIB brasileiro foi de 4%. Cinco anos depois, em 1973, essa 
taxa de crescimento do PIB alcançou a impressionante marca de 14%. A 
proporção do Milagre Econômico foi tão significativa que esses números 
fizeram o Brasil alcançar a posição de oitava maior economia do mundo no 
início da década de 1970. 
 
O Milagre Econômico Brasileiro foi utilizado como forma de propaganda 
do governo militar com o objetivo de conquistar o apoio da população. Foi 
nesta época que surgiram slogans tais como “Brasil: ame-o ou deixe-o” e 
“Ninguém segura este país”. Essa propaganda que exaltava as conquistas 
econômicas sob a liderança dos militares acabou servindo para esconder a 
violência praticada pelo governo e para enfraquecer os grupos políticos de 
oposição. 
 
Todavia, o Milagre Econômico Brasileiro teve um efeito colateral muito 
negativo. Este foi um período de forte concentração de renda, situação que 
favoreceu, sobretudo, a classe média brasileira, o grupo social que mais 
aproveitou todas as oportunidades proporcionadas pelo momento favorável da 
economia. De certa forma os trabalhadores também foram favorecidos, pois 
este foi um período de crescimento da oferta de vagas de emprego. Entretanto, 
não há qualquer forma de comparar o favorecimento da classe média em 
relação a massa de trabalhadores brasileiros. O primeiro grupo foi sem sombra 
de dúvidas o que mais tirou proveito do crescimento econômico ocorrido entre 
1968 e 1973. A concentração de renda neste período foi tão absurda que o 
Ministro da Fazenda Delfim Neto criou uma expressão que ficou marcada na 
história. Segundo ele, era preciso, antes de tudo, fazer o bolo crescer para só 
depois ter condições de dividi-lo. Ou seja, era necessário primeiramente fazer a 
economia brasileira crescer para depois dividir os ganhos com toda a 
população. No entanto, uma das principais características sociais do Brasil 
continua sendo a concentração de renda. Dito de outra maneira, a maior parte 
da riqueza nacional continua concentrada nas mãos de poucas pessoas. 
 
O Milagre Econômico Brasileiro foi encerrado em 1973. Neste ano 
ocorreu a famosa Crise do Petróleo, responsável pelo aumento do preço do 
produto a níveis nunca antes vistos no mercado internacional. Como 
consequência, teve início uma recessão econômica que atingiu todas as 
economias no mundo. Esta recessão econômica atravessou a década de 1970 
e perdurou até o fim dos anos 80, fazendo com que aquele momento ficasse 
conhecido como a década perdida, em razão dos baixíssimos níveis de 
crescimento econômico verificados em todo o planeta. 
 
O governo de Costa e Silva foi encerrado em agosto de 1969. O 
presidente da república teve problemas de saúde e precisou ser afastado. Uma 
junta militar ocupou o seu lugar e foi responsável pela modificação na 
Constituição de 1967 por meio da Emenda Constitucional nº 1. O objetivo era 
fortalecer e concentrar ainda mais os poderes do Executivo. Esta junta militar 
foi responsável pela escolha de outro general da linha dura para ocupar o posto 
de presidente da república. O escolhido foi o general Emílio Garrastazu Médici. 
Ele e seu governo serão analisados no próximo capítulo. 
 
Centro Nervoso das Reflexões 
 Domínio e retenção da informação 
 
1) Qual foi o contexto da criação do Ato Institucional nº5 (AI-5)? Quais eram 
suas principais características e alvos a serem atingidos? 
 
2) Explique o “Milagre Econômico Brasileiro”. De que forma ele foi explorado 
pela propaganda política da ditadura militar? 
 
3) Qual foi a relação existente entre a Crise do Petróleo de 1973 e o fim do 
Milagre Econômico Brasileiro? 
 
Respostas 
Capítulo 5 – Garrastazu Médici 
(1969-1974) e os Anos de Chumbo 
 
“Numa ditadura, nãodaria para fazer uma passeata pela democracia. Na democracia, você 
pode fazer uma passeata pedindo a ditadura”. Mario Sergio Cortella 
 
 Link para a videoaula 9 https://goo.gl/6jaT6P 
 
O período de governo do general Garrastazu Médici ficou marcado na 
história como o período mais violento e repressivo da Ditadura Militar. Este 
período é tradicionalmente conhecido como os Anos de Chumbo. Entre 1969 
e 1974 ocorreu uma violenta repressão contra os grupos políticos, instituições e 
indivíduos que faziam oposição aos governos militares. Os Atos Institucionais 
números 1, 2, 3, 4 e principalmente o AI-5, em conjunto com a Emenda 
Constitucional nº 1 e com a Constituição de 1967, forneceram aos militares as 
ferramentas jurídicas e as condições necessárias para eliminar seus opositores 
políticos. Torturas, “acidentes misteriosos”, “ataques cardíacos”, “suicídios”, e 
principalmente, os “desaparecimentos” foram comuns nesse período. Hoje, 
mais de 50 anos depois da implantação da ditadura militar no Brasil, muitas 
pessoas tentam encontrar os restos mortais de seus familiares para formalizar 
um enterro e uma despedida de seus entes queridos. Somente os militares que 
participaram desse contexto histórico são capazes de fornecer as informações 
para que isso ocorra. Os principais episódios dos “Anos de Chumbo” do regime 
militar brasileiro serão analisados a partir de agora. 
 
 
Guerrilhas no campo e na cidade 
 
A luta armada colocada em prática pelos opositores da ditadura militar 
foi um dos maiores problemas enfrentados pelo governo de Garrastazu Médici. 
O desenvolvimento das guerrilhas por parte dos grupos de oposição pode ser 
explicado pelo fechamento de todos os canais de diálogo legais por parte dos 
militares. Eles anularam a Constituição, destruíram o Estado Democrático de 
Direito, suspenderam os direitos políticos de inúmeras pessoas, acabaram com 
a representação do povo no Congresso Nacional, censuraram os meios de 
comunicação e reprimiram violentamente todo o qualquer grupo de oposição. 
Diante de um quadro como este, alguns grupos de esquerda escolheram a luta 
armada como instrumento de resistência contra o governo. A seguir, vamos 
analisar os principais momentos das guerrilhas surgidas no Brasil durante a 
Ditadura Militar. 
https://goo.gl/6jaT6P
 
Entre os movimentos de luta armada no campo podemos destacar a 
Guerrilha da Serra do Caparaó (em MG). Este grupo guerrilheiro foi liderado 
por Leonel Brizola e foi desarticulado pelos militares em um curto período de 
tempo. 
 
Temos ainda a Guerrilha do Vale da Ribeira (em SP). O líder desta vez 
era o militar Carlos Lamarca, morto pelo exército em 1971. Outro movimento 
de luta armada muito conhecido foi a Guerrilha do Araguaia (localizado no 
PA). Todos estes movimentos foram desarticulados pelo exército brasileiro. 
Analisando um pouco mais profundamente a luta armada no campo 
percebemos que ela foi colocada em prática por jovens da classe média. Este 
grupo acreditava que o capitalismo não iria se desenvolver no Brasil e que a 
implantação do socialismo iria ocorrer em um curto período de tempo, 
principalmente se houvesse o apoio da União Soviética. Na estratégia criada 
por esses guerrilheiros, assim que tivesse início a revolução socialista no Brasil 
haveria a rápida adesão do povo no campo e na cidade para ajudá-los na luta 
armada. Esta teoria não se confirmou, o apoio do povo não aconteceu e os 
jovens guerrilheiros da classe média foram derrotados por militares 
profissionais treinados pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos. 
 
 
DOI, CODI e DOPS: a inteligência da ditadura 
 
Vamos analisar os detalhes que permitiram ao governo desarticular os 
movimentos de guerrilha. Os militares criaram alguns departamentos 
especialmente para combater os indivíduos ou grupos de oposição. Os 
principais departamentos foram estes aqui. O Destacamento de Operações de 
Informações (DOI), Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) e o 
Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). DOI, CODI e DOPS eram 
os nomes dos serviços de inteligência criados especialmente para combater os 
guerrilheiros e quaisquer outros opositores da ditadura militar. Para aumentar a 
eficiência estes departamentos tiveram suas ações unificadas. Quando os 
guerrilheiros eram capturados acabavam sendo torturados (às vezes até a 
morte) para que entregassem informações sobre seus companheiros e sobre o 
planejamento do grupo. Foi nesse contexto histórico que diversos presos 
políticos "desapareceram" misteriosamente para nunca mais serem 
encontrados. Ao fazer uso de todo esse aparato repressivo os militares 
conseguiram desarticular completamente a luta armada por volta de 1974. O 
tripé composto pelo Serviço de Inteligência, torturas e assassinatos liquidou 
com a maioria dos grupos que tentavam derrubar a ditadura militar no Brasil. 
 
Falta falar ainda sobre a guerrilha urbana. Os principais grupos que 
adotaram a luta armada na cidade foram estes aqui. A Aliança Libertadora 
Nacional (ALN), cujo líder era Carlos Marighela, assassinado pelos militares 
em 1969. Houve ainda o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). 
As ações desses grupos eram caracterizadas por assaltos a bancos, carros 
fortes e sequestros de diplomatas estrangeiros para financiar o movimento de 
guerrilha e a resistência contra o governo ditatorial. A operação mais conhecida 
da guerrilha urbana brasileira foi o sequestro do embaixador dos Estados 
Unidos Charles Elbrick. Ele teve sua liberdade condicionada a libertação de 15 
presos políticos capturados pelos militares. Seguindo o mesmo modo de 
operação ocorreram posteriormente os sequestros de diplomatas do Japão, 
Suíça e Alemanha, tendo como efeito colateral uma onda ainda mais 
repressiva por parte dos militares brasileiros. 
 
 Link para a videoaula 10 https://goo.gl/bfXqBH 
 
 
A Copa do México de 1970 e a propaganda dos militares 
 
Como vimos no início do capítulo, o governo do presidente Médici ficou 
conhecido como os “Anos de Chumbo”. Para que um governo tão violento e 
repressivo se sustentasse por tanto tempo era necessário que houvesse o 
apoio da maior parte da população. Esta adesão foi obtida em grande parte 
explorando os sucessos do futebol e do Milagre Econômico Brasileiro. Vamos 
analisar detalhadamente como isso aconteceu. 
 
Um dos mais importantes instrumentos de propaganda do governo 
militar foi o tricampeonato conquistado pela seleção brasileira de futebol no 
México em 1970. O futebol era uma paixão nacional, um esporte amado por 
todo povo. Lembre-se que na década de 1970 o futebol não sofria a 
concorrência de outros esportes da mesma forma que acontece nos dias de 
hoje. Portanto, em 1970 a idolatria do povo pela seleção brasileira era muito 
maior do que nos dias atuais. Quando a Seleção comandada por Pelé 
conquistou a taça do tricampeonato no México em 1970 foi criada uma grande 
oportunidade de exploração política do evento a favor do governo. Aquela 
conquista teria sido apenas mais um reflexo do desenvolvimento e da 
competência alcançada pelos brasileiros sob a responsabilidade dos militares. 
Um dos slogans criados neste período foi "Ninguém Segura Este País!". Ou 
seja, sob a administração das Forças Armadas o Brasil teria muito mais 
conquistas a fazer, pois os militares seriam mais capacitados para comandar o 
país do que qualquer outro grupo. 
https://goo.gl/bfXqBH
 
Junto com a conquista da Copa do Mundo de 1970 houve ainda a 
exploração política do Milagre Econômico Brasileiro. O crescimento da 
economia foi outro importante motivo para que as camadas populares 
apoiassem o regime militar. O Milagre Econômico Brasileiro teve como 
consequências a maior oferta de empregos, o aumento dos níveis de consumo, 
a vinda de empresas multinacionais e um forte aumento das taxas do Produto 
Interno Bruto. A forte elevação do PIB de 4% em 1968 para 14% em 1973 fez o 
Brasil alcançar o posto de 8ª maior economia do mundo. Obviamente isto era 
motivode orgulho por parte dos brasileiros. Dessa forma, os bons números da 
economia também foram utilizados como instrumento de propaganda do 
governo. O Milagre Econômico Brasileiro era mais um sinal evidente da 
eficiência e da competência da administração liderada pelos militares no Brasil. 
Quando o Ministro Delfim Neto foi questionado a respeito da concentração de 
renda e do arrocho salarial dos trabalhadores ele disse que era preciso “fazer o 
bolo crescer” para só então dividi-lo com a população. Passados mais de 40 
anos desde esta declaração do ministro Delfim, o Brasil continua sendo um dos 
países com a maior concentração de renda do mundo. 
 
Em nosso próximo capítulo daremos início ao estudo do governo de 
Ernesto Geisel, o quarto presidente da Ditadura Militar. 
 
Centro Nervoso das Reflexões 
 Domínio e retenção da informação 
 
1) Apresente as razões que motivaram os grupos políticos de oposição a 
adotarem a luta armada contra a ditadura militar. 
 
2) Quais foram os instrumentos criados pelo governo militar para combater a 
luta armada dos grupos políticos de esquerda durante a ditadura? 
 
3) Historicamente diversos governos exploraram o esporte para promover sua 
propaganda política. Explique de que forma isso aconteceu com a conquista do 
tricampeonato na Copa do México em 1970. 
 
Respostas 
Capítulo 6 – Ernesto Geisel (1974-1979) 
e a abertura política “lenta, gradual e segura” 
 
"Se é a vontade do povo brasileiro eu promoverei a Abertura Política no Brasil. Mas chegará 
um tempo que o povo sentirá saudade do Regime Militar. Pois muitos desses que lideram o fim 
do Regime não estão visando o bem do povo, mas sim seus próprios interesses." General 
Ernesto Geisel 
 
 Link para a videoaula 11 https://goo.gl/9Z30dm 
 
A abertura política e a “Coexistência Pacífica” 
 
Ernesto Geisel foi o homem que esteve no comando da ditadura militar 
brasileira entre os anos de 1974 e 1979. A principal característica de seu 
governo foi o início de um processo de abertura política do país. De acordo 
com as palavras do próprio presidente esta abertura política deveria ser “lenta, 
gradual e segura”. 
 
Nós precisamos entender melhor o que significa uma abertura política 
“lenta, gradual e segura”. Em primeiro lugar, é preciso compreender o contexto 
histórico internacional no qual foi tomada esta nova direção do governo militar. 
Nós precisamos compreender o que estava acontecendo no mundo na década 
de 1970 para que haja um bom entendimento do motivo pelo qual os militares 
brasileiros resolveram colocar em prática um processo de abertura política em 
nosso país. 
 
Nos capítulos anteriores vimos que a implantação de regimes ditatoriais 
no Brasil e na América Latina foi influenciada pelo contexto da Guerra Fria. 
Depois da Revolução Cubana e da Crise dos Mísseis o governo dos Estados 
Unidos passou a apoiar e financiar a instalação de ditaduras militares na 
América Latina para impedir o surgimento de novos governos socialistas 
apoiados pela União Soviética. Na década de 1970 as coisas mudaram 
significativamente. Se no início da década de 1960 o mundo ficou à beira de 
uma guerra nuclear envolvendo Estados Unidos e União soviética, na década 
seguinte as duas maiores potências do planeta adotaram a “Política de 
Coexistência Pacífica”. A coexistência pacífica teve como principal 
característica uma série de tentativas de aproximação entre norte-americanos e 
soviéticos com a intenção de reduzir a confrontação armada entre os dois 
países, uma vez que esta disputa apresentava a possibilidade de uma guerra 
nuclear. Para que você tenha ideia dos esforços de diálogo feitos entre Estados 
https://goo.gl/9Z30dm
Unidos e União Soviética basta lembrar que ocorreu até mesmo uma visita do 
presidente soviético Nikita Kruschev aos EUA para discutir acordos 
diplomáticos para restringir a produção de armas nucleares. Durante a década 
de 1970 ocorreu uma relativa flexibilidade nas relações envolvendo Estados 
Unidos e União Soviética. 
 
Ou seja, a abertura política “lenta, gradual e segura” proposta pela 
ditadura militar brasileira era um reflexo do momento vivido na Guerra Fria. A 
maleabilidade nas relações envolvendo EUA e União Soviética produziu uma 
flexibilidade relativa no regime ditatorial implantado no Brasil. O que o 
presidente Geisel queria dizer com sua abertura “lenta, gradual e segura” é que 
o Brasil seria lentamente, muito lentamente, redemocratizado de acordo com 
os limites e condições impostas pelos militares. 
 
 
A Crise do Petróleo e o fim do Milagre Econômico Brasileiro 
 
Um importante acontecimento do governo de Ernesto Geisel foi o fim do 
milagre econômico brasileiro. A partir de 1974 o Brasil sentiu o impacto da 
Crise do Petróleo, responsável por afundar a economia mundial em uma longa 
recessão econômica. No Brasil, assim como no restante do mundo, a 
diminuição da atividade econômica gerou desemprego, redução das trocas 
comerciais entre os países e inflação. Esses efeitos foram sentidos ao longo de 
toda a década de 1980. O aumento dos juros no mercado internacional fez a 
dívida externa brasileira alcançar patamares inéditos. O endividamento que era 
de 3,9 bilhões de dólares em 1964 atingiu o valor de 43,5 bilhões de dólares no 
ano de 1978. 
 
A Crise do Petróleo e o fim do Milagre Econômico Brasileiro sinalizavam 
que tempos difíceis estavam chegando para ficar por um prazo que ninguém 
era capaz de prever. Com o objetivo de tentar reverter os resultados negativos 
deste novo contexto econômico o governo promoveu o II Plano Nacional de 
Desenvolvimento (PND). Investimentos significativos foram feitos no setor 
petrolífero, tendo início a extração de petróleo em águas profundas, uma 
inovação tecnológica genuinamente brasileira. 
 
Outra inovação tecnológica de destaque foi Proálcool, um programa que 
desenvolveu a utilização do etanol como combustível. É importante ressaltar a 
importância desse desenvolvimento tecnológico. Veja bem, atualmente o 
mundo inteiro discute o desenvolvimento econômico sustentável, 
principalmente por meio da redução das emissões de CO² em função da 
destruição da camada de ozônio e do consequente aquecimento global. Em 
plena década de 1970 o Brasil desenvolveu um combustível altamente 
sustentável. Durante a primeira fase de seu ciclo de produção o Etanol é uma 
planta (a cana de açúcar, consumindo gás carbônico e produzindo oxigênio 
durante seu processo de fotossíntese). Quando o caldo da cana é processado 
industrialmente ele se transforma em etanol (o álcool combustível, desta vez 
emitindo CO²). Ou seja, a mais de 40 anos atrás o Brasil foi capaz de produzir 
uma alternativa energética inovadora e altamente sustentável quando 
comparada com a utilização do petróleo. Ninguém entende mais de cana de 
açúcar do que Brasil. Nós plantamos cana de açúcar a mais de 400 anos. O 
Brasil desenvolveu um conhecimento a respeito de solos, climas e de 
variedade de cana de açúcar que é único no mundo. Ou seja, o potencial de 
exploração desta tecnologia ainda é muito grande. Neste período nós tivemos 
ainda acordos assinados entre Brasil e Alemanha Ocidental com o objetivo de 
construir as usinas termonucleares de Angra dos Reis. 
 
 Link para a videoaula 12 https://goo.gl/3T08zb 
 
 
Os obstáculos do processo de redemocratização 
 
Como dissemos no início deste capítulo, o governo de Ernesto Geisel foi 
caracterizado por um processo de abertura política lenta, gradual e segura. 
Isso significa que o nosso país estava passando, a partir daquele momento, por 
um lento processo de redemocratização, dentro dos limites estabelecidos pelo 
governo militar. 
 
Houve, portanto, uma flexibilização relativa do regime militar. 
Flexibilização relativa significa que a ditadura brasileira estava em um processo 
de abertura parcial. Ou seja, o Brasil estava em um processo de 
redemocratização comandado pelos militares. Não obstante este processo de 
abertura política, ocorreram retrocessos,muitos retrocessos. Ou seja, ao 
mesmo tempo em que os militares colocavam em prática a abertura política, 
outro grupo bem mais radical (contrário ao retorno da democracia) praticava 
atos repressivos extremamente violentos. Este é o foco de nossa atenção a 
partir de agora. 
 
Em 1974 tivemos como ponto positivo o crescimento eleitoral do 
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), pois este partido político, que fazia 
oposição ao governo militar, alcançou a vitória nas eleições legislativas. Ou 
seja, o MBD conquistou a maioria da representação política do Congresso 
https://goo.gl/3T08zb
Nacional, tendo maiores condições de fazer oposição à ditadura militar. Por 
outro lado, o aspecto negativo ficou por conta da cassação do mandato do 
deputado Francisco Pinto, depois que ele fez um pronunciamento ofensivo ao 
regime ditatorial chileno. Veja bem, o fato de ter feito um pronunciamento 
ofensivo ao governo militar de outro país foi motivo suficiente para que o seu 
mandato como deputado federal fosse cassado pelo governo brasileiro. 
 
Em 1975 as atividades de censura do regime militar foram parcialmente 
suspensas, algo que sinalizava para um lento retorno da liberdade de 
expressão em nosso país. Por outro lado, o jornalista Vladimir Herzog foi 
assassinado nas dependências do DOI-CODI em SP. No atestado de óbito do 
jornalista (produzido pelos militares) constava morte por suicídio. Entretanto, 37 
anos depois este documento foi alterado depois de investigações conduzidas 
pela Comissão da Verdade (órgão criado durante o governo da presidente 
Dilma Rousseff, cuja finalidade é apurar as violações aos Direitos Humanos no 
Brasil no período compreendido entre 1946 e 1988). No novo atestado de óbito 
consta morte causada por atos de tortura praticados nas dependências do 2º 
Exército, em São Paulo. 
 
A partir de 1976 ocorreram tentativas de conter as ações violentas da 
“Linha Dura” do regime militar. “Linha dura” era o nome pelo qual ficaram 
conhecidos os militares que se opunham ao processo de redemocratização do 
Brasil e que continuavam torturando e matando os indivíduos que criticavam a 
ditadura brasileira. O general Ednardo D’ávila (comandante do II Exército de 
SP) foi destituído de sua função, uma vez que ele tinha conhecimento e 
concordava com as práticas violentas que ocorriam dentro do órgão que ele 
comandava. Por outro lado, a “Linha Dura” continuava agindo com as práticas 
que eram de seu costume. A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de 
Janeiro (OAB-RJ) sofreu um atentado a bomba. No mesmo ano o operário 
Manoel Fiel Filho foi assassinado na prisão do DOI-CODI. Ocorreu também a 
decretação da Lei Falcão, uma lei que tinha como objetivo limitar a propaganda 
política na televisão. Ainda neste capítulo iremos analisar essa lei com maiores 
cuidados. Por enquanto basta você saber que sua principal intenção era 
diminuir a capacidade do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) de 
conseguir uma nova vitória contra o governo militar nas eleições 
parlamentares. 
 
O ano de 1977 foi marcado por um forte retrocesso na abertura política 
que estava em curso no Brasil. Ocorreu o fechamento do Congresso Nacional. 
Ou seja, novas leis seriam colocadas em prática sem a discussão e votação 
dos parlamentares. E, obviamente, as novas leis estariam em acordo com os 
interesses da ditadura militar brasileira. Não deu outro resultado. Logo na 
sequência do fechamento do Congresso Nacional ocorreu a decretação do 
Pacote de abril, lei que tinha como objetivo principal limitar a representação 
parlamentar dos grupos de oposição no Congresso Nacional. Pacote de Abril e 
Lei Falcão serão alvos de análise detalhada neste livro um pouco mais à frente. 
 
Por fim, em 1978 ocorreram novas ações que sinalizavam a 
continuidade da abertura política do governo brasileiro. Neste ano tivemos a 
revogação, ou seja, a anulação do AI-5, o mais violento e repressivo de todos 
os Atos Institucionais criados pela ditadura. Outro aspecto positivo foi a 
revogação da pena de morte e da prisão perpétua, leis que tinham como 
objetivo principal punir e eliminar os opositores do governo. Neste novo 
contexto as manifestações de oposição ao regime militar começaram a ganhar 
muita força. Dentre estes movimentos é importante citar as famosas greves no 
ABC paulista (lideradas pelo metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva) e também 
em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas 
Gerais. 
 
O COOJORNAL de Porto Alegre destacou no dia 18 de junho de 1977 
um dos principais instrumentos usados pelo governo militar para eliminar a 
oposição. Trata-se da cassação dos mandatos dos deputados que faziam 
oposição ao governo. O conteúdo do jornal foi analisado pelo Serviço Nacional 
de Informações (SNI), órgão que tinha a função de descobrir e reprimir as 
ações políticas contrárias à ditadura militar brasileira. 
 
 Link para a videoaula 13 https://goo.gl/sb4AO3 
 
 
Torturas, desaparecimentos e mortes misteriosas 
 
Estamos na parte final dos estudos do governo de Ernesto Geisel. A 
partir de agora daremos destaque para a análise das pessoas desaparecidas 
durante a ditadura militar, para o Pacote de Abril e para a Lei Falcão. 
 
No dia 16 de maio de 2012 teve início a "Comissão da Verdade", cujo 
objetivo é apurar as violações aos Direitos Humanos no Brasil entre 1946 e 
1988. As investigações da Comissão da Verdade são extremamente 
importantes, pois estão permitindo rever e reescrever inúmeros episódios da 
História brasileira ocorrida durante a Ditadura Militar. Entre 1964 e 1985 a 
História do Brasil foi escrita de acordo com o ponto de vista e a versão oficial 
dos militares que comandaram o Brasil. A História do Brasil está sendo 
https://goo.gl/sb4AO3
reescrita a partir de novos dados e novas versões. Por exemplo: de acordo 
com a versão do governo da ditadura militar, a morte do jornalista Vladmir 
Herzog (ocorrida no ano de 1975) foi causada por suicídio. Na versão atual, 
depois das investigações da Comissão da Verdade, a morte ocorreu em função 
da tortura praticada pelos militares. Outras mortes misteriosas de grandes 
opositores da ditadura brasileira ainda são um grande mistério. Veja os 
seguintes casos. 
 
A morte de João Goulart no ano de 1976 teria ocorrido em decorrência 
de um ataque cardíaco. Isto de acordo com a versão sustentada pela ditadura. 
Atualmente este caso está sob investigação. O corpo do ex-presidente foi 
exumado e novos exames periciais estão sendo realizados. Existe a suspeita 
de que tenha ocorrido um envenenamento. 
 
Situação semelhante ocorreu com o jornalista Carlos Lacerda. Na versão 
da Ditadura Militar ele morreu em 1977 depois de sofrer um ataque cardíaco. 
Outro ex-presidente brasileiro que morreu sob condições suspeitas foi 
Juscelino Kubitschek de Oliveira. Na versão da Ditadura Militar a morte foi 
causada por um acidente automobilístico no ano de 1976. Desaparecimentos, 
suicídios, ataques cardíacos e acidentes de automóveis. Era assim que o 
governo conduzido pelos militares eliminava todos aqueles que discordavam de 
suas ações políticas. 
 
 
Lei Falcão e o Pacote de Abril 
 
A partir de agora vamos focalizar a nossa atenção na Lei Falcão e no 
Pacote de Abril. Antes de começar as explicações é importante resgatar 
algumas informações a respeito do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). 
O MDB era um partido político que fazia parte do sistema bipartidário criado 
pelo governo militar. Portanto, estamos falando de apenas dois partidos 
políticos com autorização para funcionar no Brasil durante a ditadura militar. De 
um lado estava a ARENA, o partido político do governo; e do outro lado estava 
o MDB, um partido político que fazia oposição aos militares. Entretanto, esta 
era uma situação de oposição política consentida, permitida, autorizada pela 
ditadura militar. Ou seja, o MDB só existia por causa da autorização dada pelos 
militares. 
 
Houve uma situação relacionada ao bipartidarismo que trouxeum 
grande desconforto aos militares. Trata-se do sucesso alcançado pelo MDB 
nas eleições parlamentares de 1974. Vamos tentar explicar o que isso significa. 
Quando o partido do governo tem a maioria de deputados e senadores no 
Congresso Nacional isto significa que ele vai conseguir a aprovação das leis de 
seu interesse, sem maiores dificuldades. Por outro lado, quando o partido que 
faz oposição ao governo possui a maioria no Parlamento a situação se inverte. 
Em outras palavras, torna-se quase impossível conseguir a aprovação de 
alguma lei sem que haja o atendimento dos interesses do grupo político de 
oposição. Portanto, a vitória alcançada pelo MDB nas eleições parlamentares 
de 1974 causou grande temor entre os militares, que por sua vez, passaram a 
agir para evitar que a situação se repetisse nas eleições de 1978. Foi com esse 
objetivo que foram criadas a Lei Falcão e o Pacote de Abril. É sobre elas que 
iremos falar a partir de agora. 
 
A Lei Falcão, criada em 1976, é bem simples de entender. Esta lei 
limitou a propaganda política no rádio e na televisão. O objetivo era restringir 
ao máximo possível a comunicação da oposição (representada pelo MDB) com 
as camadas populares. Por exemplo, durante a propaganda eleitoral na 
televisão os candidatos ficavam parados, segurando uma placa com o seu 
nome e número, sem o direito de falar nada. Esta restrição na comunicação 
evitaria que o MDB criticasse o regime militar durante a propaganda eleitoral e 
aumentasse a sua popularidade perante o público. 
 
O Pacote de Abril foi criado em 1977. Esta lei tinha como objetivo 
limitar a representação parlamentar do MDB no Congresso Nacional. A 
primeira medida do Pacote de Abril foi fechar o Congresso Nacional e colocá-lo 
em recesso depois que os parlamentares (cuja maioria era do MDB) 
recusaram-se a aprovar a lei de reforma do Poder Judiciário. A Lei Falcão 
também estabeleceu a extensão do mandato presidencial para o prazo de seis 
anos e eleições indiretas foram mantidas para os cargos de governador e 
deputado federal. Outra novidade do Pacote de Abril foi a criação do senador 
biônico, que reservou um terço de todas as vagas no Congresso Nacional para 
deputados (e senadores) escolhidos pelo próprio governo militar. 
 
A adoção dessas medidas restritivas demonstrava que o processo de 
abertura política lenta, gradual e segura de Ernesto Geisel possuía muitos 
retrocessos. Ainda assim, o contexto histórico era bem diferente daquele da 
década de 1960 e a população já conseguia perceber que o fim da ditadura 
militar no Brasil era uma questão de tempo. Uma eleição indireta ocorrida no 
ano de 1978 estabeleceu que João Figueiredo seria o novo presidente do 
Brasil, o último do período militar. É sobre ele que iremos falar em nosso último 
capítulo. 
 
Centro Nervoso das Reflexões 
 Domínio e retenção da informação 
 
1) Analise a relação existente entre a política de abertura política “ampla, 
gradual e segura” do governo Geisel com o novo contexto da Guerra Fria em 
1970 conhecido como “Coexistência Pacífica”. 
 
2) O que era a “Linha Dura” da ditadura brasileira? Quais foram suas principais 
ações durante o período de abertura política? 
 
3) Quais foram os objetivos do governo com a criação da Lei Falcão e do 
Pacote de Abril? 
 
Respostas 
Capítulo 7 - João Baptista Figueiredo (1979-1985), 
as “Diretas Já” e a Emenda Dante de Oliveira 
 
"Vou fazer desse país uma democracia e, se alguém for contra a abertura, eu prendo e 
arrebento". General João Figueiredo 
 
 Link para a videoaula 14 https://goo.gl/w8558x 
 
Chegou a vez de iniciar o estudo do governo de João Figueiredo, o 
quinto e último presidente da ditadura militar brasileira. Ele governou o nosso 
país entre os anos de 1979 e 1985. Nesta parte do livro daremos destaque 
para a crise econômica da década de 1980; para as ações violentas da Linha 
Dura da Ditadura Militar, que tentava impedir o processo de redemocratização 
do Brasil; e para a Lei da Anistia, que pretendia ser ampla, geral e irrestrita. 
 
A década de 1980 representa um momento de fronteira na política e na 
vida social do povo brasileiro. Havia basicamente dois caminhos a seguir: o 
retorno à democracia ou a manutenção da ditadura militar. A maioria da 
população escolheu o retorno à democracia. Contudo, ainda havia um grupo 
que pretendia manter o governo ditatorial e colocar obstáculos para que a 
democracia não retornasse ao dia a dia do povo brasileiro. É sobre este 
processo de redemocratização que vamos falar a partir de agora. 
 
 
Economia e a década pedida 
 
O Governo de João Baptista Figueiredo teve início em meio a uma grave 
crise econômica. Neste momento da aula você deve se lembrar que esta 
situação ainda é um efeito da famosa Crise do Petróleo de 1973. O elevado 
aumento do preço do barril de petróleo no início da década de 1970 produziu 
efeitos negativos que atravessaram toda a década seguinte. A redução da 
atividade econômica em todo o mundo foi tão grande que no Brasil o período 
dos anos 80 ficou conhecido como a década perdida. O país vivenciava uma 
forte recessão da atividade econômica, ou seja, a economia brasileira passava 
por sérias dificuldades. No início da década de 1980 o Brasil enfrentava 
elevadas taxas inflacionárias, desvalorização da moeda nacional, arrocho 
salarial e elevação do nível de vida, das taxas de desemprego e da dívida 
externa. Além disso, ocorreu a tomada de novos empréstimos junto ao Fundo 
Monetário Internacional (FMI), fazendo a dívida brasileira crescer ainda mais. 
https://goo.gl/w8558x
 
 
Anistia ampla, geral e irrestrita 
 
No caminho da redemocratização do Brasil é importante destacar que 
em 1979 foi aprovada a Lei da Anistia ampla, geral e irrestrita. Esta lei anistiou, 
ou seja, perdoou todas as pessoas que haviam sido perseguidas pela ditadura 
militar em razão de suas ideias políticas. A exceção ficou por conta dos 
indivíduos envolvidos com o terrorismo e a luta armada, que continuaram 
impedidos de retornar ao país. A grande polêmica da Lei da Anistia é que ela 
também foi aplicada aos militares que torturaram e mataram os indivíduos que 
fizeram oposição ao regime ditatorial instalado no Brasil. 
 
Quem não gostou nada do processo de retomada da democracia no 
Brasil foi a “Linha Dura”. Lembre-se, “Linha Dura” é a expressão pela qual 
ficou conhecido o grupo mais radical e violento das Forças Armadas, que 
continuava a perseguir e praticar ações violentas contra os opositores políticos 
da ditadura brasileira. Este grupo reagiu com violência contra a 
redemocratização do país. Os militares radicais continuavam organizando um 
conjunto de ações para intimidar a sociedade civil no processo de abertura 
política. Bancas de revista foram incendiadas no Rio de Janeiro e São Paulo, o 
jurista Dalmo Dallari foi sequestrado e agredido; no Rio de Janeiro ocorreram 
atentados a bomba na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na 
Câmara Municipal e no Rio-Centro. 
 
 Link para a videoaula 15 https://goo.gl/LIWl3A 
 
Vamos analisar a partir de agora a reforma partidária que deu origem a 
novos partidos políticos, tais como o PMDB, PT, PDS, PTB e PDT. Também 
vamos falar sobre o “Movimento das Diretas Já” e sobre a Emenda Dante de 
Oliveira. Para finalizar o capítulo abordaremos o processo de eleição indireta 
que envolveu a disputa pela presidência da república entre Tancredo Neves e 
Paulo Maluf, terminando com a tomada da direção do país por José Sarney. 
 
 
A volta dos partidos políticos 
 
No ano de 1979 foi promovida uma reforma partidária. Era o fim do 
bipartidarismo, que envolvia apenas dois partidos políticos. Como já é de seu 
https://goo.gl/LIWl3A
conhecimento havia apenas a Arena (partido político do governo militar) e o 
MDB (partido político da oposição que só existia por causa da autorização dada 
pelos militares). Com a reforma política foi estabelecido o pluripartidarismo, ou 
seja, foi dada a permissão para que vários

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