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Trechos de documentos do Brasil Colonial (1)

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Trechos de documentos do Brasil Colonial 
· Manoel da Nóbrega, ano de 1558, Bahia. Reação sobre a legitimidade das guerras justas.
“Os que mataram a gente da nau do Bispo se podem logo castigar e sujeitar, e todos os que estão apregoados por inimigos dos cristãos, e os que querem quebrantar as pazes, e os que têm escravos dos cristãos e não os querem dar, e todos os mais que não quiserem sofrer o jugo justo que lhes derem e por isso se alevantarem contra os cristãos. Sujeitando-se o gentio, cessarão muitas maneiras de haver escravos mal havidos e muitos escrúpulos, porque terão os homens escravos legítimos, tomados em guerra justa, e terão serviço e vassalagem dos Índios.”
· Antônio Vieira: XIV da Série do Rosário, de 1633, pregado à comunidade de escravos de um engenho da região de Plataforma do Recôncavo Baiano, sendo, como já foi dito, o primeiro sermão proferido por Vieira, inclusive antes de sua ordenação sacerdotal, por solicitação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
“E que coisa há na confusão deste mundo mais semelhante ao inferno que qualquer destes vossos engenhos, e tanto mais quanto de maior fábrica? Por isso foi tão bem recebida aquela breve e discreta definição de quem chamou a um engenho de açúcar doce inferno. E, verdadeiramente, quem vir na escuridade da noite aquelas fornalhas tremendas perpetuamente ardentes; as labaredas que estão saindo a borbotões de cada uma, pelas duas bocas ou ventas por onde respiram o incêndio; os etíopes ou ciclopes banhados em suor, tão negros como robustos, que soministram a grossa e dura matéria ao fogo, e os forcados com que o revolvem e atiçam; as caldeiras, ou lagos ferventes, com os cachões sempre batidos e rebatidos, já vomitando escumas, já exalando nuvens de vapores mais de calor que de fumo, e tornando-os a chover para outra vez os exalar; o ruído das rodas, das cadeias, da gente toda da cor da mesma noite, trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao mesmo tempo, sem momento de tréguas nem de descanso; quem vir, enfim, toda a máquina e aparato confuso e estrondoso daquela Babilônia, não poderá duvidar, ainda que tenha visto Etnas e Vesúvios, que é uma semelhança de inferno.”
· João Filipe Bettendorff, 1698, Maranhão. Detalhes sobre o começo da epidemia das Bexigas de 1695. Segundo ele, as bexigas teriam chegado ao Estado do Maranhão numa embarcação que trouxe escravos de Angola.
“Como no navio dos tapanhunos tinha vindo uma pessoa malsã de bexigas, e por isso estava proibido de chegar-se a ancorar no porto da cidade, e por que o capitão e mestre da nau negavam haver nele bexigas, e faziam seus protestos à Câmara pelas perdas e danos, foi deixado entrar, estando os moradores com os olhos nos tapanhunos; porém o que parecia ser para seu remédio, foi para sua grande ruína, porque com eles, os tapanhunos, entraram as câmaras e febres, que mataram muita gente, não ficando de fora os que tinham alguma mistura de sangue de índios e negros, e nem por isso parou o mal, porque se antes de partir o padre superior da missão e o governador do Maranhão ia morrendo tanta gente dessas moléstias, entrando as bexigas, depois deles partido, morreu gente sem comparação muito mais.” 
· Jorge Benci, 1700, Bahia. Discurso I da Economia Cristão dos Senhores no Governo dos Escravos.
“A desculpa comum e vulgar dos senhores e senhoras do Brasil nesta matéria, é dizerem que suas posses não chegam a poder vestir tanto número de escravos e escravas. Boa razão era esta, se eu obrigasse a dar-lhes vestidos e galas de grande preço. Mas nem eu, nem Deus obriga a tanto; senão só a cobrir de tal sorte os escravos, e principalmente as escravas, que não andem indecentemente vestidos. E se houver quem diga que nem com esse vestido, assim decente e de pouco custo, pode acudir aos seus escravos; eu lhe responderei, que se não tem posses para os vestir, não tenha posses para os ter. E senão, dizei-me: se não tivésseis com que pagar ao trabalhador o seu trabalho, havíeis de alugar? É certo que não. Pois do mesmo modo: se não tendes com que vestir os escravos, é justo que tenhais? Também digo que não; porque igualmente é devido o vestido ao escravo e o jornal ao trabalhador.”

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