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Dissertacao-Alexsandra CASA NOVA

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ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ 
 
CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE 
CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ - RN 
2013 
 
ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ 
CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE 
CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Ciência do Solo, da Universidade Federal Rural do 
Semiárido (UFERSA), como parte dos requisitos para 
obtenção do título de Mestre em Ciência do Solo. 
 
 
 
ORIENTADORA: D.Sc. ALESSANDRA MONTEIRO SALVIANO 
MENDES 
 
CO-ORIENTADOR: D.Sc. TONY JARBAS FERREIRA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ - RN 
2013 
 
 
 
ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ 
 
CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE 
CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Ciência do Solo, da Universidade Federal Rural do 
Semiárido (UFERSA), como parte dos requisitos para 
obtenção do título de Mestre em Ciência do Solo. 
APROVADA EM: 28 de FEVEREIRO de 2013 
 
 D.Sc. Alessandra Monteiro Salviano Mendes - EMBRAPA 
Orientadora 
 
D.Sc. Nelci Olszevski – UNIVASF 
Membro externo 
 
D.Sc. Davi José Silva- EMBRAPA/UFERSA 
Membro 
 
 
 
 
D.Sc. Vanderlise Giongo- EMBRAPA 
Membro externo 
AGRADECIMENTOS 
A DEUS, pela existência da natureza em toda sua complexidade e por me conceder saúde para 
concretizar meus sonhos. 
À Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, através do Programa de Pós-Graduação em 
Ciência do Solo, pela oportunidade de cursar e concluir o Mestrado em Ciência do Solo. 
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Pela concessão da 
bolsa de estudos. 
À Embrapa Semiárido (CPATSA) por oportunizar a realização desse trabalho. 
À Alessandra Monteiro Salviano Mendes, meus sinceros agradecimentos pela orientação, 
ensinamentos, amizade e paciência ao longo de todo o trabalho. 
Aos pesquisadores e pedólogos Tony Jarbas Ferreira Cunha e Manoel Batista de Oliveira Neto, por 
todos os ensinamentos práticos nas coletas e caracterização dos solos, pela disponibilidade e 
amizade. 
À professora Nelci Olszevski, por ter cedido o Laboratório de Física do Solo na Universidade 
Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) para a realização das análises, pelo acolhimento na 
realização do estágio de docência e ajuda nos momentos de dúvidas. 
Aos funcionários do Laboratório de Solos, Água e Planta (EMBRAPA/CPATSA), em especial a 
Viviane Lima, Luciana Martins, Emanoel Siqueira, Alexandre Santos, Adalberto Silva, Hélio 
Barbosa e Gilberto Silva pela ajuda e amizade. 
Aos meus colegas da Pós-Graduação em Ciência do Solo, por todos os momentos de aprendizado e 
alegria vividos. 
A todos os meus amigos, em especial Eliene Gomes, Mara Medeiros e Iza Pereira pela amizade 
sincera, companheirismo e torcida para que meus sonhos sejam alcançados. 
A todas as amizades que fiz em Petrolina – PE, em especial a Daniela Siqueira, Joyce Reis, 
Claudine Martins, Daianni Barbosa, Larissa Carvalho, Gilmara Pires, Tamires Santos, Sálvio 
Arcoverde, Janiele Pereira, Flávia Santana, Patrícia Nascimento, Carolina Rodrigues. 
A minhas sobrinhas, Ana Carolina e Anne Beatriz pelo amor e carinho a mim dedicados. 
A todos os professores que contribuíram na minha formação, em especial aos do Curso de 
Geografia (UERN) e aos da Pós-Graduação em Ciência do Solo (UFERSA). 
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A vida me ensinou a nunca desistir, nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir. 
Podem me tirar tudo que tenho, só não podem me tirar as coisas boas que eu fiz pra quem eu 
amo (...) 
Histórias, nossas histórias, dias de luta de glória (...) 
 
(Chorão/Tiago - Charlie Brown Jr) 
RESUMO 
 
QUEIROZ, Alexsandra Fernandes de. Caracterização e classificação de solos do município de 
Casa Nova-BA para fins de uso, manejo e conservação. 2013. 75p. Dissertação (Mestrado em 
Ciência do Solo) - Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró - RN, 2013. 
 
As alterações provocadas no meio ambiente decorrentes das intervenções antrópicas sem um 
adequado planejamento, para proporcionar o crescimento econômico, ocasionam a degradação dos 
recursos naturais. Para utilização mais adequada do solo, faz-se necessário conhecer seus atributos 
morfológicos, físicos e químicos, que auxiliarão na proposição de técnicas de manejo mais 
adequadas para as condições locais visando melhorar a qualidade do solo e consequentemente da 
água do Lago de Sobradinho. Assim, esse trabalho tem como objetivo realizar a classificação e 
caracterização morfológica, física e química de cinco classes de solos mais representativas no 
município de Casa Nova-BA com a finalidade de avaliar suas potencialidades e limitações para o 
uso agrícola. Foram selecionadas cinco áreas no município de Casa Nova-BA, área de entorno do 
Lago de Sobradinho onde foram abertas trincheiras para estudos morfológicos e coleta de amostras 
para realização das análises físicas e químicas. Os solos estudados foram os seguintes: 
CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve, ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO 
Eutrófico abrúptico – PVAe, NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo, 
PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd, ARGISSOLO AMARELO 
Eutrófico típico – PAe. De maneira geral, os solos estudados apresentam boas características físicas, 
representadas principalmente pelos valores encontrados de densidade de solo, grau de floculação e 
porosidade total, que não oferecem sérios impedimentos para o uso agrícola. O Cambissolo Háplico 
(CXve) apresenta drenagem deficiente, ocasionada principalmente pela predominância de 
microporos, o que proporciona uma maior retenção de umidade. O Argissolo Vermelho-Amarelo 
(PVAe) apresenta como principal limitação física a forte presença de cascalhos e calhaus, o que 
pode impedir o desenvolvimento de plantas com sistema radicular profundo, bem como limitar o 
uso de máquinas. O Neossolo Quartzarênico (RQo) e o Argissolo Amarelo (PAe) não apresentam 
limitações relacionadas à drenagem por serem mais arenosos, facilitando nesse sentido o manejo, 
sem oferecer fortes riscos de compactação. No Planossolo Háplico (SXd) ocorre limitação à 
drenagem, mesmo sendo muito arenoso, devido a cimentação presente no horizonte Bt. O 
Cambissolo Háplico (CXve) e o Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) são solos naturalmente 
férteis pois apresentam maiores quantidades de nutrientes disponíveis para as plantas. O Neossolo 
Quartzarênico (RQo), o Planossolo Háplico (SXd) e o Argissolo Amarelo (PAe) apresentam baixa 
fertilidade natural, onde faz-se necessário o uso adequado de um programa de fertilização para que 
o uso agrícola dos mesmos seja rentável. A quantidade de MO é baixa em todos os solos, o uso de 
sistemas de manejo que visem seu acúmulo e manutenção em níveis adequados nesses solos 
contribuirá para o aumento da CTC, bem como para melhoria de suas propriedades químicas. 
 
 
Palavras-chave: Uso agrícola sustentável. Qualidade do solo. Atributos químicos e físicos. 
Limitações de uso. Degradação do solo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
QUEIROZ, Alexsandra Fernandes de. Characterization and classification of soils in Casa Nova-
BA for its intended use, management and conservation. 2013. 75p. Dissertation (Masters in Soil 
Science) - Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró - RN, 2013. 
 
The alterations provoked in the environment resulting from human interventions without an 
adequate planning, for providingeconomic growth, caused the degradation of natural resources. For 
more appropriate use of the soil, it is necessary to know its attributes morphologicals, physicals and 
chemicals, that will assist in the proposition of techniques of management more appropriate to local 
conditions aiming to improve soil quality and consequently the water of Lake of the Sobradinho. 
Thus, this study aims to perform the classification and morphological, physical and chemical 
 characterization of the five soil classes more representative in Casa Nova-BA with the purpose of 
evaluate their potential and limitations for agricultural use. We selected five areas in the 
municipality of Casa Nova-BA, the area surrounding of the Lake of Sobradinho where trenches 
were opened for studies morphological and collecting of the samples to realization of the physical 
and chemical analyses. The soils studied were: Haplic Cambisol, Red Yellow Argisol, Quartzarenic 
Neosol, Haplic Planosol, Yellow Argisol. In general, the soils have good physical characteristics, 
mainly represented by the values found in soil density, degree of flocculation and total porosity, 
which do not offer serious impediments to agricultural use. The Haplic Cambisol has deficient 
drainage, mainly caused to the predominance of micropores, which provides a greater humidity 
retention. The Red Yellow Argisol presents the main physical limitation the strong presence of 
gravel and pebbles, which can prevent the development of plants with deep root system, as well as 
limiting the use of machines. The Quartzarenic Neosol and Yellow Argisol does not present 
limitations related to drainage are more sandy, facilitating the management in this sense, without 
offering strong risk of compaction. In the Haplic Planosol is limited the drainage, even being very 
sandy, due the cementation present in the Bt horizon. The Haplic Cambisol and Red Yellow Argisol 
are naturally fertiles soils because they present greater amounts of nutrients avaiables to plants. The 
Quartzarenic Neosol, the Haplic Planosol and Yellow Argisol present low natural fertility, where it 
is necessary to the appropriate use of a fertilization program for the agricultural use of them is 
profitable. The quantity of OM (Organic Mater) is low in all soils, the use of management systems 
aimed its accumulation and maintenance at appropriate levels in these soils contribute to the 
increase in CEC (Cation Exchange Capacity), as well as to improve their chemical properties. 
 
 
Keywords: Sustainable agricultural use. Soil quality. Chemical and physical attributes. Limitations 
of use. Soil degradation. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Atributos morfológicos de cinco classes de solos representativas da 
região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA............ 22 
Tabela 2 Atributos físicos de cinco classes de solos representativas da região 
de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-
BA........................................................................................................................ 29 
Tabela 3 Atributos químicos de cinco classes de solos representativas da 
região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-
BA........................................................................................................................ 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos 
representativas da região de entorno do lago de Sobradinho, município de 
Casa Nova-BA..................................................................................................... 15 
Figura 2 Perfil e aspecto de paisagem de um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta 
Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, 
município de Casa Nova-BA............................................................................... 19 
Figura 3 Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO Eutrófico abrúptico localizado na região de entorno do lago de 
Sobradinho, município de Casa Nova-BA.......................................................... 23 
Figura 4 Perfil e aspecto de paisagem de um NEOSSOLO 
QUARTZARÊNICO Órtico típico localizado na região de entorno do lago de 
Sobradinho, município de Casa Nova-BA......................................................... 24 
Figura 5 Perfil e aspecto de paisagem de um PLANOSSOLO HÁPLICO 
Distrófico espessarênico fragipânico localizado na região de entorno do lago 
de Sobradinho, município de Casa Nova-BA...................................................... 25 
Figura 6 Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO AMARELO 
Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, 
município de Casa Nova-BA............................................................................... 27 
Figura 7 Percentagem de agregados (%) por classe de diâmetro, no perfil de 
cinco solos localizados na região de entorno do lago de Sobradinho, 
município de Casa Nova-BA............................................................................... 35 
Figura 8 Curva característica de retenção de água de um CAMBISSOLO 
HÁPLICO Ta Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de 
Sobradinho, município de Casa Nova-BA.......................................................... 37 
Figura 9 Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO 
VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico localizado na região de 
entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA............................ 37 
Figura 10 Curva característica de retenção de água de um NEOSSOLO 
QUARTZARÊNICO Órtico típico localizado na região de entorno do lago de 
Sobradinho, município de Casa Nova 
BA........................................................................................................................ 38 
Figura 11 Curva característica de retenção de água de um PLANOSSOLO 
HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico localizado na região de 
entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA........................... 39 
Figura 12 Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO 
AMARELO Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de 
Sobradinho, município de Casa Nova-BA.......................................................... 40 
Figura 13 Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos 
representativas da região de entorno do lago de Sobradinho, município de 
Casa Nova-BA..................................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. CAPÍTULO I.................................................................................................. 12 
1.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 13 
1.2.MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 14 
1.2.1 Localização e descrição da área de estudo............................................. 14 
1.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem........................................................ 14 
1.2.1.2. Clima...................................................................................................... 15 
1.2.1.3. Vegetação............................................................................................... 16 
1.2.1.4. Hidrografia.............................................................................................. 16 
1.2.1.5. Geomorfologia........................................................................................ 16 
1.2.1.6. Geologia..................................................................................................17 
1.2.1.7. Solos....................................................................................................... 17 
1.2.2. Metodologia de Trabalho........................................................................ 17 
1.2.2.1. Trabalhos de Campo............................................................................... 17 
1.2.2.2. Trabalhos de Laboratório........................................................................ 18 
1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 19 
1.3.1. Atributos morfológicos............................................................................ 19 
1.3.2. Atributos físicos....................................................................................... 27 
1.4. CONCLUSÕES........................................................................................... 40 
1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 41 
2. CAPÍTULO II................................................................................................ 46 
2.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 47 
2.2. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 48 
2.2.1. Localização e descrição da área de estudo............................................ 48 
2.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem........................................................ 48 
2.2.1.2. Clima...................................................................................................... 49 
2.2.1.3. Vegetação............................................................................................... 49 
2.2.1.4. Hidrografia.............................................................................................. 50 
2.2.1.5. Geomorfologia........................................................................................ 50 
2.2.1.6. Geologia.................................................................................................. 50 
2.2.2.7. Solos....................................................................................................... 51 
2.2.2. Metodologia de Trabalho........................................................................ 51 
2.2.2.1. Trabalhos de Campo............................................................................... 51 
2.2.2.2. Trabalhos de Laboratório........................................................................ 51 
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 53 
2.3.1 Atributos químicos................................................................................... 53 
2.4. CONCLUSÕES........................................................................................... 59 
2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1. Capítulo I 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, FÍSICA E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO 
MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
1.1. INTRODUÇÃO 
 
A região do Vale do Submédio São Francisco vem sendo alterada de forma intensa nos 
últimos anos, tendo o desenvolvimento de atividades agrícolas efeito marcante na atual 
configuração da paisagem. Cerca de 50 % dos municípios componentes da Bacia do São Francisco 
apresentam produção agrícola ligada à fruticultura, principalmente na produção de banana, uva e 
manga. Essa atividade tem crescido nos últimos anos e assume, cada vez mais, importância 
econômica na região (Brasil, 2011). 
Dentro desse contexto, o município de Casa Nova – BA destaca-se pelo cultivo de oleráceas, 
principalmente a cebola, melancia e melão com 2.456, 585 e 167 ha de área plantada 
respectivamente e de frutas como a manga, uva, com 1.340 e 868 ha de área plantada, 
respectivamente (SEI, 2011). O desenvolvimento dessas atividades aumentou consideravelmente 
nos últimos anos devido ao município estar inserido na área de entorno do Lago de Sobradinho, o 
que possibilita o aproveitamento da água que é barrada do Rio São Francisco, para o manejo das 
diversas culturas por meio de sistemas de irrigação. As características do clima Semiárido, definido 
por altas temperaturas, baixas precipitações e elevados índices de evapotranspiração, aliado à baixa 
capacidade de retenção de água, característica presente em grande parte dos solos utilizados na 
região, tornam praticamente obrigatório o uso da irrigação para manutenção, principalmente da 
agricultura, pelo aproveitamento das águas do São Francisco (Brasil, 2011). 
A agricultura é muito importante para a economia local, pois além de gerar emprego, é 
responsável por fixar o homem à terra. No entanto a maneira como tal atividade vem sendo 
conduzida, combinada com as características físicas e climáticas da região, na maioria das vezes, 
causa significativa degradação dos recursos naturais. Como destaca Lepsch (2011), o 
desenvolvimento da agricultura, apesar de alterar bastante os ecossistemas, pode e deve ser efetuado 
de forma sustentável, produzindo alimentos, fibras e combustíveis que atendam às crescentes 
necessidades da população mundial, mas com um mínimo de prejuízos ambientais. 
A retirada da vegetação e a adoção de práticas de cultivo impróprias comprometem a 
qualidade física, química e biológica dos solos, além da qualidade da água do Lago, já que muitas 
áreas agrícolas no município são instaladas na área de vazante formada pela redução da cota ao 
longo do ano. Isso compromete a sustentabilidade da atividade agrícola da região, bem como põe 
em risco à saúde da população que utiliza essa água, tornando urgente a tomada de decisões com 
relação à gestão e manejo adequados para os solos da região. 
 
14 
 
Em razão da preocupação com o depauperamento dos recursos naturais é cada vez mais 
imperativa a necessidade de estabelecerem-se critérios e metodologias para a avaliação e 
monitoramento do efeito da atividade antrópica sobre o ambiente, buscando, dentre outros aspectos, 
reorientá-las. Assim, para contribuir no sentido de se ter um uso mais adequado do solo, é 
necessário conhecer bem seus atributos químicos, físicos e morfológicos, e a partir disso propor 
técnicas de manejo mais adequadas para as condições locais. O conhecimento atual do solo é um 
elemento importante para gerenciar o recurso água, expressar o potencial genético das espécies, 
minimizar a degradação dos recursos naturais e maximizar o potencial do fator clima, atuando como 
um componente de transformação, de reorganização e de sustentação das atividades econômicas, 
sociais e culturais no espaço rural (Cunha et al., 2010). 
Mesmo existindo informações acerca dos solos na região semiárida, como os levantamentos 
exploratórios e outros estudos feitos dentro dessa temática (Jacomine et al., 1976; Cunha et al., 
2008; Cunha et al., 2010; Dantas et al., 1998; Santos & Ribeiro, 2000; Santos et al., 2012) é sempre 
válida a realização de pesquisas sobre caracterização dos diferentes solos representativos em uma 
escala mais detalhada, principalmente quando submetidos ao uso agrícola, como é o caso desse 
trabalho no município de Casa Nova – BA. Estudos de caracterização de solos em regiões ainda 
pouco exploradas, além de disponibilizarem informações mais precisas sobre as diversas ordens de 
solos ao longo do território nacional, permitem sistematizar informações sobre as propriedades dos 
solos, que poderão servir de subsídio para o desenvolvimento de práticas de manejo e uso 
sustentável, bem como para recuperação de áreas degradadas (Santos et al., 2012). 
Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização morfológica e física e a 
classificação de cinco classes de solos mais representativas do município de Casa Nova– BA com a 
finalidade de avaliar suas potencialidades e limitações para o uso agrícola. 
 
1.2. MATERIAL E MÉTODOS 
 
1.2.1. Localização e descrição da área de estudo 
O trabalho foi desenvolvido no município de Casa Nova – BA, situado entre as coordenadas 
9° 9′ 43″ de latitude sul e 40° 58′ 15″ de longitude oeste. Com uma área de 9.647 km
2
, o município 
conta com uma população de 64.940 habitantes (IBGE, 2010). 
 
1.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem 
Foram escolhidas 05 (cinco) propriedades, sendo as mesmas selecionadas juntamente com a 
15 
 
participação de órgãos de assistência técnica e associações locais de produtores. A escolha dessas 
áreas e dos pontos de amostragem se deu em função da intensidade e tempo de uso do solo com 
atividades agrícolas, bem como da proximidade da margem do lago. Para realizar a avaliação dos 
solos, foram abertas trincheiras em áreas de vegetação secundária do bioma caatinga, sem uso 
agrícola. (Figura 1). 
 
 
Figura 1. Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos representativas da região de 
entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
1.2.1.2. Clima 
Seguindo a classificação de Köppen o clima é do tipo Bswh’, caracterizado por ser bastante 
quente, é denominado também de clima semiárido (Jacomine, 1976). Além de apresentar uma baixa 
média anual de precipitação, inferior a 500 mm, há uma má distribuição desse elemento climático 
no tempo e no espaço, pois as chuvas são concentradas em apenas três ou quatro meses e ocorrem 
em poucos dias do ano, sendo em geral, intensas e intercaladas por períodos de veranicos (Silva et 
al., 2010). As médias anuais de temperaturas variam de 23º a 27º C e de evaporação em torno de 
2.000 mm ano
-1
(Moura et al., 2007). A irregularidade no regime pluviométrico, acompanhada pelo 
16 
 
intenso calor, resulta em elevadas taxas de evapotranspiração, proporcionando um balanço hídrico 
negativo na região semiárida (Silva et al., 2010). 
 
1.2.1.3. Vegetação 
De acordo com o Diagnóstico do Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia 
Hidrográfica do Rio São Francisco (Brasil, 2011), o tipo de vegetação predominante na região de 
Casa Nova – BA é a Savana Estépica (Caatinga) e Segundo Jacomine et al. (1976), a Caatinga é do 
tipo hiperxerófila. Foram observadas nas áreas espécies vegetais como: Cnidoscolus quercifolius 
Pohl – Euphobiaceae (“faveleira”), Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl 
– Cactacea (“xique-xique”), Cereus jamacaru D.C. – Cactaceae (“mandacaru”), Jatropha 
mollissima (Pohl) Baill – Euphorbiaceae (“pinhão-bravo”), Anadenanthera colubrina (Vell.) 
Brenan – Fabaceae – Mimosoideae (“angico”), Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett – 
Burseraceae (“imburana”), Croton sonderianus Müll. Arg – Euphorbiaceae (“marmeleiro”), 
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema preta”), Mimosa arenosa 
(Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema branca” ou “calumbi”), Bromelia laciniosa Mart. 
ex Schult.f. (“macambira”), Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz - Fabaceae - 
Caesalpinioideae (“catingueira”), Aspidosperma pyrifolium Mart (“pereiro”), Ziziphus joazeiro 
Mart – Rhamnaceae (“juazeiro”), Spondias tuberosa Arruda – Anacardiaceae (“umbuzeiro”). 
 
1.2.1.4. Hidrografia 
O município de Casa Nova – BA está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São 
Francisco. Além do Rio São Francisco existem outras drenagens naturais como o riacho do 
Sobrado, riacho Grande e o riacho Ouricuri (CPRM, 2005). O Lago de Sobradinho, resultado do 
barramento do Rio São Francisco, situado ao sul do município, é um importante corpo hídrico para 
a região, sendo sustentáculo para o desenvolvimento das mais diversas atividades econômicas, 
principalmente a agricultura irrigada. 
 
1.2.1.5. Geomorfologia 
A região está inserida na Depressão Sertaneja, numa superfície de pediplanação denominada 
Depressão Periférica do Médio São Francisco, a qual se refere à faixa de terrenos do Pré-Cambriano 
que separa as bacias do Piauí-Maranhão e do Tombador, apresentando pedimentos escalonados, 
campos de dunas e planícies aluviais. Alguns “inselbergues” sobressaem na paisagem 
extremamente dissecada. Tem uma altitude média em torno de 400 a 500 m (Brasil, 1973). 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burseraceae
17 
 
1.2.1.6. Geologia 
A área de estudo está inserida em uma província (Província Estrutural São Francisco) com 
predomínio de rochas do Pré-Cambriano como granitos, migmatitos, xistos e quartzitos. Faz parte 
do Grupo Caraíba, representado por rochas intensamente metamorfisadas, tendo como principal 
componente um biotita-gnaisse de cor cinza, ao qual se associam anfibolitos, quartzitos e 
micaxistos. Os quartzitos destacam-se na paisagem de superfície aplainada formando cristas e 
serrotes. É possível obervar também coberturas sedimentares em áreas restritas sobre as rochas do 
Pré-Cambriano (Brasil, 1973). 
Além do Grupo Caraíba, há no município de Casa Nova a formação de dunas, decorrente do 
Período Quaternário. A denominação dada é Formação Casa Nova, que são depósitos constituídos 
de areias finas bem classificadas com nítidos traços de erosão eólica que se desenvolvem na 
margem esquerda do Rio São Francisco (Jacomine et al., 1976). 
 
 1.2.1.7. Solos 
Os principais solos da região, derivados das rochas que formam o embasamento geológico, e 
que podem ou não sofrer influência de cobertura de material retrabalhado são: Neossolos Litólicos 
Eutróficos e Distróficos associados com muitos afloramentos de rocha, Latossolos Vermelho 
Amarelo Eutrófico e Distrófico, Argissolos Vermelho Amarelo Eutrófico e Luvissolos (Jacomine et 
al., 1976). Mas é possível também encontrar outras classes de solos representativos da região 
semiárida como: Planossolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e 
Vertissolos (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2010). 
 
1.2.2. Metodologia de Trabalho 
 
1.2.2.1. Trabalhos de Campo 
Após a seleção das áreas foram feitas observações dos solos, relevo e vegetação. Em cada 
área foi aberta uma trincheira na qual se realizou a descrição morfológica e a coleta de amostras de 
solos para fins analíticos seguindo as recomendações do Manual de Descrição e Coleta de Solo no 
Campo (Santos et al., 2005). A nomenclatura dos horizontes diagnósticos e a classificação 
taxonômica dos solos foram realizadas de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de 
Solos - SiBCS (EMBRAPA, 2006) e na Proposta de Atualização da segunda edição desse Sistema 
(EMBRAPA, 2012). 
 
 
18 
 
1.2.2.2. Trabalhos de laboratório 
As amostras de solos coletadas nos perfis foram analisadas no Laboratório de Solos do 
Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA/EMBRAPA) e no Laboratório 
de Física do Solo da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). 
As análises físicas, realizadas de acordo com o Manual de Métodos de Análise de Solo 
(EMBRAPA, 2011), incluíram: Análise granulométrica – determinada pelo método da pipeta em 
que é feita a dispersão de 20 g de TFSA com hexametafosfato de sódio, tamponado com carbonato 
de sódio. As areias foram separadas em peneira de malha 0,053 mm de diâmetro e em seguida 
foram fracionadas em areia muito grossa, areia grossa, areia média, areia fina e areia muito fina 
seguindo a classificação granulométrica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos 
(USDA). A argila foi separada por sedimentação, com base na Lei de Stokes e a fração silte por 
diferença; Argila dispersa em água – mesma metodologia utilizada para a análise granulométrica, 
retirando apenas o dispersante químico; Grau de floculação – por meio do cálculo utilizando-se a 
fórmula: GF = [(argila total – argila natural)/argila total] x 100; Densidade das partículas (Dp) – 
realizada pelo método do balão volumétrico que tem como base o volume de álcool gasto para 
completara capacidade de um balão volumétrico de 25 mL, contendo 10 g de solo seco em estufa 
(TFSE); Densidade do solo (Ds) – determinada pelo método da proveta que tem como base a 
determinação da massa de solo compactado necessário para completar o volume de uma proveta de 
25 mL; Porosidade total (PT) – calculado a partir da densidade do solo e densidade das partículas 
pela fórmula: PT = (1 - Ds/Dp) x 100; Macroporosidade (Ma) e Microporosidade (Mi) – foram 
estimadas utilizando um modelo matemático proposto por Stolf et al., (2011) que tem como base as 
seguintes equações: Ma = 0,650 – 1,341 * Ds/Dp + 0,321 * Areia; Mi = 0,350 + 0,341 * Ds/Dp – 
0,321 * Areia. 
A análise de estabilidade de agregados dos solos foi realizada por meio do tamisamento 
úmido utilizando o aparelho de oscilação vertical Yoder durante 15 minutos em conjunto de 
peneiras com malhas de 2,0, 1,0, 0,5, 0,25 e 0,125 mm. Foi feito um pré-tratamento das amostras de 
agregados por umedecimento com água utilizando um borrifador, passando os agregados do solo 
em peneiras de malhas 4,0 e 2,0 mm de abertura. O material que ficou retido na peneira de 2,0 mm 
foi utilizado para a tamisamento e quantificação do solo retido em cada peneira (Yoder, 1936; 
Kemper, 1965; Kemper & Chepil, 1965; Castro Filho et al., 1998). 
Por fim, foi feita também a curva característica de retenção de água dos solos nas tensões de 
6; 10; 30; 60; 100 e 1500 kPa pelo método da centrífuga (Silva & Azevedo, 2002; Silva et al., 2006; 
Nascimento et al., 2010). Os valores de retenção de água foram ajustados pelo modelo de van 
Genuchten (1980) para elaboração da curva característica da água do solo. 
19 
 
1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
1.3.1. Atributos morfológicos 
 
De maneira geral os cinco perfis dos solos estudados apresentaram variações morfológicas 
ente si (Tabela 1). Como são solos que pertencem a classes distintas, os mesmo são resultantes de 
fatores e processos pedogenéticos diferenciados que lhes dão características variadas. Ribeiro et al. 
(2012), aponta que as características morfológicas refletem a constituição do solo e as condições 
sob as quais foi formado, o que permite fazer inferências sobre os processos pedogenéticos e as 
condições ambientais, bem como interpretar ou predizer o comportamento das plantas e a resposta 
do solo às práticas de manejo. 
O perfil P1, classificado como CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, A ócrico, 
textura média/argilosa, fase ligeiramente pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato 
gnaisse/micaxistos (Figura 2). Apresenta sequência de horizontes A-BA-Bi1-Bi2-BC com 
profundidade superior a 170 cm. 
 
 
Figura 2. Perfil e aspecto de paisagem de um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico 
localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
As transições são planas e claras entre todos os horizontes. Há uma variação na cor ao longo 
do perfil, do matiz 10YR nos horizontes A e BA para 2,5Y nos horizontes Bi1, Bi2 e BC. Há 
presença de mosqueados (preto 10 YR 2/1) a partir do horizonte BA, em decorrência da drenagem 
20 
 
imperfeita que esse perfil apresenta e ocorrência de pequenas manchas acinzentadas de coloração 
cinzento-azulado (10B/6) a partir do horizonte Bi2, que pode ser um indicativo de ocorrer ascensão 
do lençol freático nesse solo. Como destaca Ribeiro et al. (2012), a presença de mosqueados no solo 
indica, geralmente, condições de drenagem restrita, sendo observados em solos que apresentam 
horizonte de baixa permeabilidade e, ou, naqueles que estão localizados em posições da paisagem 
que favorecem a oscilação do nível do lençol freático. 
 As raízes são muitas, médias e finas, comuns e grossas nos horizontes A e BA, poucas e 
finas no Bi1, raras e finas nos demais horizontes, sendo observado que as mesmas tomam sentido 
horizontal, o que indica um impedimento ao crescimento radicular devido ao excesso de umidade 
em alguns períodos do ano e à consistência muito dura dos horizontes subjacentes. Nos horizontes 
BA e Bi1 ocorrem cascalhos pouco desarestados, por outro lado, a pedregosidade superficial é 
muito pouca nesse solo, não oferecendo, portanto, impedimento à mecanização. 
Esse solo possui textura franco-argilo-arenosa no horizonte A e franco-argilosa nos 
horizontes subjacentes. A estrutura é moderada, pequena e média em blocos subangulares no 
horizonte A, fraca, média em blocos angulares no BA, maciça nos horizontes Bi1e Bi2, fraca, 
pequena e média em blocos angulares no BC. A consistência seca é, na maior parte do perfil muito 
dura. Apenas os horizontes A e BC diferiram, apresentando consistência seca do tipo ligeiramente 
dura e macia respectivamente. 
Com relação à consistência úmida, firme e muito firme predominam no solo, sendo que 
apenas o BC apresenta consistência úmida friável. Já a consistência molhada, é plástica e pegajosa 
ao longo de todo o perfil do solo, Segundo Resende et al., (2002), nesses casos, deve-se ter cuidado 
com o conteúdo de água no solo por ocasião dos trabalhos de manejo com motomecanização 
agrícola, a fim de evitar dificuldades no seu preparo. De acordo com Mota et al (2008) em termos 
de consistência, é imprescindível o conhecimento das implicações de ordem prática quando não são 
definidas faixas ótimas de umidade (ponto de sazão) em que os solos devem ser trabalhados, sem 
que suas estruturas sejam modificadas a ponto de prejudicar o desenvolvimento das culturas. De 
acordo com os mesmos pesquisadores, o emprego de máquinas e implementos agrícolas no preparo 
do solo, tratos culturais e colheitas, por exemplo, ocorrem interações entre as máquinas-
implementos com o solo, caracterizadas pela aplicação de forças e reação resultante. Assim, 
recomenda-se que antes da mecanização deste solo, defina-se um ponto ótimo de umidade de forma 
a minimizar o impacto das máquinas e veículos sobre as mais distintas propriedades dinâmicas do 
mesmo e crescimento das culturas. Outra vantagem apontada por Mota et al. (2008) é que as 
operações em faixas ótimas de umidade do solo requerem potência mínima por parte dos motores 
21 
 
agrícolas, aumentando, portanto, a vida útil destes. Além disso, o produtor pode reduzir custos com 
combustíveis e com a manutenção desses equipamentos. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Tabela 1. Atributos morfológicos de cinco classes de solos representativas da região 
de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova – BA 
 
Hor 
 
Prof 
 
Cor Úmida(1) 
 
Textura(2) 
 
Estrutura(3) 
 
Consistência 
 
Transição 
 Seca(4) Úmida Molhada(5) 
 Cm Munsell 
P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve 
A 0-15 10YR 4/4 br. amar. esc. franco -argilo-arenosa mod., peq. e méd., bl. sub. lig. Dura Firme plás. e peg. plana e clara 
BA 15-35 10YR 5/4 br. amar. franco-argilosa fr., méd., bl. ang. muito dura Firme plás. e peg. plana e clara 
Bi1 35-80 2,5Y 5/4 br. averm. franco-argilosa Maciça muito dura muito firme plás. e peg. plana e clara 
Bi2 80-130 2,5Y 5/4 br. averm. franco-argilosa Maciça muito dura muito firme plás. e peg. plana e clara 
BC 130-170+ 2,5Y 5/6 vermelho franco-argilosa fr., peq. e méd., bl. ang. macia 
 
Friável plás. e peg. - 
P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico – PVAe 
A 0-10 10YR 4/4 br. amar. esc. franco-arenosa pouco casc. fr., peq. e méd., bl. ang. lig. Dura Friável nplás. e npeg. plana e clara 
BA 10-33 7,5YR 4/6 br. Forte franco-arenosa pouco casc. fr., peq. e méd., bl. ang. Dura Friável lig. plás. e peg. plana e gradual 
Bt1 33-55 5YR 5/6 vermelho-amar. argila muito casc. - - - plás. e mpeg. plana e clara 
Bt2 55-85 5YR 4/6 vermelho-amar. argilo-arenosa muito casc. - - - mplás. e mpeg. plana e clara 
Bt3 85-100+ - argilo-arenosa muito casc. - - - - - 
P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo 
A 0-15 10YR 5/6 br. amar. Areia grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e clara 
C1 15-55 10YR 5/6 br. amar. areia-francagrãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e difusa 
C2 55-110 10YR 5/8 br. amar. areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e difusa 
C3 110-160 10YR 5/8 br. amar. areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e difusa 
C4 160-200+ 10YR 6/8 amarelo-brunado areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. - 
P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd 
A 0-20 10YR 4/4 br. amar. esc. areia grãos simples Solta solta nplás. e npeg. plana e clara 
E1 20-55 10YR 5/6 br. amar. areia grãos simples Solta solta nplás. e npeg. plana e difusa 
E2 55-110 10YR 5/8 br. amar. areia-franca grãos simples Solta solta nplás. e npeg. plana e abrupta 
Btx 110-140 10YR 6/3 br. claro acinz. franco-arenosa fr., méd. a gr., bl. ang. Dura firme plás. e lig. peg. - 
C/R 140-160+ - - - - - - - 
P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico – PAe 
A 0-20 10YR 5/4 br. amar. areia fr., peq., bl. ang. lig. Dura friável nplás. e npeg. plana e clara 
Bt1 20-40 7,5YR 5/6 br. Forte areia-franca fr., peq. e méd., bl. ang. lig. Dura muito friável lig. plás. e npeg. plana e difusa 
Bt2 40-75 7,5YR 5/8 br. Forte franco-arenosa fr., peq. e méd., bl. ang. e sub Macia muito friável lig. plás. e lig. peg. plana e difusa 
Bt3 75-100+ 7,5YR 5/8 br. Forte franco-arenosa fr., peq. e méd., bl. ang. e sub. Macia muito friável lig. plás. e lig. peg. - 
(1) br.: bruno; amar.: amarelado; esc.: escuro; averm.: avermelhado; acinz.: acinzentado. (2) casc.: cascalhenta.: (3)mod.: 
moderada; fr.: fraca; peq.: pequena; méd.: média; gr.: grande; bl.: blocos; ang.: angulares; sub.: subangulares. (4) lig.: 
ligeiramente; (5) plás.: plástica; peg.: pegajosa; nplás.: não plástica; npeg.: não pegajosa; mplás.: muito plástica; mpeg.: 
muito pegajosa; lig. plás.: ligeiramente plástica; lig. peg.: ligeiramente pegajosa. 
23 
 
O perfil P2 classificado como ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico, 
A ócrico, textura média/argilosa cascalhenta, fase extremamente pedregosa, caatinga hiperxerófila 
relevo plano, substrato gnaisse (Figura 3). Apresenta sequência de horizontes A-BA-Bt1-Bt2-Bt3 e 
profundidade superior a 100 cm (Tabela 1). 
 
 
Figura 3. Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico 
abrúptico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
As transições quanto à forma são planas em todos os horizontes. Quanto ao grau somente 
entre os horizontes BA e Bt1 a transição é gradual e nos demais horizontes as transições são claras. 
A cor apresenta uma variação ao longo do perfil, do matiz 10YR no horizonte A, 7,5YR no 
horizonte BA, e 5YR nos horizontes Bt1 e Bt2. Há presença de mosqueado comum, médio e 
distinto, bruno-oliváceo-claro (2,5Y 5/3) no horizonte Bt1 e mosqueado abundante, médio e 
distinto, bruno-oliváceo-claro (2,5Y 5/4) o que indica oscilação do nível do lençol freático, 
proporcionada, principalmente, pelo aumento na cota do Lago de Sobradinho ao longo dos anos que 
provoca a redução do ferro e, consequentemente, a formação dos mosqueados nos horizontes mais 
profundos do solo. A presença de raízes comuns, finas e médias nos horizontes A e BA e poucas, 
finas, raras e médias nos horizontes Bt1 e Bt2 confirmam que à medida que aumenta a profundidade 
desse solo, há maior impedimento ao aprofundamento do sistema radicular das plantas. 
A textura é franco-arenosa e pouco cascalhenta nos horizontes A e BA, argilosa muito 
cascalhenta no Bt1, argilo-arenosa muito cascalhenta nos horizontes Bt2 e Bt3. Os horizontes A e 
BA apresentam estrutura fraca, pequena e média em blocos angulares. A consistência (seca, úmida 
24 
 
e molhada) no horizonte A é ligeiramente dura, friável, não plástica e não pegajosa, 
respectivamente. Já no horizonte BA a consistência seca é dura, quando a amostra de solo é úmida 
apresenta-se friável e quando molhada é ligeiramente plástica e pegajosa. Devido ao excesso de 
cascalhos não foi possível descrever a estrutura e a consistência seca e úmida dos horizontes Bt1 e 
Bt2. A consistência molhada é plástica e muito pegajosa no Bt1 e muito plástica e muito pegajosa 
no Bt2. O horizonte Bt3 foi coletado, porém não foi descrito devido ao excesso de cascalhos. 
A forte presença de cascalhos e calhaus a partir do horizonte Bt1, juntamente com o fato 
desse Argissolo Vermelho-Amarelo apresentar consistência molhada plástica e muito pegajosa no 
Bt1 são características que podem dificultar a mecanização desse solo. No entanto, como essas 
características aparecem a partir do horizonte Bt1, não podem representar forte limitação para o uso 
desse solo com o cultivo de oleráceas, uma vez que essas culturas usam a camada mais superficial 
do solo e não necessitam de uma mecanização mais profunda. 
O perfil P3, um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A ócrico, textura arenosa, 
fase caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do 
Terciário/Quaternário (Figura 4) apresenta sequência de horizontes A-C1-C2-C3-C4 com 
profundidade superior a 200 cm. 
 
 
Figura 4. Perfil e aspecto de paisagem de um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico 
localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
A transição entre os horizontes A e C1 é plana e clara e entre os demais horizontes 
subjacentes as transições são planas e difusas (Tabela 1). O perfil é bastante uniforme com relação a 
25 
 
sua cor, o matiz é 10YR em todos os horizontes. A textura varia de areia no horizonte A para areia-
franca nos demais horizontes. A estrutura é do tipo grãos simples em todos os horizontes e a 
consistência (seca, úmida e molhada) é macia, solta, não plástica e não pegajosa, respectivamente, 
em todos os horizontes. Visualizando as características morfológicas desse Neossolo Quartzarênico 
é possível apontar que o mesmo não oferece impedimento à mecanização, pois se encontra inserido 
em relevo plano, não apresenta pedregosidade, é muito profundo e fortemente drenado. 
O perfil P4 corresponde a um PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico 
fragipânico, A ócrico, textura arenosa/média, fase caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato 
recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário sobre rochas do Pré-Cambriano (gnaisses) 
(Figura 5). 
 
 
Figura 5. Perfil e aspecto de paisagem de um PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico 
fragipânico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
Apresenta sequência de horizontes A-E1-E2-Btx-C/R com profundidade até 140 cm, onde 
tem início o saprolito juntamente com a camada de rocha consolidada. As transições são: plana e 
clara do horizonte A para o E1; plana e difusa do horizonte E1 para o E2; e plana e abrupta do 
horizonte E2 para o Btx. A cor não apresentou variação no matiz, mantendo-se em 10YR em todos 
os horizontes. A variação foi observada no croma e valor. A presença de mosqueado abundante, 
pequeno e distinto, vermelho-amarelado (5YR 5/8) nos horizonte E1 e E2 e mosqueado comum, 
médio e proeminente, vermelho (2,5YR 4/6) no horizonte Btx indicam restrição à drenagem nesse 
solo. As raízes são comuns, médias e finas nos horizontes A e E1, raras no horizonte E2, e isso 
26 
 
aponta um impedimento ao desenvolvimento de um sistema radicular mais profundo à medida que 
aumenta a profundidade desse solo, principalmente no horizonte Btx. 
A textura é areia nos horizontes A e E1, areia franca no E2 e franco-arenosa no Btx. Os 
horizontes A, E1e E2 apresentam estrutura do tipo grãos simples e o Btx estrutura fraca, média a 
grande em blocos angulares. Quanto à consistência (seca, úmida e molhada) é solta, solta, não 
plástica e não pegajosa respectivamente, nos horizontes A, E1 e E2, enquanto o horizonte Btx 
apresenta consistência dura, firme, plástica e ligeiramente pegajosa. O uso do sufixo “x” no Bt foi 
utilizado para caracterizar a presença de cimentação aparentereversível nesse horizonte, uma vez 
que essa condição pode ser desfeita sob umedecimento com água. A cimentação é uma 
característica desfavorável à utilização agrícola, pois constitui uma barreira à percolação da água e 
ao crescimento das raízes (Ribeiro et al., 2012). No entanto, vale salientar que esse solo está situado 
em relevo plano e não apresenta predregosidade, com isso não oferece impedimento à mecanização, 
exceto no horizonte Btx pelas características descritas anteriormente. 
O perfil P5 foi classificado como ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico, A ócrico, 
textura arenosa/média, cascalhenta, fase endopedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano, 
substrato recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário, sobre rochas cristalinas 
(gnaisses e granitos) (Figura 6). Tem a sequência de horizontes A-Bt1-Bt2-Bt3 com profundidade 
até 100 cm, sendo que a partir de 100 cm há ocorrência de calhaus e cascalhos desarestados. A 
transição é plana e clara dos horizontes A para o Bt1, plana e difusa entre os outros horizontes 
subjacentes (Tabela 1). A cor irá variar ao longo do perfil do matiz 10YR no horizonte A para 
7,5YR nos Bt1, Bt2 e Bt3. A ausência de mosqueados e a distribuição das raízes, abundantes, 
grossas, médias e finas nos horizontes A e Bt1, comuns, médias e finas nos horizontes Bt2 e Bt3 
indicam que não há limitação à drenagem, nem impedimento físico nesse solo, facilitando assim o 
seu manejo. 
A textura é areia no horizonte A, areia-franca no Bt1 e franco-arenosa no Bt2 e Bt3. O 
horizonte A apresenta estrutura do tipo fraca, pequena em blocos angulares. No horizonte Bt1 a 
estrutura é fraca, pequena e média em blocos angulares e, nos horizonte Bt2 e Bt3 é fraca, pequena 
e média em blocos angulares e subangulares. A consistência (seca, úmida e molhada) no horizonte 
A é ligeiramente dura, friável e não plástica e não pegajosa, respectivamente. Nessa mesma 
sequência, no horizonte Bt1 a consistência é ligeiramente dura, friável e ligeiramente plástica e não 
pegajosa. Nos horizontes Bt2 e Bt3 a consistência seca, úmida e molhada respectivamente é: macia, 
muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa. De modo geral, observando as 
características morfológicas, esse Argissolo Amarelo não oferece impedimento à mecanização, pois 
27 
 
está localizado em relevo plano, não apresenta pedregosidade até a profundidade de 100 cm e 
apresenta uma boa drenagem. 
 
 
Figura 6. Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico localizado 
na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
1.3.2. Atributos físicos 
 
O Cambissolo Háplico (CXve) apresentou pouca variação com relação à distribuição das 
frações granulométricas areia, silte e argila nos seus horizontes (Tabela 2). Observa-se que os teores 
de areia total decrescem à medida que aumenta a profundidade do solo, variando de 471 g kg
-1 
no 
horizonte A até 403 g kg
-1 
no horizonte BC. Há predominância de areia fina e areia muito fina sobre 
as demais em todos os horizontes, o que pode contribuir para um aumento na retenção e 
disponibilidade de água no perfil (Santos et al., 2012). Tal fato pode ser comprovado pela alta 
microporosidade apresentada pelo solo, uma vez que 77 a 89 % do espaço poroso é ocupado por 
microporos. Já com relação aos teores da fração argila, ocorre o inverso da fração areia, havendo 
um aumento gradual à medida que aumenta a profundidade, apresentando 300 g kg
-1 
no horizonte A 
e 398 g kg
-1 
no horizonte Bi2. A pouca diferença de argila ao longo do perfil é uma das 
características desse tipo de solo (Oliveira, 2005). Os teores de silte variaram entre 171 g kg
-1 
e 229 
g kg
-1
, corroborando com Souza et al. (2010) e Santos et al. (2012) que encontraram valores 
parecidos para solos do semiárido. Como há pouca variação na distribuição das frações areia, silte e 
28 
 
argila ao longo do perfil, o solo apresenta somente duas classes texturais, franco-argilo-arenosa no 
horizonte A e franco-argilosa nos horizontes subjacentes. 
29 
 
Tabela 2. Atributos físicos de cinco classes de solos representativas da região de entorno 
do lago de Sobradinho, município de Casa Nova – BA 
 
Hor 
 
Prof 
 
Areia (1) 
 
Silte 
 
Argila 
 
Classe 
Textural(2) 
 
GF 
 
Relação 
Silte/Argila 
 
Ds 
 
Dp 
 
Porosidade 
 MG G M F MF Total Total Água Ma Mi T 
 Cm ------------------------------------------------------------g kg
-1--------------------------------------------------------
---------- 
 % -------g cm
-3-----
- 
---------------%-------------- 
 
 P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve 
A 0-15 18 39 94 163 158 471 229 300 22 fr. arg. ar. 93 0,76 1,28 2,48 11 37 48 
BA 15-35 23 35 93 176 132 459 171 370 38 fr. argilosa 90 0,46 1,34 2,49 8 38 46 
Bi1 35-80 18 35 79 144 152 427 181 391 108 fr. argilosa 72 0,46 1,38 2,51 5 40 45 
Bi2 80-130 20 33 82 145 139 419 183 398 147 fr. argilosa 63 0,46 1,36 2,51 6 40 46 
BC 130-170+ 8 24 71 146 155 403 206 391 113 fr. argilosa 71 0,53 1,32 2,58 9 40 49 
 
 P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico – PVAe 
A 0-10 62 90 110 238 248 748 162 90 5 fr. ar. pouco casc. 95 1,80 1,52 2,49 7 32 39 
BA 10-33 68 93 100 174 223 658 169 173 39 fr. ar. pouco casc. 77 0,98 1,43 2,48 9 33 42 
Bt1 33-55 154 73 43 46 83 398 134 467 100 argila muito casc. 79 0,29 1,28 2,66 13 39 52 
Bt2 55-85 246 117 44 33 39 479 104 418 35 arg. ar. muito casc. 92 0,25 1,44 2,65 8 38 46 
Bt3 85-100+ 246 120 57 32 22 477 105 418 41 arg. ar. muito casc. 90 0,25 1,40 2,59 8 38 46 
 
 P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo 
A 0-15 10 46 335 407 89 887 40 73 16 areia 78 0,55 1,54 2,59 14 27 41 
C1 15-55 13 52 359 362 80 866 40 95 8 areia-franca 92 0,42 1,39 2,65 23 25 48 
C2 55-110 14 46 346 352 89 848 49 103 8 areia-franca 92 0,48 1,33 2,52 21 26 47 
C3 110-160 14 38 337 353 92 835 55 110 17 areia-franca 85 0,50 1,59 2,57 9 29 38 
C4 160-200+ 18 33 276 384 95 807 63 130 6 areia-franca 95 0,48 1,57 2,57 9 30 39 
 
 P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd 
A 0-20 20 88 325 400 108 942 24 34 18 areia 46 0,71 1,58 2,55 12 26 38 
E1 20-55 26 88 315 354 121 905 36 60 14 areia 76 0,60 1,58 2,60 12 27 39 
E2 55-110 18 76 284 348 132 857 56 87 33 areia-franca 63 0,64 1,57 2,61 12 28 40 
Btx 110-140 33 57 188 346 147 772 77 151 43 franco-arenosa 71 0,51 1,30 2,56 22 27 49 
C/R 140-160+ - - - - - - - - - - - - - - - 
 
 P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico – PAe 
A 0-20 20 75 236 404 145 880 65 55 22 areia 61 1,18 1,50 2,56 15 26 41 
Bt1 20-40 23 59 249 366 134 832 74 95 27 areia-franca 72 0,78 1,50 2,57 14 28 42 
Bt2 40-75 25 59 247 344 131 806 67 127 42 franco-arenosa 67 0,53 1,50 2,58 13 29 42 
Bt3 75-100 28 50 241 345 127 792 69 139 21 franco-arenosa 85 0,50 1,60 2,57 7 31 38 
 (1) Areia MG: muito grossa; G: grossa; M: média; F: fina; MF: muito fina. (2) fr. arg. ar: franco-argilo-arenosa; fr.argilosa: 
franco-argilosa; fr. ar.: franco-arenosa; arg. ar.: argilo arenosa; casc.: cascalhenta. GF: Grau de Floculação; Ds: Densidade do 
solo; Dp: densidade de partícula; Ma: Macroporosidade; Mi: Microporosidade; T: Porosidade Total. 
 
 
30 
 
No Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) os teores de areia são mais elevados nos 
horizontes A e BA (748 e 658 g kg
-1 
respectivamente) diminuindo à medida que aumenta a 
profundidade do solo. Observa-se que nesses horizontes há o predomínio de areias fina e muito fina 
proporcionando uma maior microporosidade e maior retenção de água, apesar da baixa quantidade 
de argila presente. As areias dos horizontes Bt1, Bt2 e Bt3 são constituídas predominantemente por 
frações do tipo muito grossa e grossa. Essa predominância de frações mais grosserias de areia, 
juntamente com a marcante presença de cascalhos nesses horizontessão características indicadoras 
de que os processos intempéricos atuantes nesse solo não foram capazes de promover acentuada 
fragmentação dessas frações. Observa-se também pouca variação nos teores da fração silte ao longo 
do perfil nesse solo, diminuindo lentamente com o aumento da profundidade, de 162 g kg
-1
 no 
horizonte A para 105 g kg
-1
 no Bt3. Os teores de argila variaram de 90 e 173 g kg
-1
 nos horizontes 
A e BA respectivamente, para 467 g kg
-1 
no Bt1 e 418 g kg
-1
 nos horizontes Bt2 e Bt3. Esse 
incremento de argila no horizonte B é uma das características definidoras dos Argissolos e, à 
medida que há um aumento significativo de argila em relação aos horizontes suprajacentes aumenta 
ainda mais a possibilidade de ocorrência de processos erosivos. São particularmente suscetíveis à 
erosão os Argissolos com presença de mudança textural abrupta, os quais no nível de subordem são 
identificados pelo termo “abrúptico” (Oliveira, 2005), como é o caso desse perfil, que apresenta um 
incremento muito forte de argila a partir do horizonte Bt1. O horizonte Bt sendo mais argiloso faz 
com que a água tenha mais dificuldade de penetrar, portanto, sendo os horizontes A e BA arenosos 
os processos erosivos são instalados. 
O Neossolo Quartzarênico (RQo) apresenta pouca variação na composição granulométrica, 
havendo predomínio da fração areia total que variou de 807 a 887 g kg-1, com maior 
representatividade das areias média e fina (Tabela 2). A presença dessas frações mais finas da areia 
no perfil desse tipo de solo é um fator importante para o seu manejo de água, possibilitando a 
formação de microporosidade (Tabela 2) e podem ser responsáveis por diferenciar solos dessa 
classe quanto à dificuldade de manejo de água. Os teores de silte são baixos, variando de 40 a 63 g 
kg
-1
. Com relação à argila, observa-se um aumento dessa fração à medida que aumenta a 
profundidade do solo, de 73 g kg
-1
 no horizonte A, para 130 g kg
-1
 no horizonte C4. A maior 
limitação deste solo está na sua baixa capacidade de reter água, no entanto, como destacam Faria et 
al. (2007) com o avanço das tecnologias, principalmente sobre o manejo da água e da aplicação de 
nutrientes (fertirrigação), os Neossolos Quartzarênicos, que também ocupam uma área expressiva 
na região passaram a ser cultivados com fruteiras. 
O Planossolo Háplico (SXd) é muito arenoso em todos os horizontes, sendo possível 
observar uma diminuição da fração areia à medida que aumenta a profundidade do solo, de 942 g 
31 
 
kg
-1
 no horizonte A, para 772 g kg
-1
 no horizonte Btx (Tabela 2). As frações de areia predominantes 
são de granulometrias média e fina. Os teores de silte são muito baixos, variando de 24 a 77 g kg
-1
. 
Os teores de argila também são muito baixos, principalmente nos horizontes A e E1 e E2 (34 g kg
-1
, 
60 g kg
-1
 e 87 g kg
-1
 respectivamente) enquanto no Btx é possível obervar um incremento dessa 
fração para 151 g kg
-1
. Quando se encontra a pouca profundidade, o horizonte plânico pode 
dificultar a prática de preparo do solo para o plantio, especialmente quando feita por tração animal, 
devido sua elevada consistência (Oliveira 2005), Não é o caso desse perfil, posto que o horizonte 
plânico inicia-se a uma profundidade superior a 110 cm no solo. 
O Argissolo Amarelo (PAe) apesar de apresentar horizontes B textural e ser classificado 
como Argissolo, possui textura muito arenosa em todos os horizontes, com teores de areia 
superiores a 792 g kg
-1
. Como nos perfis do Neossolo Quartzarênico e do Planossolo Háplico, as 
frações predominantes de areia nesse solo são do tipo areia média e areia fina, assim como também 
os teores de silte são baixos ao longo do perfil. Oliveira (2005) aponta que é muito comum os 
Argissolos apresentarem textura arenosa ou média em superfície, e isso pode facilitar o preparo do 
solo para o plantio. Do ponto de vista da fertilidade do solo, é válido salientar também que é 
principalmente na fração grosseira, silte e areia, que se encontram os minerais capazes de fornecer, 
após intemperização, nutrientes para as plantas (Resende et al., 2002). No entanto, vale observar 
que nesse Argissolo Amarelo, assim como no Neossolo Quartzarênico e no Planossolo Háplico isso 
não ocorre, uma vez que a areia fração predominante nesse solo, é constituída praticamente por 
quartzo, sendo por isso solos desprovidos por completo de minerais alteráveis e, portanto, 
virtualmente sem nenhuma reserva potencial de nutrientes para as plantas (Oliveira, 2005). Com 
relação à fração argila, há um aumento gradual, de 55 g kg
-1
, 95 g kg
-1
, 127 g kg
-1
, 139 g kg
-1 
nos 
horizontes A, Bt1, Bt2 e Bt3 respectivamente. Observando, portanto, as características morfológicas 
anteriormente mostradas e a distribuição das frações granulométricas ao longo do perfil, é possível 
apontar que esse solo oferece boas condições para o manejo e mecanização por proporcionar uma 
boa drenagem, não apresentar pedregosidade até 100 cm, e baixa erodibilidade. 
Com relação ao grau de floculação (GF), indicador da proporção de argila que se encontra 
floculada e consequentemente do grau de estabilidade dos agregados (Embrapa, 2011), observa-se 
que os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) 
apresentaram de maneira geral valores mais elevados, o que indica pouca mobilidade das argilas 
nesses solos, como também maior resistência à dispersão. Nos perfis do Planossolo Háplico (SXd) e 
do Argissolo Amarelo (PAe) o GF, principalmente no horizonte A, é menor do que nos horizontes 
subjacentes, o que pode ser explicado pela baixa quantidade de argila desses horizontes. 
32 
 
Com relação à densidade do solo, o Cambissolo Háplico (CXve) apresentou menores 
valores, se comparado aos outros perfis estudados, variando de 1,28 g cm
-3
 até 1,38 g cm
-3
, o que 
pode ser explicado pela marcante presença nos teores de argila e também na predominância das 
areias fina e muito fina. Os perfis do Neossolo Quartzarênico (RQo), do Planossolo Háplico (SXd) 
e do Argissolo Amarelo (PAe) são mais arenosos e apresentam, de maneira geral, maiores valores 
de densidade do solo. 
Ferreira (2010) aponta que os solos ou camadas mais arenosas apresentam valores mais 
elevados de densidade e que isso pode ser observado nos Argissolos ou outros solos que apresentem 
B textural, em que o gradiente textural verificado entre os horizontes A e B pode fazer com que o 
horizonte A, possuindo textura menos argilosa que o B, apresente maior densidade. Isso pode ser 
visualizado no perfil P2, principalmente comparando os valores de densidade do solo dos horizontes 
A e Bt1, 1,52 g cm
-3 
e 1,28 g cm
-3 
respectivamente. 
É válido salientar que os valores de densidade de todos os perfis estão acima dos limites 
médios propostos por Kiehl (1979), em que para solos argilosos podem variar de 1,00 a 1,25 g cm
-3 
e arenosos em média de 1,25 g cm
-3 
a 1,40 g cm
-3
. O valor de densidade do solo reflete algumas das 
características do sistema poroso do solo, e como as raízes das plantas desenvolvem-se nos poros, 
admite-se que qualquer alteração no sistema poroso do solo pode interferir no desenvolvimento 
delas. Valores mais elevados de densidade do solo podem prejudicar o desenvolvimento radicular 
das plantas como também reduzir a capacidade de armazenamento de água no solo. Portanto, 
conhecimento da densidade do solo poderá auxiliar na tomada de decisão quanto ao 
estabelecimento de práticas agronômicas visando a conservação do solo e água e ainda servir como 
importante variável para a elaboração de projetos de engenharia nas áreas de irrigação e drenagem 
(Ferreira, 2010). 
Os trabalhos de Dantas et al. (1998) e Santos & Ribeiro (2000) realizados na região do Vale 
do Submédio São Francisco também constataram valores altos de densidade do solo, atribuindo isso 
ao cultivo intensivo e também às característicaspedogenéticas desses solos. Fante Junior et al. 
(2002), comparando duas metodologias diferentes para obtenção da densidade do solo, a tomografia 
computadorizada e a do torrão parafinado, também encontraram valores altos de densidade do solo 
sob vegetação nativa, justificando que o aumento da densidade do solo em profundidade é 
decorrente do adensamento existente nas camadas subsuperficiais em solos da região semiárida. 
Os valores de densidades de partículas variaram de 2,48 g cm
-3
 até 2,66 g cm
-3
. A maior 
parte dos horizontes nos cinco perfis de solos estudados está abaixo da média universal que é 2,65 g 
cm
-3
, indicando a presença de partículas menos densas que o quartzo, uma vez que esse mineral é 
considerado predominante na maioria dos solos se comparado aos outros minerais existentes. A 
33 
 
densidade das partículas depende da constituição do solo e, como esta varia relativamente pouco de 
solo para solo, ela não varia de modo excessivo entre diferentes solos (Reichardt & Timm, 2004). 
A porosidade total nos horizontes dos solos variou de 38 % a 52 %, estando dentro dos 
limites propostos por Kiehl (1979,) em que para solos de textura média a argilosa a porosidade total 
varia de 40 % a 60 %, para solos mais arenosos a variação fica entre 35 % a 50 %. É válido salientar 
que a porosidade depende de características como: a textura e o teor de matéria orgânica do solo 
(MOS), que influenciam no tipo de estrutura; a profundidade do perfil, uma vez que a consolidação 
aumenta com a mesma; e o manejo, que provoca alterações no conteúdo de MOS e desagrega ou 
compacta o solo (Curi & Kämpf, 2012). 
Para estudar o armazenamento e movimentação de água do solo, bem como a aeração, torna-
se importante conhecer a distribuição dos poros. Solos com textura grosseira tem maior proporção 
de macroporos, sendo bem drenados e arejados enquanto solos com textura fina tem capacidade de 
drenagem inferior, porém a porosidade total é maior, retendo com isso mais água (Kiehl, 1979). Os 
microporos são importantes, portanto, para a retenção e armazenamento de água pelo solo, ao passo 
que os macroporos pela drenagem e aeração do solo (Ferreira, 2010). Observando a distribuição de 
macro e microporos nos solos é possível perceber que os perfis P1 e P2 apresentam um desbalanço 
entre as proporções, uma vez que a relação macro:microporos varia de 1:3,4 até 1:8,0 no 
Cambissolo Háplico (CXve), e de 1:3,0 até 1:4,7 no Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe), 
havendo com isso forte predominância de microporos, indicando maior limitação à entrada e 
circulação de água e ar nesse solos. Nos outros três perfis de solo estudados, a presença dos macro e 
microporos apresentam distribuição parecida. No Neossolo Quartzarênico (RQo) a relação 
macro:microporos varia de 1:1,1 a 1:3,3, no Planossolo Háplico (SXd) de 1:1,2 a 1:2,3 e no 
Argissolo Amarelo (PAe) de 1:1,7 a 1:4,4. São os solos que mais se aproximam da proporção ideal 
de macro:microporos que é de 1:2 (Kiehl, 1979). Vale observar que apesar desses solos serem mais 
arenosos, a presença de areia com granulometria mais fina proporciona uma boa quantidade de 
microporos, o que não ocorre de modo geral em solos arenosos com presença de frações mais 
grosseiras. Tal comportamento pode contribuir para que esses solos consigam reter mais água. O 
uso da irrigação por gotejamento com alta frequência e baixa intensidade, torna-se primordial 
nesses tipos de solo, que além de proporcionar um melhor aproveitamento da água aplicada, evita 
também a lixiviação dos nutrientes. 
Na Figura 7 estão contidos os dados referentes à distribuição de agregados por classes de 
diâmetro, tendo como base o peso do solo retido nas peneiras de diferentes malhas. O tamanho dos 
agregados tem influência no crescimento e no sistema radicular das plantas, e cada solo tem 
tendência a apresentar um tamanho determinado de agregados, dependendo principalmente da 
34 
 
quantidade de argila e matéria orgânica, seus principais agentes cimentantes (Kiehl, 1979). Num 
sentido mais amplo, acrescenta-se ainda que a forma, o tamanho e o arranjo dos agregados são 
bastante variáveis e estão associados a um complexo conjunto de interações entre fatores 
mineralógicos, químicos e biológicos (Lepsch, 2011). 
Observou-se que no Cambissolo Háplico (CXve) há uma maior concentração de agregados 
com diâmetro menor que 0,250 mm em todos os horizontes. Como pode ser observado na Tabela 2, 
esse solo apresenta teores de argila superiores a 300 g kg
-1
, que em outras condições pedológicas 
poderia proporcionar a formação de agregados com diâmetros maiores, uma vez que a argila 
desempenha entre tantas funções, a formação de agregados mais estáveis no solo. No entanto, este 
solo apresenta alternados ciclos de umedecimento e secagem ao longo do ano, variando de 
moderadamente a imperfeitamente drenado, o que lhe confere uma consistência muito dura quando 
está seco, firme a muito firme quando úmido na maior parte dos horizontes, (Tabela 1). Esses 
fatores podem explicar a existência de agregados de menores diâmetros em função da fragmentação 
dos mesmos pela alternância do teor de água, diminuindo, portanto, a resistência desse solo em 
sofrer processos erosivos. De maneira geral, aceita-se como sendo de baixa estabilidade, os solos 
com índice de agregação inferior a 0,5 mm, pois tais solos podem tornar-se impermeáveis quando 
irrigados (Kiehl, 1979). 
No Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) a percentagem de agregados maiores que 2 mm é 
maior principalmente nos horizontes BA e Bt1. À medida que aumenta a profundidade, a 
distribuição de agregados de diâmetros menores aumenta também. A explicação para isso pode ser 
o fato desse solo ser extremamente pedregoso, com presença de cascalhos e calhaus 
semidesarestados em quantidades crescentes com o aumento da profundidade do solo, impedindo a 
formação de agregados mais estáveis e resistentes ao esboroamento. 
No Neossolo Quartzarênico (RQo) a distribuição de agregados com diâmetro maior que 2 
mm aumenta com a profundidade, isso pode ser relacionado à textura desse solo, que mesmo se 
tratando de um Neossolo Quartzarênico, há um pequeno incremento de argila nos horizontes C2, C3 
e C4l, e isso pode ter proporcionado a formação de agregados maiores. Nos horizontes A e C1 
predominam agregados pequenos, com diâmetro inferior a 0,250 mm prevalecendo sobre as demais 
classes de diâmetros. 
 
35 
 
 
 
 
Figura 7. Percentagem de agregados (%), por classe de diâmetro, no perfil de cinco solos 
localizados na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
O Planossolo Háplico (SXd) apresentou comportamento diferente dos outros perfis com 
relação à distribuição de agregados com diferentes classes de diâmetro (Figura 7). Os agregados 
com diâmetro maior que 2 mm vão diminuindo proporcionalmente à medida que aumenta a 
profundidade solo. Em um solo que apresenta horizonte B textural (Bt), com teor de argila maior 
que os horizontes sobrejacentes, o esperado é que haja a formação de agregados maiores nesse 
horizonte, pela condição da argila funcionar como agente agregador das partículas constituintes do 
solo. No entanto esse solo morfologicamente apresenta um horizonte Bt com característica 
0
10
20
30
40
50
60
70
> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
A
G
R
EG
A
D
O
S 
 (
%
)
CLASSE (mm)
P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico - CXve
A (0 - 15 cm) 
BA (15 - 35 cm)
Bi (35 - 80 cm)
Bi2 (80 - 130 cm)
BC (130 - 170+ cm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
A
G
R
EG
A
D
O
S 
(%
)
CLASSE (mm)
P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico 
abrúptico - PVAe
A (0 - 10 cm)
BA (10 - 33 cm)
Bt1 (33 - 55 cm)
Bt2 (55 - 85 cm)
Bt3 (85 - 100+ cm)
0
10
20
30
40
50
60
70
> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
A
G
R
EG
A
D
O
S 
(%
)
CLASSE (mm)
P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICOÓrtico típico - RQo
A (0 - 15 cm)
C1 (15 - 55 cm)
C2 (55 - 110 cm)
C3 (110 - 160 cm)
C4 (160 - 200+ cm)
0
20
40
60
80
100
> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
A
G
R
EG
A
D
O
S 
(%
)
CLASSE (mm)
P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico 
fragipânico - SXd
A (0 - 20 cm)
E1 (20 - 55 cm)
E2 (55 - 110 cm)
Btx (110 - 140 cm)
0
10
20
30
40
50
60
> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250
A
G
R
EG
A
D
O
S 
(%
)
CLASSE (mm)
P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico - PAe
A (0 - 20 cm)
Bt1 (20 - 40 cm)
Bt2 (40 - 75 cm)
Bt3 (75 - 100 cm)
36 
 
aparentemente cimentada, o que pode explicar a predominância de agregados com diâmetros 
menores que 0,250 mm. A qualidade do material coloidal, segundo Ferreira (2010), é responsável 
também pelo grau de estabilidade dos agregados das camadas subsuperficiais, para isso a 
caracterização mineralógica principalmente da fração argila é necessária para poder compreender 
melhor a formação dos agregados nesse solo. 
No Argissolo Amarelo (PAe) há uma concentração mais elevada de agregados menores que 
2 mm na maioria dos horizontes do solo, sendo possível verificar que somente no horizonte Bt1 a 
proporção de agregados maiores que 2 mm é mais elevada (Figura 7). A proporção de agregados 
pequenos pode ser associada à constituição granulométrica desse solo, que mesmo sendo 
classificado como um Argissolo apresenta teores de areia superiores a 792 g kg
-1
 ao longo do perfil 
(Tabela 2). 
No que se refere à curva característica de retenção de água dos solos, que expressa a relação 
entre o potencial mátrico e a umidade do solo (Nascimento et al., 2010), constatou-se que os solos 
apresentam comportamentos distintos (Figuras 8, 9, 10, 11 e 12), uma vez que são pertencentes a 
classes de solos diferentes, apresentando consequentemente, diferentes atributos que influenciam no 
formato delineado das curvas. A textura é posta como sendo uma das principais características do 
solo que influencia a retenção de água no solo. Reichardt & Timm (2004) destacam que para altos 
teores de água, onde os fenômenos de capilaridade são primordiais na determinação do potencial 
mátrico, a curva característica de umidade depende da geometria da amostra, em que atributos como 
densidade do solo e porosidade irão influenciar o comportamento da mesma. Já para baixos teores 
de água, o potencial mátrico praticamente independe da geometria das amostras. 
Observou-se que o Cambissolo Háplico (CXve) retém maiores conteúdos de água nos 
diferentes pontos de tensão se comparado aos outros perfis estudados (Figura 8). Essa condição está 
relacionada com a textura desse solo, que apresenta uma boa distribuição de argila em todos os 
horizontes, bem como de outras frações de granulometria mais fina como o silte e a areia muito 
fina. O manejo desse solo deve levar em conta tais características para que não tenha problemas 
com o encharcamento devido ao excesso de água no perfil. Os horizontes BC, A e BA em ordem 
decrescente, apresentam conteúdos de água superiores aos demais horizontes do solo em todas as 
tensões (Figura 8). A curva do horizonte Bi2 é a que mais se distancia das demais em termos de 
retenção de água nas mesmas tensões. O decréscimo nos conteúdos de água retida em tensões 
maiores pode ser visto em todos os horizontes. 
 
37 
 
 
Figura 8. Curva característica de retenção de água de um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico 
típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA 
 
As curvas que representam o Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) tem comportamento 
parecido com o Cambissolo Háplico no formato delineado, referente às diferenças nas quantidades 
de água retida entre seus horizontes (Figura 9). No entanto, observa-se que o conteúdo de água 
retido, de maneira geral, ao longo de todo o perfil é inferior ao perfil Cambissolo e superior aos 
outros solos nas mesmas tensões. A maior retenção de água nesse perfil pode ser relacionada com 
sua textura, onde os teores de argila também são elevados assim como no Cambissolo (Tabela 2), 
proporcionando maior retenção de água. Porém, observando o delineamento das curvas, não é 
possível apontar que o aumento na retenção de água está associado somente com teores mais altos 
de argila à medida que aumenta a profundidade do perfil. A proporção de areia fina e areia muito 
fina nos horizontes A e BA pode ter influência no comportamento apresentado pelas curvas, uma 
vez que frações mais finas, além da argila podem proporcionar ao solo maior retenção de água. 
 
 
1
10
100
1000
10000
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
Te
n
sã
o
 (
kP
a)
Umidade (m3 m-3)
P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico - CXve
A (0-15 cm)
BA (15-35 cm)
Bi1 (35-80 cm)
Bi2 (80-130 cm)
BC (130-170+ cm)
1
10
100
1000
10000
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
Te
n
sã
o
 (
kP
a)
Umidade (m3 m-3)
P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico - PVAe
A (0-10 cm)
BA (10-33 cm)
Bt1 (33-55 cm)
Bt2 (55-85 cm)
Bt3 (85-100+ cm)
38 
 
Figura 9. Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO 
Eutrófico abrúptico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa 
Nova-BA 
 
O Neossolo Quartzarênico (RQo) representa bem a relação existente entre a classe textural 
do solo e sua capacidade de reter mais ou menos água. Como é um solo muito arenoso, com teores 
superiores a 807 g kg
-1
 de areia nos seus horizontes, apresenta baixa capacidade de retenção de 
água, consequentemente de nutrientes também. Observa-se que as curvas de todos os horizontes são 
muito semelhantes e praticamente se sobrepõem principalmente os horizontes A, C1 e C2 (Figura 
10). Por serem muito arenosos, os Neossolos Quartzarênicos apresentam sérias limitações com 
respeito ao armazenamento de água disponível para as plantas, no entanto a granulometria da fração 
areia é bastante importante na capacidade de retenção de água por esses solos, quando predominam 
a areia fina sobre a grossa, há maior disponibilidade de água (Oliveira, 2005), como é o caso desse 
perfil. De maneira geral, é importante que o manejo da água nesse solo seja bem planejado a fim de 
evitar o desperdício desse recurso, bem como a lixiviação dos nutrientes do solo. 
 
 
Figura 10. Curva característica de retenção de água de um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO 
Órtico típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. 
 
No Planossolo Háplico (SXd) é possível verificar que nos horizontes A, E1 e E2 o 
comportamento das curvas é muito parecido com o Neossolo Quartzarênico (Figura 11), o que é 
justificado pela composição granulométrica desses horizontes, com forte predomínio da fração 
areia, a retenção de água também é reduzida. No entanto, o horizonte Btx apresenta uma situação 
atípica, pois se observa que o solo consegue reter quantidade de água bem superior aos outros 
horizontes nas baixas tensões, havendo um decréscimo nítido para tensões mais altas. A ocorrência 
1
10
100
1000
10000
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
Te
n
sã
o
 (
kP
a)
Umidade (m3 m-3)
P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico - RQo
A (0-15 cm)
C1 (15-55 cm)
C2(55-110 cm)
C3 (110-160 cm)
C4 (160-200+ cm)
39 
 
de uma cimentação aparente reversível nesse solo (Btx) pode explicar tal situação, uma vez que essa 
camada com uma consistência dura pode ser um impedimento para que o solo retenha conteúdos 
mais elevados de água em tensões maiores como ocorre nas baixas tensões. Em solos de textura 
binária, especialmente nos que apresentam textura contrastante ou mudança textural abrupta, o 
comportamento hídrico apresenta importantes variações ao longo do perfil, especialmente entre os 
horizontes A, E e B (Oliveira, 2005). Portanto, é recomendado levar em consideração suas 
características morfológicas e físicas para um adequado manejo

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