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1www.biologiatotal.com.br GE NÉ TI CA H UM AN A CARIÓTIPO HUMANO E DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL OS CROMOSSOMOS HUMANOS Nos humanos, as cadeias polinucleotídicas de DNA (na forma de uma dupla hélice) têm centenas de milhões de nucleotídeos de comprimento, variando em tamanho de aproximadamente 50 milhões de pares de bases (para o menor cromossomo, o cromossomo 21) a 250 milhões de pares de bases (para o maior cromossomo, o cromossomo 1). Uma molécula de DNA completa corresponde a um cromossomo. Ao contrário dos cromossomos sexuais, os cromossomos autossômicos não carregam genes que especificam o sexo. Nos humanos existem 22 tipos de cromossomos autossomos e estes são classificados de acordo com seu tamanho e forma e são nomeados de 1 até 22. Os cromossomos X e o Y correspondem aos cromossomos sexuais na nossa espécie. Juntos, os cromossomos sexuais e os autossomos formam o nosso genoma, que pode ser definido como o conjunto completo de informação genética de um organismo. O genoma humano completo tem cerca de 3,2 bilhões de pares de base. A grande maioria das nossas células contém duas cópias do genoma, ou seja duas cópias de cada conjunto cromossômico. Estas são denominadas células somáticas e são portanto diplóides (2n, onde n equivale a um genoma completo). Tal configuração é fruto da reprodução sexuada, em que recebemos um conjunto cromossômico da nossa mãe (carregando 22 autossomos e um X) e um do nosso pai (carregando 22 autossomos e um X ou um Y). O sexo será definido pelo espermatozóide, em que o zigoto 46, XX dará origem a um feto do sexo feminino e um zigoto 46, XY dará origem a um feto do sexo masculino. Cada cromossomo de um conjunto cromossômico tem um cromossomo correspondente no outro conjunto, constituindo um par homólogo ou seja, as células somáticas humanas possuem 46 cromossomos, sendo 23 pares homólogos (figura 1). Os dois cromossomos de um par homólogo são geralmente iguais em estrutura e tamanho, e cada um carrega informação genética para o mesmo conjunto de características hereditárias. Por exemplo, se um gene em um cromossomo particular codifica uma característica como a cor do cabelo, outro gene (chamado alelo) na mesma posição no cromossomo homólogo também codifica a cor do cabelo. No entanto, estes dois alelos não precisam ser idênticos: a sequência de DNA pode conter diferenças sucintas e fazer com que um alelo carregue por exemplo a informação para expressar cabelos ruivos e o outro, cabelos loiros. A mistura de ambas as informações genéticas resultará em um fenótipo específico. Os cromossomos sexuais X e Y são bastante diferentes no entanto possuem regiões de homologia conservadas, o que faz com que também sejam considerados cromossomos homólogos. As células germinativas (ovócito e espermatozóide) por sua vez são haplóides (n) e quando se unem formam a primeira célula diplóide de um organismo, o zigoto. No DNA nesta única célula está a informação necessária para a formação e desenvolvimento de um organismo completo. A partir de mitoses, o zigoto se divide e passa a informação genética completa às demais células ou seja, todas as células somáticas irão carregar os dois conjuntos cromossômicos completos, os dois genomas completos. Apesar do DNA ser idêntico em todas as células, nem todos os genes são expressos em tipos celulares distintos. A expressão da maioria dos genes é finamente 2 GE NÉ TI CA H UM AN A regulada, tanto quantitativamente quanto temporalmente no período de vida de uma célula, o que resulta em ampla diversidade de função e estrutura celular. As proteínas mais abundantes na cromatina são as histonas, que são proteínas relativamente pequenas e positivamente carregadas. Todas as histonas têm uma grande quantidade de arginina e lisina, aminoácidos carregados positivamente que lhes dão uma carga positiva. As cargas positivas atraem as cargas negativas dos fosfatos do DNA e os mantém unidos. As proteínas cromossômicas não-histônicas podem ter tanto funções estruturais (formando um esqueleto cromossômico) como atuar nos processos genéticos tais como transcrição e replicação. ORGANIZAÇÃO DOS CROMOSSOMOS NO CICLO CELULAR O nível de condensação dos cromossomos varia durante as diferentes fases do ciclo celular (figura 2). O ciclo celular é composto pela intérfase e pela fase M. A intérfase por sua vez pode ser dividida em 3 fases. A primeira fase é chamada G1 (gap 1) e é onde a célula está basicamente desempenhando suas funções fisiológicas. Esta fase é longa, podendo durar dias ou anos. De fato, alguns tipos celulares, como neurônios não se dividem mais depois que atingem a diferenciação total. Em vez disso, eles permanentemente em G1, em uma fase distinta chamada de G0 (“G zero”). Outras células, como as células do fígado, podem entrar em G0, mas, após algum tipo de lesão, eventualmente retornam a G1 e continuam o ciclo celular. Neste período cada um dos 46 cromossomos está organizado como molécula única nos nucleossomos conforme descrito anteriormente. Nesta fase genes específicos serão expressos, de acordo com a necessidade fisiológica da célula. Para tal, a estrutura enovelada cromossômica pode sofrer algumas modificações fazendo com que a eucromatina se torne acessível a proteínas e enzimas. Nesta fase e em todas as demais, a heterocromatina estará altamente condensada. TIPOS DE CROMATINA O DNA eucariótico está intimamente associado a proteínas na célula. Esta combinação de DNA e proteína é chamada cromatina. Nos cromossomos, existem dois tipos básicos de cromatina: a eucromatina, que sofre o processo normal de condensação e descondensação no ciclo celular, e a heterocromatina, que permanece num estado altamente condensado ao longo do ciclo celular, mesmo durante a interfase. A eucromatina constitui a maior parte dos cromossomos e é onde se encontram as sequências gênicas, enquanto a heterocromatina constitui regiões repetitivas de DNA e que não serão transcritas. São encontrada nos centrômeros e telômeros e ao longo de todo o cromossomo inativo X nas fêmeas de mamíferos. Em relação ao X, o cromossomo Y tem um tamanho reduzido e abriga cerca de 71 genes relacionados à determinação do sexo masculino. Em suas células somáticas, as mulheres possuem duas cópias do cromossomo X, que tem tamanho médio e carrega cerca de 1800 genes, relacionados a diversas funções celulares. Nestas células, um cromossomo X será inativado em forma de heterocromatina a fim de compensar a dose gênica. Este cromossomo X inativado se chama Corpúsculo de Barr. Figura 1. Representação esquemática do cariograma humano 3www.biologiatotal.com.br GE NÉ TI CA H UM AN A Quando as condições são favoráveis, a célula recebe sinais que a fazem entrar na fase S (síntese). Aqui a célula começa a se preparar para a divisão celular, duplicando o seu DNA. Ao término da fase S, a célula contém os mesmos 46 cromossomos (23 pares homólogos), em que cada molécula de DNA está duplicada, com 2 cromátides irmãs. Cada cromossomo contém portanto 2 cromátides irmãs unidas (2 moléculas de DNA) fisicamente em uma região heterocromática chamada de centrômero. As cromátides irmãs possuem a informação genética idêntica. As extremidades de cada cromossomo (ou cromátide) são protegidas por telômeros, que consistem em seqüências repetitivas de DNA heterocromáticos, que garantem a integridade do cromossomo durante a divisão celular. A manutenção correta das extremidades dos cromossomos requer a ação de uma enzima especial chamada telomerase, que garante que a síntese de DNA inclua as extremidades de cada cromossomo. Na ausência de telomerase, as extremidades dos cromossomas ficam mais curtas a cada divisão celular, levando eventualmente à senescência celular. A telomerase só é ativa em alguns tipos de células, como as células-tronco. Nas demais células existe um limite de divisões celulares possíveis. Após a fase S, a célulaentra em um breve estágio chamado G2, em que as proteínas necessárias para o processo de divisão celular são produzidas. Ao longo da interfase, os cromossomos estão em um estado relativamente relaxado (mas não desenovelados). Neste período os cromossomos individuais não podem ser Figura 2. Organização dos cromossomos durante o ciclo celular vistos com o uso de um microscópio óptico. Após o período G2, a célula entra em mitose. As etapas da mitose serão discutidas com mais detalhe da disciplina de biologia celular. Nesta fase, os cromossomos duplicados se condensam, formando a estrutura cromossômica metafásica, visível ao microscópio óptico. Nesta fase, os cromossomos irão se organizar no plano equatorial da célula e as cromátides- irmãs serão separadas para os polos opostos e posteriormente em células-filhas diferentes. Cada nova célula fica portanto com 46 cromossomos (23 homólogos), não duplicados. Após o término da divisão, as células entram novamente em G1 e os cromossomos voltam ao seu estado relaxado. Para formar os gametas haplóides que atuarão na reprodução sexuada, as células germinativas diplóides fazem uma divisão celular reducional, a meiose. O processo é bem parecido com a mitose com a diferença que na meiose, os cromossomos serão dispostos na região equatorial da célula, aos pares. Nesta fase, a proximidade dos cromossomo homólogos propicia a recombinação homóloga, em que regiões cromossômicas correspondentes serão trocadas. Desta forma, ao término da meiose I, cada célula filha possui um conjunto cromossômico homólogo duplicado. A meiose II é necessária para separar as cromátides-irmãs. Ao término destas duas divisões meióticas, o resultado são 4 células haplóides, não idênticas, devido ao processo de recombinação genética. O CARIÓTIPO HUMANO Os geneticistas estudam o número e a estrutura cromossômica a partir de colorações específicas em células em divisão mitótica e examinando- os em microscópio. A análise de cariotípica é a principal atividade da disciplina chamada citogenética. Para tal análise, podem ser utilizados diversos materiais biológicos tais como, biópsias de tumores, líquido amniótico ou vilosidades coriônicas. Comumente se utiliza o sangue periférico, devido à sua facilidade de obtenção. 4 GE NÉ TI CA H UM AN A Para a utilização do sangue, os glóbulos brancos (leucócitos) devem ser primeiramente separados das hemácias (células anucleadas) e colocados em cultura no laboratório. Os leucócitos são estimulados a se dividir pela adição de alguns compostos específicos, momento no qual a amostra de células é preparada para análise citológica. As células são então tratadas geralmente com colchicina, um composto que desestabiliza o fuso mitótico. Como resultado, a célula permanece em mitose, fase em que os cromossomos são visíveis ao microscópio óptico. As células são imersas em uma solução hipotônica para absorverem água por osmose e desta forma o seu conteúdo se espalha mais facilmente quando estas são esmagadas numa lâmina de microscópio. A fim de facilitar a identificação correta dos cromossomos, após o preparo da amostra é realizada a técnica de coloração. Uma técnica de coloração mais utilizadas é a técnica de bandeamento G, que se baseia na coloração por Giemsa. As regiões heterocromáticas de DNA, que tendem a ser ricas em adenina e timina, formam bandas mais escuras, quando em contato com este corante. Em contraste, a cromatina menos condensada, que tende a ser rica em guanina e citosina, incorpora menos Giemsa, e essas regiões aparecem como bandas claras. O padrão de bandas é constante para cada cromossomo o que torna possível a correta identificação destes. O bandeamento auxilia ainda na identificação de alterações estruturais - é possível por exemplo, verificar se existem bandas em falta, em excesso, ou se foram translocadas à outros cromossomos. Uma técnica mais sensível usada pelos citogeneticistas hoje é chamada de citogenética molecular. Com esta técnica, imagens cromossômicas são criadas tratando-se as metáfases com fragmentos de DNA marcados com fluorescência (sonda). Tal fragmento pode, por exemplo, ser de um gene particular ou região cromossômica que é então quimicamente marcada com uma marcação fluorescente e depois aplicado à amostra na lâmina de vidro. A sonda se liga ao DNA cromossômico que possui sequência complementar. Esta ligação, marca o DNA cromossômico com o fluoróforo da sonda. Após a ligação da sonda, cromossomos são irradiados com um comprimento de onda apropriado. As bandas ou pontos de cor resultantes revelam onde a seqüência de DNA complementar - o alvo da sonda - está localizada nos cromossomos. Esta técnica é bem versátil, uma vez que as sondas podem ser construídas para regiões específicas, dependendo do objetivo do estudo. É possível marcar um gene, uma região (como por exemplo o centrômero ou os telômeros) e até mesmo cromossomos inteiros. Conforme mencionado, as células humanas diplóides contêm 46 cromossomos - 44 autossomos e dois cromossomos sexuais, que são XX em fêmeas e XY em machos. Na metáfase mitótica, cada um dos 46 cromossomos possui duas cromátides-irmãs idênticas. Quando corados adequadamente, cada um dos cromossomas duplicados pode ser reconhecido pelo seu tamanho, forma e padrão de bandas. Para a análise citológica, as metáfases são fotografadas e, em seguida, a imagem de cada cromossomo é recortada e colocada ao lado do seu cromossomo homólogo e organizada do maior a menor tamanho. O maior cromossomo é o número 1, e o menor é o número 21. Por razões históricas, o segundo menor cromossomo foi designado de 22. O cromossomo X é intermediário em tamanho, e o cromossomo Y é aproximadamente do mesmo tamanho do cromossomo 22. A representação gráfica do conjunto de cromossomos metafásicos de um indivíduo, exibido como pares de homólogos e ordenados numericamente, é chamada de cariograma (figura 1). Um citogeneticista habilidoso pode usar esta imagem para identificar anormalidades no número e estrutura do cromossomo. Um cromossomo possui duas partes estruturais essenciais: um centrômero e telômeros (figura 3). Os telômeros estão presentes nas extremidades dos cromossomos, já o centrômero é o local de ancoramento dos cromossomos aos os microtúbulos do fuso 5www.biologiatotal.com.br GE NÉ TI CA H UM AN A mitótico (filamentos responsáveis por movê- los durante a divisão celular). O centrômero divide cada cromossomo em braços longos e curtos. Com base na localização do centrômero, os cromossomos são classificados em quatro tipos (figura 4): metacêntrico (centrômero se encontra no centro do cromossomo), submetacêntrico (centrômero posicionado em uma das extremidades do cromossomo), acrocêntrico (o cromossomo possui uma esfera terminal, situada na extremidade do braço curto) e telocêntrico (com centrômero terminal). Um dos dois braços de um cromossomo (o braço curto de um cromossomo submetacêntrico ou acrocêntrico) é designado pela letra p (petit, pequeno em francês) e o outro braço longo é designado por q (queue, cauda em francês). Desta maneira, um citogeneticista pode referir-se especificamente ao braço curto do cromossomo 5 simplesmente escrevendo “5p.” Dentro de cada braço, as regiões específicas são indicadas por números, começando no centrômero. Assim, no braço curto do cromossomo 5, temos a região 5p11, que está mais próxima do centrômero, seguida pelas regiões 5p12, 5p13, 5p14 e 5p15, que estão mais distante do centrômero. Dentro de cada região, as bandas individuais são indicadas por números seguindo um ponto decimal por exemplo, 13.1, 13.2 e 13.3 referem- se às três bandas que compõem a região 5p13. A representação gráfica do padrão de bandas de um cromossomo é chamado de ideograma. Os cromossomos humanos são divididos em 7 grupos. O grupo A contém os maiores cromossomos: 1 (metacêntrico), 2 (submetacêntrico) e o3 (metacêntrico). O grupo B contém cromossomos submetacêntricos grandes, os cromossomos 4 e 5. Os cromossomos submetacênctricos médios ( cromossomo 6 ao 12 e o X), fazem parte do grupo C. Os cromossomos 13, 14 e 15 (acrocêntricos médios) fazem parte do grupo D. O grupo E contém cromossomos pequenos: 16 (metacêntrico), 17 (submetacêntrico) e 18 (submetacêntrico). O grupo F contém cromossomos pequenos metacêntricos (19 e 20). O grupo G contém os menores cromossomos acrocêntricos (21, 22 e Y). A partir da análise cariotípica é possível identificar anomalias cromossômicas estruturais e numéricas. Se um cariograma apresenta por exemplo, uma trissomia do cromossomo 21, o indivíduo possui síndrome de Down. Mais exemplos serão avaliados nas aulas de alterações cromossômicas. DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL O objetivo do teste genético pré-natal é identificar a existência de uma condição genética em uma fase inicial. Em alguns casos, o tais testes permitem que os pais façam escolhas informadas sobre a reprodução assistida. Em outros casos, permitem uma intervenção precoce que pode diminuir ou mesmo impedir Figura 3. A estrutura de um cromossomo antes e depois da sua duplicação. Figura 4. Tipos de cromossomos 6 GE NÉ TI CA H UM AN A o desenvolvimento da doença. Para aqueles que sabem que existe um risco de que o feto desenvolva uma condição genética, estes testes podem ajudar a aliviar a ansiedade ligada à incerteza desta situação. Testes genéticos pré-natais são aqueles que são realizados antes do nascimento e que são capazes de identificar várias centenas de doenças e distúrbios genéticos. A finalidade principal dos testes pré-natais é fornecer às famílias a informação que necessitam fazer escolhas durante a gravidez e, em alguns casos, preparar-se para o nascimento de uma criança com uma alteração genética. Exames de triagem de sangue materno O risco aumentado de algumas condições genéticas pode ser detectado através do exame dos níveis de determinadas substâncias no sangue da mãe (referido como um teste de triagem materno). No entanto, estes testes não determinam a alteração genética. Eles simplesmente indicam que o feto está em maior risco. Quando o risco aumentado é detectado, os testes de acompanhamento (ultrassom, amniocentese ou coleta das vilosidades coriônicas) são geralmente realizados. A α-fetoproteína é uma proteína que é normalmente produzida pelo feto durante o desenvolvimento e está presente no sangue fetal, líquido amniótico e sangue da mãe durante a gravidez. Níveis elevados de α-fetoproteína podem ocorrer quando o feto tem um defeito no tubo neural ou vários outros distúrbios. Níveis reduzidos de α-fetoproteína podem indicar a ocorrência de algumas alterações cromossômicas. Outros componentes como a gonadotrofina coriónica humana ou a proteína plasmática A também podem ser avaliados para auxiliar na detecção de alterações genéticas no feto. Ultrassonografia Algumas condições genéticas podem ser detectadas através da visualização direta do feto. Essa visualização é mais comumente feita com o uso de ultra-sonografia. Além da avaliação do tamanho do feto, alterações genéticas como defeitos no tubo neural (defeitos no desenvolvimento da coluna vertebral e do crânio) e anormalidades esqueléticas também podem ser detectados. Ao término do terceiro trimestre de gestação é realizado o exame de translucência nucal. O exame de translucência nucal é uma ultrassonografia realizada que avalia a quantidade de líquido presente na região próxima à nuca do feto. A existência de um espessamento nesta região, pode ser um indicativo de anomalias cromossômicas ou alterações cardíacas no feto. Amniocentese A maioria dos testes pré-natais requer tecido fetal, que pode ser obtido de várias maneiras. O método mais utilizado é a amniocentese, um procedimento para a obtenção de uma amostra de líquido amniótico de uma mulher grávida (figura 5). O líquido amniótico - a substância que preenche o saco amniótico e envolve o feto em desenvolvimento - contém células fetais que podem ser usadas para testes genéticos. Amniocentese é rotineiramente realizada como um procedimento ambulatorial com ou sem o uso de um anestésico local. Primeiro, a ultra- sonografia é usada para localizar a posição do feto no útero. Em seguida, uma agulha longa e estéril é inserida através da parede abdominal no saco amniótico, e uma pequena quantidade de líquido amniótico é retirada através da agulha. As células fetais são separadas do líquido amniótico e colocadas em um meio de cultura que os estimula a crescer e a se dividir. Os testes genéticos são então realizados. Complicações com amniocentese (principalmente aborto espontâneo) são incomuns, resultando em apenas cerca de 1 em cada 400 procedimentos. 7www.biologiatotal.com.br GE NÉ TI CA H UM AN A Coleta de vilosidades coriônicas Uma das principais desvantagens da amniocentese é que ela é rotineiramente realizada em torno do 15 a 18 semanas de uma gravidez. As células obtidas por amniocentese devem ainda ser cultivadas antes da realização dos testes, exigindo ainda mais tempo. Por estas razões, o resultado pode não estar disponível até a 17a ou 18a semana de gravidez, o que é mais estressante para os pais. A coleta de vilosidades coriônicas pode ser realizada mais cedo (entre a 10ª ea 12ª semana de gestação) e coleta uma quantidade maior de tecido fetal, o que elimina a necessidade de cultivar as células. Neste procedimento, um cateter - um tubo de plástico macio - é inserido na vagina e, com o uso de ultrassonografia para orientação, é empurrado através do colo do útero para o útero. A ponta do tubo alcança o córion, a camada externa da placenta. A sucção é então aplicada, e um pequeno pedaço é removido. Figura 5. Amniocentese Apesar do córion ser composto de células fetais, é uma parte da placenta que é expulsa do útero após o nascimento; Assim, o tecido removido não é do feto propriamente dito. A coleta das vilosidades coriônicas tem um risco um pouco maior de complicação em relação à amniocentese. As células fetais obtidas por amniocentese ou coleta das vilosidades coriônicas podem ser utilizadas na avaliação cariotípica para a detecção de anomalias cromossômicas. Além disso, análises bioquímicas podem ser conduzidas para a identificação de determinados produtos metabólicos de genes específicos. Para as doenças genéticas em que a sequência de DNA mutante é conhecida, a sequência de DNA pode ser examinada quanto a alelos defeituosos. Diagnóstico genético pré-implantacional O diagnóstico genético pré-implantacional (PGD, do inglês pre implantation genetic diagnosis) pode ser aplicado durante o procedimento da reprodução assistida (fertilização in vitro ou injeção intracitoplasmática). O PGD consiste em um exame genético realizado antes mesmo da implantação dos embriões no útero materno. Para tal, algumas células são removidas do embrião e avaliadas por diferentes técnicas, de acordo com o objetivo da análise. Uma das possíveis técnicas empregadas é a análise cariotípica. É indicado nos casos de gravidez de mulheres avançadas, homens com baixa qualidade de sêmen, histórico de anomalias genéticas na família, casais com dificuldade falhas recorrentes na reprodução assistida ou com histórico de abortos recorrentes. A partir deste exame, escolhe-se e implanta-se apenas o embrião que não possui alteração genética. ANOTAÇÕES 8 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 5 (SNUSTADT, 2012) Em qual das fases do ciclo celular (interfase ou fase M) existe uma maior atividade metabólica dos cromossomos eucarióticos? (PIERCE, 2011) Descreva as relações entre genes, alelos, DNA e cromossomos. Complete com a alternativa correta: Células ______________ humana têm ______ cromossomos e são portanto _________. Já as células ________________ como o ovócito e o espermatozóide, são ___________ e possuem portanto___________ cromossomos. A) Germinativas, 22, haplóides, somáticas, diplóides, 44 B) Germinativas, 23, haplóides, somáticas, diplóides, 46 C) Somáticas, 44, diplóides, germinativas, haplóides, 22 D) Somáticas, 46, diplóides, germinativas, haplóides, 23 (LEWIS, 2015) Explique como os seres humanos têm os mesmos genes, mas variam geneticamente. QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA (Lewis, 2010) Quais são os componentes essenciais de um cromossomo? (LEWIS, 2015) Explique como as células do corpo de uma pessoa têm o mesmo genoma, mas são de centenas de tipos diferentes e assumem funções diferentes. (NUSSBAUM, 2007) Ao entrar na meiose, um cromossomo é composto de duas cromátides irmãs, cada uma das quais é uma única molécula de DNA. A. Em nossa espécie, no final da meiose I, quantos cromossomos existem por célula? Quantas cromátides? B. No final da meiose II, quantos cromossomos existem por célula? Quantas cromátides? C. Quando é restaurado o número de cromossomos diplóides? Quando é restaurada a estrutura de duas cromátides de um cromossomo metafásico típico? Comente a seguinte afirmação: haja visto que nos centrômeros e nos telômeros não existem genes codificadores de proteínas, a perda de ambas estruturas não acarretaria em grandes problemas para uma célula. Um pesquisador desconfia que, em determinada amostra de uma biópsia tumoral, uma pequena região do cromossomo 4 está inserida no cromossomo 7 e vice e versa. Descreva como ele pode validar a sua hipótese utilizando técnicas da citogenética. 4 6 7 8 9www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS Comente a seguinte afirmação: o exame do cariótipo humano está obsoleto. Atualmente não se realizam mais exames deste tipo. Todos vêm sendo substituído pelo sequenciamento do genoma completo. Durante a gravidez, alguns exames de rotina como o ultrassom, podem indicar que existe alguma alteração genética no feto. Por que é importante determinar, ainda no período pré natal por amniocentese ou pela análise das vilosidades coriônicas, se o bebê possui alguma doença genética? 109 ANOTAÇÕES 10 GE NÉ TI CA H UM AN A GABARITO DJOW O CARIÓTIPO HUMANO E DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 1 - Intérfase. Os cromossomos são, em sua maior parte, metabolicamente inativos (apresentam baixa transcrição) durante os vários estágios da condensação na mitose e na meiose. 2 - Os genes são compostos por seqüências de nucleotídeos de DNA e estão localizados em posições específicas em cromossomos. Os alelos correspondem à formas alternativas de um mesmo gene. 3 - [D] 4 - Os seres humanos carregam os mesmos genes mas não os mesmos alelos. 5 -Isso ocorre devido à expressão gênica diferencial: nem todos os genes são expressos em todas as células. Cada tipo celular irá expressar determinados genes relacionados à determinação de sua morfologia e função. 6 - A) 23; 46. B) 23; 23. C) Na fertilização; Na fase S do ciclo celular seguinte. 7 - Esta afirmação está errada. O centrômero é uma região heterocromática de DNA repetitivo associado à diversas proteínas que propiciam a movimentação do cromossomo através das fibras do fuso durante a divisão celular. Sem esta estrutura o cromossomo é perdido na etapa de divisão celular. REFERÊNCIAS KLUG, W.S.; CUMMINGS, M.R.; SPENCER, C.A.; PALLADINO, M.A. Conceitos de genética. 9ed. Porto Alegre: Artmed. 863p. 2010 NUSSBAUM, Robert L.; MCINNES, Roderick R.; WILLARD, Huntington F. Thompson e Thompson: Genética médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. PIERCE, Benjamin A. Genética: um enfoque conceitual. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2011. SNUSTAD, Peter; SIMMONS, Michael J. Fundamentos de genética. 6° ed. Rio de Janeiro: guanabara Kogan, 2012. STRACHAN, Tom; READ, Andrew P. Genética molecular humana. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013, 576p. Os telômeros também são formados por DNA heterocromático e têm a função principal de proteger a ponta dos cromossomos. Sem eles, estruturas cromossômicas aberrantes podem ser formadas e sequências de DNA das pontas dos cromossomos podem ser perdidas. 8 - É possível utilizar a citogenética molecular. Sondas de fluorescência diferentes específicas para ambos os cromossomos podem ser aplicadas à amostra, fazendo com que a região translocada apareça com coloração trocada. 9 - Essa afirmativa é falsa. A avaliação do cariótipo humano é simples, consideravelmente rápida e barata. É bastante utilizada no diagnóstico de síndromes genéticas como por exemplo a síndrome de Down (trissomia no cromossomo 21) 10 - Determinadas alterações genéticas como algumas síndromes metabólicas podem ser tratadas ainda no útero materno. Outro fator importante é que, dependendo do tipo de doença genética, providências precisam ser tomadas para garantir um parto seguro. Em países onde o aborto é permitido, este exame auxilia na tomada de decisão por parte dos pais. O centrômero é uma região heterocromática de DNA repetitivo associado à diversas proteínas que propiciam a movimentação do cromossomo através das fibras do fuso durante a divisão celular. Os telômeros também são formados por DNA heterocromático e têm a função principal de proteger a ponta dos cromossomos. ANOTAÇÕES
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