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Textos curtos de introdução

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Texto 4. 
 
 
37. Vivemos sob uma forma de governo que 
não se baseia nas instituições de nossos 
vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a 
alguns ao invés de imitar outros. Seu nome, 
como tudo depende não de poucos mas da 
maioria, é democracia. Nela, enquanto no 
tocante às leis todos são iguais para a solução 
de suas divergências privadas, quando se 
trata de escolher (se é preciso distinguir em 
qualquer setor), não é o fato de pertencer a 
uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos 
postos mais honrosos; inversamente, a 
pobreza não é razão para que alguém, sendo 
capaz de prestar serviços à cidade, seja 
impedido de fazê-lo pela obscuridade de sua 
condição. Conduzimo-nos liberalmente em 
nossa vida pública, e não observamos com 
uma curiosidade suspicaz a vida privada de 
nossos concidadãos, pois não nos 
ressentimos com nosso vizinho se ele age 
como lhe apraz, nem o olhamos com ares de 
reprovação que, embora inócuos, lhe 
causariam desgosto. Ao mesmo tempo que 
evitamos ofender os outros em nosso 
convívio privado, em nossa vida pública nos 
afastamos da ilegalidade principalmente por 
causa de um temor reverente, pois somos 
submissos às autoridades e às leis, 
especialmente àquelas promulgadas para 
socorrer os oprimidos e às que, embora não 
escritas, trazem aos transgressores uma 
desonra visível a todos. 
38. Instituímos muitos entretenimentos para 
o alívio da mente fatigada; temos concursos, 
temos festas religiosas regulares ao longo de 
todo o ano. [...] 
39. Somos também superiores aos nossos 
adversários em nosso sistema de preparação 
para a guerra [...]. Nossa confiança se baseia 
menos em preparativos e estratagemas que 
em nossa bravura no momento de agir. [...] 
40. [...] Ver-se-á em uma mesma pessoa ao 
mesmo tempo o interesse em atividades 
privadas e públicas, e em outros entre nós 
que dão atenção principalmente aos negócios 
não se verá falta de discernimento em 
assuntos políticos, pois olhamos o homem 
alheio às atividades públicas não como 
alguém que cuida apenas de seus próprios 
interesses, mas como um inútil; nós, 
cidadãos atenienses, decidimos as questões 
públicas por nós mesmos, ou pelo menos nos 
esforçamos por compreendê-las claramente, 
na crença de que não é o debate que é 
empecilho à ação, e sim o fato de não se estar 
esclarecido pelo debate antes de chegar a 
hora da ação. Consideramo-nos ainda 
superiores aos outros homens em outro 
ponto: somos ousados para agir, mas ao 
mesmo tempo gostamos de refletir sobre os 
riscos que pretendemos correr, para outros 
homens, ao contrário, ousadia significa 
ignorância e reflexão traz a hesitação. [...] 
41. [...] Compelimos todo o mar e toda a 
terra a dar passagem à nossa audácia, e em 
toda parte plantamos monumentos 
imorredouros dos males e dos bens que 
fizemos, Esta, então, é a cidade pela qual 
estes homens lutaram e morreram 
nobremente, considerando seu dever não 
permitir que ela lhes fosse tomada; é natural 
que todos os sobreviventes, portanto, aceitem 
de bom grado sofrer por ela. 
 
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso. Trad. 
Mário da Gama Kury. Brasília: Universidade de 
Brasília, 1987, p. 109-112. 
Texto 2. 
 
 
De como é melhor que a multidão se governe 
por um só do que por muitos 
8. Isto posto, cumpre indagar o que mais 
convém ao país ou à cidade: ser governado por 
muitos ou por um só. E isto se pode considerar 
a partir do próprio fim do governo. 
Deve ser a intenção de qualquer governante o 
procurar a salvação daquele cujo governo 
recebeu. Pois, compete ao piloto conduzir ilesa 
ao porto de salvamento a nave, guardando-a 
contra perigos do mar. Ora, o bem e 
salvamento da multidão consorciada é 
conservar-lhe a unidade, dita paz, perdida a 
qual, perece a utilidade da vida social, uma vez 
que é onerosa a si mesma a multidão 
dissensiosa. Por conseguinte, o máximo intento 
do governante deve ser o cuidar da unidade da 
paz. Nem é reto deliberar ele a não ser que 
produza a paz na multidão a ele sujeita, como 
não o é para o médico, a não ser que cure o 
enfermo a ele confiado. Realmente, ninguém 
delibera do fim que deve perseguir, mas sim do 
que se ordena ao fim. Daí dizer o Apóstolo (Ef 
4,3), depois de recomendar a unidade do povo 
fiel: “Sede solícitos em conservar a unidade do 
espírito no vínculo da paz”. Assim, tanto mais 
útil será um regime, quanto mais eficaz for 
para conservar a unidade da paz. Dizemos, de 
fato, mais útil aquilo que melhor conduz ao 
fim. Ora, manifesto é poder melhor realizar 
unidade o que é de per si um só, que muitos, tal 
como a mais eficiente causa de calor é aquilo 
que de si mesmo é quente. Logo, é o governo 
de um só mais útil que o de muitos. 
9. Além do mais, é claro que muitos não 
governam de modo algum a multidão, se 
dissentirem totalmente. Assim, requer-se, em 
muitos, certa união para poderem, de algum 
modo, governar; porquanto muitos nem 
poderiam levar um navio para uma parte, a não 
ser que dalguma forma conjuntos. Mas diz-se 
que muitos são um pela aproximação deles a 
um só. Portanto, melhor governa um só, do que 
muitos, por aproximação de um. 
Mais ainda: o mais bem ordenado é o natural; 
pois, em cada coisa, opera a natureza o melhor. 
E todo regime natural é de um só. Assim, na 
multidão dos membros, há um primeiro que 
move, isto é, o coração; e, nas partes da alma, 
preside uma faculdade principal, que é a razão. 
Têm as abelhas um só rei, e em todo o universo 
há um só Deus, criador e governador de tudo. 
E isto é razoável. De fato, toda multidão deriva 
de um só. Por onde, se as coisas de arte imitam 
as da natureza e tanto melhor é a obra de arte, 
quanto mais busca a semelhança da que é da 
natureza, importa seja o melhor, na multidão 
humana, o governar-se por um só. 
Também as experiências o testemunham. Pois, 
laboram em dissensões e flutuam sem paz os 
países ou as cidades que não se governam por 
um só, a fim de se ver o cumprimento daquilo 
de que se queixa o Senhor pelo Profeta (Jr. 
12,10), dizendo: “Os muitos pastores 
arruinaram a minha vinha”. Ao contrário, 
porém, os países e as cidades, dirigidos por um 
só rei, gozam de paz, florescem na justiça e 
alegram-se com a opulência. Em virtude disso, 
promete o Senhor ao seu povo, pelos profetas 
(cf. Jr. 30,21; Ez. 34,24; 37,25; etc.), como 
grande mercê, pôr-lhes à frente um só chefe, 
não havendo senão um príncipe no meio dele. 
 
Tomas de Aquino. Do reino ou do governo dos 
homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de 
São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995, 
cap. 3, p. 130-131. 
Texto 6. 
 
 
Consideradas, pois, todas as coisas já expostas, 
pensando comigo mesmo se no momento 
presente, na Itália, corriam tempos capazes de 
honrar um príncipe novo e se havia matéria que 
assegurasse a alguém, prudente e valoroso, a 
oportunidade de nela introduzir nova 
organização que a ele desse honra e fizesse 
bem a todo o povo, quer me parecer 
concorrerem tantas circunstâncias favoráveis a 
um príncipe novo que não sei qual o tempo que 
poderia ser mais adequado para isto. [...] 
De modo que, tornada sem vida, espera ela [a 
Itália] por aquele que cure as suas feridas e 
ponha fim aos saques da Lombardia, às 
mortandades no Reino de Nápoles e na 
Toscana, e a cure daquelas suas chagas já de há 
muito enfistuladas. Vê-se como ela implora a 
Deus lhe envie alguém que a redima dessas 
crueldades e insolências bárbaras. Vê-se, ainda, 
toda ela pronta e disposta a seguir uma 
bandeira, desde que haja quem a empunhe. 
[...] Deus não quer fazer tudo, para não nos 
tolher o livre arbítrio e parte daquela glória que 
compete a nós. E não é de admirar se algum 
dos já citados italianos não tenha podido fazer 
aquilo que se pode esperar faça a vossa ilustre 
casa, e se, em tantas revoluções da Itália e em 
tantas manobras de guerra, parecer sempre que 
nestaa virtude militar esteja extinta. Isso 
resulta de que as suas antigas instituições não 
eram boas e não houve quem soubesse 
encontrar outras; e nenhuma coisa faz tanta 
honra a um príncipe novo, quanto as novas leis 
e os novos regulamentos por ele elaborados. 
Estes, quando são bem fundados e em si 
encerrem grandeza, tornam o príncipe digno de 
reverência e admiração; na Itália não faltam 
motivos para introduzir-se qualquer reforma. 
Aqui existe grande valor no povo, enquanto ele 
falta nos chefes. Observei nos duelos e nos 
combates individuais o quanto os italianos são 
superiores na força, na destreza ou no engenho. 
Mas, quando se passa para os exércitos, não 
comparecem. E tudo resulta da fraqueza dos 
chefes, porque aqueles que sabem não são 
obedecidos, e todos julgam saber, não tendo 
surgido até agora alguém que tenha sabido se 
sobressair pela virtude ou pela fortuna de 
forma a que os outros cedam. [...] 
Não se deve, pois, deixar passar esta ocasião, a 
fim de que a Itália conheça, depois de tanto 
tempo, um seu redentor. Nem posso exprimir 
com que amor ele seria recebido em todas 
aquelas províncias que têm sofrido por essas 
invasões estrangeiras, com que sede de 
vingança, com que obstinada fé, com que 
piedade, com que lágrimas. Quais portas se lhe 
fechariam? Quais povos lhe negariam 
obediência? Qual inveja se lhe oporia? Qual 
italiano lhe negaria o seu favor? A todos 
repugna este bárbaro domínio. Tome, portanto, 
a vossa ilustre casa esta incumbência com 
aquele ânimo e com aquela esperança com que 
se abraçam as causas justas, a fim de que, sob 
sua insígnia, esta pátria seja nobilitada e sob 
seus auspícios se verifique aquele dito de 
Petrarca: 
Virtude contra Furor 
Tomará Armas; e Faça o Combater Curto 
Que o Antigo Valor 
Nos Itálicos Corações Ainda não é Morto. 
 
Nicolau Maquiavel. O Príncipe. Cap. XXVI 
(trechos). Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/De
talheObraForm.do?select_action=&co_obra=241
34> 
 
Texto 1. 
 
 
13. É muito evidente, por tudo o que já 
dissemos, que em toda cidade perfeita (isto é, 
naquela em que nenhum cidadão tem o direito 
de utilizar suas faculdades, a seu arbítrio, para 
sua própria conservação - ou seja, onde está 
abolido o direito ao gládio privado) reside um 
poder supremo em alguém, o maior que os 
homens tenham direito a conferir: tão grande 
que nenhum mortal pode ter sobre si mesmo 
um maior. Esse poder é o que chamamos de 
absoluto, o maior que homens possam 
transferir a um homem. Pois se alguém 
submeteu sua vontade à vontade da cidade, de 
modo que esta possa, com todo o direito e sem 
risco de punição, fazer qualquer coisa - baixar 
leis, julgar controvérsias, fixar penalidades, 
utilizar a seu bel-prazer a força e a riqueza dos 
homens -, com isso conferiu a esta o maior 
domínio que se possa conceder a uma pessoa. 
O mesmo pode se confirmar pela experiência 
em todas as cidades que existem ou que jamais 
existiram; pois, embora às vezes se possa ter 
dúvida sobre que homem ou conselho tem o 
mando supremo, contudo este poder sempre 
existe e é sempre exercido, exceto em tempos 
de sedição e guerra civil, quando o comando 
que era único se divide em dois. Mas os 
sediciosos que contestam a autoridade absoluta 
na verdade não querem tanto suprimi-la, e sim 
transferi-la a outras pessoas - pois, se 
abolissem esse poder, eles suprimiriam ao 
mesmo tempo a sociedade civil, e fariam 
retornar a confusão de todas as coisas. 
[...] 
18. É portanto manifesto que em toda cidade 
há algum homem, ou conselho, ou corte, que 
terá direito a um poder tão grande sobre cada 
cidadão individual quanto cada homem tem 
sobre si mesmo se formos considerá-lo fora do 
estado civil: isto é, um poder supremo e 
absoluto, limitado tão-somente pelo vigor e 
forças da própria cidade, e por nada mais no 
mundo. Isso porque, se fosse limitado o seu 
poder, tal limitação necessariamente haveria de 
proceder de algum poder maior. Pois quem 
prescreve limites deve ter um poder superior 
àquele de quem por eles está confinado. Já o 
poder que confina ou é um poder ilimitado, ou 
sofre também as restrições de outro poder 
maior que ele próprio; e assim terminaremos 
chegando a um poder que não tenha outro 
limite, e seja o terminus ultimus das forças de 
todos os cidadãos em conjunto. E este é 
chamado de comando supremo: se for 
cometido a uma asembléia, esta é chamada de 
assembléia suprema, se a um homem, diz-se 
ser ele o supremo senhor da cidade. Quanto às 
marcas (notes) do poder supremo, elas são as 
seguintes: fazer e revogar leis, determinar a 
guerra e a paz, conhecer e julgar todas as 
controvérsias, já pessoalmente, já por juízes 
por ele designados; nomear todos os 
magistrados, ministros e conselheiros. 
Finalmente, se houver alguém que tenha direito 
a praticar alguma ação que não seja lícita a 
nenhum outro cidadão ou cidadãos, é ele quem 
possui o poder supremo. Pois só a cidade pode 
praticar aquelas coisas que nenhum cidadão, ou 
grupo de cidadãos, tem direito a cometer; por 
conseguinte quem faz tais coisas se serve do 
direito da cidade, que é o poder supremo. 
 
Thomas Hobbes. Do Cidadão. Martins Fontes, 
2002, cap. VI, 13 e 18, p. 108-110 e 114-115. 
 
Texto 3. 
 
 
Existem em cada Estado três tipos de poder: o 
poder legislativo, o poder executivo das coisas 
que dependem do direito das gentes e o poder 
executivo daquelas que dependem do direito 
civil. 
Com o primeiro, o príncipe ou o magistrado 
cria leis por um tempo ou para sempre e 
corrige ou anula aquelas que foram feitas. Com 
o segundo, ele faz a paz ou a guerra, envia ou 
recebe embaixadas, instaura a segurança, 
previne invasões. Com o terceiro, ele castiga os 
crimes, ou julga as querelas entre os 
particulares. Chamaremos a este último poder 
de julgar e ao outro simplesmente poder 
executivo do Estado. 
A liberdade política, em um cidadão, é esta 
tranquilidade de espírito que provém da 
opinião que cada um tem sobre a sua 
segurança; e para que se tenha esta liberdade é 
preciso que o governo seja tal que um cidadão 
não possa temer outro cidadão. 
Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo 
de magistratura, o poder legislativo está 
reunido ao poder executivo, não existe 
liberdade; porque se pode temer que o mesmo 
monarca ou o mesmo senado crie leis tirânicas 
para executá-las tiranicamente. 
Tampouco existe liberdade se o poder de julgar 
não for separado do poder legislativo e do 
executivo. Se estivesse unido ao poder 
legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade 
dos cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria 
legislador. Se estivesse unido ao poder 
executivo, o juiz poderia ter a força de um 
opressor. 
Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o 
mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou 
do povo exercesse os três poderes: o de fazer 
as leis, o de executar as resoluções públicas e o 
de julgar os crimes ou as querelas entre os 
particulares. [...] 
Como, em um Estado livre, todo homem que 
supostamente tem uma alma livre deve ser 
governado por si mesmo, seria necessário que 
o povo em conjunto tivesse o poder legislativo. 
Mas, como isto é impossível nos grandes 
Estados e sujeito a muitos inconvenientes nos 
pequenos, é preciso que o povo faça através de 
seus representantes tudo o que não pode fazer 
por si mesmo. [...] 
Havia um grande vício na maioria das antigas 
repúblicas: é que o povo tinha o direito de 
tomar decisões ativas, que demandavam 
alguma execução, coisa da qual ele é incapaz. 
Ele só deve participar do governo para escolher 
seus representantes, o que está bem a seu 
alcance. Pois, se há poucas pessoas que 
conhecem o grau preciso da capacidade dos 
homens, cada um é capaz, no entanto, de saber, 
em geral, se aquele que escolhe é mais 
esclarecido do que a maioria dos outros. [...] 
Sempre há, num Estado, pessoasdistintas pelo 
nascimento, pelas riquezas ou pelas honras; 
mas se elas estivessem confundidas no meio do 
povo e só tivessem uma voz como a dos outros 
a liberdade comum seria sua escravidão, e elas 
não teriam nenhum interesse em defendê-la, 
porque a maioria das resoluções é contra elas. 
[...] Assim, o poder legislativo será confiado ao 
corpo dos nobres e ao corpo que for escolhido 
para representar o povo, que terão cada um 
suas assembléias e suas deliberações 
separadamente, e opiniões e interesses 
separados. 
Montesquieu. Espírito das Leis. Martins Fontes, 
1996, Livro 11, cap. 6, p. 167-173. 
Texto 5. 
 
 
Hoje, o Estado é aquela comunidade humana 
que, dentro de determinado território - este, o 
"território", faz parte da qualidade 
característica -, reclama para si (com êxito) o 
monopólio da coação física legítima, pois o 
específico da atualidade é que a todas as 
demais associações ou pessoas individuais 
somente se atribui o direito de exercer 
coação física na medida em que o Estado o 
permita. Este é considerado a única fonte do 
"direito" de exercer coação. 
[...] 
Justificações internas, isto é, fundamentos da 
legitimidade de uma dominação - para 
começar com estes -, existem três, em 
princípio. Primeiro, a autoridade do "eterno 
ontem", do costume sagrado por validade 
imemorável e pela disposição habitual de 
respeitá-lo: dominação "tradicional", tal 
como a exerciam o patriarca e o príncipe 
patrimonial de antigamente. Segundo, a 
autoridade do dom de graça pessoal, 
extracotidiano (carisma): a entrega pessoal e 
a confiança pessoal em revelações, heroísmo 
ou outras qualidades de líder de um 
indivíduo: dominação, "carismática", tal 
como a exercem o profeta ou - na área 
política - o príncipe guerreiro eleito ou o 
soberano plebiscitário, o grande demagogo e 
o chefe de um partido político. Por fim, a 
dominação, em virtude de "legalidade", da 
crença na validade de estatutos legais e da 
"competência" objetiva, fundamentada em 
regras racionalmente criadas, isto é, em 
virtude da disposição de obediência ao 
cumprimento de deveres fixados nos 
estatutos: uma dominação como a exercem o 
moderno "servidor público" e todos aqueles 
portadores de poder que com ele se parecem 
neste aspecto. 
[...] 
Em um Estado moderno, o domínio efetivo, 
que não se manifesta nos discursos 
parlamentares nem em declarações de 
monarcas, mas sim no cotidiano da 
administração, encontra-se, necessária e 
inevitavelmente, nas mãos do funcionalismo, 
tanto do militar quanto do civil, pois também 
o oficial superior moderno dirige as batalhas 
a partir do "escritório". 
Max Weber. Economia e Sociedade. 
Fundamentos da sociologia compreensiva 
vol. 2. Tradução de Regis Barbosa e Karen 
Elsabe Barbosa. 4. ed. Brasília: UnB, 2012, 
p. 528-529. 
 
Texto 7. 
 
 
Um regime constitucional é aquele em que as 
leis e estatutos têm de ser coerentes com 
certos direitos e liberdades fundamentais, por 
exemplo, aqueles abarcados pelo primeiro 
princípio de justiça. Existe de fato uma 
constituição (não necessariamente escrita) 
com uma carta de direitos que especifica 
essas liberdades e é interpretada pelos 
tribunais como limite constitucional à 
legislação. Em contraposição, uma 
democracia procedimental é aquela em que 
não há limite constitucional à legislação e 
aquilo que uma maioria (ou outra 
pluralidade) decidir é lei, sempre que forem 
respeitados os procedimentos apropriados, o 
conjunto de regras que identificam a leI. 
Embora essas regras especifiquem os 
procedimentos democráticos exigidos, os 
procedimentos em si não impõem nenhum 
limite ao conteúdo da legislação. Por 
exemplo, eles não proíbem o legislativo de 
negar direitos políticos iguais a certos 
grupos, ou limitar a liberdade de pensamento 
e de expressão. Ou então, caso se insista que 
esses direitos políticos são parte integrante 
do significado da democracia, nada impede a 
legislação de negar liberdade de pensamento 
e expressão não políticos, ou negar a 
liberdade de consciência, ou as muitas 
liberdades implícitas no estado de direito, 
como o direito de habeas corpus. 
 
John Rawls, Justiça como Equidade, Martins 
Fontes, 2003. §44.1.

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