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Recurso de Apelação Criminal

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 5º VARA FEDERAL CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO/SP
Ação Penal n° XXXXXXXXXXXXXXXX
ATILA, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe, cujos trâmites se dão por esse douto juízo, vem, por seus advogados infra assinados, com o respeito devido, à presença de Vossa Excelência, com a sentença condenatória de dois anos de reclusão, em regime aberto, interpor, tempestivamente
RECURSO DE APELAÇÃO
Com fundamento no artigo 593, Inciso I, do código de Processo Penal, requer que, após o recebimento destas, com razões inclusas, ouvida a parte contrária, sejam em atos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e providos o presente recurso. 
Temos em que,
Pede e aguarda deferimento.
São Paulo-SP, 23 de abril de 2019.
OAB-SP
EXELENTISSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO/SP
Recorrente: ATILA 
Recorrido: Ministério Público 
Autos de origem n°: XXXXXXXXXX
RAZÕES DA APELAÇÃO
 
Egrégio Tribunal
Colenda Câmera
Ínclitos Julgadores 
I. DOS FATOS 
O Apelante é um famoso dentista da cidade de são Paulo, que também ministra aulas em faculdade na mesma cidade. Ocorre que, no dia 23 de agosto de 2018, ele recebeu em sua residência uma notificação da receita federal apontando suposta omissão de informações por ocasião da declaração de imposto de renda do ano 2017. Constava, ainda, que o pagamento de quantidade de 35 mil reais referente ao aludido imposto, já acrescido de multa e juros até 28.09.2018, evitaria o início do processo administrativo, e, consequentemente o lançamento definitivo. Imediatamente Atila pagou a referida quantia. No dia 03.10.19 quando voltava de uma viagem ele foi surpreendido por um oficial de justiça que realizou citação para apresentar defesa na ação penal por ele ter praticado o crime do art.1º, I, da lei 8.137/90. Ato contínuo, foi apresentado resposta à acusação e em seguida o juízo da 5º vara criminal de SP designou audiência(AIJ).
Na audiência, não havendo testemunhas de acusação e defesa, procedeu-se interrogatório de atila, que informou desconhecer suposta omissão destacando ter realizado pagamento do tributo na data. Encerrado o ato, a acusação requereu condenação do réu nos exatos termos da denúncia, enquanto que a defesa pleiteou fossem julgados improcedentes os pedidos da inicial. Em 02.04.2019 o juízo competente proferiu sentença penal condenando Atila pela pratica daquele crime fixando a pena em dois anos de reclusão, em regime aberto. Réu foi intimado em 09.04.2019.inconformado atila o procura fornecendo cópia dos autos, comprovante de pagamento na data e cópia do processo adm. cujo lançamento definitivo do tributo ainda não havia ocorrido.
II. DO DIREITO
Na legislação brasileira, o recurso de apelação criminal é previsto, principalmente, no art. 593, I, II e III, do Código de Processo Penal. In verbis:
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I – das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
II – das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
Conforme estabelece o caput do art. 593 do Código de Processo Penal, o prazo para interposição da apelação é de 05 dias.  Então se levar em consideração que o Apelante foi intimado na data de 09/04/2019 e que o recurso está sendo interposto dentro do prazo, 15/04/2019, e por isso ele é tempestivo.
 O Código de processo penal traz hipóteses em que o juiz absolve o réu, que estão elencados no artigo 386 do CPP;
Art. 386 - O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; 
VII – não existir prova suficiente para a condenação
A absolvição pode se verificar ou porque está provada a inexistência do fato imputado e descrito na denúncia, ou porque não há prova da existência desse fato. 
A prova da inexistência do fato exclui a tipicidade. Ausente o fato (assim como ausente a norma incriminadora), não se faz presente a tipicidade. O inciso II, hipótese de dúvida quanto à existência do fato, funda-se no princípio in dubio pro reo.
O CTN em seu art. 156 considera o pagamento de tributos como razão de extinção de crédito tributário:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
Ou seja, quando o crédito tributário desaparece, uma vez que os fatos não existem mais, não há razão para se falar em crime de violação da ordem tributária. Conclui-se, portanto, que no caso estudado, a pena respeitável deve ser alterada nos termos do art. 386 I do CPP, e a sentença de absolvição do recorrente deve ser revogada.
III. PEDIDOS
Ante a todo o exposto, requer que seja a sentença, ora impugnada, reformada de modo a:
a) Conhecer e prover o presente recurso; 
b) Absolver o Apelante, nos termos do artigo 386, I do CPP.
Termos em que pede,
E espera deferimento.
São Paulo-SP, 23 de abril de 2019.
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Advogado | OAB

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