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GEOPOLÍTICA
Prof. Maurinto Reis
geopolítica
Prof. Maurinto Reis
Edital 2018
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA: 1 O Brasil político: nação e território. 1.1 Organização do Estado 
Brasileiro. 1.2 A divisão inter-regional do trabalho e da produção no Brasil. 1.3 A estrutura 
urbana brasileira e as grandes metrópoles. 2 Distribuição espacial da população no Brasil 
e movimentos migratórios internos. 3 A evolução da estrutura fundiária e problemas 
demográficos no campo. 4 Integração entre indústria e estrutura urbana, rede de transportes 
e setor agrícola no Brasil. 5 Geografia e gestão ambiental. 5.1 Macrodivisão natural do espaço 
brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas. 5.2 Política e gestão ambiental no Brasil. 6 O Brasil 
e a questão cultural. 7 A integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia. 
8 O século XX: urbanização da sociedade e cultura de massas.
BANCA: CESPE
CARGO: Policial Rodoviário Federal
Módulo 1
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AGROPECUÁRIA
1. A Natureza geográfica da agricultura brasileira
Os fatores naturais são relevantes para a agricultura. Entre os mais importantes estão o clima, 
o solo e o relevo. A tecnologia, que passou a ser muito empregada nas atividades agropecuárias 
a partir das últimas décadas, pode corrigir, amenizar ou potencializar os elementos naturais, 
mas não os substituir. Por mais avançada que seja a tecnologia utilizada, os fatores naturais 
são insubstituíveis. O Relevo brasileiro não apresenta grandes entraves às atividades agrícolas. 
Em razão da ausência de cadeias montanhosas, o domínio planáltico favorece o cultivo graças 
às suaves ondulações de nossa geomorfologia. As principais áreas agrícolas do globo ocorrem 
majoritariamente em planícies (China, Estados Unidos, Índia e Europa), mas, no caso brasileiro, 
as áreas de maior produtividade ocorrem em domínios planálticos. A diversidade climática é 
outro aspecto favorável, pois a extensão latitudinal do país permite a variação dos gêneros. 
Apesar de estar em zona intertropical do globo, a tropicalidade brasileira apresenta variação; 
assim, podemos encontrar subtipos climáticos como o tropical típico, o tropical úmido, o 
tropical de altitude, o semiárido e o subtropical, 
originando, portanto, uma gama variada de 
gêneros agrícolas. A fragilidade da natureza 
geográfica brasileira se deve aos solos, já que há 
grandes extensões do território constituídas por 
solos ácidos e pobres em nutrientes orgânicos e 
que necessitam ser corrigidos ou humificados. 
Além disso a utilização inadequada agrava os 
problemas dos solos típicos do clima tropical, 
como a erosão, a lixiviação ou a laterização.
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2. A estrutura fundiária brasileira
Estrutura fundiária é a forma como as proprie-
dades rurais estão organizadas e distribuídas 
quanto ao número e ao tamanho. Por meio 
dela, podemos entender a realidade social de 
uma nação. No Brasil, o retrato da estrutura 
fundiária e da produção agropecuária é forne-
cido pelos Censos agropecuários do IBGE, rea-
lizados de 10 em 10 anos; o último foi em 206. 
São esses Censos que balizam todo o estudo da 
geografia agraria do pais. O último censo agro-
pecuário do pais (2006) acusou que no Brasil há 
5,2 milhões de proprietários rurais que ocupam 
quase 330 milhões de hectares, ou 3,3 milhões 
de Km², pouco mais de um terço do território 
nacional. A maior parte desses proprietários 
tem na pecuária bovina sua principal atividade, 
que ocupa 30% dos estabelecimentos agrope-
cuários. Sabe-se que a estrutura fundiária brasileira é uma das mais concentradas do mundo. 
Observe os gráficos e as tabelas a seguir, que retratam os três últimos censos agropecuários do 
IBGE coletados com os Censos de 1996 e 2006. [P.479]
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A estrutura fundiária brasileira ainda é uma herança dos tempos coloniais, quando se iniciou 
a concentração de terras. Ao contrário de muitos países, o Brasil não vivenciou uma ruptura 
histórica e de alteração de poder que levasse a uma reforma agrária efetiva. O país perdeu a 
melhor época para realizar a reforma agrária, diversas vezes prometidas pelos governos, mas 
jamais cumprida. Hoje certamente, uma reforma agrária seria mais complexa, pois teria de 
se readequar aos moldes da agricultura moderna e não ser simplesmente uma “distribuição 
de terras”, considerando que o país conta atualmente com apenas 15% de sua população 
no campo, entre outros fatores. Indiscutivelmente, a reforma agrária é um dos assuntos 
mais delicados na cena política nacional e alimenta calorosos debates há décadas. A arcaica 
realidade fundiária brasileira é reconhecida pelo próprio IBGE, ao lado do instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agraria (INCRA), os dois principais órgãos que tratam do assunto.
[...] as diferenças verificadas na área dos estabelecimentos agropecuários, 
quando comparados os diferentes estratos fundiários, continuam a 
caracterizar a manutenção da desigualdade na distribuição de terras no País 
nos últimos censos agropecuários. IBGE, 2009.
Com 8514876,599 km², ou 851487659 há, o Brasil é o quinto maior país do globo em extensão. 
Na maioria dos países, as terras agricultáveis raramente chegam a 30%, mas no Brasil esse 
índice ultrapassa 70%, ou seja, são 70% do quinto maior país do globo, algo em torno de 6 
milhões de km², o que assegura ao Brasil indiscutivelmente, o maior espaço agrário de todo o 
planeta (dedução esta que coincide com os dados oficiais do censo agropecuário do IBGE). Se 
compararmos essa realidade com a de um país pouco maior que o Brasil, a China, por exemplo, 
com seus 9,5 milhões de Km² , veremos que o país teria então algo em torno de 1 milhão de 
km² em terras cultiváveis; note quão maior seria o Brasil nesses termos. Somado ao fato de 
o Brasil, igualmente, deter a maior concentração hídrica, não é difícil concluir que se trata de 
imenso potencial, daí o apelido de “celeiro agrícola do mundo”. Observar tal realidade agraria e 
agrícola é dever do Estado e ter conhecimento sobre essa realidade, uma questão de cidadania. 
No entanto, o aproveitamento de tamanha disponibilidade é pequeno se comparado com o 
do resto do mundo: a própria China tem um aproveitamento das terras disponíveis de quase 
100%: já o Brasil aproveita menos de 20%.
2.1 Condições de trabalho e movimentos sociais no campo
Na estrutura fundiária brasileira, coexistem diferentes formas de organização do trabalho na 
área rural:
 • No topo da estrutura, estão os donos das grandes propriedades que comandam o processo 
de acumulação de capital no campo; são empresários nacionais e internacionais do 
agronegócio e do aprofundamento das relações capitalistas no meio rural.
 • Nem todos os trabalhadores do campo são assalariados: há pequenos produtores que 
vivem de suas produções e que buscam trabalho assalariado em atividade de colheita nas 
grandes propriedades, próximas ou distantes de suas regiões; outros, não proprietários, 
vivem de trabalhos temporários em diversas lavouras. Há várias denominações de trabalho 
temporário: boias-frias (utilizada no Centrosul) corumbás (no Nordeste e no Centro-oeste) 
e peões (na Região Norte). Eles constituem a mão de obra barata das grandes fazendas, 
principalmente das agroindústrias, recebendo por dia de trabalho. Como só trabalham 
nas plantações e colheitas, tem emprego sazonal e não contam com quaisquer direitos 
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trabalhistas. Os boias-frias podem ser fixos (os que tem pequenas propriedades e voltam 
para casa, para trabalhar em suas roças) ou volantes (sem residência fixa ficam nas mãos 
dos “gatos” – atravessadores que os contratam para serviços braçais.
 • Parcerias e arrendamentos são formas de “alugar” a terra que os trabalhadores acertam 
com os proprietários. Quando o pagamento em dinheiro, caracteriza-se o arrendamento; 
quando é feito com uma parcelada produção, dá-se a parceria. No caso da parceria, o 
pagamento pode ser metade da produção, sendo do trabalhador chamado de meeiro, ou 
um terço da produção, sendo terceiro.
 • Na “nova escravidão”, ou escravidão por dívida, muitos trabalhadores tornam-se “escravos” 
das fazendas e são forçados a trabalhar para pagar dívidas com os proprietários da terra. 
Atraídos por falsas promessas de condições de trabalho, são obrigados a arcar com as 
despesas de seu deslocamento. Além disso, em razão de os produtos que consomem serem 
da própria fazenda e de o salário que recebem ser muito baixo, acumulam dívidas que não 
tem como saldar, sendo obrigadas a trabalhar de graça.
Além das conflitantes e desiguais relações de trabalho, a grande diferença na concentração 
de terras no Brasil produz intensa polarização entre grandes proprietários e pequenos 
camponeses, ou mesmo sem-terra; na história do Brasil há momentos de forte tensão agraria 
e conflitos no campo, sobretudo a partir dos anos 1940. Hoje, o país convive com a contradição 
no campo onde coexistem grandes proprietários e camponeses sem terra; alta produtividade 
e terras ociosas; agronegócio e agricultura familiar, além de sistemas de produção distintos. 
Criado na década de 1980, no sul do pais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 
(MST) canalizou as principais articulações no campo brasileiro, tornando-se protagonista na 
cena política nacional. Normalmente apoiado no mundo acadêmico, mas criticado pela mídia, 
o MST passou a ser alvo de debates na sociedade brasileira.
3. Expansão capitalista no campo
A agricultura mostrou-se extremamente dinâmica nas últimas décadas, alcançado relevante 
papel na economia: no período entre 1990 e 2005, a produção agrícola aumentou em 100%, 
e o último Censo agropecuário do IBGE (Divulgado em 2009) demonstrou que o avanço das 
atividades realizadas por empresas agropecuárias e pela agricultura familiar remodelou a face 
do campo brasileiro.
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Em um momento anterior a esse, nos idos dos anos 1970, passou-se a empregar na produção 
um maior quantidade de insumos, adubos e fertilizantes, agrotóxicos, tratores, maquinas, 
sementes e forte aporte tecnológico, conduzindo o brasil rumo à modernização. Como em 
outras partes do mundo, esse processo ficou conhecido como “Revolução Verde”.
À frente dessa expansão agropecuária estiveram o cultivo da soja, de cana-de-açúcar e a 
pecuária bovina, atividades que levaram o pais a tornar-se decisivas na balança comercial 
brasileira e nos sucessivos superávits, por outro, provocaram danos ambientais irreparáveis 
ao Cerrado e à Amazônia, além da reafirmação do caráter concentrador do desenvolvimento 
brasileiro. A modernização se fez acompanhar pelo que se convencionou designar de “expansão 
da fronteira agropecuária” uma expansão que, partindo do sul do país, rumou para as regiões 
Centro-Oeste e Norte. Essa modernização ocorreu especialmente junto ao bioma do Cerrado, 
seriamente atingido pela agricultura monocultura, especialmente de soja, milho, algodão 
e cana-de-açúcar, e que reforçou uma desigualdade fundiária já presente desde os tempos 
coloniais, mas que até então se caracteriza pela marcante presença da pecuária extensiva na 
região.
Esse processo trouxe problemas para a agricultura familiar, que, segundo dados do Ministério 
do Desenvolvimento Agrário (2012), é responsável pela produção de 70% dos alimentos 
consumidos pelos brasileiros e ocupa cerca de 75% da mão de obra no campo. Além de 
não conseguir competir com agronegócio, a agricultura familiar muitas vezes teve seus 
financiamentos dificultados, a elevação forçada de índices de produção, ou produtividade, e o 
custo acima da receita. Atualmente, o setor agropecuário responde por 12% do PIB; quando se 
aplica o conceito de agronegócio, porem esse percentual salta de 35%.
A partir da modernização e da alteração da base técnica do campo, surgiram nos anos 1970 
as agroindústrias, um hibrido entre a moderna produção agropecuária e a transformação da 
matéria-prima por ela produzida em insumos na cadeia produtiva que atinge o consumidor: a 
indústria produz máquinas para o campo; a agricultura produz matéria prima para a indústria.
A tecnificação do campo brasileiro tornou-se cada vez mais acentuada, assumindo uma 
alta sofisticação e complexidade, subsidiada por institutos de pesquisa que aprimoram e 
potencializam a agropecuária brasileira, como é o caso da Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária (Embrapa) principal instituição de pesquisa do setor. A produção passa por um 
processo de aceleração e maximização dos lucros; consequentemente, exigem-se de altos 
rendimentos e produtividade máxima. O emprego de técnicas mais eficientes requer maiores 
investimentos: as empresas agropecuárias proliferam, bem como a forte presença de capital 
externo no campo. Como o desenvolvimento agrícola e a expansão capitalista no campo não 
foram acompanhados por uma recomposição fundiária, apenas uma parcela dos proprietários 
rurais beneficia-se dessa modernização.
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4. A produção agrícola brasileira
Apesar das contradições no campo, a produção agrícola só aumenta nos últimos anos. De 
acordo com o levantamento sistemático da produção agrícola do IBGE (LSPA 2014, IBGE), em 
2014 a safra nacional totalizou 184,5 milhões de toneladas de grãos (cereais, leguminosas e 
oleaginosas), superando a safra do ano anterior em 3,3%. Arroz, milho e soja foram os três 
principais produtos desse grupo. A região centro-oeste foi a que mais produziu, seguida das 
regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte, respectivamente. Isso confirma a condição brasileira 
em ser um dos principais fornecedores de alimentos do mundo, aliado à grande disponibilidade 
de terras e agua. Surgem duas correntes: uma mais conservadora que aponta para o caminho 
da manutenção do status quo agrário, ou seja, bem ou mal, o pais vai colhendo bons resultado 
no campo, então a estrutura não deve ser modificada; outra mais progressista, que aponta 
para o caminho ao contrário, no sentido que o potencial agrícola brasileiro é muito maior que 
a produtividade atual e o que emperra a produção brasileira é justamente a arcaica estrutura 
fundiária brasileira, ou seja, caso fosse realizada uma alteração da estrutura, a produção 
poderia aumentar muito.
O Censo agropecuário de 2006 acusou um valor de produção dos estabelecimentos rurais da 
ordem de R$ 147 bilhões, R$ 113 bilhões vindos da agricultura e o restante da pecuária (o 
próximo Censo está previsto para 2016). Já um estudo do ministério da Agricultura de 2013 
(Projeções do Agronegocio,2013) aponta que as exportações oriundas do setor agropecuário 
alcançaram a cifra de 100 bilhões de dólares. Vejamos, no infográfico a seguir, os principais 
produtos agrícolas que compõem esse arcabouço que representa grande parte do PIB nacional.
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5. A pecuária brasileira
A pecuária é a atividade predominante no campo brasileiro: de todos os estabelecimentos 
agropecuários do pais, 44% voltam-se para essa finalidade que ocupa 66% da área rural 
nacional. Como a pecuária entendemos toda a atividade criatória de bovinos, suínos, equinos, 
caprinos, ovinos, asininos e muares. Contudo, convêm ressaltar a maior importância para o 
gado bovino do Brasil.
Costuma-se classificar a pecuária de acordo com o porte dos animais. Assim, Temos:
 • Pecuária de grande porte: bovinos, equinos, asininos, muares e bubalinos.
 • Médio porte: suínos, caprinos e ovinos.
 • Pequeno porte: avicultura em geral (frango, galinha, pinto, codorna) e coelhos.
Como podemos observar na tabela abaixo, a criaçãode bovinos é o terceiro negócio mais 
rentável da agropecuária nacional. Devemos levar em consideração que, há alguns anos, o 
pais assumiu a condição de maior criador de gado bovino comercial do mundo, superando 
os Estados Unidos. O último Censo agropecuário de 2006 acusou 171 milhões de cabeças e o 
Censo da produção pecuária municipal 2009 já apontava 205 milhões de cabeças.
Quais são os efeitos disso? Do ponto de vista comercial, representa aproximadamente 
um terço do PIB rural, um quesito indispensável ao agronegócio. Apesar de, nos últimos 
anos, o rebanho bovino ter crescido simultaneamente à redução da área de pastagem, a 
produtividade por hectare continua apontando forte contradição, pois os 171 milhões de 
bois brasileiros ocupavam uma área de 172 milhões de hectares, ou seja, quase um hectare 
para cada boi. Isso representa 1,7 milhão de km², logo 20% de todo território nacional, uma 
desproporção significativa. Ninguém questiona a importância comercial da pecuária bovina, 
mas é conveniente questionar os números e os impactos ambientais do porte desse rebanho, 
pois, sabe-se, a expansão nos últimos 30 anos foi em direção ao noroeste, ou seja, atravessou 
o Cerrado e no momento avança em direção à Amazônia. A substituição de florestas tropicais 
por pastos é algo bastante danoso do ponto de vista ambiental; portanto, equacionar o 
desenvolvimento agropecuário com a sustentabilidade ambiental é o desafio do momento.
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A partir da década de 1990, a pecuária brasileira assistiu a uma reestruturação da cadeia 
produtiva com a incorporação da moderna tecnologia em áreas criatórias, como9 a 
comercialização do sêmen bovino, fecundação in vitro, sistema de debate e combate a 
doenças, especialmente a febre aftosa. Tais iniciativas foram concomitantes à chegada do pais 
à liderança no mercado internacional de carne. Igualmente, o mercado interno consumidor 
estimulou o desenvolvimento do gado leiteiro. Contudo, é o gado de corte (para abate) o 
de maior valor de produção, que, consequentemente, centraliza o maior aporte de capital e 
investimentos. A concentração desse tipo de pecuária localiza-se, sobretudo, em Mato grosso 
do Sul. As propriedades de gado bovino do centro-Oeste e do Tocantins estão entre as maiores 
do pais.
As tradicionais regiões criatórias do gado bovino no brasil são: Sertão nordestino, Pampa 
gaúcho, Pantanal Mato-grossense, sul de Minas, triangulo mineiro e Ilha de Marajó (criação de 
búfalos).
Observe na tabela ao lado os números que 
mostram o impressionante crescimento da 
exportação de carne bovina brasileira nos 
últimos anos.
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A tradicional bacia leiteira do sul de Minas Gerais continua a contribuir para que o estado seja 
o maior produtor nacional de leite, seguido dos três estados da região Sul: Rio Grande do Sul, 
paraná e Santa Catarina. É comum que as principais bacias leiteiras localizem-se próximo aos 
grandes centros urbanos, como acontece nos arredores dos principais aglomerados urbanos, 
no Agreste nordestino e no Sul-Sudeste.
5.1 Sistema intensivo e extensivo
Quanto ao sistema de produção, a pecuária pode ser extensiva ou intensiva, embora haja 
variação desses dois modelos. Frequentemente, a pecuária extensiva apresenta baixa 
produtividade e pouca utilização de tecnologia, com o gado criado solto no campo de pastagens 
naturais. Já na pecuária intensiva, o gado é criado preso no estabulo, tratado com ração, 
cuidados sanitários com uso de vacinas e forte emprego da biotecnologia.
Os sistemas de produção também são aplicados à agricultura. A agricultura intensiva é 
caracterizada pelo forte aporte de capital e tecnologia, empregada em pequenas e medias 
propriedades com elevados índices de produtividade, enquanto a agricultura extensiva 
caracteriza-se pelo baixo emprego tecnológico em grandes propriedades, com baixa 
produtividade. Há derivações desses dois amplos sistemas, assim como particularidades 
especificas em cada um deles, variando de país para país.
Na pecuária de médio porte, os caprinos estão concentrados no Sertão nordestino, onde se 
adaptam bem ao clima semiárido e são criados em pequenas propriedades. A pecuária Suína 
destaca-se na região Sul, onde também é praticada em pequenas propriedades; particularmente 
em Santa Catarina, com 20% do rebanho nacional. Também vem apresentando inovação 
tecnológica e aumento nas exportações, contrariando a tradição nacional de criar esse tipo 
de gado para o mercado interno. O rebanho ovino, igualmente, concentra-se na região Sul. 
A criação de aves é outro setor que cresceu muito nos últimos anos, praticamente dobrando 
o efetivo e colocando o Brasil entre os maiores produtores da avicultura mundial, ao lado da 
China e dos Estados Unidos. Atualmente o Brasil é o maior exportador mundial de carne de 
aves.
5.2 O impacto ambiental da pecuária
Tradicionalmente, a pecuária, sempre acarretou algum tipo de degradação ao ambiente, amas 
a proporção que vem atingindo nos últimos anos é preocupante. Se no passado a necessidade 
como fonte de proteína animal significava um vantagem em relação ao ambiente, hoje a 
situação se inverteu. Questiona-se a necessidade de uma população bovina maior que a de 
seres humanos no Brasil. Certamente, os impactos são fortes, sobretudo quando se percebe 
que a expansão da pecuária ocorre em direção à maior floresta do mundo. Nos números do 
Censo agropecuário brasileiro (IBGE,2006), observa-se uma redução do número de cabeças de 
gado nas regiões Sul e Nordeste, enquanto se nota um aumento nos estado amazônicos (mais 
de 805), como, por exemplo, no Pará. A pecuária acarreta ainda alto consumo hídrico: média, 
para se produzir 1kg de carne, consome-se 15mil litros de agua. O metabolismo do boi é um 
grande emissor de gás metano por meio do arroto e da flatulência, logo um rebanho desse 
porte, consequentemente, pode contribuir para o aquecimento global, caso esteja certa essa 
tese da intervenção antrópica no clima por meio da emissão de gases efeito estufa.
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5.2.1 Como equacionar desenvolvimento agropecuário e preservação ambiental?
É notório que o avanço da modernização no campo brasileiro verificado nos últimos 30 anos 
comprometeu os biomas nacionais. A paisagem brasileira vem sendo muito alterada há 
tempos, mas a velocidade da destruição no período 1970-2010 foi indiscutivelmente alta.
Desponta como tema central nesse debate a polemica sobre a reformulação do Novo Código 
Florestal Brasileiro. Grosso modo, embora haja outros protagonista, podemos identificar dois 
grupos opostos nessa discussão: os ambientalistas, contrários à reforma, e os ruralistas do 
agronegócio, a favor. O Código Florestal é um conjunto de leis que prima pela preservação 
dos biomas em áreas rurais. O código dois mecanismos legais importantes: o primeiro é o 
resguardo das áreas de Proteção Permanente (APPs), que proíbe desmatamento em topos de 
morro, margens de rios em até 30 metros (junto às matas galerias) e relevo com declividade 
acima de 45°; o segundo mecanismo são áreas de Reserva legal que preserva um percentual da 
mata nativa que o proprietário rural não pode desmatar.
São essas áreas preservadas por lei que estão em risco com a aprovação do Novo Código 
Florestal, pois a alteração proposta é para reduzir o tamanho resguardado pelo Código, que 
data de 1965. O argumento mais difundido em prol da alteração é o de que o pequeno produtor 
é frequentemente prejudicado, pois muitas vezes ele reúne em sua pequena propriedade 
todas essas condições de preservação, pouco ou nada restando para a produção diante das 
limitações do Código. Já no agronegócio argumenta-se que, sem flexibilização, o Brasil não tem 
como ampliar a produção de alimentos necessários à demanda interna e externa. Contra a 
reforma estão os ambientalistas, que alegam que a voracidade do agronegóciojá consumiu 
boa parte dos biomas nacionais e pretende destruir ainda mais, sobretudo quando se verifica 
que a expansão se dá em direção às áreas florestais; o Brasil tem hoje cerca de 170 milhões de 
bois, e a perspectiva é a de mesmo número chegue a 300 milhões em 20 anos, sendo 75% do 
rebanho na Amazônia.
O argumento mais difundido pelos ruralistas é o de que se faz necessário aumentar a produção. 
Contudo, quando se observa que em outros países (Estados Unidos, por exemplo)
Se produz o dobro por hectare que no Brasil, facilmente se constata que a questão é aproveitar 
melhor o espaço já disponível para a agropecuária. É plenamente possível aumentar a produção 
sem desmatar mais. Exemplos: os Estados Unidos produzem nove mil quilos de milho por 
hectare enquanto o Brasil produz apenas a metade; também a criação de bois por hectare é 
extremamente desproporcional no país.
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6. Doha e a questão dos subsídios
Um dos debates mais acirrados nas relações internacionais nos últimos tempos foram as 
questões do protecionismo e subsídios agrícolas praticados pelos países ricos em detrimento 
dos pais pobres. Essa política protecionista dos países ricos afeta diretamente o Brasil que tem 
nas commodities agrícolas uma de suas principais pautas de exportação e que são responsáveis 
pela captação de dólares no provimento de nossas reservas cambiais. Promovida como 
principal mecanismo para solucionar os impasse no comercio internacional, a Rodada de Doha, 
iniciada em 2001, terminou em 2006 sem alcançar seus objetivos.
A questão central é que os países pobres ou em desenvolvimento tem na exportação 
de gêneros agrícolas uma importante fonte de captação de recursos para promover seu 
desenvolvimento. A Unctad (sigla em inglês para a Conferência das Nações Unidas para 
o Comércio e Desenvolvimento) defende que o principal caminho para os países pobres se 
desenvolverem reside no comercio internacional via exportação de commodities. Contudo 
os países ricos, com especial destaque aos Estados Unidos e França no afã de proteger suas 
economias e seus agricultores, limitam por meio de taxas alfandegarias a entrada de produtos 
oriundos de outras partes do mundo, ou concedem subsídios (incentivos). O organismo 
responsável por regular e arbitrar esses impasses é a Organização Mundial de Comércio que 
realiza suas reuniões e tomada de decisões por meio de rodadas de negociações. Não houve 
sucesso nas várias negociações que se sucederam. Na Rodada de Cancun, no México, em 2003, 
a polarização se radicalizou, provocando o fracasso do evento. Nesse encontro, o Brasil liderou a 
criação de um grupo que se tornou importante na agenda internacional: o G20, constituído por 
20 países em desenvolvimento. A força do G20 está assentada em quatro países emergentes 
e com interesses comuns: Brasil, China, Índia, e África do Sul. Os três primeiros são potencias 
demográficas e respondem por aproximadamente metade da população mundial, além de 
serem grandes potencias agrícolas.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) tornou-se importante fórum de debates dos países 
do Sul por ser uma instancia mais democrática que outros organismos. Na ONU, no Banco 
Mundial ou no FMI, a relação é desigual; os países ricos tem privilégios nas decisões, pois o 
voto não é paritário. Já no organismo comercial, cada país representa um voto.
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DEMOGRAFIA
1. Conceitos e Taxas
População absoluta (populoso)
 • A população absoluta é a população total de um lugar.
 • Muitas pessoas = muito populoso.
 • População Mundial em torno dos 6,6 bilhões de habitantes.
 • Ásia em torno de 4 bilhões de habitantes; China e Índia representam mas de 1/3 da 
população mundial.
 • População Relativa (densidade demográfica/povoado).
 • Número de habitantes por Km2.
 • Também échamada de densidade demográfica.
 • Muitos habitantes por km2 = Grande densidade demográfica = muito povoado.
 • Taxa de Natalidade.
 • É determinada pela relação percentual entre o número de nascimentos em um ano e a 
população absoluta.
 • Brasil e dos demais países subdesenvolvidos: taxas de natalidade são bastante altas.
 • Sensível diminuição da natalidade nos últimos anos, devido ao aumento da população 
urbana, a difusão do controle de natalidade, e o custo de criação de um filho nas zonas 
urbanas.
 • Fecundidade.
 • Número de filhos por mulher.
 • Calculado a partir das crianças com até 5 anos sobre o número de mulheres em idade 
reprodutiva (dos 15 aos 49 anos).
 • A taxa de fecundidade é diretamente proporcional à taxa de natalidade.
 • Fertilidade.
 • É o número de mulheres em idade reprodutiva.
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 • Em países com alto desenvolvimento humano, o número de mulheres adultas é bastante 
significativo, o que faz com que a taxa de fertilidade seja bastante alta, mas a taxa de 
fecundidade é baixa, pois de uma maneira geral essas mulheres decidem por ter menos 
filhos.
Taxa de Mortalidade
 • Relação percentual entre o número de óbitos em um ano e a população absoluta de uma 
unidade territorial.
 • A maior taxa de mortalidade ocorre hoje na África Subsaariana (15%o).
 • Algumas regiões subdesenvolvidas (América Latina e o Norte da África) apresentam 
taxas de mortalidade menores que as vigentes no continente europeu, devido à grande 
porcentagem de idosos na Europa.
 • Não é um bom indicador de qualidade de vida.
 • Os países que apresentam as menores taxas de mortalidade, inferiores a 5%o , não são os 
mais ricos, mas os que possuem uma população predominantemente jovem e dispõem de 
um serviço sanitário e médico com alguma qualidade, como é o caso da Costa Rica.
 • Mortalidade na África: doenças infecto-contagiosas; mortalidade na Europa: doenças 
crônicas.
 • Taxa de Mortalidade Infantil.
 • Índice que expressa o número de crianças que morrem antes de completar um ano de 
idade em cada mil nascimentos.
 • Taxas muito mais altas em países subdesenvolvidos (excelente indicador de qualidade de 
vida).
 • Países desenvolvidos: mortalidade infantil precoce (até o 28º dia de vida); mortalidade 
devido à fatores genéticos.
 • Países subdesenvolvidos: mortalidade infantil tardia (a partir do 29º dia de vida); 
mortalidade devido à subnutrição e às doenças infecto-contagiosas.
Expectativa de Vida e Média de Vida
 • A expectativa de vida é obtida a partir da análise compartimentada da população, com 
pesos diferentes para as diversas faixas etárias.
 • Média de vida, que é obtida a partir da soma das idades das pessoas mortas dividida pelo 
número de mortes no ano.
 • A expectativa de vida sempre vai ser superior à média de via.
 • As nações mais desenvolvidas do ponto de vista econômico e social, apresentam as maiores 
expectativas de vida.
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 • Ecúmeno e Anecúmeno.
 • Ecúmenos: regiões mais favoráveis à ocupação humana (regiões de clima temperado, os 
planaltos tropicais, as planícies, os vales, os deltas e vales fluviais, os litorais e as regiões de 
solo e subsolo ricos).
 • Anecúmenos: regiões desfavoráveis à ocupação humana (elevadas latitudes regiões polares 
-, as elevadas altitudes altas montanhas -, os desertos e as florestas equatoriais).
 • Crescimento Vegetativo e Crescimento Populacional.
 • Crescimento vegetativo: saldo natural obtido entre o número de nascimentos e óbitos em 
uma população (crescimento natural).
 • Crescimento populacional: calculado a partir do crescimento vegetativo mais o saldo 
migratório (crescimento global ou demográfico).
2. Índice de Desenvolvimento Humano
O Índice de Desenvolvimento Humano, usado pela ONU desde 1993 para ranquear as nações 
pela qualidade de vida, leva em consideração três aspectos: educação, saúde e renda.
Educação
 • Taxa de alfabetização depessoas com 15 anos ou mais.
 • Somatório das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algum curso, seja 
ele fundamental, médio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da 
localidade.
 • Longevidade.
 • Esperança de vida ao nascer.
 • Renda.
 • PIB per capita em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra corrigido pelo poder de compra 
na localidade) O índice varia de 0 a 1
 • 0,000 a 0,499 – IDH baixo (países da África Subsaariana)
 • 0,500 a 0,799 – IDH médio (países da América Latina, Norte da África, Ásia)
 • 0,800 a 0,899 – IDH alto (parte da Europa Oriental e alguns países da América Latina)
 • 0,900 a 1,000 – IDH muito alto (países da Europa e América Anglo-Saxônica) IDH no Brasil
O Brasil, segundo levantamento publicado em 2008, chegou aos 0,807 pontos de IDH, ocupando 
a 70ª posição no ranking mundial, sendo que os índices de educação e renda são os que o Brasil 
está melhor colocado; já o índice de longevidade coloca o Brasil abaixo da colocação atual (79º 
ante 70º).
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3. Teorias Demográficas
 • 1. Malthusiana: O surto demográfico sem precedentes históricos que se iniciou na Europa 
com a era industrial espantou muitos estudiosos no assunto. Em 1798, Thomas Robert 
Malthus, formulou uma teoria bastante catastrofista a esse respeito: a capacidade da 
produção de alimentos cresceria em progressão aritmética enquanto a população cresceria 
em progressão geométrica. Esse descompasso seria a razão básica da existência da miséria 
e das enfermidades.
 • 2. Neomalthusiana: Na década de 60, auge do crescimento da população mundial, as 
velhas profecias malthusianas foram ressuscitadas: o neomalthusianismo ganhava adeptos. 
Segundo eles, o alto crescimento demográfico é uma das principais causas da generalização 
da pobreza em várias regiões subdesenvolvidas. O aumento descontrolado do número 
dce pessoas atrapalharia o desenvolvimento dos Estados pobres, desviando recursos 
para investimentos não-produtivos (creches, escolas) e criando uma relação desfavorável 
entre o número de pessoas em idade de trabalhar e o total de habitantes. O controle de 
natalidade seria o passaporte para o desenvolvimento.
 • 3. Reformista (Marxista): Contemporâneos aos neomalthusianos, os reformistas possuem 
um raciocínio oposto aos neomalthisianos, ou seja, eles consideram que, na verdade, é 
a qualidade de vida que vai interferir na taxa de natalidade, ou seja, famílias pobres 
possuem a tendência de terem mais filhos. Desta forma, a solução estaria é possibilitar 
reais condições das famílias virem a ter uma qualidade de vida satisfatória, com um acesso 
maior à educação (de qualidade), serviços médicos (de qualidade), mais trabalhos, redução 
das distorções salariais, etc.
4. Transição Demográfica
	
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5. Estrutura Da População
5.1. Estrutura Econômica
A partir da ocupação econômica da população, podemos dividi-la em dois grupos:
A) População Economicamente Ativa: É aquela parcela da população, constituída também 
por desempregados temporários, que participa do mercado de trabalho. Ela está vinculada 
a um dos setores de atividades característicos da economia moderna:
 • Setor Primário – produção agropecuária, extrativismo vegetal e mineral.
 • Setor Secundário – indústria de transformação, construção civil, mineração.
 • Setor Terciário – comércio, serviços, transportes, comunicações, administração pública. 
Obs.: No cálculo da PEA também são considerados os trabalhadores do setor informal.
B) População Inativa: É aquela população que não desempenha atividade produtiva 
remunerada e/ou que não esteja procurando emprego (aposentados, crianças, estudantes, 
donas-de-casa, inválidos).
Países de Economia 
PósIndustrial
Países de Economia 
Subdesenvolvida e 
Industrializada
Países Subdesenvolvidos 
Agrícolas
Os setores primário e secundá-
rio são totalmente automatiza-
dos, transferindo naturalmente 
a população para o setor terci-
ário, com ótimos salários, ser-
viços especiais e um comércio 
diversificado.
Apresenta uma hipertrofia do 
setor terciário, grande parte da 
população trabalha nesse setor 
como subempregados ou com 
salários muito baixos. A popu-
lação passa praticamente direto 
do setor primário para o terci-
ário em função do êxodo rural, 
não se estabelecendo no setor 
secundário devido as indústrias 
serem multinacionais e com 
alta tecnologia necessitando de 
pouca mão-de-obra.
São países pobres e com fraca 
industrialização, grande parte 
da população ainda concentra-
-se no campo, não há empregos 
que atraiam a população nas in-
dústrias e no setor terciário.
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5.2. Estrutura Etária
Populações Jovens Populações em Fase de Envelhecimento (Madura) Populações Envelhecidas
Correspondem em geral aos pa-
íses subdesenvolvidos, onde o 
elevado crescimento vegetati-
vo e a baixa expectativa de vida 
são responsáveis por pirâmides 
etárias de base larga e pequena 
altura, com mais de 45% de po-
pulação jovem e menos de 10% 
na faixa dos idosos. A grande 
porcentagem de jovens requer 
altos investimentos em educa-
ção e saúde, para qualificar a 
mão-de-obra e obter melhores 
condições de competir na eco-
nomia global.
Correspondem a países de-
senvolvidos jovens, nos quais 
predominam os adultos, mas o 
contingente com menos de 20 
anos representa uma parcela 
significativa da população. O 
crescimento demográfico é mo-
derado e a expectativa de vida 
é elevada ou está em elevação, 
refletindo um bom padrão de 
vida, como é o caso dos Estados 
Unidos.
Correspondem a países desen-
volvidos antigos, particular-
mente os do norte e noroeste 
da Europa. Nesse grupo, o de-
senvolvimento industrial con-
tribuiu, já no século XIX, para 
uma melhoria das condições 
socioeconômicas e médico-
-sanitárias da população, com 
a conseqüente elevação da sua 
expectativa de vida.
Países selecionados: comparação da estrutura etária e expectativa de vida – 2000-2005
País Jovens1 (%)
Adultos2 
(%)
Velhos3 
(%)
Expect.Vida 
(anos)
População 
envelhecida
França 18,1 65,5 16,4 78,1
Japão 14,1 66,3 19,6 80,4
População madura
EUA 20,6 67,1 12,3 76,5
Cingapura 19,9 71,7 8,4 77,1
Brasil 26,6 67,6 5,8 67,4
População jovem
Iêmen 51,1 46,7 2,2 59,3
Níger 50,2 47,8 2,0 44,2
Rep. Congo 49,0 48,1 2,9 50,5
1. População com menos de 15 anos. 2. População de 15,1 a 65 anos. 
3. população a partir de 65,1 anos. Fontes: L´état do monde 2003. Paris, La Découverte, 2002. p. 619.
Pirâmides Etárias
As pirâmides etárias são gráficos que representam a população de acordo com as idades e os 
sexos. Os principais elementos de uma pirâmide são as seguintes:
 • Base – parte inferior, que representa a população jovem.
 • Corpo – parte intermediária, que representa a população adulta.
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 • Cume ou ápice – parte superior, que representa a população velha.
 • Ordenada – representa os grupos ou faixas de idade.
 • Abcissa – quantidade de pessoas (em valor absoluto ou em porcentagem).
PIRÂMIDE DE PAÍS SUBDESENVOLVIDO PIRÂMIDE DE PAÍS DESENVOLVIDO
EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA ETÁRIA DO BRASIL – PIRÂMIDES ETÁRIAS
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6. Movimentos Migratórios
Êxodo Rural
 • Movimento migratório que se realiza a partir do deslocamento de pessoas do campo para a ci-
dade.
 • Está diretamente associado ao processo de urbanização, e a sua ocorrência provocará, mais tar-
de, redução das taxas de natalidade e fecundidade.
 • Nos países desenvolvidos, esse movimento está associado ao processo de industrialização e 
necessidade de mãode-obra nas cidades; nos países subdesenvolvidos, está associado à crise 
da agricultura nesses países,com falta de investimento no campo e o baixo valor dos produtos 
agropecuários no mercado nacional e internacional.
Transumância
 • Movimento sazonal (ocor-
re sempre na mesma épo-
ca do ano, regularmente).
 • Associado a períodos de 
colheita ou a períodos de 
muito frio, seca, etc.
 • No Brasil, podemos citar o 
exemplo dos bóias-frias
Nomadismo
 • Movimento realizado de 
forma constante, geral-
mente por povos primiti-
vos.
 • Dependência dos fatores 
naturais.
 • Busca constante por recur-
sos para a sobrevivência do 
grupo.
 • Alguns grupos são nôma-
des em função de aspectos 
culturais (ex.: ciganos)
Migração Pendular
 • Movimento diário.
 • Ocorre em função de tra-
balho.
 • Não há mudança de domi-
cílio.
 • Muito intenso em grandes 
regiões metropolitanas.
6.1. Migrações Internacionais
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6.2. Migrações no Brasil
No caso do Brasil, são quatro os principais tipos de migrações:
 • a imigração, muito importante no período de 1850 a 1934.
 • as migrações internas ou inter-regionais, que ocorreram durante toda a nossa história, 
mas assumiram maior importância após 1934, como o declínio da imigração e uma maior 
integração entre as diversas regiões do país;
 • a migração rural-urbana ou êxodo rural, que se acelerou após 1950;
 • as migrações pendulares nas grandes cidades, que também vêm aumentando desde a 
década de 1950, acompanhando o aumento da urbanização.
Emigração
Apesar de pouco estudada, é atualmente tão importante quanto a imigração, talvez até 
mais. Do final dos anos 1960 até 2000, inclusive, o número de emigrantes foi superior ao de 
imigrantes, tanto por motivos políticos quanto, principalmente, por razões econômicas.
É muito difícil obter dados estatísticos seguros sobre o total de emigrantes porque muitos 
ingressaram clandestinamente nos países de destino; não é muito fácil obter visto de entrada 
como imigrante nos Estados Unidos ou nos países da Europa Ocidental. Não obstante, sabe-
se que muitos brasileiros deixaram o país nestas últimas décadas, sendo que os principais 
destinos dos brasileiros são os Estados Unidos, o Paraguai, o Japão (os dekasseguis) e, em 
menor número, os países da Europa Ocidental, a Austrália e o Canadá, entre outros.
Imigração
1808 – 1850: Início da imigra-
ção, porém com resultados ain-
da insignificantes.
 • Entrada de portugueses 
(açorianos), alemães. Obje-
tivo: “branqueamento” da 
população, colonização.
 • A entrada de escravos afri-
canos foi mais significativa 
que a imigração.
1850 – 1934: Período de maior 
entrada de imigrantes (em es-
pecial de 1888 a 1918).
 • Lei Eusébio de Queirós 
(1850) e a Abolição da Es-
cravatura (1888) ajudam 
no processo de aumento 
do movimento imigratório. 
Objetivos: colonização de 
áreas estratégicas e subs-
tituição da mão-de-obra 
escrava.
A partir de 1934: Controle à 
entrada de imigrantes (Lei de 
Cotas).
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Migrações Internas
 • Século XVI: Ocupação das áreas marginais à região açucareira do Nordeste.
 • Século XVII: Atividade pecuária nas regiões do agreste e do sertão do Nordeste atraiu a 
população do litoral.
 • Século XVIII: Migração de grupos do Nordeste e do Planalto Paulista para o Planalto 
Mineiro, Mato Grosso e Goiás, em função da descoberta de jazidas de metais e pedras 
preciosas.
 • Século XIX: Migração do Nordeste e de Minas Gerais para São Paulo (Vale do Paraíba do 
Sul) em função da expansão da fronteira agrícola a partir do Rio de Janeiro (cafeicultura).
 • Entre 1870 e 1912: Nordestinos para a Amazônia, em função do ciclo da Borracha.
 • Entre 1935 e 1940: Mineiros e baianos para São Paulo, devido à expansão da produção 
algodoeira.
 • A partir da década de 50: Grande número de nordestinos para o Centro-Oeste (dec.50 – 
Construção de Brasília), para as grandes cidades do Sudeste (a partir da década de 50 até hoje, 
mas em maior intensidade de 50 até 1985) e para a Amazônia (a partir da década de 70).
 • A partir da década de 70: Migração do Sul para o Centro-Oeste e para a Amazônia, devido 
à expansão da fronteira agrícola incentivada pelo Governo Federal (construção de grandes 
rodovias, apoio à implantação de projetos agropecuários, incentivos ao desenvolvimento 
das atividades de mineração e programa de vendas de pequenos lotes coordenados pelo 
INCRA), mas também e função da crise do modelo agrícola do Sul do Brasil, principalmente 
em relação à soja.
 • Hoje: Movimento em direção à fronteira agrícola (localizada sobretudo na Amazônia) de 
sulistas e nordestinos; movimento de retorno de nordestinos que viviam no Sudeste para 
o Nordeste (apesar do movimento de nordestinos para São Paulo ainda ser bastante forte), 
movimento de pessoas das grandes cidades para cidades médias (em função de trabalho, 
qualidade de vida, violência).
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Fonte: SIMIELLI, Maria Helena. Geoatlas
7. População Do Rio Grande Do Sul
 • Predominantemente de origem européia (portugueses, alemães e italianos).
 • Participação dos negros menor que nas outras regiões do Brasil (principalmente Nordeste).
 • Participação indígena com algum significado na Campanha.
 • População negra e mestiça bastante discriminada (piores indicadores sociais).
 • População total próxima dos 11 milhões de habitantes (6% da população brasileira); é a 5ª 
maior população do país, e a maior da Região Sul.
 • Densidade demográfica em torno dos 37 habitantes por km2 (maior que a média nacional, 
mas abaixo do Paraná e Santa Catarina).
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7.1. A distribuição espacial
 • Distribuição irregular.
 • Áreas menos povoadas: litoral sul e médio, e região de campos (Campanha e Campos de 
Cima da Serra: base econômica criação de gado).
 • Áreas mais povoadas: Planalto (Passo Fundo, Erechim, Ijuí), vales que entalham a encosta 
(policultura colonial e atualmente, industrialização: Vales dos rios caí, Taquari e Pardo), 
borda do Planalto (Caxias do Sul), Região Metropolitana de Porto Alegre (1/3 da população 
do RS).
7.2. O Crescimento Demográfico e a Urbanização
 • Após a adoção da Lei de Cotas, o crescimento da população do Rio Grande do Sul diminuiu, 
ficando menor que a média do país.
 • Ápice de crescimento da população gaúcha: final década de 1950 e início década de 1960.
 • Desaceleração do crescimento a partir da década de 1970 (antes da desaceleração do 
Brasil).
 • Atualmente: crescimento de 1%.
 • Crescimento populacional associado à urbanização (atualmente população urbana de 
80%).
 • Crescimento maior nas cidades com mais de 100 mil habitantes; cidades com menos de 10 
mil tiveram, no seu conjunto, decréscimo da população.
 • Mais de 70% dos municípios gaúchos possuem menos de 20 mil habitantes.
7.3. As Migrações Internas
 • Crescimento vegetativo é maior em regiões menos desenvolvidas (fronteira oeste e 
sudoeste, por exemplo).
 • Crescimento demográfico (que considera as migrações) é maior em regiões mais 
desenvolvidas.
 • Década de 1970: atração em cidades que se industrializavam (Vale do Rio Pardo, Vale dos 
Sinos, Região Metropolitana), e cidades do “milagre da soja” (Produção, Planalto Médio, 
etc)
 • Década de 1980: Zonas da soja, Alto e Médio Uruguai passam a ser repulsoras, juntamente 
com as já tradicionais Campanha e Campos de Cima da Serra.
 • Regiões que apresentaram maior crescimento populacional: Litoral Norte, Região 
Metropolitana, região de Caxias do Sul (motivo: migrações)
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 • Crescimento negativo da população: Missões (Santo Ângelo), planalto Médio ou zona 
da produção (Passo Fundo), fronteira noroeste (Santa Rosa) e região celeiro ou noroeste 
colonial (Ijuí, Três Passos).
7.4. Imigração Estrangeira para o Rio Grande do Sul
Até Século XVIII Século XIX
 • Espanhóis: Sete Povos
 • Portugueses:início no Litoral Norte; 
açorianos para a Depressão Central e Litoral 
Médio e Sul
 • Africanos (escravos)
 • Colonização concentrada no Planalto.
 • Base: pequena propriedade, mão-de-obra 
familiar e policultura associada à criação de 
animais de pequeno porte.
 • Desmatamento devido à necessidade de 
mais terras para plantar
 • Alemães chegam ao Estado em 1824; os 
italianos chegam em 1875
 • Alto e médio Uruguai são zonas de expansão 
da colonização alemã e italiana.
 • Também imigração de poloneses, russos, 
suecos, entre outros
A Emigração
 • Emigração na Década de 1930 para Oeste de Santa Catarina (região de Chapecó): 
agricultores descendentes dos primeiros imigrantes italianos e alemães habitantes do Alto 
e Médio vale do Uruguai, devido à reduzida disponibilidade de terras e pelos problemas 
relacionados ao empobrecimento dos solos.
 • Década de 1940: emigração para o Oeste do Paraná (região de Pato Branco).
 • Década de 1950 e 1960: emigração para Mato Grosso do Sul (região de Dourados e região 
de Campo Grande)
 • Década de 1970: emigração para o Centro-Oeste (Norte do Mato Grosso do Sul, Sul de 
Goiás, Mato Grosso) e para o Norte (Rondônia e Pará) em busca de terras maiores para o 
cultivo de soja e criação de gado.
 • Décadas de 1980 e 1990: Migração para a Amazônia (expansão da fronteira agrícola), 
Triângulo Mineiro, Oeste da Bahia, sul do Piauí e Maranhão.
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URBANIZAÇÃO
1. Aspectos Gerais E Conceitos
1.1. Diferença entre urbanização e crescimento urbano
Podemos entender como urbanização a passagem da população de um lugar de 
predominantemente rural para predominantemente urbana, ou seja, quando há um 
crescimento maior da população que vive nas cidades do que a população que vive no meio 
rural. Como as taxas de crescimento vegetativo são geralmente mais altas no campo que na 
cidade, a explicação para um crescimento populacional maior da população urbana em relação 
à população rural está no deslocamento da população rural para as zonas urbanas, ou seja, a 
urbanização está diretamente associada ao êxodo rural.
Já o crescimento urbano nada mais é que o crescimento absoluto da população da população 
urbana, independente do crescimento da população rural, ou seja, se a população de uma 
região já se encontra com 100% de população urbana, não teremos mais urbanização, mas 
poderemos ter crescimento urbano, desde que a população da região aumente de tamanho.
1.2. Conceito de cidade no Brasil
Não existe um conceito definitivo de cidade, tendo em vista as grandes dificuldades encontradas 
serem muitas. Porém, como existe uma necessidade de organização territorial e definição de 
políticas públicas para a resolução de problemas dos mais diversos, os países precisam adotar 
critérios para definir o que é uma cidade. Para a ONU, toda aglomeração com mais de 20 mil 
habitantes e considerada cidade.
No Brasil prevalece o critério político administrativo, ou seja, considera-se cidade toda sede de 
município, independente do tamanho da população.
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AS DEZ MAIORES CIDADES DO MUNDO (milhões de habitantes)
2005 2015
(projeção)
Tóquio (Japão) 35,2 Tóquio (Japão) 35,5
Cidade do México (México) 19,4 Mumbai (Índia) 21,9
Nova Iorque (EUA) 18,7 Cidade do México (México) 21,6
São Paulo (Brasil) 18,3 São Paulo (Brasil) 20,5
Mumbai (Índia) 18,2 Nova Iorque (EUA) 19,9
Nova Dehli (Índia) 15,0 Nova Dehli (Índia) 18,6
Xangai (China) 14,5 Xangai (China) 17,2
Calcutá (Índia) 14,3 Calcutá (Índia) 17,0
Jacarta (Indonésia) 13,2 Daca (Bangladesh) 16,8
Buenos Aires (Argentina) 12,6 Jacarta (Indonésia) 16,8
Obs.: População da Região Metropolitana. Fonte: ONU
1.3. Conurbação
A conurbação é a união física entre duas ou mais cidades próximas, em conseqüência de 
seu crescimento horizontal. Em um processo de conurbação encontraremos uma unificação 
entre as malhas viárias dos municípios contíguos, possibilitando um fluxo maior de pessoas 
e mercadorias dentro da conurbação. Exemplo: Região Metropolitana de São Paulo, Região 
Metropolitana de Porto Alegre (eixo Porto Alegre – Novo Hamburgo).
1.4. Metrópole
A metrópole geralmente se caracteriza por ser uma cidade de grande porte, com um 
grande contingente populacional, e setores secundário e terciário altamente complexos 
(principalmente o setor secundário). A metrópole também tem como característica por ser uma 
cidade que conecta a região e o país ao exterior, com a presença de aeroportos internacionais, 
representações diplomáticas e filiais de grandes empresas estrangeiras (incluindo os bancos). 
No Brasil, são consideradas metrópoles as cidades de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de 
Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Manaus, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Brasília.
1.5. Megalópole
Megalópole é uma vasta área urbanizada, onde as cidades estão conurbadas ou em processo 
de conurbação, e que apresenta duas ou mais metrópoles no conjunto das cidades. As 
principais megalópoles do planeta são: Bos-Wash / EUA; Chi-Pitts / EUA; San-San / EUA; 
Megalópole Renana / Europa; Tokkaido / Japão. A megalópole brasileira está sendo formada 
na área compreendida entre a Grande São Paulo e a Grande Rio de Janeiro, passando pelo vale 
do Paraíba, onde se localizam as cidades como São José dos Campos, Taubaté, Resende, Volta 
Redonda, entre outras.
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1.6. Classificação das cidades quanto à origem
 • Planejadas (ou artificiais): Cidades que surgiram a partir de um projeto urbanístico-
arquitetônico, com o intuito de cumprir determinada função. Ex.: Brasília / DF, Palmas / TO, 
Goiânia / GO, Belo Horizonte / MG.
 • Espontâneas (ou naturais): Representam a maioria das cidades do Brasil e do planeta. 
Surgem de forma espontânea, a partir de diversos elementos: porto, fortificação militar, 
estação de trem, núcleo de colonização, frentes pioneiras, cruzamento de estradas/
rodovias, etc.
1.7. Classificação das cidades quanto à função
Podemos classificar as cidades de acordo com a função dominante, geralmente aquela que 
define os investimentos públicos ou que movimenta a economia da cidade.
 • Administrativa: Brasília/DF
 • Portuária: Rio Grande/RS, Santos/SP, Paranaguá/PR
 • Universitária: Santa Maria/RS, Viçosa/MG
 • Industrial: Caxias do Sul/RS, Cubatão/SP
 • Religiosa: Aparecida do Norte/SP, Juazeiro do Norte/CE
 • Militar: Resende/RJ, Três Corações/MG
 • Turística: Gramado/RS, Ouro Preto/MG
1.8. Rede Urbana e Hierarquia Urbana
A rede urbana é formada por um sistema de cidades interligadas umas às outras por meio das 
redes de transportes e de comunicações, pelas quais fluem pessoas, serviços, mercadorias, 
informações, etc. As redes urbanas dos países desenvolvidos são mais densas e articuladas, 
pois esses países apresentam alto nível de industrialização e urbanização, economias 
diversificadas e dinâmicas, vigoroso mercado interno e alta capacidade de consumo. Esses 
fatores aumentam a densidade e o ritmo dos fluxos comerciais e de serviços e aprofundam a 
interação socioeconômica entre as cidades da rede.
Quanto mais complexa a economia de um país ou de uma região, mais densa é a sua rede 
urbana e, portanto, maiores e mais diversificados são os fluxos que as interligam. As redes 
urbanas de muitos países subdesenvolvidos, particularmente daqueles de baixo nível de 
industrialização e urbanização, são bastante desarticuladas, por isso as cidades estão dispersas 
pelo território, muitas vezes sem constituir propriamente uma rede.
A rede urbana brasileira pode ser caracterizada pela irregular distribuição geográfica e pela 
falta de continuidade.
Na verdade é um reflexo do próprio processo de urbanização ocorrido no país.
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Enquanto as regiões Sudeste e Sul apresentam redes urbanas mais extensas e de maior 
densidade,em virtude de seu maior desenvolvimento industrial, as regiões Norte e Centro-
Oeste apresentam redes urbanas de baixa densidade e de grande descontinuidade espacial.
A hierarquia urbana representa a relação de influência entre as cidades, influência esta exercida 
através da rede urbana da região. No Brasil, podemos dizer que, atualmente, a rede urbana 
brasileira está mais complexa, uma vez que a influência não precisa respeitar necessariamente 
a hierarquia das cidades, pois uma cidade pequena pode sofrer influência direta de uma 
grande metrópole regional ou nacional sem sofrer influência de uma capital regional ou centro 
regional.
Fonte: MAGNOLI, Demétrio. Geografia para o ensino médio. Pp 139
Os principais níveis hierárquicos no Brasil são:
 • Metrópoles Globais: São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
 • Metrópoles Nacionais: Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), 
Recife (PE), Fortaleza (CE) Curitiba (PR).
 • Metrópoles Regionais: Goiânia (GO), Belém (PA), Manaus (AM).
 • Centros Regionais: Florianópolis (SC), Londrina (PR), Vitória (ES), Ribeirão Preto (SP), 
Campinas (SP), Santos (SP), Teresina (PI), São Luís (MA), entre outras cidades.
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 • Centros Sub-Regionais 1: Caxias do Sul (RS), Pelotas (RS), Blumenau (SC), Joinville (SC), 
Maringá (PR), Bauru (SP), Presidente Prudente (SP), Uberaba (MG), Uberlândia (MG), Feira 
de Santana (BA), Caruaru (PE), Campina Grande (PB), Imperatriz (PI), entre outras cidades.
 • Centros Sub-Regionais 2: Passo Fundo (RS, Santa Maria (RS), Criciúma (SC), Chapecó (SC), 
Ponta Grossa (PR), Jaú (SP), Botucatu (SP), Marília (SP), Ipatinga (MG), Cabo Frio (RJ), 
Santarém (PA), Ji-Paraná (RO), Sobral (CE), entre outras.
1.9. Megacidade
Megacidade é o termo normalmente empregado para se definir uma cidade que sedia uma 
aglomeração urbana com mais de dez milhões de habitantes e que esteja dotada de um rápido 
processo de urbanização. As megacidades atuais englobam mais de um décimo da população 
urbana mundial e, tal como todas as grandes metrópoles que antes surgiram, polarizam 
sobremaneira o comércio, a cultura, o conhecimento e a indústria, mas não necessariamente 
são cidades que possam ser consideradas cidades cosmopolitas.
Megacidades: Localização
1. 10. Cidades Globais
As Cidades Globais são aquelas cidades que apresentam alto grau de complexidade nos mais 
diversos serviços, e que exercem influência internacional, em diferentes escalas. Nova Iorque, 
Tóquio, Londres, São Paulo, Buenos Aires, entre outras, são cidades globais.
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2. Espaço Urbano No Brasileiro
2.1. Urbanização por Regiões
REGIÃO ÍNDICE DE URBANIZAÇÃO
Sudeste 90,52%
Centro-Oeste 86,73%
Sul 80,94%
Norte 69,83%
Nordeste 69,04%
2.2. As Metrópoles no Brasil
 • Crescimento urbano acentuado, formando conurbações;
 • Existência de centro histórico, onde se concentram atividades de serviços, e de subcentros 
dotados de vida própria.
 • Existência de várias administrações político-administrativas autônomas (prefeituras) em 
um único espaço edificado.
 • Fluxo de circulação pendular
2.3. As Regiões Metropolitanas do Brasil
Uma região metropolitana ou área metropolitana é um grande centro populacional, que 
consiste em uma (ou, às vezes, duas ou até mais) grande cidade central (uma metrópole), e 
sua zona adjacente de influência. Geralmente, regiões metropolitanas formam aglomerações 
urbanas, uma grande área urbanizada formada pela cidade núcleo e cidades adjacentes, 
formando uma conurbação. Por exemplo, São Paulo é uma cidade central, com Guarulhos, 
Osasco e outras cidades adjacentes sendo cidades vizinhas de São Paulo, juntas formando uma 
conurbação.
Porém, uma região metropolitana não precisa ser obrigatoriamente formada por uma única 
área contígua urbanizada, podendo designar uma região com duas ou mais áreas urbanizadas 
intercaladas com áreas rurais. O necessário é que as cidades que formam uma região 
metropolitana possuam um alto grau de integração entre si.
O Brasil apresenta atualmente 23 Regiões Metropolitanas. Além dessas regiões metropolitanas, 
existem as regiões integradas de desenvolvimento econômico, que se constituem como 
regiões metropolitanas em que há conurbação entre cidades de dois ou mais estados, como o 
que ocorre no Distrito Federal, na Grande Teresina e em Petrolina/Juazeiro. Existem também 
outras regiões do Brasil que visam ser transformadas em áreas metropolitanas, como a Grande 
Cuiabá; Grande Uberlândia no Triângulo Mineiro em Minas Gerais; o Vale do Paraíba em São 
Paulo; e as regiões de Caxias do Sul (ou aglomeração nordeste) e de Pelotas/Rio Grande (ou 
aglomeração sul), ambas no Rio Grande do Sul.
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 • Região Norte do Brasil: Região Metropolitana de Macapá (AP); Região Metropolitana de 
Manaus (AM); Região Metropolitana de Belém (PA).
 • Região Nordeste do Brasil: Região Metropolitana de Maceió (AL); Região Metropolitana 
de Salvador (BA); Região Metropolitana de Fortaleza (CE); Região Metropolitana de São 
Luís (MA); Região Metropolitana de João Pessoa (PB); Região Metropolitana do Recife (PE); 
Região Metropolitana de Natal (RN); Região Metropolitana de Aracaju (SE).
 • Região Centro-Oeste do Brasil: Região Metropolitana de Goiânia (GO).
 • Região Sudeste do Brasil: Região Metropolitana de Vitória (ES); Região Metropolitana de 
Belo Horizonte e Região Metropolitana do Vale do Aço (MG); Região Metropolitana do 
Rio de Janeiro (RJ); Região Metropolitana da Baixada Santista, Região Metropolitana de 
Campinas e Região Metropolitana de São Paulo (SP).
 • Região Sul do Brasil: Região Metropolitana de Curitiba, Região Metropolitana de Londrina 
e Região Metropolitana de Maringá (PR); Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).
Regiões Integradas
Região integrada de desenvolvimento (ou RIDE) são as regiões metropolitanas brasileiras que 
se situam em mais de uma unidade federativa. Elas são criadas por legislação federal específica, 
que delimita os municípios que a integram e fixa as competências assumidas pelo colegiado 
dos mesmos.
A primeira RIDE estabelecida foi a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e 
Entorno.
Em 2002, foram instituídas duas novas RIDEs, a Região Administrativa Integrada de 
Desenvolvimento do Pólo Petrolina e Juazeiro e a Região Integrada de Desenvolvimento da 
Grande Teresina.
Motivos para a Instalação de Regiões Metropolitanas
 • Planejamento integrado do desenvolvimento social e econômico;
 • Instalação de infra-estrutura para saneamento básico (água, esgoto, limpeza pública);
 • Estabelecer políticas conjuntas para uso do solo metropolitano;
 • Planejar em conjunto o sistema viário e de transportes;
 • Estabelecer estratégias e políticas urbanas para a produção e distribuição de gás 
combustível canalizado e outros serviços.
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2.4. O Plano Diretor
Plano Diretor é um conjunto de leis que estabelece as diretrizes para o desenvolvimento 
socioeconômico e a preservação ambiental dos municípios, regulamentando o uso e ocupação 
do território municipal, especialmente o solo urbano. Segundo a Constituição federal de 
1988, o Plano Diretor é obrigatório para cidades que apresentem uma ou mais das seguintes 
características:
 • Abriga mais de 20 mil habitantes.
 • Integra regiões metropolitanas e aglomerações urbanas.
 • Integra áreas de especial interesse turístico.
 • Insere–se na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo 
impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.
2.5. O Estatuto da Cidade
O Estatuto da Cidade foi aprovado em outubro de 2001 (Lei 10.257), e ele fornece as principais 
diretrizes a serem aplicadas nos municípios do país. Com a aprovação do Estatuto, houve 
regulamentação dos artigos depolíticaurbana que constam da Constituição de 1988.
Abaixo, algumas diretrizes do Estatuto da Cidade:
 • Todas as cidades com mais de 20 mil habitantes devem aprovar um Plano Diretor até 2006.
 • IPTU progressivo.
 • Concessão onerosa do direito de construir.
 • Parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, 
subutilizado ou não utilizado.
 • Desapropriação com pagamentos em títulos da dívida pública.
 • Usucapião especial de imóvel urbano (cinco anos).
 • Usucapião coletivo.
 • Operações urbanas consorciadas.
 • Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV).
 • Gestão democrática da cidade (órgãos colegiados; debates, audiências e consultas públicas; 
conferências; projetos de lei de iniciativa popular
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3. Urbanização No Rio Grande Do Sul
3.1. Os Aglomerados Urbanos
Aglomeração Urbana do 
Nordeste Aglomeração Urbana do Sul
Aglomeração Urbana do 
Litoral Norte
 • Constituída por dez municí-
pios
 • Instituída em 1994
 • Situada na região da Serra
 • Pólo: Caxias do Sul
 • Grande dinamismo econô-
mico
 • Instituída em 1990 (Pelotas 
e Capão do Leão)
 • Sul do Estado
 • Processo de expansão em 
2003
 • Principais municípios: Pelo-
tas e Rio Grande
 • Instituída em 2004
 • Constituída de pequenos 
municípios que estão em 
processo de conurbação.
 • Grande crescimento popula-
cional.
 • Principais municípios: Osó-
rio, Tramandaí, Capão da Ca-
noa e Torres.
3.2. Região Metropolitana de Porto Alegre
 • Região criada em 1973.
 • Área mais densa do Estado concentrando 37% da população, em 31 municípios.
 • Concentra mais da metade dos municípios com mais de 100 mil habitantes.
 • Apresenta densidade demográfica de 480 hab/km².
 • Grandes desigualdades sociais e econômicas na Região.
 • Pólo de atração no Estado (principalmente na periferia da região – Nova Santa Rita, 
Eldorado do Sul, Nova Hartz e Dois Irmãos apresentaram crescimento muito superior à 
média do estado).
Fonte:	http://www.scp.rs.gov.br/atlas/default.asp	Fonte:	http://www.scp.rs.gov.br/atlas/default.asp	
	
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Módulo 3
INDUSTRIALIZAÇÃO
No capítulo anterior, tratamos dos conceitos geográficos mais importantes para a compreensão 
do mundo atual, assim como fizemos uma breve descrição deste mundo, em termos 
econômicos, sociais e culturais. Nossa intenção era introduzir o estudo geográfico do mundo. 
Agora, utilizando os conceitos já discutidos, queremos ir além.
Se naquele primeiro momento a descrição do mundo moderno e a explicação sobre os 
conceitos da Geografia podem ter parecido momentos de estudo relativamente isolados, no 
presente capítulo nossa intenção é aplicar esses conceitos para descrever novamente o mundo 
moderno, mas, agora especificamente do ponto de vista da Geografia, isto é, do ponto de vista 
do espaço.
Já vimos que o espaço, como considerado pela Geografia, não é o espaço apenas enquanto 
extensão, mas sim o espaço como um meio formado por um sistema de objetos e que é produto 
e condição de um sistema de ações. Esse ponto de vista fica mais claro quando percebemos 
que as relações entre o ser humano e a natureza têm uma história e que esta história pode ser 
dividida em períodos conforme as características que o meio apresenta.
A periodização das relações entre sociedade e natureza que vamos expor a seguir para aplicar os 
conceitos trabalhados no capítulo anterior e ver como a Geografia descreve o mundo moderno, 
foi criada pelo geógrafo Milton Santos. Segundo ele, tais relações podem ser divididas em três 
períodos caracterizados por três diferentes tipos de meio: o meio natural (antes da revolução 
industrial), o meio técnico (entre a revolução industrial e a Segunda Guerra Mundial) e o meio 
técnico-científico-informacional (que começa a se constituir nos anos 1930, mas ganha força, 
extensão e intensidade após a Segunda Guerra Mundial).
O meio técnico: a industrialização
Apesar do grande acúmulo de técnicas ocorrido durante mais de dez mil anos, a transição 
do meio natural para um meio propriamente técnico começa a se realizar, apenas, com a 
Revolução Industrial. Para compreender as relações de causa e efeito entre essa transição 
espacial e essa revolução social, dois aspectos desta última devem ser destacados.
Primeiramente, a Revolução Industrial, que teve seu berço na Inglaterra do século XVIII, 
dependeu da modernização de certos aspectos da sociedade inglesa. Quando dizemos 
modernização, é importante lembrar, não estamos afirmando que seja necessariamente um 
progresso ou uma melhoria, mas sim que são mudanças próprias do mundo moderno.
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As duas mais importantes são a instauração da propriedade privada da terra, por meio dos 
cercamentos, e a relativa perda de poder da nobreza em favor da classe dos comerciantes. 
Ambas as mudanças vinham ocorrendo no país desde o fim do século XVI e acabam formando 
o corpo principal do modelo econômico que conhecemos como liberalismo.
O principal resultado de tais mudanças é a tendência ao fim das relações sociais tradicionais, 
como a fixidez das pessoas à terra, como era o caso dos camponeses, e o poder com base na 
violência, como era o caso da nobreza. Ao contrário disso, surge a tendência ao êxodo rural, 
que fornecerá mão de obra para as indústrias, e a necessidade, da parte da elite inglesa, de 
enriquecimento por meio da busca do lucro para garantir seu poder dentro e fora do país.
A segunda e, para nossos objetivos, mais importante transformação gerada pela Revolução 
Industrial é a invenção e o desenvolvimento das máquinas automáticas, máquinas que 
funcionam sem depender da força de animais, do vento ou dos seres humanos.
As máquinas automáticas, como a máquina a vapor e, mais tarde, os motores elétricos e de 
combustão interna, apresentam capacidades de empregar força e/ou velocidade para executar 
tarefas que eram, até então, inimagináveis. Com isso, a capacidade humana de interferir e 
transformar a natureza conhece um grande salto, o que leva à inauguração de um novo período 
da história.
Podemos dizer que nessa nova fase o ser humano, além de possuir técnicas, começa a 
construir um meio técnico. Isso se deve, por um lado, ao aumento, já citado, da capacidade 
para intervenção na natureza, mas, por outro, à necessidade de criar um sistema técnico para 
que as novas máquinas possam funcionar.
As máquinas a vapor das indústrias têxteis inglesas, por exemplo, dependiam de carvão como 
fonte de energia. O carvão tinha de ser extraído e transportado até as fábricas. Só com isso já 
surge a necessidade de abrir novas minas de carvão e construir ferrovias ligando as minas às 
fábricas. Assim sendo, é preciso produzir os trilhos, as locomotivas, o maquinário das minas e, 
portanto, as fábricas nas quais tudo isso será produzido.
Indo além, pensemos o seguinte, as máquinas a vapor aumentam drasticamente a 
produtividade, isto é, a velocidade e, consequentemente, o volume de produção nas fábricas. 
Com isso, as fábricas precisam de cada vez mais matéria-prima e da expansão constante dos 
mercados consumidores.
Essa necessidade crescente levou à formação de um meio técnico, já que os espaços tiveram 
de ser transformados técnica, cultural e socialmente, para atender às exigências desse modo 
de produção que estava surgindo. É famosa a substituição das plantações de alimentos por 
pastos para ovelhas (que forneciam lã, importante matéria-prima para a indústria inglesa da 
época), o que representava a transformação do meio em nome de necessidades alheias às 
populações locais.
Se as máquinas a vapor, que para a época eram uma grande inovação, tornaram possíveis e ao 
mesmo tempo necessárias essas e outras transformações espaciais, quanto mais as máquinas 
automáticas se desenvolveram, mais o processo de geração de um novo meio foi intensificado.
Os motores elétricosos de combustão interna aumentam ainda mais o poder humano de trans-
formar a natureza, dando ao trabalho do homem mais força e mais velocidade, mas também 
geram enormes necessidades energéticas e de infraestruturas industriais e de transportes.
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Diferentemente do que vimos no caso do meio natural no qual existiam técnicas que se 
submetiam às condições naturais, agora, com essas novas máquinas e suas necessidades, 
vemos começar a se configurar um meio de cada vez mais voltado para a realização da lógica 
técnica, e não mais natural.
Por isso, quando tratamos de industrialização, não estamos nos referindo apenas ao simples 
surgimento de fábricas, mas sim a uma profunda reorganização socioespacial que gira 
em torno do mundo industrial de produzir, de consumir, de mudar o meio, enfim, de viver. 
Para entender a extensão dessa transformação, ficando ainda dentro da discussão sobre as 
indústrias, é interessante perceber que um processo de industrialização envolve a construção 
de vários tipos de fábricas, distintos entre si, de acordo com a finalidade da sua produção. 
Tais finalidades diferentes, listadas e explicadas a seguir, são interdependentes e do seu 
funcionamento em conjunto depende qualquer processo de industrialização.
Indústrias de bens de produção: chamadas também de indústrias de base ou indústria pesada, 
são aquelas destinadas a produzir mercadorias que serão utilizadas por outras indústrias para 
produzir algo, ou seja, não são voltadas ao consumidor final. Elas podem ser divididas em três 
subtipos:
 • extrativistas, que simplesmente extraem recursos minerais ou vegetais, por exemplo, 
minério de ferro, bauxita, manganês, petróleo, carvão, madeira ou mesmo água.
 • de bens intermediários, que transformam produtos extraídos da natureza em matérias-
primas industriais. Estão entre elas as siderúrgicas (fábricas de aço), as metalúrgicas (metais 
em geral) e a indústria química.
 • de bens de capital, que fabricam instrumentos para outras indústrias, principalmente 
máquinas e outras infraestruturas de produção.
Indústrias de bens de consumo: chamadas também de indústrias leves, são aquelas voltadas 
ao consumidor final. Também podem ser divididas em três subtipos:
 • o de bens de consumo não duráveis: são aquelas cujo produto se esgota no momento do 
consumo, por exemplo, bebidas, alimentos, cosméticos e remédios.
 • o de bens de consumo duráveis: são aquelas cujo produto não se esgota no ato do 
consumo e, teoricamente, continuará a ser utilizado por longo tempo. São exemplos a 
indústria automobilística e a de eletrodomésticos.
 • o de bens de consumo semiduráveis: apesar de não se esgotarem no ato do consumo, 
seus bens apresentam uma vida útil relativamente curta. São exemplos, as indústrias de 
roupas e calçados.
É importante notar que essas diferentes funções não precisam estar presentes em um mesmo 
país ou em uma mesma região, o que muitas vezes nem é possível, visto que os fatores que 
determinam a localização das indústrias variam.
A disponibilidade de matéria-prima, fontes de energias, meios de transporte, mercados 
consumidores e mão de obra são sempre importantes para as empresas escolherem onde 
instalarão suas fábricas. Entretanto, a importância de um fator pode ser maior do que outro 
dependendo do tipo de indústria e da época analisada. Entender um pouco essas variações 
pode ser mais uma oportunidade para compreendermos a transição do meio natural para o 
meio técnico.
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A localização industrial no imperialismo e na antiga DIT
Normalmente, a história da industrialização é contada em três etapas: as três revoluções 
industriais. Como estamos tratando ainda apenas do meio técnico, falaremos um pouco as 
duas primeiras e de como a questão da localização variou entre elas.
A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra entre 1760 e 1830. Sendo que, durante 
esse período, ela também se disseminou por outros países da Europa ocidental e por regiões 
dos Estados Unidos. Suas principais marcas são: a indústria têxtil como principal indústria de 
bens de consumo, as máquinas a vapor e o carvão como principal fonte de energia.
Como os outros setores industriais ainda estavam pouco desenvolvidos e, portanto, os objetos 
técnicos ainda eram restritos, não havia como transportar carvão a grandes distâncias; dessa 
forma, a existência de grandes reservas carboníferas era o principal fator determinante para a 
localização das fábricas.
A Primeira Revolução Industrial já alterou bastante a vida das pessoas, principalmente na 
Inglaterra e nos outros países que se industrializaram. No entanto, podemos dizer que 
estávamos no início de uma transição entre o meio natural e o meio técnico. Um exemplo 
natural (a localização das reservas de carvão) ainda era determinante na organização espacial 
da nova economia industrial.
Ao longo do século XIX, principalmente após 1850, novos desdobramentos tecnológicos 
e geopolíticos levaram a industrialização a se aprofundar, o que teve como causa e como 
resultado a expansão e desenvolvimento do meio técnico. Costuma-se identificar esse período 
como Segunda Revolução Industrial, o que não agrada a todos, já que, para alguns estudiosos, 
isso seria apenas o desdobramento das tendências intrínsecas à Primeira.
Para a nossa discussão, a ideia de um simples desdobramento é suficiente para entender a 
questão espacial. Afinal, se a Primeira Revolução Industrial já tinha iniciado uma sobreposição 
das técnicas à natureza, principalmente em decorrência do uso das máquinas automáticas, 
a Segunda trouxe mais das relações econômicas, políticas e culturais ligadas ao processo de 
industrialização.
Esse alcance expandido está ligado ao uso das ferrovias e dos barcos a vapor, ambos 
desenvolvidos ao longo da primeira metade do século XIX. Esses novos meios de transporte 
tornavam-se mais rápido e mais barato.
É interessante lembrar que barcos a vapor e locomotivas (inicialmente também a vapor) eram 
máquinas automáticas sendo postas a serviço do transporte. Até então, os meios de transporte 
dependiam da força humana, de animais ou dos ventos.
A ferrovia é o primeiro bom exemplo de como o uso de um objeto técnico pode exigir a 
construção de um sistema técnico. Para que o trem posso se locomover é necessário construir 
estradas de ferro, de carvão e de manganês, e assim por diante.
Essa complexidade aumentou ainda mais ao longo da Segunda Revolução industrial, visto que 
a eletricidade e o petróleo também passaram a ser utilizados como fontes de energia e, no 
caso do segundo, como matéria-prima. Portanto, extração, transporte e refino do petróleo, 
assim como geração e transmissão de energia elétrica, passaram a ser atividades fundamentais 
para completar a conformação do meio técnico ligado à industrialização.
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Transportes mais rápidos e mais baratos, assim como a diversificação das fontes de energia, 
levaram as empresas a passar a escolher o local para instalar suas fábricas com base na 
disponibilidade de mão de obra, de capitais e, principalmente, na proximidade de bons meios 
de transporte, como as ferrovias e os portos. Percebe-se claramente a passagem de um fator 
natural (localização das reservas carboníferas) para fatores técnicos na determinação da 
organização espacial da economia industrial.
Ao mesmo tempo, cresceram as possibilidades e as necessidades de aumento do alcance 
espacial da sociedade industrial. A necessidade de conquistar mais consumidores para 
suas mercadorias e mais fornecedores de matérias-primas, assim como a possibilidade 
de transportar toda essa carga a longas distâncias, levaram os europeus a reforçarem suas 
pretensões, já antigas, de expandir seu poder político e econômico sobre o mundo.
Do século XVI ao início do XIX,

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