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resumo - cicatrizes

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CICATRIZES!
D E F I N I Ç Ã O 
cicatrização caracteriza-se por uma série complexa de 
fenômenos celulares e bioquímicos desencadeados a 
partir de uma lesão na pele; 
esses processos são inter-relacionados e, muitas 
vezes, ocorrem em paralelo, mantendo-se durante 
meses, mesmo após o restabelecimento da integridade 
cutânea; 
para fins descritivos, a cicatrização é dividida em 3 
fases que se iniciam após a hemostasia da lesão: 
inflamação, proliferação ou fibroplasia e maturação ou 
remodelação; 
A N A T O M I A D A P E L E 
A pele é o maior órgão do corpo, constituída por uma 
porção epitelial de origem ectodérmica (a epiderme) e 
uma porção conjuntiva de origem mesodérmica (a 
derme) unidas pela membrana basal ou junção 
dermoepidérmica 
 
F A S E S D A C I C A T R I Z A Ç Ã O 
Hemostasia e Inflamação ——————— 
hemostasia é um evento que precede a inflamação e 
tem início pela exposição do subendotélio dos vasos 
lesados, de forma que o colágeno ative a agregação 
plaquetária e a via intrínseca da cascata da 
coagulação; 
uma vez obtida a hemostasia, os fatores de 
crescimento locais presentes propiciam vasodilatação, 
aumento da permeabilidade capilar e extravasamento 
de conteúdo plasmático (clinicamente traduzidos por 
eritema e edema); 
— esses mediadores são quimiotáticos para células 
inflamatórias, desencadeando, portanto, a fase de 
inflamação. — 
pico de infiltração de neutrófilos ocorre nas primeiras 
24 horas, e estas células desempenham as seguintes 
funções: amplificar a resposta inflamatória, auxiliar no 
controle da infecção por meio da fagocitose de 
bactérias e da produção de substâncias bactericidas e 
auxiliar no desbridamento dos tecidos desvitalizados 
por meio da produção de elastases e colagenases, 
queda da população de neutróiflos, acompanhada do 
predomínio da presença de macrófagos no local do 
ferimento, o que geralmente acontece após as 
primeiras 48 horas da lesão, e marca o fim do 
fenômeno da inflamação; 
Fase proliferativa ———————————— 
diminuição da quantidade de neutrófilos na ferida 
determina o final da fase inflamatória da cicatrização; 
segue-se, então, no ferimento, uma intensa proliferação 
de células epiteliais (reepitelização), de células 
endoteliais (neoangiogênese) e de fibroblastos 
(formação de tecido de granulação), o que marca a 
chamada fase proliferativa; 
Deposição de matriz extracelular/formação de tecido 
de granulação 
quando os fibroblastos chegam ao ferimento – 
aproximadamente 4 dias depois – começam a 
depositar uma matriz extracelular provisória formada 
por fibronectina, permitindo a movimentação de células 
atraídas para o local; 
cerca de 5 dias após a lesão, a matriz provisória já 
estará povoada por tecido vascular em proliferação, 
fibroblastos e células inflamatórias, configurando o 
tecido de granulação; 
esse fenômeno pode perdurar por várias semanas, até 
o restabelecimento da continuidade do epitélio; 
prolongação da fase de granulação leva a maior 
deposição de colágeno; 
Contração da ferida 
após 2 semanas de lesão, o tecido de granulação já 
está formado, e pode-se observar que a área da ferida 
é reduzida progressivamente; 
esse fenômeno, representado pela redução dos limites 
da ferida, é chamado de contração e é gradual, para 
diminuir a área a ser reepitelizada; 
—contração começa por volta de 4 a 5 dias após a 
lesão inicial e atinge seu máximo em torno de 12 a 15 
dias, embora possa continuar a agir por períodos 
maiores se a ferida permanecer aberta. — 
duas hipóteses, atualmente, tentam explicar o 
mecanismo da contração das feridas: 
Reepitelização 
pode-se identificar, nas bordas do ferimento, uma zona 
marginal uniforme com tecido mais delicado, 
correspondente ao novo epitélio, que se prolifera e 
avança em direção ao centro da ferida – a 
reepitelização; 
esse processo se inicia paralelamente à hemostasia e 
ocorre em razão da perda de inibição por contato das 
células epiteliais; 
a completa epitelização da ferida inibe a formação de 
matriz extracelular e leva ao desaparecimento dos 
miofibroblastos; 
Maturação e Remodelamento ——————— 
uma vez epitelizada a ferida, o colágeno produzido 
durante a fase de deposição de matriz extracelular 
continua a ser remodelado em resposta às solicitações 
de tensão sobre a pele reparada; 
nos casos em que houve formação de cicatriz visível, 
diz-se que a fase era de amadurecimento,em que o 
fenômeno se dá por processo dinâmico e contínuo de 
produção e degradação de colágeno; 
processo da remodelação é dinâmico, nele, a maturação 
da cicatriz ocorre durante meses ou anos; 
— a resistência mecânica final do tecido cicatricial 
equivale a 30% da resistência da pele íntegra — 
F A T O R E S Q U E I N F L U E N C I A M 
desnutrição é uma causa importante de falha no 
processo cicatricial; 
 hipoalbuminemia gera redução do processo de 
angiogênese e proliferação de fibroblastos, reduzindo a 
síntese e a remodelação de colágeno; 
diabetes mellitus também influencia a cicatrização; 
hiperglicemia crônica é responsável por alterações no 
mecanismo cicatricial; 
 — tecido de granulação é pobre em macrófagos, com 
menor crescimento de fibroblastos, menos deposição 
de matriz e alterações da angiogênese. — 
oxigênio é essencial ao metabolismo celular e à 
atividade enzimática, portanto, fundamental ao 
processo cicatricial.; 
esse efeito do oxigênio é explorado na terapia 
hiperbárica (terapia à base de pressão 
negativa, mais conhecida como curativo a vácuo, é uma 
técnica que tem sido bastante empregada) 
 ferida infectada tem a fase inflamatória prolongada, 
impedindo a reepitelização, a contração e a deposição 
de colágeno — pode ser uma causa importante para a 
cronificação das feridas; 
existem drogas que podem interferir na cicatrização; 
consumo de tabaco também está bastante relacionado 
com problemas de cicatrização; 
pacientes oncológicos também estão sujeitos a 
distúrbios na cicatrização; 
T I P O S D E C I C A T R I Z A Ç Ã O 
ocorre cura da ferida de espessura parcial com 
regeneração do tecido se houver lesão apenas da 
epiderme e de uma parte superifcial da derme; 
exemplos desse tipo de ferimento: são as áreas 
doadoras de enxerto de pele de espessura parcial ou as 
áreas que sofreram abrasão superifcial; 
no caso da cicatrização, a cura ocorre principalmente 
por reepitelização, e as principais estruturas doadoras 
de queratinócitos são as células provenientes da borda 
da ferida ou dos pelos e das glândulas sebáceas; 
 
cicatrização por primeira intenção 
ocorre quando as bordas da lesão são coaptadas logo 
após o seu surgimento, por exemplo, por meio de 
suturas; 
nesse caso, a produção de colágeno pelos fibroblastos 
gera uma cicatriz resistente, e a sua posterior 
remodelação por meio de metaloproteinases geralmente 
culmina com uma cicatriz de linhas finas; 
— epitelização cobre a ferida, gerando uma 
barreira contra a atmosfera. — 
assim, um ferimento cicatrizado por primeira intenção 
se vale muito mais dos processos de deposição de 
tecido conjuntivo e epitelização do que dos de 
contração; 
cicatrização por segunda intenção 
entende-se por segunda intenção quando a ferida de 
espessura total da pele é deixada a fechar-se sem 
coaptação das bordas; 
cicatrização se dá especialmente por contração e 
deposição de colágeno, em vez de reepitelização; 
cicatrização por terceira intenção 
chamada cicatrização por terceira intenção (ou primeira 
intenção retardada) ocorre quando uma lesão 
contaminada ou cuja extensão ainda está mal 
delimitada é deixada aberta e, após um período de 
tratamento, é suturada; 
período em que a pele e o subcutâneo não estão 
coaptados, ocorre o desbridamento, realizado por 
mecanismos de fagocitose e intervenções cirúrgicas; 
após um período de 3 a 4 dias, inicia-se a 
neoangiogênese, momento em que sepode suturar o 
ferimento — nesse caso, não há alteração na 
metabolização do colágeno, e a cicatrização ocorre de 
forma semelhante à de primeira intenção; 
em todos os tipos de tratamento, os mesmos 
mecanismos de cicatrização – deposição de matriz 
extracelular, reepitelização e contração da ferida – 
estão envolvidos, porém com maior ou menor 
intensidade, dependendo da profundidade da lesão e do 
tipo de tratamento a ser adotado. 
C I C A T R I Z E S P A T O L Ó G I C A S 
falhas na remodelação da cicatrização, causadas pelo 
desequilíbrio entre a síntese e a degradação do 
colágeno, bem como em sua organização espacial, 
resultam em cicatrizes exuberantes, chamadas 
cicatrizes hipertróifcas e queloides; 
—> betaterapia é uma forma de tratamento que envolve 
a irradiação precoce da cicatriz e pode ser indicada a 
pacientes que já desenvolveram queloide sem cicatrizes 
prévias; 
—> ressecção cirúrgica é uma opção em lesões de 
grande volume, mas pode causar o aparecimento de 
novos queloides nas novas áreas cicatriciais; 
—> outras medidas envolvem métodos compressivos e 
corticoides tópicos ou injetáveis. 
Cicatrizes crônicas, principalmente em áreas 
queimadas, podem evoluir com malignização e 
transformação em carcinoma espinocelular de pele. 
Esse tipo de lesão é conhecido pelo epônimo úlcera de 
Marjolin. O tratamento, na maioria das vezes, é 
cirúrgico, associado ou não a radioterapia.

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