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Regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais_04

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DESCRIÇÃO
Regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais e seu papel
no desenvolvimento econômico.
PROPÓSITO
Apresentar as razões pelas quais produtos importados são
beneficiados pela suspensão ou isenção dos tributos incidentes
quando destinados ao processo industrial, ao comércio ou às
atividades agropecuárias da Zona Franca de Manaus (ZFM), das
Áreas de Livre Comércio (ALC) ou das Zonas de Processamento
de Exportações (ZPE).
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo, tenha à mão o Decreto-Lei nº 288 e o
Decreto nº 6.759/2009.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar as características da ZFM
MÓDULO 2
Distinguir os regimes aduaneiros especiais e os aplicados em
áreas especiais
INTRODUÇÃO
Por muitos anos, o Brasil produziu e exportou matérias-primas ou
produtos intermediários, e também importou produtos
industrializados da Europa ou dos Estados Unidos, muitos deles
produzidos a partir de bens exportados pelo nosso país.
Recentemente, essa tradição foi quebrada, sendo os regimes
aduaneiros especiais importantes para essa mudança de
realidade. Hoje, aproximadamente, quase metade dos impostos
devidos na importação é objeto de renúncia graças à aplicação
desses regimes.
A isenção e a suspensão de tributos, promovidas com o objetivo
de desenvolver determinados locais, não afrontam um dos
objetivos básicos do preâmbulo do Acordo Geral sobre Tarifas
Aduaneiras e Comércio (GATT), a liberação do comércio
mediante a redução ou extinção das alíquotas do Imposto de
Importação (II), assim como das barreiras não tarifárias.
Por esse motivo, a concessão de benefícios deve ser analisada
pelas autoridades com todo o rigor, a fim de evitar protestos de
países concorrentes que se sintam afetados pela liberalidade
representada pela renúncia fiscal no Brasil. O cuidado é maior
devido à imensa lista de regimes aduaneiros especiais e
daqueles aplicados em áreas especiais em quase todos os
estados da Federação.
Estudaremos os regimes aduaneiros aplicados em áreas
especiais, que compreendem a Zona Franca de Manaus (ZFM),
as Áreas de Livre Comércio (ALC) e as Zonas de Processamento
de Exportações (ZPE), veremos o que representam para a
economia nacional e, consequentemente, o desenvolvimento
social, em virtude do crescimento da empregabilidade nessas
regiões e da maior produção dos agentes.
A ZFM, por exemplo, criada em 1967, vem gerando riquezas para
toda a Região Norte do país, de maneira que não teria sido
possível sem os incentivos concedidos às atividades produtivas.
O polo industrial abriga inúmeras empresas nacionais e
multinacionais, demonstrando a significativa mudança na
economia da região. O acesso facilitado à aquisição de bens
importados tem permitido o crescimento do consumo de bens
duráveis como não se via antes. E não só a população daquela
região se beneficia: a produção de bens por preços acessíveis
tornou o país um grande mercado para os produtos da ZFM.
O relacionamento comercial do Brasil com outros países, em
função do incremento das importações, abriu mercados no
exterior, onde são negociados nossos produtos. Como sabemos,
o comércio internacional é uma via de mão dupla: nada é vendido
se não comprarmos em contrapartida! Essa visão dinâmica do
comércio produz riqueza, favorecendo ambos os lados dos
negócios.
Os regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais, sem
dúvida, são responsáveis pelo crescente volume de
investimentos nas regiões beneficiadas pelos incentivos à
produção e à comercialização. Por isso, nos próximos módulos,
veremos como funcionam esses regimes e os seus benefícios
para a população e para o país, considerando cada um deles em
particular.
MÓDULO 1
 Identificar as características da Zona Franca de Manaus
ZONA FRANCA DE MANAUS
(ZFM): DEFINIÇÃO,
CARACTERÍSTICAS E
PROCEDIMENTOS
Em sentido amplo, zona franca é entendida como uma extensão
territorial pertencente a determinado país, na qual são
dispensados os tributos normalmente exigidos nas importações
de bens, como também não são aplicadas as medidas
econômicas restritivas ao ingresso de bens, desde que as
mercadorias importadas sejam consumidas ou empregadas nas
finalidades previstas em lei.
Essa é uma definição encontrada em todos os acordos
internacionais que tratam do assunto, inclusive no âmbito do
Mercado Comum do Sul (Mercosul). Em certo sentido, consiste
em uma região “desnacionalizada” para fins aduaneiros, embora
sejam exigidos os controles administrativos.
Um dos objetivos mais importantes consiste não apenas na
necessidade de integração nacional, mas, principalmente, na
integração local, visto que a Amazônia é um depositário de
riquezas naturais, não somente de minerais como também de
vegetação. É, sem dúvida, o maior espaço natural do mundo,
congregando cerca de 2,5 mil espécies de árvores e 30 mil tipos
de vegetais, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
 
Imagem: NASA / Domínio Público 
 Imagem de satélite da NASA mostra a área territorial do
estado do Amazonas.
O número de rios de monumental volume de água torna a região
amazônica uma das mais ricas em espécies de peixes em todo o
mundo. Por isso, as medidas de ordem econômica e financeira
empregadas na Amazônia têm um alcance bem maior, a
preservação da segurança nacional.
Em que pese o crescimento econômico na década de 1960,
derivado, em grande parte, pela implantação da indústria
automobilística no país, persistiu por bom tempo a necessidade
de investimentos em infraestrutura que pudesse ligar toda a faixa
territorial de norte a sul do Brasil.
A realidade nesse período se agravava em face da migração de
grande contingente de homens do campo para as cidades. A
desigualdade no país constituía estímulo à busca de uma solução
duradoura de melhoria das condições de vida dos cidadãos.
PARA AMENIZAR A SITUAÇÃO,
MEDIDAS PRECISAVAM SER
TOMADAS, COMO A CONCESSÃO DE
VANTAGENS QUE PERMITISSEM
ESTABELECER CONDIÇÕES DE VIDA
DIGNA ÀQUELA POPULAÇÃO.
Em regra, uma política tributária bem planejada e executada
pode ser considerada eficaz em se tratando de ocupação de
território, seguida de programa de redistribuição de renda. E,
assim, os tributos são dispensados ou suspensos, não se
limitando, no entanto, aos impostos aduaneiros, isto é, ao
imposto de importação e sobre produtos industrializados (IPI) e o
imposto estadual sobre a circulação de mercadorias e serviços
(ICMS), podendo, porém, ser incluídos entre as renúncias fiscais
os tributos internos, aqueles que incidem sobre a renda ou a
venda de mercadorias, dependendo do objetivo econômico e
social que se quer alcançar. São exigidas, no entanto, as
contribuições para a seguridade social, por não se enquadrarem
entre as exações de natureza estritamente empresarial.
Prontamente, os governos dos estados da Região Norte
compreenderam a necessidade de colaborar com a iniciativa e
concederam os incentivos fiscais que complementaram as
vantagens oferecidas no plano federal. O ICM naquela época,
atual ICMS, contribuiu grandemente com o sucesso da zona
franca, que, reconhecidamente, se estenderá por um longo
tempo.
 
Imagem: Shutterstock.com 
Atualmente, a ZFM é um exemplo de experiência bem-sucedida,
a ponto de suas vantagens serem estendidas para toda a
Amazônia Ocidental, sendo seguida pela criação das Áreas de
Livre Comércio (ALC) em cidades fronteiriças. Não só a
população do estado foi beneficiada, como também os governos
estaduais, tendo em vista o aumento da arrecadação dos tributos
proveniente das indústrias instaladas e da movimentação mais
intensa de bens e serviços em toda a Região Norte.
Constitui, também, importante objetivo das zonas francas, além
de intensificar o intercâmbio de mercadorias com outros países
do mundo e fixar a população da região, carente de meios
financeiros, de investimentos internos e externos e de recursos
tecnológicos que possam acelerar o seu desenvolvimento.
 
Imagem: Shutterstock.com 
Uma zona franca,conforme disposto no ordenamento jurídico do
país concedente, pode ter basicamente duas finalidades:
Desenvolvimento da economia no espaço delimitado pela lei
Ou
Venda de produtos importados para pessoas físicas ou jurídicas
residentes em outras partes fora da zona franca
Inicialmente, falaremos sobre a ZFM, uma ALC de importação e
de exportação e de incentivos fiscais especiais, instituída em
1967 pelo Decreto-Lei nº 288. Foi estabelecida com a finalidade
de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e
agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam
seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande
distância que se encontra dos centros consumidores do país.
Anteriormente, a Lei nº 3.173/1957 havia criado a ZFM, ainda
como uma autarquia administrativa vinculada, naquela ocasião,
ao Ministério da Fazenda. O propósito era criar um mecanismo
que permitisse o desenvolvimento da grande região amazônica,
constituída pelos estados do Amazonas e do Pará e dos então
territórios de Rondônia e Roraima.
O funcionamento e os benefícios concedidos à ZFM estão
disciplinados pelo art. 504 do Regulamento Aduaneiro (RA)
aprovado pelo Decreto nº 6.759/2009. Cabe acrescentar que a
ZFM é administrada pela Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa), autarquia vinculada ao Ministério da
Economia, também responsável pelo controle das isenções
concedidas nos estados do Acre, de Rondônia, de Roraima e do
Amapá.
O objetivo da criação da ZFM não foi diferente, pois visa
desenvolver uma vasta área do país desprovida de infraestrutura
capaz de garantir os meios indispensáveis à sobrevivência da
população naquela região, incrustrada em plena e gigantesca
floresta. A localização da cidade, distante dos grandes centros,
torna os meios de transporte fluvial e aéreo insuficientes e
precários, em razão da grande floresta que a rodeia, onerando o
frete pago pela compra de bens provenientes de outros pontos do
território nacional.
 
Imagem: Shutterstock.com 
 Praia da Ponta Negra, em Manaus.
Em paralelo ao desenvolvimento econômico e social da região, a
ZFM passou a receber milhares de turistas, atraídos pelas
belezas naturais e pela característica exótica da cidade de
Manaus, principalmente. Na época de sua criação, as alíquotas
do Imposto de Importação (II) atingiam níveis elevadíssimos,
chegando em alguns casos a 205%, o que constituía grande
atração para os brasileiros. O limite de isenção para os
brasileiros que regressavam da cidade de Manaus era bem mais
elevado do que o limite estabelecido no retorno de viagens ao
exterior. Por sua vez, os estrangeiros eram atraídos a Manaus
por suas construções históricas, vindas desde os tempos da era
da borracha.
A intensa circulação de moeda, que se seguiu à implantação da
Zona Franca de Manaus, realimentava o processo, que, assim,
se autossustentava pelo aumento do mercado interno, mais
exigente em relação aos padrões de consumo.
 SAIBA MAIS
A entrada de mercadorias estrangeiras na ZFM – destinadas a
consumo interno, industrialização em qualquer grau, inclusive
beneficiamento, agropecuária, pesca, instalação e operações
industriais, além de serviços de qualquer natureza, exportação,
bem como estocagem para reexportação – goza de suspensão
do II e do IPI, que se converte em isenção quando as
mercadorias são empregadas nos fins a que se destinam.
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
NA ZONA FRANCA
As vantagens concedidas não se limitam a esses dois impostos
incidentes sobre as importações. A Contribuição para os
Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PIS/PASEP), assim como a Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins), do mesmo modo,
não incidem sobre as operações de importação de bens com
destino à ZFM, contribuindo, juntamente como os demais
impostos, para o desenvolvimento da região.
É interessante notar que a isenção do IPI alcança, também, a
internação das mercadorias, ou seja, a saída dos produtos
industrializados na zona franca para outras partes do país. Desse
modo, nenhuma operação de industrialização está sujeita ao
imposto, uma vez que o IPI não incide, igualmente, nas
exportações. A medida é das mais salutares, uma vez que a
distância dos grandes centros consumidores consome
significativos recursos, considerando o transporte e o seguro das
mercadorias que circulam pelo território nacional.
Complementarmente, a saída de produtos fabricados na ZFM
com destino a qualquer ponto do território nacional goza da
redução de 88% do II aplicado a matérias-primas, produtos
intermediários, materiais secundários e de embalagem de
procedência estrangeira empregados na industrialização.
O benefício, porém, é condicionado à aprovação prévia de
projeto pelo Conselho de Administração da Suframa e deve
observar as normas do chamado Processo Produtivo Básico
(PPB), conjunto mínimo de operações realizadas no
estabelecimento fabril localizado na ZFM. A falta de cumprimento
desse requisito implica a obrigatoriedade de pagamento do
imposto dispensado.
 
Imagem: Shutterstock.com 
Passemos a entender melhor o que se conhece como PPB.
Instituído e definido pela Lei nº 8.387/1991, consiste no conjunto
mínimo de operações realizadas no estabelecimento industrial
destinado à produção de determinado produto. A exigência
funciona como uma espécie de compensação pelos benefícios
fiscais concedidos por lei, em face da localização do
estabelecimento produtor na ZFM, assim como pela legislação
que dispõe sobre o incentivo à fabricação de bens de informática,
telecomunicações e automação, a conhecida Lei de Informática.
A instalação da ZFM, abrangendo todo o restante da região, ou
seja, a Amazônia Ocidental, não é mecanismo de incentivo
vedado pelo Acordo GATT, uma vez que constitui uma das
exceções à concessão de subsídios o apoio governamental,
direto ou indireto, que tenha por finalidade desenvolver certa
região do território carente de recursos e desprovida de
condições próprias de se autossustentar, como é o caso da
Região Norte do país.
No âmbito do Mercosul, após longas discussões entre as
autoridades dos quatro países, ficou decidido que os bens
industrializados procedentes da ZFM estariam sujeitos ao II
quando fossem importados nos demais países. Essa medida pôs
fim a sucessivos protestos dos membros parceiros contra o
privilégio concedido pelo Brasil.
AS MERCADORIAS INGRESSADAS
NA ZFM NÃO ESTÃO SUJEITAS ÀS
MESMAS EXIGÊNCIAS E AOS
MESMOS CONTROLES PRATICADOS
EM OUTROS PONTOS DO NOSSO
TERRITÓRIO.
O controle aduaneiro, entendido como o conjunto de
procedimentos oficiais, ou seja, a cargo das alfândegas, tem por
finalidade constatar a regularidade e a legalidade das operações
de carga e descarga de mercadorias que entram ou saem do
país, a entrada e a saída de veículos, a inspeção de bagagens e
de remessas postais. Complementarmente, é sua
responsabilidade comprovar a certeza do recolhimento dos
tributos devidos ou a fiel observância das normas que concedem
imunidade ou isenção dos tributos.
Todavia, as mercadorias que ingressam na ZFM não estão à
margem desse controle, isto é, deve ser verificado pelas
autoridades aduaneiras o cumprimento dos dispositivos que
impõem o licenciamento e o registro no Sistema Integrado de
Comércio Exterior (Siscomex) para as importações e
exportações, a expedição de documentos e certificados de
origem, além de outros previstos na legislação pertinente.
Esse controle tem em vista certificar-se de que foram cumpridas
todas as exigências para permanência dos bens importados
através da zona franca até que lhes seja dado o destino
legalmente previsto – neste caso, a utilização em atividades
industriais, comerciais, agropecuárias ou relativas à piscicultura.
 
Imagem: Shutterstock.com 
 Píer em Rio Negro, Manaus.
A ZFM, situada à esquerda dos rios Negro e Amazonas, abrange
uma área de 10.000 quilômetros quadrados em torno da cidadede Manaus e se caracteriza por constituir uma área de livre
comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais
especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da
Amazônia um polo de desenvolvimento econômico, a partir do
fomento ao comércio de produtos importados, prosseguindo com
a implantação de um parque industrial destinado a atender não
só à região, como aos demais centros consumidores do país.
Convém assinalar que a ZFM tem em vista, ainda, promover o
desenvolvimento econômico de toda a Amazônia, com base no
incentivo às atividades agropecuárias em todo o interior da região
abrangida, sem contar os benefícios obtidos com a implantação
no que tange à proteção do meio ambiente e ao controle de
fronteiras.
A fim de obter a aprovação de projetos e gozar dos benefícios
especiais concedidos à zona franca, o interessado deve,
inicialmente, cumprir o PPB autorizado pelo Conselho
Administrativo da Suframa.
Além disso, é necessário:
Prever e garantir a criação de empregos na região.
Conceder benefícios sociais aos empregados.
Cuidar da incorporação de tecnologia de produtos e de
processos produtivos compatíveis com o programa da ZFM.
Programar o crescimento paulatino dos lucros em nível de
competitividade com indústrias nacionais e estrangeiras.
Realocar os lucros em atividades na região.
Investir na formação e na capacitação de mão de obra
voltada para a pesquisa científica e tecnológica.
Solicitar a aprovação de projeto industrial que preveja limites
anuais de importação de insumos.
Os benefícios sociais aos trabalhadores incluem o acesso à
educação, a facilitação para o uso do transporte e a assistência
no que se refere à alimentação, à assistência médica e
odontológica, à disponibilização de creche para os filhos dos
trabalhadores, ao lazer e à previdência social.
Esses compromissos, de caráter obrigatório, são submetidos
junto do projeto industrial apresentado ao Conselho de
Administração da Suframa, órgão composto por representantes
de diversos ministérios do governo federal e responsável pela
deliberação sobre investimentos na área da ZFM.
Os produtos importados ingressam na ZFM com suspensão dos
impostos de importação e sobre produtos industrializados.
Excluem-se dos benefícios fiscais armas e munições, perfumes,
fumo e seus derivados, bebidas alcoólicas e automóveis.
O art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da
Carta de 1988, mantém em funcionamento a ZFM, com suas
características de ALC, de exportação e importação, e de
incentivos fiscais, pelo prazo de 25 anos, a partir da promulgação
da Constituição. O Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão
datada de 7 de dezembro de 2000, examinou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) nº 2.348-DF, reconhecendo a validade
e a eficácia do citado dispositivo.
 
Foto: Arquivo ABr / CC BY 3.0 BR 
 Ulysses Guimarães segurando uma cópia da Constituição de
1988.
Com a aprovação da Emenda Constitucional (EC) nº 83, o prazo
de funcionamento da ZFM foi estendido até 2073, o que assegura
o gozo dos benefícios fiscais para toda a Amazônia por mais
cinquenta anos a partir de 2023, prazo que havia sido
estabelecido pela Constituição da República de 1988.
A saída de produto importado com benefícios fiscais da zona
franca para outros pontos do território nacional é objeto de
tratamento tributário especial no caso de bagagem ou internação.
Neste último caso, está compreendida a saída de produto
industrializado na ZFM com o emprego de matéria-prima, produto
intermediário ou material para embalagem, importados, ou
quando o bem se destine à Amazônia Ocidental, que
compreende o restante dos estados do Amazonas, do Acre, de
Rondônia e de Roraima.
Na internação, o imposto de importação é calculado com base
em um coeficiente de redução da alíquota ad valorem, obtido
mediante a aplicação de fórmula que leva em conta a
participação de componentes nacionais e estrangeiros, bem
como de mão de obra nacional, empregada na sua produção.
Para fins de cálculo do II, aplica-se a Tarifa Externa Comum
(TEC), em vigor no país desde a implantação do Mercosul,
devendo a mercadoria ser considerada, neste caso, procedente
do exterior.
Os bens produzidos na Terra do Fogo (Argentina) e em Manaus
(Brasil) gozam, no comércio recíproco, de isenção do II, bem
como dos impostos internos devidos na importação, conforme
acordo firmado pelos dois países e aceito pelos demais países
integrantes do Mercosul – desde que cumpridos os requisitos de
origem e a apresentação do selo específico de identificação da
sua procedência.
Importa observar que a legislação argentina se desborda em
pormenores para descrever os benefícios concedidos à zona
franca lá existente, entre os quais, a título de exemplo, podem ser
citados o armazenamento, a comercialização, o consumo, a
transformação, a elaboração, a combinação, a mistura, a
reparação ou qualquer outro modo de aperfeiçoamento ou
benefício.
 
Imagem: Shutterstock.com 
Contudo, não se pode ignorar a incompatibilidade da instalação
de zonas francas com os princípios gerais que regem os
organismos regionais de comércio, que, em sua primeira fase de
implantação, ou seja, de criação de ALC entre os países, prevê a
liberação total de impostos incidentes sobre a entrada de
mercadorias no âmbito do território de cada membro integrante
do bloco – por isso a exceção admitida por Paraguai e Uruguai.
Internamente, porém, não há limitação. Assim, os benefícios
fiscais concedidos à ZFM estendem-se às áreas pioneiras, às
zonas de fronteira e outras localidades da Amazônia Ocidental,
com vistas a estimular atividades econômicas, sociais e de
consumo da região.
Os benefícios concedidos à ZFM não se estendem a armas e
munições, fumo e seus derivados, bebidas alcoólicas e
automóveis de passageiros, além de produtos de perfumaria ou
toucador, se destinados a consumo exclusivamente na ZFM ou
produzidos com matérias-primas da fauna e da flora regionais,
em conformidade com processo produtivo básico.
A REMESSA DE MERCADORIA
NACIONAL PARA CONSUMO OU
INDUSTRIALIZAÇÃO NA ZFM É
CONSIDERADA EXPORTAÇÃO
BRASILEIRA PARA O EXTERIOR.
A criação da ZFM constituiu uma das mais importantes medidas
com vistas à integração econômica e social em âmbito nacional.
Inúmeras empresas, do Brasil e do exterior, lá se instalaram
gerando riqueza, abrindo frentes de trabalho e contribuindo para
o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), efeito mais positivo,
pode-se dizer, melhorando as condições de vida da população da
região.
Isso demonstra a correta aplicação dos benefícios fiscais nas
finalidades para as quais foram concebidos os incentivos:
promover o desenvolvimento econômico, incentivar a integração
do território nacional e prover meios de subsistência digna a uma
vasta camada da população brasileira.
 
Imagem: Shutterstock.com 
ZONA FRANCA DE MANAUS
No vídeo a seguir, o professor Adilson Pires sintetiza os pontos
que vimos sobre a Zona Franca de Manaus:
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. TENDO COMO CENTRO DE ATUAÇÃO A
CAPITAL DO ESTADO DO AMAZONAS, A ZFM:
A) Restringe-se ao comércio no centro da cidade e ao polo
industrial lá existente.
B) Permite a entrada de mercadorias isentas apenas do II.
C) Estende-se à Amazônia Ocidental, composta dos estados do
Acre, de Rondônia e de Roraima.
D) Além de Acre, Rondônia e Roraima, a ZFM se estende às
ALC.
E) Engloba apenas os estados da Região Nordeste.
2. A ISENÇÃO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
ABRANGE TODOS OS BENS IMPORTADOS PELA
ZFM, EXCETO:
A) Armas de fogo e munições, fumo e seus derivados, bebidas
alcoólicas e bens de informática.
B) Armas de fogo e munições, fumo e seus derivados, bens de
informática e automóveis de passageiros.
C) Armas de fogo e munições, fumo e derivados, bens de
informática e produtos industrializados.
D) Armas de fogo e munições, fumo e seus derivados, bebidas
alcoólicas e automóveis de passageiros.
E) Fumo e seus derivados.
GABARITO1. Tendo como centro de atuação a capital do estado do
Amazonas, a ZFM:
A alternativa "C " está correta.
 
Tendo em vista o interesse de desenvolver toda a região, os
benefícios concedidos à ZFM foram estendidos aos demais
estados da região, excetuando-se o Pará. As zonas de fronteira
foram contempladas com as ALC.
2. A isenção do Imposto de Importação abrange todos os
bens importados pela ZFM, exceto:
A alternativa "D " está correta.
 
A concessão de incentivos fiscais, com o objetivo de desenvolver
a região, é conjugada à preservação da saúde, à segurança
nacional e pessoal e à proteção da indústria instalada no país e
na própria zona franca.
MÓDULO 2
 Distinguir os regimes aduaneiros especiais e os aplicados
em áreas especiais
ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO
(ALC): DEFINIÇÃO,
CARACTERÍSTICAS E
PROCEDIMENTOS
Para fins de desenvolvimento das regiões fronteiriças, tem sido
autorizada a instalação de ALC, beneficiadas por incentivos
fiscais nos âmbitos federal e estadual. As ALC são criadas por
lei, sob regime jurídico tributário semelhante ao da Zona Franca
de Manaus (ZFM), com o objetivo de promover o
desenvolvimento das regiões fronteiriças e incrementar as
relações bilaterais com os países vizinhos, bem como, devido à
distância e à dificuldade de comunicação e transporte com
centros mais desenvolvidos, integrá-las ao restante do território
nacional.
Complementarmente, são objetivos das ALC a melhoria na
fiscalização de entrada e saída de mercadorias, o fortalecimento
do setor comercial local e regional, a abertura de novas
empresas e a consequente geração de empregos. Nas ALC são
bastante convidativas as possibilidades de negócios mediante o
aproveitamento da matéria-prima disponível e a utilização de
incentivos fiscais, à semelhança dos concedidos à ZFM, sem
contar a opção pela instalação de estabelecimentos comerciais
atacadistas de produtos importados a fim de atender às
necessidades locais e de cidades vizinhas.
 RESUMINDO
São diversas as vantagens da instalação de ALC nas cidades
fronteiriças, no Amapá, em Santana, por exemplo, o que varia de
acordo com as características locais. Entre elas, podemos citar o
desenvolvimento de atividades voltadas à compra de bens no
mercado interno e à importação de produtos estrangeiros para o
consumo interno no município e nas cidades próximas.
Vale citar, ainda, a promoção do desenvolvimento econômico,
gerado pela criação de empregos em regiões que não contam
com os mesmos recursos tecnológicos e de espacialização de
mão de obra que outros locais. É digno de menção, ainda, que
algumas dessas cidades, dadas as suas peculiares condições e
localização, têm se caracterizado pelo incremento do extrativismo
de recursos minerais, da agricultura e mesmo do turismo interno
e externo.
Constituem ALC de importação e de exportação as que, sob
regime fiscal especial, são estabelecidas com a finalidade de
promover o desenvolvimento de áreas fronteiriças da Região
Norte do país e de incrementar as relações bilaterais com os
países vizinhos, segundo a política de integração latino-
americana.
As ALC são configuradas por limites que envolvem, inclusive, os
perímetros urbanos dos municípios de Tabatinga (AM), Guajará-
Mirim (RO), Pacaraima e Bonfim (RR), Macapá e Santana (AP) e
Brasileia, com extensão para o município de Epitaciolândia e
Cruzeiro do Sul, no estado do Acre. Subsidiariamente, aplica-se
às ALC a legislação pertinente à ZFM.
 
Imagem: Map data ©2021 Google
Contando as ALC com características próprias e meios de
subsistência típicos da localidade ou da região, pode-se alinhar
as principais atividades desenvolvidas em cada uma delas:
 
Imagem: Map data ©2021 Google
1
A ALC de Tabatinga, no estado do Amazonas, sobrevive da
importação de mercadorias nacionais e estrangeiras para
consumo no município e em localidades vizinhas. É a sua
principal forma de sustentação econômica e geração de
empregos na cidade.
 
Imagem: Map data ©2021 Google
2
A ALC de Macapá e Santana, no Amapá, ocupa uma área de 220
quilômetros quadrados e baseia sua economia na agricultura,
mineração, extração de madeiras, pecuária e piscicultura.
 
Imagem: Map data ©2021 Google
3
A ALC de Guajará-Mirim, no estado de Rondônia, faz fronteira
com a cidade de Guayaramirim, na Bolívia. Baseia sua economia
na agricultura, no extrativismo mineral e na pecuária, principais
meios de subsistência.
Boa Vista e Bonfim, no estado de Roraima, são outras duas
cidades contempladas pela lei com a instalação, em 2008, de
ALC. Fazendo fronteira com a Venezuela e a Guiana, atendem à
política de integração em toda a América Latina. As cidades
contam com incentivos fiscais com vistas à implantação de
indústrias fornecidas por empresas estabelecidas na Amazônia
Ocidental, embora tenham grande tendência a desenvolver o
turismo de negócios no estado e na região.
 
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 SAIBA MAIS
Valem ser citadas, ainda, tendo em vista a sua importância e
extensão, as ALC de Brasileia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul,
no estado do Acre. Criadas em 1994, mas ainda em fase de
implantação, usufruem de benefícios relativos ao Imposto sobre
os Produtos Industrializados (IPI) concedidos às empresas
cadastradas na Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa), sendo as mercadorias destinadas às ALC
obrigatoriamente desembaraçadas nas coordenações regionais
das cidades de Cruzeiro do Sul e Rio Branco.
Encontra-se em tramitação na Câmara de Deputados o Projeto
de Lei (PL) nº 2.264/2019, que transforma os 22 municípios do
estado do Acre em ALC de exportação e importação,
contemplando, assim, todo o estado com o regime fiscal especial
próprio das ALC, visando promover o desenvolvimento
econômico daquela extensa área.
Segundo a Agência Câmara de Notícias, os benefícios a serem
concedidos reduzirão o custo de vida da população,
principalmente nas cidades situadas perto das fronteiras com o
Peru e a Bolívia, onde acreanos deslocam-se para comprar
produtos mais baratos nesses países.
As mercadorias estrangeiras ou nacionais, remetidas às ALC
com suspensão – se transforma em isenção quando utilizadas
nas finalidades previstas em lei –, são destinadas a empresas
autorizadas pela Suframa. A saída de mercadorias da ALC para
qualquer outro ponto do território nacional é sujeita ao tratamento
administrativo e fiscal dispensado às mercadorias importadas do
exterior.
Também as lojas francas, que não serão objeto de estudo neste
tema, constituem espécies de ALC. Muito comuns em aeroportos
e portos do mundo inteiro, destinam-se a incentivar as
exportações, visto que as vendas de mercadorias por lojas
francas com destino ao exterior estão fora do campo de
incidência dos tributos internos, sendo, por isso mesmo,
consideradas equivalentes à exportação.
 
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Em muitos aeroportos de países de menor desenvolvimento
econômico, inclusive no Brasil, é comum vermos lojas francas de
entrada, onde é permitida a venda de mercadorias importadas
isentas do pagamento dos tributos devidos na importação. Isso
se deve à necessidade de carrear para o balanço de pagamentos
o total de moeda estrangeira no território nacional.
Como conclusão do estudo sobre as ALC, é de se afirmar que
em alguns setores, como os de fornecimento e ampliação dos
serviços de energia elétrica, saúde e saneamento básico para a
população, o resultado não tem sido animador. O descuido se
deve, principalmente, à conhecida falta de vontade política,
entendida neste caso como disputas partidárias e outros
interesses em jogo, mal aparentemente sem cura, que aflige boa
parte das cidades e dos estados brasileiros.
Contudo, é animador constatar que grande parte dos objetivos
pensados está sendo concretizada. No que respeita, por
exemplo, ao desenvolvimento urbano, a saber, a melhoria das
condições de locomoção dentro do município, o embelezamento
das cidades, o incremento ao turismo e o acessoao ensino
público pelas crianças carentes, os objetivos foram alcançados.
 RESUMINDO
Embora muito ainda se possa esperar da implantação das ALC, o
ganho econômico e social nas cidades e regiões beneficiadas é
considerável e estimulante para a adoção de novas iniciativas
dessa natureza.
ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO
No vídeo a seguir, o professor Adilson Pires faz algumas
observações sobre as áreas de livre comércio:
ZONAS DE
PROCESSAMENTO DE
EXPORTAÇÕES (ZPE):
DEFINIÇÃO,
CARACTERÍSTICAS E
PROCEDIMENTOS
As ZPE, criadas pelo Decreto-Lei nº 2.452/1988, são áreas
delimitadas, dentro do território nacional, que contam com menor
desenvolvimento, nas quais empresas dedicadas à exportação
gozam de benefícios tributários nas importações e facilidades nas
vendas ao exterior, além da simplificação de procedimentos
relativos ao controle aduaneiro.
As ZPE constituem área situada no âmbito jurídico da
extraterritorialidade para fins tributários, razão pela qual é
delimitada por barreira física, o que as mantêm isoladas,
geograficamente, do restante do território brasileiro. É
considerada, por isso, um enclave situado no território aduaneiro.
Quase todos os estados do Brasil contam atualmente com pelo
menos uma ZPE instalada, que visa a objetivos específicos,
como a atração de investimentos estrangeiros, a redução de
desequilíbrios regionais, a difusão de avanços tecnológicos e o
aumento da competitividade dos produtos nacionais destinados
ao exterior, mediante a oferta de bens a preços convidativos para
os compradores. As ZPE contam, ainda, com o aporte de
instituições financeiras nacionais e estrangeiras, com vistas a
aumentar a competitividade dos produtos nacionais no mercado
externo.
 
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As normas que disciplinavam as ZPE continham inúmeras
restrições que desencorajavam os investimentos. Algumas delas
impediam, por exemplo, a venda de mercadorias no mercado
interno e o acesso ao financiamento por instituições financeiras
nacionais. Contudo, restringiam a aquisição no mercado interno
de bens até determinado limite de valor. Essas medidas
provocaram reações de empresas estabelecidas no país, o que
motivou a sua flexibilização, advinda com a edição da Lei nº
11.508/2007. A regulamentação das regras relativas às ZPE
surgiu com o Decreto nº 6.814/2009.
Em certo sentido, as regras estabelecidas na citada lei não
divergem substancialmente do Decreto-Lei nº 288/1967. Com
efeito, a Lei nº 11.508/2007 autoriza o Poder Executivo a criar,
nas regiões menos desenvolvidas, ZPE que ficarão sujeitas a
regime jurídico especial, com a finalidade de reduzir
desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o balanço de
pagamentos e promover a difusão tecnológica e o
desenvolvimento econômico e social do país. Diz ainda a lei que
as ZPE se caracterizam como ALC com o exterior e se destinam
à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a
serem comercializados no exterior.
Pela forma de atuação e pelo controle exercido, as ZPE são
consideradas recintos de zona primária para fins administrativos
e consistem em uma espécie das chamadas zonas de livre
comércio, que se caracterizam pela não incidência de tributos na
comercialização de mercadorias ali produzidas com o exterior.
Cabe assinalar que a União, os estados e os municípios
reconhecem as vantagens econômicas, fiscais e sociais das ZPE,
o que leva os três níveis de governo a conceder incentivos à sua
instalação.
Uma vez que os bens produzidos se destinam ao exterior, o
ingresso de divisas daí resultante compensa plenamente a
renúncia de receitas num primeiro momento. Por esse motivo, as
ZPE representam relevante mecanismo de fortalecimento da
balança de pagamentos. Para isso, gozam de tratamento
preferencial nos âmbitos tributário, cambial e administrativo
semelhante ao do regime das exportações.
A LEGISLAÇÃO CONCEDE
SUSPENSÃO DA COBRANÇA DO IPI,
DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O
PIS/PASEP E PARA A CONTRIBUIÇÃO
PARA O FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) DO
ADICIONAL DE FRETE PARA
RENOVAÇÃO DA MARINHA
MERCANTE (AFRMM) NA AQUISIÇÃO
DE BENS NO MERCADO INTERNO,
ALÉM DA NÃO INCIDÊNCIA DO
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II).
Da mesma maneira, os produtos exportados são isentos do
Imposto de Exportação (IE), quando incidentes.
Importante instrumento de desenvolvimento econômico nas
décadas de 70 e 80 do século passado, as ZPE perderam o seu
glamour durante certo período em face da reação de empresários
que temiam a concorrência dentro do próprio território da nação.
Apesar da resistência, prevaleceu o interesse econômico
nacional, visto que o desenvolvimento da região onde estivessem
instaladas repercutiria sobre a economia do país como um todo.
Some-se a isso o incentivo às inovações tecnológicas, a criação
de infraestrutura compatível com o movimento esperado e a
geração de empregos, dados já comprovados nas ZPE em
funcionamento em grande número de países do mundo.
O órgão máximo de deliberação e fiscalização do funcionamento
das ZPE é Conselho Nacional das Zonas de Processamento de
Exportações (CZPE), que conta com uma secretaria executiva
para auxílio e apoio às suas atividades, o que inclui estudos
sobre a criação e a relocalização das ZPE existentes. Vale dizer,
as ZPE são criadas por decreto, que delimita a área territorial de
atuação, após considerar propostas dos estados e dos
municípios.
Outra exigência fundamental para o estabelecimento de
empresas consiste na vedação de instalação de empresas que
revelem simples transferência de plantas industriais para a ZPE.
A concessão do regime obedece a prazo de vinte anos,
prorrogáveis por igual período.
As ZPE em operação contemplam quase vinte estados da
Federação, como as de:
Araguaína (TO)
Barcarena (PA)
Boa Vista (RR)
Cáceres (MT)
Ilhéus (BA)
Parnaíba (PI)
Suape (PE)
Açu (RJ)
Fernandópolis (SP)
Teófilo Otoni (MG)
Imbituba (SC)
De acordo com a legislação vigente, 80% da receita bruta anual
obtida com a produção da empresa sediada na ZPE deve ser
exportada, percentual compatível com os propósitos da sua
criação. Admite-se a venda do restante no mercado interno após
o pagamento dos tributos devidos e dispensados na importação.
Essa regra compensa os benefícios concedidos pela lei. Mesmo
as empresas estrangeiras gozam desse incentivo.
Por todas essas razões, é fácil imaginar a grande contribuição
dessa iniciativa para o desenvolvimento local e regional em todos
os planos, a começar pela transferência de tecnologia que chega
com os produtos fabricados e os investidores. É importante
também ressaltar a importância econômica, tendo em vista o
volume de divisas que ingressam com as exportações e o
consequente reforço em busca do equilíbrio do balanço de
pagamentos. Prioritariamente, os bens produzidos se destinam
ao exterior.
Também merece menção o desenvolvimento no campo social,
em razão das oportunidades de colocação de trabalhadores
especializados no mercado de trabalho e das melhorias nas
condições de vida dos cidadãos. Isso significa maior demanda
para a satisfação das necessidades familiares, maior produção e
maior renda, tanto dos investidores quanto dos trabalhadores.
Operando como zona primária, em seu interior a ZPE é
controlada pela Receita Federal do Brasil (RFB) e seus auditores
fiscais. Nesse local, encontram-se as indústrias e os bens
produzidos e circulam pessoas e veículos sem a necessidade de
comprovação da entrada regular da mercadoria no país, uma vez
que o controle aduaneiro é permanente na zona primária.
Ressalvadas as licenças relativas à segurança nacional, à
proteção do meio ambiente e à proteção da preservação do povo
brasileiro, as demais, quando consideradas de mero interesse
administrativo, são dispensadas, como forma de desburocratizar
e agilizar o processo de implantação e funcionamento das ZPE.
Os estados e municípios, com base em convênio firmado no
âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), se
associaramna iniciativa do governo federal e igualmente
concedem incentivos fiscais destinados a estimular os projetos
industriais ZPE. Assim, as mercadorias originárias de empresas
estabelecidas no mesmo estado de localização da ZPE, bem
como as importações, estão isentas do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Com a finalidade de reduzir o preço dos produtos industrializados
nas ZPE estão, também, contemplados com a isenção do ICMS o
transporte de mercadorias entre a ZPE e os locais de embarque
ou de desembarque de bens, e a aquisição de bens que se
destinem a compor o ativo imobilizado da empresa.
 
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Entre as inúmeras vantagens outorgadas pela Lei nº 11.508/2017
consta a extensão dos incentivos fiscais às empresas localizadas
na ZPE fornecedoras de bens intermediários e outros
diretamente ligados às operações de produção. A medida permite
às empresas uma conjugação de interesses com o fim de conferir
maior condição de competitividade aos bens produzidos. Vale
assinalar que outro grande estímulo que recebem as ZPE
consiste no enquadramento fiscal das receitas da empresa como
decorrente da exportação.
Contudo, os benefícios previstos alcançam tão somente a
aquisição de bens de capital, matérias-primas e produtos
intermediários, além de material de embalagem relacionados ao
processo produtivo.
Compete ao presidente da República autorizar a criação de ZPE,
após análise da conveniência e oportunidade de instalação
consubstanciada em parecer exarado pelo Conselho Nacional
das Zonas de Processamento de Exportações (CNZPE) pela
aprovação do projeto industrial apresentado. São condições
essenciais para a autorização:
A orientação do empreendimento para o mercado externo.
A contribuição do projeto para o desenvolvimento regional e
para a difusão tecnológica no país.
A adequação do empreendimento aos serviços e à
infraestrutura locais disponíveis.
A comprovada viabilidade econômico-financeira do projeto.
Predominantemente em países em desenvolvimento, o número
de ZPE cresceu de maneira considerável a partir das últimas
décadas do século passado, inclusive nas Américas do Sul e
Central, cujo fim consistia no incremento das exportações.
Contribuiu grandemente para esse crescimento o processo de
globalização da economia, que promoveu a difusão do processo
de produção em várias partes do mundo em busca de novos
mercados consumidores. Ásia, Estados Unidos da América e
região do Caribe, do mesmo modo, são exemplos bastante
representativos dessa forma de incentivo à produção e à
exportação.
É de se observar a necessidade de estreita colaboração entre os
setores privado e público, condição fundamental para a
sobrevivência das ZPE. Sem essa confluência de interesses, a
iniciativa tende a perder força, e o estímulo passa a não mais
encorajar empreendedores nacionais e estrangeiros.
É importante assinalar que as ZPE dependem de infraestrutura
eficiente, que demonstre facilidade de acesso aos meios
produtivos, aos centros de consumo, e à proximidade de portos e
aeroportos de fronteira por onde sejam desembarcados bens
importados e embarcadas as mercadorias destinadas ao exterior.
Some-se a isso a organização alfandegária, de modo que o
esforço de construção de infraestrutura adequada não encontre
barreiras nos entraves burocráticos de um serviço público
ineficiente.
 
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Tendo em vista as peculiaridades de sua atuação e o gozo pleno
de incentivos fiscais, pode-se admitir que a criação das ZPEs
viola normas constantes do Acordo Geral sobre Tarifas
Aduaneiras e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade
– GATT) administrado pela Organização Mundial do Comércio
(OMC), que veda a concessão de incentivo a empresas
diretamente voltadas para as exportações. Todavia, não se tem
conhecimento, até os dias atuais, de êxito em qualquer
provocação do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) com
esse propósito.
 RELEMBRANDO
A exigência de exportação mínima de 80% do faturamento bruto
da empresa colide com o preâmbulo do acordo multilateral de
comércio, segundo o qual deve ser eliminada, na medida do
possível, toda e qualquer limitação, seja de ordem tarifária ou não
tarifária, ao livre comércio entre os países signatários do acordo.
ZONAS DE
PROCESSAMENTOS DE
EXPORTAÇÕES
Para concluir este módulo, o professor Adilson Pires faz algumas
observações sobre as zonas de processamento de exportações:
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. PODE-SE DEFINIR ALC COMO:
A) Uma região fronteiriça beneficiada por incentivos fiscais
federais e estaduais.
B) Região de fronteira, com a função primordial de aproximação
com outros país.
C) Área estratégica na Amazônia criada com o fim de integração
nacional.
D) Região do país, onde o comércio com países vizinhos é isento
de tributos.
E) Região de alfândega.
2. AS ZPE SÃO INSTALADAS NA ZONA:
A) Primária e servem para estimular importações e exportações
de mercadorias.
B) Secundária e servem para estimular importações e
exportações de mercadorias.
C) Secundária e se situam próximas de grandes centros
dedicados à exportação.
D) Secundária, sendo, porém, consideradas zonas primárias para
efeito de controle.
E) Primária, servindo como alfândega.
GABARITO
1. Pode-se definir ALC como:
A alternativa "A " está correta.
 
Um dos objetivos da criação das ALC é dar tratamento fiscal
especial, à semelhança do que é concedido à ZFM, com vistas a
permitir que seus habitantes usufruam de melhor qualidade de
vida. Assim, o governo federal e os estados se uniram com o fim
de contribuir com vantagens de natureza tributária a essas
regiões.
2. As ZPE são instaladas na zona:
A alternativa "D " está correta.
 
Embora localizadas na zona secundária, no seu interior são
consideradas zonas primárias para fins de controle aduaneiro,
tendo em vista as características próprias que as envolvem.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil enfrenta uma infinidade de problemas de difícil solução –
reduzida margem de poupança para fins de investimento;
desigualdade de renda; falta de mão de obra qualificada; baixa
produção industrial; infraestrutura precária ou mesmo inexistente
em muitas localidades; área territorial em dimensões
continentais; baixa densidade populacional em grandes áreas;
dificuldade de acesso à tecnologia; índice de escolaridade inferior
à média mundial – além de outros fatores internos que dificultam
o seu crescimento econômico.
Um país com essas características requer a adoção de políticas
públicas desenvolvimentistas e eficazes, que permitam corrigir
esse deficit de crescimento e assegurar melhores condições de
vida para o povo.
Os incentivos fiscais, mal utilizados pela maioria dos governos
eleitos, constitui, no plano interno, um importante instrumento de
correção das desigualdades sociais e de promoção do
nivelamento entre as várias regiões. No plano externo, quando
concedidos na medida exata para a correção das desigualdades
apontadas e em conformidade com o estabelecido nos acordos
internacionais, são reconhecidos pela comunidade externa, o que
denota o respeito que temos a outras nações.
Os benefícios fiscais especiais concedidos por lei às regiões mais
carentes de recursos vêm cumprindo à risca o seu papel
equalizador do desenvolvimento entre as regiões do país, assim
como têm proporcionado ganhos significativos, no que diz
respeito ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apesar de
algumas falhas naturais apuradas na execução dos diversos
programas lançados.
A decisão de prorrogar o prazo de existência da ZFM, assim
como as propostas de ampliação das áreas abrangidas pelas
ALC e pelas ZPE, portanto, merece aplausos de todos os
brasileiros que desejam um país desenvolvido e respeitado para
si e para seus filhos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
PIRES, Adilson Rodrigues. O imposto de importação e a Zona
Franca de Manaus. In: MARTINS, Ives Gandra Silva; RAMOS
FILHO, Carlos Albertode Moraes; PEIXOTO, Marcelo Magalhães
(coord.). Tributação na Zona Franca de Manaus. São Paulo: MP,
2008.
VIEIRA, Marcos Túlio Ferreira Santos. O regulamento
aduaneiro e a legislação aduaneira. In: ARAUJO, Renata
Alcione de Faria Villela de (org.). Coletânea de direito aduaneiro.
São Paulo: IOB/Sage, 2016.
SIMONETTI FILHO, Alberto Lúcio de Souza. Os incentivos
fiscais da Zona Franca de Manaus e sua importância para a
região amazônica. Consultado eletronicamente em: set. 2018.
NASCIMENTO, Cleydiane Barroncas; SILVA, Rubens Alves da
Silva. A Zona Franca de Manaus e seus aspectos tributários.
Consultado eletronicamente em: 8 nov. 2019.
EXPLORE+
Para aprofundar seu conhecimento, leia:
Zona franca de Manaus: impactos, efetividade e
oportunidades, coordenado por Márcio Holland.
Zona franca de Manaus: desafios e vulnerabilidades, de
Ricardo Nunes de Miranda.
CONTEUDISTA
Adilson Rodrigues Pires
 CURRÍCULO LATTES
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