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Mariana Marques – T29 INTRODUÇÃO Generalidades: • As massas hepáticas podem gerar plenitude e desconforto epigástrico ou ser detectadas por exames físicos de rotina ou estudos radiográficos para outras indicações • As massas hepáticas podem incluir hiperplasia nodular e verdadeiras neoplasias Aspectos da normalidade: • Possui aproximadamente 1,3 kg em adultos • Localiza-se abaixo do diafragma nas regiões do hipocôndrio direito e epigástrica • Possui ligamentos e lobos (direito, esquerdo, caudado e quadrado) Segmentação cirúrgica do fígado: • Usado para programar cirurgias e ablações por radiofrequência/quimioembolizações ou para relatar lesões em laudos imagenológicos Hepatimetria: • Limites hepáticos normais: de 4 a 8 centímetros na linha esternal média e de 6 a 12 centímetros na linha hemiclavicular direita Componentes celulares do tecido hepático: • Principais: hepatócitos, ductos biliares e vasos sanguíneos • Outros tecidos: conjuntivo, reticuloendotelial e linfóide HIPERPLASIAS NODULARES - BENIGNOS Características gerais: • Podem ser solitários ou múltiplos e se desenvolverem no fígado não cirrótico • Há dois tipos: hiperplasia nodular focal ou hiperplasia nodular regenerativa onde, em ambas há uma alteração focal ou difusa no suprimento sanguíneo hepático, originada da obliteração de ramos da veia porta e do aumento compensatório do suprimento sanguíneo arterial Hiperplasia nodular focal: • Possui um nódulo bem-marcado e mal encapsulado • Apresenta-se como uma lesão de massa espontânea em um fígado normal sob outros aspectos • Mais frequente em adultos jovens ou de meia-idade • A lesão geralmente é mais clara que o fígado ao seu redor, e algumas vezes é amarela, indicando esteatose, normalmente há uma cicatriz estrelada central (contém grandes vasos - artérias), cinza-esbranquiçada, a partir da qual septos fibrosos são irradiados para a periferia (hiperplasia fibromuscular) Hiperplasia nodular regenerativa: • Apresenta um fígado completamente transformado em nódulos, mas sem fibrose • Microscopicamente, hepatócitos tumefeitos são circundados por hepatócitos atróficos periféricos • Pode levar ao desenvolvimento de hipertensão portal, que ocorre em associação com condições que afetam o fluxo sanguíneo intra-hepático, incluindo transplante de órgãos sólidos (rins), transplante de medula óssea hematopoiética e vasculite, também pode ocorrer em pessoas infectadas pelo HIV e em associação com doenças reumatológicas Patologia tumoral do fígado Patologia tumoral do fígado Mariana Marques – T29 HEMANGIOMA HEPÁTICO – BENIGNO Características gerais: • São os tumores benignos de vasos sanguíneos e são os mais comuns do fígado • Geralmente são múltiplos • Apresentam-se como nódulos distintos, macios, vermelho-azulados, geralmente com menos de 2 cm de diâmetro, em geral localizados diretamente abaixo da cápsula • Histologicamente, o tumor consiste em canais vasculares em um leito de tecido conjuntivo fibroso ADENOMA HEPÁTICO – BENIGNO Características gerais: • Consiste numa neoplasia benigna dos hepatócitos • Podem ser detectados através de exames de imagem abdominal ou através da dor abdominal causada pelo rápido crescimento da lesão, criando pressão sobre a cápsula do fígado, ou após uma necrose hemorrágica conforme a lesão ultrapassa seu fornecimento de sangue • A sua ruptura pode resultar em hemorragia intra- abdominal - uma emergência cirúrgica • Fatores de risco: mulheres jovens, uso de anticoncepcional (indução de atividade proliferativa estrogênica), uso de anabolizantes e algumas condições genéticas e inflamatórias • Microscopicamente, apresenta-se como cordões e blocos de hepatócitos formando nódulos hepáticos bem delimitados, pardacentos a esverdeados • Na macroscopia há ausência de espaço-porta, veias e artérias Tipos moleculares de adenomas hepatocelulares: • Adenomas Hepatocelulares com β-catenina Ativada: possuem risco muito elevado de transformação maligna e que devem ser ressecados mesmo quando assintomáticos, estão associados com o uso de contraceptivo oral e esteroides anabolizantes e encontrados em homens e mulheres • Adenomas Hepatocelulares Inflamatórios: encontrados em homens e mulheres e associadas à doença hepática gordurosa não alcoólica, possuem risco pequeno, mas definido, de transformação maligna devendo ser ressecados, mesmo quando assintomáticos. Mutações ativadoras no gp130, um correceptor para IL-6, que resultam na sinalização constitutiva de JAK-STAT • Adenomas Hepatocelulares Inativados por HNF1-α.: são mutações germinativas heterozigotas responsáveis pelo MODY-3 autossômico dominante (diabetes tipo 3, ou do jovem, iniciando no adulto), são frequentemente gordurosos e não possuem atipia celular ou arquitetural. Eles quase não possuem risco de transformação maligna Mariana Marques – T29 HEPATOBLASTOMA – MALIGNO Características gerais: • Tumor hepático mais comum no início da infância • Raramente ocorre acima dos 3 anos de idade • Possui duas variantes anatômicas primárias: o tipo exclusivamente epitelial (composto por pequenas células fetais poligonais ou células embrionárias menores formando ácinos, túbulos ou estruturas papilares que lembram vagamente o desenvolvimento hepático) e o tipo epitelial e mesenquimal misto (contém focos de diferenciação mesenquimal, que podem consistir em mesênquima primitivo, osteoide, cartilagem ou músculo estriado) • Caracterizado pela ativação frequente da via de sinalização WNT, devido uma variedade de mecanismos que envolvem mutações em moléculas a jusante de sinalização WNT, incluindo mutações no gene APC • Os pacientes com polipose adenomatosa familiar frequentemente desenvolvem hepatoblastomas pela via APC ou betacatenina • A cirurgia e quimioterapia elevaram a sobrevida em 5 anos para 80% • Microscopicamente apresenta proliferação de hepatoblastos, que consistem principalmente em células redondas tipo “epitelial” CARCINOMA HEPATOCELUAR – MALIGNO Características gerais: • Também conhecido como hepatoma ou CHC • É responsável por 5,4% de todos os canceres • Mais comum em homens Epidemiologia: • Câncer muito prevalente em países em desenvolvimento e emergentes (predomínio na Ásia e África) • Mais de 85% dos casos ocorrem em países com altas taxas de infecção crônica pelo HBV (especialmente por transmissão vertical) • Nos países ocidentais, o aumento da incidência está relacionada ao VHC, com cirrose, acima de 60 anos • Multifatorial: hepatites virais crônicas B e C, lesões tóxico-medicamentosas e alcoólicas (aflatoxinas), erros inatos de metabolismo (Wilson, hemocromatose, deficiência de a1AT), lesões parasitárias (raros) e NASH (esteato hepatite não alcoólica) Patogênese: • Mutação de genes que expressam β-catenina – levando à uma indução proliferativa • A ativação de β- catenina e a não ativação do p53 são os dois eventos mutacionais iniciais mais comuns • Mutações de ativação de β-catenina são identificadas em até 40% das pessoas com CHC • Quando há intoxicação com Aflatoxina, ocorre uma mutação no gene p53, gerando perda de controle apoptótico e antiproliferativo • Os ciclos de morte e regeneração celular, em estados inflamatórios crônicos, aumentam o risco de mutações na regeneração de hepatócitos: via sinalização através da IL-6/JAK/STAT na causa do CHC Lesões precursoras do CHC: • Adenoma hepatocelulares • Nódulos displásicos em pacientes cirróticos: ▪ Diferenças de tamanho e vascularização: o grau de displasia se relaciona a progressão para carcinoma (baixo e alto grau de displasia) ▪ Ultrassonografia para identificar nódulos distintos de todos os tipos, tomografia computadorizada e ressonância magnética com estudos vasculares/de contraste(o CHC, mesmo quando pequeno, tem como característica alterações vasculares que exames de imagem podem diagnosticar) Morfologia: • Macroscopicamente, apresenta massas únicas ou múltiplas, com focos de necrose e hemorragia • É comum a ocorrência de metástases intra-hepáticas Mariana Marques – T29 • Microscopicamente, apresenta hepatócitos que podem ser bem diferenciados com pigmento de bilirrubina, moderadamente diferenciados ou anaplásicos, em disposição trabecular ou pseudogladular • Presença de diferenciação sarcomatóide: não se aparenta como um epitélio e está associada à um pior prognóstico • Positividade para α-feto proteína nos casos avançados Manifestações clínicas: • Raramente características • Na população ocidental, muitas vezes são mascaradas por aquelas relacionadas com cirrose ou hepatite crônica subjacente • Sintomatologia: dor abdominal alta pouco definida, mal- estar, fadiga, perda de peso e, às vezes, a percepção de hepatomegalia ou uma massa abdominal ou plenitude abdominal. Icterícia, febre e sangramento gastrointestinal ou de varizes esofágicas são achados inconstantes, além disso, alguns pacientes apresentam hepatomegalia, massa abdominal ou plenitude abdominal, icterícia, febre e sangramento gastrointestinal ou de varizes esofágicas • Disseminação: ocorre através da via vascular para metástases extra-hepáticas (atinge principalmente o pulmão nas fazes mais avançadas da doença) ▪ Ocasionalmente, massas de tumor longas, invadem a veia porta (causando hipertensão portal) ou a veia cava inferior podendo estender-se para o coração ▪ Metástases linfáticas são rotas menos comuns de disseminação extra-hepática Prognóstico: • Há crescimento progressivo da massa primária até que haja alteração funcional hepática ou forme metástases • Causas de mortes: caquexia, sangramento gastrointestinal ou de varizes esofágicas, insuficiência hepática com coma hepático ou, raramente, ruptura do tumor com hemorragia fatal • Sobrevida em 5 anos para tumores grandes (a maioria dos pacientes morrem nos dois primeiros anos) Possui uma variante Fibrolamelar: • Ocorre em jovens (20 anos) • Não possui fatores de risco associados • Possuem neoplasias bem delimitadas, esquirrosa, bem diferenciada (possui fácil ressecabilidade) • Há um melhor prognóstico COLANGIOCARCINOMA – MALIGNO Características Gerais: • Consiste num adenocarcinoma de vias biliares • Intra-hepática - 10% e extra-hepática – tumor de Klatskin 60%, restante da árvore biliares – 30% • Está associada a inflamações (colangites autoimune, litíase e infecções de vias biliares – vermes e contraste) • Pode estar relacionada com NASH, VHB e VHC • Pior prognóstico (cerca de 6 meses) • Apresenta-se como massas infiltrativas, com diferenciação glandular Mariana Marques – T29 CARCINOMAS E OUTRAS NEOPLASIA MALIGNAS METASTÁTICAS • O envolvimento do fígado por neoplasias metastáticas é muito mais comum que a neoplasia hepática primária • Canceres de cólon, mama, pulmão e pâncreas ou de qualquer local do corpo pode se disseminar para o fígado
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