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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PATRÍCIA DA SILVA ROCHA A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO PSICOPEDAGÓGICO NA APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES CAMAQUÃ 2021 PATRÍCIA DA SILVA ROCHA A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO PSICOPEDAGÓGICO NA APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Relatório de Estágio apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso: Relatório de Estágio do Curso de Especialização Lato Sensu em Psicopedagogia do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu do Centro Universitário Leonardo da Vinci – Uniasselvi. Orientador(a): Mareni Schlickmannn Prada Camaquã 2021 SUMÁRIO 1. Introdução............................................................................................................................4 2. Fundamentação Teórica.....................................................................................................8 3. Observação..........................................................................................................................10 4. Coleta e Análise dos dados observados.............................................................................13 5. Intervenções.........................................................................................................................14 5.1.Registro e Análise das Intervenções...............................................................................17 6. Considerações Finais...........................................................................................................19 7. Referências...........................................................................................................................20 ANEXOS 4 1 INTRODUÇÃO O presente relatório faz parte do trabalho desenvolvido para conclusão do curso de pós- graduação em Psicopedagogia. Iniciando o trabalho com a parte burocrática da instituição e toda a documentação necessária como: Projeto Político Pedagógico, Regimento Escolar e Planos de Estudo. Apresenta relatos do que foi observado e os procedimentos que foram desenvolvidos durante a atuação docente, como a fundamentação teórica para que a construção da prática fique alicerçada em ideias e reflexões. O estágio foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental A. G. B. que funciona nos períodos da manhã e tarde atendendo alunos desde a pré-escola até o 5°ano, localizada no interior de Barão do Triunfo. Sua estrutura física é composta por cinco salas de aulas organizadas com cadeiras, mesas e armários para poder melhor atender os professores e alunos, direção: composta por uma mesa, duas cadeiras e um armário, computador, impressora, telefone, máquina de xerox, retroprojetor, arquivo, banheiros: masculino e feminino, pátio aberto com um lindo gramado onde são realizadas as apresentações e o recreio com um pracinha, cozinha: fogão industrial, pia, geladeira, mesa, quatro cadeiras e um armário organizado com as panelas, louças e talhares, no centro do prédio está o refeitório com mesas grandes retangulares e bancos do comprimento da mesa, uma biblioteca com grande quantidade de livros didáticos e literatura infantil. O prédio é todo de alvenaria, rebocado e pintado, piso e com telhas de Brasilit, instalação elétrica e hidráulica. Os professores são formados em pedagogia e grande parte deles tem o curso de pós-graduação. A filosofia da escola acredita na qualidade do ensino através da valorização do ser humano, através de projetos e incentivo à leitura, de forma reflexiva e crítica. Considerando o aluno, como sujeito de sua própria aprendizagem, onde o conhecimento é construído progressivamente por ele, mediado e incentivado pelo professor. A organização do trabalho escolar apresenta um planejamento flexível, respeitando os diferentes ritmos dos alunos, o que estimula o desenvolvimento de autonomia de cada educando. A avaliação da Proposta Político Pedagógica é contínua, sistemática, global e infinita. Necessita ser acompanhada dentro de todos os seus aspectos a fim de que a avaliação traga subsídios para o perfeito funcionamento da instituição. A escola em seus objetivos preocupa-se com a formação básica do aluno. Queremos oferecer um aprendizado com qualidade, com atividades desafiadoras, diálogo, harmonia e comprometimento, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento, numa busca 5 constante de equidade, tornando-os cidadãos críticos, confiantes, com ideias e ambição de conquistas. Respeitando as diferenças individuais dos alunos temos alguns objetivos: • Desenvolver todas as potencialidades do indivíduo, preparando-o para a participação e integração, oportunizando o conhecimento e a compreensão do meio em que vive, oferecendo condições para o desenvolvimento da inteligência e criatividade, formando um cidadão responsável e agente transformador da sociedade. • Organizar objetivos e conteúdo de acordo com o currículo, respeitando o desenvolvimento do aluno cognitivamente: pesquisando, aprofundando, relacionando, tendo acesso a diferentes pontos de vista e informações, integrando-os de maneira que construam seus próprios conceitos. • Trabalhar os conteúdos curriculares integrando-os aos conteúdos da área de Direitos Humanos, através das diferentes linguagens: musical, expressão corporal, literária, plástica, poética; com metodologia ativa, participativa e questionadora. • Oportunizar a participação da comunidade em atividades do cotidiano escolar, a fim de integrar, valorizar e reconhecer a instituição escolar como meio de desenvolvimento dela. • Promover diferentes atividades que envolvam a participação ativa da comunidade escolar, buscando assim uma integração completa entre ambos. • Proporcionar vivências planejadas através de pesquisa, estudos, expedições e recursos diversos, priorizando o desenvolvimento Cognitivo, Socioafetivo e Motor. Apresente os motivos que levaram você a escolher tal tema. Essas razões podem ser de ordem prática ou de ordem técnica. A justificativa deve deixar claro: • o porquê do interesse pelo tema; • a relevância do trabalho, ou seja, os benefícios que a atividade desenvolvida trouxe ao local do estágio, ao aluno e à profissão relacionada; • os fundamentos teóricos que sustentam a escolha; • a descrição dos objetivos estabelecidos no projeto de estágio; • a apresentação dos próximos elementos do Relatório de Estágio. Quando cheguei na escola fui muito bem atendida pela equipe diretiva e deu todo o suporte necessário para a realização do estágio, isso muito importante, pois sem o apoio não teria alcançado os meus objetivos. A professora se disponibilizou em ajudar no que fosse necessário no meu estágio, tanto nos dias de observação e para organizar as atividades pedagógicas com o aluno. Essa instituição tem cem alunos, dentre eles três são especiais, dependem de mais atenção, uma monitora que auxiliar nas realizações das atividades, não tem o trabalho de uma Psicopedagoga para estar presente com a professora no atendimento desses alunos com dificuldades de aprendizagem. 6 Durante a conversa com a professora foi relatado que o aluno tem muitas dificuldades na aprendizagem, mesmo matriculado no quarto ano, maioria das vezes acaba fazendo atividades de segundo ano e ainda não está alfabetizado. Segundo a professora quando as aulas eram presenciais o aluno não tinha uma rotina para poder se organizar, muitas faltas e as atividades que são enviadas para casa muitas vezes a mãe ou a irmã acabam fazendo no lugar do aluno. Em sala de aula o aluno estava sempre reclamando que estava cansado e quando tinha um tempo ficava conversandode assuntos que deixava distraído e disperso em sala de aula. A professora também relatou que a mãe solicitou que as atividades fossem de quarto ano, assim o filho não ficaria triste por não fazer igual dos demais colegas. Também ressaltou que explicou a situação para a responsável, porém não obteve sucesso e acaba enviando atividades de quarto ano e alguma coisa de segundo ano. Vou chamar o aluno de João, além das dificuldades de aprendizagem, também está passando por problemas de saúde e acaba prejudicando ainda mais o seu desenvolvimento escolar, tem acompanhamento de vários médicos para tratar da Leucemia Mieleide Crônica, também passou pelo atendimento de uma Psicóloga e foi avaliado com o WISK IV, indicando o acompanhamento com uma Psicopedagoga para auxiliar no seu desenvolvimento escolar, acompanhamento esse que não tem no município. A conversa com a mãe foi bem produtiva, ainda mais quando relatei de como seria o meu objetivo nesse estágio e o porquê da escolha do seu filho. A mãe ficou contente por alguém lembrar do filho para fazer um trabalho de Pós-Graduação e se disponibilizou no que fosse necessário para ajudar tanto na parte de responder questionários ou laudo médico. Relatou como é prejudicial para o seu filho ficar sem esse atendimento, poderia mudar as atitudes do filho na hora das atividades como quando reclama que está cansado, não sabendo se é pirraça para não fazer as tarefas e ou se está mesmo cansado. Mesmo com o filho e seus problemas de saúde e as dificuldades de aprendizagem a mãe não esquece das demais crianças que também não tem o acompanhamento do Psicopedagogo na escola. No final da conversa a mãe relatou que o filho frequentou a APAE para poder receber atendimento da Psicopedagoga daquela instituição e o município não tem essa profissional para trabalhar junto com as crianças e suas dificuldades de aprendizagem. E não poderia deixar de conversar com o João, membro principal desse trabalho. Menino muito educado, comunicativo e gosta de contar coisas do seu cotidiano. Porém, quando começamos a conversar sobre as atividades escolares não apresentou o mesmo entusiasmo, segundo ele não faz as mesmas atividades dos colegas e quando tenta fazer alguma delas não consegue entender o significado. Continuamos conversando para podermos ficar mais próximos quando iniciar as intervenções e no final pode ver que o João gostava mais de conversar sobre muitas coisas, porém não tem interesse nas atividades escolares. Como a mãe relatou que o filho tinha participado de 7 algumas atividades na APAE, então liguei para a profissional daquela instituição e ver se tinha disponibilidade de horário. A Psicopedagoga da APAE que relatou sobre as inúmeras faltas do João nos dias e horários de atendimento, segundo ela a mãe também não se organizava quando era chamada para uma conversa. Infelizmente não poderia ajudar no meu estágio disponibilizando o material necessário para completar o trabalho. No final das entrevistas com todos os envolvidos nesse trabalho, não tive mais dúvida no tema escolhido e o objetivo. E foi com esse pensamento que escolhi tema como é A Importância do Processo Psicopedagógico na Alfabetização de Crianças e Adolescentes. Como esse profissional juntamente com o professor pode auxiliar uma criança ou adolescente no seu desenvolvimento na alfabetização e assim obter sucesso no trabalho com crianças que não conseguem acompanhar o desenvolvimento da turma. O quanto é criminoso quando o município não tem interesse em contratar esse profissional e acaba deixando as famílias desamparadas e os alunos alienados em um mundo muitas vezes sem nenhum significado, onde letras e números não fazem sentido, são apenas símbolos escritos em uma folha de papel. Foi muito importante ver como é o trabalho da professora, preocupada com o aluno que está mais atrasado e a família que no final de tudo apenas espera uma fala da professora comunicando se o aluno obteve algum avanço na sua aprendizagem. Quando estava começado a organizar o meu estágio, comecei a pensar o quanto é importante o trabalho em equipe na escola e assim aperfeiçoar as atividades em sala de aula para auxiliar esses alunos que não estão acompanhando a turma. O Psicopedagogo não é professor que vai ensinar a ler, escrever ou contar e sim colocar em prática tudo que aprendeu na faculdade e nas especializações. Como é importante um trabalho em equipe que estimule a participação dos pais e a importância deste vínculo na aprendizagem do seu filho, discutir a importância do trabalho Psicopedagógico no processo da aprendizagem do educando, valorizar o educando e a importância do processo aprendizagem em sua vida junto à escola, as atribuições Psicopedagógicas no processo de aprendizagem. No final do estágio pude ver como é o trabalho realizado por pessoas que não querem somente mais um na sala e sim um aluno que aprende com ou sem o auxílio de um profissional. 8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O objetivo deste estágio foi para conhecer, identificar e entender o trabalho do Psicopedagogo e a sua relação com os alunos diante das tarefas, considerando as resistências, bloqueios, lapsos, sentimentos e angústias. Vou investigar e analisar à importância do processo psicopedagógico na alfabetização das crianças e adolescentes utilizando conceitos e teorias dos principais autores. A Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem com comportamentos afetivos e intelectuais que interferem na relação do sujeito com o meio, tanto social e familiar, isso influencia e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. O Psicopedagogo pode atuar em várias áreas e assim auxiliar ainda mais as crianças que necessitam de atendimento. Na escola a Psicopedagogia não pode ser entendida como mais uma disciplina na educação dos alunos e sim um novo caminho para caminhar junto com a professora que tem em sua sala alunos e suas dificuldades de aprendizagem. “Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ações diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora a sociedade.” (BOSSA,1994, pág 51) As escolas hoje em dia enfrentam um grande desafio para trabalharem com os alunos e suas diversas formas de dificuldades de aprendizagem e ao mesmo tempo elaborar um trabalho de intervenção e contribuir para o sucesso dos problemas de aprendizagem dos alunos. A escola caracteriza-se como um espaço concebido para realização do processo de ensino/aprendizagem do conhecimento historicamente construído; lugar no qual, muitas vezes, os desequilíbrios não são compreendidos (GASPARIAN, 1997, p.24) Assim, cada dia mais se defende a importância do Psicopedagogo, esse profissional qualificado que principalmente nas suas observações acaba analisando uma situação concreta, não apenas identificar os possíveis distúrbios que estão bloqueando o processo de aprendizagem, mas sim orientar através do didático-metodológico no espaço escolar de acordo com as características dos indivíduos e grupos. Não podemos deixar de reforçar a grande necessidade de uma escuta sensível e um olhar atento do professor sendo ele um mediador do processo de ensino, da grande demanda e solicitações dos seus alunos em sala de aula. 9 É importante e necessário, nesse processo vivenciado pelas crianças, que a professora: escute as crianças; fique atenta ao que querem e deseja escrever, ao modo como, naquele momento, sabem e podem escrever; intervenha, sugerindo ampliando possibilidades de dizer e escrever; chegue mais perto, ajude, se for necessário, no traçado das letras... (LIBÂNEO E ALVES, 2012, p. 410). Quando as pessoas chegam em uma escola, acreditam que o Psicopedagogovai solucionar todos os problemas da dificuldade de aprendizagem do seu filho. Entre outros como a evasão, indisciplina e a falta de estímulo. O Psicopedagogo não traz com sigo todas as respostas prontas quando chega na escola para trabalhar juntamente com a equipe que é formada pelos gestores, equipe técnica, professores, alunos, pessoal de apoio, família. Há crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, porém cabe aos profissionais que trabalham nas escolas identificarem o significado dessa dificuldade. Em sua maioria apresenta sintomas diversos como a tristeza, a agressividade, a ansiedade e dificuldade de interação com colegas. De acordo com Fonseca (2015, p. 95) Atualmente, vive-se um momento em que as necessidades dos alunos com dificuldade de aprendizagem estão cada dia mais presente no dia a dia. Chegasse no momento que a escola não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos, muito mais que isso, a escola tem a tarefa primordial de “reconstruir” o papel e a figura do aluno, deixando o mesmo de ser apenas um receptor, proporcionando ao aluno que seja o criador e protagonista do seu conhecimento. É preciso levar o aluno a pensar e buscar informações para o seu desenvolvimento educacional, cultural e pessoal é uma das tarefas primordiais e básicas da educação. A Psicopedagogia é um trabalho muito importante em uma escola, onde se deve trabalhar de forma como prevenção, terapêutico, e ao mesmo tempo não deixa de obter um bom resultado em um trabalho teórico. E o quanto o mundo exterior interfere no interior, como o mundo de fantasias pode interferir no mundo do aluno. CÓCCO (1996), afirma que: O indivíduo humano (…) interage simultaneamente com o mundo real em que vive e com as formas de organização desse real dadas pela cultura. Essas formas culturalmente dadas serão, ao longo do processo de 10 desenvolvimento, internalizadas pelo indivíduo e se constituirão no material simbólico que fará a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento (p.13). A Psicopedagogia vem entender a existência do sujeito, em que o convívio social está ligado as instituições no qual pertence. Estes vínculos se renovam em uma nova proposta de responsabilidade, antes era apenas um aluno com dificuldade, hoje existem outras explicações relacionadas ao ambiente em que está inserido, com uma visão mais detalhadas. Temos que destacar o importante papel da família, tarefa de proporcionar experiências educativas e as dificuldades de aprendizagem na alfabetização que devem ser tratadas. O primeiro passo é a observação por parte dos professores dos pais e juntos buscarem ajuda de outros profissionais. Finalizo este texto destacando de como é importante o papel da família e da escola para auxiliar da melhor forma possível o processo de alfabetização e leitura para crianças com dificuldades de aprendizagem, não deixando de levar em consideração diferentes fatores, tais como: culturais, sociais econômicos e psicológicos. 3 OBSERVAÇÃO Fui muito bem recebida pela direção da escola, que prontamente autorizou meu estágio naquela instituição, quando expliquei do que se tratava e qual o tema da minha pós-graduação. A diretora e a professora ficaram contentes por alguém procurar a escola para fazer o estágio, segundo elas alguns alunos necessitam muito do atendimento. Ao observar e analisar o espaço físico, notei que a escola disponibiliza para os alunos salas de aulas arejadas, área de lazer, pracinha, biblioteca entre outras. O período em que realizei o estágio foi durante uma pandemia, então não pode ter contato com a turma e nem com o aluno escolhido. Apenas foi relatado pela diretora de quando os alunos podiam ir para a escola como era em parte a rotina deles. Nos dois turnos, funciona turmas desde a pré-escola até o 5°ano. Existe uma rotina com todas as turmas desde a chegam de ônibus na escola, na entrada são recepcionadas por todos os professores e são direcionados para as salas de aula. O lanche é servido em um salão que fica no meio da escola, possui mesas grandes e bancos para que todos possam lanchar ao mesmo tempo, o recreio é realizado em um pátio grande, gramado e tem uma pracinha. Os professores têm um dia na semana para fazerem os seus planejamentos das atividades, nesse dia outra professora ou a diretora substitui a regente da turma e dois dias por semana as 11 turmas ficam na escola para terem atividades de Educação Física, Educação Artística e Literatura Infantil em turno inverso da aula. Como já relatei sobre as atividades que estão sendo enviadas para casa ou acessadas pela internet e assim terem menos contato com os alunos e evitar aglomeração. Mesmo assim, todos os professores vão até a escola uma vez por semana para ficarem a disposição sobre as dúvidas. Não seria diferente no meu estágio, onde os dias de observação e durante as intervenções, tudo foi feito através de vídeo aula e vídeo chamados. As observações tiveram a duração de oito dias, com carga horária diária de uma hora e mais dois dias com atividades de contraturno com uma hora cada. Dia 08/02- segunda-feira: Nesse dia o aluno em casa fez as atividades enviadas. Essas atividades são enviadas todas de uma vez, porém são separadas por disciplina e uma para cada dia da semana. Assim fica organizado como se o João estivesse na escola. A primeira atividade foi de Português com um pequeno texto, interpretação e depois destacar algumas palavras. O aluno teve muita dificuldade para poder ler esse texto, necessitando da ajuda da irmã na leitura e que pudesse entender. Quando foi ler as perguntas e assim responder, também teve muita dificuldade e outra vez a irmã auxiliou na atividade. Durante as tentativas de leitura o aluno não conseguiu juntar as consoantes e as vogais para poder formar uma palavra. Quando se deparava com as dificuldades ortográficas tinha mais dificuldades e a irmã acabou fazendo uma parte da atividade. Nesse dia da semana o aluno ficaria na escola para ter atividades de Educação Artística e Literatura Infantil no turno inverso. Mesmo com as atividades em casa, foi enviado trabalho de colagem referente ao texto de Português, essas atividades também foram feitas conforme na escola, no turno da tarde. O aluno iniciou o trabalho de colagem e não demorou muito tempo para reclamar que estava cansado, se ia demorar muito para finalizar. A irmã conversou com ele que precisava fazer para depois poder jogar vídeo game. Continuou fazendo e por vídeo pode ver que estava desmotivado e desinteressado para fazer. Continuando nas atividades do dia e finalizando com a leitura de um livro da Literatura Infantil. Como o aluno não está alfabetizado a irmã leu o livro para ele, depois conversaram sobre o tema do livro. Dia 09/02- terça-feira: Nesse dia as atividades foram para finalizar a aula de Português do dia anterior. Novamente utilizamos a vídeo aula para poder observar o aluno quando estivesse fazendo suas tarefas escolares. Na atividade tinha que fazer a separação das sílabas de algumas palavras do texto e como no dia anterior teve muita dificuldade na leitura, necessitando novamente da ajuda da irmã. Mesmo ela explicando várias vezes o som das letras e a leitura das sílabas, João não conseguiu a grande parte das palavras, fazendo com que ela fizesse uma parte da tarefa do dia. Na sequência da aula do dia tinha um ditado com palavras aleatórias, depois de finalizado levantou a folha para que pudesse ver como o João tinha se saído nessa atividade e infelizmente não obteve 12 sucesso. Não identificando o som da maioria das letras e com isso não formando as palavras, mesma a mais simples. Dia 10/02- quarta-feira: Hoje a aula inicia com atividades de Matemática, com cálculos de adição e subtração. Da mesma forma como na semana passada, teve muita dificuldade, mesmo utilizando o material concretopara auxiliar nos cálculos. Até mesmo para fazer o traçado de alguns números tinha dúvida de qual lado e como se desenhava o mesmo. Hoje a mãe auxiliou o filho para fazer a atividade e em algumas continhas acabou fazendo para o filho quando percebeu que não iria conseguir. Todas as segundas a turma do João têm educação Física no turno inverso da escola e como não pode ser presencial aa professora enviou um vídeo de alguns exercícios e brincadeiras para fazerem em casa. Para refazer alguns exercícios a irmã ajudou e a falta de coordenação motora e concentração era muito grande. Dia 11/02- quinta-feira: Continuamos com as aulas em casa e através de vídeo chamada. Hoje na atividade do dia foi a continuação das atividades de Matemática. A primeira atividade tinha que escrever o número a partir do nome destacado. Alguns o João conseguiu ler, principalmente os que não apresentavam as dificuldades ortográficas ou eram mais simples para ler, mesmo assim demorou um bom tempo para juntar as letras, formar as sílabas e conseguir entender o que estava escrito. Nessa atividade a irmã estava junto para auxiliar e como nas demais quando percebia que ele não estava conseguindo ajudava a fazer. Continuando na segunda atividade em que tinha que escrever por extenso o nome dos números e teve muita dificuldade novamente para identificar o som, a letra e formar as palavras. E na última atividade do dia tinha que continuar escrevendo os números pares e ímpares. Como nas demais atividades do dia a irmã auxiliou o João para que conseguisse fazer e estava reclamando do cansaço e se iria demorar para finalizar. Na atividade de contraturno o aluno junto com a família tinha que construir um brinquedo com material reciclável e enviar o vídeo da montagem para a professora. Dia 18/02- quinta-feira: Hoje a atividade foi para descontrair, depois de vários dias sendo puxados nas aulas de Português e Matemática. Hoje a atividade foi sobre uma frase enigmática, onde a partir de desenhos e de algumas sílabas tinha que descobrir o que estava escrito na mensagem. Como era uma atividade mais lúdica o João teve mais interesse em desvendar as pistas e mais uma vez a irmã estava junto dele para auxiliar. Demorou um pouco para ler as sílabas e mesmo com os desenhos teve bastante dificuldade e a mãe ajudou ele a fazer. Na atividade de contraturno foi enviado um desenho e cada parte tinha um número, representado por uma cor e pintar conforme a indicação. E na atividade de Literatura Infantil recebeu um livrinho “A joaninha que perdeu suas pintinhas”. Depois fazer uma interpretação oral. Dia 19/02- sexta-feira: Hoje a atividade foi de Ciências, onde tinha que desenhar o seu bichinho de estimação, descrever sobre ele, qual a raça, tamanho, cor, peso e o que mais gostam de 13 fazer juntos. Como nas filmagens apareceu três cachorros e dois gatos. João pensou bem sobre qual iria fazer essa atividade e decidiu pelo cachorro maior, segundo ele é mais divertido e amigo. Em uma folha de papel de ofício desenho o seu amigo e como nas outras atividades a irmã estava ao seu lado para auxiliar e dando dicas de como desenhar o seu bichinho. Depois de finalizar o desenho o João ficou bem feliz com o resultado e pediu que a irmã tirasse uma foto deles juntos e com o desenho. Dia 22/02- segunda-feira: Depois de iniciarmos uma primeira conversa para quebrar o gelo e nos conhecermos melhor, expliquei como seria o trabalho com ele. Ficou contente em saber que foi escolhido para fazer parte nessa intervenção. Na sequência introduzi o tema escolhido, que nesse caso foi sobre a “Família”. Deixei o João bem à vontade para falar o que ele achasse mais importante e conhecer a sua realidade familiar. Na sequência coloquei para tocar a música dos Titãs – FAMÌLIA, depois li a letra da música e assim iniciar a atividade.”, perguntei várias coisas sobre as pessoas que moravam com ele na casa, o nome de cada um deles, a idade, onde trabalhavam, o número de telefone e o que mais gostava de fazer junto com a sua família. Em uma folha ele escreveu que gostavam de comer batatas do seu jeito de escrever. Até que teve poucos erros na escrita, mas depois de soletrar várias vezes as letras conseguiu escrever. Continuei as perguntas e agora ele tinha que escrever o lugar ou momento que eles ficavam juntos ou o que faziam juntos. Respondeu escrevendo que ficavam em casa com muita dificuldade e o lugar respondeu com a palavra praia, desta vez sem nenhum erro ortográfico. Para finalizar as atividades do dia recebeu o desenho de uma casa e desenhar as pessoas que moram junto com ele. Desenhou a mãe, a irmã e ele, não esqueceu que cada um tem um tamanho diferente do outro e o seu desenho foi bem primitivo para um aluno que está matriculado no quarto ano. Quando solicitei que pintasse o desenho com a mesma cor da sua casa, logo perguntou se pintaria todo, não queria e estava cansado. Dia 23/02-terça-feira: Novamente iniciamos com uma conversa para interagir e assim ficar mais à vontade para podermos ter o período produtivo. Iniciamos conversando sobre o seu nome, se sabia como era escrito. A primeira atividade o João escreveu o seu nome dentro de um quadrado desenhado em uma folha de ofício. Escreveu sem dificuldades, como se estivesse gravado na sua memória e bom traçado da letra. Na segunda atividade tinha que identificar quantas vogais e quantas consoantes tem no seu nome, depois de um período pensando e soletrando as letras escreveu um número aleatório para cada opção. Não conseguindo diferenciar vogais das consoantes. Continuamos a atividade em que teria que escrever a sua idade e a sua data de nascimento. Nessa atividade não conseguiu responder nenhuma das questões sozinho, solicitando a ajuda da mãe. 14 No turno da tarde durante a atividade de Educação Física o aluno apresentou falta de coordenação motora como na atividade enviada pela professora na semana anterior. Solicitei através da chama de vídeo que ele procurasse dentro da sua casa um presente ou objeto que gostava muito. E quando saiu para procurar e a mãe filmando pude ver como ele gosta de participar de atividades diferenciadas. Entrou no seu quarto e pegou um brinquedo que ganhou da sua avó. Segundo ele a avó cuida dele e da irmã junto com a mãe. 4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS OBSERVADOS Nesse estágio a organização desde o início foi bem diferente dos estágios da graduação. Estamos no meio de uma pandemia e temos que evitar o contato físico o máximo possível por causa da contaminação. Então, tudo que organizei desde o contato com a escola e demais envolvidos nesse trabalho foi feito através de vídeo aulas, chamadas de vídeo, e-mail e telefone para evitar ao máximo o contato, principalmente com o João que tem problemas de saúde além das dificuldades de aprendizagem. A professora envia as atividades através de um aplicativo para os responsáveis ou buscam na escola as atividades impressas, principalmente os alunos que não tema acesso à internet. Nesse dia a escola fica aberta e os professores a disposição dos pais para tirarem suas dúvidas, no caso do João foi entregue uma folha impressa para cada dia da semana. Segundo a professora o João apresenta muitas dificuldades na aprendizagem e não está alfabetizado, matriculado no 4°ano e realizava as atividades do 2° ano quando estava na escola, porém a mãe não aceita as atividades de 2°ano, e sim que ele faça atividades de quarto ano, que as atividades sejam enviadas para casa e o aluno tem tempo para fazer, segundo a professora algumas dessas atividades são feitas pela mãe ou a irmã. Na continuação da conversa com a professora foi relatado por ela que seria interessante organizar as minhas atividades em cima do tema sobre a Família, segundo a professora a família do João passa por problemas psicológicos. As minhas observações foram feitas através de vídeo aulas e chamadasde vídeo, assim consegui ver como o João se comportava e organizava suas tarefas enviadas pela professora. Como as atividades foram enviadas para casa o João e a família se organizavam conforme o horário da escola e assim ficaria mais fácil continuar com a rotina conforme na escola. As minhas observações e intervenções foram realizadas todas a distância através de vídeo aulas e chamadas de vídeo. Em conversa com a mãe foi relatado todo o esforço dela para que o filho tenha o melhor atendimento possível e assim melhor a sua qualidade de vida. Também foi relatado pela responsável que não sabe por quanto tempo terá o seu filho junto dela e por isso não faz tantas cobranças em relação a aprendizagem dele. Uma das poucas coisas que ela solicitou para a professora era que 15 enviasse atividades de quarto ano, como para as demais crianças e assim o seu filho não ficaria desmotivado em relação as outras crianças da turma, mesmo não sendo alfabetizado. O João é um menino esperto, querido, carismático, gosta de conversar e fazer amizades. Mesmo com tantos problemas de saúde não perde a alegria e está disposto a fazer as tarefas que são enviadas, na maioria das vezes a sua dificuldade para entender e interpretar é tão grande que acaba desmotivando e fica falando do cansaço se vai demorar para finalizar a atividade, fazendo com que alguém da família faça por ele alguma parte mais difícil. No final das minhas observações pode ver os vários lados desse mundo do João. Primeiro o lado da professora que sem ajuda necessária de um profissional em Psicopedagogia na escola não consegui avançar no seu planejamento com o aluno. Mesmo a regente da turma explicando que o aluno não está alfabetizado e a mãe sabendo disso, tem que enviar atividades de quarto ano. Acaba ficando frustrada com tudo isso. Do outro lado tem a mãe que por querer o seu filho feliz em fazer atividades de quarto ano, mesmo não compreendendo muita coisa. Mas, mesmo assim está junto com os colegas nas tarefas e se ficasse fazendo como as turmas de segundo ano ficaria desmotivado. E no meio de tudo isso o João e todos os seus problemas de saúde e aprendizagem. Aluno que necessita tanto de acompanhamento do profissional em Psicopedagogia para poder avançar em seu desenvolvimento escolar e está mesmo na sua vida em sociedade. Como foi relatado no laudo da Psicopedagoga o aluno apresenta grande desmotivação e relatando seguido de cansaço. Não sabendo se realmente ele não tem interesse em se esforçar para aprender pelo menos o necessário para ajudar na sua aprendizagem. 5 INTERVENÇÕES Depois do período de observação e entrevistas organizei de como seria o processo para as intervenções com o que achei necessário juntamente com a professora regente. As intervenções foram realizadas no período de quatro dias, com duração de duas horas cada dia, sendo dois dias com atividades de contraturno. No dia das atividades de contraturno, as intervenções foram realizadas com duas horas para cada turno. Nos horários combinados com a mãe do João, pois estamos no meio de uma pandemia e não podemos ter contato social, então tudo foi feito à distância e assim foram feitas as intervenções. Iniciamos a conversa através de vídeo aula e chamada de vídeo, combinamos de como seria as intervenções sem termos o contato como se estivéssemos em sala de aula, expliquei os motivos e a mãe ficou ao lado dele explicando o meu trabalho. As atividades foram todas organizadas em 16 torno de um único tema que é “Família”, foi sugerido pela professora regente. Tema esse que segundo a professora será de grande importância, pois é uma família com muitos problemas de saúde do filho e psicológicos da mãe, fazendo com que dificulte ainda mais a aprendizagem da criança. Dia 24/02- quarta-feira: Hoje vamos conhecer o nosso município. Moramos em uma cidade muito pequena e não tem bairros. Então enviei uma atividade com o desenho de uma cidade e seus comércios, igreja, banco e escola. Depois foi entregue outra folha com os nomes desses estabelecimentos o João começou a ler os nomes e como já esperava teve muita dificuldade para conseguir identificar algumas letras, juntar as consoantes com as vogais e formar as sílabas. A mãe estava sempre ao seu lado para ajudar nas atividades e quando finalizava cada uma a responsável levantava a folha e mostrava para a câmera. Na segunda atividade o João tinha que escrever o nome de dois comércios do nosso município e como na atividade anterior também teve muita dificuldade para escrever, soletrava, ao mesmo tempo pensava com se escrevia as palavras e não conseguindo escrever corretamente. Dia 25/02- quinta-feira: As atividades de hoje foram de matemática. O João recebeu a primeira atividade para decompor os números, como ele tem dificuldade para identificar os números e são na casa da centena. Hoje a irmã auxiliou para que ele conseguisse fazer as atividades do dia. Depois de um tempo tentado fazer sozinho, não tendo sucesso, solicitou ajuda e na maioria dos números não identificou. Na segunda atividade o João teria que escrever a sequência numérica dos números a partir de 100 até 200. Nessa atividade o aluno ficou por tempo pensando como eram os números e qual era a sequência, demorou e a irmã acabou ajudando-o. Nas de matemática o João não consegue fazer, pois tem muita dificuldade para identificar os números e até mesmo como é o traçado. No final das duas atividades a irmã mostrou a folha para a câmera e pude ver como ele tinha feito. No turno da tarde nas aulas de Educação Artística e Literatura Infantil foram integradas, utilizei o livro e li a história dos vários tipos de família. Continuamos com as atividades a distância, através de chamada de vídeo conversamos de como era a sua família, se é uma família pequena ou grande, se os avós fazem parte da sua família e as pessoas que frequentam a sua casa mais seguido também fazem parte da sua família? Para finalizar as atividades do dia, vamos fazer uns exercícios em família. Solicitei que a mãe e a irmã também participassem dessa atividade. Eles em casa e eu na minha casa sempre através de chamada de vídeo começamos a ouvir a música da Xuxa “ombro, joelho e pé”. Foi muito divertido e descontraído ver a família participando junto com o João e o melhor ainda era a alegria dele vendo as pessoas mais importantes interagindo com ele. 17 Dia 26/02- sexta-feira: Hoje as atividades foram somente sobre a família. Primeira atividade era para identificar e ler em uma lista as características da sua família, quais se encaixavam. A mãe auxiliou para que pudesse ler e marcar com um x as características que mais se encaixavam. Marcou que a família era bonita, divertida, chata as vezes, unida, amorosa e entre outras características. Nessa atividade o João passou tempo para poder ler, intender, marcar as respostas que achava correta e sempre com a ajuda da mãe. Na sequência dentro de um desenho representando a sua casa, como é a sua família e dessa vez ele poderia desenhar pessoas que não moravam com ele, mas tem carinho por elas e são consideradas da família. Desenhou sua mãe, a irmã, os avós, os cachorros, os gatos e três amigos que frequentam sua casa. Dia 01/03- segunda-feira: Nesse último dia de intervenção o aluno junto com a mãe e a irmã confeccionaram bonecos ou fantoches com os materiais que tinhas em casa representando cada um deles. Depois fizeram um miniteatro, trocaram os bonecos e cada um expos como um via o outro. Foi divertido e como toda a família teve uns momentos que os irmãos fizeram brincadeiras um com o outro e não gostaram, fora isso foi bem divertido se conhecerem como família. 5.1 REGRISTRO E ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES Os resultados foram os melhores possíveis durante as minhas intervenções, na conversa com a diretora e a professora regente, quanto estão preocupadascom os alunos com dificuldades de aprendizagem, a falta que faz o acompanhamento do profissional em Psicopedagogia e melhor ainda com o aluno e a família. Todos participaram da melhor maneira, principalmente o João esteve presente sempre que foi solicitado por mim nas vídeo aulas e a mãe contente, mesmo por pouco tempo o seu filho teve atividades de uma aluna de Psicopedagogia, profissional essa que tanto ela almeja para atender seu filho e assim auxiliando na sua aprendizagem. A falta desse profissional foi citada várias vezes pela equipe diretiva, pela professora e principalmente por parte da mãe do aluno. Considerando os apontamentos, Ostietal (2005, p. 152) postula que: A psicopedagogia educacional objetiva que todos os profissionais de educação, considerando diretores, professores e coordenadores pedagógicos repensem o papel da escola frente às dificuldades da criança e os vários fatores envolvidos numa situação de aprendizagem. Por outro lado, crianças com dificuldades de aprendizagem necessitam de 18 atendimento específico, o que evidencia que em certos casos a escola não consegue resolver todos os problemas desta ordem sozinha, necessitando de ajuda de um profissional especializado. O aluno apresentou grande dificuldade na leitura, não diferenciando as vogais das consoantes e principalmente palavras que apresentavam dificuldades ortográficas. Com leve dificuldade a coordenação motora, principalmente no traçado das letras e na atividade de pintura. Não podemos esquecer que o aluno está matriculado no quarto ano, porém ele faz atividades de segundo ano. As dificuldades na leitura ocorrem geralmente no reconhecimento e na compreensão da palavra escrita, o reconhecimento é o mais básico de todos os processos, ele é anterior à compreensão da palavra, portanto, esse transtorno pode ser apresentado por uma leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções e bloqueios (DOCKRELL; MCSHANE, 1997). Para piorar ainda mais a falta de acompanhamento junto do aluno, todas as aulas e atividades pedagógicas são feitas a distância por causa de uma Pandemia, não podemos ter contato social ou menos possível. Tudo isso não está ajudando em nada o desenvolvimento do aluno e sua aprendizagem para o sucesso na medida do possível. Na escola teria uma rotina, horários e a professora acompanhando o seu desenvolvimento, já em casa tudo fica mais difícil e ao mesmo tempo a vontade sem uma organização conforme a escola com pessoas que estudaram para atender no que é necessário. Segundo Vygotscky; A educação recebida, na escola, e na sociedade de um modo geral cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos, a atitude dos pais e suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e consequentemente o comportamento da criança na escola. Vygotsky (1984, p.87). Como na maioria das atividades o aluno acaba fazendo de qualquer maneira ou segundo a professora até a família faz essas atividades para não ficar por muito tempo auxiliando o filho nas tarefas escolares, acaba gerando nele a desmotivação e ao mesmo tempo sabe se não fizer alguém uma hora vai fazer por ele. Isso tudo prejudica ainda mais na sua aprendizagem e ao mesmo tempo uma certa preguiça, tanto que o aluno reclama que está cansado, fazendo com que não tenha perseverança para continuar e tentar o máximo para conseguir entender o que está sendo solicitado nas tarefas escolares. Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para a criança, para os pais e para a escola ocorre a "dificuldade de aprendizagem". E antes que a "bola de neve" se 19 desenvolva é necessário a identificação do problema, esforço, compreensão, colaboração e flexibilização de todas as partes envolvidas no processo: criança, pais, professores e orientadores. O que vemos são crianças desmotivadas, pais frustrados pressionando a criança e a escola. Furtado (2007, p. 03) De acordo com Weiss (1997): o problema da dificuldade do aluno em aprender pode estar ligado a fatores tanto internos quanto externos: Essa insuficiência na aprendizagem escolar pode estar ligada à ausência de estrutura cognoscitiva, que permite a organização dos estímulos e favorece a aquisição dos conhecimentos. Todavia, a dificuldade em aprender pode estar relacionada a determinantes sociais, da escola e do Olhar de professor, próprio aluno, ou seja, ligada a fatores internos (cognitivos e emocionais) e a fatores externos (culturais, sociais e políticos) (Weiss. 1997, p. 16) Em parte, o resultado gerado foi satisfatório e de acordo com o planejado. Com tudo, acredito de que o acompanhamento de um profissional da Psicopedagogia na escola da rede de ensino do município ajudaria e muito todas as crianças com suas dificuldades de aprendizagem, não somente o João e suas limitações. E ouvindo os relatos dos participantes nesse estágio, perceber que o poder público não tem interesse em contratar esse profissional para alavancar a aprendizagem dos alunos, deixa qualquer Psicopedagogo e principalmente as famílias tristes e desamparadas sem esse atendimento, principalmente os menos desfavorecidos financeiramente. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando encerrou esta experiência, conclui de como foi gratificante e desde o princípio pude observar os alunos. A escola municipal tem uma equipe organizada e democrática, onde fui muito bem recebida e ajudaram em tudo que precisava para que o meu estágio se tornasse realidade. Coloquei em prática o que aprendi no decorrer do curso e não tenho palavras para descrever o quanto foi importante. Com todo o estudo realizado, verifiquei como é importante o trabalho do Psicopedagogo e que deve girar em torno da realidade do aluno e da escola. Quando o professor identifica uma dificuldade como algo impossível de aprendizagem e muitas vezes não está preparado para realmente identificar ou outras dificuldades, com isso o educador deverá rever os seus conceitos como professor. A metodologia inadequada também é um fator que acaba dificultando o processo de aprendizagem, por isso deve rever sua prática docente e no final de tudo isso o único beneficiário será o aluno. 20 O despreparo do professor para trabalhar com alunos e suas dificuldades de aprendizagem pode apresentar vários motivos e onde o trabalho do Psicopedagogo é fundamental. Esse trabalho deverá ser realizado juntamente com o professor e assim auxiliar no processo de construção do conhecimento do aluno diante das suas dificuldades. As dificuldades existem para serem superadas pelos educadores, os quais devem acreditar e continuar sem perder a perseverança de que á tempo de transformação para que a responsabilidade e o compromisso sejam maiores. Trabalhar com o João e ver de perto a sua dificuldade de aprendizagem e seus outros problemas de saúde, faz com que eu continue a caminhada para fazer as pessoas entenderem de como é importante o trabalho do Psicopedagogo juntamente em uma escola, já que nesse estágio estava com uma criança e suas dificuldades, dependendo unicamente da mãe para levar em outro município e c que tenha entendimento adequado desse profissional. Como já conhecia a família e sei que são pessoas do bem e a mãe quer o melhor para o filho, mesmo sabendo os tantos problemas de saúde e sem saber até quando vai ter o filho vivo, mesmo com tudo isso a mãe luta com suas armas levando o João em vários especialistas e assim ser melhor assistido. Esse estágio foi muito importante para que a minha formação não seja apenas marcada em um diploma e sim marcado pelas palavras de uma sociedade escolar que precisa ser mais comprometida com esses alunos. Concluo o presente relatório certa de que tudo que vivenciei mesmo diante de tanta coisa e uma enorme insegurança por onde começar, fezcom que eu aprendesse e crescesse para ser uma boa Psicopedagoga. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. B. O computador na escola: contextualizando a formação de professores. 2000. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2000. ALEXANDROFF Marlene Coelho. Construção Psicopedagógica. vol.27 no.28 São Paulo 2019. Disponível- http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542019000100001&lng=pt&nrm=iso > Acesso em 04 de fevereiro de 2021. ANDRADE, M. S. Rumos e diretrizes dos cursos de Psicopedagogia: análise crítica do surgimento da Psicopedagogia na América Latina. Cadernos de Psicopedagogia, v.3, n. 6, 70-71, jun. 2004. 21 DOCKRELL, J., MCSHANE, J. Dificultades de aprendizaje en la infancia: um enfoque cognitivo. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica S.A., 1997. FURTADO, Ana Maria Ribeiro, BORGES, Marizinha Coqueiro. Módulo: Dificuldades de Aprendizagem. Vila Velha- ES, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, 2007. GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Contribuições do modelo relacional sistêmico para a psicopedagogia institucional, -São Paulo: Lemos Editorial, 1997. LIBÂNEO, José Carlos; ALVES, Nilda (Org.). Temas da Pedagogia: diálogos entre didática e currículo. São Paulo: Cortez, 2012. OSTI, Andreia. et al. A atuação do Psicopedagogo em Instituições de Ensino: Relato de Experiencia. Revista de Educação. Londrina. v.8, n. 8. p. 150 – 155. 2005. Disponível em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/educ/articl e/view/2229 /2124>. Acesso em 05 fev. 2021. WEISS, L.M.L.L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: D.P & A. 1997. www.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/o-papel-psicopedagogo-educacional.htm> Acesso em 04 de fevereiro de 2021. http://www.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/o-papel-psicopedagogo-educacional.htm 22 ANEXOS ROTEIRO DE INTERVENÇÃO 1 Objetivos: • Auxiliar da melhor forma possível o aluno para realizar as atividades; • Organizar as atividades juntamente com a professora regente. • Conversar com a mãe e levantar o máximo de informações sobre o João. • Significar o tema escolhido “Família” na vida do aluno; • Descrever para o aluno como será realizado a intervenção; 2 Desenvolvimento: Na intervenção o tema abordado foi sobre a Família, escolhido pela professora regente e atividades referente o cotidiano do aluno. A intervenção aconteceu toda a distância, através de vídeo aulas, vídeo chamadas e foram enviadas para a casa do aluno atividades impressas. Iniciei a intervenção com uma conversa para distrair e nós conhecemos, assim ficarmos mais próximos e o João foi bem receptivo que iria fazer atividades com outra pessoa. O tema será abordado primeiramente com uma conversa sobre a família do João, quem moram na casa, quem fica com ele quando a mãe está trabalhando, se tem contato com outras pessoas da família. Iniciamos as atividades lendo e ouvindo a música “Família” dos Titãs. Depois deixei que o João relatasse como era a sua família. O aluno começou a relatar como era e deixei à vontade para que ele falasse. Não teve nenhum problema para se expressar, contando até coisas que não fazem parte do tema. Nas atividades que tinha de escrever ou fazer alguma leitura, mesmo sendo pouca coisa, apresentou muita dificuldade para identificar o som das letras e sílabas, também apresentou dificuldades para saber o traçado correto das letras e números. E nas atividades em que ele poderia se expressas, como nos desenhos, pintava um pouco e reclamava de cansado ou se teria que pintar tudo. Então, deixei ele livre para fazer as atividades e não ficar pressionado. Continuamos fazendo as atividades online e por vídeo aulas durante todo o período de observação e de intervenção. Na continuação das atividades o João tinha que relatar o que ele fazia junto com a família, apenas escreveu que gostava de comer batatas, ou seja, batata frita junto com a mãe e a irmã. Nessa atividade não apresentou dificuldades para identificar as letras e os sons. Porém, na segunda atividade que foi perguntado o que ele mais gostava de fazer com a família o João não conseguiu escrever de como são bons os passeios na praia, somente escreveu algumas consoantes e vogais sem sentido na leitura. Em todas as atividades realizadas até agora o aluno reclamou que estava cansado ou se era a última atividade para fazer e ao mesmo tempo conversava sobre outros assuntos. Tinha que esperar ele falar e depois retornar aos poucos o que estávamos fazendo. Na atividade seguinte li um pequeno texto com quatro frases sobre o seu nome e depois com muita dificuldade para identificar as letras e consequentemente na leitura. Na sequência o aluno escreveu o seu nome em um quadrinho, como se fosse uma das poucas palavras que decorou e escreveu sem dificuldade. Continuamos a atividade identificando as consoantes, as vogais do seu nome, finalizamos depois de um tempo com o aluno não conseguindo identificar, porém conseguiu saber a quantidade de letras que tem o seu nome. No final da atividade o aluno não soube falar e nem escrever o número de telefone da mãe, necessitando de auxílio da mãe para orientar até mesmo no traçado do número. Continuamos as atividades conversando sobre os comércios que tem no município, e depois de um tempo percebi que o aluno apresentou muita dificuldade para saber onde se localizavam as lojas, mercado e até mesmo o poste de gasolina. Como moramos um uma cidade muito pequena acreditava que seria mais fácil. Em uma folha com o desenho da cidade, onde estavam desenhados os diversos comércios que tem no nosso município e escrever o nome de alguns conhecidos dele. Também obteve dificuldade para identificar onde se vendia determinados produtos como: remédios. O João estava sempre disposto para iniciar as atividades e não foi diferente nesse dia, conversamos sobre como seria as atividades desse dia. Começamos com atividades de matemática para ver se teria um resultado melhor em relação as anteriores. E como relatei nas primeiras atividades o aluno tem muita dificuldade para identificar os números e como é o traçado dos mesmos. Mesmo utilizando material concreto nas atividades de matemática não consegue avançar nessa área. Como nos outros dias de observação e intervenção o aluno está seguido reclamando que está cansado ou se vai demorar para terminar as atividades. Segundo a mãe não era para ficar preocupada, já que ele também faz a mesma coisa em casa e quando estava tendo aulas presenciais. 3 Recursos utilizados: Folhas de ofício, lápis de cor, canetinhas, material concreto para contagem, tesoura, vídeo aula, chamadas de vídeo, e- mail. 4 Avaliação da Intervenção: Durante a intervenção pude ver como são grandes as dificuldades de aprendizagem do João, quanto ele não consegue diferenciar as vogais das consoantes e quais são elas, não lembra como alguns números são traçados e não está alfabetizado e realiza atividades de segundo ano, mesmo estando matriculado no quarto ano, pois não consegue acompanhar a turma. O João começa a fazer as atividades normalmente, depois de um certo tempo reclama que está cansado ou conversa sobre coisas que não é hora para falar. No final da intervenção observei o quanto faz falta o atendimento de um profissional em Psicopedagogia na escola, tanto para auxiliar os professores, família e principalmente os alunos e suas dificuldades de aprendizagem.
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