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1 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II Toda doença é resultado da ação combinada de genes e ambiente, o papel do componente genético pode ser grande ou pequeno. Entre os transtornos causados total ou parcialmente por fatores genéticos, três tipos principais são reconhecidos: distúrbios cromossômicos, multifatoriais e monogênicos. • Distúrbios monogênicos Mutações patogênicas em genes individuais, podendo estar presente em ambos os cromossomos ou em apenas um cromossomo do par. Distúrbios monogênicos frequentemente causam doenças que seguem um dos padrões de herança clássicos em famílias (autossômico recessivo, autossômico dominante ou ligado ao X). Em alguns casos, a mutação ocorre no genoma mitocondrial, e não no nuclear. A causa é um erro crítico na informação genética transportada por um único gene. Fibrose cística, a anemia falciforme e a síndrome de Marfan. Herança ligada ao X • Homens tem um cromossomo X e as mulheres dois: dois genótipos possíveis para os homens e quatro para as mulheres no que se refere aos alelos mutantes em um locus ligado ao X. • Homem com um alelo mutado em um locus ligado ao X é hemizigoto para aquele alelo. • Mulheres podem ser homozigotas para o alelo selvagem, homozigotas para o alelo mutado, heterozigotas compostas para dois alelos mutados diferentes ou uma portadora heterozigota de um alelo mutado. Inativação, compensação de dose e expressão de genes ligados a X • Inativação do X: Processo fisiológico normal que inativa, nas células somáticas, a maioria dos genes de um dos cromossomos X nas mulheres normais, mas não os genes do único cromossomo X nos homens, igualando a expressão da maioria dos genes ligados ao X em ambos os gêneros. Herança recessiva e dominante dos distúrbios ligados a X A dominância ou recessividade de um alelo depende do padrão de inativação aleatória do X e da proporção (quantidade) de células nos tecidos pertinentes que contenham o alelo mutante no cromossomo X e se ele está ativo ou inativo. • Dominante: heterozigota portadora é clinicamente expressiva da doença. • Recessivo: heterozigota portadora é clinicamente não expressiva da doença. Essa forma de classificar a mutação não é correta, já que apenas 1/3 dos distúrbios são manifestados em algumas mulheres heterozigotas, não podendo ser classificado como dominante nem como recessivo. Mesmo os distúrbios que podem ser classificados dessa maneira demonstram penetrância incompleta que varia em função do padrão de inativação do X e não do padrão de herança. Mas eles descrevem um continuum de penetrância e de expressividade nas mulheres portadoras de distúrbios ligados ao X. Herança recessiva ligada ao X Uma mutação recessiva ligada ao X se expressa fenotipicamente em todos os homens que a recebem e, consequentemente, distúrbios recessivos ligados ao X são geralmente restritos aos homens. HEMOFILIA E O X A hemofilia A é um distúrbio recessivo ligado ao X clássico, no qual há falha na coagulação sanguínea devido à deficiência do fator VIII, uma proteína da cascata da coagulação. Supondo que Xh represente o alelo mutante para o fator VIII que causa hemofilia A e que o XH represente o alelo normal: • Homem com hemofilia casa com uma mulher normal: 1. Todos os filhos homens recebem o cromossomo Y paterno e um cromossomo X materno. Não são afetados. 2. As filhas recebem o cromossomo X paterno com o alelo para hemofilia e se tornarão portadoras obrigatórias. 2 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II • Se a filha de um homem afetado se casar com um homem não afetado, há quatro genótipos possíveis para a prole, com iguais probabilidades: 1. A hemofilia presente no avô afetado, que não apareceu em nenhum de seus próprios filhos, tem 50% de chance de aparecer em cada filho de suas filhas. 2. A hemofilia presente no avô afetado, não reaparecerá entre os descendentes de seus filhos homens. 3. A filha de uma portadora tem 50% de chance de ser portadora. • Um alelo recessivo ligado ao X pode ser transmitido ao acaso por uma série de várias mulheres portadoras de forma indetectável até que se expresse em um descendente do sexo masculino. Características da herança recessiva ligada ao X • A característica fenotípica incide muito mais em homens do que em mulheres. • As mulheres heterozigotas geralmente não são afetadas, mas algumas manifestam a condição em níveis variados de gravidade determinada pelo padrão de inativação do X. • O gene responsável pela condição é transmitido de um homem afetado a todas as suas filhas. Os filhos homens de qualquer uma dessas filhas têm um risco de 50% de herdá-lo. • O alelo mutante nunca é transmitido diretamente de pai para filho, mas é transmitido de um homem afetado a todas as suas filhas. • O alelo mutante pode ser transmitido ao longo de uma série de mulheres portadoras, de modo que os homens afetados em uma genealogia serão aparentados entre si através das mulheres. • Uma proporção significativa dos casos isolados se deve a mutações novas. Herança ligada ao X E • A As hemofilias são doenças hemorrágicas hereditárias, decorrentes de deficiências quantitativas ou qualitativas dos fatores VIII e IX. HEMOFILIA A (deficiência do fator VIII) e HEMOFILIA B ou doença de Christmas (deficiência do fator IX). Sendo o tipo A mais comum nos homens, com prevalência de 1:10.000 no mundo. As hemofilias são herdadas como condições recessivas ligadas ao cromossomo X, acometendo quase que exclusivamente indivíduos do sexo masculino com níveis muito mais baixos do fator XIII ou XI. Não se sabe porque os homens não têm ausência completa de atividade do fator. As mulheres com o traço, tem 50% da quantidade normal de um dos fatores, e tendem a não ter problemas hemorrágicos, já que geralmente só precisa apenas da metade das quantidades normais da maioria dos fatores de coagulação para que o sangue coagule normalmente. Ambos os distúrbios, levam a sangramento espontâneo, excessivo pós-traumático, particularmente para dentro das articulações e músculos. O teste do TTPa é projetado para se tornar anormal quando as atividades do fator VIII e IX caem abaixo de 50%. Transplante de fígado cura a hemofilia. A gravidade é correlacionada inversamente com o nível do fator XIII. A doença pode ser adquirida em caso de doenças autoimune. A hemofilia A é a mais comum das deficiências hereditárias dos fatores de coagulação, com prevalência de 30 a 100 pessoas por 1 milhão. Incidência da deficiência de fator IX é igual a 1/5 da hemofilia A. É ligada ao sexo, mas até 1/3 dos pacientes não tem história familiar e a doença resulta de mutação recente. Epidemiologia A hemofilia A corresponde a 80% dos casos e sua prevalência é de cerca de 1/5.000 nascimentos do sexo masculino. A prevalência da hemofilia B é estimada em 1/30.000 nascimentos do sexo masculino. Não existe um grupo étnico que apresente uma maior ou menor incidência dessa doença. De acordo com o Registro de Coagulopatias Hereditárias do Ministério da Saúde (http://portal.saude.gov. br/saude), no ano de 2007, 8.172 pacientes hemofílicos (6.881 hemofílicos A e 1.291 hemofílicos B) estavam cadastrados no Brasil. Em 2010, após a criação de um cadastro com controle nacional, o HemovidaWeb Coagulopatias, esse número de pacientes ultrapassa 10 mil casos cadastrados no Brasil. Etiologia O defeito é a ausência ou um baixo nível plasmático de fator VIII. Cerca de metade dos pacientes tem mutações 3 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II missence ou de mudança de moldura ou deleções no gene do fator VIII. O fator XI é codificado por um gene junto ao do fator VIII, próximo a ponta do braço longo do cromossomo X. A síntese é dependente de vitamina K. Observa-se também uma quebra no gene do fato XIII por inversão na extremidade do cromossomo X, provocando forma clínica grave de hemofiliaA. Herança e aspectos clínicos da hemofilia B são idênticos aos da hemofilia A. As duas doenças só podem ser diferenciadas pela dosagem específica dos fatores. Genética • Doenças de transmissão recessiva ligadas ao cromossomo X, transmitidas a indivíduos do sexo masculino por mães portadoras. Pais portadores só transmitem às filhas mulheres, que são portadoras obrigatórias. A maioria dessas mulheres serão clinicamente normais devido ao alelo normal materno e transmitirão para filhas e filhos numa taxa de 50%. • 30% dos casos, a doença se origina de mutação de novo, fenômeno que pode ocorrer na mãe ou no feto. São os chamados casos esporádicos ou isolados. • Genes que codificam os fatores XIII e IX estão localizados no braço longo do cromossomo X. • Defeitos da hemofilia A: deleções, inserções e mutações por todo o gene do fator XIII. 40% dos casos do tipo A grave são causados por inversão do intron 22 do gene do fator VIII. • O gene do fator IX tem 1/3 do tamanho do fator XIII, com mutações mais facilmente identificáveis, sem relatos de mutação recorrente como na hemofilia A. • Indivíduos com o alelo mutante, a deficiência se manifesta clinicamente como hemofilia. • Mulheres portadoras do gene mutante são habitualmente assintomáticas. A proporção de inibição do gene mutante pelo normal, varia de acordo com o fenômeno de inativação dos cromossomos X. Isso faz com que as taxas do fator VIII apresentem grandes variações, podendo se sobrepor aos valores normais. • Alguns estudos mostram que ensaios de atividade do fator XIII detectam 35 a 75% das portadoras, resultando na eficiência da demonstração de níveis plasmáticos subnormais do fator VIII pelos métodos usuais para a presença do estado da portadora. • Entretanto, presença de valores plasmáticos normais não exclui a condição de portadora. • Dessa forma a quantificação isolada do fator VIII coagulante plasmático não permite fazer o diagnóstico preciso da situação de portadora. Ocorrencia de mulheres hemofílicas existem algumas possibilidades: a) Forma mais comum, observada na minoria de mulheres heterozigotas. “Lyonizaçã” é extrema, resultando na inativação do alelo normal na maioria das células e em valores super baixos de fator XIII coagulante. b) Resultado da união de um hemofílico com mulher portadora, evento pouco frequente. c) Presença de um alelo mutante em uma mulher com somente um cromossomo X, como no mosaicismo para a síndrome de Turner. d) Raros casos de hemofilia A transmitida como doença autossômica dominante, decorrente de uma nova mutação, devendo a hemofilia A ser diferenciada da doença de von Willebrand subtipo 2N. Classificação Frequência e gravidade do quadro hemorrágico estão relacionadas com as concentrações plasmáticas do fator deficiente. A gravidade da doença é diretamente proporcional ao grau de deficiência do fator. Podem ser classificadas de acordo com a concentração de níveis plasmáticos de fator XIII ou IX em: • Graves: < 1% • Leves: entre 1 e 5% • Moderadas: entre 5 a 40% Características clínicas • As hemofilias apresentam manifestações hemorrágicas semelhantes, não sendo possível distingui-las somente através de critérios clínicos. • Caracterizam-se clinicamente pelo aparecimento de sangramentos, que ocorrem após traumatismos de intensidade mínima. • Algumas manifestações hemorrágicas características como as hemartroses e os sangramentos musculares, podem acontecer sem associação com traumas evidentes. Uma vez que a função plaquetária é normal, não há sangramentos após pequenos ferimentos cortantes. Paciente leve pode trazer problemas diagnósticos, especialmente se o paciente nunca foi submetido a cirurgia. 4 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II A história de manifestações hemorrágicas nos indivíduos do sexo masculino da família materna é importante para a orientação diagnóstica e para a avaliação da gravidade da doença. • A expressão clínica do defeito genético do tipo A varia de família para família. Numa mesma família, a gravidade das manifestações clínicas e das alterações laboratoriais são relativamente constantes. • Aparecimento de manifestações clínicas mais graves, dentro da mesma família, faz pensar no desenvolvimento de inibidor ou de lesão anatômica que predispõem a sangramentos frequentes ou graves. Sintomas característicos: • Hemartroses Joelhos, cotovelos, tornozelos, ombros, coxo-femorais e punhos. • Artropatia hemofílica Pacientes apresentam uma articulação com sangramento mais frequente: • Hematomas Segunda causa mais comum de sangramento em pacientes graves, podem ser espontâneos. Neuropatia ou necrose isquêmica: pressão local do hematoma em torno do nervo, em pacientes graves. • Sangramentos prolongados pós-exodontias e procedimentos cirúrgicos, principalmente amidalectomia, é sintoma característico. • Hematúria e sangramentos gastrointestinais espontâneos podem ocorrer. Às vezes com obstrução resultante de sangramento dentro da mucosa parietal. • Hemorragias cirúrgicas ou por traumatismo levam a risco de morte em pacientes graves ou leves. • Hemorragia intracerebral Incomum, mas pode ocorrer com maior frequência que na população em geral. Causa importante de morte em pacientes graves. • Pseudotumores hemofílicos Grandes hematomas encapsulados com dilatação progressiva do cisto pela repetição das hemorragias. Superfícies faciais e musculares, grupos de grandes músculos, nos ossos longos e em ossos da pelve e do crânio. PERÍODO NEONATAL • Lactentes podem ter hemorragia após traumatismos ou cirurgias (postectomia, circuncisão). • Hemorragias em articulações e tecidos moles e suscetibilidade a equimoses pós-traumáticas quando ficam ativos. • Sangramentos orais frequentes. Originados da mordedura da língua e dos lábios, podendo persistir por semanas e tendem a ser intermitentes. PACIENTE GRAVE: • História de hemorragias desde a infância. Com o aparecimento posterior de sangramentos intra- articulares (hemartroses), hematomas musculares pós- traumáticos e mesmo espontâneos. • Evolução pacientes graves com hemartroses dolorosas recidivantes e hematomas musculares. Sendo tratados de forma inadequada, causa deformidades articulares progressivas e invalidez. • Sujeitos a hemorragias graves, comprometendo órgãos vitais. PACIENTE MODERADO: • Hematomas e hemartroses nem sempre associados a traumatismos evidentes e não são tão evidentes. Se não tratadas adequadamente poderão evoluir com instabilidade articular, resultando em sangramentos importantes e frequentes, fazendo com que a doença se expresse de maneira mais grave do que poderia indicar o nível plasmático do fator deficiente PACIENTE LEVE: • Sangramentos ocorrem após traumas ou cirurgia. • Presença de hemartroses espontâneas nas articulações onde previamente ocorreu hemorragia pós traumática não tratada corretamente. • Nível plasmático superior a 40% não há manifestações hemorrágicas. MANIFESTAÇÕES DETALHADAS HEMARTROSE • Manifestações mais comuns dos hemofílicos, especialmente nos graves. • Articulações mais acometidas: joelhos, cotovelos, tornozelos, ombros, coxo-femorais e punhos. • Em pacientes graves surgem aos 2 ou 3 anos. • São geralmente espontâneas ou sem traumatismo evidente. • Artropatia hemofílica Sangramento mais frequente em uma das articulações. HEMATOMA • Segunda manifestação mais comum nos pacientes graves. • Espontânea ou por pequenos traumatismos. 5 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II • Pequenos e superficiais não apresentam risco, apenas desconforto local. • Pacientes graves, podem aumentar, dissecar em todas as direções e comprimir estruturas. • Não tratados adequadamente resultam em organização fibrosa, com contratura muscular. • Na faringe e retrofaringe pode ser secundário a faringite viral. • Nos músculos do antebraço podem causar paralisiados nervos mediano ou ulnar, ou contratura isquêmica da mão (Sindrome de Volkman). • No musculo íleo-psoas: Onde passa nervo femoral. De pequenos volumes causam dor de intensidade variável no quadrante inferior do abdômen à flexão da coxa. O comprometimento do nervo femoral causa dor na face anterior da coxa e, com o aumento da pressão sobre o nervo, parestesia, hiperestesia, diminuição da força muscular do quadríceps e, eventualmente, paralisia dos músculos flexores da coxa.1 A pressão sobre as fibras musculares pode levar à morte celular, com presença de leucócitos polimorfonucleares, células mononucleares fagocíticas e células imaturas do tecido conectivo, terminando com a ocorrência de fibrose. Hemorragias retroperitoniais e intraperitoniais também são comuns. SANGRAMENTOS • Gastrointestinal. A presença de sangramento gastrintestinal, na forma de hematêmese e/ou melena, não é incomum. Na maioria dos casos em que o sangramento é persistente, ou recorrente, existe uma lesão anatômica, mais comumente gastrite ou úlcera péptica, que é dez vezes mais frequente na população hemofílica,9 porém, em razão das hepatites crônicas secundárias ao vírus C, a presença de varizes de esôfago deve ser investigada • SNC O sangramento intracraniano é o evento hemorrágico mais perigoso para o paciente hemofílico, ocorrendo após traumatismos ou espontaneamente. Pode ocorrer em qualquer faixa etária, no entanto a prevalência do sangramento intracraniano apresenta dois picos, na infância, sobretudo em recém-nascidos, e após os 50 anos de idade.4,10 Os sintomas comumente surgem logo após o evento traumático, mas às vezes podem aparecer depois de dias ou semanas, principalmente nos hematomas subdurais. Todo hemofílico com cefaleia não habitual, especialmente se intensa ou com duração superior a 4 horas, deve ser investigado quanto à presença de sangramento intracraniano e, na sua suspeita, deve ser imediatamente tratado com reposição de fator seguido de avaliação com tomografia computadorizada.1,2 A punção lombar somente pode ser realizada após reposição de fator para 50% (0,5 UI/mL). • OUTROS Ferimentos superficiais, geralmente, não apresentam sangramento anormal. Os ferimentos mais extensos e profundos podem, inicialmente, não sangrar, visto que a hemostasia primária é normal. Porém, tendem a apresentar sangramento tardio, se não há tratamento de reposição adequado.1 As punções venosas, feitas cuidadosamente, não apresentam perigo; quando traumáticas, podem-se evitar complicações posteriores exercendo-se pressão no local puncionado. Injeções subcutâneas, intracutâneas e intramusculares, desde que de pequenos volumes, raramente produzem hematomas se a pressão digital é mantida por 5 minutos. Devem ser evitadas as injeções intramusculares de grandes volumes.2 HEMATÚRIA • Manifestação comum, ocorrendo em 2/3 dos hemofílicos, em geral após os 12 anos de idade. • Intensidade é variável, desde leve alteração da coloração urinária à hematúria franca, com eliminação de coágulos. • Em geral, a hematúria não se associa a alterações do sistema geniturinário, mas, se é persistente e, principalmente, pós-traumática, deve ser investigada. • Usualmente a hematúria é autolimitada, podendo persistir por dias a semanas, independentemente do tratamento de substituição com concentrado de fator. • Aparentemente, a presença de hematúria de repetição não leva à alteração significante da função renal, a longo prazo. Diagnóstico As duas doenças só podem ser diferenciadas pela dosagem específica dos fatores. Incidência da deficiência de fator IX é igual a 1/5 da hemofilia A. O diagnóstico confirmatório da hemofilia A e B baseia- se na quantificação da atividade coagulante dos fatores VIII e IX, respectivamente. A suspeita diagnóstica baseia-se na história clínica hemorrágica e/ou antecedente familiar. Diferencial As hemofilias A e B exigem diferenciação específica entre elas para o tratamento adequado. A diferenciação com a hemofilia B é feita através das dosagens dos fatores VIII e IX. 6 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II • O diagnóstico diferencial entre a hemofilia A e a doença de von Willebrand é feito através do estudo da atividade antigênica e funcional do fator von Willebrand. • As hemofilias A e B devem ser diferenciadas das outras deficiências da via intrínseca, que causam prolongamento do TTPa. • A deficiência do fator XI acomete homens e mulheres, apresentando diátese hemorrágica mais leve do que as hemofilias. • As deficiências dos fatores XII, precalicreína e cininogênio de alto peso molecular, apresentam prolongamento do TTPa, mas não cursam com manifestações hemorrágicas. • Deficiência combinada dos fatores V e VIII, há prolongamento do TTPa TP com redução dos níveis dos fatores VIII e V (ao redor de 15- 20%), não associados à doença hepática. • A hemofilia B é diferenciada da deficiência de vitamina K através da normalidade das concentrações plasmáticas dos fatores II, VII e X. Laboratorial Os testes que avaliam a via de coagulação estarão anormais, devido a deficiência do fator XIII ou XI. • Teste PFA-100, o tempo de protrombina (TP), contagem de plaquetas são normais. • Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa ou K-TTP) alterado. Depende da gravidade da hemofilia. Do reagente utilizado: 1. Pacientes com fator XIII > 20%, TTPa é discretamente prolongado ou no limite superior da normalidade. 2. Adição de volume de igual volume de plasma normal normaliza prolongamento de TTPa. 3. Presença de inibidor fator XIII ou IX a mistura do plasma teste pode não normalizar o TTPa. Incubação da mistura por 2h a 37C possa ser necessária para detectar esse prolongamento, no caso de inibidor para fator VIII. Hemofilia A • TTPA e dosagem coagulométrica do fator VIII são anormais. Hemofilia B • TTPA e dosagem coagulométrica do fator IX são anormais. Detecção de portadoras e diagnóstico pré-natal para Hemofilia A e B • Feita com sondas de DNA. A mutação especifica já conhecida pode ser identificada ou polimorfismos do fragmento com restrição de extensão dentro ou próximo ao gene do fator VIII permite que um alelo mutante a ser identificado seja rastreado. Biópsia coriônica a 8 a 10 semanas de gestação fornece DNA fetal suficiente para análise ou • Demonstração de baixos níveis de fator VIII no sangue fetal da veia do cordão umbilical. Coletado até 16 a 20 semanas de gestação por aspiração com agulha. Só é usado atualmente se o teste de DNA for inconclusivo, acontecendo em menos de 1% das portadoras. REFERENCIAS ZAGO HOFFBRAND
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