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Direito Civil Extinção dos Contratos ➔ Introdução O Código Civil/02, ao contrário de seu antecessor, sistematizou a matéria entre os seus artigos 472 a 480. Todavia, não esgotou o tema, que carece de esclarecimentos doutrinários. A melhor doutrina destaca 04 formas básicas de extinção dos contratos, das quais decorrem as demais: • Extinção normal do contrato; • Extinção por fatos anteriores à celebração; • Extinção por fatos posteriores à celebração; e • Extinção por morte. Uma vez extinto o contrato, em regra, não há o que se falar em obrigações dele decorrentes. Todavia, a boa-fé objetiva ainda persiste, de modo que a não observância de um dever anexo poderá ensejar responsabilidade civil pós-contratual ou post pactum finitum. ➔ Extinção normal dos contratos: Ocorre pelo cumprimento da obrigação. É o que ocorre, por exemplo, quando é pago o preço, quando chega o termo final (desde que as obrigações tenham sido cumpridas) etc. ➔ Extinção por fatos anteriores à celebração: São três casos específicos, todos ligados à problemas de formação do contrato (plano da validade) ou à autonomia privada. a) Invalidade contratual: É o caso dos contratos nulo ou anuláveis. b) Cláusula de arrependimento1: Trata-se de hipótese em que os contratantes estipulam, no próprio contrato, que o negócio será extinto, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer um deles se arrepender (cláusula de arrependimento). c) Cláusula resolutiva expressa: Por meio desta cláusula, as partes convencionam que um evento futuro e incerto (condição) extinguirá o contrato. Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. ➔ Extinção por fatos posteriores à celebração a) Conceitos importantes: Toda vez em que ocorre extinção do contrato por fatos posteriores à celebração, tendo uma das partes sofrido prejuízo, fala-se em rescisão contratual (gênero), cuja ação competente é a ação de rescisão contratual. A rescisão contratual comporta 02 espécies: 1 A cláusula de arrependimento não se confunde com o direito de arrependimento de origem legal. 1. Resolução: Extinção do contrato por descumprimento; 2. Resilição: Dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admitida por lei, pelo reconhecimento de um direito potestativo b) Resolução: Trata-se da extinção do contrato pelo descumprimento, apresentando-se em 04 hipóteses: 1. Inexecução voluntária: Relaciona-se com a impossibilidade da prestação por culpa/dolo do devedor. Nos termos dos arts. 389 e 390 do CC, a inexecução culposa sujeitará a arte inadimplente ao ressarcimento pelas perdas e danos sofridos. 2. Inexecução involuntária: Ocorre por fato alheio à vontade dos contratantes, situação em que estará caracterizada a resolução por inexecução involuntária, isto é, caso fortuito ou força maior. Nesse caso, a parte prejudicada não poderá pleitear perdas e danos, sendo tudo o que foi pago devolvido e retornando a obrigação à situação primitiva (resolução sem perdas e danos). HIPÓTESES EM QUE O DEVEDOR RESPONDE POR CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR Se o devedor estiver em mora, a não ser que prova ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso – art. 399 do CC Havendo previsão contratual (cláusula de assunção convencional) – Art. 393 do CC Em casos especificados em norma jurídica como, por exemplo, no art. 583 do CC. 3. Resolução por onerosidade excessiva: Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Enunciados importantes do CJF/STJ 175: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às conseqüências que ele produz. 176: Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual. 366: O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação. 365: A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração das circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. Enunciado 376, CJF/STJ: Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo eqüitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada sua vontade e observado o contraditório. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. Embora a doutrina majoritária entenda que o art. 480 do CC seja aplicável aos contratos unilaterais puros (doação, mútuo, comodato e depósito), o dispositivo se refere aos negócios em que uma das partes já cumprir com sua prestação, restando apenas à outra parte o dever jurídico obrigacional. 4. Cláusula resolutiva tácita: Trata-se de cláusula que decorre da lei e que gera a resolução do contrato em decorrência de evento futuro e incerto, em regra relacionado ao inadimplemento. Por decorrer da lei, necessita de interpelação judicial para gerar efeitos, conforme determina o art. 474 do CC. A título de exemplo, cita-se a exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), prevista no art. 476 do CC • Inadimplemento antecipado (Exceptio non rite adimpleti contractus): Pela teoria, prevista no art. 477 do CC, se uma das partes perceber que há risco real e efetivo, demonstrado pela realidade fática, de que a outra não cumpra com a sua obrigação, poderá antecipar-se, pleiteando a extinção do contrato antes mesmo do prazo para cumprimento. A norma ordena que a parte busque garantias para o cumprimento, para então depois pleitear a resolução. Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. c) Resilição: Exercício de um direito potestativo. 1. Resilição bilateral ou distrato: Prevista no art. 472 do CC, efetiva-se mediante a celebração de um novo negócio em que ambas as partes querem, de comum acordo, pôr fim ao anterior que firmaram. O distrato deve seguir a mesma forma exigida para o contrato que visa extinguir. Com relação à forma, vale colacionar a justificativa do Enunciado 584 do CJF/STJ: O art. 472 do Código Civil não dispõe que o distrato deva obedecer a forma utilizada, por livre decisão das partes, para a celebração do contrato originário, mas sim que deva ser implementado "pela mesma forma exigida para o contrato" originário.(…). 2. Resilição unilateral: Decorre de previsão legal, representando o exercício de um direito potestativo. Por tal motivo, em regra, não enseja responsabilidade civil. • Denúncia vazia: Cabível na locação regida pelo CC e de imóvel regida pela Lei 8.245/91. Findo o prazo, extingue-se de pleno direito o contrato celebrado entre as partes, sem qualquer motivo para tento. É possível utilizar o termo denúncia igualmente para o contrato de prestação de serviços. • Revogação: Espécie de resilição unilateral cabível quando há quebra de confiança nos pactos em que esta é fator predominante. • Exoneração por ato unilateral: É cabível por parte do fiador, na fiança por prazo indeterminado. Ver art. 835 do CC. Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. ➔ Extinção pela morte de um dos contratantes: Ocorre quando uma parte assume uma obrigação intuitu personae, sendo denominada cessação contratual. ➔ Dispositivos legais: CAPÍTULO II Da Extinção do Contrato Seção I Do Distrato Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. Seção II Da Cláusula Resolutiva Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Seção III Da Exceção de Contrato não Cumprido Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Seção IV Da Resolução por Onerosidade Excessiva Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
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