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Principais características da Primeira e Segunda Revolução Industrial na obra de Tamás Szmrecsányi

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SZMRECSÁNYI, T. (2001) Esboços de História Econômica da Ciência e da Tecnologia. In Soares, L. C. Da Revolução Científica à Big (Business) Science. Hucitec/Eduff, p. 155-200.
						Resumo
	O texto do autor tem como objetivo destacar aspectos da evolução da Ciência e Tecnologia e sua relação com o desenvolvimento econômico dos países industrializados da Europa e América do Norte, em um período que tange o final do século XIX e início do século XX. Para isso, o autor destaca no começo do texto que irá utilizar de uma abordagem “externalista” para destacar a relação entre progresso científico, progresso técnico e progresso econômico. 
O capítulo está dividido em três partes. Na primeira, o autor discute o desenvolvimento e impactos da Primeira Revolução Industrial na sociedade. Já na segunda, ele destaca a profissionalização da pesquisa e sua influência direta para o desenvolvimento da Segunda Revolução Industrial. Por fim, ele aborda as nuances da Segunda Revolução Industrial em si. Entretanto, o autor nunca deixa de mencionar como o progresso científico e o desenvolvimento técnico passaram a evoluir em cada uma das etapas da crescente evolução da economia capitalista. Exposto isso, partirmos para o resumo. 
Szmrecsányi explica que é preciso analisar até que ponto as mudanças provocadas por esse processo de Revolução Industrial realmente revelaram-se significativas e revolucionárias para o seu entorno. Ou seja, além das questões econômicas, é preciso que o processo gere transformações nos aspectos sociais, políticos e culturais de uma sociedade. Ainda na introdução da primeira parte do capítulo, o autor argumenta que a Primeira Revolução Industrial não foi uma revolução científica nem tecnológica baseada nas ciências, mas que isso não impediu que esse evento desempenhasse um papel decisivo no progresso das ciências e das técnicas. Para ele, a partir da Primeira Revolução Industrial, houve a vitória do capitalismo e da burguesia sobre os sistemas econômicos e sociais pré-existentes, bem como sobre as forças políticas vinculadas ao Antigo Regime. 
A partir disso, o autor começa a descrever as principais características encontradas nesse período. Primeiramente, observou-se a transição de uma economia agrária de trabalho humano para uma economia industrial mecanizada. Em seguida, pode-se encontrar a substituição da energia humana e animal por energias inertes, como o carvão, por exemplo. E, por fim, o autor aponta para a utilização e obtenção de novos materiais, produtos e processos, principalmente nas indústrias químicas e mecânicas. 
Portanto, essas mudanças nos processos de produção geraram transformações institucionais na organização da produção manufatureira. A princípio, a produção deixou de ser artesanal de caráter local e passou a ser mecanizada em um espaço destinado apenas à essa atividade. O sistema putting out system encontrado nas produções familiares, coordenado por pequenas famílias e controlado pelo capital comercial, viu-se em uma sinuca devido ao aumento das demandas no mercado consumidor. Além disso, a mão-de-obra teve seu custo elevado e a produção começou a sofrer desequilíbrios internos e isso gerava a queda dos lucros no estágio final. Além disso, os comerciantes - provedores das matérias-primas - estavam perdendo o controle da produção. A partir de todos esses fatores, a ideia das fábricas era reunir esses produtores diretos em um estabelecimento de produção específico, fechado, equipado e onde a produção poderia ser vigiada e disciplinada, tornando-se, consequentemente, mais mecanizada. 
Logo, esses novos espaços possuíam apenas um dono - empregador/capitalista - convertendo-se em espaços de controle. Os empregados não tinham poderes e apenas vendiam sua força de trabalho em troca de salários. Suas produções passaram de individuais para tornarem-se facilmente substituíveis coletivamente. Além disso, o autor aponta que além da universalização do salário, essa estrutura submete os trabalhadores ao controle patronal e à disciplina fabril. O patrão/capitalista, são vistos, segundo o autor, como os agentes promotores dessas mudanças nas estruturas produtivas. Portanto, a fábrica passou a ser a representante dessas significativas mudanças nas estruturas produtivas e cotidiano do trabalho e marcou a mudança do capitalismo mercantil para um capitalismo industrial. 
E como se deu a consolidação desse modelo de produção? Segundo o autor, esse modelo já podia ser encontrado na manufatura do algodão, ou seja, na indústria têxtil, considerado o primeiro exemplo de indústria moderna. Isso se deu por conta do algodão ser o principal produto britânico devido, primeiramente, a sua elasticidade na produção e a sua fácil comercialização. Além, claro, de constituir um mercado internacional colonial muito importante, pois o tráfico de escravos era um mercado crescente e aumentava conjutamente com a comercialização do algodão. Devido a isso, a produção industrial têxtil localizava-se em regiões portuárias, como Liverpool, por exemplo. Entre os anos de 1760 e 1785 a produção da indústria têxtil na Grã-Bretanha aumentou 1000%. E seu aumento se deu devido ao aumento das inovações tecnológicas sobre os processos de produção. O ano de 1760 já apresentava uma produção mais mecanizada e um quarto de século depois, já estava parcialmente concentrada nas fábricas.
Outro produto principal para o período de transição produtiva foi o carvão. O desenvolvimento da indústria não se limitou apenas ao algodão. Segundo o autor, o carvão foi o responsável pelo rápido desenvolvimento da indústria, pois possibilitou o surgimento da máquina a vapor que era mais resistente e produtiva. Além disso, a combinação desses dois, carvão e máquina a vapor, descentralizou e tornou independente a produção das fontes da natureza, o que acabou contribuindo para a diversificar a produção e revolucionar os meios de transportes, em especial o navio e o trem. Além disso, serviu de alternativa à madeira para aquecimento residencial. Ademais, a produção a partir do carvão permitiu a otimização do tempo e tornou-se menos custosa. Portanto, junto ao algodão, o carvão foi um dos motores da Primeira Revolução Industrial. 
Com esse aumento das produções, as fábricas britânicas se tornaram símbolo do poderio industrial. Contudo, é preciso atentar para que esses processos não se deram de forma espontânea. Essas ações foram graduais e evolutivas resultado, sobretudo, de fatores econômicos e sociais - até os dias atuais não preencheram totalmente a cadeia produtiva. Além disso, é preciso destacar a emergência e o crescimento das cidades e todos os problemas e planejamentos que esse fator gerava de, como, por exemplo, administrar e ordenar os novos espaços e moradores. E, também, há o surgimento de novas classes sociais, sobretudo as classes mais pobres compostas por trabalhadores - os proletários - ligados, inevitavelmente, às fábricas, que simbolizavam as mudanças nas relações de trabalho. 
Por fim, nessa primeira parte do capítulo, o autor questiona o porquê da Grã-Bretanha ser o símbolo e berço da Primeira Revolução Industrial. Segundo ele, o país já possuía uma diversidade econômica e sua produção rural já havia sofrido modificações que transformaram os modos de produção, e em meados do século XVIII, foi realizada uma reforma política que desembocou na formação de um regime liberal e parlamentar sensível às questões econômicas e sociais. Assim como a consolidação da propriedade e iniciativas privadas como objetivos das políticas governamentais. Para o autor, o espírito burguês predominava em todas as classes da sociedade britânica. 
	Além do mais, o país possuía instituições financeiras eficazes e infra-estrutura de transporte e comunicação bem desenvolvidas para a época. E há também a questão geográfica que favorecia o comércio internacional e interno - tendo nas relações coloniais fortes fontes de lucro e um grande incentivo para o investimento no estrangeiro por parte de seus empresários locais. Por fim, dominavam os serviços de transportee seguros marítimos, as telecomunicações e a intermediação financeira. 
	No entanto, mesmo diante de todos esses domínios, nem essa tecnologia, e muito menos sua mudança através do tempo estavam ancoradas nas ciências. Mas, como o autor apontou no início do capítulo, foi a partir do progresso técnico e desenvolvimento econômico durante esse período da Primeira Revolução Industrial, que o progresso científico e o desenvolvimento tecnológico evoluíram e tornaram-se auto-sustentáveis. A partir disso, o autor passa a expor como se deu o desenvolvimento das ciências e tecnologias modernas baseados nessa evolução dos processos produtivos encontrados na Primeira Revolução Industrial. 
	Nessa segunda parte do capítulo, Szmrecsányi considera o período que vai do final do século XVIII ao início do século XX, a época da formação das ciências e tecnologias modernas. Com isso, o objetivo é mostrar como se deu o processo de evolução desses dois aspectos na França, Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos. São casos semelhantes, mas que possuem suas particularidades contextuais. 
	Para o autor, como vimos anteriormente, até o término da Primeira Revolução Industrial, as ciências e a tecnologia permaneceram separadas entre si, mas que com a evolução dos meios de produção e geração de novos produtos, essa situação foi se modificando. Um exemplo, citado pelo autor, dessa fusão entre o técnico e o científico seria a invenção do dínamo e o aparecimento da indústria de máquinas elétricas. Isso se deveu, segundo o autor, além do desenvolvimento já mencionado, à transformação dos cientistas e engenheiros em profissionais autônomos cujas funções passaram a ser socialmente reconhecidas e remuneradas. Ou seja, as Ciências e Tecnologias como atividades autônomas e exercidas por especialistas. E como se deu a materialização desse processo que elevou as funções das ciências e técnicas na sociedade? 
	O período que abrange do Renascimento à Revolução Científica, ou seja, dos séculos XVI e XVII, época da “Ciência Moderna”, foi o responsável pelo estabelecimento de características e métodos, assim como teorias e paradigmas fundamentais. Mas foi, a partir dos anos 1870, que se confirmou o aperfeiçoamento da ciência contemporânea como conhecemos hoje. O período intermediário até essa data, pode ser considerado “clássico” e de transição para novas dinâmicas e produções de conhecimentos científicos e técnicos que viriam a se tornar presentes na vida econômica e social dos países mais desenvolvidos.
E essa evolução do pensamento técnico-científico pode ser creditado parcialmente às universidades. Essas instituições permitiram, segundo o autor, a consolidação de profissionais especializados. E isso se deu devido ao sistema de exames mais criteriosos e certificados instituídos por essas instituições de ensino. Além disso, esses espaços permitiram uma troca de experiências entre os pesquisadores, o que acabou resultando na consolidação de novas Associações de Pesquisadores, assim como o questionamento por parte desses agente/grupos ao papel das Academias de Ciências criadas e/ou mantidas pelo Estado em muitos lugares da Europa a partir do século XVII. 	
Além do mais, segundo o autor, o século XIX representou a era de especialização técnica e profissional. Houve uma maior difusão da literatura científica e tecnológica por meio de periódicos especializados, obras, manuais, dentre outros. Essas atitudes marcaram a tentativa de uma popularização das ciências e técnicas. Um exemplo maior, citado pelo autor, se dá no momento em que há a introdução de novas disciplinas no ensino primário e secundário, bem como a promoção de debates e conferências. Mas, segundo o autor, o sucesso mais notável da ciência e da técnica se deu na vida prática cotidiana. Ele cita alguns exemplos, como: a estrada de ferro; a iluminação à gás; o telégrafo, etc. Coisas que garantiam a simbologia do poder, da riqueza e da modernidade. Bem como, ridicularizava crenças religiosas e superstições, e também, teorias como o Positivismo e o Cientificismo. 
A partir disso o autor aborda, brevemente, os processos em cada um dos países citados. Inicialmente o autor comenta da França. Começa falando que o país recuperou o prestígio científico e manteve desde finais do século XVIII até três décadas do século seguinte. E que houve uma intensa criação de instituições de educação e pesquisa, com grandes e influentes figuras no mundo científico. Ademais, os franceses tiveram seu modelo de pesquisa virou referência e foi copiado em outros países. No entanto, o país não conseguiu competir com a Grã-Bretanha que dominou os processos técnicos da Primeira Revolução Industrial. 
A seguir, o autor aborda as especificidades da Grã-Bretanha. O país já possuía suas sociedades científicas, mas mudanças mais significativas só vieram no final das Guerras Napoleônicas, em 1815, com a criação das Universidades de Londres e Durham. A partir desse período, passaram a ser aceitas atividades técnicas e científicas em instituições de renome, como Cambridge. Entretanto, as atividades ainda não eram permitidas em Oxford. Além disso, surgiram inúmeros pesquisadores britânicos que viraram referência por promoverem rupturas fundamentais para o desenvolvimento do pensamento científico no país. 
Na Alemanha, houve o apoio de grandes empresas e do Estado para a consolidação de instituições de pesquisa. Além disso, houve uma reforma no sistema universitário do país que permitia a todo cientista de valor transformar-se em professor. Essa medida acabou por difundir mais horizontalmente o conhecimento técnico-científico entre outras camadas da população. Além disso, houve a fundação de Escolas Politécnicas que tinham uma visão mais prática da ciência e, com isso, eram mais próximas das questões sócio-econômicas. Por fim, o autor aborda a criação de centros de pesquisas por grandes cientistas. Os cursos alemães eram referência na Europa e suas instituições/centros serviam de modelo para outros países e para o próprio aperfeiçoamento interno da pesquisa no país. 
O último país abordado pelo autor são os Estados Unidos. Nesse país, houve a forte influência de empresas privadas, que criaram seus próprios centros de pesquisas. Ademais, houve o crescimento e incentivo para que as “profissões úteis” pudessem ser a maioria. Um exemplo era a Engenharia Civil que simbolizava um possível crescimento rápido do país a partir de obras grandes e significativas ao progresso e expansão do país. Essa mentalidade fez com o que o terreno fosse fértil para a criação de Escolas Técnicas. Houve o incentivo do Estado por meio do Morril Act que cedeu terrenos para as cidades construírem Escola Técnicas. Sempre focando nas profissões de engenheiro e agrônomo. 
Além disso, o autor cita o forte papel da agronomia e da criação de animais para o país. Por outro ato, o Hatch Act, criaram-se estações de pesquisa especializadas em agronomia e criação de animais. Por fim, o autor frisa a questão de haver no país indústrias com os próprios laboratórios que buscavam o desenvolvimento de novos produtos. Dado característico que está presente na Segunda Revolução Industrial e que consolida a pesquisa científica no processo de produção. 
Finalmente chegando à última parte do capítulo, o autor trata da Segunda Revolução Industrial, suas características e impactos sociais, econômicos, políticos e culturais. Para ele, esta se deu em um período de cinco décadas entre 1870/1880 e 1920/1930 e está em curso até hoje em alguns países e em outros nem começou. 
O autor busca destacar nesta parte a forte presença da pesquisa científica para a produção de novos produtos. Sendo a característica principal desse período, a pesquisa esteve presente nas origens de um importante material que surgiu em meados do século XIX: o aço. Esse novo produto foi uma das principais matérias-primas para a fabricação da maior parte dos bens do capital e que aumentou a produção e evolução dos processos produtivos. As vantagens do aço eram inúmeras, dentre elas estavam: a resistência efácil manipulação. Era um produto que estava presente em pequenas quantidades em armas e aparelhos de precisão. No entanto, em larga escala, seu uso era inviável pois o valor de compra era alto. 
A partir desse fator, o autor expõe as alternativas encontradas para que se pudesse utilizar esse material, todas partindo de experimentos científicos. A primeira tentativa foi de Henry Bessemer, em 1856. O engenheiro patenteou seu processo de fabricação do aço baseado na injeção de oxigênio no metal em fusão. Isso fez com que o preço do aço baixasse para 7 libras por tonelada. Houveram outros procedimentos em diversos países, sobretudo os já citados. O resultado desses experimentos ajudaram a aumentar a produção de 385 mil para 32 milhões de toneladas, tendo a Alemanha como central nas produções desse minério. 
A Alemanha ganhou destaque devido aos recursos naturais que possuía em seu território. O mesmo ocorreu com os Estados Unidos. Donos de enormes jazidas de minérios na região dos Grandes Lagos, a produção desses países aumentou consideravelmente nos períodos pré século XX, o que permitiu o desenvolvimento de uma indústria mecânica muito produtiva aliada ao avanço das ciências e técnicas. 
	E assim como no aço, Alemanha e Estados Unidos, rivalizavam diretamente pela produção de equipamentos e materiais elétricos. A produção, na época, era dominada por quatro empresas: AEG e Siemens, na Alemanha. GE e Westinghouse, nos Estados Unidos. Com isso, a partir de agora, o autor começa a desenvolver os impactos gerados pela energia elétrica, sobretudo nos Estados Unidos. 
A difusão da energia elétrica provocou mudanças na localização de diversas atividade produtivas, na capacidade de produção de numerosos ramos de atividades, de regiões e de países, bem como nos fluxos das trocas internacionais. Contudo, essa adoção não foi imediata, tendo a energia que vencer as antigas fontes de energia já existentes. A vitória se deu devido a redução de seus custos de produção e distribuição, mas dependendo também da resolução de inúmeros problemas técnicos como a sua geração térmica e hidroelétrica e a sua transmissão, sobretudo a longas distâncias, um problema presente até hoje. 
A expansão da produção de eletricidade foi um dos motores do crescimento econômico dos EUA durante os primeiros decênios do século XX, e teve início em 1895 com a utilização das Cataratas do Niágara para fins energéticos. Segundo o autor, esse crescimento da energia elétrica pode ser comparado com o boom das estradas de ferro, no século passado. Além disso, a utilização da energia elétrica permitiu o aparecimento e a expansão das indústrias do cobre e do alumínio, e as de celulose e papel. Sendo esses os resultados mais visíveis e imediatos da implementação da energia elétrica. 
Mas, além desses feitos, podemos afirmar que foi nas cidades, que as pessoas sentiram de forma prática essa nova tecnologia. Houve a implantação da iluminação pública e privada, além da utilização em novos transportes como o bonde, as estradas de ferro suburbanas e, posteriormente, o metrô. A implantação do bonde se deu no ano de 1887 e, vinte anos depois, já havia 35 mil quilômetros de linhas. O que contribui, segundo o autor, para descentralizar as cidades norte-americanas e para criar investimentos de capitais excedentes. 
Em seguida, antes de voltar a esse debate sobre a energia elétrica, o autor aborda outra indústria crescente nesse período: a Indústria automobilística. Segundo ele, a principal inovação não se deu devido aos produtos finais - os carros -, mas sim ao seu modo produtivo, nos processos de produção em série, que receberam o nome de fordismo. É preciso assinalar, ainda segundo o autor, que esse modo, inicialmente, teve um caráter comercial e que só posteriormente foi implantado no processo de trabalho e que atualmente vem sendo extinto aos poucos. 
Segundo Schumpeter, a indústria automobilística foi a solução empresarial para uma melhor utilização, não somente dos recursos disponíveis, mas também da tecnologia existente. Tendo, além disso, e sendo a sua contribuição específica fundamental baseada na linha de montagem, que permitiu a fabricação em massa de produtos que incorporavam vários componentes, de bens de consumo importantes e duráveis, cujos preços passaram a estar ao alcance de numerosos consumidores. Ademais, havia a consequência nas relações de trabalho que giravam em torno do aumento substancial dos salários para reduzir o turnover dos operários e das relações de mercado de concorrência através da baixa também substancial dos preços de venda dos produtos. 
Segundo o autor, a mecanização da produção era intensa, rápida, porém monótona. E funcionou muito bem enquanto as tendências do consumo acompanhavam as da produção. Além disso, a maneira com que era realizada, revelou uma certa independência de instituições financeiras por parte dos capitalistas. Utilizava-se de uma nova maneira de financiar a produção, pela compra a crédito dos insumos e pela venda à vista dos produtos acabados. Assim o fabricante comprava as peças e pagava apenas depois de um prazo com o dinheiro da venda do produto final - o carro. Havia os pagamentos a prazo. Logo, os fabricantes não precisam pedir dinheiro emprestado aos bancos, era-lhes suficiente obter crédito junto a seus fornecedores. Tratava-se de uma venda direta aos consumidores finais que com o tempo passaram a ser feitas por comerciantes especializados. 
	Mas, como destaca o autor, os carros já eram fabricados anteriormente, desde 1880, particularmente na França e na Alemanha. Na Alemanha, nomes como Daimler e Benz, foram pioneiros e responsáveis pela origem dos carros da Mercedes. A produção norte-americana só iniciaria no decênio seguinte através das iniciativas de empresários como R. E. Olds e A. Winton, que formaram uma série de firmas individuais. Ao final do século XIX, já haviam 8,6 mil automóveis registrados nos EUA, cuja produção em massa se originou nas oficinas de Olds, em Detroit, com a fabricação de 4 mil veículos por ano. A Ford só lançou sua produção três anos mais tarde, com um capital de 100 mil dólares e, além de carros, essas duas produziam caminhões e ônibus. 
Em 1908 a General Motors é criada e se torna a principal concorrente da Ford, pois permitiu a entrada dos banqueiros num ramo industrial muito lucrativo que até então lhes havia escapado. Além de ser o ano do início da produção em massa da Ford. Entre 1909 e 1914 a produção aumentou significativamente, o que foi facilitado também pela padronização das peças e dos componentes, bem como a redução dos custos de produção. 
Foi nesse período, mais precisamente dos anos de 1913/1914, que apareceu o fordismo propriamente dito. A produção da Ford aumentou graças ao modelo T, que atingiu 300 mil unidades em 1914, e mais de 2 milhões em 1923. Comparado aos números anteriores, que giravam na casa dos 573 mil, de veículos em geral, a produção expandiu a níveis absurdos. E isso em um contexto de alta nos preços, período que presenciou a Primeira Guerra Mundial. 
Logo, o modelo da linha de montagem foi imitado por seus concorrentes e pelos fabricantes de bens de consumo duráveis. Paralelamente, os salários pagos aos operários da Ford, como também os das outras empresas, elevaram os rendimentos da força-de-trabalho, sobretudo na região de Detroit. Tudo isso contribuiu para o que David Hounshell chamou de ethos da produção e do consumo de massa. Ideologia que se viu ameaçada na crise de 1929, mas que foi um dos principais pilares da economia pós Segunda Guerra. 
Mas, antes mesmo desses dados, a indústria automobilística nos EUA já possuía números expressivos no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. Seu volume de negócios atingia anualmente a cifra de 211 milhões de dólares. Além disso, os efeitos multiplicadores foram gigantes: a criação de novas empresas fornecedoras de peças, componentes e acessórios. O crescimento da produção de carros aumentou a demanda não somente do aço, da borracha e dos produtos petrolíferos, mas propiciou a construçãode estradas, de garagens e de habitações suburbanas e rurais. Durante os anos 20, a Indústria Automobilística liderou a economia norte-americana. 
	Essa liderança se deu, segundo o autor, devido a clientela inovadora para qual era destinada essa produção: consumidores da classe média, começando pelos operários e funcionários especializados. Os bens de consumo duráveis cessaram de ser considerados itens luxuosos e se tornaram mais acessíveis à maior parte da população. Entretanto, essa revolução encontrou seus limites fazendo com que a Ford buscasse alternativas para sua comercialização. A produção tinha se tornado superior à demanda, o que acabou ocasionando enormes estoques. Nesse período, antes da crise do capitalismo contemporâneo, a GM implantou novas estratégias de produção e comercialização, efetuando ações de marketing e publicidade, ligadas ao princípio da obsolescência programada e da mudança anual dos modelos, multiplicação destes e a diferenciação dos preços, o que fez a montadora liderar o mercado do país nos anos trinta. 
	Com isso, o autor volta ao debate acerca da energia elétrica dando um foco maior à empresa GE, de Thomas Edison. A utilização da energia elétrica nas indústrias norte-americanas levou cerca de meio século de 1880 a 1930. Inicialmente, a adoção desse tipo de energia contribuiu para a redução na quantidade de energia necessária à movimentação das máquinas e equipamentos existentes e, para dar origem a máquinas mais eficazes e mais especializadas, com vistas a obter mais volume de produção por unidade, de capital e matérias-primas. Os motores elétricos permitiram a descentralização da produção, mais compactos e podiam alimentar diversas máquinas em diversos lugares. Além disso, dispensavam um trabalho humano necessário em outros meios. 
A General Electric foi a principal fabricante desses motores elétricos nos Estados Unidos. E que no final do século XIX cresceu o interesse pela pesquisa científica e tecnológica na empresa, pois, a competitividade estrangeira estava aumentando, algo que preocupava o futuro desta empresa, principalmente no mercado de lâmpadas. Além de outras empresas estarem apostando nas pesquisas. Com isso, a GE chamou o químico Willis Whitney para dirigir o seu laboratório interno. O resultado disso tudo foi o desenvolvimento da gem lamp, lâmpada com filamento de carbono metálico, colocada à venda a partir de 1905 e cuja eficácia era de 20 a 50 por cento superior à das lâmpadas de filamentos comuns.
Entretanto, esse avanço foi superado na Alemanha. Devido ao alto custo da energia elétrica no país ocorreram inúmeras pesquisas para tornar mais barato o seu uso. Com isso, criou-se a lâmpada com filamento de tântalo, desenvolvida pela Siemens, em 1903. Essas concorrências geraram alguns milhares de dólares a GE que passou a comprar os direitos de patente, o que acabou ameaçando a existência do laboratório que foi criado exatamente para isso. 
A partir de 1906, a GE, com ajuda de William Coolidge, desenvolveu o filamento de tungstênio, utilizado até hoje nas lâmpadas da marca, o que fez com o que os lucros e a produção crescessem. Além desse crescimento, devido ao laboratório, a GE levou a bom termo outros projetos importantes, nos domínios dos raios X, da produção de válvulas e de outros componentes eletrônicos. E, durante a Primeira Guerra, prestou serviços ao esforço de guerra dos EUA. 
O laboratório tornou-se uma divisão da empresa e suas atividades começaram a ser amplamente divulgadas pela Companhia, para mostrar o interesse que ela tinha pelo progresso técnico e científico. Esses dados históricos permitem-nos levantar algumas considerações sobre as relações, na época, entre os progressos da ciência e da tecnologia, e entre estes últimos e o desenvolvimento econômico e social. Essa relação ainda era muito lenta e complexa e não se tinha tornado direta. Exigindo, às vezes, a criação de novas disciplinas e de novos ramos técnicos para garantir a obtenção dos efeitos desejados. Foi o caso, por exemplo, da Engenharia Química, que permitiu acelerar a transição das descobertas e invenções em inovações e em produtos comercializáveis. 
Mesmo sendo os casos de exploração e expansão das fronteiras tecnológicas bastante rudimentares, foram importantes, subjacentes ao progresso técnico, pois, além de conduzirem ao aprofundamento dos conhecimentos e das práticas, resultaram em um desenvolvimento econômico bastante sólido. Com isso, as empresas perceberam que, em termos de competitividade, trazer estudos com base cientifica, lhes permitiam a apropriação de novas tecnologias e vantagens no mercado consumidor. 
Por fim, a Segunda Revolução Industrial, diferentemente da Primeira Revolução Industrial, realizou-se a partir e em torno da tecnologia, principalmente da tecnologia com base científica. O progresso das ciências revolucionou as técnicas de produção, enquanto que a integração dos conhecimentos científicos aos processos produtivos trouxe vantagens competitivas decisivas. Para o autor, a competitividade fez progredir de maneira importante a tecnologia industrial no sentido de uma crescente precisão das ferramentas e das máquinas, e de padrões sempre mais exigentes para as matérias-primas e outros bens de produção. Todos esses elementos acabaram por influenciar o desenvolvimento científico, que se tornou, hoje em dia, totalmente dependente do acesso aos instrumentos, aos materiais e aos conhecimentos técnicos mais avançados.

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