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Literatura infantil e juvenil

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Unidade 1
Livro Didático 
Digital
Glória Freitas
Literatura 
Infantojuvenil
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autora 
GLÓRIA FREITAS
A AUTORA
Glória Freitas
Olá. Meu nome é Glória Freitas. Sou graduada em Pedagogia, com 
mestrado e doutorado na área de educação, com diversas experiências 
técnico-profissionais, na área de Educação, desde 1984, percorrendo 
inicialmente pela Educação Básica (na Educação Infantil e no Ensino 
Fundamental I) em Escolas, posteriormente lecionando em formações 
docentes em Organizações Governamentais e Não Governamentais 
(ONG’s e OSCIPs), e a partir de 1990, lecionando os fundamentos e 
metodologias de ensino, na Formação Docente Inicial e Pós-Graduação, 
no Ensino Superior, em Universidades Públicas e Particulares, em São 
Paulo, Paraná, Ceará, Rondônia e Maranhão. Sou apaixonada pelo que faço 
e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando 
em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a 
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! 
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Trajetória histórica da literatura infantojuvenil no mundo ....... 12
Origem da palavra literatura na atual literatura infantojuvenil ....................... 12
Origem indiana da literatura infantojuvenil ocidental ........................................... 15
Origem da literatura infantojuvenil ocidental............................................................. 20
Trajetória histórica da literatura infantojuvenil no Brasil ..........24
A influência da colonização portuguesa na trajetória histórica da literatura 
infantojuvenil .....................................................................................................................................24
Trajetória histórica da literatura infantojuvenil brasileira ................................... 30
Primeira fase: do final do século XIX ao início do século XX........ 31
Terceira fase: 1946 a 1960 - período democrático ............................. 36
Quarta fase: de 1970 até 1989 - da Ditadura Militar aos tempos de 
redemocratização ........................................................................................................37
Função da literatura infantojuvenil .....................................................42
Análise das obras infanto-juvenis a partir das teorias 
estudadas .......................................................................................................48
9
LIVRO DIDÁTICO DIGITAL
UNIDADE
01
Literatura Infantojuvenil
10
INTRODUÇÃO
Olá. Seja muito bem-vindo (a) à disciplina Literatura Infantojuvenil. 
Você estudará, nesta unidade 1, a origem e a função da literatura 
infantojuvenil, a sua trajetória histórica, no Brasil e no mundo, desde 
sua origem até os dias de hoje, conhecendo detalhes da importância 
da literatura desde os tempos medievais. Aprenderemos sobre como 
os colonizadores portugueses trouxeram ao Brasil antigas produções 
medievais e que até hoje podem ser encontradas no nosso país. O 
próximo passo é aprender e ser capaz de definir a função da Literatura 
infantojuvenil, questionando os verdadeiros lugares que a literatura 
destinada as crianças, adolescentes e jovens possuem na vida 
contemporânea. Por fim, você entenderá elementos necessários para um 
professor analisar obras infanto-juvenis, apoiando e aplicando as teorias 
estudadas. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar 
neste universo!
Literatura Infantojuvenil
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Identificar a trajetória histórica da literatura infantojuvenil desde 
sua origem até os dias de hoje, no mundo;
2. Identificar a trajetória histórica da literatura infantojuvenil desde 
sua origem até os dias de hoje, no Brasil;
3. Definir a função da Literatura infantojuvenil;
4. Analisar obras infanto-juvenis aplicando a teoria estudada.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Literatura Infantojuvenil
12
Trajetória histórica da literatura 
infantojuvenil no mundo
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar a 
trajetória histórica da literatura infantil desde a sua origem até 
os dias de hoje, no mundo. E, ainda, será capaz de definir a 
função da literatura infantojuvenil. Isto será fundamental para 
a sua compreensão sobre o legado que a humanidade nos 
ofereceu, com encantadoras obras para serem oferecidas as 
crianças e aos jovens. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Origem da palavra literatura na atual 
literatura infantojuvenil
Você já conhece bem a palavra literatura? Já leu, provavelmente, 
os livros recomendados pelos professores que preparam alunos para 
o ENEM ou leu fragmentos, contos, poemas ou até resumos de alguns 
famosos livros, pertencentes ao acervo fabuloso da literatura universal. 
Pode ter lembranças de aulas de literatura, nos idos anos de sua formação 
escolar. Poderá até afirmar que não gostava de ler até o momento em que 
um determinado livro chegou às suas mãos, ou mais recentemente se 
deparou em alguma Biblioteca Online e leu um e-Book que desencadeou 
seu prazer com relação ao ato de ler. 
É verídico afirmar que nós, os brasileiros ainda apresentam baixa 
performance na leitura. Isso é revelado, na pesquisa realizada em 2016, 
por ocasião da 4.ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 
conduzida pelo Instituto Pró-Livro. Quando o esperado por tal instituto era 
um ativo leitor que lesse a cada três meses um livro, eis que a realidade 
imposta sobre o solo brasileiro revela que a média de leitura por habitante 
Literatura Infantojuvenil
13
do nosso país é de 2,43 livros por ano. Qual é a sua média de leitura por 
mês? 
Estas e outras questões sobre a Leitura nos remete a pensar em 
Literatura. Tratamos de ler e isso remete a palavra Literatura. Mas afinal o 
que a etimologia desta palavra esclarece aos leitores? Na origem latina, da 
palavra Literatura, encontramos “litteris” que significa “Letras”. É necessário 
tomar um cuidado especial para não limitar o entendimento e vastidão do 
que seja literatura, apoiado a origem latina desta palavra, apontada acima. 
Não é coerente limitar a literatura ao que pode ser encontrado escrito ou 
impresso. Não se deve esquecer que existe há milênios no mundo, em 
diversos povos e diversificadas línguas produção vultuosa de literatura 
oral, aquela que as pessoas decoram e recitam nos momentosde lazer e 
que atingem as crianças que ainda não são capazes de ler. 
Assim, na História da Literatura, modernamente, é possível afirmar 
que a literatura é a ciência relacionada às letras, e diz respeito a uma 
arte específica relacionadas aos atos de ler e escrever. Mas também aos 
atos relativos a literatura oral. Está envolvido na resposta do que seria a 
Literatura os elementos envolvidos nos atos de elaboração e exposição 
de textos escritos ou orais, em uma vastidão que vai dos versos de uma 
poesia aos textos em prosa, distanciados da métrica dos versos e mais 
próximos das nossas naturais linguagens faladas ou escritas. 
A língua é o material da literatura, como a pedra ou o bronze 
são o da escultura, as tintas o da pintura, os sons o da música. 
Devemos perceber, porém, que a língua não é mera matéria 
inerte, como a pedra, mas é, ela própria, uma criação do 
homem e, assim, carregada com a herança cultural de um 
grupo linguístico. (WELLEK; WARREN, 2003, p. 14)
Quando você reflete sobre aqueles livros da literatura universal, 
chamados de clássicos, carregados de representações sobre a época 
em que forma escritos e potentes suficientemente para ser ao mesmo 
tempo o retrato de um tempo e se perpetuar, com sua originalidade pelos 
Literatura Infantojuvenil
14
tempos distintos daqueles em que foram escritos, traduzidos para diversas 
línguas, lidos por muitas gerações e em muitas regiões do mundo.
Ao analisá-los você irá perceber que eles estão relacionados à 
cultura letrada. Antes das nossas existências, de nossos avós, e ainda hoje 
em muitas partes da Terra, são ainda pertencentes ao cotidiano dos que 
possuem recursos materiais para adquirir tais obras, condicionalmente 
acessível aos que sabem ler e escrever ou recebem ajuda de um familiar 
ou da professora para ouvir atentamente a leitura. 
NOTA:
“Nesse sentido, literatura está ligada ao poder e ao prestígio 
das classes dominantes e é conservada na medida em que 
expressa a visão do mundo e os interesses dessas camadas” 
(PAIVA, 2014, p. 17). 
Cercada destes imperativos econômicos, a literatura furou vários 
cercos e sobreviveu através dos tempos, atravessando fronteiras, os 
leitores memorizaram suas experiências com as leituras e compartilharam 
com as novas gerações sobrevivendo aos momentos mais dramáticos 
da história da humanidade, guerras e tratados de paz e ressurgindo 
em momentos históricos tão diferenciados daqueles em que viveu ou 
idealizou a pessoa que escreveu uma obra determinada de literatura.
O que significa aquilo que denominamos atualmente como 
literatura infantojuvenil? É aquela literatura delimitada a um público 
específico e que coincidentemente é o mesmo que conhece a literatura 
em suas casas e nas escolas, em um período significativo das vidas de 
crianças, adolescentes e jovens. A literatura feita ou que serve às crianças 
faz parte da literatura geral, sendo focada para o público infantojuvenil, 
estimuladoras do imaginário dos nossos pequenos filhos, netos ou 
Literatura Infantojuvenil
15
alunos, potentes o suficiente para “auxiliar a compreensão e a resolução 
de conflitos internos de cada indivíduo em particular” (SILVA, 2009, p.136).
Esta literatura infantojuvenil originalmente, tanto quanto nos dias 
atuais, estava relacionada aos processos de formação de meninos 
e meninas, que pode ocorrer em muitos equipamentos culturais e 
bibliotecas, mas prioritariamente deverá estar relacionado ao espaço 
escolar. O que não impede que os livros da literatura universal e 
brasileira, estas belas páginas e verdadeiros tesouros da humanidade e 
do povo brasileiro, graças ao intensivo progresso gráfico e ao mercado 
editorial, possam habitar às mentes de inúmeras crianças e jovens. As 
literaturas feitas para as infâncias e os jovens ao redor do mundo são, 
concomitantemente, coniventes e aprisionadas do intricado processo 
cultural encarregado em formar futuros e libertos leitores.
Figura 1: A magia na literatura
Fonte: Freepik
Origem indiana da literatura 
infantojuvenil ocidental
É incontestável afirmar que a literatura produzida no ocidente 
pode ser entendida como um todo harmônico. E o que representa o 
lado ocidental da terra? Qual é a civilização ocidental? São todos países 
da União Europeia, das Américas do Norte, central e Latina, do vasto 
Literatura Infantojuvenil
16
continente africano é representado pela África do Sul, e ainda comporta a 
Austrália e Nova Zelândia, do continente asiático. 
Aquilo que é denominado como literatura ocidental é, forçadamente 
e por conta de sua origem, relacionada e deve muito as literaturas grega e 
romana e seus gigantescos legados. Mas é somente isso? Evidentemente 
que não! É comprovado e igualmente incontestável que as experiências 
de literatura infantojuvenil foram tocadas, como a literatura de modo 
geral, nos tempos medievais e modernos por interessantes influências 
não ocidentais, nitidamente orientais, entre as quais é possível destacar 
a Bíblia sagrada.
Sobre as origens que ocidente e oriente comungam, envolvendo 
a literatura, é bastante importante que você entenda que o papel 
relevante evolutivo da literatura, através e em todos os tempos, a favor 
da humanidade. Uma tarefa essencial é vasculhar as origens da Literatura 
Infantil, reconhecida atualmente como clássica, a partir de seus ancestrais 
ou de sua célula-máter: a Novelística Popular Medieval que, por sua vez, 
tem suas raízes mais remotas em certas fontes orientais (Índia) ou, mais 
precisamente, indo-europeias.
As famosas, e recorrentemente lidas, histórias que chamamos 
de infantis ou dedicadas, na contemporaneidade às crianças, pelos 
pais e professores, desde bem pequenas, até os dias atuais, aqueles 
denominados clássicos infantis, os belos e encantadores contos de fada 
ou contos maravilhosos de Perrault, Grimm ou Andersen, ou as fábulas de 
La Fontaine, praticamente esquecemos (ou ignoramos) que esses nomes 
não correspondem aos dos verdadeiros autores de tais narrativas.
E quem seriam originalmente os autores de tão recontadas obras 
da literatura infantil, nos mais diversos tempos e nas mais distanciadas 
culturas? É incansável e recorrente vê-los como autores de obras que as 
crianças insistem em amar, geração após geração, desde o século XVII. 
Se não são autores, qual o papel que eles desempenharam ao colocar em 
livros tais velhos relatos da humanidade? 
Hoje, já é de conhecimento que estes autores acima citados eram 
interessados na literatura folclórica, obra primorosa dos povos de inúmeros 
Literatura Infantojuvenil
17
países e colheram taus fantásticas histórias anônimas, vivas através do 
boca-a-boca de diversas gerações de tantos povos, perpetuando-as 
através da escrita, desde o apogeu da imprensa. 
A chamada Idade Moderna, entre os anos 1453 e 1789, abarca o 
período da invenção da Imprensa e de seus múltiplos desdobramentos 
nas publicações.
Estes autores, exímios pesquisadores dos saberes orais populares à 
época em que viveram, foram catalogando este rico acervo oral popular, 
já antigo e compartilhado por muitas gerações e deram-lhes, a tais 
saberes do povo, um destino importante e de caráter de preservação de 
tais saberes, a escrita, em livros, as sensacionais coletâneas registradas 
com seus nomes como autores, apesar de serem apenas recriadores, 
exercendo um papel muito importante à humanidade, não deixar que 
estas memórias literárias populares fossem apagadas com o tempo ou 
restritas aos lugares e povos onde forma coletadas.
Estudiosos de todos os pontos da Terra e pertencentes às mais 
diferentes áreas de pesquisa (Filologia, Linguística, Folclore, 
Etnologia, Antropologia, Historia, Literatura, Pedagogia, etc.) 
têm tentado descobrir os misteriosos caminhos seguidos por 
essa Literatura Popular que, vinda da origem dos tempos, 
chegou até́ nos. Mas esse fenômeno coloca problemas a 
maioria das vezes insolúveis, taiscomo: Quando e Como teria 
sido criada a literatura? Qual teria sido sua verdadeira forma 
no momento em que foi inventada? Por que teria nascido e 
resistido, através de tempos tão primitivos, até́ o momento em 
que entra para a história, ao transformar sua fala em escritura? 
(COELHO, 2010, p. 06)
Antes destes fabulosos compiladores de contos populares, os 
estudiosos da Literatura reconhecem a existência daquilo que chamam 
de Literatura Primordial. Tal literatura oral de diversos povos não era ainda 
imortalizada nos livros, como passariam a ser a partir da Era Moderna, 
mas potente o suficiente para transmitir as novas gerações antigas 
Literatura Infantojuvenil
18
e maravilhosas histórias, por vários séculos. Tal potente conjunto de 
histórias, hoje já é sabido, são narrativas orientais, tão antigas, anteriores 
ao aparecimento de Cristo, seguiram firmes no futuro e constituído mundo 
cristão, unicamente pela via da oralidade. 
Aparentemente delicada e incerta, a palavra, relacionada a literatura 
ou não, está presente na intenção humana de comunicação com os 
seus semelhantes. Nós, os viventes, seja em que tempo for, precisamos 
comunicar fatos e ideias e isso seria algo intrínseco a nossa humanidade.
O impulso de contar estórias deve ter nascido no homem no 
momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros certa 
experiência sua, que poderia ter significação para todos.
Pode surpreender que as historinhas contadas a você pelos seus 
familiares e que ainda hoje encontram novas versões em nossa língua 
Português do Brasil são originadas de narrativas primordiais orientais. 
Aquelas histórias denominadas de europeias, que supostamente teriam 
chegado com os portugueses, as famosas, ancestrais e populares 
narrativas medievais. Aqui, no Brasil, chegaram e tomaram rumos na 
literatura folclórica, ainda existente contemporaneamente no nordeste do 
Brasil (literatura de cordel) e nas reconhecidas obras de: 
[...] literatura infantil (através dos registros feitos por escritores 
cultos, como Perrault, Grimm, etc.). Examinando-se esses 
dois acervos literários (o folclórico e o infantil) em Portugal 
e no Brasil, verifica-se que as versões folclóricas de certas 
narrativas apresentam inúmeras variantes (dependendo das 
regiões onde se arraigaram); enquanto as versões infantis se 
reproduzem praticamente inalteradas, nas várias edições que 
se sucedem. É a mobilidade da vida (resultante da transmissão 
oral) contraposta à fixidez do texto literário, determinada pela 
escrita. (COELHO, 2010, p. p.06)
Os pesquisadores da Literatura afirmam que chegou na Península 
Ibérica, no decorrer do reinado de Afonso, filho do rei Fernando, na Espanha 
do século XIII. Uma versão árabe chega a Europa medieval, via Espanha, 
Literatura Infantojuvenil
19
e será matriz para uma importante produção de romance castelhano, 
autorizado por El Rey Alfonso. Essa primitiva versão castelhana foi levada 
fora da Espanha e inspirou uma outra publicação, feita na França, por 
iniciativa do médico Raymundo de Béziers, seguindo orientação de Dona 
Juana de Navarra, a mulher de Felipe, o Belo. 
Ela não chegou a ver a obra finalizada em 1313 (século XIV) e 
entregue ao rei. Esta interessante obra pode ser vista até hoje na Biblioteca 
Nacional de Paris. 
A narrativa que serviu de matriz para estas duas publicações foi 
Calila e Dimna (Kalila wa-Dimna ou Kalila e Dimna) é uma interessante 
coleção, com grande circulação e repleta de fábulas (composições 
literárias curtas) orientais, oriundas da Índia, escritas na Língua antiga 
sânscrita por volta do século III, ao que tudo indica.
Posteriormente foram traduzidas para o árabe, no século VIII, tendo 
como autor desta tradução o célebre escritor árabe Ibn al-Muqaffa. Desta 
tradução árabe surgiram muitas outras obras escritas em diversas línguas 
europeias e orientais, entre os séculos X a XIV. Tal tradução árabe do 
século VIII (por volta dos anos 600 a.C) influenciou as conhecidas fábulas 
de la Fontaine. 
Figura 2: Capa do livro traduzido do escritor árabe Ibn al-Muqaffa
Fonte: Amazon
Literatura Infantojuvenil
20
E do que trataria esta obra? Das questões da vida em sociedade e 
dos príncipes e princesas e também de histórias envolvidas com o mundo 
animal.
Este manuscrito muito conhecido, produzido no Egito por volta 
de 1310, é, provavelmente, o mais velho dos quatro manuscritos árabes 
Kalila wa-Dimna do século XIV. Um dos poucos textos em árabe a serem 
ilustrados, este contém 73 miniaturas de alta qualidade artística e são, 
portanto, um importante monumento de decoração de livro árabe.
SAIBA MAIS:
 Para conhecer um pouco mais sobre esta importante obra 
árabe, “Kalila e Dimna”, acesse o manuscrito do ano de 1310, 
com 73 belas miniaturas artísticas, diretamente do acervo 
digital da Biblioteca Digital Mundial, disponível no link: https://
bit.ly/2LYH1Vg. 
Origem da literatura infantojuvenil 
ocidental
Diante destes fatos históricos, não é possível desconsiderar 
tais publicações anteriores, dedicadas aos adultos e aos seus filhos 
conjuntamente. Seus desdobramentos na História seguinte da Literatura 
infantil, que irá se desenvolver bastante no século XVIII, aliada a uma 
mudança na visão sobre a infância. 
A visão da criança na Idade Média brincando e convivendo 
em espaços comuns aos adultos, ouvindo suas narrativas mudou 
drasticamente. Na Idade Moderna, inicialmente as crianças serão muito 
paparicadas por seus pais, e, posteriormente, serão levadas aos rígidos 
colégios para aprender modos apropriados à vida social. A literatura 
infantil deste século XVII terá uma ligação estreita com a Pedagogia, 
Literatura Infantojuvenil
21
dessa forma, confunde-se muito seu caráter artístico com sua função 
didático-pedagógica. 
Já no século XV, Fénelon, evoluído escritor, foi o precursor da atual 
literatura dedicada especialmente para as crianças, com a presença da 
moral da história, com personagens bons e maus para a criança perceber 
facilmente os comportamentos morais esperados. Bem poderia ter 
recebido um destaque maior na história da literatura moderna, mas o 
lugar de destaque foi dado ao Charles Perrault.
Figura 3: Histórias ou contos do passado, com moral, 1697
Fonte: Wikimedia
Literatura Infantojuvenil
22
Charles Perrault vivia França, no fim do século XVII, tendo publicado 
o livro Os contos da Mãe Gansa. Perrault foi um hábil recolhedor dos 
famosos contos populares, apresentando as suas morais das histórias. 
Além da já citado Contos de Mão Gansa, este importante autor de 
literatura infantil irá ouvir do povoe registrar na escrita os seguintes e 
celebres contos e histórias, escritas para as crianças: Bela Adormecida, 
Chapeuzinho Vermelho, Gato de Botas, As Fadas, A Gata Borralheira, 
Henrique do Topete e O Pequeno Polegar. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à 
seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: Trajetória 
da Literatura Infantil: Da origem Histórica e do Conceito 
Mercadológico ao Caráter Pedagógico na Atualidade. 
Acessível pelo link: https://bit.ly/2RUzmLK 
A História da Literatura Infantil no Brasil e no mundo é repleta dos 
legados de homens e mulheres que dedicaram os seus dias a escrever 
para crianças, adolescentes e jovens. Alguns escritores coletaram 
narrativas orais populares, deram uma escrita para os contos orais e, 
assim, carregamos para a indústria cinematográfica e outras fontes as 
antigas histórias populares, contadas nas horas vagas e para a totalidade 
da população, crianças e adultos.
Estas práticas remotas, distantes, anteriores aos atuais estados de 
popularização dos livros foram narradas por nossos avós que viveram em 
distantes fazendas, no interior do Brasil. Estes antepassados contaram para 
nossos avós que, na boquinha da noite, depois do jantar, todos sentavam 
no terreiro da casa, parte da frente da casa e começavam a ouvir históriasnarradas por alguém hábil nesta arte e que mantinham todos calados e 
atentos, em tempos sem televisão. Aprendidas e rememoradas de forma 
Literatura Infantojuvenil
23
oral fizeram um papel fundamental na vida das pessoas, distantes das 
práticas educativas e dos livros.
A Literatura infantil mundial não está dissociada a história das 
famílias, da sociedade, dos costumes e da infância propriamente dita.
A origem da literatura infantil vincula-se às mudanças 
estruturais que ocorreram na sociedade dos séculos XVII e 
XVIII, momento em que se instalou o modelo burguês de família 
unicelular, provocando uma alteração na forma de se visualizar 
a infância e todas as instituições com ela relacionadas. Dessa 
forma, explica-se o papel de aliada que a escola - e com ela a 
produção de textos dirigidos às crianças passou a exercer para 
a consecução dos objetivos e valores preconizados por essa 
nova classe social emergente. (BECKER, 2001, p.35)
RESUMINDO:
Você fez um percurso sobre a extraordinária trajetória histórica 
da literatura infantojuvenil desde sua origem e suas influências 
nos dias atuais, no mundo. Você será capaz de refletir, 
partindo dos dados lidos até aqui, que a literatura que ainda 
hoje é oferecida às crianças, contidas nos livros, nas mentes 
dos adultos que contam histórias, que aparecem em filmes 
diversos chegaram na Europa, passando por uma tradução 
árabe, de uma produção indiana. Será possível concluir que 
estas produções europeias chegaram ao Brasil colonizado 
pelos portugueses e que será o tema seguinte: a trajetória 
histórica da leitura infantil desde sua origem até os dias de 
hoje no Brasil. Vamos avançar na leitura?
Literatura Infantojuvenil
24
Trajetória histórica da literatura 
infantojuvenil no Brasil
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar a 
trajetória histórica da literatura infantojuvenil desde a sua 
origem até os dias de hoje, no Brasil. Isto será fundamental 
para a sua compreensão sobre o legado que a humanidade 
nos ofereceu, com encantadoras obras para serem oferecidas 
as crianças e aos jovens, no Brasil. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
A influência da colonização portuguesa 
na trajetória histórica da literatura 
infantojuvenil 
A colonização portuguesa trouxe ao Brasil, a partir do começo do 
século XVI, o universo literário em pleno desenvolvimento em Portugal. 
Esta influência vai desde as produções que tinham o livro Calila e Dimna 
como protótipo, com as suas fábulas com príncipes e animais falantes 
até os romances de amor, que encontraram na Europa alguns confrontos 
com o moralismo cristão à época, no século XIV, e questionavam a 
origem árabe ou indiana de tais produções. Tais produções do oriente 
chegaram via Espanha e foram impondo, nestas famosas fábulas, desde 
o seu aparecimento em solo europeu, predominantemente, uma aposta 
utilitária, repassando conceitos de vida esperados para as crianças e 
jovens incorporarem, neste intenso momento de transição entre os 
tempos medievais e a Idade Moderna. 
Para entender a literatura neste momento é preciso compreender 
o processo de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna ocorrido 
nos séculos XV e XVI e que teve como características fundamentais o 
surgimento do movimento renascentista, a reforma religiosa protestante e 
Literatura Infantojuvenil
25
a consolidação da economia burguesa. A Europa passou por um período 
de organização política dos estados e deu início à época das Grandes 
Navegações, que buscavam novas relações comerciais e terras a serem 
conquistadas e exploradas. Isso, toca na nossa história brasileira!
O Extenso processo de civilização ocidental (do começo da Idade 
Média ao fim do século XIX) reformulou os códigos de comportamento, era 
necessário saber se vestir, ter bons modos, boas maneiras, cabendo aos 
professores serem os promotores do que a literatura moderna chamava 
de saber viver (savoir-vivre) e saber fazer (savoir-faire), destinado às elites, 
além do aprender a ler para continuar sendo um leitor e escritor, pelo 
resto da vida. Assim, foi possível dar conta das existências dos ricos, na 
Idade Moderna, lendo os seus diários, suas autobiografias, com exaustivos 
relatos da vida cotidiana.
Bakhtin (1993) lembra que as literaturas paródicas medievais são 
literaturas recreativas, criadas durante os lazeres das festas com uma 
atmosfera de licença e liberdade. Comenta que as recreações escolares e 
universitárias foram impulsoras de tais paródias, ocorridas nas festas com 
grande liberdade de rir e brincar. Distante dos regulamentos escolares 
aos quais usavam como inspiração para criar suas brincadeiras jocosas. A 
paródia medieval converte em jogo alegre e totalmente desregrado tudo 
o que era considerado como sagrado e importante aos olhos da ideologia 
oficial. E isso vai mudar drasticamente no decorrer da Idade Moderna.
Tal literatura renascentista (entre os séculos XIV e XVI) aglutina as 
imagens do jogo, das profecias paródicas, dos enigmas e imagens das 
festas populares, do carnaval e juntos contribuem para modificar a sombria 
idade média, em festiva escrita, até que surjam os colégios para colocar 
regras aos mais jovens. É a ousadia de humanizar o processo histórico, 
produzindo um conhecimento lúcido e ousado dele, que vai marca este 
período. Mas com o avanço da Idade Moderna e tantas influências dos 
jesuítas (que já aparecem no Brasil no século XVI) ficará menos alegre e 
carnavalesco ser jovem, nos colégios. 
A palavra Infância vem da palavra Infans que significa sem voz. 
Neste tempo as ideias avançadas determinavam a necessidade de 
ensinar as novas gerações. O que deveria ser concluído até o 7.º ano de 
Literatura Infantojuvenil
26
vida, na chegada da chamada Idade da Razão. A literatura moderna vai 
trazer novos entendimentos, não bastará às crianças ensiná-las a falar, 
serão imperativas as habilidades da ler e escrever. Infantil passa a ser tudo 
relacionado ao iletrado. 
Uma criança medieval era vista com o sentimento de linhagem, 
pertencente a um clã e não dissociado dele. O que ela é por si própria, 
sua singularidade, suas diferenças, típicos modos de agir e ser, ainda, 
não interessavam em nada. Do fim da Idade Média até o século XIX, 
atravessando a Idade Moderna e indo além dela, surgem novos modos 
de sentir, perceber e conceituar a infância como uma categoria, os pais já 
não aparecem como indiferentes aos filhos. A criança, na Modernidade, 
será fruto de uma intenção e contenção de maus condutas. O caminho 
percorrido foi sair dos excessivos castigos e intimidações para uma busca, 
tão menos invasiva, de controlar internamente às mentes infantis. Natural 
que a literatura infantil fosse atingida por este novo cenário e modo de 
pensar a infância:
A partir do século XVII desenvolve-se uma preocupação com 
as distinções para a educação das crianças – ou pelo menos 
dos filhos dos burgueses e Aristocratas. A ótica individualista 
e a constituição de novas sociabilidades favorecem o afeto 
e o cuidado com a infância, que se expressa, por exemplo, 
num maior empenho em planejar o futuro profissional dos 
filhos seja para assumir cargos administrativos, para seguir 
uma profissão autônoma ou continuar os negócios da família”. 
(VEIGA, 2007, p. 38)
Esta literatura humanística (no século XVI, data da chegada no Brasil 
dos portugueses) será muito lida e está repleta de dicas para diminuir a 
paparicação com as crianças, que era, então, o sentimento dos adultos 
relacionados à infância, surgindo um consistente conjunto de normas e 
Literatura Infantojuvenil
27
padrões que os adultos deveriam seguir para ter filhos bem-educados. 
Um caso destas dicas é o livro de Erasmo de Rotterdam, o De Pueris que 
expressa como os humanistas não poupavam críticas aos excessivos 
afagos, em detrimento de poucos esforços para educá-los.
Este universo medievaleuropeu, trazido em parte ao Brasil, dentro 
das primeiras embarcações e pelos anos seguintes, principalmente no 
decorrer da permanência no Nordeste, a partir de 1535, já em Pernambuco 
era composta 
Por uma copiosa literatura narrativa vinda de fontes distintas: 
uma popular e outra culta. A de fonte popular é a prosa 
narrativa “exemplar”, derivada das antiquíssimas fontes 
orientais ou greco-romanas. A de origem culta é a prosa 
aventuresca das novelas de cavalaria, de inspiração ocidental. 
Nesta, são realçados um idealismo extremo e um mundo de 
magia e de maravilhas completamente estranhas à vida real 
e concreta do dia a dia. Naquela, afirmam-se os problemas 
da vida cotidiana, os valores de comportamento ético-social 
ou as “lições” advindas da sabedoria prática. (COELHO, 2010, 
p. 25)
Foram os nossos colonizadores portugueses que trouxeram, a partir 
do século XVII, a um conjunto vasto de novelística medieval espalhada 
em todo o país, apesar de termos que esperar 1840 para vê-lo editado, 
pela 1.ª vez no solo brasileiro, na língua portuguesa do colonizador. 
Tal literatura teve grande repercussão, perpetuando-se na memória 
popular e encantando também às crianças, certas novelas de cavalaria, 
condensadas, perduram no acervo popular nordestino (enquanto em 
Portugal já́ praticamente desapareceram).
Literatura Infantojuvenil
28
Figura 4: Romances ibéricos chegaram ao país com os colonizadores 
Fonte: Kobo
ACESSE:
Leia a reportagem da BBC Brasil: Família nordestina guardou 
séculos de romances medievais de mais de 700 anos na 
memória, no link: https://bbc.in/2LX4GFU.
Lidos, memorizados e cantados romances ibéricos se entranharam 
na cultura popular nordestina até hoje. Chegou ao Brasil emergente 
estes romances que tratam originalmente das lutas dos árabes e que 
permaneceram na Península Ibérica entre os séculos VI e XV, sendo os 
ancestrais de alguns dos colonizadores, como é o caso dos primeiros 
governantes da capitania de Pernambuco, liderados por Duarte Coelho 
e Jerônimo de Albuquerque. Como nem todos sabiam ler, aprenderam a 
cantar tais romances e que ainda hoje são cantados por muitas gerações 
de brasileiros.
Coelho (2010) ressalta o trabalho de Luís da Câmara Cascudo, 
folclorista do Rio Grande do Norte, que encontrou cinco novelas famosas, 
Literatura Infantojuvenil
29
vindas do velho mundo e que persistiram vivas no século XX, entre elas 
estavam a: 
[...] Donzela Teodora; Roberto do Diabo; Princesa Magalona; 
Imperatriz Porcina; História do Imperador Carlos Magno e 
Os Doze Pares de Franca. Como diz o eminente folclorista: 
São contos tradicionais pela persistência. Quase todos têm 
versões poéticas, em quintilhas e sextilhas que são entoadas 
pelos “cantadores” profissionais no Nordeste Brasileiro, talvez 
a única região do mundo onde essa atividade se conserva 
com caráter permanente e grande números de profissionais”. 
(COELHO, 2010, p.41)
VOCÊ SABIA?
Até hoje são cantados versos que vieram para o Brasil com os 
colonizadores Quer conhecer um dos dramas cantados ainda 
em circulação no Brasil, em uma bem humorada encenação? 
Grupo Quatro Ventos: Romance de Jorge e Juliana. Veja no 
link: https://bit.ly/35pdI6a 
Outra contribuição importante, na investigação deste legado, 
deixado pelos colonizadores foi o trabalho preciso de Florestan Fernandes. 
Ele estudou a relevância da cultura infantil e seu destacado papel mediador 
e de transmissão folclórica, revelando, na ocasião de suas pesquisas, que 
nas brincadeiras das crianças estavam elementos dos antigos romances, 
as novelas de cavalaria, transformados em dramatizações infanto-juvenis. 
As pesquisas acontecerão em São Paulo, entre 1942 e 1959, sendo uma 
excelente contribuição sobre as inter-relações entre o folclore, na grande 
diversidade cultural paulistana, formada por tantos migrantes e a cultura 
popular, sendo que todos estes elementos são profundamente tocados 
pelas intensas transformações pelas quais passavam a cidade e a sua 
população, nas primeiras décadas do século XX. 
Boa parte dos elementos constitutivos da cultura infantil são 
restos de romances velhos, hoje transformados em jogos 
Literatura Infantojuvenil
30
cênicos como “A Noiva”, “Organdão”, “Juliana”, etc.; ou antigas 
danças coreográficas, como “A Canoa Virou”, o “Picoton”, “Passei 
pela Barca”, “Ciranda a Roda”, etc. Todas essas composições 
são antigas. Os romances velhos datam do século XVI, mas 
há composições anteriores e outras mais recentes (danças 
coreográficas) do século XVIII. (FERNANDES, 2004, P. 246)
Este reconhecido pesquisador da USP, Florestan Fernandes, 
defendeu que as composições que encontrou nas ruas paulistanas, nas 
horas de brincadeiras infantis, eram no passado circunscritos aos adultos e 
com o passar dos tempos caíram nos interesses das crianças e as crianças 
ensinavam umas às outras nas ruas. Da longínqua tradição ibérica aos 
cantares e brincares infantis do século XX, na emergente capital paulista, 
iam sendo preservadas. Este autor considerava tais antigos romances 
trazidos pelos colonizadores, desaparecidos das vidas adultas tanto em 
Portugal e no Brasil também e estarem sobrevivendo nas ruas e nas horas 
do brincar infantil.
SAIBA MAIS:
Leia mais sobre o que é literatura e sobre a origem da literatura 
no Brasil e no mundo. E ainda conheça uma discussão 
contemporânea na área de literatura infantojuvenil no Brasil, 
relacionada a Racismo, literatura infantil e a construção da 
identidade de criança negra. No seguinte link: https://bit.
ly/2rMEVRu 
Trajetória histórica da literatura 
infantojuvenil brasileira
A literatura infantil brasileira foi guerreira! Enfrentou dificuldades 
intensas e inúmeras até conquistar sua hegemonia e seu reconhecimento, 
com sua pujante produção artística. Ao longo do tempo, nas batalhas 
necessárias para ter seu lugar ao sol, percorreu-se um longo caminho, 
Literatura Infantojuvenil
31
partindo da importação e tradução para o português dos textos tradicionais 
até a sua consolidação atual:
No início, importaram-se os textos tradicionais e, com eles, o 
mesmo caráter didático e redutor decorrente da associação 
da literatura com os valores de um grupo social hegemônico. 
Usou-se o texto infantil como difusor de preceitos e de 
normas comportamentais, doutrinando-se as crianças. Uma 
retrospectiva voltada para o surgimento do gênero no Brasil 
permite estabelecer quatro fases, cada uma delas limitada 
pelas concepções ideológicas que se evidenciaram nas 
produções mais conhecidas.” (BECKER, 2001, p.35)
A literatura infantil brasileira foi impulsionada com a criação da 
Imprensa Régia, no ano de 1808, possibilitando a publicação de nossos 
primeiros livros, destacando-se a obra: 
As aventuras pasmosas do Barão de Munchausen e, em 
1818, a coletânea de José Saturnino contendo uma coleção 
de histórias morais relativas aos defeitos ordinários às idades 
tenras e um diálogo sobre geografia, cronologia, história de 
Portugal e história natural. (LAJOLO; ZILBERMAM, 1986, p.23)
Becker aponta a existência as fases importantes da História da 
Literatura Infantil Brasileira e que você verá agora:
Primeira fase: do final do século XIX ao início do 
século XX
O foco neste período foram as primeiras tentativas de formação de 
um público leitor infantil brasileiro. E isso foi planejado utilizando o caráter 
norteador advindo da Europa. Isso já é visível em uma das primeiras 
Literatura Infantojuvenil
32
publicações brasileiras que foi intitulada como Leitura para meninos. Era 
uma coleção: 
De histórias morais relativas aos defeitos ordinários às idades 
tenras e um diálogo sobre geografia, cronologia, história de 
Portugal e história natural. O compromisso pedagogizante, que 
marca a produção dessa época, revela a posição assumida 
pelos intelectuais, preocupados, nesse momento histórico, 
com um projeto: a modernização do país. (BECKER, 2001, p. 36)O foco era a defesa de que a escola seria um espaço para estimular 
valores patrióticos entre os brasileiros, e a infância seria bom momento 
de começar este trabalho. Neste caminho alguns autores brasileiros 
poderiam facilitar este percurso nacionalista. 
Citam-se, entre as produções de autores nacionais com essa 
finalidade, Contos Pátrios e Através do Brasil (Olavo Bilac e 
Coelho Neto), Era uma vez (Júlia Lopes de Almeida) e Saudade 
(Tales de Andrade). Permeável às solicitações da sociedade, 
a literatura infantil integrou-se aos esforços de instalação 
da cultura nacional, vinculada à escola e à valorização do 
nacionalismo”. (BECKER, 2001, p. 36)
ACESSE:
Conheça esta inaugural obra da Literatura Infantojuvenil ficada 
no objetivo nacionalista: BILAC, Olavo & NETTO, Coelho. 
Contos Pátrios. Francisco Alves, RJ, 1931, 27ª ed. (ilustrado por 
Vasco Lima), no link: https://bit.ly/2YO5Cl7 
E permaneciam as famosas traduções e adaptações de obras 
estrangeiras realizadas por Carlos Janssen e Figueiredo Pimentel, no 
século XIX. É considerado como o 1.º escritor de obra infantil no Brasil, 
Alberto Figueiredo Pimentel, com o livro Contos da Carochinha, de 1896. 
Levou alguns anos para acontecer a 1.ª publicação de literatura própria, 
Literatura Infantojuvenil
33
não versão de obras estrangeiras, com a obra A filha da floresta, de autoria 
de Thales Castanho de Andrade, em 1918. 
Entre famosas obras, deste período do final do século XIX ao início 
do século XX, estavam destacadas as seguintes obras:
Contos das Mil e uma noites, Viagens de Gulliver, Robinson 
Crusoé, Contos, D. Quixote de La Mancha, Contos de Perrault, 
Anderson e Irmãos Grimm, Contos da Carochinha, Histórias da 
baratinha, entre outros. Tais obras foram feitas para o público 
europeu, com precárias traduções e adaptações a realidade 
brasileira, demonstrando a distância entre a realidade onde 
foram escritas e a nossa realidade linguística, identidades 
culturais e regionais, e nossas representações do mundo. 
(BECKER, 2001, p. 36)
Figura 5: Capa do livro de Figueiredo Pimentel
Fonte: Acervo Puc Rio
Literatura Infantojuvenil
34
Segunda fase: de 1920 até 1945 - período de intensa movimentação 
política, intelectual e artística brasileira
Fase bastante influenciada pelo modernismo (1.ª metade do 
século XX). O modernismo foi marcado pela busca pelo moderno, pelas 
originalidades e aberto ao polêmico, apreciando de forma extensa o 
nacionalismo, a volta às origens, a valorização dos Povos Originários, os 
indígenas e da língua falada espontaneamente pelo povo brasileiro, foram 
marcantes neste período. A excluída cultura popular, as falas espontâneas 
do povo brasileiro e o folclore serão do interesse de autores como Mario 
de Andrade, famoso modernista paulista. E neste intenso e questionador 
cenário, em 1921, de aturada movimentação histórica e cultural, aparece 
Monteiro Lobato. 
Quem foi Monteiro Lobato? O precursor da literatura infantil 
brasileira?
José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, estado 
de São Paulo, nasceu em 1882 foi um importante escritor brasileiro. Ele 
editou e traduziu muitos livros. Este trabalho de edição e tradução já 
era conhecido no brasil e realizado por Figueiredo Pimentel (“Contos da 
Carochinha”).
Monteiro Lobato foi imortalizado por sua grande contribuição 
à literatura infantil brasileira, que corresponde à metade de 
suas publicações além de artigos, contos, crônicas críticas, 
prefácios, livros não focados em temas da literatura infantil. 
Popular entre as crianças e apreciado por sua escrita clara 
e de fácil entendimento aos pequenos leitores. O público 
brasileiro conhece a irreverente, falante e independente 
boneca de pano, o menino Pedrinho, sua avó Dona Benta e a 
irmã Narizinho. E quem não tem medo da Cuca? 
Monteiro Lobato, o nosso precursor da literatura infantil brasileira, 
foi notável em oferecer uma nova roupagem e impulsionar a produção de 
livros infantojuvenil no Brasil. Incentivando a produção editorial dedicada 
às novas gerações. Um escritor voltado para este público, um inovador 
Literatura Infantojuvenil
35
de temáticas e narrativas, preocupado em aproximar a linguagem e 
o tom cotidiano, as falas típicas brasileiras. O que se resultou deste 
trabalho do autor foi a instauração de uma nova perspectiva, mudando 
as mentalidades “em relação ao tipo de texto que se produzia para 
crianças. A criação literária do autor paulista dirigida às crianças centrou-
se no receptor e, nessa trajetória, seguia os passos da elite artística, que 
buscava uma identidade de tipos e de linguagem na produção literária. 
(BECKER, 2001, p.36)
Impulsionados por este movimento foram adaptadas e ganharam 
versões na nossa língua, das produções consideradas como clássicos da 
literatura infantil, a valorização do folclore nacional foi considerada como 
fonte de pesquisa para produções que ficaram perpetuadas nas mentes 
brasileiras que leram Monteiro ou viram produções televisivas baseadas 
em suas obras.
Mesmo com as inovações, observa-se, em algumas obras, a 
permanência do caráter pedagógico, especialmente naquelas 
que aproveitavam temas históricos. Situa-se nesse caso, por 
exemplo, Aventuras de Hans Staden, de Monteiro Lobato, que 
materializa a proposta educativa do autor. Com seu trabalho, 
procurava arejar a metodologia da escola tradicional, buscando 
espaço, dentro do contexto da narrativa, para a discussão de 
pontos polêmicos relacionados com a História do Brasil. Com 
a ética e com o comportamento humano. Monteiro Lobato 
acreditava que a mudança de mentalidade das novas gerações 
possibilitaria o avanço rumo ao tão desejado alinhamento do 
Brasil com os países desenvolvidos. (BECKER, 2001, p. 37)
SAIBA MAIS:
Conheça um pouco mais sobre a vida e obra Monteiro Lobato, 
a repercussão de tal obra na cultura brasileira, no século XX, 
na Televisão. Documentário sobre Monteiro Lobato realizado 
e produzido pela Cátedra UNESCO de Leitura e PUC-Rio. 
Roteiro: Gilda Carvalho e Manoel Caetano, no seguinte link: 
https://bit.ly/2rQkUtj. 
Literatura Infantojuvenil
36
Terceira fase: 1946 a 1960 - período democrático
No momento da saída e superação dos horrores da Segunda Guerra 
Mundial, encontra-se o cenário interno brasileiro vendo a derrocada do 
autoritarismo de Getúlio Vargas, sob a égide de um tempo de democracia, 
a geração de escritores, a partir de 1946, sobreviveu aos tempos de maior 
bonança política. 
Apesar de o cenário internacional ser marcado pela Guerra Fria 
entre os Estados Unidos e antiga União Soviética, o Brasil era governado 
por Juscelino Kubitschek. A literatura brasileira ganhará novo fôlego com 
uma preocupação apurada com a forma literária, tanto na prosa quanto 
na poesia, em um movimento de pesquisa e busca por novos conteúdos. 
Desse período da história contemporânea de nossa literatura 
brasileira, podemos destacar os seguintes nomes: Lúcia Machado de 
Almeida, já notável com sua obra No Fundo do Mar, lançada 1943, lançará 
Lendas da terra do ouro, em 1949. Outra reconhecida escritora é Maria 
José Dupré, com a sua obra A Ilha Perdida, publicada em 1946, tais 
escritoras são precursoras. Vinha surgindo um gênero ficção científica 
brasileiro, além de romance policial, com o precursor Jerônimo Monteiro, 
com a sua obra A Cidade Perdida, publicada em 1948.
Tratam perfeitamente sobre este momento histórico a obra de 
Lajolo e Zilberman publicada em 1985 que: 
[...] traduzem a ótica da classe burguesa, enriquecendo 
com a modernização do país, mas identificada com valores 
tradicionais, quais sejam, o culto à autoridade (legitimada pelo 
pedagogismo das histórias) e ao passado. Por essa razão, as 
personagens urbanas, oriundas de um meio rico, convivem 
harmonicamente com o ambiente rural, efetuado entre grupos 
tradicionais e grupos emergentes, assim como as regras que 
estabelecem entre si. (BECKER, 2001, p. 40)
Lajoloe Zilberman (1985) refletem sobre a importância da década 
de 1960 e multiplicam-se, nos anos 60, a criação de algumas relevantes 
Literatura Infantojuvenil
37
instituições e valorosos programas relacionados à promoção da leitura 
e ricas discussões a respeito da literatura infantil brasileira. São criações 
desta importante época a Fundação do Livro Escolar (1966), a Fundação 
Nacional do Livro Infantil e Juvenil (1968). 
Quarta fase: de 1970 até 1989 - da Ditadura Militar 
aos tempos de redemocratização
Lajolo e Zilberman (1985) destacam que, na década de 1970, 
o Instituto Nacional do Livro, fundado em 1937, iniciou um trabalho de 
coedição, desenvolvendo convênios e publicando inúmeras obras 
infanto-juvenis, o que promoveu uma circulação significativa de obras 
voltadas às escolas.
Nesta última fase e mais próximas dos dias atuais, a linguagem 
usada por muitos escritores infanto-juvenis reencontram-se com os 
movimentos do Modernismo de 1922 e de Monteiro Lobato. 
Distanciando-se do padrão formal culto, privilegiou-se o 
coloquialismo marcante da oralidade e registrou-se a presença 
de gírias, dialetos e falares regionais. A narrativa infantil dessas 
duas décadas produziu obras diversificadas, modernos contos 
de fadas e de ficção científica, narrativas de cunho social e 
policial. Além do abandono da postura didático-pedagógica, ao 
mostrar personagens e enredos livres do estigma de modelos 
exemplares, as produções inovaram pela representação 
do protagonista: crianças desajustadas e/ou frustradas. O 
ambiente urbano em que ocorrem as histórias revelou uma 
sociedade marcada por problemas socioeconômicos, pobreza, 
miséria, injustiça e marginalização. Discutiram-se as fontes e o 
contexto dos valores que tradicionalmente caracterizaram as 
histórias infantis. (BECKER, 2001, p. 41)
Lajolo e Zilberman pontuam que os livros infantis passam a ser 
um pujante segmento editorial. Os autores e obras nacionais passam 
a receber espaço considerável. Entre os anos 1975 e 1978 era possível 
Literatura Infantojuvenil
38
contabilizar entre 1.890 títulos, era possível somar 46,6% de textos 
exclusivamente nacionais. Esta quantidade era um avanço considerável, 
comparativamente ao que informou, na década de 1940, o estudioso da 
educação brasileira Lourenço Filho que as produções nacionais não iam 
além 30%, sendo que as traduções ultrapassavam 70% do total.
São destaques desta produção brasileira contemporânea:
Marcelo, marmelo, martelo (Ruth Rocha), O soldado que não 
era (Joel Rufino dos Santos), História meio ao contrário (Ana 
Maria Machado), Chapeuzinho amarelo (Chico Buarque de 
Holanda), Os colegas, A casa da madrinha, Corda bamba 
(Ligia Bojunga Nunes) e Um dia toda azul (Marina Colasanti). 
(BECKER, 2001, p.41)
Como chegamos ao século XXI com relação a literatura infantojuvenil 
no Brasil? Muitos desafios precisarão ainda ser vencidos para que 
consigamos promover futuros leitores entre as crianças e jovens que 
estão nas escolas brasileiras. Transmitir, mais do que transmitir – mostrar 
a verdade da literatura como ‘lugar’ de encontro, de aprendizado. Tornar o 
Brasil um país de leitores, não só combatendo o analfabetismo. 
Deverão ser profundos os compromissos dos governos brasileiros e 
dos educadores na formação de leitores: formar-se como leitor é adquirir 
cultura literária, definir preferências de gêneros literários, de autores, ousar 
conhecer escritores desconhecidos, explorar temáticas inatuais, fazer um 
catálogo de ‘clássicos pessoais’. 
Magda Soares, reconhecida pesquisadora brasileira, trouxe 
conhecidas contribuições inovadoras para o entendimento de temas 
amplos sobre a alfabetização inicial. Esta autora reconhece a importância 
do letramento literário. E o que seria letramento literário das crianças? 
Letramento literário seria o processo de apropriação da literatura enquanto 
uma importante linguagem. Este processo começa quando a criança ouve 
Literatura Infantojuvenil
39
sua mãe cantar canções de ninar e que ouviu na infância dela e seguirá 
pela vida da criança, nos equipamentos educacionais, sociais e culturais 
em que passa. 
É evidente que a escola brasileira vem assumindo um papel mais 
preponderante deste o final do século XX, instituindo o Programa Nacional 
Biblioteca na Escola (PNDE), objetivando principalmente a democratização 
do acesso às obras de literatura infarto- juvenil, nacionais e estrangeiras. 
Este programa ampliou o atendimento, levando às escolas publicações 
para alunos da Educação Infantil ao ensino médio. Estas obras reúnem 
incluem produções editorias de prosa (contos, novela, memórias, 
biografias, crônicas e teatro), em verso (poemas, cantigas, advinhas, 
parlendas), bem como produções de livros de imagens e histórias em 
quadrinhos.
Este acervo diversificado de livros leva às escolas públicas brasileiras 
a oportunidade de ter livros disponíveis e que poderão colaborar de 
forma lúdica para a formação de futuros leitores brasileiros das crianças. 
A partir de 2008 foi programada uma maior distribuição de livros para as 
crianças que estavam matriculadas na Educação Infantil (antes dos seis 
anos de idade) e nas séries iniciais (a partir dos seis anos de idade). Estas 
conquistas brasileiras são muito significativas para um pais como o Brasil. 
Nosso país é reconhecidamente um país com poucas e precárias 
bibliotecas, não dispomos de um número considerável de livrarias. E os 
livros são bem caros para a grande parte da população empobrecida.
Quais os caminhos da literatura infantil brasileira contemporânea, no 
século XXI, baseados na nossa produção editorial infantil? Ainda representa 
interesse intenso de muitos professores brasileiros de Educação Infantil e 
de ensino fundamental, oferecer, nas suas escolhas para os seus alunos 
livros de contos de fadas ou de animais, temas tradicionais e consagrados 
como os que mais agradam às crianças. Antes que você fique indagando 
se seriam somente estas as escolhas dos professores, é importante 
destacar que existe, no Brasil, uma crescente produção “literária” para 
Literatura Infantojuvenil
40
crianças, iniciada na última década do século XX, os temas transversais, 
cada vez mais apreciados pelos professores e pela escola.
A produção editorial brasileira para crianças já é considerável 
com sugestões interessantes com narrativas que apresentam como 
conteúdos a serem ensinados às crianças, temas como ecologia, inclusão 
social, preservação do meio ambiente, respeito às diferenças em geral, 
entre tantos outros, maior a possibilidade de assimilação dos valores 
pretendidos. E outra vertente em menor escala, mas existente, são 
lançados livros com: 
Temas que põem em relevo experiências cotidianas, 
vivenciadas por qualquer ser humano, independente da idade, 
como a morte, o medo, o abandono e a separação. É comum 
designarmos esses temas como temas delicados quando 
pensamos no público infantil e, com frequência, oferecermos 
resistência em abordá-lós, especialmente no ambiente 
escolar. (SOARES, 2004, p. 37)
SAIBA MAIS:
Conheça um pouco mais sobre as políticas públicas brasileiras 
e Planos Nacionais de Livro Didático, do século XX aos dias 
atuais, no relato da Prof.ª da USO, Circe Fernandes Bittencourt. 
Disponível no seguinte link: https://bit.ly/2RTr86o. 
RESUMINDO:
 Você fez um percurso sobre a extraordinária trajetória histórica 
da literatura infantojuvenil desde sua origem e suas influências 
nos dias atuais, no Brasil. Você será capaz de refletir, partindo 
dos dados lidos até aqui, que a literatura que ainda hoje é 
oferecida às crianças, contidas nos livros, nas mentes dos 
adultos que contam histórias, você percorreu os quatro mais 
significativos momentos: Do final do século XIX ao 
Literatura Infantojuvenil
41
RESUMINDO: (continuação)
início do século XX. Na Segunda fase, de 1920 até 1945, foi 
possível entender um período de intensa movimentaçãopolítica, intelectual e artística brasileira. Em seguida, 
chegou a você a Terceira fase: 1946 a 1960, um período 
caracteristicamente democrático. E, por fim, percebeu 
importantes fatos da Quarta fase: De 1970 até 1989, da Ditadura 
Militar aos tempos de redemocratização. E, ainda foi possível 
refletir como a literatura infantojuvenil chega ao século XXI, no 
Brasil. Vamos avançar na leitura?
Literatura Infantojuvenil
42
Função da literatura infantojuvenil
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de definir a função 
da Literatura infantojuvenil e refletir sobre os seus usos 
devidos e indevidos na vida e na escola.
Existe uma correlação entre a natureza e a função da literatura. O 
uso de qualquer literatura está intrinsicamente relacionado a sua natureza, 
interessa aquilo que a literatura representa verdadeiramente, aquilo que 
ela é. Mas a função de uma determinada literatura é essencial, se uma 
determinada forma de literatura perder a sua função será destinada a um 
valor e uso secundário. Para melhor entender, pense em antigos objetos 
que tinham seu valor e função destacados e deixaram de tê-los e viraram 
peças de um museu atualmente. 
A literatura desenvolve um trabalho, possui um uso, permanece 
a milênios e percorreu muitas diferentes épocas e povos. Possui o seu 
valor singular, sua utilidade e seriedade na vida das pessoas, é uma forma 
de conhecimento, carregando de obra a obra um grau especifico de 
generalidade ou particularidade.
Este tema da função da literatura percorre longamente a vida de 
muitos estudiosos ocidentais, desde Platão, na Grécia antiga aos dias 
contemporâneos. Os que leem poesias estão mais preocupados com a 
beleza dos poemas do que em buscar as razões em si mesmas. E esta 
experiência estética contagia os leitores no seu contato com os mais 
diversos poetas da literatura brasileira e universal. Regina Zilberman (2008) 
defende que o “ensino pode mostrar-se mais agradável e interessante, 
tanto para estudantes quanto para professores, se incluir um pouco mais 
de poesia no cardápio”.
Os leitores não estão menos preocupados com os encantos que 
sentem com os livros que caem às suas mãos do que com explicações 
detalhadas e racionalistas sobre a literatura que os deixam maravilhados. 
Literatura Infantojuvenil
43
São preocupações menos dos leitores e mais dos preocupados com 
valores, arbitrariedades, utilidades e moralidades que podem estar 
presentes nas discussões sobre as obras de literatura, em todos os tempos. 
As indagações sobre o deleite do leitor deveriam ficam em segunda 
plano? Uma resposta seria informar que a literatura possui inúmeras 
funções possíveis. E entre elas e como a mais essencial e importante das 
funções estaria a função de fidelidade à sua própria natureza.
Evidentemente para os adultos que educam as crianças e 
adolescentes, em casa e nas escolas, deverá ficar claro que a literatura 
infantojuvenil possui funções significativas ligadas a educação, instrução 
e distração. Sendo que a fruição não pode ficar fora, o prazer de ler 
não pode ser menosprezado pela fixação em fazer algo para crianças e 
adolescentes lerem sobre as ideias que julgam que as novas gerações 
devem absorver. Zilberman (2008) recomenda que não se aprende o que 
não se gosta, de modo que dirige a ação pedagógica primeiramente para 
a apreciação de textos literários, com os quais começa os ensinamentos.
Algo que não poderá ficar fora da experiência escolar com a 
literatura infantojuvenil é a função lúdica intrínseca a ela. Ao propor 
uma forma de leitura homogênea, são deixadas de lado outras formas 
literárias que os alunos, nas escolas, já conhecem nas suas casas ou 
comunidades, carregadas das variações linguísticas que possibilitam 
sentidos de identidade, de pertencimento a uma cultura, de divertimento, 
de ludicidade, e que por preconceitos linguísticos não deveriam ficar fora 
das escolas para crianças, jovens e adolescentes.
É verdadeiro afirmar que o literário e o pedagógico estão 
relacionados na literatura infantojuvenil a muitos tempos. É delicado, 
nas escolas, uma escolha que determine a prioridade do didático em 
prejuízo do lúdico em textos para crianças, transforma a leitura em função 
Literatura Infantojuvenil
44
pedagógica. Entretanto, arte e educação podem ser parceiras na fruição 
literária, se a escola fornecer às crianças os estímulos adequados à leitura.
É fator preponderante aos que escrevem ou escolhem um livro de 
literatura infantojuvenil não perder de vista a expressão lúdica e artística.
O adjetivo infantil e mais recentemente o juvenil atrelados 
à literatura caracterizam o público a que se destina essa 
produção cultural: a criança e o jovem (adolescente). A 
construção dessas fases da vida está diretamente relacionada 
ao modelo burguês de família e à escola moderna. A função 
que foi atribuída à literatura infantil e juvenil pode ser melhor 
compreendida através da análise da forma como a relação 
entre infância, e mais tarde adolescência, escola e literatura 
foi sendo estabelecida. (PAIVA, 2004, P.69)
A função de instrução da literatura infantojuvenil é muito relevante, 
sendo capaz de despertar o interesse pela leitura nas crianças e 
adolescentes, acordando às mentes das novas gerações para a 
curiosidade e descobertas interessantes, que não deixam de lado o prazer 
de ler. A função de educação da literatura infantojuvenil deverá primar 
pelo desenvolvimento da sensibilidade e do senso crítico dos pequenos 
leitores. A literatura não deve ter por função facilitar ou pacificar, pelo 
menos quando se fala em literatura ‘para valer’, e não nessa literatura de 
escape, escamoteadora, de consumo rápido, que pode até emocionar, 
mas até essa emoção é evasiva. 
É necessário ter uma cautela antes de cobrar que a literatura 
infantojuvenil tenha uma nítida e infalível função pedagógica e que haja 
como inibidora de um acesso à arte, livremente. Zilberman afirma que a 
literatura infantil continuaria a ser vista como uma colônia da pedagogia, 
trazendo inúmeros prejuízos, não é aceita como arte, por ter uma finalidade 
pragmática e a presença do objetivo didático faz com que ela participe de 
uma atividade comprometida com a dominação da criança. 
Seriam inúmeras as funções e até as razões de lermos livros para as 
crianças e ofereceram aos adolescentes e jovens. De modo que nossas 
Literatura Infantojuvenil
45
razões para ler são tão estranhas como nossas razões para viver. E a 
ninguém se concedeu poder para nos pedir contas sobre essa intimidade.
Colomer (2017) entende que existem três funções da literatura feita 
para as crianças e para os jovens: 
a. Iniciação ao imaginário socialmente 
compartilhado da sociedade onde vivem;
b. Desenvolvimento do domínio da linguagem 
narrativas, poéticas e dramáticas do discurso literário;
c. Conhecimento de uma articulada representação do 
mundo, capaz de ser um instrumento suficientemente 
para a socialização deste específico público.
A escritora espanhola Colomer (2017) discute uma antiga mania 
de trazer padrões de bom comportamento nas escritas para crianças ou 
a certeza de que fazer as crianças lerem seria fator determinante para 
que escrevam bem no futuro. Esta importante especialista espanhola 
defende que não é necessário fixar as escolhas com o foco estritamente 
em concepções utilitaristas. 
Teresa Colomer (2017) defende a literatura infantojuvenil abre as 
portas ao imaginário coletivo. E um conjunto potente de acessos as formas 
poéticas, dramáticas e narrativas promoverão um considerável domínio 
da linguagem, oportunizando aos mais jovens as reais possibilidades 
de posicionamentos diante do mundo em que vivem, com consciência 
da realidade ao redor deles e com capacidade de enxergar o outro e 
suas diferenças (alteridade), com poderosos efeitos de promoção e 
desenvolvimento da subjetividade. Uma atenção apropriada e aberta à 
percepçãoou capacidade leitora dos meninos e meninas é igualmente 
importante. 
Colomer ainda ressalta a questão sexista e os distintos papeis 
destinados aos homens e mulheres. A literatura também possui uma 
função socializante e pode ajudar a conservar ou questionar os modelos 
femininos e masculinos na sociedade. E não podem ficar esquecidos 
que existem na história da literatura extensos casos em que a literatura 
Literatura Infantojuvenil
46
serviu para passar ideologias de manutenção de lugares privilegiados 
aos homens em detrimentos das mulheres. Pode agora, neste instante da 
história, realizar o contrário, socializar os seres humanos e questionar os 
estereótipos para homens e mulheres. 
É inegável que a literatura infantil seja fonte de estimulação da mente, 
de percepção intensa do real e suas amplas significações, oportunizando 
formas de consciência de alteridade e si mesmo, possibilitando inúmeras 
leituras de mundo, abrindo caminhos para o conhecimento da língua que 
já conhece desde que nascemos. 
A literatura infantojuvenil desperta a imaginação dos seus leitores, 
é promotora da criatividade, faz as novas gerações conhecerem o mundo 
em que vivem e a vida humana, revelando a possibilidade de integração 
entre o real e o imaginário.
Na busca pelas funções da literatura infantil-juvenil é sempre bom 
ter em mente que a Literatura Infantojuvenil é incontestavelmente literatura 
ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o 
homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o 
imaginário e o real, as ideias e sua possível\impossível realização. 
SAIBA MAIS:
“Literatura nunca tem uma função didática”, diz a escritora Ana 
Maria Machado: Veja o esclarecedor vídeo, no link: https://bit.
ly/2PTtaB4. 
A literatura não deve ser vista como uma produção que carrega uma 
obrigação com relação ao conhecimento, isso não quer expressar que não 
promova novos conhecimentos. E a literatura ensina algo novo as crianças 
e adolescentes? Ensina, já que oferece e traz tanto os conceitos morais 
e as atitudes desejáveis, e ainda amplia a capacidade de conhecimento 
do leitor, facilitando o acesso a novas experiências que poderão auxiliá-lo 
Literatura Infantojuvenil
47
na elaboração de novas informações, ou ainda na reformulação do que 
já possui.
RESUMINDO:
Você fez um percurso sobre a função da Literatura 
infantojuvenil, e munido dos conceitos relacionados às funções 
será capaz de refletir sobre os seus usos devidos e indevidos 
na vida e na escola, a partir de funções significativas ligadas 
a educação, instrução e distração. E, ainda, ao imaginário, 
domínio da linguagem e representação do mundo.
Literatura Infantojuvenil
48
Análise das obras infanto-juvenis a partir 
das teorias estudadas
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de analisar obras 
infanto-juvenis a partir da aplicação das teorias estudadas, o 
que representará uma importante estratégia para a formação 
de um educador de crianças, adolescentes e jovens.
O futuro educador precisa entender que deverá ser um hábil 
crítico de obras infantojuvenil, as quais serão oferecidas aos seus futuros 
alunos. Já não mais vivemos em um tempo que somente os especialistas 
em literatura para as novas gerações são capazes de analisar as obras 
disponíveis no mundo editorial brasileiro. Neste momento atual, oferecer 
obras infanto-juvenis às novas gerações requer pedagogos e professores, 
suficientemente, capazes de realizar uma rigorosa análise das obras 
disponíveis no mercado atual de publicações destinadas a este público.
Tudo começa com a própria especialização dos futuros mestres 
como hábeis leitores, e bons conhecedores da nossa língua portuguesa, 
falada e escrita no Brasil. É necessário um sério compromisso em formar 
futuros, apoderados, críticos e autônomos leitores. E uma tarefa é 
essencial e anterior: formar-se a si mesmo como um bom leitor.
A obra literária não é um mero reflexo das palavras do autor 
reproduzidas na mente do leitor, mas o resultado de uma interação ao 
mesmo tempo receptiva e criadora e profundamente dependente da 
mediação da escola para auxiliar o leitor a preencher as lacunas deixadas 
pelo autor, para auxiliá-lo a entrar no jogo do texto, a mergulhar no mundo 
da imaginação e da ficção, a dominar a linguagem literária para reconstruir 
Literatura Infantojuvenil
49
o universo simbólico contido nas palavras. (DALLA-BONA; FONSECA, 
2018, p.45)
Evidentemente, as teorias aprendidas ao estudar literatura 
infantojuvenil colaborarão para a formação de um educador de crianças 
e adolescentes capaz de realizar apuradas analises de obras e não 
um buscador de listas já prontas e acabadas que poderão não falar à 
realidade de uma escola específica, encravada dentro de uma realidade 
socioeconômica determinada. Cada educador deverá ser capaz de 
compor a cada ano a sua atualizada lista de títulos, amplamente avaliados, 
para serem oferecidos aos seus alunos. 
Figura 6: Ilustração de Dom Quixote de la Mancha
Fonte: Freepik
As teorias aprendidas ao estudar sociologia e História da infância, 
psicologia e literatura infantil auxiliaram aos professores, nas horas de 
fazer a sua lista de livros para seus alunos lerem durante o ano letivo. Tais 
leituras terão que consolidar e estar apoiada em uma ideia contemporânea 
de infância e adolescência, firmemente na mente de educadores das 
crianças e adolescentes, apoiados nestas certezas teóricas deverá ser 
Literatura Infantojuvenil
50
examinada cada obra de literatura infantojuvenil, na hora de escolha de 
livros para seus alunos lerem. 
O educador deverá examinar as definições de infância e literatura 
presentes em cada obra pesquisada. Isso exige o exame consistente dos 
espaços em que formam estabelecidos os vínculos entre o ser da criança 
e o que deverá ler, bem como as estratégias e as normas que os textos 
propõem, as formas de acesso aos textos ou aos relatos, as relações que 
estes estabelecem ou proporcionam com outros discursos e entre os 
diferentes atores sociais.
Outros elementos consideráveis deverão entrar no cômputo geral, 
na hora de escolha de um livro, para determinada criança. É importante 
visualizar, apuradamente, o material usado na confecção da obra, o 
formato de manuseio nas obras físicas e a acessibilidade nas obras 
virtuais. O educador deverá entender um pouco sobre as impressões mais 
favoráveis para a faixa etária que trabalha (é diferente escolher livros para 
crianças pequenas da Educação Infantil e para os que estão concluindo 
o Ensino Fundamental), observando a inteligibilidade sintática e lexical 
do texto, a elaboração imagética das ilustrações em termos de cores e 
formas, e outros tantos elementos em um mar de publicações.
Apoiando esta fina percepção das características do leitor para 
a escolha de obras de literatura infantojuvenil, de forma muito bem-
humorada, o autor do celebre livro Alice no País das maravilhas, afirmou:
E agora, minha ambição (seria vã) é ser lido por Crianças 
de 0 a 5 anos. Ser lido? Não, nem tanto! Mais justo é dizer: 
ser manuseado, babado, ter as páginas dobradas, ser 
amarfanhado, beijado por aqueles pequenos leitores, 
desconhecedores da gramática, aqueles Queridos, cheios de 
covinhas, que enchem de alegria o Quarto de feliz algazarra, 
e o nosso coração de apaziguada alegria! (CARROL, 2015, p. 7)
Esta capacidade de fazer escolhas acertadas, baseadas em uma 
formação teórica e consistente do docente, será essencial aos futuros 
profissionais que irão trabalhar na educação infantil (contação de histórias 
Literatura Infantojuvenil
51
pela professora) e no Ensino fundamental (formando leitores para a 
autonomia para ler). 
O formador de leitores e o contador de histórias, papeis essenciais 
dos professores, nas escolas, na educação básica no Brasil, requerem 
que eles sejam antes de tudo habilidoso leitor de muitas obras, deverãoconhecer os clássicos, antes de recomendá-los as crianças e aos 
adolescentes. 
O conhecimento destas obras ajudará nos seus usos em sala 
de aula para atrair a curiosidade e o desejo de ler dos seus 
futuros alunos. E, não desprivilegiar os livros atuais. Quando 
perguntamos a uma pessoa se ela já leu um determinado livro 
clássico e coincide com um livro que tenha apreciado é como 
ouvir alguém falando de uma deliciosa comida que comia na 
cozinha da sua avó, na infância. (MINUZZI, 2017, p.117)
Os futuros professores não deverão ficar atentos somente aos 
aspectos de ampliação de vocabulário, assimilação de regras da boa 
escrita e preparação para exames, ao desenvolver atividades de leitura de 
obras literárias, nas escolas. E deverão ter o cuidado de evitar a substituição 
da leitura como uma prática realmente significante por exercícios situados 
em reconhecer informações, impedindo, assim, que os alunos participem 
da descoberta do real que o poder imagético do texto desencadeia e do 
prazer da exploração dos recursos da linguagem que todo texto estético 
mobiliza.
Examinar as obras de literatura infantojuvenil exige dos professores 
uma capacitação teórica que os habilitem para serem capazes de emitir 
seus próprios julgamentos críticos. E, assim, evitaram fazer parte de um 
grupo equivocado de professores que caminham no: 
[...] modismo dos temas e adotam obras elaboradas por 
encomenda de editoras, concebidas a partir de fórmulas e 
modelos estereotipados, graficamente atraentes, em que o 
mundo instituído e o tratamento da linguagem privilegiam o 
Literatura Infantojuvenil
52
valor mercadológico em detrimento do estético. (SARAIVA, 
2008, p.25)
A palavra literária precisa evocar as verdades e, ao agir assim, 
consegue nos dissipar das tediosas existências, trazendo para o nosso 
cotidiano os sentidos que buscamos. 
De fato, o que levaria uma pessoa a criar ficção e poesia se não 
fosse a sua profunda insatisfação com a vida, naquilo que ela tem de 
informe, incompreensível, desumanizante? Rebeldia contra o próprio uso 
inautêntico da palavra, no cotidiano? 
Dessa forma, os educadores devem analisar as obras disponíveis 
e recolher as que sejam mais necessárias aos seus pequenos leitores.
https://bit.ly/36A3fF4. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Neste capítulo você fez um percurso 
sobre os necessários atos de analisar obras infanto-juvenis 
aplicando a teoria estudada, que deverão ser bem realizados 
pelos professores que iniciam as novas gerações no gosto 
pela literatura infantojuvenil. Antes, nesta mesma unidade 
I, estudou a trajetória histórica da literatura infantojuvenil 
desde sua origem e suas influências nos dias atuais, mundo, 
e posteriormente, no Brasil. Depois analisou a função da 
Literatura infantojuvenil, conheceu as funções significativas 
relacionadas a educação, instrução e distração. E, ainda, ao 
imaginário, domínio da linguagem e representação do mundo.
Literatura Infantojuvenil
53
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