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TEORIA DA CONTABILIDADE Avenida Vereador Otaviano Pereira Neto, S/N – Setor 02 - Fone (69) 3521-5606 unicentro@unicentroro.edu.br CNPJ: 03.524.789/0001-78 PROFESSOR : FRANCISCO DE SÁ SOBREIRA 4º PERÍODO ciências contábeis. TEORIA DA CONTABILIDADE Teoria da Contabilidade, a qual tem como objetivo principal solidificar os estudos teóricos relacionados à origem da contabilidade, sua história, doutrinas e escolas e o surgimento do período pré-científico. Será possível compreender a evolução da Contabilidade com o progresso das sociedades e o desenvolvimento da contabilidade como uma Ciência Social Aplicada. Ainda, você conhecerá a necessidade e a criação de organismos de regulamentação, como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Por meio desta disciplina, vamos aprofundará sua compreensão do surgimento dos Postulados, Convenções e o significado dos Princípios de Contabilidade. teremos o entendimento sobre as demonstrações contábeis, seus diversos grupos e Critérios de Mensuração do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas, e Princípios Fundamentais da Contabilidade. Definições de teoria e teoria contábil • O que é teoria? O filósofo Claude Bernard (1978) (apud LALANDE, 1999)define que a teoria é a hipótese verificada depois de ter sido submetida ao controle do raciocínio e da crítica experimental, devendo modificar-se de acordo com o progresso da ciência e ser constantemente submetida a prova. De acordo com o aspecto científico da teoria, a observação verificada empiricamente permite que a teoria e o fato não sejam opostos, mas sim, que propicie elementos apropriados para a explicação dos fatos. Dessa forma, segundo Marconi e Lakatos (2000), não seria possível a existênciade teoria sem estar baseada em fatos e, por sua vez, os fatos sem um princípio de classificação, ou a teoria não produziria a ciência. Definições de teoria e teoria contábil Segundo Iudícibus (2012),no campo da ciência social, a definição de teoria pode apresentar controvérsias pois uma definição única e abrangente seria improvável de ser aplicada a todas as áreas do conhecimento, além do que as teorias evoluem de acordo com a sociedade. Assim, alguns autores apresentam outras definições de teoria quenos permitemcompreender um pouco da Complexidade do assunto. Definições de teoria e teoria contábi “Uma teoria consiste de duas partes: as premissas, incluindo a definição das variáveis e a lógica que as relaciona, e o conjunto de hipóteses substantivas. “3(WATTS; ZIMMERMAN, 1986). “[...]é um conjunto de constructos (conceitos), definições e proposições relacionadas entre si, que apresentam uma visão sistemática de fenômenos especificando relações entre variáveis, com a finalidade de explicar e prever fenômenos da realidade.” (MARTINS, 2007,apud KERLINGER, 1991) A Evolução da Contabilidade • sa | Educ • Pense na contabilidade em uma época na qual não existia moeda, escrita e números! Imagine um homem, na Antiguidade, sem conhecer números e, muito menos, a escrita, exercendo a atividade de pastoreio. O inverno está chegando. O homem prepara toda a provi- são para o sustento do seu rebanho de ovelhas, olhando para um período longo de muito frio que está se aproximando. Ainda que ele nunca tenha aprendido sobre os meses do ano, ele sabe que a neve está se aproximando, pois as folhas das ár- vores ficaram amarelas e caíram e assim ocorreu no passado, por inúmeras vezes. Ele não sabia o que eram as estações do ano, mas tinha experiên- cia: árvores secando, frio chegando. A Evolução da Contabilidade A Contabilidade no Início de Tudo Antes que caísse a 1ª neve, ele recolhia seu rebanho num aprisco (curral), para protegê-lo do frio que matava. Era um período de monotonia, de ociosidade. Depois de tosquiar (cortar rente) as ovelhas, não se tinha nada para fazer a não ser olhar pelas frestas a neve caindo. O que fazer nes- se período? De repente, o homem se questiona:“Quanto será que o meu rebanho cresceu desde o último frio até hoje? Será que o meu cresceu mais que do Floreto?” (Floreto era o pastor de ovelhas vizinho desse homem na Antiguidade). Esse homem, as- sim como qualquer um, era ambicioso, tinha de- safios e queria ver sua riqueza aumentando. A Evolução da Contabilidade Mas como contar o rebanho e avaliar seu crescimento se não existiam números (da forma que sabemos hoje), nem escrita e, muito menos, moeda? Na monotonia do inverno, entre os balidos (voz de ovelha ou cordeiro) ininterruptos das ovelhas, o homem tem uma ideia. Havendo um pe- queno monte de pedrinhas ao seu lado, o homem separa uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, executando assim o que o contabilista chamaria hoje de inventário. Após o término dessa missão, o homem separa o conjunto de pedrinhas, guardando-o com muito cuidado, pois o conjunto representava a sua riqueza num determinado momento. Finalmente, a neve derretia e o sol voltava a aquecer a montanha do homem do pastoreio. A superfície da montanha voltava a ficar verde. A Evolução da Contabilidade e lá ia ele dirigindo o seu rebanho, protegendo contra os predadores, administrando assim a sua riqueza. Passado algum tempo, novas ovelhinhas surgiram e já se percebia que o nascimento era maior que a mortalidade e o descarte (escapató- ria). A lã era tirada e parte dela negociada em tro- ca de alguns equipamentos rudimentares de caça e pesca. O tempo passava. Novamente as folhas das árvores voltavam a ficar amarelas e começavam a cair. Para nós, chamamos, hoje, esse fenômeno de outono. Para aquele homem, era o momento de fazer a provisão para sustentar sua riqueza no período da seca do inverno. Novamente a neve caía. No aprisco (uma grande caverna no alto da montanha), estavam de volta o pastor e seu rebanho. Nada mais natural que fazer uma pedrinha por cabeça de ovelha: A Evolução da Contabilidade Resultado da contagem Cada símbolo (pedrinha) corresponde a uma cabeça de ovelha: Primeiro Inverno Segundo Inverno Comparação entre 2 invernos O+O+O+O+O O+O+O+O+O O+O+O+O+O P+P+P+P+P+P+P P+P+P+P+P+P+P P+P+P+P+P+P O+O+O+O+O PP O+O+O+O+O PP O+O+O+O+O P 1º INVENTÁRIO 2º INVENTÁRIO ACRÉSCIMO DE CABEÇAS DE OVELHAS Figura 1 – Contagem abstrata Fonte: Iudícibus (2010, p. 5). A Evolução da Contabilidade •10 •UnResultado Positivo é Igual ao Lucro? Ao comparar o atual conjunto de pedrinhas com o anterior, feito no inverno passado, o pastor constata que houve um excedente de pedrinhas (para nós, cinco pedrinhas) e isso representava que ele tinha sido bem-sucedido naquele período, ou seja, houve um acréscimo real no seu rebanho (um resultado positivo). Todavia, o pastor não estava satisfeito pelo fato de apenas avaliar o crescimento do plantel. Ele sabia que seu rebanho havia produzido lã naquele período. A Evolução da Contabilidade Como seu próprio rebanho havia produzido, ele separa duas novas pedrinhas correspondentes a duas ovelhas, representando aquele adicional de riqueza da sua família. Os instrumentos de caça e pesca obtidos equivalem a três ovelhas. Toda a lã estocada corresponderia a, pelo menos, quatro ovelhas, ou seja, ele conseguiria trocar seu depó- sito de lã por quatro cabeças. Assim, ele teria um novo conjunto de nove pedrinhas para acrescen- tar à contagem realizada nesse segundo inverno. A Evolução da Contabilidade A lã proporcionara não só agasalho para proteger sua família, como também fora utilizada como meio de troca na aquisição de instrumentos de caça e pesca. Além disso, havia uma quantidade de lã recém- obtida no processo de tosquiamento nesse inverno Um Inventário Completo O homem estima que, se fosse trocar ovelhas por agasalho, precisaria de pelo menos duas cabeças para suprir sua família nesse inverno. Observe A Evolução da ContabilidadeRelatório Contábil O acréscimo do primeiro para o segundo inverno foi correspondente a 14 ovelhas, que, num sentido econômico, podemos chamar de lucro. O pastor da Antiguidade certamente iria vibrar, pois sua riqueza praticamente dobrou no perío- do analisado. Se nós tivéssemos moeda, o denominador comum não seria ovelhas, mas sim o valor em dinheiro. Todavia, o que fica bem claro é que, mesmo sem moeda, escrita e número, a Conta- bilidade, como inventário, já existia, ficando evi- denciado que ela é tão antiga quanto a existência do homem em atividade econômica, ou melhor, quem sabe, do homem sapiente. A Evolução da Contabilidade Esta pode ser chamada de fase empírica da Contabilidade, em que se utilizavam desenhos, figuras, imagens para identificar o patrimônio existente. Com o passar do tempo, o homem começa a fazer marcas em árvores e pedras, podendo, assim, conferir seu rebanho em termos de crescimento, de extravio (perdas) de ovelhas, mortes etc. Assim, conclui-se que, desde os povos mais primitivos, a Contabilidade já existia em função da necessidade de controlar, medir e preservar o patrimônio familiar e, até mesmo, em função de trocar bens para maior satisfação das pessoas. BIBLIA X CONTABILIDADE • Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais o próprio Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versos 1 a 7: o administrador que fraudou seu senhor, alterando os registros de valores a receber dos devedores. • No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta do que se tinha! (Gênesis 41.49). • Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12. • Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis 4.22-26 e 10.14-17. BIBLIA X CONTABILIDADE • Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14.28-30). • Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada (Mateus 18.23-27). • Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controle de ativos era prática comum. 18 A ORIGEM DA CONTABILIDADE • história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos. • Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. • Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. A ORIGEM DA CONTABILIDADE • A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. • A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C. • A ORIGEM DA CONTABILIDADE • medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros. • Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. A ORIGEM DA CONTABILIDADE • É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, pregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios. • A medida em que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refina. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. • No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá. Evolução da Ciência Contábil CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - inicia com as primeiras civilizações e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci , da autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano. CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494. Com o surgimento do Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, data de publicação 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos, obra que colaborou muito para que a contabilidade fosse inserida entre os ramos do conhecimento humano. CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche" , da autoria de Franscesco Villa, sendo premiada pelo governo da Áustria. Sendo na história da Contabilidade uma obra importantíssima. CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se inicia em 1840 e se perpetua até os dias de hoje. Do Renascimento para a Ciência Ciência O que toda a história tem mostrado é que a Contabilidade torna-se importante à medida que há desenvolvimento econômico. Hoje, por exem- plo, a profissão é muito valorizada nos países do primeiro mundo. No Brasil, até a década de 1960, esse profissional era chamado de “guarda-livros”, a nosso ver, título pejorativo (desagradável) e pou- co indicador. Todavia, com o milagre econômico na década de 1970, essa expressão desapareceu e observou-se um excelente e valorizado mercado de trabalho para os contabilistas. Do Renascimento para a Ciência Na Idade Moderna, em torno dos séculos XIV a XVI, principalmente no Renascimento, diver- sos acontecimentos no mundo das artes, na eco- nomia, nas nações, proporcionaram um impulso espetacular das Ciências Contábeis, sobretudo na Itália. Em torno desse período, tivemos, sem a preocupação de ordem cronológica, Copérni- co, Galileu e Newton, revolucionando a visão da humanidade, o aperfeiçoamento da Imprensa por Gutenberg (já referido), Colombo iniciando as grandes descobertas, o mercantilismo, o surgi- mento da burguesia, o protestantismo, a desco- berta de diversos campos de conhecimento etc. PERÍODO ANTIGO • A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o Patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. • Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizandogravações e outros métodos alternativos. • . PERÍODO MEDIEVAL Em Itália, em 1202, foi publicado o livro "Liber Abaci" , de Leonardo Pisano. Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc., tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, surgindo, como conseqüência das necessidades da época, o livro caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas. PERÍODO MODERNO Período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos importantes que ocorreram neste período: em 1453, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem, principalmente para Itália; em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus; em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida. A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. PERÍODO MODERNO A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados. O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. FREI LUCA PACIOLI Escreveu "Tratactus de Computis et Scripturis" (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a "Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá", impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Escrituração. Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o Século XIV. FREI LUCA PACIOLI • O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas, sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram "Pro" e "Dano"; sobre correções de erros; sobre arquivamento de contas e documentos, etc. 32 O Frade Franciscano Todavia, o marco, nesse período, foi a primeira literatura contábil relevante pelo Frei Luca Pacioli, em 1494, consolidando o método das partidas dobradas, expressando a causa e o efeito do fenômeno patrimonial com os termos “débito” e “crédito” (esse método já era conhecido antes de Pacioli: era praticado no século XIII). A obra de Pacioli pode muito bem ser vista como início do pensamento científico da Contabilidade. Pense a respeito! Doutrinadores contábeis, sucessores de Pacioli, na Europa (principalmente na Itália), nos séculos seguintes, vão dar um cunho científico para a Contabilidade e origem à (denominada posteriormente) Escola Contábil Europeia ou, mais especificamente, Escola Contábil Italiana. A Itália pode ser chamada de Berço da Contabilidade. 33 Origem das Palavras ‘Débito’ e ‘Crédito’ As palavras utilizadas para a escrituração por partidas dobradas têm sua origem no latim, em que a palavra ‘débito’ significa: dívidas, devedores, debêntures, que são palavras que resultam da base debere, ou deber. E a palavra ‘crédito’ vem da raiz da palavra credo, ou seja, algo em que se acredita e também pode referir-se a pessoas nas quais se acreditam credores. É possível compreender que, como um Frei da Igreja, Luca Pacioli associou o significado dessas palavras com os direitos e obrigações de uma pessoa. Veja, caro(a) aluno(a), como tudo começou! A Contabilidade não é uma ciência exata. Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial. Todavia, a Contabilidade utiliza os métodos quantitativos (matemática e estatística) como sua principal ferramenta. Aliás, em tudo o que fazemos na vida, precisamos dos métodos quantitativos, dos números. Desde o momento em que levantamos, submetemo-nos aos números: identificamos no relógio que horas são; o nosso café está sujeito a uma quantidade de colheres de açúcar ou gotas de adoçante; a velocidade do carro; o nosso salário, recebimentos e pagamentos; o canal de televisão; as vantagens e desvantagens, em tudo se envolvem números. PERÍODO CIENTÍFICO Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes autores consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra "La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche", inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano. Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. PERÍODO CIENTÍFICO Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um instrumento básico de gestão. Entretanto a escola Européia teve peso excessivo da teoria, sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas, inviabilizando, em alguns casos, a flexibilidade necessária, principalmente, na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era uma ciência ao invés de dar vazão à pesquisa séria de campo e de grupo. A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-americana dentro da Contabilidade. Teorias Descritivas e Prescritivas A classificação consiste em questionar se os argumentos advêm de generalizações e observações específicas. Tanto as teorias indutivas quando as teorias dedutivas podem ser descritivas (positivas) ou prescritivas (normativas). Descritivas (positivas): visam a mostrar e explicar quais informações financeiras são apresentadas e comunicadas aos usuários de dados contábeis, ou seja, o que é; Prescritivas (normativas): visam a recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser apresentados ou seja, o que deve ser. 36 Doutrinas e Escolas de Contabilidade Até o século XVIII, pode-se afirmar que não houve evolução do pensamento científico da Contabilidade sob influência da obra de Luca Pacioli, cuja preocupação era o aprimoramento da técnica contábil, que criou regras e princípios voltados para o funcionamento das contas para o registro dos direitos e das obrigações. 37 escola Contista Surgiu com o comerciante Benedetto Cotrugli, em 1458, considerado por alguns autores o primeiro a descrever o sistema de registro das partidas dobradas. As regras estabelecidas eramde que o comerciante deveria possuir três livros de contas para registrar suas transações comerciais: o livro de Gastos, o livro Diário e o livro-razão. A teoria das cinco contas de Edmundo Degranges, em 1975, sustentava que o comércio tinha cinco objetos principais, que, sucessivamente, poderiam ser negociados: (1) mercadorias; (2) dinheiro; (3) Contas a Receber; (4) Contas a Pagar; (5) Lucros e Perdas. 38 39 Escola Personalista Surgiu em 1867, com Francesco Marchi, que publicou o livro I cinquecontist ovvero la inganneola teórica che viene insegnata negli istituti tecnicidel Regno e fluori del Regno intorno il Sistema de Scrittura a partita dopia e nuovo saggio per La facile intelligenza ed applicazione del sistema. Foram também pensadores dessa escola Giuseppe Cerboni e Giovanni Rossi. Assinalou uma nova postura da ciência contábil. A Contabilidade deixava de ser voltada apenas para a arte de registrar e contar a riqueza gerada, com as seguintes características: � � Quem recebe é debitado; � � Quem entrega é creditado; � � Os agentes e correspondentes são debitados à medida que o proprietário é creditado e vice-versa; � As contas são abertas em nome das pessoas físicas ou jurídicas; � � Considera o aspecto jurídico das relações entre as pessoas. Para a escola personalista, as contas (elementos patrimoniais) podem ser representadas por pessoas com as quais são mantidas relações jurídicas, ou seja, que se relacionam com a entidade em termos de débito e crédito. Todos os débitos efetuados nas contas dessas pessoas representam suas responsabilidades, enquanto todos os créditos representam seus direitos em relação ao titular do Patrimônio. Por essa teoria, as contas são classificadas segundo a natureza da relação jurídica que essas pessoas mantêm com o titular do Patrimônio. 40 Na Teoria personalista, temos três tipos de contas (pessoas): a) Proprietários: consiste nos responsáveis pelas contas do patrimônio líquido e suas variações, como receitas e despesas. São, portanto, contas dos proprietários: Capital social, Receita de vendas, Custo da mercadoria vendida (CMV), ICMS sobre vendas, Devoluções de vendas, Receitas financeiras, Reserva legal, etc. b) Agentes consignatários: consiste nas pessoas (contas) a quem a entidade confia a guarda os bens (Ativo), ou seja, que representam os bens. São, portanto, contas dos agentes consignatários: Caixa, Banco, Veículos, Móveis, Terrenos, etc. c) Agentes correspondentes: consiste nas pessoas que representam as contas de direitos (Ativo) ou obrigações (Passivo). São terceiros, que se situam na posição de devedor ou credor da entidade. São, portanto, contas dos agentes correspondentes as contas em que a entidade mantém esse tipo de relação jurídica, como por exemplo, Clientes e Fornecedores. Os clientes devem à empresa o valor correspondente a suas compras a prazo e os fornecedores são credores da empresa em relação às vendas a prazo que a esta foram feitas. Daí resulta que Clientes é conta devedora e Fornecedores é conta credora. 41 Escola Materialista Orientou o início do período científico da Contabilidade e seu precursor foi o italiano Francesco Villa, em 1840, com a publicação de La contabilità applicata alleamministrazioni private e pubbliche. A escola materialista se opôs a teoria personalista, defendendo que as contas representam entradas e saídas de valores e não simples relações de débito e crédito entre pessoas (excluídas as relações com terceiros). Esta é uma visão mais econômica do que vem a ser a conta, a relação entre as contas e a entidade é uma relação material e não pessoal, de sorte que a conta só deve existir enquanto houver também o elemento material por ela representado. As contas dividem-se em: a) Integrais (ou Elementares): são as representativas dos bens, dos direitos e das obrigações da entidade, ou seja, Ativo e Passivo Exigível. b) Diferenciais (ou Derivadas): são as representativas do Patrimônio Líquido, das receitas e das despesas da entidade. 42 Escola Materialista O objeto essencial da Contabilidade era a gestão, a riqueza gerada e, para os seus pensadores, a conta limitava-se a representar os valores gerados e a escrituração contábil auxiliava o estudo contábil. Consequentemente, a Contabilidade deveria ser elevada a uma condição de importante fonte de informação sobre o gerenciamento do Patrimônio. Essa escola preocupou-se em aumentar a quantidade de informações apresentadas nos relatórios contábeis, implantando os dados que geravam impactos nos resultados das empresas, como os custos de produtos e os gastos realizados. Esses pensadores forneceram grande contribuição para: � � Avaliação do ativo permanente a preço corrente em atividades comerciais e industriais; � � Desvinculação da Contabilidade de cifras e números; � � Estabelecimento do controle como objeto da Contabilidade Escola Controlista Com a obra do italiano Fabio Besta, em 1880, La ragioneria, sobre a figura do controle, surgiu a filosofia do Controlismo, em que o controle da riqueza aziendal era o objeto do estudo da Contabilidade. Seus principais pensadores foram: Fabio Besta, Vittorio Alfieri, Carlo Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D’Alvise. Nesse sentido, a riqueza deveria ser considerada sobre ela mesma e o patrimônio como uma grandeza que se pudesse medir, sendo necessário que os fatos administrativos fossem escriturados, em: (1) permutativos: quando ocorre mudança entre elementos do ativo e do passivo (mudam duas contas); (2) modificativos: quando ocorre mudança entre elementos do ativo ou do passivo e patrimônio líquido (mudam duas contas); (3) mistos: quando ocorre mudança entre elementos do ativo ou do passivo e patrimônio líquido (mudam três contas 43 Escola Reditualista ou Alemã Segundo o alemão Eugen Schmalenbach, o sucesso ou o insucesso de uma empresa estava diretamente vinculado aos lucros ou prejuízos obtidos; portanto, a filosofia do Reditualismo consistia em que o redito (lucro/rendimento) detinha prioridade sobre a estrutura patrimonial, sendo o principal objeto de estudo da Contabilidade. 44 Escola Aziendalista Seus pensadores foram Alberto Ceccherelli e Gino Zappa, seguidos por Pietro Onida, Lino Azzini, Carlo Masini, entre outros. Essa escola tinha como filosofia que a azienda (bens, direitos e obrigações que constituíam o patrimônio) era o objeto do estudo da Contabilidade. 45 Escola Patrimonialista Foi Vincenzo Masi o precursor da escola patrimonialista, cuja filosofia consistia em que o patrimônio era objeto da Contabilidade e seu estudo estava relacionado à estática patrimonial, à dinâmica patrimonial e à relevância patrimonial. A escrituração e as demonstrações contábeis representam apenas instrumentos para registrar os fatos, devendo conter explicações e interpretação, propondo uma nova classificação das contas em patrimoniais e de resultado. Seus principais seguidores foram Francisco D’Áuria, Jaime Lopes Amorim e José Maria Fernandez Pirea, entre outros. • Estas contas se classificam da seguinte forma: • a) Contas Patrimoniais: são as contas representativas dos bens e dos direitos (Ativo), das obrigações (Passivo) e do Patrimônio Líquido (PL) da entidade. • b) Contas de Resultado: são as contas que representam as receitas e as despesas da entidade. 46 Escola do Pensamento Contábil Formada pela Escola Europeia, que predominou em todo o mundo durante séculos. O expressivo crescimento e a influência da economia americana nas economias dos outros países, por volta do século XIV, quebraram sua hegemonia, surgindo a Escola Norte-Americana, que teve seu início volta do para o tratamento prático das questões econômico-administrativas da Contabilidade. 47
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