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Aula 1

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TEORIA DA CONTABILIDADE
Avenida Vereador Otaviano Pereira Neto, S/N – Setor 02 - 
Fone (69) 3521-5606
unicentro@unicentroro.edu.br
CNPJ: 03.524.789/0001-78
PROFESSOR : FRANCISCO DE SÁ SOBREIRA 
4º PERÍODO ciências 
contábeis.
TEORIA DA CONTABILIDADE
Teoria da Contabilidade, a qual tem como objetivo principal solidificar os estudos 
teóricos relacionados à origem da contabilidade, sua história, doutrinas e escolas e o 
surgimento do período pré-científico.
Será possível compreender a evolução da Contabilidade com o progresso das 
sociedades e o desenvolvimento da contabilidade como uma Ciência Social Aplicada.
Ainda, você conhecerá a necessidade e a criação de organismos de 
regulamentação, como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Por meio desta disciplina, vamos aprofundará sua compreensão do surgimento 
dos Postulados, Convenções e o significado dos Princípios de Contabilidade.
 teremos o entendimento sobre as demonstrações contábeis, seus diversos 
grupos e Critérios de Mensuração do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, Receitas e 
Despesas, Ganhos e Perdas, e Princípios Fundamentais da Contabilidade.
Definições de teoria e teoria contábil
• O que é teoria?
O filósofo Claude Bernard (1978) (apud LALANDE, 
1999)define que a teoria é a hipótese verificada depois de ter 
sido submetida ao controle do raciocínio e da crítica 
experimental, devendo modificar-se de acordo com o 
progresso da ciência e ser constantemente submetida a 
prova. 
De acordo com o aspecto científico da teoria, a observação 
verificada empiricamente permite que a teoria e o fato não 
sejam opostos, mas sim, que propicie elementos apropriados 
para a explicação dos fatos. Dessa forma, segundo Marconi e 
Lakatos (2000), não seria possível a existênciade teoria sem 
estar baseada em fatos e, por sua vez, os fatos sem um 
princípio de classificação, ou a teoria não produziria a ciência.
Definições de teoria e teoria contábil
 Segundo Iudícibus (2012),no campo da ciência 
social, a definição de teoria pode apresentar 
controvérsias pois uma definição única e 
abrangente seria improvável de ser aplicada a todas 
as áreas do conhecimento, além do que as teorias 
evoluem de acordo com a sociedade. 
Assim, alguns autores apresentam outras 
definições de teoria quenos permitemcompreender 
um pouco da Complexidade do assunto.
Definições de teoria e teoria contábi
“Uma teoria consiste de duas partes: as premissas, incluindo a definição 
das variáveis e a lógica que as relaciona, e o conjunto de hipóteses 
substantivas. “3(WATTS; ZIMMERMAN, 1986).
“[...]é um conjunto de constructos (conceitos), definições e proposições 
relacionadas entre si, que apresentam uma visão sistemática de fenômenos 
especificando relações entre variáveis, com a finalidade de explicar e prever 
fenômenos da realidade.” (MARTINS, 2007,apud KERLINGER, 1991)
A Evolução da Contabilidade
• sa | Educ
• Pense na contabilidade em uma época na qual 
não existia moeda, escrita e números!
 Imagine um homem, na Antiguidade, sem conhecer números e, 
muito menos, a escrita, exercendo a atividade de pastoreio. O inverno 
está chegando. 
 O homem prepara toda a provi- são para o sustento do seu 
rebanho de ovelhas, olhando para um período longo de muito frio que 
está se aproximando. Ainda que ele nunca tenha aprendido sobre os 
meses do ano, ele sabe que a neve está se aproximando, pois as folhas 
das ár- vores ficaram amarelas e caíram e assim ocorreu no passado, 
por inúmeras vezes. Ele não sabia o que eram as estações do ano, mas 
tinha experiên- cia: árvores secando, frio chegando.
A Evolução da Contabilidade
 A Contabilidade no Início de Tudo
 Antes que caísse a 1ª neve, ele recolhia seu rebanho num aprisco (curral), 
para protegê-lo do frio que matava.
 Era um período de monotonia, de ociosidade. 
Depois de tosquiar (cortar rente) as ovelhas, não se tinha nada para fazer a 
não ser olhar pelas frestas a neve caindo. O que fazer nes- se período?
 De repente, o homem se questiona:“Quanto será que o meu rebanho 
cresceu desde o último frio até hoje? Será que o meu cresceu mais que do 
Floreto?” (Floreto era o pastor de ovelhas vizinho desse homem na 
Antiguidade). Esse homem, as- sim como qualquer um, era ambicioso, 
tinha de- safios e queria ver sua riqueza aumentando.
A Evolução da Contabilidade
Mas como contar o rebanho e avaliar seu crescimento se não 
existiam números (da forma que sabemos hoje), nem escrita e, 
muito menos, moeda?
Na monotonia do inverno, entre os balidos (voz de ovelha ou 
cordeiro) ininterruptos das ovelhas, o homem tem uma ideia. 
Havendo um pe- queno monte de pedrinhas ao seu lado, o 
homem separa uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, 
executando assim o que o contabilista chamaria hoje de 
inventário. 
Após o término dessa missão, o homem separa o conjunto de 
pedrinhas, guardando-o com muito cuidado, pois o conjunto 
representava a sua riqueza num determinado momento.
Finalmente, a neve derretia e o sol voltava a aquecer a 
montanha do homem do pastoreio. A superfície da montanha 
voltava a ficar verde.
A Evolução da Contabilidade
e lá ia ele dirigindo o seu rebanho, protegendo contra os predadores, 
administrando assim a sua riqueza. Passado algum tempo, novas 
ovelhinhas surgiram e já se percebia que o nascimento era maior que 
a mortalidade e o descarte (escapató- ria). A lã era tirada e parte dela 
negociada em tro- ca de alguns equipamentos rudimentares de caça 
e pesca.
O tempo passava. Novamente as folhas das árvores voltavam a 
ficar amarelas e começavam a cair. Para nós, chamamos, hoje, esse 
fenômeno de outono. Para aquele homem, era o momento de fazer a 
provisão para sustentar sua riqueza no período da seca do inverno.
Novamente a neve caía. No aprisco (uma grande caverna no alto 
da montanha), estavam de volta o pastor e seu rebanho. Nada mais 
natural que fazer uma pedrinha por cabeça de ovelha:
A Evolução da Contabilidade
Resultado da contagem
Cada símbolo (pedrinha) corresponde a uma cabeça de ovelha:
Primeiro Inverno Segundo Inverno Comparação entre 2 invernos
O+O+O+O+O 
O+O+O+O+O 
O+O+O+O+O
P+P+P+P+P+P+P 
P+P+P+P+P+P+P 
P+P+P+P+P+P
O+O+O+O+O PP O+O+O+O+O PP 
O+O+O+O+O P
 
1º INVENTÁRIO
 
2º INVENTÁRIO
ACRÉSCIMO DE CABEÇAS DE OVELHAS
Figura 1 – Contagem abstrata
Fonte: Iudícibus (2010, p. 5).
A Evolução da Contabilidade
•10
•UnResultado Positivo é Igual ao Lucro?
 
Ao comparar o atual conjunto de pedrinhas com o 
anterior, feito no inverno passado, o pastor constata 
que houve um excedente de pedrinhas (para nós, cinco 
pedrinhas) e isso representava que ele tinha sido 
bem-sucedido naquele período, ou seja, houve um 
acréscimo real no seu rebanho (um resultado positivo).
Todavia, o pastor não estava satisfeito pelo fato de 
apenas avaliar o crescimento do plantel. Ele sabia que 
seu rebanho havia produzido lã naquele período.
A Evolução da Contabilidade
 Como seu próprio rebanho havia produzido, 
ele separa duas novas pedrinhas correspondentes 
a duas ovelhas, representando aquele adicional 
de riqueza da sua família. 
 Os instrumentos de caça e pesca obtidos 
equivalem a três ovelhas. Toda a lã estocada 
corresponderia a, pelo menos, quatro ovelhas, ou 
seja, ele conseguiria trocar seu depó- sito de lã 
por quatro cabeças. Assim, ele teria um novo 
conjunto de nove pedrinhas para acrescen- tar à 
contagem realizada nesse segundo inverno. 
A Evolução da Contabilidade
 A lã proporcionara não só agasalho para proteger 
sua família, como também fora utilizada como meio de 
troca na aquisição de instrumentos de caça e pesca.
 Além disso, havia uma quantidade de lã recém-
obtida no processo de tosquiamento nesse inverno
Um Inventário Completo
 O homem estima que, se fosse trocar ovelhas por 
agasalho, precisaria de pelo menos duas cabeças para 
suprir sua família nesse inverno.
Observe
A Evolução da ContabilidadeRelatório Contábil
 O acréscimo do primeiro para o segundo inverno foi correspondente a 14 
ovelhas, que, num sentido econômico, podemos chamar de lucro. O pastor da 
Antiguidade certamente iria vibrar, pois sua riqueza praticamente dobrou no 
perío- do analisado.
 Se nós tivéssemos moeda, o denominador comum não seria ovelhas, mas 
sim o valor em
dinheiro. Todavia, o que fica bem claro é que, mesmo sem moeda, escrita e 
número, a Conta- bilidade, como inventário, já existia, ficando evi- denciado 
que ela é tão antiga quanto a existência do homem em atividade econômica, 
ou melhor, quem sabe, do homem sapiente.
 
A Evolução da Contabilidade
Esta pode ser chamada de fase empírica da Contabilidade, 
em que se utilizavam desenhos, figuras, imagens para identificar 
o patrimônio existente.
 Com o passar do tempo, o homem começa a fazer marcas 
em árvores e pedras, podendo, assim, conferir seu rebanho em 
termos de crescimento, de extravio (perdas) de ovelhas, mortes 
etc.
 Assim, conclui-se que, desde os povos mais primitivos, a 
Contabilidade já existia em função da necessidade de controlar, 
medir e preservar o patrimônio familiar e, até mesmo, em função 
de trocar bens para maior satisfação das pessoas.
BIBLIA X CONTABILIDADE
• Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais 
o próprio Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versos 1 a 7: o 
administrador que fraudou seu senhor, alterando os registros de valores a 
receber dos devedores.
• No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam 
a conta do que se tinha! (Gênesis 41.49).
• Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi 
detalhadamente inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de 
perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em 
Jó, capítulo 42, verso 12.
• Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis 
4.22-26 e 10.14-17.
BIBLIA X CONTABILIDADE
• Em outra parábola de Jesus, há citação de um 
construtor, que faz contas para verificar se o que 
dispunha era suficiente para construir uma torre 
(Lucas 14.28-30).
• Ainda, se relata a história de um devedor, que foi 
perdoado de sua dívida registrada (Mateus 
18.23-27).
• Tais relatos comprovam que, nos tempos 
bíblicos, o controle de ativos era prática comum.
18
A ORIGEM DA CONTABILIDADE
• história da contabilidade é tão antiga quanto a própria 
história da civilização. Está ligada às primeiras manifestações 
humanas da necessidade social de proteção à posse e de 
perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto 
material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins 
propostos.
• Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da 
agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca 
do direito do uso do solo acarretou em separatividade, 
rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de 
propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual.
• Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era 
dissolvido, mas passado como herança aos filhos ou parentes. 
A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se 
patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer 
valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados.
A ORIGEM DA CONTABILIDADE
• A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de 
registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades 
comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não era 
exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da 
Antiguidade. 
• A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos 
requeria o acompanhamento das variações de seus bens 
quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e 
serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios 
sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se 
faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba 
egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de 
seu país no ano 2000 a.C. 
• 
A ORIGEM DA CONTABILIDADE
• medida que o homem começava a possuir 
maior quantidade de valores, preocupava-lhe 
saber quanto poderiam render e qual a forma 
mais simples de aumentar as suas posses; tais 
informações não eram de fácil memorização 
quando já em maior volume, requerendo 
registros.
 
• Foi o pensamento do "futuro" que levou o 
homem aos primeiros registros a fim de que 
pudesse conhecer as suas reais possibilidades 
de uso, de consumo, de produção etc.
A ORIGEM DA CONTABILIDADE
• É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou 
seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, 
pregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou 
quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de 
escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de 
informações sobre negócios. 
• A medida em que as operações econômicas se tornam complexas, o seu 
controle se refina. As escritas governamentais da República Romana (200 
a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as 
despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. 
• No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram 
introduzidas por governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que 
surge o termo Contabilitá. 
Evolução da Ciência Contábil
 CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - inicia com as primeiras civilizações e vai 
até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci , da autoria Leonardo Fibonaci, o 
Pisano.
 CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era Cristã 
até 1494. Com o surgimento do Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por 
Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, data de publicação 1494, enfatizando que à 
teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e 
negativos, obra que colaborou muito para que a contabilidade fosse inserida entre os 
ramos do conhecimento humano.
 CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de 1494 até 1840, com 
o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e 
Pubbliche" , da autoria de Franscesco Villa, sendo premiada pelo governo da Áustria. 
Sendo na história da Contabilidade uma obra importantíssima.
CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se inicia em 1840 e se 
perpetua até os dias de hoje.
Do Renascimento para a Ciência
Ciência
O que toda a história tem mostrado é que a Contabilidade torna-se 
importante à medida que há desenvolvimento econômico. Hoje, por 
exem- plo, a profissão é muito valorizada nos países do primeiro 
mundo. No Brasil, até a década de 1960, esse profissional era 
chamado de “guarda-livros”, a nosso ver, título pejorativo 
(desagradável) e pou- co indicador. Todavia, com o milagre 
econômico na década de 1970, essa expressão desapareceu e 
observou-se um excelente e valorizado mercado de trabalho para os 
contabilistas.
Do Renascimento para a Ciência
Na Idade Moderna, em torno dos séculos XIV a XVI, principalmente no 
Renascimento, diver- sos acontecimentos no mundo das artes, na eco- nomia, 
nas nações, proporcionaram um impulso espetacular das Ciências Contábeis, 
sobretudo na Itália. Em torno desse período, tivemos, sem a preocupação de 
ordem cronológica, Copérni- co, Galileu e Newton, revolucionando a visão da 
humanidade, o aperfeiçoamento da Imprensa por Gutenberg (já referido), 
Colombo iniciando as grandes descobertas, o mercantilismo, o surgi- mento da 
burguesia, o protestantismo, a desco- berta de diversos campos de 
conhecimento etc.
PERÍODO ANTIGO 
• A contabilidade empírica, praticada pelo homem 
antigo, já tinha como objeto o Patrimônio, 
representado pelos rebanhos e outros bens nos seus 
aspectos quantitativos.
• Os primeiros registros processaram-se de forma 
rudimentar, na memória do homem. Como este é 
um ser pensante, inteligente, logo encontrou 
formas mais eficientes de processar os seus 
registros, utilizandogravações e outros métodos 
alternativos.
• .
PERÍODO MEDIEVAL 
Em Itália, em 1202, foi publicado o livro "Liber 
Abaci" , de Leonardo Pisano.
Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos 
e medidas, câmbio, etc., tornando o homem mais 
evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.
 A indústria artesanal proliferou com o surgimento 
de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. 
O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos 
venezianos, surgindo, como conseqüência das 
necessidades da época, o livro caixa, que recebia 
registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já 
se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, 
oriundos das relações entre direitos e obrigações, e 
referindo-se, inicialmente, a pessoas.
PERÍODO MODERNO 
Período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos 
importantes que ocorreram neste período:
em 1453, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios 
bizantinos emigrassem, principalmente para Itália;
em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um 
enorme potencial de riquezas para alguns países europeus;
em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na Europa, 
emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.
A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das 
inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava.
PERÍODO MODERNO
A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi 
uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os 
empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em 
dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais 
que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao 
mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações 
com os consumidores e os empregados.
O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo 
de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, 
marca o início da fase moderna da Contabilidade.
FREI LUCA PACIOLI 
Escreveu "Tratactus de Computis et Scripturis" (Contabilidade 
por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à 
teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos 
números positivos e negativos.
Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras 
profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a "Summa de 
Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá", impressa 
em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre 
Contabilidade e Escrituração.
Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi 
o criador das Partidas Dobradas. O método já era utilizado na 
Itália, principalmente na Toscana, desde o Século XIV.
FREI LUCA PACIOLI
• O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao 
bom comerciante. A seguir conceituava inventário e 
como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: 
memorial, diário e razão, e sobre a autenticação deles; 
sobre registros de operações: aquisições, permutas, 
sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e 
como encerrar; contas de armazenamento; lucros e 
perdas, que na época, eram "Pro" e "Dano"; sobre 
correções de erros; sobre arquivamento de contas e 
documentos, etc.
32
O Frade Franciscano
Todavia, o marco, nesse período, foi a primeira literatura 
contábil relevante pelo Frei Luca Pacioli, em 1494, 
consolidando o método das partidas dobradas, expressando 
a causa e o efeito do fenômeno patrimonial com os termos 
“débito” e “crédito” (esse método já era conhecido antes de 
Pacioli: era praticado no século XIII).
A obra de Pacioli pode muito bem ser vista como início do 
pensamento científico da Contabilidade.
Pense a respeito!
Doutrinadores contábeis, sucessores de Pacioli, na 
Europa (principalmente na Itália), nos séculos seguintes, vão 
dar um cunho científico para a Contabilidade e origem à 
(denominada posteriormente) Escola Contábil Europeia ou, 
mais especificamente, Escola Contábil Italiana. A Itália pode 
ser chamada de Berço da Contabilidade.
33
Origem das Palavras ‘Débito’ e ‘Crédito’
As palavras utilizadas para a escrituração por partidas dobradas têm sua origem 
no latim, em que a palavra ‘débito’ significa: dívidas, devedores, debêntures, que 
são palavras que resultam da base debere, ou deber.
E a palavra ‘crédito’ vem da raiz da palavra credo, ou seja, algo em que se 
acredita e também pode referir-se a pessoas nas quais se acreditam credores.
É possível compreender que, como um Frei da Igreja, Luca Pacioli associou o 
significado dessas palavras com os direitos e obrigações de uma pessoa.
Veja, caro(a) aluno(a), como tudo começou!
A Contabilidade não é uma ciência exata.
Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno 
patrimonial. Todavia, a Contabilidade utiliza os métodos quantitativos (matemática 
e estatística) como sua principal ferramenta.
Aliás, em tudo o que fazemos na vida, precisamos dos métodos quantitativos, dos 
números.
Desde o momento em que levantamos, submetemo-nos aos números: 
identificamos no relógio que horas são; o nosso café está sujeito a uma quantidade 
de colheres de açúcar ou gotas de adoçante; a velocidade do carro; o nosso salário, 
recebimentos e pagamentos; o canal de televisão; as vantagens e desvantagens, em 
tudo se envolvem números.
PERÍODO CIENTÍFICO 
Período Científico apresenta, nos seus primórdios, 
dois grandes autores consagrados: Francesco Villa, 
escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra 
"La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e 
Plubbliche", inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor 
veneziano.
Embora o século XVII tivesse sido o berço da era 
científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a 
ciência da Contabilidade ainda se confundia com a 
ciência da Administração, e o patrimônio se definia 
como um direito, segundo postulados jurídicos.
PERÍODO CIENTÍFICO
Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira 
vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O 
enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da 
equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de 
chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do 
que mero registro; é um instrumento básico de gestão.
Entretanto a escola Européia teve peso excessivo da teoria, sem 
demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração 
teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas, 
inviabilizando, em alguns casos, a flexibilidade necessária, 
principalmente, na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais 
em demonstrar que a Contabilidade era uma ciência ao invés de dar 
vazão à pesquisa séria de campo e de grupo.
 A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de 
predominância norte-americana dentro da Contabilidade.
 Teorias Descritivas e Prescritivas
A classificação consiste em questionar se os argumentos 
advêm de generalizações e observações específicas. Tanto as 
teorias indutivas quando as teorias dedutivas podem ser 
descritivas (positivas) ou prescritivas (normativas).
Descritivas (positivas): visam a mostrar e explicar quais 
informações financeiras são apresentadas e comunicadas aos 
usuários de dados contábeis, ou seja, o que é;
Prescritivas (normativas): visam a recomendar que dados 
devem ser comunicados e como devem ser apresentados ou seja, 
o que deve ser.
36
Doutrinas e Escolas de 
Contabilidade
Até o século XVIII, pode-se afirmar que não 
houve evolução do pensamento científico da 
Contabilidade sob influência da obra de Luca 
Pacioli, cuja preocupação era o aprimoramento da 
técnica contábil, que criou regras e princípios 
voltados para o funcionamento das contas para o
registro dos direitos e das obrigações.
37
escola Contista
Surgiu com o comerciante Benedetto Cotrugli, em 1458, 
considerado por alguns autores o primeiro a descrever o sistema 
de registro das partidas dobradas.
 As regras estabelecidas eramde que o comerciante deveria 
possuir três livros de contas para registrar suas transações 
comerciais: o livro de Gastos, o livro Diário e o livro-razão.
A teoria das cinco contas de Edmundo Degranges, em 1975, 
sustentava que o comércio tinha cinco objetos principais, que, 
sucessivamente, poderiam ser negociados: (1) mercadorias; (2) 
dinheiro; (3) Contas a Receber; (4) Contas a Pagar;
(5) Lucros e Perdas.
38
39
Escola Personalista
Surgiu em 1867, com Francesco Marchi, que publicou o livro I cinquecontist ovvero la 
inganneola teórica che viene insegnata negli istituti tecnicidel Regno e fluori del Regno 
intorno il Sistema de Scrittura a partita dopia e nuovo saggio per La facile intelligenza ed 
applicazione del sistema.
Foram também pensadores dessa escola Giuseppe Cerboni e Giovanni Rossi.
Assinalou uma nova postura da ciência contábil. 
A Contabilidade deixava de ser voltada apenas para a arte de registrar e contar a 
riqueza gerada, com as seguintes características:
� � Quem recebe é debitado;
� � Quem entrega é creditado;
� � Os agentes e correspondentes são debitados à medida que o proprietário é
creditado e vice-versa;
� As contas são abertas em nome das pessoas físicas ou jurídicas;
� � Considera o aspecto jurídico das relações entre as pessoas.
Para a escola personalista, as contas (elementos patrimoniais) podem ser representadas por 
pessoas com as quais são mantidas relações jurídicas, ou seja, que se relacionam com a 
entidade em termos de débito e crédito. Todos os débitos efetuados nas contas dessas 
pessoas representam suas responsabilidades, enquanto todos os créditos representam seus 
direitos em relação ao titular do Patrimônio.
Por essa teoria, as contas são classificadas segundo a natureza da relação jurídica que 
essas pessoas mantêm com o titular do Patrimônio.
40
Na Teoria personalista, temos três tipos de contas (pessoas):
a) Proprietários: consiste nos responsáveis pelas contas do patrimônio líquido e 
suas variações, como receitas e despesas. São, portanto, contas dos 
proprietários: Capital social, Receita de vendas, Custo da mercadoria vendida 
(CMV), ICMS sobre vendas, Devoluções de vendas, Receitas financeiras, Reserva 
legal, etc.
b) Agentes consignatários: consiste nas pessoas (contas) a quem a entidade 
confia a guarda os bens (Ativo), ou seja, que representam os bens. São, portanto, 
contas dos agentes consignatários: Caixa, Banco, Veículos, Móveis, Terrenos, etc.
c) Agentes correspondentes: consiste nas pessoas que representam as contas de 
direitos (Ativo) ou obrigações (Passivo). São terceiros, que se situam na posição 
de devedor ou credor da entidade. São, portanto, contas dos agentes 
correspondentes as contas em que a entidade mantém esse tipo de relação 
jurídica, como por exemplo, Clientes e Fornecedores. Os clientes devem à 
empresa o valor correspondente a suas compras a prazo e os fornecedores são 
credores da empresa em relação às vendas a prazo que a esta foram feitas. Daí 
resulta que Clientes é conta devedora e Fornecedores é conta credora.
41
Escola Materialista
Orientou o início do período científico da Contabilidade e seu 
precursor foi o italiano Francesco Villa, em 1840, com a publicação de 
La contabilità applicata alleamministrazioni private e pubbliche. 
A escola materialista se opôs a teoria personalista, defendendo que 
as contas representam entradas e saídas de valores e não simples 
relações de débito e crédito entre pessoas (excluídas as relações com 
terceiros).
Esta é uma visão mais econômica do que vem a ser a conta, a 
relação entre as contas e a entidade é uma relação material e não 
pessoal, de sorte que a conta só deve existir enquanto houver também 
o elemento material por ela representado.
As contas dividem-se em:
a) Integrais (ou Elementares): são as representativas dos bens, dos 
direitos e das obrigações da entidade, ou seja, Ativo e Passivo Exigível.
b) Diferenciais (ou Derivadas): são as representativas do Patrimônio 
Líquido, das receitas e das despesas da entidade.
42
 Escola Materialista
O objeto essencial da Contabilidade era a gestão, a riqueza gerada e, 
para os seus pensadores, a conta limitava-se a representar os 
valores gerados e a escrituração contábil auxiliava o estudo contábil. 
Consequentemente, a Contabilidade deveria ser elevada a uma 
condição de importante fonte de informação sobre o gerenciamento 
do Patrimônio.
Essa escola preocupou-se em aumentar a quantidade de 
informações apresentadas nos relatórios contábeis, implantando os 
dados que geravam impactos nos resultados das empresas, como os 
custos de produtos e os gastos realizados. Esses pensadores 
forneceram grande contribuição para:
� � Avaliação do ativo permanente a preço corrente em atividades 
comerciais e industriais; 
� � Desvinculação da Contabilidade de cifras e números;
� � Estabelecimento do controle como objeto da Contabilidade
Escola Controlista
Com a obra do italiano Fabio Besta, em 1880, La ragioneria, 
sobre a figura do controle, surgiu a filosofia do Controlismo, em 
que o controle da riqueza aziendal era o objeto do estudo da 
Contabilidade. 
Seus principais pensadores foram: Fabio Besta, Vittorio 
Alfieri, Carlo Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D’Alvise.
Nesse sentido, a riqueza deveria ser considerada sobre ela 
mesma e o patrimônio como uma grandeza que se pudesse 
medir, sendo necessário que os fatos administrativos fossem 
escriturados, em: 
(1) permutativos: quando ocorre mudança entre elementos do 
ativo e do passivo (mudam duas contas); 
(2) modificativos: quando ocorre mudança entre elementos do 
ativo ou do passivo e patrimônio líquido (mudam duas contas);
 (3) mistos: quando ocorre mudança entre elementos do ativo 
ou do passivo e patrimônio
líquido (mudam três contas 43
Escola Reditualista ou Alemã
Segundo o alemão Eugen Schmalenbach, o sucesso ou 
o insucesso de uma empresa estava diretamente 
vinculado aos lucros ou prejuízos obtidos; portanto, a 
filosofia do Reditualismo consistia em que o redito 
(lucro/rendimento) detinha prioridade sobre a 
estrutura patrimonial, sendo o principal objeto de 
estudo da Contabilidade.
44
Escola Aziendalista
Seus pensadores foram Alberto Ceccherelli e Gino 
Zappa, seguidos por Pietro Onida, Lino Azzini, Carlo 
Masini, entre outros.
Essa escola tinha como filosofia que a azienda (bens, 
direitos e obrigações que constituíam o patrimônio) era 
o objeto do estudo da Contabilidade.
45
Escola Patrimonialista
Foi Vincenzo Masi o precursor da escola patrimonialista, cuja 
filosofia consistia em que o patrimônio era objeto da 
Contabilidade e seu estudo estava relacionado à estática 
patrimonial, à dinâmica patrimonial e à relevância patrimonial.
A escrituração e as demonstrações contábeis representam 
apenas instrumentos para registrar os fatos, devendo conter 
explicações e interpretação, propondo uma nova classificação das 
contas em patrimoniais e de resultado.
Seus principais seguidores foram Francisco D’Áuria, Jaime 
Lopes Amorim e José Maria Fernandez Pirea, entre outros.
• Estas contas se classificam da seguinte forma:
• a) Contas Patrimoniais: são as contas representativas dos bens 
e dos direitos (Ativo), das obrigações (Passivo) e do Patrimônio 
Líquido (PL) da entidade.
• b) Contas de Resultado: são as contas que representam as 
receitas e as despesas da entidade. 46
Escola do Pensamento Contábil
Formada pela Escola Europeia, que predominou em 
todo o mundo durante séculos. 
O expressivo crescimento e a influência da 
economia americana nas economias dos outros países, 
por volta do século XIV, quebraram sua hegemonia, 
surgindo a Escola Norte-Americana, que teve seu início 
volta do para o tratamento prático das questões 
econômico-administrativas da Contabilidade.
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