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Laís Sena – Medicina FTC 2020.2 Catecolaminas são substâncias que possuem um grupamento químico contendo 1 anel aromático e 2 hidroxilas – uma na posição 3 e a outra na posição 4 – chamado de grupo catecol. Exemplo: Adrenalina. Mecanismos de ação: Ação Indireta: Alteram a via adrenérgica sem se ligar a um receptor. Ação Direta: Atuam se ligando a um receptor Ação Mista: Interferem na via adrenérgica, podendo ou não se ligar a um receptor. Na tabela a seguir são demonstrados os receptores utilizados por determinados agonistas e quais os seus usos clínicos. A adrenalina é um agonista adrenérgico não seletivo. Por conta da grande quantidade de receptores em alguns tipos de tecidos, ela costuma ser usada nas situações descritas na tabela. O isoprotenerol se tornou obsoleto porque como ele usa os receptores beta 1 e 2, resulta em muita alteração cardíaca. A terbutalina e o salbutamol são muito utilizados para evitar parto prematuro pois o receptor utilizado por eles, o beta-2, relaxa a musculatura uterina quando está ativado. Receptor Alfa 1 Está presente, principalmente, na musculatura vascular. Não possui grupo catecol Laís Sena – Medicina FTC 2020.2 A imagem mostra uma célula vascular da musculatura lisa. A noradrenalina é liberada na fenda sináptica e se liga a um receptor alfa-1 adrenérgico, o qual está associado a uma proteína Gq. Dessa forma, é ativada a via de sinalização da Fosfolipase C. O IP3 e DAG são fundamentais na atividade da célula muscular lisa, sendo elas: O IP3 estimula o retículo sarcoplasmático a liberar cálcio para o meio intracelular. O DAG ativa a fosfoquinase C (PKc), que é responsável por fosforilar canais de cálcio promovendo maior influxo desse íon. Ou seja, através de duas vias há a promoção do aumento de cálcio intracelular, o que na musculatura lisa significa maior contração. Receptor Alfa 2 É acoplado a proteína Gi, que bloqueia a atividade da adenilil ciclase. Dessa forma, vai haver menos AMPc no neurônio pré- sináptico, levando a redução da entrada de cálcio e menor liberação das vesículas com neurotransmissores (Feedback negativo). Receptor Beta 1 É um receptor acoplado a proteína Gs e está mais distribuído nas células cardíacas. O ligante adrenérgico se liga ao receptor beta -1. A proteína Gs é ativada e libera a subunidade alfa, a qual se liga à adenilato ciclase. Há a conversão do ATP em AMP cíclico pela adenilato ciclase e, por consequência, a ativação do fosfoquinase A (PKa). A PKa fosforila, nos cardiomiócitos, os canais de potássio (fechando eles) e os de sódio (abrindo). Dessa forma, a célula fica cheia de sódio e com pouco potássio, o que provoca a sua despolarização. Esse aumento de potencial ativa os canais de cálcio dependentes de voltagem e gerando influxo de Ca2+, resultando em maior frequência cardíaca. Receptor Beta- 2 Estão presentes principalmente nas células musculares lisa das vias respiratórias. É acoplado a proteína Gs. O AMPc nessas células gera aumento do influxo de potássio, aumento do efluxo (saída) de cálcio. Estimula também o reticulo sarcoplasmático a capturar o cálcio intracelular. Dessa forma, há menor ativação das proteínas contráteis, resultando em broncodilatação. Importantes no tratamento de asma e para evitar parto prematuro (vide tabela 2). R E L E M B R A N D O A porção Q da proteína G vai se desligar do receptor e ativar a fosfolipase C. Essa é a enzima responsável por converter o PIP2 em IP3 e DAG. Laís Sena – Medicina FTC 2020.2 Eles bloqueiam os efeitos celulares dos agonistas. Porque não temos antagonistas B2- seletivos? Um agonista B2, como salbutamol e tertabulina, provoca dilatação nos brônquios. Nesse sentido, um antagonista iria provocar broncoconstrição, o que não é interessante para a clínica. A maioria dos antagonistas de receptores adrenérgicos é seletiva para receptores alfa ou beta, alguns são seletivos até para seus subtipos. Antagonistas Alfa - Antagonistas alfa não-seletivos: fenoxibenzamina, fentolamina -> usados no tratamento do tumor adrenal (feocromocitoma), visto que nesse caso há uma grande produção de adrenalina, portanto, é importante antagonizar os receptores Alfa 1 e 2. - Antagonistas alfa 1 seletivos: prazosina e doxazosina. (Anti-hipertensivo e hiperplasia prostática benigna) - Antagonista alfa 2 seletivos: ioimbina e idazoxano. (Usados na disfunção erétil) Antagonistas α1-adrenérgicos Como foi visto, a ativação do receptor α1 leva a contração. É comum no início do tratamento uma taquicardia reflexa, pois quando nosso corpo percebe uma redução da PA pela via adrenérgica ele estimula outras zonas de controle a trabalharem mais como mecanismo de compensação. Ocorre também um bloqueio α2 pré-sináptico no coração, isto é, liberação maior de adrenalina (o α2 inibe a liberação das vesículas com neurotransmissores), também para compensar a queda de pressão. São úteis no tratamento da retenção urinária associada à hipertrofia prostática benigna por causarem relaxamento da musculatura lisa do colo da bexiga e da cápsula prostática e inibirem a hipertrofia desses tecidos. (Rang e Dale, 8ª edição) Antagonistas β-1 adrenérgicos Na regulação da pressão em hipertensos eles agem na: (1). Redução do débito Se houvessem antagonistas β-2 eles agiriam nessa via, contudo como receptor β-2 está presente nos brônquios, essa via não útil clinicamente. Laís Sena – Medicina FTC 2020.2 cardíaco; (2). Redução da liberação de renina pelas células justaglomerulares; (3). Ação central, reduzindo a atividade simpática. O carvedilol e o nebivolol são particularmente eficazes na redução da pressão arterial, por causa de suas propriedades vasodilatadoras adicionais (causa vasodilatação por indução da produção de NO pelo endotélio). (Rang e Dale, 8ª edição). Os primeiros beta-bloqueadores não tinham tanta seletividade para β-1, acabavam se ligando ao β-2 também. Os beta- bloqueadores mais novos são um pouco mais seletivos para β-1 do que para β-2. Contudo, há outras opções de anti- hipertensivos para pacientes asmáticos que não usam a via beta adrenérgica. Os agonistas provocam um efeito quando se ligam aos receptores. Os antagonistas não geram uma resposta quando se ligam aos receptores. O pindolol é um agonista parcial porque embora provoque um efeito quando se liga, a magnitude dessa resposta é pequena. Ambos os agonistas demonstrados na imagem não são seletivos, a diferença entre eles é o tempo de meia vida. O isoproterenol é mais rapidamente eliminado. O atenolol tem maior seletividade para β-1 do que para β-2. Ele tem meia vida maior que a do propranolol, sendo eliminado mais lentamente. Uso clínico Cardiovascular: Angina de peito, Infarto do miocárdio, Arritmias, IC, Hipertensão. Outros usos: Glaucoma, Ansiedade, Profilaxia da enxaqueca, tireotoxicose, tremor essencial benigno (distúrbio familiar). São bloqueadores beta não-seletivos o propranolol, alprenolol, nadolol, pindolol, timolol, sotalol. Os bloqueadores β-1 seletivos são o: acebutol, atenolol, practolol e metoprolol. A butoxamina é uma substância que atua como bloqueador β-2 seletivo, mas não é um fármaco. Estimulam a resposta adrenérgica, sem propriamente se ligar aos receptores adrenérgicos. Anfetamina (1). Estimula o armazenamento de noradrenalina nas vesículas. (2). Bloqueia os transportadores de captação, ou seja, a noradrenalina fica mais tempo na fenda estimulando a célula seguinte. (3). Faz com queo transportador de noradrenalina exerça a função simporte (troca de substâncias), Agonistas Antagonistas Laís Sena – Medicina FTC 2020.2 colocando a anfetamina para dentro e tirando a NA, propiciando o aumento de noradrenalina na fenda. (4). Inibe a atividade da MAO, ou seja, inibe a degradação de noraepinefrina e dopamina. Dessa forma, tem mais NA armazenada para ser usada posteriormente. DA é dopamina, mas o efeito na NA (noradrenalina) é o mesmo. A anfetamina pode ser considerada um agonista adrenérgico misto, porque além das vias indiretas citadas acima essa substância pode exercer algum tipo de agonismo direto. Inibidores da monoamino oxidase (MAO) Os principais representantes dessa classe são antidepressivos. O neurotransmissor é liberado na fenda, recapitado e dentro do neurônio a MAO vai estar bloqueada. Assim, a NA será revesiculada, aumentando a quantidade dentro das vesículas. Quando o estímulo chegar, vai ser liberado mais noradrenalina do que o convencional. Cocaína Além de ser droga de abuso é um fármaco, atuando como anestésico local tópico. Ela aumenta a quantidade de neurotransmissor na fenda através do bloqueio de transportadores de receptação. O problema dela, como fármaco, é que ela inibe canais de potássio dos cardiomiócitos. Destarte, estimula principalmente arritmias, bem como aumento da força e da frequência. O efeito anestésico da cocaína não está demonstrado na imagem, mas tem relação com o bloqueio de canais de sódio, como a maioria dos anestésicos. Diminuem a resposta simpática (reduz a liberação de noradrenalina) sem antagonizar o receptor. Alfa-metiltirosina Inibe a tirosina hidroxilase. Essa enzima trabalha na primeira etapa da formação da noradrenalina – na convenção da tirosina em levedopa. Assim, há menos NA e dopamina sendo produzida, diminuindo a resposta adrenérgica. É usado no tratamento do feocromocitoma. Laís Sena – Medicina FTC 2020.2 R E L E M B R A N D O Interação do tipo falso substrato: É uma forma de antagonismo na qual o fármaco se liga a enzima, mas não a inativa. Ao invés disso faz com que ela trabalhe e dê origem a uma outra molécula, só que essa molécula não tem nenhuma função. Dessa forma, ela ocupa o espaço e tempo da enzima, fazendo com que ela não aja no substrato primário. Carbidopa É um fármaco usado no tratamento do Parkinson. Esse fármaco ajuda a regular a quantidade de neurotransmissores na fenda sináptica. A Carbidopa é uma molécula que inibe a dopadescarboxilase. Essa enzima participa da etapa de conversão da levedopa em dopamina. Contudo, a carbidopa não atravessa a barreira hematoencefálica, ou seja, há um acúmulo de levedopa fora da barreira. Como a levedopa consegue atravessar a BHE, há aumento dela no sistema nervoso. A enzima que transforma a levedopa em dopamina não está bloqueado no SN, pois o fármaco não consegue entrar. Assim, há aumento dos níveis de dopamina nesse paciente. Atualmente, os pacientes com Parkinson são tratados com uma associação da Carbidopa e de Levedopa em um comprimido. α metildopa É um fármaco que atua na dopadescarboxilase dando origem ao falso substrato α-metilnorepinefrina. Resultando em redução na síntese de noradrenalina. Usada principalmente em hipertensões no final da gravidez. Reserpina É um bloqueador do transportador de renvesiculação – VMAT. Dessa forma, haverá menos noradrenalina disponível nas vesículas quando o estímulo chegar. Por isso não é tão indicado uma associação de reserpina com um inibidor da MAO, porque acumularia o neurotransmissor na fenda e daria margem para alguns efeitos adversos. Guanetidina Interfere na mobilidade vesicular, de forma que, se eu tenho menos vesículas se deslocando para liberar os neurotransmissores terei menos noradrenalina na fenda. Laís Sena – Medicina FTC 2020.2
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