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TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – CONCEITO → São agentes que atual bloqueando a transmissão na junção neuromuscular → É um grupo que vai agir bloqueando a transmissão na junção neuromuscular. Quando estamos falando de junção neuromuscular, estamos falando de drogas que vão agir especificamente em músculo estriado esquelético, que um músculo de controle voluntário. HISTÓRICO A descoberta dos bloqueadores neuromusculares ocorreu na bacia amazônica, na época da colonização da bacia. Nessa época, os colonizadores perceberam que os índios utilizavam como método de caça o extrato de uma planta, que era colocado na ponta da lança. Quando essa lança atingia a caça, a caça imediatamente caia e perdia o movimento, o que chamou muita atenção dos colonizadores. Inicialmente, eles pensaram que os índios estavam utilizando um veneno, substância que causa paralisia. Mas, o que gerou muitas dúvidas sobre isso foi o fato de que após a caça, os índios pegavam o animal e consumiam, sem ter nenhum problema após o consumo. Com essa curiosidade, os colonizadores começaram a querer entender e pesquisar sobre isso, ao longo da aula vamos entender o que era essa substância e por qual motivo não causava malefícios para os indivíduos que estavam consumindo os animais. Em princípio, posso dizer que os índios denominavam esse extrato de curare. Com isso, o curare foi estudado e a partir dele foram desenvolvidas todas as drogas conhecidas como bloqueadores neuromusculares. → VÍDEO- JUNÇÃO NEUROMUSCULAR → A representação da junção neuromuscular envolve: neurônio, região muscular (músculo esquelético estriado) com a qual o neurônio motor faz sinapse e fenda sináptica. → Algumas estruturas que são importantes para a neurotransmissão presentes no neurônio: ao longo do neurônio próximo a região sináptica, tem-se os: → Canais de cálcio na membrana (canais de cálcio voltagem- dependente) esse canal de cálcio normalmente encontra-se fechado e quando se propaga um potencial de ação ao longo da membrana, o canal se abre. → O canal responde a alteração de voltagem de potencial de membrana. Ao abrir o canal de cálcio, íons de cálcio que estão concentrados no meio extracelular por um processo simples de processo passivo (vai de onde ta + para onde ta -), adentram ocorre o influxo de cálcio para este neurônio. Consequentemente teremos aumento da concentração de cálcio e esse aumento cálcio intracelular no neurônio vai ativar miofibrilas (filamentos de tubulinas) que fazem com que essas vesículas presentes no filamento dos neurônios, vesículas que armazenam neurotransmissor acetilcolina migram para a região próxima a fenda sináptica. → Uma vez essa migração ocorrendo, vão ter pontos específicos chamados de zona ativa nos quais ocorrem o contato das vesículas com a membrana e consequentemente fusão e liberação do seu conteúdo (acetilcolina). → A velocidade de uma neurotransmissão ocorre extremamente rápida 10 a menos 6 milissegundos. → Uma vez acetilcolina sendo liberada na fenda, o caminho dela vai ser encontrar receptores de acetilcolina. Uma vez ativados, eles se abrem, são considerados canais iônicos. O íon em questão é o íon sódio. → Então receptor de acetilcolina na membrana do músculo esquelético, estimulado pela acetilcolina estimula a entrada/influxo de sódio, o que vai caracterizar consequentemente a ativação do processo de contração. → É o mesmo processo: acetilcolina é liberada, vai se ligar ao receptor, abre o canal, entra sódio, ai a membrana despolariza. Começa o processo despolarização- repolarização. TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – → O receptor que a acetilcolina está se ligando é chamado de receptor nicotínico, que é um receptor ionotrópico (receptor para íons). O íon em questão é o íon sódio. Isso vai ativar o processo de contração muscular. → Acetilcolina é um canal iônico. O nome que se dá a canais iônicos que se caracterizam como receptores é receptores inotrópicos. → Existem vários tipos diferentes de receptores inotrópicos. O receptor nicotínico é um dos tipos de receptores inotrópicos. → O receptor nicotínico que esta representado como um receptor de acetilcolina é inotrópico, ele representa um canal iônico. o Liberação da acetilcolina na fenda o Acetilcolina se liga ao receptor ionotrópico, no caso o receptor nicotínico o Abre-se canal de sódio o Despolariza a membrana muscular o Ativa o processo de propagação através da membrana muscular que vai resultar na contração do músculo → Fisiologicamente o organismo já tenta reduzir isso através da enzima acetilcolinesterase, uma enzima presente na fenda sináptica que degrada a acetilcolina. Quando isso ocorre a acetilcolina é clivada em duas partes: acetil e colina e deixa de atuar. Por isso que estima-se um tempo muito rápido de ação da acetilcolina na neurotransmissão porque ela é liberada, age no receptor nicotínico e imediatamente ela é liberada. A ação dela não pode ter muito tempo, para não ter um hiper efeito da acetilcolina em nosso organismo. → Cada um tem um mecanismo diferente, por exemplo, noradrenalina (sistema nervoso autônomo simpático), faz uma ação meio que quase contraria a acetilcolina, também tem degradação e tem até mais mecanismos de degradação, pois os efeitos da noradrenalina são até mais graves, porque tem mais receptores e órgãos atingidos, por conta disso existem duas enzimas para degrada-la (MAO – monoaminoxidase e a COMT- Catecol-O-Metil Transferase). Essas enzimas degradam os adrenérgicos (adrenalina, noradrenalina, dopamina), a fenda sináptica e o corpo como um todo em várias regiões produzem essas duas enzimas para ter essa degradação. Sem contar que a depender do neurotransmissor, o neurônio tem sistemas de recaptação, o mesmo neurônio que libera o neurotransmissor, ele tem na membrana algumas proteínas de transporte para pegar o neurotransmissor que foi liberado e voltar para o mesmo neurônio. Ou seja, uma neurotransmissão é algo que tem que ocorrer de maneira extremamente rápida e esse neurotransmissor não deve ficar permeando por muito tempo na fenda, ele tem que ir lá fazer o papel dele, no caso da acetilcolina o papel é abrir o canal iônico, quando esse canal iônico for aberto a acetilcolina não tem mais que fazer nada, pois o processo será: sódio entrou e despolarizou membrana e a contração vai ocorrer no musculo → Resumidamente temos: Em um neurotransmissão nós temos a ação da acetilcolina em receptores juncionais nicotínicos, é o tipo de receptor que tem no musculo estriado esquelético. → Cuidado que nem todo receptor de acetilcolina é nicotínico, o outro tipo seria o muscarínico. → Muscarínico é metabotrópico e o nicotínico é ionotrópico. → Muscarínico: é uma proteína de membrana com nove domínios associado a proteína G → Nitocotínico: é esse canal iônico apresentado, um detalhe sobre ele é que para ser aberto tem a participação da acetilcolina, só que como ele tem cinco subunidades, ele precisa de duas moléculas de acetilcolina para ser aberto, que ao se ligarem ao receptor, faz com que ele seja aberto e vire o verdadeiro canal iônico para sódio principalmente, cálcio também entra, mas para esse momento o que nos importa é o sódio. → A abertura então desse canal central viabiliza a passagem de íons que gera despolarização imediata de membrana, resultando em contração muscular. E o mecanismo fisiológico de degradação ou remoção é enzimático a partir da AChE (acetilcolinesterase) que promove a degradação da acetilcolina. → Farmacologicamente descobriu-se com os estudos com o Curare que esse processo de interrupção de ação pode ser feito com fármacos e ai é que vem o tema especifico das drogasque trabalharemos hoje, que são os fármacos conhecidos como BNM – Fármacos bloqueadores neuromusculares, que é um grupo farmacológicos bem simples. → Mas em princípio, temos que os fármacos BNM podem ser de 2 tipos: → Competitivos também chamados de adespolarizantes; → E os despolarizantes, alguns livros trazem eles como não competitivos. AGENTES COMPETITIVOS OU ADESPOLARIZANTES OU NÃO DESPOLARIZANTES → Como exemplo temos 2 drogas: a Tubocurarina e o Pancurônio. → Lembrete: Existem outras drogas neste grupo fora as 2 citadas. → São moléculas relativamente grandes; possuem grupamento amínico, gerando uma polaridade alta neles. TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – → Apresentam também hidrossolubilidade, o que dificulta sua absorção em determinados pontos de sua administração. → O que determina num fármaco de acordo com a farmacocinética a propriedade dele ser altamente polarizado? → Quanto mais polarizado, mais são hidrossolúveis os fármacos e quanto mais hidrossolúvel maior é a dificuldade de atravessar a membrana, ou seja, maior é a dificuldade dessa droga ser absorvida. Não quer dizer que vai impossibilitar isso, só que quem é polarizado/ hidrossolúvel tem que possuir mecanismos específicos de transporte através da membrana o que dificulta sua passagem. Alguns fármacos nem tem esses mecanismos, e devido a isto, não são absorvidos d-Tubocurarina → “A letra d” de d-Tubocurarina é aquela questão de ser dextrogiro. → Primeiro fármaco produzido como BNM tendo como modelo o Curare. → O nome desta droga foi em homenagem ao Curare que os índios da Amazônia utilizavam em flechas, zarabatanas, retirado da pele de alguns anfíbios desta região. → Atualmente, a d-Tubocurarina não é a droga mais utilizada. Porém, tem uma grande importância por ter sido a pioneira nos BNM, e a partir dela surgiram outras. → A função destes fármacos é bloquear os receptores nicotínicos da placa motora e impedindo o acesso da Acetilcolina (AChE) nesses locais, ou seja, vão competir com a Acetilcolina pelo receptor nicotínico. Quem tiver mais afinidade, maior concentração vai ganhar esta competição. → Estes agentes quando administrados no organismo: o Irão para a junção neuromuscular; o Ocupando os receptores nicotínicos; o Impedindo que a AChE ative esses receptores, ou seja, é um antagonismo clássico. Lembrando o que o antagonista (Ag. Competitivo) ocupa o receptor, não ativa o receptor, não estimula ele e impede que o agonista (AChE) desempenhe sua função. → O que resulta a administração dos agentes competitivos? o Ocorre a diminuição da contração muscular; relaxamento permanente do músculo estriado esquelético. E se os músculos afetados neste relaxamento estiverem envolvidos na respiração, pode levar o indivíduo a óbito por insuficiência respiratória, por prejudicar o mecanismo respiratório que é fundamental para a propagação da vida. → A principal questão associada à exposição de uma droga que impediria a contração da musculatura estriada esquelética é o comprometimento dos músculos que são essenciais para a respiração. Músculos associados à respiração→ músculo liso/involuntário como o diafragma; músculo esquelético/voluntário como os intercostais internos e externos. Caso haja um comprometimento da contração desses músculos o indivíduo pode evoluir para o óbito. → Sequencia de ação: por onde iniciam os efeitos e os demais locais em seguida → Ex: pode começar na parte superior →músculos oculares→ membros→ último local: MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS → O encerramento do efeito vai no sentido contrário, ou seja, a diminuição dos efeitos começa nos músculos respiratórios e encerra nos músculos mais superiores como os oculares e para realmente. → Por isso que quando utilizados é preciso um acompanhamento muito próximo e bem rigoroso em termos de quantidade e tempo de ação para não ter um bloqueio geral → 70% das complicações nos processos de anestesiologia a droga envolvida é um bloqueador neuromuscular → Os bloqueadores neuromusculares estão sendo muito utilizados nas evoluções dos quadros clínicos associados ao COVID-19, tendo em vista que faz parte do protocolo para a intubação → Numa posologia correta esses bloqueadores não induzirão uma paralisia tão completa, de modo que pode ocorrer efeitos indesejáveis, mas quando identificados é possível fazer uma intervenção → O tempo de ação dos bloqueadores neuromusculares competitivos varia em função do tipo de droga, haja vista que as moléculas são diferentes TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – → Bloqueadores neuromusculares competitivos são sensíveis à enzima acetilcolinesterase a exemplo da acetilcolina, ou seja, uma forma do organismo eliminar essas drogas, até porque esse bloqueio não pode ser eterno, é justamente através da degradação promovida por essa enzima → Drogas de ação competitiva apresentam uma semelhança química em relação ao agonista AGENTES DESPOLARIZANTES → AGENTES DESPOLARIZANTES: se ligam ao receptor sem promover a despolarização. → Existem uma complexa série de drogas da classe dos agentes competitivos, com isso, foi realizado uma classificação de acordo com o tempo de duração. → Classificação das drogas quanto ao tempo de duração: AGENTES COMPETITIVOS DE CURTA DURAÇÃO: → EX: Mivacurium → Tempo de início do efeito de ação: 2 a 2,5 minutos → -Tempo de duração do efeito farmacológico: 12 a 18 minutos AGENTES COMPETITIVOS DE INTERMEDIÁRIA DURAÇÃO → Tempo de início do efeito de ação: não deu → Tempo de início do efeito farmacológico: 30 a 80 minutos → AGENTES COMPETITIVOS DE LONGA DURAÇÃO: → EX: Tubocurarina → Tempo de início do efeito farmacológico: 80 a 120 minutos → Obs: efeito farmacológico corresponde ao tempo de atuação do bloqueio da droga. Após esse tempo de acordo com cada droga, ainda há um tempo de efeitos secundários e de eliminação das drogas. → Quanto maior e mais longo for o tempo de efeito farmacológico de um agente bloqueador neuromuscular, maior será a quantidade de efeitos adversos que surgirão... → As drogas que atuam como agentes bloqueadores neuromusculares são produzidas de acordo com o tempo de duração do procedimento que irá ser realizado, buscando alcançar uma eficácia máxima e diminuir a quantidade de efeitos adversos surgidos. → EXEMPLO: Se eu vou entubar um paciente, é necessário com que ocorra o relaxamento da musculatura do mesmo. Sei que após o uso de anestésicos para uma anestesia não vai ocorrer o relaxamento total da musculatura, com isso, é necessário utilizar um agente bloqueador neuromuscular. O que seria mais interessante para a utilização nesse momento, sabendo que o procedimento de entubação demora poucos minutos para ser realizado, utilizar o Mivacurium ou a Tubocurarina? → RESPOSTA: Tubocurarina. → PERGUNTA: Um paciente que faz uso único e exclusivamente de um bloqueador neuromuscular vai perder a percepção da dor? → RESPOSTA: Não, visto que a via nervosa que está sendo bloqueada pelo uso dessas drogas corresponde unicamente a via nervosa motora. Com isso, a via nervosa sensitiva não é inibida e ocorre a captação e geração da dor. Ou seja, paciente que usar unicamente e exclusivamente bloqueador neuromuscular não vai perder as captações sensitivas em geral, só irá perder a capacidade de movimentação muscular. → Bloqueadores neuromusculares eles bloqueiam a transmissão de impulso elétrico, ou seja o paciente que fizer uso de apenas um bloqueador neuromuscular não vai conseguir realizar movimento e ainda vai apresentar todas as percepções sensitivas, a dor, por exemplo. Por isso, em procedimentos de intervenção são usados associados anestésicos. → OBS:alguns anestésicos podem apresentar uma pequena porcentagem de bloqueador neuromuscular, mas isso não é suficiente, e dessa forma, em processo de intervenção devem ser associados a bloqueadores neuromusculares. → Como todo fármaco pode ter efeitos adversos e para reverter a ação do bloqueador neuromuscular competitivo pode usar os seguintes fármacos: → Neoestigmina → Piridostigmina → Ambenônio → Esses fármacos atuam inibindo a ação da acetilcolinesterase, aumentando a concentração de acetilcolina na fenda sináptica, e como os neuromusculares são fármacos TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – competitivos, eles só conseguem atuar se estiverem em maior concentração. Dessa forma, os fármacos acima ajuda reverter a ação dos bloqueadores neuromusculares, por meio do aumento da concentração da acetilcolina. → Pergunta: Existe alguma forma de estimular a acetilcolinesterase, já que foi dito que existe uma semelhança química entre os bloqueadores e a acetilcolina? → Resposta: É bastante complicado fazer isso, porque uma enzima é uma proteína produzida em determinadas regiões específicas e a administração dessa enzima até ela chegar à região pretendida iria provocar muito mais efeitos adversos, se ela conseguisse chegar lá de forma ativa, que efeitos terapêuticos. Pois não temos acetilcolina apenas na via motora, há acetilcolina no SNC, no SNA. Então trabalhar com a acetilcolinesterase nesse sentido, resolveria um problema, mas causaria outros, porque ela mexe no organismo como um todo, então onde existir acetilcolina, ela atuará. Já a neoestigmina, piridostigmina e o ambenônio são o que chamamos de colinérgicos indiretos, eles vão promover o aumento da acetilcolina e vão agir em pontos específicos, como no caso da fenda sináptica. → → Plano geral de quais são os bloqueadores neuromusculares competitivos, destacando o tempo e o porquê disso. Caso tenha algum problema, do ponto de vista de intoxicação para o paciente, ou de querer que o efeito da droga passe logo, existe a possibilidade de reverter com colinérgicos indiretos reversíveis, como os exemplos citados que são os mais utilizados - neoestigmina, piridostigmina e ambenônio. → Agentes despolarizantes: → São os fármacos que promovem a despolarização. Até agora só existe um fármaco nesse grupo, o Succinilcolina, também chamado de suxametônio em alguns livros. → Esse grupo tem uma forma de agir bem diferente. A succinilcolina é um fármaco que nada mais é que 2 moléculas de acetilcolina ligadas, ou seja, sua estrutura química resume- se a ligação de 2 moléculas de acetilcolina. Isso explica por que ela se encaixa no receptor nicotínico. → Uma outra característica da succinilcolina é em relação a sua espessura, é uma molécula muito fina. Então quando ela se liga ao receptor nicotínico, ela irá promover a abertura dos canais iônicos. Mas ela tem uma característica de ficar ligada e por conta disso, didaticamente, coloca-se que esse tempo de ação da succinilcolina no receptor é dividido em fases. → A fase 1 é mais ou menos a mesma coisa que a acetilcolina faria. É um bloqueio, mas, inicialmente, o que a succinilcolina vai fazer é um estímulo. Devido a sua semelhança química muito grande com a acetilcolina, ela vai se ligar ao receptor nicotínico, irá abri-lo, vai permitir a entrada do sódio e nessa fase inicial então, isso é caracterizado por haver uma despolarização de membrana e obviamente, uma excitação no músculo. Uma das características que se observa em pacientes que fazem uso de bloqueadores neuromusculares competitivos, é que imediatamente após o uso, ocorrem ligeiras contrações musculares na região onde a droga foi administrada. Essas ligeiras contrações são chamadas de fasciculações - muitos pacientes reclamam, após o uso, de ficar com determinadas regiões do corpo doloridas de tão intensas que são essas fasciculações. → Quanto ao mecanismo de ação dos bloqueadores neuromusculares, tem-se que: → - Os competitivos agem competindo com a acetilcolina pelo receptor nicotínico. → - Os agentes bloqueadores despolarizantes agem em 2 fases: → 1º momento: Ocorre uma ativação do receptor com consequente despolarização de membrana. Mas ao passar do tempo, esses agentes continuam ligados ao receptor, até porque, ao contrário das demais drogas e da própria acetilcolina, os bloqueadores neuromusculares despolarizantes não sofrem ação da acetilcolinesterase, então eles conseguem ficar ligados por muito tempo. Por causa desse longo tempo de ligação, acabam dessensibilizando/inativando o receptor, então inicia-se a fase 2. → Ao contrário das demais drogas, e da própria acetilcolina, os bloqueadores neuromusculares despolarizantes não sofrem ação da acetilcolinesterase. Logo, conseguem ficar por mais tempo e ficam por tanto tempo ligados ao receptor que acabam o inativando. → A partir disso, começa a fase 2. Com a exposição contínua, ocorre a dessensibilização dos receptores. A despolarização inicial e a repolarização vai ser reduzida. → O princípio, fisiologicamente, é: neurotransmissor se liga ao receptor, abre, entra o íon, automaticamente o agente que promoveu a abertura se desliga e o receptor fecha. É preciso que haja uma despolarização seguida de uma repolarização. Caso o canal permaneça aberto, esse processo de potencial de membrana é perdido. → Esse processo despolarizante, em uma primeira fase: se liga, abre o canal de sódio, vai ocorrer uma despolarização (só que não se desliga pra o canal fechar). Então, o canal permanece por mais tempo aberto, o receptor é dessensibilizado e esse potencial de membrana deixa de acontecer. Sem isso não há contração muscular. → OBS:. Quando abre o canal iônico, os íons entram e, depois, automaticamente se fecha. É extremamente rápido. Para TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – manter a propagação ao longo da membrana é preciso que esses canais iônicos fiquem abrindo e fechando muito rapidamente. A succinilcolina se liga ao receptor e ele se abre (entra sódio), mas não fecha na mesma velocidade. O fato de abrir e fechar é para permitir a entrada do íon e evitar que ele saia, evitando que haja uma perca de potencial entre o lado intra e extracelular. → Logo, num primeiro momento, há uma despolarização com algumas excitações musculares. Porém, na segunda fase, a exposição continua e esse receptor é dessensibilizado, deixa de ter uma resposta. → A succinilcolina é um agente despolarizante e dura cerca de 5-8 minutos. O fármaco competitivo que tinha ação mais curta era o mivacúrio, com duração de 12-18 minutos. → → Os agentes despolarizantes são os bloqueadores neuromusculares mais rápidos. Quanto menos tempo um bloqueador neuromuscular ficar agindo, menor é o risco de ter efeitos adversos e graves. → → Do ponto de vista farmacocinético, foi dito aqui que são drogas altamente hidrossolúveis, por isso seu uso oral não é viável, pois a absorção seria praticamente nula. Esses fármacos são para uso endovenoso e intramuscular. A amônia quaternária que apresenta um alto grau de ionização é a responsável pela hidrossolubilidade. O fato desses fármacos serem hidrossolúveis por um lado é ruim pois limita o seu uso para uso hospitalar, porém por outro lado é bom porque a droga não atravessa a barreira hematoencefálica, e isso é muito bom já que teremos um uso muito restrito e limitado para certas áreas, já que vimos o grau de seriedade para o uso dessas drogas. → Outra coisa importante é aquilo que foi falado no começo da aula, dos índios que comiam e não se contaminavam, a resposta é essa, devido ao fato da droga ser muito hidrossolúvel, como o consumo da carne era via oral, o curare não era absorvido enão gerava efeito nos indivíduos. → Qual o grande uso terapêutico dos bloqueadores neuromusculares? Destacam-se a intubação orotraqueal, que agora mais do que nunca está sendo uma conduta muito utilizada, relaxante muscular cirúrgico, como por exemplo cirurgias que requerem movimentos muito finos, como procedimentos neurocirúrgicos, intoxicação por tétano, devido à contração muscular intensa que a intoxicação promove e atualmente eletro-convulso-terapia. → → A eletroconvulsoterapia nas ultimas décadas teve uma mudança gigantesca e trabalha-se hoje com algumas voltagens especificas, sendo assim não vai gerar sofrimento ou piorar o estado do paciente, é feito isso como uma ferramenta bem conduzida com protocolos e sem gerar esses danos que estamos habituados culturalmente. Mas, de qualquer forma se esta passando corrente elétrica no paciente esta gerando contração muscular e pode sobrecarregar/esgotar a atividade muscular, por isso um bloqueador neuromuscular é interessante nesse processo. → Boa parte dessas ações são pra procedimentos muito específicos, dependendo da área da medicina os bloqueadores neuromusculares vão ser um grupo farmacológico que poucos vão utilizar, um processo que é utilizado é quando for feito o processo de intubação. Eles estão muito envolvidos com o ramo da medicina que trabalha de anestesiologia, assim, tem fármacos que vamos prescrever sempre, mas tem outros que são mais restritos em determinadas situações e ambientes, como é o caso dos bloqueadores. EFEITOS ADVERSOS → Vale pra todos, tanto os competitivos quanto aos não competitivos. → Apneia prolongada pelo bloqueador vascular → Colapso cardiovascular → Boa parte promove liberação de histamina TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – → Quando falamos de histamina a primeira coisa que vem em mente são as reações alérgicas. A histamina esta envolvida com uma serie de funções no corpo humano, mas realmente a primeira coisa é reação alérgica, e o uso de bloqueadores neuromusculares pode fazer/estimular, não só eles existem varias substancias químicas que são chamadas de substâncias histamino liberadoras, iodo, por exemplo, o que não é muito interessante e alguns têm essas características de maneira mais intensas que os outros. → Então, se fomos administrar isso no paciente é interessante saber se ele é um indivíduo que tem reações alérgicas muito fáceis a alguma coisa porque esse paciente por si só já esta predisposto a ter liberação de histamina, então sempre que for usar um bloqueador neuromuscular temos que ter sempre um antihistamínico, mesmo com pacientes que não tenha alergia a depender do bloqueador pode ser que gere uma reação semelhante à de uma alergia, porque ai no caso isso é uma liberação induzida quimicamente. ESPECÍFICOS DOS COMPETITIVOS: → Bloqueio do vago: inervação parassimpática, bloqueando o parasimpático permitimos uma maior atividade do simpático, especificamente do coração, apresentando taquicardia. → Bloqueio dos gânglios simpáticos: resulta numa diminuição de uma pressão arterial, pois ta agindo mais na atividade muscular lisa, então diminuindo a pressão arterial o organismo tende a compensar acelerando o coração tentando aumentar essa pressão, chamamos isso de taquicardia reflexo. → Eles podem ter uma sobrecarga como efeito adverso no coração, então o paciente tem que ficar monitorado e deve acompanhar a função cardíaca porque essa função certamente irá aumentar → Já no caso dos adespolarizantes, já nos referimos à succinilcolina, as fasciculações na fase 1, podem gerar a posteriori dor muscular. → Os canais ficam abertos por muito tempo, pode haver hiperpotassemia- sai muito potássio da célula, lembra: entra sódio, sai potássio. Com o canal aberto o potássio irá sair. → Hipertermia maligna, estímulo vagal. → Uma diferença para os competitivos para os adespolarizantes: os anteriores promovem o bloqueio do vago, a succinilcolina promove estímulo do vago. → O estímulo do vago é um estímulo parassimpático, que pode gerar bradicardia. → Estímulo de gânglios simpáticos: se por um lado pode gerar a bradicardia, por outro pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, ou seja: a resposta cardiovascular de um indivíduo que faz uso de succinilcolina é variada, nunca se sabe ao certo o que esperar. → Pode haver bradicardia ou uma taquicardia, normalmente prevalece uma bradicardia. → Pergunta: Esses medicamentos oferecem então muito risco? → Resposta: Sim, apesar de que a administração dessas drogas (anestésico geral e bloqueadores neuromusculares) geralmente é pelos anestesiologistas, pessoas que após a graduação passam um tempo extenso estudando só esses protocolos, enfim, o que dá uma margem de segurança maior. Os pacientes realmente precisam ficar sendo monitorados por esses indivíduos. → Apesar de mostrarmos esse cenário meio caótico, há uma segurança. Por isso que na maioria das vezes optam-se por utilizar alguns grupos de fármacos bloqueadores de ação mais curta, com o intuito de reduzir o risco, já que seu tempo de ação será menor. → Mas é necessário sim um conhecimento muito grande para que eles sejam utilizados e um acompanhamento muito preciso, pois a margem de erro- índice terapêutico- a diferença entre uma dose tóxica e uma dose terapêutica é muito pequena. → As posologias necessitam calcular peso. No meu entendimento para utilizar todo fármaco deveria seguir isso. Mas na prática não acontece. Eu tenho 1,69, peso 64 kg, tenho uma dor de cabeça tomo um paracetamol de 700mg, aí vem um jogador de basquete da NBA, com 2,20, pesando sei lá quanto e toma a mesma coisa, será que isso está correto? O correto seria calcular realmente dessa maneira, mas como a necessidade é rápida nos sistemas de saúde , o atendimento seria prejudicado, justifica-se por isso. Mas esse tipo de fármaco é feito dessa forma, essas drogas mais complexos, precisam de um maior cuidado. → A seguir temos um quadro geral resumindo o que vimos, há destaque para as drogas succinilcolina, entre outras. → → Essas drogas a seguir: Atracúrio, Mivacúrio e Cisatracúrio são as mais utilizadas, justamente pela questão do tempo de ação delas e os efeitos farmacocinéticos e também destaque para a succinilcolina, pelo seu curto tempo de ação. TERAPÊUTICA I – 09.04.2021- PROF. MARCOS LEAL – → marcos.antonio@cesmac.edu.br
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