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Cultivo de mexilhões – 23 Organismos associados ou incrustantes – a vida ao redor do cultivo Do mesmo modo que um fazendeiro na terra, o cultiva- dor de moluscos, sendo um fazendeiro do mar, tem que lidar com uma série de espécies competidoras. Estes organismos variam, podendo crescer ao redor do cultivo ou mesmo se incrustar nos moluscos. Podem ser organismos causadores de doenças ou que competem pelo mesmo alimento dos mexi- lhões. As plantas e animais que crescem ao redor do cultivo ou se incrustam nos moluscos são chamados de incrustantes. No cultivo de moluscos podem ser apenas incômodos ou causar perda total. Podem causar mortalidade, principalmente das semen- tes, reduzir a taxa de crescimento e, nos cultivos suspensos, causar problemas de flutuação. Os principais organismos incrustantes que causam pro- blemas são: anêmonas, esponjas, hidrozoários, briozoários, poliquetas, cracas, mexilhões, algas e tunicados ou ascídias. Controle de incrustantes Os três principais métodos de controle dos incrustantes são o físico, o químico e o biológi- co. O método físico inclui calor direto, do sol ou fogo. Os métodos químicos utilizam água doce, água quente ou banho em solução química tipo sulfato de cobre ou salmoura. O controle biológico envolve co- Incrustar: fixar, aderir Cultivo de mexilhões – 21 Em Santa Catarina, os mexilhões chegam ao ta- manho de 7 a 8 centímetros, ideal para venda, de 6 a 9 meses. Este tempo e tamanho são considerados em mé- dia, mas é importante observar a densidade do culti- vo. Quando ela for muito alta, aconselha-se fazer o desdobre. Por que fazer o desdobre O desdobre nas cordas é feito para diminuir a quantidade de mexilhões, para limpar e homogenei- zar a produção e facilitar o crescimento, durante o período de engorda. É importante fazer isto também porque os animais terão mais alimento à sua dispo- sição, e é necessário quando começam a aparecer se- mentes fixadas nas cordas de engorda. O manejo Uma criador de mexilhões deve saber que uma fazenda, mesmo sendo pequena, deve ser cuidada freqüentemente. Estes cuidados são importantes para ver se os mexilhões estão crescendo, se as cordas estão limpas e se existem predadores ou outros organismos que prejudicam o cultivo. Densidade populacional: relação entre a quantidade e o espaço. Neste caso, muitas sementes ou indivíduos em pouco espaço é um ambiente com densidade alta. Desdobre ou despesca: colheita dos mexilhões, repicagem. 24 – Manuais BMLP de maricultura nhecimento da biologia e ecologia dos organismos, deste modo o cultivo pode ser planejado para dimi- nuir os organismos incrustantes. Predadores Predadores são animais que se alimentam da car- ne dos mexilhões. Os predadores mais encontrados são: peixes (miraguaia, baiacu, sargo-de-dente) – trituram as conchas. siris (siri azul) – quebram as bordas das conchas e comem a carne. caramujos (moluscos gastrópodes como Thais haemastoma e Cima- tium partenopeum) – fazem um bu- raco na concha e comem a carne. Co- letar os adultos e manter as cordas afastadas do fundo pode ser uma boa maneira de evitá-los. planárias são vermes achatados, bentônicos, que se alimentam da carne de outros animais. O tratamento preventivo é a exposição dos mexilhões ao ar livre. estrelas-do-mar – abrem as conchas com seus braços e projetam o estômago para dentro do mexi- lhão. Quando são poucas podem ser retiradas ma- nualmente. Moluscos gastrópodes: animais de corpo mole como lesmas, caracóis e caramujos. Cultivo de mexilhões – 25 Competidores Os competidores causam mortalidade em sementes, reduzem as taxas de cresci- mento, causam problemas de flutuação nas estruturas e diminuem a captação de semen- tes porque competem por espaço e prejudi- cam o crescimento dos adultos. Os mais comuns são: cracas – são os competidores mais im- portantes porque podem formar agrupamen- tos com alta densidade. Possuem uma concha calcá- ria que se fixa, por exemplo, na concha dos mexi- lhões, nos cascos dos navios e em outros substratos. outros moluscos que não os mexilhões – são filtradores que competem por alimento, crescem muito rapidamente e em grande quantidade. esponjas – podem se fixar às conchas, dificul- tando sua abertura. anêmonas – possuem corpo mole e tentáculos na região oral. Fixam-se e crescem nas conchas, au- mentando o seu peso e dificultando a abertura das valvas. hidrozoários – podem chegar a ter 30 centíme- tros e possuem várias formas e tamanhos. Fixam-se na concha e aumentam seu peso. Esponjas: animais multicelulares primitivos. Vivem exclusivamente no mar, fixados a um substrato. A maioria das espécies prefera águas com maior salinidade. Hidrozoários: classe de animais celenterados, cnidários, que compreende formas bastante diversas, com saco digestivo desprovido de septos. Seu ciclo reprodutivo apresenta, alternadamente, fase de pólipo fixo e fase de medusa móvel. 28 – Manuais BMLP de maricultura 6. Colheita Quando os mexilhões crescem e ficam com o tama- nho de 7 a 8 centímetros, que é o chamado tamanho co- mercial, realiza-se a colheita. Nesta fase eles estão gordos, ou seja, com o tecido gonadal totalmente preenchido. Retira-se as cordas de mexilhões da água e começa-se a debulhar. Faz-se a limpeza para tirar os demais organis- mos aderidos como cracas, algas, briozoários e ascídias. Conforme as exigências do mercado, onde eles serão vendidos, pode-se fazer uma separação por tamanho, manualmente ou com a ajuda de peneiras de madeira, plás- tico ou metal, com diferentes malhas. Comercialização É importante que o produto que vai ser vendido ao consumidor seja de alta qualidade. Por isso alguns cui- dados devem ser tomados quando se colhe os mexi- lhões antes de vendê-los. Vender o produto somente quando estiver gordo. Lavar e selecionar os mexilhões, para poder ven- der um produto uniforme. Tecido gonadal: material reprodutivo. No macho é esbranquiçado ou creme, nas fêmeas é vermelho- alaranjado. 26 – Manuais BMLP de maricultura briozoários coloniais – são menores que 1 mi- límetro de espessura, mas formam colônias que po- dem cobrir completamente a concha. anelídeos poliquetas – formam tubos calcários de areia ou de lama sobre a concha dos mexilhões. Quando são muitos, perfuram as conchas de lado a lado, obrigando os mexilhões a consumir muita ener- gia para a produção de uma nova concha. tunicados ou ascídias – são solitárias ou colo- niais. Todas se aderem a algum substrato, podendo recobrir todo o mexilhão. algas – são competidores, mas também ser- vem como alimento, quando microscópicas. As al- gas maiores são um problema porque recobrem to- talmente as conchas, aumentando o peso e diminu- indo a circulação de água. Doenças A doença nos moluscos é provavelmente o pro- blema mais difícil que os cultivadores têm que en- frentar. Sinais de alerta podem aparecer, tais como fen- das nas conchas, que podem ocorrer com o animal ainda vivo, ou morto recentemente. Os predadores, peixes ou siris, removem a carne por esta fenda. Freqüentemente a mortalidade ocorre antes que sinais de doença possam ser percebidos. A dificul- Tunicados ou ascídias: animais de corpo mole, quase transparente, que se aderem ao cultivo. Anelídeos poliquetas: têm o corpo formado por uma série contínua de anéis ou segmentos, delimitados externamente por sulcos transversais que dão a volta completa ao corpo cilíndrico do animal. Apresentam grandes tufos de cerdas implantadas em expansões laterais do corpo. São tipicamente marinhos, mas existem algumas espécies de água doce. Algumas espécies vivem dentro de tubos construídos por elas mesmas. Briozoários: são animais aquáticos diminutos, em geral marinhos, que formam colônias arborescentes, incrustrantes ou gelatinosas, presas a objetos em águas rasas. Cultivo de mexilhões – 27 dade então, é determinar se a mortalidade ocorreu devido a doenças ou outros fatores químicos ou oce- anográficos