Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CIVIL – Parte Geral ALYNE RIBEIRETE PELISSON 1 Direitos da Personalidade DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA 2 3 Integridade -proteção ao corpo vivo – art. 13 Proteção ao corpo morto – art 14 Autonomia do paciente ou livre consentimento informado DIREITO À INTEGRIDADE FISICO E PSIQUICA - Direito ao corpo vivo – tutela à vida Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Ex: amputação Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. VOCÊ CONSEGUE PENSAR EM SITUAÇÕES QUE RELATIVIZAM ESSE ARTIGO, AMPLIANDO AS SITUAÇÕES? 5 Vamos pensar 6 Mitigação quando em confronto com outros valores Reduções lícitas (esportes, estética...) – tem prevalecido a autonomia privada Reprodução assistida heteróloga Esterilização (lei 9.263/96) Barriga de aluguel Transexualidade (evolução do entendimento) Barriga de aluguel Transexualismo x transexualidade - STJ ANTES entendia pela possibilidade de alteração do sexo e do nome no registro , considerando transexualismo doença, desde que comprovado por laudo médico e realizada a cirurgia - A partir de 2017 o STJ passou se a entender pelo direito fundamental ao gênero (RESP 1626.739 RS) - não é considerado mais doença e permitia a alteração do registro independente da cirurgia prévia Em 2018, STF na ADIn.4.275/DF e no RE 670/422/RS passou a considerar que o transgênero tem direito fundamental à alteração do prenome e de sua classificação de gênero independente de ação e independente de cirurgia prévia, de laudo médico, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes. - Interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica 9 Tal valor (e princípio normativo) supremo envolve um complexo de direitos e deveres fundamentais de todas as dimensões que protegem o indivíduo de qualquer tratamento degradante ou desumano, garantindo-lhe condições existenciais mínimas para uma vida digna e preservando-lhe a individualidade e a autonomia contra qualquer tipo de interferência estatal ou de terceiros (eficácias vertical e horizontal dos direitos fundamentais). Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas transexuais não operadas à identidade (tratamento social de acordo com sua identidade de gênero), à liberdade de desenvolvimento e de expressão da personalidade humana (sem indevida intromissão estatal), ao reconhecimento perante a lei (independentemente da realização de procedimentos médicos), à intimidade e à privacidade (proteção das escolhas de vida), à igualdade e à não discriminação (eliminação de desigualdades fáticas que venham a colocá-los em situação de inferioridade), à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e à felicidade (bem-estar geral). Consequentemente, à luz dos direitos fundamentais corolários do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, infere-se que o direito dos transexuais à retificação do sexo no registro civil não pode ficar condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização, para muitos inatingível do ponto de vista financeiro (como parece ser o caso em exame) ou mesmo inviável do ponto de vista médico.Ademais, o chamado sexo jurídico (aquele constante no registro civil de nascimento, atribuído, na primeira infância, aspecto morfológico, gonádicoou cromossômico) não pode olvidar o aspecto psicossocial defluenteda identidade de gênero autodefinido por cada indivíduo, o qual, tendo em vista a ratioessendidos registros públicos, é o critério que deve, na hipótese, reger as relações do indivíduo perante a sociedade Disposição do Corpo Morto - Alguém em vida dispõe da integridade física para produção de efeitos após a morte Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Lei dos transplantes – lei 9434/97 – vedação da venda dos órgãos Para os curiosos: Recurso Especial n.º 1.693.718-RJ (criogenia) Principio do consenso afirmativo Princípio que consagra o direito da pessoa capaz de manifestar sua vontade e de dispor gratuitamente do próprio corpo, no todo ou em parte, após a sua morte, com objetivo científico ou terapêutico Enunciado 277- O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador Se não se manifestar, a família decide Art. 4o A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. SUBMISSÃO DO PACIENTE A TRATAMENTO Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Princípio do consentimento informado O profissional da área da saúde deve informar sob pena de responsabilização. (dever de informação) Não pode excluir o direito à vida SUBMISSÃO DO PACIENTE A TRATAMENTO O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos. MITIGAÇÕES Internação Forçada –Lei n.º 10216/01 – em caso de interesse público justificável e perigo evidente Testemunha de Jeová e não transfusão de sangue (Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal). Exige-se: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante. 15 Testamento Vital Segundo Daniel Carnacchioni, a dignidade humana também se projeta na morte, sendo portanto aceito o testamento vital que consiste num negócio Jurídico Unilateral, personalíssimo, gratuito, solene o paciente pode definir os limites terapêuticos a serem adotados em seu tratamento de saúde artigo 1.857 –§ 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.(questões existenciais: diretivas, genéticas) Direitos da Personalidade TUTELA DA IMAGEM 16 TUTELA DA IMAGEM Direito à imagem identifica a pessoa – Tutela tridimensional constitucional art. 5º, 10º e 28, CF IMAGEM RETRATO - fisionomia IMAGEM ATRIBUTO – características imateriais de repercussão social IMAGEM VOZ – timbre sonoro identificador TUTELA DA IMAGEM Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. O CC atrelou a proteção à violação da honra ou uso comercial, mas a imagem tem autonomia constitucional. 19 A divulgação em regra depende de autorização do titular Exceção/mitigação:- Administração da Justiça (solução de crimes) e Manutenção da ordem pública - Pessoas públicaa Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação para ensejar a indenização Tutela da imagem X liberdade de imprensa e o direito à informação. A interpretação da norma não pode levar à censura prévia, sob pena de inconstitucionalidade. Notoriedade do retratado e dos fatos. Características da utilização da imagem. Veracidade dos fatos. função social da imagem - privilegia-se medidas que não restrinjam a informação A ponderação foi adotada pelo STF no julgamento da ADIN n. 4.815 (biografias não autorizadas). Segundo o Tribunal, não cabe censura prévia –a análise sobre as biografias é sempre “a posteriori”(sob pena de configurar censura. O que cabe depois é a responsabilidade civil. MUDA ALGUMA COISA O TRATAMENTO A PESSOAS PÚBLICAS? 22 Vamos pensar 23A imagem é forma de exteriorização da personalidade inserida na cláusula geral de tutela da pessoa humana (art. 1°, III, da CF e En. 274 das Jornadas de Direito Civil), com raiz na Constituição Federal e em diversos outros normativos federais, sendo intransmissível e irrenunciável (CC, art. 11), não podendo sofrer limitação voluntária, permitindo-se a disponibilidade relativa (limitada), desde que não seja de forma geral nem permanente (En. 4 das Jornadas de Direito Civil). Em relação especificamente à imagem, há situações em que realmente se verifica alguma forma de mitigação da tutela desse direito. Em princípio, tem-se como presumido o consentimento das publicações voltadas ao interesse geral (fins didáticos, científicos, desportivos) que retratem pessoas famosas ou que exerçam alguma atividade pública; ou, ainda, retiradas em local público. Mesmo nas situações em que há alguma forma de mitigação, não é tolerável o abuso, estando a liberdade de expressar-se, exprimir-se, enfim, de comunicar-se, limitada à condicionante ética do respeito ao próximo e aos direitos da personalidade. No tocante às pessoas notórias, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade, da vida privada ou de qualquer contexto minimamente tolerável. Na hipótese, apesar de se tratar de pessoa famosa e de a fotografia ter sido retirada em local público, verifica-se que a forma em que a atriz foi retratada, tendo-se em conta o veículo de publicação, o contexto utilizado na matéria e o viés econômico, demonstra o abuso do direito da demandada, pois excedido manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (CC, art. 187). RESP 1.594.865/RJ Direitos da Personalidade TUTELA DA VIDA PRIVADA 24 TUTELA DA INTIMIDADE (da vida privada e do segredo) - Informações da esfera íntima, fora do interesse de terceiros – - Estão contidos o direito à intimidade e o direito ao segredo. - O Titular, em rega decide, com quem compartilhar (ex: estado de saúde, defeitos físicos, tratamentos, cirurgias, opiniões, sexualidade, efetividade..) - Tem proteção e autonomia constitucional – art 5º, XII Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. - Não é absoluto. Ex: Quebra do sigilo bancário ou telefônico. - A intimidade é tido por inivolavel 26 Tutela da Honra Honra objetiva - reputação social Honra subjetiva – estima pessoal Não tem previsão no CC de forma expressa. Ex de violações: inscrição indevida no SERASA Ex de mitigação: veiculação de fatos verídicos para apuração de fatos verídicos VAMOS RESOLVER ALGUMAS QUESTÕES 27 Atividade Prática 28 (MPE/PR – Promotor Substituto – 2017) Assinale a alternativa incorreta: (A)O domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, é o lugar onde esta é exercida. (B)Considera-se domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual o último lugar onde morou. (C)Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde alternadamente viva, seu domicílio será qualquer delas. (E)O domicílio do preso é o lugar onde ele cumpre a sentença. 29 06.(VII Exame de Ordem Unificado – FGV) A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela da personalidade. Nesse sentido, uma das mudanças mais celebradas do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre os chamados direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos direitos da personalidade no Código Civil, é correto afirmar que (A)havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de morto, não é mais possível que se reclamem perdas e danos, visto que a morte põe fim à existência da pessoa natural, e os direitos personalíssimos são intransmissíveis. (B)como regra geral, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, mas o seu exercício poderá sofrer irrestrita limitação voluntária. (C)é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo altruístico ou científico, para depois da morte, sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a qualquer tempo. (D)em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da personalidade das celebridades e das chamadas pessoas públicas é mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalidade comercial, ainda que sem prévia autorização. 30 .(MPE-GO – Promotor de Justiça substituto – 2016) Sobre as incapacidades no Direito Civil Brasileiro, podemos afirmar: (A)são absolutamente incapazes os menores de dezesseis anos e aqueles que, por enfermidade física perene e deficiência mental, não possam expressar livre e conscientemente a sua vontade; (B)a senilidade, por si só, é motivo de incapacidade, independentemente da idade do agente que pratica o ato da vida civil; (C)a pessoa com deficiência não terá sua plena capacidade civil afetada, podendo, inclusive, exercer o direito à família, o direito de decidir o número de filhos e o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando; (D)a incapacidade, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, decorre da deficiência mental, da ebriedade, da surdo-mudez e da prodigalidade, pois são causas que tornam reduzido o discernimento do agente, sendo irrelevante a possibilidade de manifestação da vontade. 31 Felipe reside e é proprietário de uma casa em Salvador. Ele recebeu uma proposta de trabalho irrecusável e decidiu se mudar para Campo Grande-MS, onde residirá e trabalhará em Dourados, cidade próxima de Campo Grande, deixando a casa de Salvador fechada. Após despachar todos os seus pertences para Campo Grande-MS, ele resolveu fazer o trajeto de Salvador até Campo Grande-MS de carro, pernoitando em Brasília. Chegando a Campo Grande-MS, só teve uma semana para arrumar a casa nova, pois já começou a trabalhar em Dourados como advogado. Considerando o contexto fático apresentado, assinale a afirmativa correta. Pessoa Jurídica -NOÇÕES INICIAIS -CONCEITO -NATUREZA JURÍDICA CONCEITO E MODALIDADES Denominação: “pessoa jurídica”, “pessoa de existência ideal”, “pessoa coletiva”, “pessoa abstrata” e “pessoa moral”. Conceito: a pessoa jurídica é a soma de esforços humanos ou patrimoniais tendente a uma finalidade lícita, específica e constituída na forma da lei. - É o conjunto de pessoas ou de bens, em regra, criado por ficção legal - A pessoa jurídica é um agrupamento* de pessoas naturais (corporação) e/ou bens (fundação) para um fim comum, que capaz de se tornar sujeita a direitos e obrigações em seu nome na ordem civil. Noções e conceitos iniciais - homem é um ser gregário - Surgiu da necessidade de personalizar o grupo, para que possaproceder a uma unidade, participando do comércio jurídico, com individualidade (Orlando Gomes) - O direito confere personalidade jurídica a esse grupo, viabilizando a sua atuação autônoma e funcional, com personalidade própria, com vistas à realização de seus objetivos. Noções iniciais homem tem uma tendência a associar-se, mas é inegável a autonomia da personalidade da pessoa jurídica em relação à pessoa natural a pessoa jurídica não se confunde com seus membros, sócios ou administradrores CC/16 - Lei nº 3.071 de 01 de Janeiro de 1916 - Art. 20. As pessoas jurídicas tem existência distinta da dos seus membros. Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Tem independência patrimonial Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. “a principal característica das pessoas jurídicas é a de que atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem. A nota distintiva repousa, pois, na distinção entre o seu patrimônio e o de seus instituidores, não se confundindo a condição jurídica autonomamente conferida àquela entidade com a de seus criadores. Em vista disso, não podem, em regra, ser penhorados bens dos sócios por dívida da sociedade (GONÇALVES; LENZA, 2015, p. 189) TEORIAS EXPLICATIVAS 37 Pessoa Jurídica 38 Natureza jurídica Corrente formalista: a PJ é mera abstração, um conceito, uma ideia. Artifício necessário à proteção das pessoas naturais que a administram e a integram e servir como um centro unitário de interesses. - A PJ não teria vontade própria, precisa de representação - Depende de uma base normativa, submetida ao controle estatal, que a constitui Corrente Realista: a PJ é um ente real com vontade própria, o papel do Estado é apenas um ato declaratório. De uma realidade existente - A pessoa jurídica é presentada 39 Teorias explicativas 1- Teoria negativista - nega a pessoa jurídica como sujeita de direitos - A pessoa jurídica não teria existência real, nem ideal - Representaria apenas a união de pessoas ou um patrimônio reunido, ou um condomínio de propriedade coletiva - Confundia a pessoa jurídica com os bens que ela possuía Não é aceita pela doutrina Teorias explicativas 2-Teorias afirmativas: - admitem a existência da pessoa jurídica e pretendem teorizar como um grupo de indivíduos passa a compor um corpo próprio, reconhecido pelo Estado - Dividem-se em teoria da ficção e em teoria da realidade. TEORIA DA FICCÃO Só o homem pode ser sujeito de direitos, visto que fora da pessoa física não existem, na realidade, entes capazes, concebe a pessoa jurídica como uma pura criação intelectual, uma associação de homens ou um complexo de bens, finge-se que existe uma pessoa e atribui-se a essa unidade fictícia capacidade, elevando-a à categoria de sujeito de direito” Teoria da Ficção Legal - seria uma criação do direito, criado por lei para o exercício de direitos patrimoniais, apenas - Existência abstrata, sem atuação social, sem personalidade jurídica - Criação legal para exercício de direitos patrimoniais e facilitar a função de certas entidades Teoria da Ficção Doutrinária - A pessoa jurídica não tem existência real, só intelectual e é um mero conceito criado pela doutrina. Como explica o Estado? TEORIA DA REALIDADE pessoas jurídicas possuem existência própria como os indivíduos e além deles “A vontade, pública ou privada, é capaz de criar e dar vida a um organismo, que passa a ter existência própria, distinta da de seus membros, tornando-se um sujeito de direito, com existência real e verdadeira “ Teorias Explicativas 2.3.1 – Teoria da Realidade objetiva ou orgânica Pessoa jurídica é um organismo social com atuação na própria sociedade, erigido por imposição das forças sociais – organismo social, com atuação na sociedade. Nasce pela força social Teorias Explicativas 2.3.2Teoria da realidade técnica A pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida pelo direito. art. 45, CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 47 Qual a adotada pelo CC? Teoria da realidade técnica: a pessoa jurídica é real mas precisa do reconhecimento estatal dos seus atos constitutivos (Lei ou registro) para adquirir a personalidade jurídica. art. 45, CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Teoria da ficção + Teoria da realidade orgânica = Teoria da realidade técnica Para Washington de Barros Monteiro a “teoria da realidade técnica” surge como teoria eclética entre a teoria da ficção e a teoria da realidade orgânica, pois reconhece traços de validade em ambas, uma vez que admite que só o homem é passível de direitos e obrigações e que a personalidade da pessoa jurídica deriva de uma criação, de uma técnica jurídica. “o ser humano é o centro fundamental de interesse e vontade a quem o Direito reconhece personalidade. Como indivíduo, porém, não pode cumprir todas as atividades a que se propõe senão unindo-se a outros, o Direito deve reconhecer e proteger os interesses e a atuação do grupo social. Para tal é mister que o Direito encontre um corpo ideal coletivo com interesse unificado, diferente da vontade individual de seus membros, e com uma organização capaz de expressar a vontade coletiva” PESSOAS JURÍDICAS PRESSUPOSTOS EXISTENCIAIS 50 PRESSUPOSTOS EXISTENCIAIS Grupos de pessoas ou bens destinados a um fim específico. a) a VONTADE humana criadora (materializa-se no estatuto, contrato social, escritura); b) a observância das condições legais para a sua instituição ex: ato constitutivo + registro + autorizações governamentais quando exigidas . (FORMA) c) a licitude de seu objetivo (OBJETO) Surgimento da Pessoa Jurídica Sistema das disposições normativas: observância da legislação em vigor – indispensabilidade do registro Registro no órgão competente + autorização do Poder Executivo, quando exigido. Do Registro - Registro é ato constitutivo, necessário para dar publicidade Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. Onde registro? Junta comercial Cartório de Registro civil de Pessoas jurídicas Sociedade mercantis em geral fundações associações Sociedades civis 55 EFEITOS DA EXISTÊNCIA Capacidade jurídica (princípio da especialização) Autonomia Direitos da personalidade - (Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.) Ex: nome, marca, honra objetiva, imagem, boa reputação. Havendo violação, poderão pleitear e receber indenização por dano moral e material. Patrimônio próprio Responsabilidade civil, administrativa e penal.. Titularidade processual ISSO BASTA? 56 Vamos pensar?Leitura Constitucionalizada da Pessoa Jurídica - Para o direito civil contemporâneo, além dessa visão estrutural, uma PJ para ser legitimada deve se submeter aos valores sociais constitucionais. - Empresarialidade responsável engajada com a dignidade, visando mais que a finalidade econômica - Cuidado com os empresários,acionistas, associados, administradores, profissionais, empregados (função social interna) Ex: Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto - Cuidado com o meio ambiente e com a sociedade (função social externa) - Pessoa jurídica é um meio para concretização de direitos fundamentais da pessoa humana 58 O que fundamenta a PJ na atualidade? Art. 170, CF. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. PESSOA JURÍDICA SE VINCULA ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS ESTRANHOS AO SEU OBJETO SOCIAL? 59 Vamos pensar... 60 Art. 47 do CC: obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo E se o administrador ultrapassar os limites?? 61 Teoria da Aparência (boa-fé objetiva) X Teoria Ultra Vires - A boa fé objetiva, pode vincular a pessoa jurídica a atos realizados por administradores que extrapolem os poderes, desde que a pessoa com quem esses administradores negociam esteja de boa fé, ou seja, se houver uma aparência de legitimidade. Enunciado 145 do CJF: O art. 47 não afasta a aplicação da teoria da aparência. 62 REFERÊNCIAS FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil. Parte Geral. 5 ed. Salvador: JusPodivm, 2015 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro - Parte geral . Vol.1.18. ed. São Paulo : Saraiva, 2020 JANKOVIC, Elaine Karina. Direito Civil: pessoas e Bens. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015. TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral . 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
Compartilhar