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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO ENGENHARIA MECÂNICA ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE PONTA DE ASA EM UM PERFIL AERODINÂMICO NACA 23015 Trabalho de Final de Curso Diógenes Dal Magro Orientadora: Profa. Msc Roberta Fátima Neumaister Erechim, Julho de 2019 DIÓGENES DAL MAGRO ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE PONTA DE ASA EM UM PERFIL AERODINÂMICO NACA 23015 Trabalho de Final de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro Mecânico, Departamento de Engenharias e Ciência da Computação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim. Orientador(a): Roberta Fátima Neumeister. ERECHIM - RS 2019 DIÓGENES DAL MAGRO ANÁLISE NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DE DISPOSITIVOS DE PONTA DE ASA EM UM PERFIL AERODINÂMICO NACA 23015 Trabalho de Final de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro Mecânico, Departamento de Engenharias e Ciência da Computação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Erechim. Erechim, 11 de Julho de 2019. BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Profa. MSc. Roberta Fátima Neumeister Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Erechim ____________________________________ Prof. Dr. Cristiano Vitorino da Silva Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Erechim ____________________________________ Prof. MSc. Clemerson Alberti Pedroso Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Erechim ___________________________________ Prof. MSc. Arthur Bortolin Beskow Coordenador de Trabalho de Final de Curso iv RESUMO A aviação agrícola apresenta características muito peculiares de operação. Devido às baixas altitudes de voo e a necessidade de manobras precisas em um curto espaço de tempo, estas aeronaves demandam uma elevada eficiência aerodinâmica. Uma possível alternativa para aprimorar o desempenho dessas aeronaves é a utilização de winglets. O presente trabalho apresenta uma análise numérico-experimental acerca da influência do uso de dispositivos de ponta de asa em um perfil aerodinâmico NACA 23015, utilizado na aeronave agrícola Ipanema EMB-202. As análises foram realizadas utilizando dois ângulos de ataque. O primeiro deles foi 6°, por ser comumente o ângulo de instalação da asa em uma aeronave e o segundo foi de 15°, valor este próximo ao ângulo de estol. As análises experimentais foram realizadas em um canal aerodinâmico de circuito aberto. As análises numéricas foram realizadas a partir das equações de Reynolds-Averaged Navier-Stokes adotando o modelo de turbulência k-ω SST e o software utilizado para obtenção dos resultados foi o Ansys Fluent. Os resultados obtidos pelos métodos numéricos e experimentais apresentaram valores próximos, sendo observadas apenas divergências na região de pressão mínima. Com a adição do dispositivo de ponta de asa foi possível observar um acréscimo de aproximadamente 5,5% e 3,0% na eficiência aerodinâmica com ângulos de ataque de 6 e 15 graus respectivamente, tanto nas análises numéricas quanto nos ensaios experimentais. Sendo assim é possível concluir que o dispositivo desenvolvido neste trabalho pode ser utilizado como uma alternativa para a otimização do desempenho aerodinâmico de aeronaves. Palavras Chave: Winglets, Perfil Aerodinâmico, NACA 23015, CFD, Asa Finita, Experimental. v ABSTRACT Agricultural aviation has very peculiar characteristics of operation. Due to low flight altitudes and the need for precise maneuvers in short distances, these aircraft demand high aerodynamic efficiency. A possible alternative to improve the performance of these aircraft is the use of winglets. This work presents a numerical and experimental analysis about the influence of using wing-tip devices on a NACA 23015 airfoil, used in the agricultural aircraft Ipanema EMB-202. The analyzes were performed using two angles of attack. The first one was 6 degrees, as it is commonly the installation angle of a wing in an aircraft and the second one was 15 degrees, value next to de estol angle. The experimental analyzes were performed on an open circuit aerodynamic channel. The numerical analyzes were performed using the Reynolds-Averaged Navier-Stokes equations using the k-ω SST turbulence model and the software used to obtain the results was Ansys Fluent. The results obtained by numerical and experimental methods presented close values, with only some differences in the minimum pressure region. With the addition of the wing tip device, it was possible to observe an increase of approximately 5.5% and 3.0% in the aerodynamic efficiency with angles of attack of 6 and 15 degrees respectively, both in the numerical and experimental tests. Thus, it is possible to conclude that the device developed in this work can be used as an alternative to improve the aerodynamic performance of the aircraft. Keywords: Winglets, Airfoil, NACA 23015, CFD, Finite Wing, Experimental. ___________________________ Prof. Roberta Fátima Neumeister vi LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1.1 – Aeronave agrícola Ipanema EMB 202. .................................................................. 1 Figura 3.1 – Principais características geométricas de um perfil aerodinâmico. ....................... 7 Figura 3.2 – Significado da nomenclatura do perfil NACA 23015. ........................................... 8 Figura 3.3 – Diferenças no coeficiente de sustentação entre o perfil e a asa finita. ................... 8 Figura 3.4 – Camada limite em uma placa plana. ...................................................................... 9 Figura 3.5 – Características do escoamento em torno de um aerofólio. ................................... 10 Figura 3.6 – Distribuição de pressão característica em um perfil aerodinâmico. ..................... 12 Figura 3.7 – Forças atuantes em um perfil aerodinâmico......................................................... 12 Figura 3.8 – Formação dos vórtices responsáveis pelo arrasto induzido. ................................ 14 Figura 3.9 – Redução do tamanho dos vórtices a partir do uso de winglets. ............................ 15 Figura 3.10 – Diferentes modelos de winglets. ........................................................................ 16 Figura 4.1 – Canal aerodinâmico utilizado. .............................................................................. 17 Figura 4.2 – Tubo de pressão com tomada de pressão estática em diferentes locais. .............. 18 Figura 4.3 – Balança aerodinâmica. ......................................................................................... 19 Figura 4.4 – Modelo sem adição da winglet utilizado nas análises. ......................................... 20 Figura 4.5 – Distribuição dos pontos de tomada de pressão na superfície. .............................. 21 Figura 4.6 – Modelo com adição da winglet utilizado nas análises. ........................................ 22 Figura 4.7 – Montagem do modelo no canal aerodinâmico. .................................................... 22 Figura 4.8 – Tabela para determinação do valor de 𝑡𝑎/2. ....................................................... 24 Figura 5.1 – Princípio do método numérico. ............................................................................ 29 Figura 5.2 – Domínio computacional com dimensões em mm. ............................................... 30 Figura5.3 – Seção transversal da malha gerada a partir do domínio computacional. ............. 31 Figura 5.4 – Prismas próximos à superfície superior da asa. ................................................... 32 Figura 5.5 – Gráfico comparando a diferença da força de sustentação entre as malhas. ......... 33 Figura 6.1 – Pressão com um ângulo igual a 6° para as linhas A, B, C e D. ............................ 35 Figura 6.2 – Pressão com um ângulo igual a 6° para as linhas E, F, G, H e I. ......................... 36 Figura 6.3 – Pressão com um ângulo igual a 15° para as linhas A, B, C e D. .......................... 38 Figura 6.4 – Pressão com um ângulo igual a 15° para as linhas E, F, G, H e I. ....................... 39 Figura 6.5 – Pressão com um ângulo igual a 6° para as linhas A, B, C e D com winglet. ........ 41 Figura 6.6 – Pressão com um ângulo igual a 6° para as linhas E, F, G, H e I com winglet. .... 42 Figura 6.7 – Pressão com um ângulo igual a 15° para as linhas A, B, C e D com winglet. ...... 44 vii Figura 6.8 – Pressão com um ângulo igual a 15° para as linhas E, F, G, H e I com winglet. .. 45 Figura 6.9 – Distribuição de pressão na superfície inferior para um ângulo de 6°. ................. 47 Figura 6.10 – Distribuição de pressão na superfície superior para um ângulo de 6°. .............. 48 Figura 6.11 – Distribuição de pressão ao longo do perfil para um ângulo de 6°. .................... 49 Figura 6.12 – Distribuição de pressão na superfície inferior para um ângulo de 15°. ............. 51 Figura 6.13 – Distribuição de pressão na superfície superior para um ângulo de 15°. ............ 52 Figura 6.14 – Distribuição de pressão ao longo do perfil para um ângulo de 15°. .................. 53 viii LISTA DE TABELAS Tabela 5.1 – Coeficientes do modelo de turbulência k-ω-SST. ............................................... 28 Tabela 5.2 – Teste de independência de malha com ângulo de ataque igual a 6 graus. ........... 33 Tabela 6.1 – Coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 6° sem adição de winglet. 37 Tabela 6.2 – Coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 15°. .................................. 40 Tabela 6.3 – Coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 6° com adição de winglet. 43 Tabela 6.4 – Coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 15°. .................................. 46 Tabela 6.5 – Comparativo dos coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 6°. ......... 50 Tabela 6.6 – Comparativo dos coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 15°. ....... 53 ix LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CFD Computational Fluid Dynamics NACA National Advisory Committee for Aeronautics PSO Particle Swarm Optimization RANS Reynolds Average Navier-Stokes NURBS Non Uniform Rational B-Splines SST Shear Stress Transport VC Volume de Controle x LISTA DE SÍMBOLOS 𝐴𝑡 Área da seção do canal aerodinâmico [𝑚²] 𝐴𝑋 Área projetada paralela ao escoamento [𝑚²] 𝐴𝑌 Área projetada perpendicular ao escoamento [𝑚²] 𝑢𝑖 Campo de velocidade i [𝑚/𝑠] 𝑢𝑗 Campo de velocidade j [𝑚/𝑠] 𝐶𝐷 Coeficiente de arrasto [−] 𝐶𝑃 Coeficiente de pressão [−] 𝐶𝐿 Coeficiente de sustentação [−] 𝐿 Comprimento do corpo [𝑚] 𝛽 Constante do modelo de turbulência [−] 𝛽′ Constante do modelo de turbulência [−] 𝜎𝜔 Constante do modelo de turbulência [−] 𝜎𝑘 Constante do modelo de turbulência [−] 𝛼 Constante do modelo de turbulência [−] ∆𝑝 Diferença de pressão estática e de estagnação [𝑃𝑎] 𝑘 Energia cinética [𝐽] 𝐸𝐴 Erro aleatório [−] 𝐸𝑆 Erro sistemático [−] 𝐸𝑇 Erro total [−] 𝑦+ Espessura adimensional da camada limite [−] 𝑦 Espessura da primeira camada dos prismas [𝑚] 𝐹𝑅 Força aerodinâmica [𝑁] 𝐹𝐷 Força de arrasto [𝑁] 𝐹𝐿 Força de sustentação [𝑁] 𝐹1 Função moderadora 1 [−] 𝐹1 Função moderadora 2 [−] 𝑥𝑖 Indicação da amostra [−] Massa específica [𝑘𝑔/𝑚3] 𝑥 Média aritmética [−] 𝑛 Número de amostras [−] xi 𝑀 Número de Mach [−] 𝑅𝑒 Número de Reynolds [−] 𝛾 Peso específico [𝑁/𝑚3] 𝑃∞ Pressão da corrente livre [𝑃𝑎] 𝑃𝑖 Pressão local no corpo [𝑃𝑎] 𝑅𝑏 Razão de bloqueio [%] 𝑡 Tempo [𝑠] 𝑃𝑘 Termo de produção 𝑘 [−] 𝑃𝜔 Termo de produção 𝜔 [−] 𝜔 Velocidade angular [𝑟𝑎𝑑/𝑠] 𝑉 Velocidade do escoamento [𝑚/𝑠] 𝐶𝑠𝑜𝑚 Velocidade do som [𝑚/𝑠] Viscosidade dinâmica [𝑃𝑎. 𝑠] 𝑣𝑡 Viscosidade turbulenta [−] xii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1. Objetivos ............................................................................................................................ 2 1.1.1. Objetivos específicos ....................................................................................................... 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 3 3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 7 3.1. Perfis aerodinâmicos ......................................................................................................... 7 3.1.1. Asa finita .......................................................................................................................... 8 3.2. Escoamento em torno de um aerofólio ............................................................................ 9 3.3. Distribuição de pressão ................................................................................................... 11 3.4. Forças atuantes ................................................................................................................ 12 3.4.1. Sustentação ..................................................................................................................... 13 3.4.2. Arrasto ............................................................................................................................ 13 3.4.3. Arrasto induzido ............................................................................................................. 14 3.5. Dispositivos de ponta de asa ........................................................................................... 15 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL .......................................................................... 17 4.1. Aparato experimental ..................................................................................................... 17 4.1.2. Canal aerodinâmico ........................................................................................................ 17 4.1.3. Razão de bloqueio .......................................................................................................... 18 4.1.4. Tubo de pressão .............................................................................................................. 18 4.1.5. Balança aerodinâmica .................................................................................................... 19 4.1.6. Manômetro ..................................................................................................................... 20 4.1.7. Modelo físico ................................................................................................................. 20 4.2. Procedimento experimental ........................................................................................... 22 4.3. Erros e incertezas de medição ........................................................................................ 23 4.3.1. Média aritmética ............................................................................................................. 23 4.3.2. Desvio padrão .................................................................................................................23 4.3.3. Erro aleatório .................................................................................................................. 24 4.3.4. Erro sistemático .............................................................................................................. 24 4.3.5. Erro total ......................................................................................................................... 25 5. METODOLOGIA NUMÉRICA ..................................................................................... 26 5.1. Formulação geral ............................................................................................................ 26 xiii 5.1.1. Conservação da massa .................................................................................................... 26 5.1.2. Conservação da quantidade de movimento .................................................................... 26 5.1.3. Modelo de turbulência k-ω SST ..................................................................................... 27 5.2. Método dos volumes finitos ............................................................................................ 29 5.3. Implementação numérica ............................................................................................... 29 5.3.1. Condições de contorno ................................................................................................... 30 5.3.2. Malha computacional ..................................................................................................... 31 5.3.3. Independência de malha ................................................................................................. 32 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 34 6.1. Ângulo de ataque igual a 6 graus sem adição de um winglet ...................................... 35 6.2. Ângulo de ataque igual a 15 graus sem adição de um winglet .................................... 38 6.3. Ângulo de ataque igual a 6 graus com adição de um winglet ...................................... 41 6.4. Ângulo de ataque igual a 15 graus com adição de um winglet .................................... 43 6.5. Comparativo entre os resultados para um ângulo de ataque igual a 6° .................... 46 6.6. Comparativo entre os resultados para um ângulo de ataque igual a 15° .................. 50 7. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 55 7.1. Trabalhos futuros ............................................................................................................ 56 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57 APÊNDICE A ......................................................................................................................... 62 1 1. INTRODUÇÃO A aviação agrícola é parte fundamental da aviação civil no Brasil. Sua frota, atualmente, tem crescimento médio de 5% ao ano. As operações agrícolas são usadas para aplicações de fertilizantes e pesticidas em lavouras e requerem voos em baixa altitude, manobras em curto espaço e muita precisão. Estima-se que cerca de 72 milhões de hectares são pulverizados pela aviação agrícola todos os anos no país (ANAC, 2017). A aeronave agrícola Ipanema, produzida pela EMBRAER, é líder no mercado de aviação agrícola no Brasil, com cerca de 60% de participação. Em 2013, a marca de 1.300 aeronaves Ipanema entregues ao mercado foi atingida (EMBRAER, 2018). O modelo EMB 202 pode ser observado na Figura 1.1. Figura 1.1 – Aeronave agrícola Ipanema EMB 202. Fonte: EMBRAER (2018) Segundo Bravo-Mosquera et al. (2018) a aviação agrícola apresenta características muito peculiares devido às condições de operação a que as aeronaves são submetidas, caracterizada pela baixa altitude e necessidade de manobras rápidas. Entre 2006 e 2015, foram registrados 1294 acidentes aéreos no Brasil, com uma média de 130 acidentes por ano, onde cerca de 19% dos incidentes ocorridos envolveram aeronaves agrícolas (CENIPA, 2016). Frente a essas condições, aeronaves utilizadas para este tipo de operação demandam uma elevada eficiência aerodinâmica a fim de se evitar possíveis acidentes, garantindo uma maior segurança para o operador. De acordo com Narayan e John (2016), uma forma efetiva para aprimorar a eficiência aerodinâmica de uma aeronave é a partir da adição de dispositivos de ponta de asa, que acabam por reduzir o arrasto induzido da aeronave, gerado a partir dos 2 vórtices formados na extremidade da asa devido a diferença de pressão entre as superfícies superior e inferior da asa. Segundo Guerrero et al. (2011), o arrasto induzido representa 40% do arrasto total de uma aeronave em velocidade de cruzeiro, sendo que para velocidades mais baixas essa parcela pode atingir de 80% a 90% do arrasto total. Frente a isso a redução desta parcela de arrasto torna-se um ponto vital para a obtenção de uma elevada eficiência aerodinâmica. Sabendo das necessidades de uma aeronave agrícola, a utilização de dispositivos de ponta de asa se torna uma alternativa muito eficaz, capaz de prover um acréscimo na sua eficiência aerodinâmica, garantindo uma maior confiabilidade do veículo durante a sua utilização. 1.1. Objetivos O objetivo principal deste trabalho é analisar a influência do uso de dispositivos de ponta de asa em um perfil aerodinâmico NACA 23015 utilizado na aeronave agrícola Ipanema EMB- 202, produzida pela EMBRAER, a partir de análises numéricas e experimentais. 1.1.1. Objetivos específicos • Avaliar experimentalmente a distribuição de pressão na superfície da asa com e sem a utilização de winglets; • Identificar o coeficiente de arrasto e sustentação com e sem a utilização de winglets a partir de análises experimentais; • Realizar análises numéricas, identificado a distribuição de pressão na superfície, bem como os coeficientes de arrasto e sustentação com e sem a utilização de winglets. • Analisar os resultados obtidos, verificando a coerência dos valores encontrados. • Identificar qual a influência do uso de dispositivos de ponta de asa nos coeficientes de arrasto e sustentação. • Identificar qual a influência do uso de dispositivos de ponta de asa na distribuição de pressão sob a superfície da asa. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica acerca do tema estudado, apresentando a aplicabilidade e a importância do uso de dispositivos de ponta de asa, também conhecidos como winglets, em perfis aerodinâmicos para a indústria aeronáutica. Coimbra e Catalano (1999) realizaram um estudo experimental sobre a influência que alguns tipos de pontas de asa podem ocasionar no desempenho de um avião agrícola. As pontas de asa ensaiadas foram a delta tip, winglet e curvada para baixo, sendo que o modelo foi construído a partir o perfil aerodinâmico NACA 23015. A primeira delas apresentou um benefício aerodinâmico moderado e um bom posicionamento do vórtice para aplicação agrícola, enquanto a winglet demonstra razoável benefício aerodinâmico e um bom posicionamento do vórtice, mas acarreta em um certo prejuízo estrutural. A ponta de asa curvada para baixo apresenta bom desempenho aerodinâmico; entretanto a posição do vórtice é inadequada para uso agrícola. Segundo os autores, a ponta de asa delta tip é a mais promissora, entre as analisadas neste trabalho, para emprego em uma aeronave agrícola Hossain et al. (2010) realizaram um estudo onde é avaliado o uso de dispositivos de ponta de asa em um perfil NACA 653218. O objetivo é prever o comportamento aerodinâmico de um modelo de aeronave com e sem o uso de winglets utilizando a técnica de lógicadifusa. Os testes foram realizados em um túnel de vento subsônico, observando os coeficientes de sustentação e arrasto de acordo com o ângulo de ataque para três diferentes números de Reynolds. As análises foram realizadas em três configurações, a primeira sem o uso de winglets e as outras duas utilizando o dispositivo com angulação de 0° e 60°. Hossain et al. (2010) relatam que o erro relativo para todos os parâmetros obtidos na previsão se encontra abaixo do limite de 10% quando comparados aos resultados obtidos em seus experimentos. Guerrero et al. (2011) citam que, na engenharia aeronáutica, a redução de arrasto é um desafio que apresenta um vasto campo para estudos e inovações. Um dos meios para se reduzir o arrasto induzido em uma aeronave, que representa 40% do arrasto total em velocidade de cruzeiro, é a utilização de dispositivos de ponta de asa. Baseado na forma das penas na ponta das asas dos pássaros, Guerrero et al. (2011) desenvolveram um estudo acerca do uso de winglets no formato de espira, analisando a influência deste dispositivo em uma asa finita em diferentes ângulos de ataque. As equações incompressíveis de Reynolds-Averaged Navier- Stokes (RANS) foram aproximadas numericamente utilizando o software de volumes finitos OpenFOAM e o modelo de turbulência utilizado foi o Spalart-Allmaras. Com os resultados 4 obtidos foi possível observar uma redução no arrasto total, gerando benefícios como a redução de emissões dos motores, aumento da autonomia da aeronave e possibilidade de aumento da velocidade de cruzeiro. Marchetto (2016) desenvolveu uma análise CFD sobre aerofólios utilizados em asas de aeronaves comumente empregadas no ramo agrícola, como o Embraer EM-202 e o Air Tractor AT-802, que possuem respectivamente perfis da série NACA 23015 e NACA 4415 com o objetivo de avaliar a influência da utilização de Gurney flaps no escoamento ao redor dos aerofólios em questão. Foram avaliados os coeficientes de sustentação e arrasto para diferentes ângulos de ataques, identificando também o ângulo de estol para os perfis aerodinâmicos. O autor afirma que aerofólio NACA 4415 leva vantagem ao NACA 23015 por apresentar estol mais suave, embora possua um maior coeficiente de arrasto. Frente a isso foi escolhido o aerofólio NACA 4415 para a simulação com Gurney flap, cujos resultados apresentaram um incremento considerável na sustentação, às custas de um grande aumento no arrasto, devido ao seu comprimento excessivo, tornando a relação sustentação/arrasto inferior ao aerofólio sem o dispositivo proposto. Narayan e John (2016) apresentam um estudo comparando a eficácia na redução do coeficiente de arrasto para três modelos diferentes de winglets em uma asa finita modelada a partir do perfil aerodinâmico NACA 2412. A análise dos dispositivos foi realizada a partir de simulações computacionais feitas no software Ansys Fluent adotando o modelo de turbulência k-ω SST. Com base no estudo realizado foi possível concluir que winglets com múltiplas pontas apresentam considerável redução do coeficiente de arrasto e também um aumento no coeficiente de sustentação. Brüderlin et al. (2017) realizaram um estudo numérico onde avaliam a adição de defletores na superfície de um winglet. A ideia conceitual é de que uma deflexão da superfície de controle muda a direção do fluxo de tal forma que atrase a separação do escoamento a partir do bordo de fuga. A análise numérica foi realizada a partir das equações de Reynolds-Averaged Navier-Stokes. A partir das simulações realizadas foi possível observar que o conceito é funcional, onde com a adição dos defletores foi possível aumentar o coeficiente de sustentação, porém também é observado um aumento no coeficiente de arrasto. Apesar disso, a eficiência aerodinâmica é otimizada através da utilização deste artifício. Rosset (2017) apresentou um estudo experimental acerca das distribuições de pressão ao longo de um perfil NACA 6409 e um perfil desenvolvido designado com a nomenclatura “PR”, nos ângulos de ataque 0º e 12º, comparando a literatura, seguindo a condição de 5 𝑅𝑒=120113. Foram analisadas as distribuições de pressão na secção central dos perfis aerodinâmicos PR e NACA 6409 e comparados com a literatura e a distribuição ao longo do comprimento dos modelos PR e NACA 6409. Segundo o autor, os resultados das distribuições foram válidos, mesmo contendo algumas divergências, seguiram tendências semelhantes. Tao et al. (2017) apresentam o desenvolvimento de um winglet a ser implementado em uma asa de avião. Com o objetivo de reduzir o número de variáveis para a modelagem do componente, os autores utilizaram o método NURBS (Non Uniform Rational B-Splines) como forma de parametrização juntamente com um algoritmo de otimização PSO (Particle Swarm Optimization) para o desenvolvimento do dispositivo. A fim de verificar a redução do coeficiente de arrasto ocasionada pela utilização do dispositivo projetado, os autores utilizam uma metodologia baseada na lei de Biot-Savart. A partir desta análise foi possível notar uma drástica redução tanto no arrasto induzido quanto no arrasto total. Bravo-Mosquera et al. (2018) relatam que, na aviação agrícola, existem diversos fatores aerodinâmicos que devem ser levados em consideração para o sucesso da aplicação de aeronaves para este fim, como a razão entre o coeficiente de sustentação e o coeficiente de arrasto durante as condições de trabalho e a influência dos fenômenos ocorridos na ponta da asa. Sendo assim, o autor apresenta o desenvolvimento de uma aeronave agrícola conceito cuja principal característica é o uso de um winglet adaptativo de múltiplas pontas, visando otimizar o desempenho aerodinâmico da aeronave. O perfil de asa utilizado por Bravo-Mosquera et al. (2018) foi o NACA 23015 e o desenvolvimento do winglet se deu por meio de métodos analíticos e computacionais, sendo ele composto por três pontas. O dispositivo foi analisado numericamente em seis configurações diferentes a partir das equações de Reynolds Averaged Navier-Stokes, adotando o modelo de turbulência k-ω SST. Posteriormente foram realizadas simulações para avaliar a aeronave em si. A partir das análises realizadas pode-se afirmar que o dispositivo de ponta de asa adaptativo é uma alternativa promissora para o aperfeiçoamento da performance de aeronaves agrícolas pelo fato de proporcionar um maior controle do tamanho e força dos vórtices, reduzir o arrasto induzido e otimizar a eficiência aerodinâmica. Dallazen (2018) realizou um estudo experimental onde avaliou-se a distribuição de pressão em um perfil aerodinâmico NACA 23015 variando o ângulo de ataque em 0º, 5º, 10º, 12º, 15º, 18º e 20º, determinando a angulação máxima para este perfil. A partir disso foi possível observar que para um ângulo de ataque de 0º há uma baixa diferença de pressão entre o extradorso e o intradorso, ao passo que o ângulo de ataque aumenta até 18º pode-se notar um aumento contínuo da diferença de pressão entre as superfícies até atingir uma angulação de 20º, 6 onde ocorre uma queda na diferença de pressão entre as superfícies superior e inferior, caracterizando que o perfil já entrou em estado de estol. O autor conclui que o ângulo de ataque máximo para o perfil aerodinâmico NACA 23015, antes de atingir o estado de estol, é de 18°. Welter (2018) apresenta uma análise numérica acerca do escoamento de ar em torno de uma asa finita gerada a partir de um perfil Eppler 423, muito utilizado como aerofólio de alta sustentação. Para a realização das simulações foi utilizado o software Ansys Fluent, e o modelo de turbulência escolhido foi o k-ω SST. Os dados obtidos nas análises foram comparados com dados disponíveis na literatura. A asa retangular também pôde ser comparada com outro modelo simples de projeto, a trapezoidal, e os dados da força de sustentação e arrasto deambos os formatos foram comparados, inclusive com uma amostragem das trajetórias do escoamento na ponta dos dois modelos de asas. Os dados numéricos obtidos no presente trabalho foram comparados com alguns disponíveis na literatura apresentando boa concordância entre eles, indicando certa coerência do trabalho realizado. 7 3. REFERENCIAL TEÓRICO O presente capítulo tem por objetivo apresentar uma revisão acerca da teoria associada ao problema em questão, apresentando alguns conceitos chave que permitirão uma compreensão global do assunto. 3.1. Perfis aerodinâmicos Segundo Rodrigues (2014), um perfil aerodinâmico é uma superfície projetada com a finalidade de se obter uma reação aerodinâmica a partir do escoamento do fluido ao seu redor. Os termos aerofólio ou perfil aerodinâmico são empregados como nomenclatura dessa superfície. A Figura 3.1 ilustra um perfil aerodinâmico típico, apresentando as suas principais características geométricas. Figura 3.1 – Principais características geométricas de um perfil aerodinâmico. Fonte: Rodrigues (2014) A linha de arqueamento média representa a linha que define o ponto médio entre todos os pontos que formam as superfícies superior e inferior do perfil. A linha da corda representa a linha reta que une os pontos inicial e final da linha de arqueamento média. A espessura representa a altura do perfil medida perpendicularmente à linha da corda. O arqueamento representa a máxima distância que existe entre a linha de arqueamento média e a linha da corda do perfil (RODRIGUES, 2014). Segundo Rodrigues (2014) os perfis possuem características aerodinâmicas próprias, que dependem exclusivamente da forma geométrica do perfil, de suas dimensões, do arqueamento, bem como da sua espessura e do raio do bordo de ataque. De acordo com Oliveira (2011) a National Advisory Committe for Aeronautics (NACA), descreve as principais características de cada um dos perfis aerodinâmicos através de 8 dígitos, a partir das quais será possível determinar a forma sua forma geométrica. Para os que são compostos por cinco dígitos apresentam informações referentes ao coeficiente de sustentação do modelo, o local de camber máximo e a espessura da seção. O significado da nomenclatura do perfil NACA 23015, utilizado neste trabalho, pode ser observado na Figura 3.2. Figura 3.2 – Significado da nomenclatura do perfil NACA 23015. Fonte: Fox et al. (2014) 3.1.1. Asa finita A superfície aerodinâmica destinada a prover sustentação à aeronave é conhecida como asa. Esse componente é desenvolvido de acordo com os requisitos de projeto e as características de operação da aeronave, podendo ser composta por um ou mais tipos de aerofólios. Suas formas geométricas mais usuais são as retangulares, trapezoidais, elípticas e mistas. Sua localização em relação à fuselagem pode ser alta, média ou baixa (RODRIGUES, 2014). Uma das principais diferenças entre o perfil aerodinâmico e a asa finita pode ser observada no seu coeficiente de sustentação 𝐶𝐿,como mostra a Figura 3.3. Figura 3.3 – Diferenças no coeficiente de sustentação entre o perfil e a asa finita. Fonte: Rodrigues (2014) 9 É possível observar na Figura 3.3 que, pelo fato de os coeficiente angulares do gráfico para as duas condições serem diferentes, a capacidade de geração de sustentação da asa finita é consideravelmente menor que a do perfil aerodinâmico. Em contraponto, essa diferença no coeficiente angular possibilita que o ângulo de estol observado na condição de asa finita seja maior quando comparado ao perfil. 3.2. Escoamento em torno de um aerofólio De acordo com Fox et al. (2014), o fluido em contato com a superfície de um corpo adquire a velocidade do mesmo como resultado da condição de não deslizamento na superfície. Como consequência disso é possível observar a formação de uma camada limite tanto na superfície superior quanto na superfície inferior do corpo. Em muitas situações de escoamento real, uma camada limite desenvolve-se sobre uma superfície longa, essencialmente plana. Como as características básicas de todos esses escoamentos são ilustradas nessa situação, este será apresentado em primeiro lugar. Inicialmente a camada limite observada em uma placa plana é laminar por uma curta distância a jusante da borda de ataque. Em seguida nota-se que uma região de transição ocorre sobre a placa onde, a partir daí, o escoamento na camada limite torna-se inteiramente turbulento. A Figura 3.4 ilustra o comportamento da camada limite sobre uma placa plana. Figura 3.4 – Camada limite em uma placa plana. Fonte: Fox et al. (2014) 10 Para efeitos de cálculo, em um escoamento incompressível sobre uma placa plana lisa, a transição de escoamento laminar para turbulento na camada limite ocorre para um número de Reynolds igual a 5 × 105 (FOX et al., 2014). Esse valor pode ser obtido a partir de 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐿 𝜇 (3.1) onde 𝜌 representa a massa específica do fluido [kg/m³], 𝑉 é a velocidade do escoamento [m/s], L indica a distância a partir do bordo de ataque [m] e 𝜇 representa a viscosidade dinâmica do fluido [Pa.s]. O número de Reynolds é um número adimensional que relaciona de forma simples as forças de inércia e as forças viscosas envolvidas no escoamento. O escoamento em um aerofólio apresenta um comportamento muito similar ao de uma placa plana. Inicialmente a camada limite formada apresenta um comportamento laminar, sendo que a transição para escoamento turbulento ocorre a alguma distância do ponto de estagnação, distância esta que depende das condições da corrente livre, da rugosidade da superfície e do gradiente de pressão. A camada limite turbulenta que se desenvolve após a transição apresenta um crescimento maior quando comparado à região de escoamento laminar. Em um determinado ponto do perfil aerodinâmico observa-se uma região de separação do fluido com o corpo formando uma esteira viscosa (FOX et al. 2014). O comportamento do escoamento em torno de um aerofólio pode ser observado na Figura 3.5. Figura 3.5 – Características do escoamento em torno de um aerofólio. Fonte: Fox et al. (2014) 11 Segundo Fox et al. (2014), para escoamentos de gases com transferência de calor desprezível, estes também podem ser considerados incompressíveis desde que as velocidades do escoamento sejam pequenas em relação à velocidade do som. Isso é determinado pelo número de Mach, obtido a partir da equação 𝑀 = 𝑉 𝐶𝑠𝑜𝑚 (3.2) onde M é um número adimensional e Csom representa a velocidade do som [m/s]. Para um número de Mach maior que um, o escoamento é considerado supersônico. Para uma condição onde o valor encontrado é menor que um, considera-se um escoamento subsônico. A aproximação de incompressibilidade de um fluido é possível quando o número de Mach calculado encontra-se abaixo de 0,3. 3.3. Distribuição de pressão De acordo com Fox et al. (2014), qualquer corpo que se move em meio ao ar sofre resistência ao deslocamento em função do escoamento da massa fluida. Considerando que o corpo está sujeito a forças e momentos em virtude da ação das correntes de ar, há a formação de uma distribuição de pressão específica para a geometria do corpo, de modo que a resistência do ar é proporcional a sua área, variando com a área frontal. O coeficiente de pressão 𝐶𝑃 pode ser calculado a partir de 𝐶𝑃 = 𝑃𝑖 − 𝑃∞ 1 2 ∙ 𝜌𝑉 2 (3.3) onde 𝑃𝑖 e 𝑃∞ representam, respectivamente, a pressão local no corpo [Pa] e a pressão do escoamento da corrente livre [Pa]. Em virtude do ângulo de ataque e a diferença geométrica entre os dorsos, o extradorso obtém maiores velocidades comparado ao intradorso. Com o aumento da velocidade no extradorso, tem-se um decréscimo na pressão superficial e de maneira oposta nointradorso, gerando um diferencial de pressão (WHITE, 2002). A Figura 3.6 apresenta a distribuição de pressão característica em um perfil aerodinâmico. 12 Figura 3.6 – Distribuição de pressão característica em um perfil aerodinâmico. Fonte: Kroo e Shevell (2001) 3.4. Forças atuantes Segundo White (2002), qualquer corpo quando imerso em um escoamento estará sujeito a uma força aerodinâmica 𝐹𝑅. Quando o perfil possui simetria em relação ao eixo de sustentação, como por exemplo aviões, navios e carros, é possível observar duas forças resultantes, sendo elas a força de arrasto 𝐹𝐷, paralela à direção do movimento, e a de sustentação 𝐹𝐿, perpendicular à direção do movimento. A decomposição das forças atuantes em um perfil aerodinâmico pode ser observada na Figura 3.7. Figura 3.7 – Forças atuantes em um perfil aerodinâmico. Fonte: Oliveira (2014) 13 3.4.1. Sustentação Para a maioria dos objetos em movimento em um fluido, a força mais significativa do fluido é o arrasto. Entretanto, existem alguns objetos, tais como aerofólios, para os quais a sustentação é significativa. A sustentação é definida como a componente da força do fluido perpendicular ao movimento do fluido (FOX et al., 2014). O coeficiente de sustentação 𝐶𝐿 é função do modelo do perfil, do número de Reynolds e do ângulo de ataque. Existe para cada perfil um ângulo de ataque que equaliza as resultantes de forças e pressões fornecendo ao perfil uma sustentação nula. Do ponto de vista da sustentação, pode-se afirmar que quanto maior este coeficiente, melhor para a sustentação de uma aeronave (JÚNIOR, 2016). Ele pode ser calculado a partir da equação 𝐶𝐿 = 𝐹𝐿 1 2 ∙ 𝜌𝑉 2𝐴𝑌 (3.4) onde 𝐴𝑌 representa a área projetada da asa perpendicular ao escoamento [m²]. 3.4.2. Arrasto Fox et al. (2014) afirmam que o arrasto é a componente da força sobre um corpo que atua paralelamente à direção do movimento relativo. O arrasto total de uma aeronave é consequência de algumas parcelas provenientes do arrasto de pressão, que ocorre devido ao desbalanceamento de pressão existente sobre a superfície da aeronave, e o arrasto de atrito proveniente das tensões de cisalhamento (RODRIGUES, 2014). O arrasto induzido é a parcela dependente da geração de sustentação e é caracterizado por um arrasto de pressão causado pelo escoamento induzido, downwash, que é associado aos vórtices criados nas pontas de uma asa de envergadura finita. O arrasto parasita representa o arrasto total do avião menos o arrasto induzido, ou seja, a parcela de arrasto que não está associada diretamente com a geração de sustentação. Este é o termo que representa a parcela do arrasto total associada com o atrito viscoso e o arrasto de pressão provenientes da separação do escoamento ao redor de toda a superfície do avião (RODRIGUES, 2014). O coeficiente de arrasto 𝐶𝐷 representa a medida da eficiência do perfil em gerar força de arrasto. Ao contrário do coeficiente de sustentação, os perfis considerados eficientes 14 aerodinamicamente são aqueles que possuem menores valores de coeficiente de arrasto (JÚNIOR, 2016). O coeficiente de arrasto pode ser calculado utilizando a equação 𝐶𝐷 = 𝐹𝐷 1 2 ∙ 𝜌𝑉 2𝐴𝑋 (3.5) onde 𝐴𝑋 representa a área projetada da asa paralela ao escoamento [m²]. 3.4.3. Arrasto induzido Guerrero et al. (2011) relatam que devido à diferença de pressão entre as superfícies superior e inferior de uma aeronave e a condição de asa finita, o ar localizado na região de alta pressão tende a se deslocar para a região de baixa pressão. Essa movimentação ocasiona a formação de vórtices na ponta da asa, que são responsáveis pela ocorrência do arrasto induzido. Esse fenômeno pode ser observado na Figura 3.8. Figura 3.8 – Formação dos vórtices responsáveis pelo arrasto induzido. Fonte: Adaptado de Gerrero et al. (2011) Rodrigues (2014) afirma que, para uma asa de dimensões finitas, o coeficiente de arrasto total em regime de escoamento subsônico é obtido através da soma do coeficiente de arrasto do perfil com o coeficiente de arrasto induzido gerado pelos vórtices de ponta de asa que, segundo Elham e van Tooren (2014), representa aproximadamente 40% do arrasto total de uma aeronave em velocidades de cruzeiro, e chega a atingir até 90% durante a decolagem. 15 3.5. Dispositivos de ponta de asa De acordo com Narayan e John (2016), uma das maneiras mais eficientes de se reduzir os vórtices gerados na ponta das asas é com a adição de winglets, que são capazes de evitar o fluxo do ar nessa região devido à diferença de pressão. Isso reduz a intensidade dos vórtices da ponta da asa e o correspondente arrasto induzido pela elevação. No entanto, a melhoria da eficiência aerodinâmica com a integração de tais dispositivos de ponta de asa depende principalmente da configuração de tais dispositivos e do tamanho total da asa. Esse efeito é ilustrado na Figura 3.9. Figura 3.9 – Redução do tamanho dos vórtices a partir do uso de winglets. Fonte: AOPA (2017) Dispositivos de ponta de asa já são utilizados em muitas aeronaves civis e militares, mas segundo Guerrero et al. (2011), este é um campo onde ainda há muito espaço para melhorias e desenvolvimento de soluções inovadoras. 16 A Figura 3.10 ilustra alguns modelos de winglets que apresentam um formato mais simples, como as figuras A, B, C, D, E e F, já utilizados pela indústria aeronáutica, e outros com formas mais complexas, cujos quais possuem aplicações mais específicas devido às suas características estruturais. Figura 3.10 – Diferentes modelos de winglets. Fonte: Adaptado de Guerrero et al. (2011) 17 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL Neste capítulo será introduzido o aparato experimental utilizado para a realização das análises bem como o procedimento experimental utilizado. 4.1. Aparato experimental 4.1.2. Canal aerodinâmico De acordo com Pereira et al. (2016), um canal aerodinâmico é um dispositivo projetado que define um ambiente do espaço delimitado por paredes, no qual o ar é soprado ou empurrado por meios mecânicos, no interior do qual se tem uma velocidade específica e um padrão de fluxo predeterminado num dado instante. O escoamento assim produzido é observado do exterior através de paredes transparentes na parte do canal aerodinâmico na qual um objeto, modelo de estrutura em escala reduzida ou partes dele estão alocados, de modo a permitir a realização de medidas das perturbações, e a visualização do comportamento do objeto sob o efeito do escoamento. O canal aerodinâmico do laboratório de Fenômenos de Transportes da URI Erechim é constituído por um motor elétrico de 3,7 kW com uma rotação máxima de 3475 rpm controlado por inversor de frequência. O canal apresenta 7 m de comprimento e uma seção transversal de 282 x 352 mm. A velocidade máxima atingida pelo escoamento gira em torno de 18 m/s, podendo variar de acordo com as condições de temperatura e pressão no momento da realização dos ensaios. Figura 4.1 – Canal aerodinâmico utilizado. Fonte: O Autor 18 4.1.3. Razão de bloqueio A razão de bloqueio 𝑅𝑏 é uma relação entre a área da seção transversal do canal aerodinâmico e a área projetada do aerofólio perpendicular ao escoamento. Essa relação indica o grau de obstrução do escoamento pelo modelo a ser analisado. Para perfis aerodinâmicos a razão de bloqueio aceitável fica em torno de 10%, tornando o efeito de bloqueio pequeno e fazendo com que ele possa ser ignorado. Ela pode ser calculada a partir de 𝑅𝑏 = 𝐴𝑋 𝐴𝑡 (4.1) onde 𝐴𝑡 representa a área da seção transversal do canal aerodinâmico [m²]. 4.1.4. Tubo de pressão O tubo de pressão, também conhecido como tubo de Pitot, é utilizado para medição por meio da diferença de pressãoexercida pelo movimento das moléculas do ar em movimento. Este equipamento consiste, simplesmente, de um tubo apontado diretamente para a direção do escoamento do fluido que possui duas entradas: uma que colhe a pressão estática e outra que serve para a obtenção da pressão de estagnação. Estas duas entradas são ligadas a um espaço preenchido com um fluido que varia seu nível em função da pressão dinâmica (PINTO, 2016). O tubo de Pitot pode ser observado na Figura 4.2. Figura 4.2 – Tubo de pressão com tomada de pressão estática em diferentes locais. Fonte: Fox et al. (2014) 19 A partir da equação de Bernoulli, considerando a velocidade no ponto de estagnação e a diferença de elevação entre os pontos igual e a zero, a velocidade do escoamento 𝑉 pode ser obtida através da equação 𝑉 = √ 2∆𝑝 𝜌 (4.2) onde ∆𝑝 é a diferença entra as pressões de estagnação [Pa] e estática [Pa]. 4.1.5. Balança aerodinâmica A medição das forças de arrasto e sustentação geradas pelo escoamento do fluido foi realizada utilizando-se um dispositivo desenvolvido a partir de duas balanças de precisão para cozinha. A partir de um mecanismo em contato com as células de carga é possível realizar a medição das forças geradas de forma simultânea. Esse dispositivo pode ser observado na Figura 4.3. Figura 4.3 – Balança aerodinâmica. Fonte: O Autor 20 4.1.6. Manômetro Para a realização dos ensaios foi utilizado um manômetro digital portátil Mark III da Série 475-FM, sendo que este mede pressões positivas, negativas ou diferenciais de ar e gases naturais com uma faixa de medição de 2,491 kPa. Sua operação simples e seu mostrador digital de fácil leitura o tornam um instrumento bastante eficaz para a execução dos experimentos. 4.1.7. Modelo físico O modelo físico adotado para a realização das análises foi o mesmo utilizado por Dallazen (2018). Por se tratar do mesmo perfil aerodinâmico, não se fez necessária a fabricação do mesmo. O modelo utilizado possui 16 orifícios laterais, distribuídos para facilitar a tomada de pressão nos pontos de maior importância. Isso pode ser observado na Figura 4.4. Figura 4.4 – Modelo sem adição da winglet utilizado nas análises. Fonte: Adaptado de Dallazen (2018) A asa foi modelada utilizando o software NX e possui corda igual a 190 mm e 210 mm de envergadura. A geometria com as dimensões apresentadas anteriormente gera uma razão de bloqueio em torno de 10%, valor este que se encontra dentro do esperado para um perfil aerodinâmico. O modelo também possui ofícios de 2 mm distribuídos ao longo de toda a sua superfície, tanto inferior quanto superior, permitindo que seja realizada a tomada de pressão em pontos específicos da asa. A primeira linha de orifícios está a 35,0 mm da borda do modelo, sendo que cada uma delas possui 17 furos, considerando as superfícies superior e inferior. Estes estão distribuídos conforme as dimensões apresentadas na Figura 4.4. 21 O espaçamento entre as demais linhas é de 17,5 mm, sendo que a linha de pressão A é a que se encontra mais próxima à extremidade livre da asa, já a linha I está localizada perto da extremidade fixada à parede. A distribuição dos pontos de tomada de pressão na superfície pode ser observada na Figura 4.5. Figura 4.5 – Distribuição dos pontos de tomada de pressão na superfície. Fonte: O Autor O dispositivo de ponta de asa desenvolvido para a realização das análises é do tipo Blended Winglet, que consiste num prolongamento em curva do perfil aerodinâmico da asa em questão. De acordo com a Boeing (2009), os Blended Winglets estão presentes em diversos modelos da companhia e são uma maneira comprovada de reduzir o arrasto, economizar combustível, amenizar as emissões e minimizar o ruído das aeronaves. Além da sua ampla utilização na indústria aeronáutica, outro fator importante para a escolha deste modelo foi a facilidade para realização da modelagem tridimensional da sua geometria, bem como a fabricação da peça para realização dos ensaios experimentais. O dispositivo foi produzido utilizando uma impressora 3D e posteriormente foi acoplado à asa previamente desenvolvida. A geometria da winglet desenvolvida pode ser observado na Figura 4.6, sendo que as dimensões apresentadas estão em milímetros. 22 Figura 4.6 – Modelo com adição da winglet utilizado nas análises. Fonte: O Autor 4.2. Procedimento experimental Inicialmente o tubo de Pitot é instalado no canal aerodinâmico, com o objetivo de regular a rotação do motor para que a velocidade do escoamento seja de 16 m/s. Esse valor foi adotado por estar um pouco abaixo do limite máximo do canal aerodinâmico garantindo que, independentemente das condições climáticas, a velocidade desejada possa ser atingida. Em seguida é feita a vedação das linhas de pressão, deixando somente a linha a ser analisada desobstruída. Também são inseridas as mangueiras nos furos laterais, possibilitando a tomada de pressão em cada um dos pontos da linha analisada de forma externa ao canal. Em seguida o modelo é instalado no canal aerodinâmico, como mostra a Figura 4.7. Figura 4.7 – Montagem do modelo no canal aerodinâmico. Fonte: O Autor 23 Após isso dá-se início à coleta de dados, onde são realizadas três amostras para cada ponto com 10 segundos de diferença entre elas. Terminadas as medições na primeira linha de pressão é necessário retirar o modelo do canal aerodinâmico para modificar a linha desobstruída. Esse procedimento deve se repetir para ambos os ângulos de ataque analisados. As forças de arrasto e sustentação são obtidas experimentalmente utilizando um dispositivo construído a partir de duas balanças. Para estes dados também foram realizadas três medições, com um intervalo de 10 segundos entre cada uma delas. 4.3. Erros e incertezas de medição Todos os processos experimentais apresentam um erro associado ao equipamento de medição, sendo necessária uma análise da sua influência nos resultados. A presente seção tem por objetivo apresentar a metodologia utilizada para a determinação dos erros obtidos nos experimentos realizados. 4.3.1. Média aritmética A média aritmética dos dados obtidos nos ensaios pode ser calculada a partir de �̅� = ∑ 𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 𝑛 (4.3) onde 𝑥 representa a média, 𝑥𝑖 indica o valor de cada leitura e 𝑛 o número de dados obtidos. 4.3.2. Desvio padrão O desvio padrão indica o grau de dispersão de um conjunto de dados, verificando a uniformidade dos mesmos. Ele pode ser calculado utilizando-se 𝑆 = √ ∑ (𝑥𝑖 − �̅�)2 𝑛 𝑖=1 𝑛 (4.4) onde 𝑆 representa o desvio padrão. 24 4.3.3. Erro aleatório O erro aleatório representa o resultado de uma medição menos a média que resultaria de um infinito número de medições do mesmo mensurando efetuadas sob condições de repetitividade. Para experimentos com menos de 30 amostras o erro aleatório pode ser determinado a partir da distribuição 𝑡 de Student, utilizando a equação 𝐸𝐴 = 𝑡𝑎/2 𝑆 √𝑛 (4.5) onde 𝐸𝐴 representa o erro aleatório e 𝑡𝑎/2 o valor do 𝑡 de Student, que é determinado utilizando a Figura 4.8, juntamente com o grau de confiança desejado, que para este trabalho será de 95%, e o número de graus de liberdade. Figura 4.8 – Tabela para determinação do valor de 𝑡𝑎/2. Fonte: Holman (2011) 4.3.4. Erro sistemático O erro sistemático 𝐸𝑆 leva em consideração a tendência do equipamento utilizado para a realização das medidas de registrar resultados sistematicamente acima ou abaixo do valor real. Para instrumentos digitais, conforme o utilizado neste trabalho, o erro sistemático é obtido a partir da resolução e a exatidão informada pelo fabricante. 25 O manômetro utilizado para a medição das pressões possui um erro de ± 0,5% para uma condiçãoonde a temperatura ambiente no momento da análise esteja entre 15,6°C e 25,6°C. A balança aerodinâmica utilizada para a avaliação dos coeficientes de sustentação e arrasto possui uma precisão de ±1g. 4.3.5. Erro total O erro total representa a soma das parcelas referentes aos erros aleatórios e sistemáticos, e pode ser calculado a partir da equação 𝐸𝑇 = 𝐸𝐴 + 𝐸𝑆 (4.6) onde 𝐸𝑇 representa o erro total. 26 5. METODOLOGIA NUMÉRICA De acordo com Fox et al. (2014) as equações que descrevem o escoamento de fluidos viscosos podem ser bastante complicadas. Frente à impossibilidade de uma resolução analítica para o problema em questão e a grande capacidade de processamento dos computadores, uma alternativa encontrada para a solução do problema em questão é a utilização de métodos numéricos. Assim, neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para a realização das análises numéricas. 5.1. Formulação geral A presente seção tem por objetivo apresentar o equacionamento utilizado para a obtenção dos resultados a partir das análises numéricas. 5.1.1. Conservação da massa A equação de conservação da massa determina que a variação temporal de massa por unidade de volume, no interior do volume de controle infinitesimal, e a variação do fluxo por unidade de tempo que cruza a superfície de controle devem ser iguais. Essa relação é descrita, já com as médias de Reynolds, como 𝜕𝜌 𝜕𝑡 + 𝜕𝜌�̅� 𝜕𝑥𝑗 = 0 (5.1) onde �̅� representa a componentes da velocidade nas direções de 𝑥𝑗 no sistema cartesiano de coordenadas, 𝑡 representa o tempo [s] e 𝜌 é a massa específica [kg/m³]. 5.1.2. Conservação da quantidade de movimento As equações de Navier-Stokes modelam o escoamento de fluidos. Dependendo das características do escoamento e das propriedades do fluido, é possível simplificar consideravelmente as equações, visando reduzir as dificuldades inerentes a sua solução numérica. A complexidade matemática dessas equações não permite que, para problemas gerais, análises teóricas encontrem soluções analíticas (FORTUNA, 2000). 27 A equação da conservação da quantidade do movimento, já com as médias de Reynolds, na notação de Einsten é apresentada a seguir 𝜕 𝜕𝑡 𝜌(𝑢𝑖) + 𝜕 𝜕𝑥𝑖 (𝜌𝑢𝑖𝑢𝑗 + 𝜌𝑢𝑖 ′𝑢𝑗 ′̅̅ ̅̅ ̅) = 𝜕𝑝 𝜕𝑥𝑖 + 𝜕 𝜕𝑥𝑗 [𝜇 ( 𝜕𝑢𝑖 𝜕𝑥𝑗 + 𝜕𝑢𝑗 𝜕𝑥𝑗 − 2 3 𝛿𝑖𝑗 𝜕𝑢𝑙 𝜕𝑥𝑙 )] (5.2) 5.1.3. Modelo de turbulência k-ω SST Em se tratando de turbulência, as equações de Navier-Stokes exigem malhas extremamente refinadas para capturar todas as escalas de turbulência que ocorrem no escoamento. O que normalmente é feito é o abandono dos detalhes e a concentração nos valores médios das propriedades, resultando no sistema de equações conhecidas como equações de Navier-Stokes com médias de Reynolds. O processo de média das variáveis dependentes das equações de conservação consiste em dividi-las em duas parcelas, uma sendo a média no tempo e a outra a flutuação sobre a média, gerando novos termos conhecidos como tensões de Reynolds. Para fechar o problema, é necessário desenvolver maneiras de avaliar essas novas quantidades (SOUZA, 2009). Dessa forma, foram criados os modelos de turbulência. Segundo Spalart e Allmaras (1992), os modelos algébricos mais simples são considerados modelos de zero equação. Para alcançar uma aplicação mais geral foram desenvolvidos os modelos de turbulência de uma equação, que acrescentam uma equação de transporte turbulento às equações de Navier-Stokes em médias de Reynolds, e os modelos de duas equações acrescentam mais duas equações de transporte, sendo uma para a escala de velocidade e outra para a escala de comprimento. No presente trabalho será utilizado o modelo de duas equações k-ω SST. O modelo de turbulência k-ω SST foi desenvolvido para aplicações em casos de aerodinâmica envolvendo elevados gradientes de pressão e de separação, unindo as melhores características dos modelos k-ɛ e k-ω. Quando se deseja análises de escoamento de camada limite o modelo k-ω é superior ao modelo k-ɛ. Em contraponto o modelo de turbulência k-ω exige uma condição de contorno não homogênea em ω para escoamento livre não turbulento, fato esse que não é observado no modelo k-ɛ (MENTER, 1994). Sendo assim, o modelo k-ω SST apresenta uma combinação entre a formulação robusta e precisa do modelo k-ω na região de camada limite com a independência de escoamento livre do modelo k-ɛ, fora da camada limite (MENTER et al., 2003). 28 O que diferencia o modelo k-ω e o k-ω SST é fato de ser adicionado um termo referente à difusão cruzada no equacionamento de ω, como pode ser observado na equação 𝜕𝜔 𝜕𝑡 + 𝜕𝑢𝑗𝜔 𝜕𝑥𝑗 = 𝛼𝑃𝜔 − 𝛽𝜔 2 + 2(1 − 𝐹1)𝜎𝜔 1 𝜔 𝜕 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝜔 𝜕𝑥𝑗 + 𝜕 𝜕𝑥𝑗 [(𝜈 + 𝜎𝜔𝜈𝑡) 𝜕𝜔 𝜕𝑥𝑗 ] (5.3) onde a função moderadora F1 regula os modos de atuação das equações, sendo que apresentar valor igual a 1 atua como modelo k-ω, e quando for 0, como modelo k–ε. A dissipação de energia cinética é expressa pela equação 𝜕𝑘 𝜕𝑡 + 𝜕𝑢𝑗𝑘 𝜕𝑥𝑗 = 𝛾𝑃𝑘 − 𝛽 ′𝑘2 + 2𝜎𝑘 1 𝑘 𝜕 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑘 𝜕𝑥𝑗 + 𝜕 𝜕𝑥𝑗 [(𝜈 + 𝜎𝑘𝜈𝑡) 𝜕𝑘 𝜕𝑥𝑗 ] (5.4) onde α, 𝛽′ e 𝜎𝑘 são constantes avaliadas a partir dos modelos k-ε e k-ω, v é a viscosidade molecular, e vt é a viscosidade turbulenta que pode ser obtida através de 𝑣𝑡 = 𝑎1𝐶𝑘 𝑚𝑎𝑥( 𝑎1𝜔, 𝑆𝑅𝐹2) (5.5) onde 𝑎1é uma constante, C é ajustado conforme o modelo, S é a taxa de deformação e F2 é uma segunda função modeladora, definida para limitar os valores de νt em regiões de escoamento cisalhante livre. O termo de produção 𝜔 é dado por 𝑃𝜔 = ( 𝑎3 𝑣𝑡 )𝑃𝑘 (5.1) Os valores das constantes do modelo podem ser observados na Tabela 5.1. Tabela 5.1 – Coeficientes do modelo de turbulência k-ω-SST. Constante 𝛽′ 𝛼 𝛽 𝜎𝑘 𝜎𝜔 Valor 0,09 5/9 0,075 2,00 2,00 Fonte: O Autor 29 5.2. Método dos volumes finitos De acordo com Gonçalves (2007) o método de volumes finitos utiliza como ponto de partida a forma integral da equação da conservação. O domínio de solução é dividido num número finito de volumes de controle (VC) contínuos, e a equação da conservação é aplicada a cada VC. No centroide de cada VC localiza-se um nó computacional no qual são calculados os valores das variáveis, sendo os valores das variáveis nas superfícies dos VC obtidos por interpolação em função dos valores nodais (centro do VC). As integrais de volume e de superfície são aproximadas usando fórmulas de quadratura apropriadas. Como resultado, obtém-se uma equação algébrica para cada VC, na qual aparecem os valores das variáveis no nó em questão e nos nós vizinhos. Esse procedimento é ilustrado na Figura 5.1. Figura 5.1 – Princípio do método numérico. Fonte: Adaptado de Maliska (2004) 5.3. Implementação numérica Segundo Versteeg e Malalasekera (1995), a fluidodinâmica computacional CFD é composta por diversas técnicas numéricas, matemáticas e computacionais a partir das quais é obtida a solução para as equações de conservação de grandezas físicas envolvidas em um determinado problema. Estas equações são oriundas das teorias de fenômenos de transporte, sendo aplicadas na previsão de fenômenos físicos ou físico-químicos para o escoamento em questão. Para a realização de uma análise fluidodinâmica para um escoamento externo sobre um corpo submerso é necessária a criação de um modelo sólido, onde o objeto a ser analisado deve ser subtraído de seu interior. A esta geometria dá-se o nome de domínio computacional. 30 Para o problema em questão, o domínio computacional foi gerado a partir das dimensões do canal aerodinâmico onde a asa apresentada na Figura 4.4 foi posicionada nas mesmas condições às encontradas no aparato experimental. Com isso, os resultados obtidosnumericamente podem ser comparados diretamente aos resultados obtidos nos experimentos. A geometria utilizada como domínio computacional pode ser observada na Figura 5.2. Figura 5.2 – Domínio computacional com dimensões em mm. Fonte: O Autor Apesar de os métodos numéricos apresentarem resultados bastante precisos, as análises teóricas e experimentais sempre deverão ser usadas de forma complementar entre si para garantir uma maior segurança dos resultados obtidos (FORTUNA, 2000). 5.3.1. Condições de contorno As condições de contorno atribuídas na simulação definem as características e condições do escoamento analisado. Nesta etapa, todos os parâmetros de análise devem ser SAÍDA DIREÇÃO DO ESCOAMENTO ENTRADA PAREDES ASA 31 configurados e inseridos no software. O fluido escolhido para a análise do escoamento foi o ar a 25°C à pressão atmosférica considerando-o em regime permanente. Na seção de entrada do domínio foi atribuída uma velocidade para o fluido, com um valor igual a 16 m/s, normal à superfície. Essa velocidade foi escolhida com base na velocidade máxima atingida pelo canal aerodinâmico utilizado nas análises experimentais. Para a superfície da asa e para as paredes do domínio foi atribuída uma condição de parede sem deslizamento, representando as condições encontradas no canal aerodinâmico. A região de saída foi considerada como uma abertura à pressão atmosférica, tal qual as condições encontradas nas análises experimentais. 5.3.2. Malha computacional Segundo Gonçalves (2007), quando utilizadas geometrias complexas, as malhas estruturadas são difíceis, ou até impossíveis de construir. Por conta disso, utilizou-se para o problema em questão uma malha não estruturada, que se adapta bem a geometrias complexas. A malha utilizada neste trabalho foi gerada a partir do software ICEM CFD, um exemplo com aproximadamente 5.000.000 de volumes pode ser observado na Figura 5.3. Figura 5.3 – Seção transversal da malha gerada a partir do domínio computacional. Fonte: O Autor Para a confecção da malha na região próxima à asa foi atribuída a condição de criação de prismas, fazendo com que haja a formação de blocos que contornam o perfil aerodinâmico, garantindo uma análise precisa das forças superficiais geradas pelo escoamento. Para isso é 32 preciso determinar a espessura da primeira camada desses blocos, que é obtida a partir de uma análise da distância adimensional 𝑦+, conforme mostra a equação 𝑦 = 𝑣 ∙ 𝑦+ 𝑉 (5.6) onde 𝑦 representa a espessura da primeira camada [m]. Para o caso avaliado foi arbitrado um 𝑦+ < 2, pela necessidade de uma análise precisa próxima à superfície da asa. Assim, para a construção dos prismas foi atribuída uma espessura inicial de 2,5x10-5 m, com um aumento progressivo entre os blocos em cada uma das 20 camadas, como pode ser observado na Figura 5.4. Figura 5.4 – Prismas próximos à superfície superior da asa. Fonte: O Autor 5.3.3. Independência de malha Quanto mais refinada for a malha utilizada, ou seja, quanto maior o número de subdivisões do subdomínio computacional, mais precisos serão os resultados. Em contraponto, quando o número de elementos é muito elevado a exigência de processamento do hardware é muito grande, fazendo com que as análises demandem muito tempo e esforço computacional. A fim de garantir que a malha gerada apresente um número adequado de subdivisões é realizado o procedimento de independência de malha, que consiste em realizar diversas simulações para um mesmo caso utilizando diferentes graus de refinamento. Quando não 33 houverem mais alterações significativas nos resultados observados podemos admitir os parâmetros utilizados para a geração da malha como ideais para o problema em questão. Inicialmente foi realizado o teste de independência de malha com um ângulo de ataque de 6 graus, por se tratar de uma condição em que as asas são geralmente instaladas em uma aeronave, e uma velocidade do escoamento livre igual a 16 m/s. A Tabela 5.2 mostra os valores de força de sustentação obtidos para 4 malhas diferentes. Tabela 5.2 – Teste de independência de malha com ângulo de ataque igual a 6 graus. Malha Número de Elementos Força de Sustentação (N) 01 3.000.000 2,6368 02 4.000.000 2,5674 03 5.500.000 2,5649 04 7.000.000 2,5637 Fonte: Autor A fim de definir os parâmetros de malha a serem adotados para a realização das análises, os valores obtidos foram dispostos em um gráfico, que pode ser observado na Figura 5.5. Figura 5.5 – Gráfico comparando a diferença da força de sustentação entre as malhas. Fonte: O Autor Como pode ser observado na Figura 5.5, a partir da segunda malha avaliada não há mais uma variação significativa do valor encontrado para a força de sustentação. Consoante ao exposto, as malhas utilizadas para a realização das análises numéricas foram geradas a partir dos parâmetros estabelecidos para a malha de número três, cuja qual apresentou aproximadamente 5.500.000 volumes. 34 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES A presente seção apresenta os resultados obtidos nas análises numéricas e experimentais realizadas a partir do perfil aerodinâmico NACA 23015 com ângulos de ataque iguais a 6 e 15 graus. Para a leitura dos dados de pressão obtidos na análise numérica foram demarcadas 9 linhas sobre a superfície, coincidentes com as linhas de pressão formadas pelos orifícios no modelo físico utilizado na fase experimental do trabalho. Isso possibilita a comparação do comportamento da pressão na mesma região da superfície em ambas as metodologias. Durante a realização das análises experimentais, a pressão atmosférica observada foi de 705 mmHg, com uma temperatura igual a 22°C. A partir destas condições foi possível determinar as propriedades do ar atmosférico, permitindo a medição da velocidade do escoamento através do tubo de Pitot que, para o presente trabalho, deve ser igual a 16 m/s. Com a velocidade do escoamento utilizada para as análises o número de Reynolds encontrado foi igual a 187266, indicando a ocorrência de um escoamento turbulento. A razão de bloqueio para os experimentos realizados foi de aproximadamente 9% para 6 graus e 14% para 15 graus. Segundo Fox et al. (2014) não se deve confiar em uma solução de CFD sem haver a garantia de que ela é realmente uma solução de malha convergida para um nível de tolerância aceitável, o que dependerá do problema. Inicialmente foi adotado um critério de convergência para todos os termos envolvidos na solução de 10-4. Como os resultados obtidos apresentaram semelhança com dados presentes na literatura e com as análises experimentais realizadas, considerou-se que o critério de convergência adotado é adequado para o problema em questão. Na primeira etapa desta seção serão apresentados os resultados referentes aos ensaios numéricos e experimentais realizados sem a utilização de winglets com ângulos de ataque de 6 e 15 graus, sendo posteriormente apresentados os resultados dos ensaios realizados com a adição de um winglet, utilizando os mesmos ângulos de ataque. Na sequência será possível observar o comparativo entre a distribuição de pressão na superfície da asa com e sem a adição de um dispositivo de ponta de asa, bem como os coeficientes de sustentação e arrasto para ambas as situações. Os erros associados às medições experimentais podem ser observados no Apêndice A, juntamente com todos os dados obtidos nas análises experimentais. 35 6.1. Ângulo de ataque igual a 6 graus sem adição de um winglet Incialmente, os resultados obtidos com o ângulo de ataque igual a 6 graus foram plotados em gráficos, avaliando a pressão na superfície de asa, partindo do bordo de ataque até o bordo de fuga para as linhas de pressão A, B, C e D, conforme a distribuição de pontos apresentada na Figura4.5. Os resultados obtidos podem ser observados na Figura 6.1. Figura 6.1 – Pressão com um ângulo igual a 6° para as linhas A, B, C e D. Fonte: O Autor Conforme apresentado na Figura 6.1, a pressão máxima se encontra no bordo de ataque da asa com um valor de, aproximadamente, 150 Pa na análise numérica e de 120 Pa nos experimentos, valores estes observados nas quatro linhas de pressão apresentadas. Já a pressão mínima, localizada no extradorso, apresentou uma pequena variação de pressão, sendo que na análise numérica em A a pressão mínima encontrada é igual a -130 Pa, em B é de -150 Pa, na linha de pressão C é igual a -160 Pa, chegando até -166 Pa em D. Já na análise experimental a pressão mínima permaneceu estável, próximo a -125 Pa para as quatro primeiras linhas de pressão. -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) (A) (B) (C) (D) 36 Em seguida foram plotados os gráficos referentes às linhas de pressão E, F, G, H e I. Os resultados obtidos podem ser observados na Figura 6.2. Figura 6.2 – Pressão com um ângulo igual a 6° para as linhas E, F, G, H e I. Fonte: O Autor É possível observar na Figura 6.2 que para as linhas de pressão E e F não há uma variação significativa nos resultados, sendo que as pressões máximas observadas nas análises numérica e experimental são, respectivamente, 150 e 122 Pa. Já para as linhas G, H e I há uma pequena queda, apenas na análise numérica, na pressão mínima, que passa a valer -180 Pa, sendo que para a análise experimental ela permanece igual. A pressão máxima observada para -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) (E) (F) (G) (H) (I) 37 as quatro últimas linhas de pressão permanece, na simulação numérica, próxima a -150 Pa, e para a análise experimental o valor é de aproximadamente -100 Pa. Como pode ser observado, os resultados encontrados nas análises numéricas e experimentais apresentam valores de pressão muito próximos, onde é observada apenas uma pequena diferença em alguns pontos, sendo que a maior diferença observada entre os dois métodos utilizados está na região em que há a menor pressão. Uma das possíveis causas dessas variações se dá pelo fato de que, no software de análise numérica, o gráfico é gerado com aproximadamente 750 pontos, enquanto que, no experimento, foram avaliados apenas 17 deles. Sendo assim, alguns picos de pressão registrados pela análise numérica passam despercebidos nos experimentos, pelo fato de o espaçamento entre os pontos analisados ser muito maior. Além disso, é válido ressaltar que em ambas as metodologias aplicadas existem erros associados, contribuindo para que ocorram algumas divergências. Mesmo com essa diferença apresentada, a distribuição de pressão ao longo da superfície da asa apresentou um comportamento similar em ambas as análises, indicando que há coerência nos resultados obtidos. Outra condição observada a partir das análises foram as forças superficiais ocasionadas pelo escoamento. O comparativo entre os resultados obtidos a partir dos métodos numéricos e experimentais podem ser observados na Tabela 6.1. Tabela 6.1 – Coeficientes de arrasto e sustentação para ângulo de 6° sem adição de winglet. Coeficiente de Sustentação Coeficiente de Arrasto Numérico Experimental Numérico Experimental 0,410 0,373 0,057 0,052 Fonte: O Autor Como pode ser observado, os valores obtidos para os coeficientes de sustentação e arrasto em ambas as análises são bastante próximos. A diferença entre os resultados numéricos e experimentais para o coeficiente de sustentação e de arrasto é de aproximadamente 10% para ambos. Para um ângulo de ataque igual a 6 graus, Coimbra e Catalano (1999) obtiveram em suas análises experimentais um coeficiente e arrasto próximo a 0,050 e um coeficiente de sustentação de aproximadamente 0,360. Estes valores se encontram muito próximos aos deste trabalho, validando os resultados obtidos. 38 6.2. Ângulo de ataque igual a 15 graus sem adição de um winglet Após finalizadas as análises da asa com ângulo de ataque igual a 6°, o mesmo procedimento realizado anteriormente foi aplicado à mesma geometria, agora apresentado um ângulo de ataque igual a 15 graus. De início foram analisadas as linhas de pressão A, B, C e D para estas condições, conforme mostram os gráficos na Figura 6.3. Figura 6.3 – Pressão com um ângulo igual a 15° para as linhas A, B, C e D. Fonte: O Autor É possível observar na Figura 6.3 que, a pressão máxima encontrada para as linhas A, B, C e D permanece estável, com um valor próximo a 170 Pa tanto para a análise numérica quanto a experimental. Apenas no gráfico da linha D é observada uma queda de pressão máxima na análise experimental, atingindo um valor igual a 150 Pa. A pressão mínima observada nos gráficos da Figura 6.3 apresentou valor diferente para as quatro linhas de pressão. Na linha A, a pressão mínima na análise numérica foi igual a -324 Pa, enquanto para a experimental foi de -250 Pa. Na linha B, as pressões máximas para as análises numérica e experimental são, respectivamente -388 e -250 Pa. Para as linhas C, a pressão mínima foi de -420 Pa para a análise -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) (A) (B) (C) (D) 39 numérica e -260 para experimental. Já para a linha D os valores encontrados para as análises numéricas e experimentais são, respectivamente, -443 Pa e -275 Pa. Na sequência são plotados os gráficos referentes as linhas de pressão E, F, G, H e I com um ângulo de ataque igual a 15 graus. Os resultados podem ser observados na Figura 6.4. Figura 6.4 – Pressão com um ângulo igual a 15° para as linhas E, F, G, H e I. Fonte: O Autor -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re ss ão ( P a) Distância do bordo de ataque (m) -550 -450 -350 -250 -150 -50 50 150 250 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 P re
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