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AULA_SUS_MEDICINA_ATUALIZADA_EM_6_FEV_2021_PROF_JOSÉ_MARTINS

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CAMPUS FERNANDÓPOLIS 
CURSO DE MEDICINA 
MÓDULO: SAÚDE COLETIVA 
DATA: 06/02/2021 
 
AULA ELABORADA PELO PROF. DR. JOSÉ MARTINS PINTO NETO 
 
Dados sobre o Docente: 
Enfermeiro - COREN-SP: 42503 
Professor Titular do Curso de Medicina da Universidade Brasil. Assistente de 
Coordenação do Curso e Supervisor do Módulo de Saúde Coletiva. Supervisor do 
Internato de Vigilância em Saúde do 5º e 6º ano do Curso de Medicina – Campus 
Fernandópolis. 
Coordenador da Comissão Gestora do Hospital de Ensino Santa Casa de Misericórdia 
de Fernandópolis. 
Membro do Comitê Gestor do COAPES do município de Fernandópolis. 
Celular: (17) 99736-5747 (WhatsApp) 
http://lattes.cnpq.br/2800378740960554 
E-mail: jose.martins@universidadebrasil.edu.br 
 
 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 
“O SUS deve ser entendido como um processo em construção permanente, que 
visa, em médio e longo prazos, a uma mudança do paradigma de atenção à saúde” 
(MENDES, 2012). 
 
“...O Brasil é o único país do mundo com mais de 200 milhões de habitantes a 
ofertar algo do gênero à população. O SUS acolhe, mais de trinta anos depois de 
sua criação, três vezes mais usuários dos serviços de saúde do SUS do que a rede 
privada, segundo o IPEA. Ao menos sob a letra da lei, somos cidadãos sem 
distinção e cobertos pelos mesmos direitos. (...) Não há política pública que 
funcione, se os gestores não vivenciarem diretamente os seus resultados, o que 
acontece em países como a Suécia. Lá além de arcarem com suas próprias despesas 
– como gastos com gasolina e moradia e o alimento que consomem – parlamentares 
e demais autoridades utilizam transporte público e não usufruem de plano de 
saúde privado, por exemplo. Em um país sem distanciamento entre representantes 
e representados, esses tomadores de decisão são usurários das próprias políticas 
públicas que desenham e executam. Entre eles está a área da saúde. Se quisermos 
que o SUS funcione, os dirigentes brasileiros têm de replicar modelos como o sueco 
e participar diretamente do sistema, inclusive aqueles já aposentados” 
(FIGUEIREDO, 2019) 
Fonte: Reportagem da Revista Ser Médico, º 89, out/nov/dez.; p.34,36, 2019. 
 
“A qualidade e a permanência da integridade de um sistema de saúde depende 
diretamente da sociedade e, portanto, para melhorar o Sistema Único de Saúde 
(SUS) é necessário que a sociedade queira e lute pelo melhoramento do sistema. 
Esta é a avaliação do médico Gonzalo Vecina Filho, ex-presidente e um dos 
fundadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)” 
Fonte: https://www.brasil247.com/saude/sus-torna-o-brasil-mais-civilizado-e-menos-
desigual-afirma-ex-presidente-da-anvisa, publicado em 06/03/2020. 
 
“A força operacional e pragmática do Sistema Único de Saúde (SUS), que 
completa neste sábado 32 anos de existência (05/10/2020), pode ser bem medida 
durante a pandemia do novo coronavírus. Com o país atingido fortemente por um 
vírus de letalidade moderada, o SUS precisou se expandir de uma hora pra outra 
para dar a resposta assistencial que a população necessitava. E isso só foi possível 
por ter sido constituído e ter sua sustentabilidade em conceitos, princípios, práticas 
e protocolos consolidados. 
Para secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa, sem o SUS a pandemia teria 
instalado o caos social e o Estado contabilizaria um enorme prejuízo com muito 
mais vidas perdidas. “Fica claro nesta pandemia o quanto o SUS é importante. Não 
só aqui em Sergipe, mas em todo país é visível o quanto nós crescemos, 
principalmente na mobilização e construção de leitos de UTI, tornando a oferta 
maior na rede pública.” 
Fonte: https://www.saude.se.gov.br/sus-tem-papel-fundamental-durante-a-
pandemia/#:~:text=A%20for%C3%A7a%20operacional%20e%20pragm%C3%A1tica,a
%20pandemia%20do%20novo%20coronav%C3%ADrus. 
 
O SUS É UM SISTEMA DE SAÚDE GIGANTE, MAS ELE JÁ ESTÁ PRONTO? 
Resposta: NÃO.... 
COMO JÁ FOI MENCIONADO: 
“O SUS deve ser entendido como um processo em construção permanente, que 
visa, em médio e longo prazos, a uma mudança do paradigma de atenção à saúde” 
(MENDES, 2012). 
 
O SUS É UM DIREITO SOCIAL DE TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS E 
ESTRANGEIROS LEGALMENTE RESIDENTES NO PAÍS. 
De acordo com o Professor da PUC Minas José Luiz Quadros de Magalhães, doutor em 
Direito Constitucional, menciona os DIREITOS INDIVIDUAIS (liberdade, 
privacidade, intimidade, entre outros), DIREITOS SOCIAIS (saúde, educação, 
previdência, moradia); DIREITOS POLÍTICOS (votar, ser votado e participar 
ativamente da vida política) e DIREITOS ECONÔMICOS (emprego, salário justo, 
política de repartição da riqueza) (REVISTA PUC CAMPINAS, nº 20, 2019, p. 32). 
https://www.brasil247.com/saude/sus-torna-o-brasil-mais-civilizado-e-menos-desigual-afirma-ex-presidente-da-anvisa
https://www.brasil247.com/saude/sus-torna-o-brasil-mais-civilizado-e-menos-desigual-afirma-ex-presidente-da-anvisa
De acordo com a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DE 1988 (A CONSTITUIÇÃO 
CIDADÃ): 
ART. 6º São direitos sociais a educação, A SAÚDE, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 
Em relação a muitos assuntos, entre eles, sobre o SUS as pessoas, segundo o odontólogo 
Eugênio Vilaça Mendes (s/d) podem ter 
3 “VISÕES DE MUNDO”, a saber: 
VISÃO INGÊNUA 
VISÃO TÉCNICA 
VISÃO POLÍTICA 
 E A SUA VISÃO, QUAL É? 
A segunda pergunta é VOCÊ USA O SUS? OU JÁ USOU O SUS ALGUMA VEZ NA 
SUA VIDA?? 
Se você tem alguma dúvida de que também é usuário(a) usa o SUS, eu tentarei lhe 
convencer e vos digo que: 
Quando você vai a um restaurante, açougue ou supermercado fazer compras você está 
usando o SUS, pois para eles funcionarem terão que obter uma ALVARÁ de 
funcionamento que é um documento emitido, após inspeções “in loco”, por agentes de 
saúde que atuam na área da Vigilância Sanitária, que é parte integrante do Sistema de 
Vigilância à Saúde do SUS, 
Se você usa um preservativo masculino ou feminino para se proteger de uma gravidez 
indesejada ou como método (ainda que parcialmente seguro) de prevenção das 
infecções sexualmente transmissíveis (IST, não se fala mais em DST), adquirido ou não 
na rede básica do SUS você também está usando o SUS, pois todo produto desta 
natureza precisa, para ser comercializado, de um controle de qualidade emitido pelo 
INMETRO, que um órgão vinculado ao SUS. 
Um casal ao escolher um hospital particular para o nascimento do seu filho – com tudo 
pago mesmo, em forma de desembolso direto – também estará usando o SUS, pois a 
criança no momento da alta somente poderá sair do hospital com um documento 
chamado Declaração de Nascidos Vivos que faz parte de um dos Sistemas de 
Informação de Saúde que é o SINASC (é um documento emitido pelo Ministério da 
Saúde). O mesmo ocorre quando morre alguém pois para que um atestado de óbito seja 
emitido é preciso preencher uma DO (Declaração de Óbito) que é somente o SUS que 
fornece aos hospitais. 
Se você ainda não concorda que também USA O SUS continue lendo as colocações 
abaixo: 
Quando o pessoal de Agente de Combate à Endemias (ACE) passa visita em sua 
residência para o controle o mosquito Aedes aegypti – transmissor do vírus da Dengue, 
Febre Amarela, Chikungunya, Zika e a Doença ou Febre de Mayaro você também 
está usando os serviços do SUS; 
Quando você ler uma faixa colocada nas avenidas/ruas de sua cidade com uma 
mensagem do tipo “Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas pelo corpo que 
apresentam alteração da sensibilidade pode ser HANSENÍASE, procure uma unidade de 
saúde”, você está recebendo uma informação de saúde, no contexto da Educação em 
Saúde, parte fundamental do SUS. 
E, obviamente, quando você procura algum tipo de atendimentoà saúde em uma 
Unidade Básica de Saúde (UBS) – erroneamente chamada de “Postinhos de Saúde” –, 
no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), em algum consórcio intermunicipal 
de saúde (tipo CISARF em Fernandópolis), no Centro de Atendimento às Doenças 
Infecciosas e Parasitárias (CADIP), em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), no 
Laboratório Regional do SUS, na Secretaria Municipal de Saúde, ou ainda ao ser 
resgatado pelo SAMU em um acidente você está usando o SUS. Assim como o estará 
usando ao frequentar um serviço de hemodiálise que atendem quase 100% dos usuários 
dos serviços de saúde do SUS pelo SUS, além da Santa Casa que é uma instituição 
conveniada ao SUS e que, portanto, tem que atender mais de 60% dos usuários do 
serviços de saúde do SUS pelo SUS para ter o certificado de FILANTROPIA e deixar 
de pagar vários impostos. Você sabia disto?? 
Ah! Você sabia também que somente o SUS fornece os medicamentos para o 
tratamento de doenças como a Influenza A (H1N1), Hanseníase, Tuberculose, Aids, 
Hepatites virais B e C, Malária, entre outras doenças infecciosas ou parasitárias? E que 
estes medicamentos você não os encontra em farmácias e drogarias do país? 
E toda vez que um cidadão precisar de sangue e seus derivados (hemoderivados) está 
utilizando o SUS mesmo que seja nos hospitais particulares haja vista que todo o 
processo desde o recrutamento de doadores, colheita, processamento (realização das 
sorologias), estocagem, distribuição realização de sorologias é realizado por órgãos da 
Rede Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia (HEMORREDE). Sugiro a 
leitura do site http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-de-sangue/rede-
nacional-de-servicos-de-hematologia-e-hemoterapia-hemorrede 
Agora que eu espero ter lhe convencido de que você usa o SUS... 
VAMOS À AULA? 
http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-de-sangue/rede-nacional-de-servicos-de-hematologia-e-hemoterapia-hemorrede
http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-de-sangue/rede-nacional-de-servicos-de-hematologia-e-hemoterapia-hemorrede
O SUS é um produto de um Movimento Social e Político que surgiu em meados da 
década de 70, em plena vigência da Ditadura Militar. Esse movimento ficou conhecido 
como MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA que ao longo de 
vários anos lutou pela criação do SUS, devido à perversidade que era o sistema anterior 
(INPS/INAMPS). A expressão “Reforma Sanitária” foi criada pelo Prof. Guilherme 
Rodrigues da Silva (Professor Emérito do Departamento de Medicina Preventiva da 
FMUSP). 
O ápice deste movimento aconteceu na famosa VIII CONFERÊNCIA NACIONAL 
DE SAÚDE (8ª CNS) que ocorreu, em Brasília, no mês de março de 1986, a qual é 
considerada um MARCO HISTÓRICO NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA, pois 
nela foram discutidos, principalmente, sobre a necessidade da criação do SUS e o novo 
conceito ampliado de Saúde, que já estudamos na aula anterior. Lembram-se?? Então, 
oficialmente, nesta CNS o SUS foi PROPOSTO no RELATÓRIO FINAL. 
Esse movimento segundo Vasconcelos e Pasche (2006, p. 532) o movimento sanitário 
foi um processo político que mobilizou a sociedade brasileira para propor novas 
políticas e novos modelos de organização de sistema, serviços e práticas de saúde. Isto 
resultou na criação do SUS, que hoje é considerado o maior sistema de saúde pública do 
mundo, e, também, é reconhecido como um dos melhores – possui muitas fortalezas 
mas também possui muitas debilidades, dilemas e incertezas, que tangencialmente serão 
discutidas até o final desta aula. 
Na página da internet do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) encontramos que: 
O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e 
regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 e nº 8.142/90, Leis Orgânicas da Saúde, com a 
finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população, 
tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas 
cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. 
A saúde é considerada como um valor devido ao vínculo com a vida. Constitui-se um 
marco jurídico por ser um bem público e, dessa maneira, torna-se um direito de cada 
cidadão. Dessa forma, ela torna-se responsabilidade de toda a população e do Estado, ou 
seja, traduz-se em obrigação do poder público como também um dever de cada 
indivíduo (MARZIALE; MENDES, 1995). 
No Brasil, esse direito à saúde somente passou a existir a partir da Promulgação da atual 
Constituição Federal em outubro de 1988, que CRIOU o SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE (SUS), no Capítulo da Seguridade Social, Seção Saúde onde no seu artigo 196 
diz que “A saúde é um direito de todos e um dever do Estado (...)”. Antes disto 
somente quem contribuía mensalmente para o INPS/INAMPS (criados em 1967 e 1977, 
respectivamente) tinha direito a assistência à saúde (ainda que precária e centrada, 
basicamente, no profissional médico). 
http://www.saude.gov.br/
http://189.28.128.100/portal/saude/area.cfm?id_area=169
O SUS É CONSIDERADO UM SISTEMA ÚNICO DE SÁUDE PORQUE SEGUE OS 
MESMOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL E 
AGREGA OS DIVERSOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA ÚNICA REDE. 
ATUALMENTE ELE É ALICERÇADO EM ONZE, SENDO QUE TRÊS DELES 
SÃO CHAMADOS DE NORTEADORES ou DOUTRINÁRIOS ou ÉTICOS ou ainda 
FINALÍSTICOS E OITO SÃO DENOMINADOS DE ORGANIZACIONAIS ou 
ORGANIZATIVOS, OS QUAIS EXPRESSAM COMO ELE DEVE FUNCIONAR NA 
PRÁTICA. TODOS ESSES PRINCÍPIOS BASEIAM-SE NOS PRECEITOS 
CONSTITUCIONAIS. 
TODOS OS PRINCÍPIOS DO SUS FORAM ORIGINADOS DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL DE 05/10/1988 – CAPÍTULO DA SEGURIDADE SOCIAL, SEÇÃO II – 
DA SAÚDE, ARTIGO 196 A 200. ELES PODEM ESTAR EXPLICITOS OU 
IMPLÍCITOS NO TEXTO CONSTITUCIONAL. 
 
TÍTULO: DA ORDEM SOCIAL 
CAPÍTULO: SEGURIDADE SOCIAL 
SEÇÃO II: SAÚDE 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder 
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, 
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por 
pessoa física ou jurídica de direito privado. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes 
diretrizes: 
I - descentralização com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
III – participação da comunidade. 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei: 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
OS PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU 
ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS SÃO: 
1. UNIVERSALIDADE – Artigo 196 (Saúde é um direito de todos e um dever 
do Estado (...) acesso universal e igualitário.... 
2. EQUIDADE – Art. 196 
3. INTEGRALIDADE – Art. 198 (“Atendimento integral”) 
E OS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS SÃO: 
1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA 
DE GOVERNO - Artigo 198 
2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO - Artigo 198 
3. REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA - Artigo 198 
4. RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE - Artigo 198 
5. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (POPULAÇÃO) - Artigo 198 e Lei 
Federal nº 8142 de 28 de dezembro de 1990 
6. INTERSETORIALIDAE - Artigo 198 – derivado da Integralidade 
7. TRANSVERSALIDADE - Artigo 198 
8. PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO NA ÁREA DA SAÚDE DE 
FORMA COMPLEMENTAR AO SUS – Artigo 199 
 
VAMOS ÀS DEFINIÇÕES E COMENTÁRIOSSOBRE CADA DELES: 
A – PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU 
ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS: 
1. UNIVERSALIDADE: todas as pessoas têm direito à saúde, aí entendida como a 
garantia do direito aos fatores determinantes e determinantes de saúde e do acesso aos 
serviços de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). Esse direito deriva do já mencionado 
Artigo nº 196 da Constituição Federal de 1988 que diz “ a saúde é um direito de todos e 
um dever do Estado...”. Pela primeira vez na história do Brasil, uma Constituição (Carta 
Magna) reconhece a saúde como direito social. Acesso ou acessibilidade universal, 
significa, para todos – ricos, pobres, homens, mulheres, velhos e crianças, nordestinos e 
sulistas, negros e brancos, moradores das cidades e quilombolas, analfabetos e letrados, 
independente da raça, etnia ou opção sexual (PAIM, 2009, p. 45). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
No entanto, a universalidade como ideal a ser perseguido, necessita de que muitas 
barreiras sejam derrubadas para que todas as pessoas possam usufruir dos serviços de 
saúde (COSTA; CARBONE, 2009). A universalidade hoje existente é chamada de 
excludente, pois existem milhares de brasileiros, principalmente, nas longínquas regiões 
da Amazônia e das grandes e médias cidades brasileiras que apresentam muitas 
dificuldades de acesso aos serviços de saúde (barreiras geográficas, econômicas, 
socioculturais e educacionais). 
Vale ressaltar que os de acordo com a Constituição, a Lei orgânica do SUS 8080/90, a 
Lei de Migração n. 13.445/2017, os migrantes têm o direito de acesso livre e 
igualitários à assistência social e aos serviços de saúde e os cuidados pelas equipes de 
saúde nos seus territórios de vida e trabalho (https://frentepelavida.org.br/). 
2. EQUIDADE: Esse termo não é citado na Constituição Federal e nem em outras 
legislações federais como, a já mencionada, Lei nº 8080/90 que regulamenta o SUS. A 
Constituição e essa Lei citam a palavra Igualdade. Nelas encontramos a expressão 
“acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde”. Portanto, sem preconceitos 
ou privilégios de qualquer espécie. No entanto, no mundo, NÃO existe um sistema de 
saúde capaz de “OFERECER TUDO PARA TODOS” os cidadãos, sempre haverá uma 
forma de discriminação positiva, ou seja, apesar da Constituição garantir o acesso a 
qualquer pessoa, em igualdade de condições, aos diferentes níveis de densidade 
tecnológica do sistema de saúde, isto nem sempre é possível; e o que vai determinar as 
ações a que o indivíduo terá direito são as prioridades epidemiológicas. 
O moderno conceito de equidade compreende a ideia de que as pessoas mais 
fragilizadas e as comunidades mais desprovidas de recursos (sejam eles financeiros ou 
não) necessitam receber cuidados especiais para obter adequadas condições de saúde 
(COSTA; CARBONE, 2009). É um princípio de justiça social porque busca diminuir 
desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a 
carência é maior (CUNHA; CUNHA, 2001). 
Sintetizando: em algumas situações o sistema de saúde deverá priorizar àqueles que tem 
menos – “oferecer mais para quem tem menos”. Ou, “oferecer mais para quem precisa 
mais”. 
Um exemplo disto é a Campanha de Vacinação contra o vírus Influenza A (H1N1) que 
estabelece os grupos prioritários para serem vacinados tais como os profissionais de 
saúde, as forças armadas, os indígenas, as gestantes, as crianças de seis meses a dois 
anos e os adultos jovens e idosos que possuem algumas patologias específicas. 
Outro exemplo é a vacinação contra o HPV que é administrada para grupos mais 
vulneráveis: meninas de 9 a 14 anos e para os meninos de 11 a 15 anos. Também 
poderão receber a vacina homens e mulheres transplantados e oncológicos em uso de 
quimioterapia e radioterapia. Os jovens precisam tomar duas doses da vacina 
quadrivalente, com um intervalo de seis meses entre as doses, para ficarem protegidos 
contra os quatro tipos mais comuns do vírus. A infecção está associada ao 
desenvolvimento de cânceres de pênis, garganta, ânus e colo do útero.Reportagem de 
Pollyana Teixeira, de 24 de abril de 2020, publicada no site 
http://blog.saude.mg.gov.br/2020/04/24/meningite-sus-passa-a-oferecer-vacina-acwy-
nova-forma-de-prevencao-contra-a-
meningite/#:~:text=E%20a%20partir%20deste%20ano,de%2011%20e%2012%20anos. 
A partir deste ano de 2020, passa a estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), 
a vacina ACWY, imunizante conjugado que protege contra quatro sorotipos de 
meningite bacteriana (a mais grave): A, C, W e Y, e que passa a ser aplicada em 
crianças de 11 e 12 anos. Atualmente, o SUS também oferece a vacina contra o sorotipo 
C, que é indicada para bebês: aos 3 e 5 meses e com reforço aos 12 meses. 
Dessa forma, pais e responsáveis por crianças de 11 e 12 anos devem procurar a unidade 
básica de saúde mais próxima e garantir sua imunização contra a meningite com a nova 
vacina ACWY. A prevenção é o melhor remédio! 
Um exemplo recente é a Vacinação contra a COVID-19 que começou, no Brasil – 
cidade de São Paulo - em 17/01/2021, e que será realizada de acordo com prioridades 
estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. 
Leia a reportagem disponível em 
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/01/17/primeira-pessoa-e-vacinada-contra-
covid-19-no-brasil 
“Após a aprovação do uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa), a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a ser 
vacinada contra a Covid-19 no Brasil. Ela recebeu o imunizante Coronavac, 
desenvolvido no país pelo Instituto Butantan, no Hospital das Clínicas de São Paulo, 
neste domingo (17).” 
Os profissionais de saúde, da chamada “linha de frente”, de assistência às pessoas com 
COVID-19, os indígenas, os quilombolas, os idosos institucionalizados, os demais 
profissionais de saúde e o pessoal de apoio estão sendo vacinados e a partir de 08/02 
começará a vacinação para os idosos com idade igual ou acima de 90 anos e, em 15/02, 
para os idosos que tenham entre 85 a 89 anos (...). 
Acredita-se que a vacinação irá até 2022 para todos os brasileiros que desejarem recebe-
la. Dessa forma, nesse primeiro momento, o princípio da equidade é evidente haja vista 
que NÃO há vacinas para todos e a epidemiologia demostra quais são os grupos MAIS 
vulneráveis que, portanto, precisam recebe-la agora. 
Podemos citar vários outros exemplos tais como: o Sistema de Classificação de Risco 
de acordo com o Modelo/Protocolo de Manchester que vem sendo utilizado em serviços 
de urgência e emergência e, gradualmente, nas Unidades Básicas de Saúde. 
De acordo com as respostas apresentadas na aplicação do protocolo, o fluxograma leva 
a um resultado e o paciente é classificado em uma das cinco prioridades identificadas 
por número, nome, cor e tempo alvo para a observação médica inicial: (Fonte: 
http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/classificacao-de-risco-nos-servicos-de-urgencia-
e-emergencia/) 
 
No contexto da Pandemia da COVID-19, diante da omissão do Governo Federal e do 
Ministério da Saúde, foi elaborado por diversos órgãos científicos nacionais, um Plano 
Nacional de Enfrentamento à Pandemia da COVID-19 - Frente pela Vida que está 
disponível no site https://frentepelavida.org.br/ 
 
Nesse documento é possível verificar o quanto é importante pensarmos no princípio da 
EQUIDADE, no sentindo dos governantes das três esferas de governo e a sociedade brasileira 
ter olhares diferenciados para populações mais vulnerabilizadas mencionadas no parágrafo 
abaixo: 
 
“Não há democracia, cidadania e justiça social sem compromisso público de 
reconhecimento das especificidades e necessidades de populações vulnerabilizadas e 
grupos excluídos da sociedade. Os idosos, no cenário da COVID-19, são 
internacionalmente considerados população sob maior riscode adoecimento grave e de 
morte. Nosso idoso, pela cronologia, é relativamente “mais jovem”, quando 
comparamos idade e frequência de adoecimento com aqueles idosos de inúmeros outros 
países, entretanto são da mesma forma gravemente atingido pelo novo coronavírus 
como consequência de comorbidades. Hipertensão, diabetes, obesidade são 
características de população de baixa qualidade alimentar e de vida, em geral. Além da 
vulnerabilidade identificada pela idade avançada, a pandemia intensifica as 
desigualdades sociais gerando um contexto de aumento da vulnerabilidade social, das 
iniquidades e violações de direitos que historicamente afetam diretamente determinados 
grupos populacionais como mulheres, povos indígenas, população negra, quilombolas, 
população LGBTI+, favelados, migrantes, refugiados, usuários da saúde mental e 
drogas, população privada de liberdade, ribeirinhos, pescadores artesanais, 
marisqueiras, geraizeiros, povos ciganos acampados, travestis, prostitutas e outros 
trabalhadores do sexo, pessoas com deficiência e população em situação de rua.. Diante 
deste cenário que realmente antecede a pandemia e que, com sua expansão, pode 
aprofundar ainda mais as desigualdades raciais e sociais do país, é necessário que se 
estabeleçam ações efetivas e contínuas que garantam suas especificidades, destacando, 
inclusive, os diferentes contextos de cada população” (p.74). 
 
Diante desse quadro, certamente, esses brasileiros precisam de uma atenção diferenciada diante 
de tantas vulnerabilidades a que estão sujeitos, sobretudo, na área da saúde. Eles gerarão 
demandas individuais e coletivas para o SUS, sobretudo na Atenção Básica, mas também nos 
demais níveis de atenção à saúde (como o SUS ainda está organizado). 
 
3. INTEGRALIDADE: esse princípio significa considerar a pessoa como um todo, 
atendendo a todas as suas necessidades. Para isto, os serviços de saúde devem oferecer 
um conjunto de ações, incluindo as de promoção da saúde, a de prevenção de doenças e 
agravos, o tratamento (aqui compreendido: a suspeição diagnóstica, o diagnóstico 
propriamente dito e o tratamento: medicamentoso, cirúrgico, paliativo) e a reabilitação. 
Esse princípio também pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, 
como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham 
repercussão na saúde e qualidade de vida dos cidadãos. Lembram-se disto? Na aula 
anterior quando discutirmos que a Saúde não é de responsabilidade exclusiva do 
SETOR SAÚDE, mas sim uma prática INTERSETORIAL? Ou seja, o envolvimento de 
vários setores governamentais como o da agricultura, da habitação, do saneamento, do 
transporte, etc. 
Mais adiante discutirei sobre o Princípio da Intersetorialidade. 
B – PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS: 
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados acima existem 
algumas diretrizes que orientam esse processo. A Constituição Federal de 1988, no 
Capítulo da Seguridade Social, Seção II da Saúde, diz no seu Artigo nº 198 que as ações 
e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um 
sistema único, organizado de acordo com algumas diretrizes. No entanto, apesar de 
serem denominadas de diretrizes elas também são conhecidas como princípios 
organizacionais, pois na verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS na prática. 
1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA DE 
GOVERNO 
Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidades entre os níveis de governo 
(federal, estadual e municipal). Na saúde, a descentralização tem como objetivo prestar 
serviços de melhor qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos cidadãos, pois 
quanto mais perto estiver a decisão, maior a chance de acerto (CUNHA; CUNHA, 
2001). O SUS é de responsabilidade das três esferas de governo com atribuições 
definidas para cada uma delas na, já citada, Lei Federal nº 8080/90 (Lei Orgânica da 
Saúde). Em nível federal a autoridade sanitária do SUS é exercida pela União pelo 
Ministro da Saúde –Eduardo Pazuello – General do Exército (escolhido pelo Presidente 
Jair Messias Bolsonaro), nos estados pelos Secretários Estaduais de Saúde (em São 
Paulo é o infectologista Jean Carlo Gorinchteyn nomeado, recentemente, pelo 
Governador João Agripino da Costa Dória) e nos municípios pelos Coordenadores, 
Diretores ou Secretários de Saúde (em Fernandópolis o Secretário Municipal de Saúde é 
o senhor Ivan Veronesi (empresário) escolhido, em 10/02/2020, pelo Prefeito André 
Giovanni Pessuto Candido) e que permanece no cargo após a reeleição desse prefeito. 
Ou seja, eles são o COMANDO ÚNICO do SUS, são também conhecidos como 
GESTORES do SUS. 
No SUS entre os três entes federados o MUNICÍPIO tem enorme responsabilidade para 
com a saúde da população, pois “antes de tudo” é nele que o povo mora. Esse processo 
do município assumir a responsabilidade primária da saúde da população de sua área 
geográfica é chamado de MUNICIPALIZAÇÃO, isto é uma forma de aproximar o 
cidadão das decisões do setor saúde e significa a responsabilização do município pela 
saúde de seus cidadãos. O município é responsável, principalmente, pela Gestão da 
ATENÇÃO BÁSICA ou Atenção Primária à Saúde que constitui o nível primário de 
Atenção à Saúde e, em alguns casos, também por ações e serviços de nível secundário 
como veremos adiante. 
Observação: Em 2019 o Ministério da Saúde passa a chamar a Atenção Básica como 
Atenção Primária à Saúde (há uma grande discussão sobre esse propósito como 
veremos adiante). 
2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: 
Esses princípios organizam o SUS na prática. 
O objetivo da regionalização é distribuir de forma mais racionalizada os recursos 
assistenciais no território, com base na distribuição da população, promovendo a 
integração das ações e das redes assistenciais, de forma que garanta acesso oportuno e 
resolução dos problemas das pessoas e da coletividade (VASCONCELOS; PASCHE, p. 
536). A regionalização e a hierarquização de serviços significam que eles devem ser 
organizados em níveis crescentes de densidade tecnológica, de acordo com uma 
determinada área geográfica na qual se conheça a clientela a ser atendida (CUNHA; 
CUNHA, 302). No Brasil os estados dividem os seus territórios em Regiões de Saúde 
de acordo com o Decreto 7.508/2011 (que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de 
setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o 
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras 
providências). 
Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se: 
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos 
de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e 
sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a 
finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de 
saúde; 
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no 
SUS (que são os de atenção primária (Ex: UBSs); de atenção de urgência e emergência 
(Ex: UPAs); de atenção psicossocial (Ex: CAPS); e especiais de acesso aberto (Ex: 
Centro de Testagem e Aconselhamento que funciona no CADIP); 
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e 
de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-
se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir 
dos indicadores de saúde do sistema; 
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde 
articulados em níveis de com maior densidade tecnológica crescente, com a finalidade 
de garantir a integralidade da assistência à saúde; (No lugar de níveis de com maior 
densidade tecnológica crescente o correto é aumento da densidade tecnológica).O Estado de São Paulo tem 645 municípios e está dividido em 17 Departamentos 
Regionais de Saúde. São José do Rio Preto é a sede de uma desses Departamentos 
Regionais de Saúde onde encontra-se a sede do Departamento Regional de Saúde (DRS 
XV) que abrange uma área geográfica de 102 municípios que vai do município de Santa 
Adélia até Rubinéia. Portanto, Fernandópolis é sede de uma Região de Saúde de 13 
municípios (Estrela D’ Oeste, Guarani D’ Oeste, Indiaporã, Macedônia, Meridiano, 
Mira Estrela, Ouroeste, Pedranópolis, Populina, São João das Duas Pontes, São João de 
Iracema e Turmalina) que está vinculada a este Departamento Regional de Saúde. 
Assim como existem as Regiões de Saúde de Santa Fé do Sul, Jales, Votuporanga, São 
José do Rio Preto e Catanduva e José Bonifácio cada uma delas com um determinado 
número de municípios – todos vinculados esta regional. Isto é importante para a 
organização dos serviços de saúde. Cada Região de Saúde forma um COLEGIADO 
GESTOR REGIONAL DO SUS, constituído pelos Secretários Municipais de Saúde, 
os quais se reúnem, periodicamente, para discutir o planejamento, a organização e 
avaliação da política de saúde, por meio de indicadores de saúde e de gestão e dos 
problemas de saúde da população para encontrar soluções adequadas e oportunas. 
Como isto funciona na prática: um cidadão de Macedônia por pertencer a Região de 
Saúde de Fernandópolis ao precisar de um atendimento em um ponto de atenção com 
maior densidade tecnológica em saúde como, por exemplo, uma internação hospitalar 
será encaminhado pela unidade de saúde do município para a Santa Casa de 
Fernandópolis e dependendo da necessidade este cidadão será transferido para outro 
hospital de maior com maior densidade tecnológica, mediante a liberação de uma vaga 
pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (CROSS) existente na 
Secretaria de Estado da Saúde em São Paulo - Capital, muito provavelmente ele será 
encaminhado para o Hospital de Base em Rio Preto ou em Catanduva que possuem 
hospitais mais especializados. 
 Se necessário for também poderá ser encaminhado para outros hospitais especializados 
localizados em outros Departamentos Regionais de Saúde, como por exemplo, de 
Macedônia para o Hospital do Câncer em Barretos. 
A Hierarquização significa que os serviços de saúde devem ser organizados em níveis 
de DENSIDADE TECNOLÓGICA crescente, de modo que se garanta o processo de 
referência e contrarreferência (COSTA; CARBONE, 2009). 
No novo processo de Regionalização foram instituídas as Redes Regionais de Atenção 
à Saúde (RRAS) em todo o Brasil, que atualmente possui um total de 438 regiões de 
Saúde. 
 
Vejam as RRSA do estado de São Paulo a RASS 
 
 
 
A junção do Departamento Regional de Saúde XV de São José do Rio Preto e o 
Departamento Regional de Saúde II de Araçatuba deram origem a RRAS nº 12 
totalizando 142 municípios (sendo 102 do DRS XV de São José do Rio Preto e 40 do 
DRS II de Araçatuba). 
Apesar da maioria dos autores apresentarem a hierarquização dos serviços apontando 
apenas três níveis de Atenção à Saúde, atualmente já se fala em 4 NÍVEIS DE 
ATENÇÃO À SAÚDE, a saber: 
NÍVEL PRIMÁRIO – compreendem, principalmente, as duas modalidades de 
Unidades Básicas de Saúde (UBS) de acordo com a Portaria Ministerial nº 2436/2018 – 
eAB (onde atua uma equipe de Atenção Básica) e eSF (onde atua a equipe de Saúde da 
Família. Essas UBS são erroneamente chamadas de Postinhos de Saúde por boa 
parte da população, imprensa e até mesmo pelas autoridades de saúde e 
profissionais de saúde (possivelmente você ouvirá algum(a) docente se referir a eles na 
Universidade). Nessas UBSs se desenvolvem ações básicas de saúde, ou seja, as ações 
correspondentes à ATENÇÃO BÁSICA OU PRIMÁRIA DE SAÚDE. Estas unidades 
são consideradas como sendo as Portas de Entrada do Sistema de Saúde. No Brasil 
existem atualmente 43 mil em funcionamento ( 
https://aps.saude.gov.br/noticia/9257). 
Em 2011 o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e 
da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) e que tinha como objetivo incentivar os 
gestores a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos nas 
Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio das equipes de Atenção Básica à Saúde. A 
meta é garantir um padrão de qualidade por meio de um conjunto de estratégias de 
qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O 
programa eleva os recursos do incentivo federal para os municípios participantes, que 
atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento. Em 2019 finalizou o 3º ciclo 
do PMAQ-AB, em 5.324 municípios brasileiros. Em 2020, por meio da Portaria nº 99 
de fevereiro de 2020, o PMAQ foi cancelado pelo Governo Federal. 
NÍVEL SECUNDÁRIO - compreendem os hospitais de pequeno e médio porte 
como, por exemplo, as Santas Casas, o Centro de Referência em Saúde, o 
Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), as Unidades de Pronto 
Atendimento (UPA), os Consórcios Intermunicipais de Saúde, Policlínicas, 
Laboratórios, Bancos de Sangue, etc. A Santa Casa de Misericórdia de 
Fernandópolis e um hospital de nível secundário, mas que possui alguns serviços 
que podem ser classificados como de nível terciário como a UTI, o Serviço de 
Hemodiálise, o IACOR. 
• NÍVEL TERCIÁRIO – compreendem as Policlínicas especializadas, hospitais 
gerais de grande porte como o Hospital de Base de São José do Rio Preto. 
• NÍVEL QUARTENÁRIO – compreendem os grandes Hospitais Universitários 
como o Hospital das Clínicas da USP em São Paulo e Ribeirão Preto, entre 
outros com alto grau de densidade tecnológica (devido a existência de uma 
aparelhagem – Tecnologias Duras - e conhecimentos muito específicos) como o 
Hospital Pio XII de Barretos – Hospital do Câncer de Barretos. 
Observação: NÃO HÁ CONSENSO na literatura quanto à classificação dos níveis de 
atenção à saúde. O Ministério da Saúde o classifica em três níveis: primário, secundário 
e terciário. 
Para conhecer a Classificação dos Hospitais em nível secundário, terciário verifique no 
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) pelo site 
http://cnes.datasus.gov.br/ 
Esse Modelo de Atenção organizado em Níveis de Atenção à Saúde será, gradualmente, 
substituído pelo Modelo de Pontos de Atenção à Saúde organizado em REDES DE 
ATENÇÃO À SAÚDE. 
No site http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php do Ministério da Saúde 
encontramos a seguinte definição de Redes: 
“As Redes de Atenção à Saúde (RRAS) são arranjos organizativos de ações e serviços 
de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de 
apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado 
(Ministério da Saúde, 2010 – Portaria nº 4.279, de 30/12/2010- essa Portaria foi 
revogada em 2017). 
A implementação das RRAS aponta para uma maior eficácia na produção de saúde, 
melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contribui 
para o avanço do processo de efetivação do SUS. A transição entre o ideário de um 
sistema integrado de saúde conformado em redes e a sua concretização passam pela 
http://cnes.datasus.gov.br/
http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php
construção permanente nos territórios, que permita conhecer o real valor de uma 
proposta de inovação na organização e na gestão do sistema de saúde.” 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Imagens capturadas da WWW, agosto 2017 
 
O melhor material sobre Redes de Atenção à Saúde foi produzido pelo mineiro 
EUGENIO VILAÇA MENDES, renomado odontólogo, estudioso de Políticas Pública 
em Saúde em nível nacional e internacional. 
Referência: 
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana 
da Saúde, 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/pdf/Redes_de_Atencao.pdf 
 
No site http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/29910encontramos uma entrevista dele para a FIOCRUZ onde ele diz que 
Então, para restabelecer a coerência entre a situação de saúde com transição 
demográfica acelerada e tripla carga de doenças com predomínio forte de doenças 
crônicas e um sistema integrado de saúde contínuo e pró-ativo, voltado 
equilibradamente para a atenção às condições agudas e crônicas, Vilaça propõe a 
implantação das redes de atenção à saúde (RASs), que são “arranjos organizativos de 
ações e serviços de saúde integrados por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e 
de gestão”, de acordo com conceito do Ministério da Saúde. Esse modelo virou lei 
através do Decreto 7.508, de 28/6/11 e da Portaria 4.279, de 30/12/10. Agora temos 
uma Portaria de Consolidação nº 3, de 3 de outubro de 2017, que trata das normas 
sobre as redes do Sistema Único de Saúde. Leia no final dessa apostila quais são as 
Redes Temáticas, as Redes de Serviço de Saúde e as Redes de Pesquisa em Saúde. 
 A diferença entre o sistema fragmentado e as RRASs é que o sujeito na Rede é um 
agente de saúde. As RRASs são responsáveis por uma população definida; são 
organizadas de forma poliárquica (não há hierarquia); por um contínuo de atenção – 
primária, secundária e terciária –; de forma integral – ações de promoção da saúde e de 
prevenção, cura, cuidado, reabilitação ou paliação das doenças; coordenadas pela 
atenção primária à saúde; orientadas para a atenção às condições agudas e crônicas; 
focadas no enfrentamento sistêmico de condições de saúde ou doenças; organizadas 
pelas necessidades de saúde da população; e têm incentivos econômicos alinhados aos 
objetivos sanitários. 
 
"O objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e 
diminuir as iniquidades". 
 
A segunda parte da palestra do consultor tratou da Gestão da Clínica. Segundo Vilaça, 
o objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e 
diminuir as iniquidades. Esse valor expressa-se na relação entre a qualidade dos 
resultados econômicos, clínicos e humanísticos e os recursos utilizados no cuidado da 
saúde, explica Vilaça, e só pode ser obtido através de intervenções de promoção da 
saúde e de prevenção das condições de saúde, o que exige a implantação das RASs. 
Para alcançar esse objetivo é necessário o equilíbrio entre a gestão dos recursos 
(humanos, materiais e financeiros) e a gestão dos fins (clínica). 
 
 
http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/29910
A Gestão da Clínica tem origem em experiências internacionais: Atenção Gerenciada e 
Governança Clínica. O conjunto de tecnologias de microgestão da clínica baseia-se em 
diretrizes clínicas, que são recomendações sistemáticas com o propósito de influenciar 
decisões profissionais de saúde e das pessoas usuárias do sistema em situações clínicas 
específicas, com funções educacional, comunicacional, gerencial e legal. São dois tipos 
de diretrizes: as linhas-guias e os protocolos clínicos. As evidências apontadas pela 
experiência da Gestão da Clínica indicam que há melhoria da coordenação entre 
equipes, o que contribui para a redução das internações e das taxas de permanência, 
aumenta a satisfação dos usuários, diminui o uso de medicamentos e reduz o custo da 
atenção, entre outras melhorias. 
 
INFELIZMENTE O SUS AINDA NÃO GEROU VALOR PARA A SOCIEDADE 
BRASILEIRA. HÁ UMA EXPECTATIVA QUE COM A PANDEMIA O SUS 
PASSE A SER MAIS VALORIZADO PELOS GOVERNANTES E A 
SOCIEDADE. SE COM O SUS JÁ MORRERAM CEM MIL BRASILEIROS, 
IMAGINEM SEM ELE.... POR MEIO DA ASSISTÊNCIA NAS UBSs, 
VIGILÂNCIA EM SAÚIDE, SAMUs, UPAs, HOSPITAIS, SOBRETUDO, NAS 
UTIs, HEMODIÁLISES, EXAMES BIOQUÍMOS E RADIOLÓGICOS COMO 
RX, TOMOGRAFIAS E RESSONÂNCIAS, MEDICAMENTOS NECESSÁRIOS 
PARA ENTUBAÇÃO, ANTIBIÓTICOS, ANTIVIRAIS, ANTIPARASISTÁRIOS, 
ETC.. 
 
Em 2015 o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes publicou o Livro A Construção Social da 
Atenção Primária à Saúde, pelo CONASS: 
3.2. AS INTERPRETAÇÕES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) NA 
PRÁTICA SOCIAL 
 Quando a Organização Mundial da Saúde propôs sua agenda para operacionalização 
das metas acordadas em Alma-Ata, os países industrializados já as haviam alcançado 
em grande parte, enquanto a maioria dos países em desenvolvimento ainda estava longe 
de atingi-las. Isso gerou problemas de conceituação e, por consequência, de 
implementação (VUORI, 1984). 
As variações na interpretação da APS se explicam, ademais, pela história mesma de 
como se gestou e evoluiu este conceito e pela ambiguidade de algumas de suas 
definições formais estabelecidas nos foros internacionais, pelo uso diferenciado que 
fazem do termo algumas escolas do pensamento sanitário e pela tentativa de se instituir 
uma concepção positiva de processo saúde/doença em momento de nítida hegemonia de 
uma concepção negativa da saúde. 
Por isso, há três interpretações principais da APS (MENDES, 2012): a APS como 
atenção primária seletiva, a APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde e 
a APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde. Essas Conselho 
Nacional de Secretários de Saúde – CONASS três decodificações dos cuidados 
primários são encontradas, em vários países e, até mesmo, convivem dentro de um 
mesmo país, no mesmo tempo. 
A interpretação da APS como atenção primária seletiva entende-a como um programa 
específico destinado a populações e regiões pobres a quem se oferece, exclusivamente, 
um conjunto de tecnologias simples e de baixo custo, provido por pessoal de baixa 
qualificação profissional e sem a possibilidade de referência a ní- veis de atenção de 
maior densidade tecnológica (WALSH e WARREN, 1979; UNGER e 
KILLINGSWORTH, 1986). 
A interpretação da APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde conceitua-
a como o modo de organizar e fazer funcionar a porta de entrada do sistema, 
enfatizando a função resolutiva desses serviços sobre os problemas mais comuns de 
saúde, para o que a orienta de forma a minimizar os custos econômicos e a satisfazer as 
demandas da população, restritas, porém, às ações de atenção de primeiro nível 
(INSTITUTE OF MEDICINE, 1994). É uma interpretação muito comum em países 
desenvolvidos e, em geral, está relacionada com a oferta de médicos especializados em 
medicina geral ou de família (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 
2010). 
A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde 
compreende-a como uma forma singular de apropriar, recombinar e reordenar todos os 
recursos do sistema para satisfazer às necessidades, demandas e representações da 
população, o que implica a articulação da APS como parte e como coordenadora de uma 
RAS. Por isso, há quem sugira que a APS deve ocupar o banco do motorista para dirigir 
o sistema de atenção à saúde (SALTMAN et al., 2006) e quem proponha RAS baseadas 
na APS (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2010). 
A decodificação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde 
é a mais compatível com a proposta das RAS. São várias as razões: é a interpretação 
mais correta do ponto de vista técnico; é abrangente podendo conter, dentro de sua 
significação estratégica, as duas outras concepções mais restritas; é perfeitamente 
factível e viável no estágio de desenvolvimento do Brasil e com o volume de gasto 
público que o SUS apresenta; e é a interpretação que torna possível exercitar as funções 
da APS como coordenadora das RAS. 
No SUS, ainda que o discurso oficial seja da APS como estratégia de saúde da família, 
ela, na realidade, ainda mistura elementos culturais, técnicos e operacionais das duas 
outras interpretações mais restritas: a APS seletiva e a APS como nível primário de 
atenção à saúde. A mudança semântica foi importante, mas, agora, trata- -se de 
aprofundar a transformação para que alcance uma mudança de paradigma. 
 3.3. OS ATRIBUTOS E AS FUNÇÕES DA ATENÇÃOPRIMÁRIA EM SAÚDE 
NAS RAS 
A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde 
implica exercitá-la de forma a obedecer a certos atributos e a desempenhar algumas 
funções. 
ATRIBUTOS DA APS: 
1 - Primeiro Contato 
2 - Longitudinalidade 
3 - Integralidade 
4 -Coordenação 
5 - Focalização na família 
6 - Orientação comunitária 
7 - Competência cultural 
FUNÇÕES DA APS: 
1- Resolubilidade 
2 - Comunicação 
3 - Responsabilização 
Só haverá uma APS de qualidade quando os seus sete atributos estiverem sendo 
operacionalizados, em sua totalidade. Os primeiros quatro são os atributos essenciais e 
os três últimos os atributos derivados. 
 O primeiro contato implica a acessibilidade e o uso de serviços para cada novo 
problema ou novo episódio de um problema para os quais se procura atenção à saúde. 
A longitudinalidade constitui a existência do aporte regular de cuidados pela equipe de 
saúde e seu uso consistente ao longo do tempo, num ambiente de relação mútua de 
confiança e humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias. 
A integralidade significa a prestação, pela equipe de saúde, de um conjunto de serviços 
que atendam às necessidades da população adstrita nos campos da promoção, da 
prevenção, da cura, do cuidado, da reabilitação e dos cuidados paliativos, a 
responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o 
reconhecimento adequado dos problemas biológicos, psicológicos e sociais que causam 
as doenças. 
A coordenação conota a capacidade de garantir a continuidade da atenção, através da 
equipe de saúde, com o reconhecimento dos problemas que requerem seguimento 
constante e se articula com a função de centro de comunicação das RAS. 
 A focalização na família impõe considerar a família como o sujeito da atenção, o que 
exige uma interação da equipe de saúde com esta unidade social e o conhecimento 
integral de seus problemas de saúde e das formas singulares de abordagem familiar. 
A orientação comunitária significa o reconhecimento das necessidades das famílias 
em função do contexto físico, econômico e social em que vivem, o que exige uma 
análise situacional das necessidades de saúde das famílias numa perspectiva 
populacional e a sua integração em programas intersetoriais de enfrentamento dos 
determinantes sociais da saúde proximais e intermediários. 
 A competência cultural convoca uma relação horizontal entre a equipe de saúde e a 
população que respeite as singularidades culturais e as preferências das pessoas e das 
famílias (STARFIELD, 2002). 
A presença dos sete atributos da APS é importante para a garantia dos resultados e da 
qualidade da atenção. Há evidências, produzidas em nosso país, de que a 
heterogeneidade da qualidade da APS está, em geral, associada à ausência de um ou 
mais desses atributos. Da mesma forma, uma APS como estratégia só existirá se ela 
cumprir suas três funções essenciais: a resolubilidade, a comunicação e a 
responsabilização. A função de resolubilidade, inerente ao nível de cuidados primários, 
significa que ela deve ser resolutiva, capacitada, portanto, cognitiva e tecnologicamente, 
para atender a mais de 90% dos problemas de sua população. A função de comunicação 
expressa o exercício, pela APS, de centro de comunicação das RAS, o que significa ter 
condições de ordenar os fluxos e contrafluxos das pessoas, dos produtos e das 
informações entre os diferentes componentes das redes. A função de responsabilização 
implica o conhecimento e o relacionamento íntimo, nos microterritórios sanitários, da 
população adstrita, o exercício da gestão de base populacional e a responsabilização 
econômica e sanitária em relação a esta população (MENDES, 2012). Quando se quiser 
verificar se há uma APS eficiente, efetiva e de qualidade, articulada numa RAS, há que 
se procurar verificar em que medida ela cumpre esses sete atributos e essas três funções. 
É o que procura fazer, em relação aos atributos, o instrumento de avaliação da APS, o 
Primary Care Assessment Tool, PCATool (STARFIELD et al., 2001; MINISTÉRIO 
DA SAÚDE, 2010). 
Referência: 
MENDES, E. V. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília: 
Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2015. Disponível em 
http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/A-CONSTR-SOC-ATEN-PRIM-SAUDE.pdf 
No dia 21 de setembro de 2017, foi publicada a Portaria Ministerial nº 2436 que 
aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão de 
diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS). A qual poderá ser consultada, na íntegra, no site 
http://www.foa.unesp.br/home/pos/ppgops/portaria-n-2436.pdf 
http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/A-CONSTR-SOC-ATEN-PRIM-SAUDE.pdf
http://www.foa.unesp.br/home/pos/ppgops/portaria-n-2436.pdf
Recomendo a leitura da reportagem sobre esta Portaria publicada na Revista 
CONSENSUS Edição Ano VII, nº 24 (julho, agosto, setembro 2017). Autora Tatiana 
Rosa. Título: Novo texto traz mudanças importantes, mas mantém a Estratégia Saúde da 
Família como prioridade, páginas 17 a 21, disponível em: 
http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/revistaconsensus_24.pdf 
Sugiro assistir os vídeos sobre essa Portaria – You Tube - WebPalestra: PNAB - O que 
mudou? Médico Marcello Dalla – ES, Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=F-rSw1VghO0 
Leiam também, a edição nº 183, de dezembro de 2017, da Revista RADIS (disponível 
on line) da página 11 a 35 (exceto a página 34) sobre a Nova Política Nacional de 
Atenção Básica (PNAB). 
MUITA ATENÇÃO PARA NÃO CONFUNDIR OS VOCÀBULOS: ATRIBUTOS 
DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE ACORDO COM BÁRBARA 
STARFIELD, PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS, ÉTICOS OU 
FINALÍSTICOS E ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS DO SUS DE ACORDO 
COM ESSA AULA E OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA DE 
ACORDO COM A ATUAL POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA – 
PORTARIA MINISTERIAL Nº 2436/2017. ESTEJAM ATENTOS ÀS DIFERENTES 
REFERÊNCIAS. 
 
 
3- REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA: 
Um cidadão para transitar de um nível de atenção a outro de maior com maior 
densidade tecnológica em condições rotineiras (exceto urgências e emergências) precisa 
de um documento expedido por uma unidade de Atenção Básica (UBS/USF) chamado 
de GUIA DE ENCAMINHAMENTO, a qual é dividida em três partes: Identificação 
do Cidadão, Referência e Contrarreferência que explicaremos a seguir. 
Um cidadão de Turmalina que pertence a Região de Saúde de Fernandópolis é 
consultado por um médico Clínico Geral da Unidade Saúde da Família que suspeita de 
um distúrbio endocrinológico. Este médico decide encaminhá-lo para um 
endocrinologista, pelo SUS, em Fernandópolis. Para que este cidadão possa ser 
consultado no CISARF (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de 
Fernandópolis) onde há médico dessa especialidade, ele deverá preencher uma parte da 
Guia de Encaminhamento chamada REFERÊNCIA. Esta consulta será agendada por 
telefone no CISARF. 
No dia da consulta este cidadão deverá levar a GUIA DE ENCAMINHAMENTO 
devidamente preenchida pelo médico quanto a alguns dados de sua identificação pessoal 
e o campo referente a Referência para o médico endocrinologista. Após o atendimento 
http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/revistaconsensus_24.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=F-rSw1VghO0
esse médico especialista deverá (deveria, é melhor) fazer um relatório – na parte da 
Guia chamada Contra Referência - sobre sua consulta explicitando o seu diagnóstico e o 
tratamento para esse caso e devolver a Guia para o cidadão entregá-la na UBS que 
originou o caso. Isto se chama CONTRARREFERÊNCIA 
Infelizmente podemos dizer que a Referência funciona relativamente bem; mas há 
problemas com a Contrarreferência, simplesmente porque muitos médicos não preenche 
o documento e/ou não o devolve para o cidadão entregá-lo na Unidade Básica de Saúde 
que gerouo encaminhamento para ser arquivada no prontuário e para que o médico de 
lá saiba o que o médico especialista diagnosticou e o que prescreveu como tratamento. 
Isso é uma das grandes dificuldades operacionais do SUS. È preciso que os gestores de 
saúde municipais (coordenadores, diretores ou secretários de saúde) e os gerentes das 
unidades de saúde que são referências em nível secundário de atenção tenham mais 
controle sobre o trabalho do profissional médico, para que esse princípio do SUS seja 
cumprido, como acontece nos AME onde os médicos são obrigados a preencherem essa 
parte da Guia de Encaminhamento. Outra situação, já encontrada, é que o médico até 
preencheu a Guia no Campo da Contrarreferência; no entanto, o cidadão não retorna na 
unidade de saúde que originou a guia para mostrar o resultado da consulta com o 
especialista para o Clínico Geral. 
A Referência e a Contrarreferência no SUS também pode ocorrer entre outros 
profissionais de saúde de nível superior não-médicos para um médico (uma enfermeira 
encaminhar um caso suspeito de hanseníase ou tuberculose para um médico); de 
profissional de nível superior para outro da mesma profissão (uma enfermeira de uma 
UBS pode encaminhar um cidadão com uma ferida para ser consultado com as 
enfermeiras especialista em feridas da Secretaria Municipal de Saúde de 
Fernandópolis), assim como de profissionais de saúde não-médicos para outro não-
médico de outra profissão (um fisioterapeuta encaminhar um paciente para uma 
nutricionista fazer uma avaliação nutricional). Mas essa prática é raramente utilizada 
pelos outros profissionais de saúde. E não podemos duvidar que muitos desses 
profissionais acreditam que a Guia de Encaminhamento seja privativa do Médico. 
4- RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE 
Este princípio refere-se capacidade da unidade de saúde em resolver os problemas de 
saúde individuais e/ou coletivos de uma determinada comunidade. 
Na literatura encontra-se que uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deve resolver em 
torno de 80 a 90% dos problemas de saúde dos cidadãos que atenderem. Já a Unidade 
Básica de Saúde - Estratégia da Saúde da Família deveria apresentar um grau de 
resolutividade maior de até 92% segundo o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes – 
Consultor da OPAS. Essa resolutividade é medida por meio de várias maneiras, como, 
por exemplo, pelo número de encaminhamentos gerados pelo médico da unidade de 
saúde (quanto mais encaminhamentos um médico gerar, pior será o grau de 
resolutividade dele). Para tal existem impressos para anotações de todas as consultas 
médicas e de outros profissionais de saúde de nível superior não-médicos, 
procedimentos técnicos, visitas domiciliárias, atividades de educação em saúde, entre 
outras ações que são desenvolvidas dentro e fora da unidade de saúde. Além disso 
existem muitos indicadores de saúde que são utilizados para medir o grau de eficiência 
das unidades de saúde integrantes da rede do SUS. 
Em uma reportagem de Leonardo Alves, publicada em 19/01/2004, disponível em 
http://meuprontuario.net/atencao-basica-solucao-85-dos-problemas-sus/ encontramos o 
seguinte parágrafo: 
“E foi uma estudiosa, norte americana, chamada Bárbara Starfield, em 1994, que 
percebeu que 85% dos problemas de saúde da população poderiam ser resolvidos 
ao nível da Atenção Primária/básica (grifo nosso). Ela conseguiu este feito: com uma 
ação coordenada, realizando serviços preventivos, curativos, reabilitadores e de 
promoção da Saúde enfim, trabalhando em equipe, e formando uma rede de atenção e 
cuidado, isso lá em 1994, com muito menos tecnologia do que temos hoje”. 
Já no Livro A Construção Social da Atenção Primária à Saúde, publicado pelo Conselho 
Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), em 2015, diz que uma Atenção Primária 
à Saúde, como estratégia, deve resolver mais que 90% dos problemas da população 
(p.34). 
Atenção: Na RESOLUÇÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO 
MEC Nº 1, DE 25 DE MAIO DE 2015 Regulamenta os requisitos mínimos dos 
programas de residência médica em Medicina Geral de Família e Comunidade - R1 e 
R2 e dá outras providências. Art. 3º A Medicina Geral de Família e Comunidade é uma 
especialidade clínica cujo profissional é capaz de: I - identificar as doenças e 
enfermidades desde seus momentos iniciais, ainda com manifestações indiferenciadas e 
atípicas; II - manejar condições crônicas e estáveis, com momentos de agudização e 
problemas que configurem situações de urgência e emergência, com o objetivo de 
resolver pelo menos 80% dos problemas de saúde mais prevalentes; 
5 – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (também chamada de participação da 
população ou de Controle Social – alguns autores não concordam essa nomenclatura). 
Esse princípio assegurado no Artigo nº 198 da Constituição Federal de 1988 e 
regulamentado pela Lei Federal nº 8.142/90, ocorre mediante a participação dos 
segmentos sociais organizados nos Conselhos de Saúde e nas Conferências de Saúde. 
Estes conselhos e conferências de saúde ocorrem em nível local, municipal, estadual e 
nacional. 
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro 
de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder 
Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: 
I - a Conferência de Saúde; e 
II - o Conselho de Saúde. 
http://meuprontuario.net/atencao-basica-solucao-85-dos-problemas-sus/
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos 
vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a 
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder 
Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. 
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado 
composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de 
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da 
política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e 
financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente 
constituído em cada esfera do governo. 
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional 
de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) terão representação no Conselho 
Nacional de Saúde. 
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será 
paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos. 
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas 
de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho. 
Em todos os 5570 municípios brasileiros existe um Conselho Municipal de Saúde (em 
muitas deles existem os Conselhos Locais de Saúde em cada área geográfica de uma 
unidade de saúde). O Conselho Municipal de Saúde deverá ser sempre em número pares 
(composição paritária) assim distribuídos: 50% dos membros dos conselheiros são de 
usuários do SUS, 25% dos conselheiros de representantes dos profissionais de 
saúde ou não que atuam no SUS e 25% dos conselheiros são de representantes dos 
prestadores/gestores de serviços de saúde. 
Os Conselhos Municipais de Saúde são órgãos deliberativos, de caráter permanente, ou 
seja, é obrigatória a existência desse conselho para atuar na formulação de estratégias e 
no controle (fiscalização) da execução da política de saúde do município. Inclusive que 
gerencia a conta bancária do Fundo Municipal de Saúde são os tesoureiros desse 
Conselho e não a prefeitura (prefeito) como muitos pensam. Geralmente o mandato dos 
conselheiros é de dois anos. As formas de escolha dos seus representantes são variadas, 
desde a realização de eleições à indicação de segmentos sociais e instituições 
prestadoras de serviços de saúde públicas, filantrópicas e privadas conveniadas ao SUS. 
As Conferências de Saúdeem todos os níveis ocorrem a cada quatro anos com a 
representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as 
diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes (municipal, 
estadual, nacional). 
É muito importante você participar de um Conselho Municipal ou de uma Conferência 
Municipal de Saúde, pois é um espaço de discussão para você agir como cidadão e/ou 
defender os interesses de sua profissão. 
No período de 4 a 7 de agosto de 2019 ocorreu a 16º Conferência Nacional de Saúde, a 
qual está sendo denominada de 8ª + 8 em referência a famosa 8ª Conferência Nacional 
de Saúde, realizada em 1986. 
No site http://conselho.saude.gov.br/16cns/ encontramos a seguinte reportagem sobre a 
16º CNS 
“Tomados pela emoção, os cinco mil participantes da 16ª Conferência Nacional de 
Saúde (8ª+8), realizada na capital federal, escreveram mais um capítulo da história da 
saúde pública brasileira. O relatório final do evento, consolidado de 4 a 7 de agosto, 
após amplas discussões que percorreram o Brasil em mais de três mil conferências 
preparatórias, vai nortear as ações do Ministério da Saúde (MS) para o Sistema Único 
de Saúde (SUS) pelos próximos anos. A realização do maior evento participativo do 
país é garantida pela Constituição de 1988. 
“Nós somos a favor da luta nas suas diferenças e a contribuição de cada segmento da 
saúde foi fundamental nesse processo. Estamos construindo coletivamente a garantia do 
SUS como nós sonhamos”, disse Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de 
Saúde (CNS), órgão responsável pela organização da 16ª Conferência. O relatório final 
é composto por 31 diretrizes e 329 propostas oriundas de todos os estados brasileiros. 
Além disso, foram aprovadas 56 moções que marcaram o posicionamento do evento em 
relação a diversos temas ligados à saúde. Entre eles, garantia de direitos, medicamentos, 
assistências integrais, financiamento adequado e fortalecimento do SUS. “As moções 
buscam tornar o SUS mais forte e reiteram a garantia dos direitos constitucionais”, 
afirma a coordenadora da Comissão de Relatoria da 16ª Conferência, Francisca Rêgo. 
O Plano Plurianual 2018-2020 e o Plano Nacional de Saúde são os principais 
documentos do MS que dão base para o desenvolvimento de uma série de políticas 
públicas da área. Pouco antes de subir ao palco no dia da abertura do evento, em 
entrevista ao CNS, o ministro garantiu que levará em consideração as demandas que vão 
compor o relatório final do evento. “Claro. Vamos receber todas as demandas, 
classificá-las, aproveitá-las, debater as que estão ligadas com a política pública. Com 
certeza, dialogar é minha marca. Minha vida inteira foi assim”, afirmou. 
O relatório final da 16ª Conferência será divulgado ainda este ano, após o trabalho de 
compilação das propostas feito pela Comissão de Relatoria. A 16ª Conferência trouxe o 
tema Democracia e Saúde, trabalhando três eixos: Saúde como Direito, Consolidação do 
SUS e Financiamento Adequado do SUS. 
Referência histórica 
A 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) é organizada pelo CNS e realizada pelo 
MS. Considerada o maior espaço de participação social do Brasil, o evento reuniu mais 
de cinco mil pessoas de todo o país para propor melhorias ao Sistema Único de Saúde 
(SUS), sendo um resgate à 8ª Conferência, realizada em 1986, responsável por definir as 
bases para construção do SUS na Constituição de 1988.” 
http://conselho.saude.gov.br/16cns/
Em Fernandópolis, desde o dia 22 janeiro ocorreram as Pré-Conferências Locais de 
Saúde e uma ocorrerá no Distrito da Brasitânia e mais uma Pré-Conferência com 
Gestores totalizando 15 Pré-Conferências de Saúde e no dia 13 de abril foi realizada a 
VII Conferência Municipal de Saúde, no Centro Comunitário da Igreja Católica, do Jardim São 
Bernardo, onde foi escolhido ou reconduzido os conselheiros para o novo Conselho Municipal 
de Saúde para o período de 27 de abril de 2019 a 27 de abril de 2021. O atual Presidente do 
Conselho Municipal de Saúde é o Gerente de Apoio Daniel Domemics, que é graduado em 
Farmácia. 
Eu proferi a Palestra com o Tema Oficial SAÚDE E DEMOCRACIA na abertura dessa 
Conferência. 
Você conhece os componentes do Conselho de Saúde do seu município??? 
Visite a Secretaria Municipal de Saúde do seu município e peça mais informações sobre 
o Conselho e os Conselheiros, eles geralmente se reúnem uma vez por mês. Em 
Fernandópolis o Conselho Municipal de Saúde tem 16 titulares (8 usuários do SUS, 4 
profissionais de saúde que atuam no SUS e 4 representantes dos prestadores de serviços 
do SUS) e 16 suplentes. As reuniões ordinárias do CMS, durante a pandemia, 
acontecem uma vez por mês, online, às quartas feiras, das 15 horas e 30 minutos às 17 
horas, na sede da Secretaria Municipal de Saúde – Avenida Milton Terra Verdi, esquina 
com a Rua Rio de Janeiro, Centro. Todas as reuniões são convocadas por ofícios e são 
publicadas nos Jornais da Cidade. A página Facebook do Conselho é https://pt-
br.facebook.com/conselhomunicipaldesaudedefernandopolis/ 
6. INTERSETORIALIDADE 
É o princípio que prescreve a necessidade de haver o comprometimento dos diversos 
setores (Ministérios, Secretarias, diretorias, coordenadorias) das três esferas de governo 
com a produção da saúde e o bem estar da população. Além das parcerias com ONGs, 
Empresas, Igrejas, Lions, Rotary, Associações, etc. 
O SUS sozinho NÃO PRODUZ SAÚDE, ou seja, não é capaz de aumentar o 
ESTOQUE DE SAÚDE e nem diminuir a CARGA DE DOENÇAS da população. 
Portanto para que uma população tenha um ótimo estoque de saúde é preciso a 
atuação de vários setores concomitantemente, por exemplos: Ministério do 
Transporte, Ministério da Educação, Ministério do Trabalho, entre outros 
Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais, ONGs, etc. 
O próprio conceito de SAÚDE previsto na Legislação Brasileira já deixa EXPLICITO a 
necessidade da atuação de muitos setores para a produção de saúde. 
Em 25 de setembro de 2013, o Vice Presidente da República sancionou a Lei Federal n° 
12864/13 altera o caput do art. 3° da Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990 (Lei 
Orgânica da Saúde) para incluir a Atividade Física como sendo um fator determinante e 
condicionante de Saúde: 
"Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde 
como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o 
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, 
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais". 
7 -TRANSVERSALIDADE 
É o princípio que estabelece a necessidade de coerência, complementariedade e reforço 
recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. Exemplos de Programas 
transversais no SUS: Programa Nacional de Imunização (administra-se vacinas do 
Recém-Nascido até os idosos, o Programa de Controle da Obesidade, Programa de 
Combate ao Tabagismo, Programa de Combate ao Alcoolismo, entre outros. 
ATENÇÃO: A INTERSETORIALIDADE E TRANSVERSALIDADE aparecem 
como PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SUS no documento “CAMINHOS DO 
DIREITO À SAÚDE NO BRASIL” elaborado pelo Ministério da Saúde por meio da 
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Apoio à Gestão 
Participativa, publicado em 2007, denominado disponível no site 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caminhos_direito_saude_brasil.pdf 
 
 
Na página 9 consta que: 
Os princípios organizativos do SUS são: • a intersetorialidade, que prescreve o 
comprometimento dos diversos setores do Estado com a produção da saúde e o bem-
estar da população; • a descentralização político-administrativa, conforme a lógica de 
um sistema único, que prevê, para cada esfera de governo, atribuições próprias e 
comando único; • a hierarquização e a regionalização, que organizam a atenção à saúde 
segundo níveis de com maior densidadetecnológica – básica, média e alta –, oferecidos 
por área de abrangência territorial e populacional, conhecidas como regiões de saúde; e 
• a transversalidade, que estabelece a necessidade de coerência, complementaridade e 
reforço recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. 
8 – PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO DE FORMA COMPLEMENTAR 
AO SUS. 
Este princípio refere-se à complementaridade do setor privado de saúde ao SUS. A 
Constituição Federal de 1988 no seu Artigo nº 199 diz que “A assistência à saúde é livre 
a iniciativa privada”. E que as instituições privadas de saúde poderão participar de 
forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante 
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as 
sem fins lucrativos. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caminhos_direito_saude_brasil.pdf
Então, no Brasil, além do SUS é permitida pela Constituição Federal a existência de 
empresas privadas de saúde que vendem os seus Planos de Saúde. Essas empresas 
privadas de saúde são fiscalizadas por uma agência reguladora denominada AGÊNCIA 
NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS) 
No site http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais encontramos que o Brasil 
tem 47.564.363 pessoas com alguma modalidade de Plano Privado de Saúde (dados 
atualizados em dezembro de 2020), perfazendo 24,5% da população. Estão em 
funcionamento 711 operadoras médico hospitalares e 260 operadoras exclusivamente 
odontológicas segundo dados de dezembro de 2020. Esses dados são os últimos 
disponíveis até o dia 06/02/2021, quando essa aula foi atualizada. 
E elas são campeãs de reclamação nos PROCONS de todo o país. Há milhares de 
processos na Justiça contra muitos desses planos que impõem restrições desde o número 
de consultas por pessoa até realizando cirurgias desnecessárias de algumas situações 
clínicas que poderiam ser tratadas de maneira não-cirúrgica. Um exemplo do que já 
ocorreu foi a indicação de uma histerectomia (retirado do útero) cuja doença poderia ser 
tratada à base de hormônios; por este tratamento ser mais oneroso (caro) e demorado o 
plano de saúde, por meio do médico auditor, indicou a cirurgia radical como foi 
denunciado na imprensa brasileira. 
Vale lembrá-los de que todos os cidadãos podem/devem denunciar um mal atendimento 
no SUS ou de um Plano Privado de Saúde, pois é um direito previsto no CÓDIGO DE 
DEFESA DO CONSUMIDOR (Lei nº 8078/90) o qual é considerado um dos mais 
avançados do mundo. As denúncias em relação ao mal atendimento na rede SUS pode 
ser feita ao Conselho Municipal de Saúde, aos serviços de Ouvidoria do Município, ao 
Ministério Público, aos vereadores que fazem parte da Comissão da Saúde que existe 
em toda Câmara Municipal do Brasil, à Delegacia de Polícia por meio de um Boletim 
de Ocorrência. Quanto aos Planos Privados temos como locais para denúncias os 
PROCONS e a ANS e à Delegacia de Polícia. 
O conjunto das operadoras de Planos Privados de Saúde (Médicos e Odontológicos) 
devem bilhões de reais para o SUS e não querem pagar a dívida. 
E QUEM FINANCIA O SUS? ELE É DE GRAÇA? 
Para começar “JAMAIS, NEVER. NUNCA” diga que o SUS É DE GRAÇA... DE 
GRAÇA NEM INJEÇÃO NA TESTA... APLICAR BOTOX CUSTA CARO... 
O SUS É FINANCIADO PELOS IMPOSTOS QUE, NÓS CIDADÃOS, 
PAGAMOS ... 
Você sabia que, em média, trabalhamos quase 160 dias no ano para pagar impostos... 
são quase 100 tipos de impostos municipais, estaduais e federais... Você sabe quanto de 
imposto pagamos numa garrafa de água, em um refrigerante, em uma lata de ervilha, na 
compra de um sapato ou vestuário???? 
No site http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm estão disponíveis o nome dos 92 
Tributos do Brasil atualizado em 03/01/2020. Daí que temos uma das maiores cargas 
tributárias do mundo. 
 
Então leia mais um pouco sobre o Financiamento do SUS: 
O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas de governo (federal, 
estadual e municipal). Ele é financiado pelos IMPOSTOS que os cidadãos pagam. Os 
governos no Brasil são grandes arrecadadores de impostos. Na cidade de São Paulo 
existe um painel eletrônico chamado IMPOSTÔMETRO que marca a todo segundo a 
quantia estimada, em reais, dos impostos arrecadados pelas três esferas de governo 
(acesse o site http://www.bhservico.com.br/impostometro.htm) e confira o quanto já 
foi arrecadado do dia 1º de janeiro até a data da sua leitura dessa aula no Brasil, no 
seu Estado e Município. 
Em 2018 foram arrecadados R$ 2388 trilhões. Em 2017, R$ 2,172 trilhões. Em 2019, 
R$ 2,5 trilhões (https://impostometro.com.br/) 
Em 2020 foram arrecadados menos devido à pandemia chegando no valor de R$ 2 
trilhões 
 
 
Em 2021 o orçamento para a área de atuação saúde ainda NÃO foi votado no Congresso 
Nacional até a revisão dessa aula em 06/02/2021. Verifique no site 
http://www.portaltransparencia.gov.br/funcoes/10-saude?ano=2020 
http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm
http://www.bhservico.com.br/impostometro.htm
https://impostometro.com.br/
E vejam as distorções nos investimentos na Atenção Especializada à Saúde 
comparando-os com os da Atenção Básica quando publicarem os valores no PORTAL 
DA TRANSPARÊNCIA da Controladoria Geral da União. 
No entanto, no site https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53969636 encontramos a 
seguinte reportagem: 
Já a proposta para a Saúde prevê gastos de R$ 135 bilhões para 2021, uma pequena 
elevação de 1,7% em relação ao que o governo propôs no ano passado para o orçamento 
de 2020 (R$132,8 bilhões), mas uma redução drástica ante o orçamento atual da pasta 
para este ano (R$ 173,4 bilhões), que foi substanciamente elevado pelos gastos 
emergenciais para conter a pandemia de coronavírus. 
Nos países com sistemas universais de saúde os governos investem de 8 a 9% do PIB 
em saúde, o Brasil só investe 3,9% do PIB e as famílias e as empresas investem 5,3% 
do PIB, ou seja, muito mais que o governo. 
No site https://frentepelavida.org.br/uploads/documentos/PEP%20COVID-19_v2.pdf 
encontramos que: 
“A luta por mais verbas para o SUS não pode desconhecer, contudo, que a sociedade 
brasileira não investe pouco em saúde, considerando-se o total de gastos públicos e 
privados em termos de PIB, o País gasta 9,2% ao ano. Porém, o gasto público (federal, 
estadual e municipal) representa apenas 3,9% do gasto total. Para aumentar os gastos 
públicos, sem ampliar o total de gastos em saúde, deve-se redirecionar para o SUS o 
subsídio público atualmente destinado ao setor privado de estabelecimentos de saúde, 
operadoras de seguros e planos de saúde e fornecedores de insumos de saúde, com 
exceção das organizações filantrópicas que prestam serviços exclusivamente aos 
usuários do SUS. Por fim, mas não menos importante, deve-se ressaltar que o adequado 
financiamento do SUS passa pelo fortalecimento dos mecanismos de pactuação 
tripartite e de exercício do controle social (fortalecendo conselhos de saúde) para 
alocação de recursos federais e estaduais. Finalmente, deve-se revogar a EC-95 e 
estabelecer o piso de 10% das receitas correntes brutas da União a ser aplicado ao SUS, 
definindo fontes estáveis de financiamento. Neste escopo fundamental, cabe ainda a 
necessária revogação da Portaria GM/MS nº 2979/2019, que institui o Programa Previne 
Brasil e estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53969636
https://frentepelavida.org.br/uploads/documentos/PEP%20COVID-19_v2.pdf
Saúde. Tal normativa, na contramão do princípio da universalidade do SUS, condiciona 
o financiamento federal da atenção básica ao cadastramento da população nos 
municípios, além de confrontar a Lei Complementar nº 141/2012, que estabelece a 
necessidade de submeter à aprovação do CNS as pactuações que dizem respeito aos 
critérios de rateio das transferências financeiras do Fundo Nacional de Saúde para

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