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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
RYNNA GARBÊNIA CARACAS SILVA FEITOSA 
 
 
 
 
 
 
 
FAMÍLIA SUBSTITUTA: UMA VISÃO SOCIAL SOBRE AS DIFERENTES FORMAS 
DE ADOTAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA – CE 
2019 
 
 
RYNNA GARBÊNIA CARACAS SILVA FEITOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FAMÍLIA SUBSTITUTA: UMA VISÃO SOCIAL SOBRE AS DIFERENTES FORMAS 
DE ADOTAR 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Serviço Social do Centro 
Universitário Estácio do Ceará, como quesito 
para a obtenção do grau de bacharel. 
Orientador: Profº. Dr. Julio Cesar Adiala. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA – CE 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu esposo, pais e 
irmãos, que ensinam 
diariamente o significado do 
amor. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 À Deus, que nos criou de forma única e ímpar. Aos meus pais que são base do 
meu caráter e vida. Aos queridos mestres que incansavelmente estiveram ao meu 
lado nesta caminhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O amor de uma família adotiva é construído 
 da mesma forma 
 que de uma família biológica; 
 não é ter o mesmo sangue que vai garantir 
o amor nem o sucesso da relação” (WEBER, 1995). 
 
 
 
Resumo 
 
 
A adoção é um ato que possibilita que pessoas que desejam ser pais possam usar 
dos meios legais para encontrarem o filho tão esperado. Mesmo sendo uma prática 
que já ocorre há bastante tempo, a adoção ainda é considerada um tabu por conta 
dos desafios, medos e anseios de vincular-se a uma criança ou adolescentes que 
estão institucionalizadas. Além disto, é uma pesquisa a respeito da atuação do 
assistente social como mediador, estando ele junto as Varas da Infância e Juventude 
como profissional responsável de subsidiar a decisão do juiz e próximo aos 
pretendentes e o meio social que estão inseridos, sendo um agente de informações 
sobre os direitos e deveres destes futuros pais. Independente de qual modalidade de 
adoção seja, o assistente social é um profissional que deve assegurar o melhor 
interesse das crianças e adolescentes, sabendo da reponsabilidade de lidar com este 
tipo de processo jurídico. Este trabalho é uma pesquisa bibliográfica que utiliza do 
método da revisão sistemática de literatura como forma de análise dos dados 
relevantes para o estudo publicados em meios eletrônicos, anais impressos e livros. 
 
 
Palavras-chaves: Adoção; Pais, Filhos, Criança; Adolescente; Assistente Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 
Capítulo 1: Família e suas evoluções ....................................................................... 10 
1.1 A evolução do que é ser família ....................................................................... 10 
1.1.1 A concepção de Família nas civilizações .................................................. 10 
1.1.2 A concepção de Família nas civilizações contemporâneas ...................... 13 
1.2 Famílias brasileiras .......................................................................................... 14 
1.3 O Estatuto da Criança e Adolescente e o processo de adoção ................... 17 
1.3.1 Adoção ...................................................................................................... 24 
1.3.2 Adoção tardia ............................................................................................ 27 
Capitulo 2: Diferenças entre os tipos de adoção e o papel do assistente social nestes 
processos .................................................................................................................. 29 
2.1 Adoção a brasileira .......................................................................................... 29 
2.2 Adoção intuitu personae .................................................................................. 32 
2.3 Adoção através do Cadastro Único de Adoção ............................................... 35 
2.4 O Serviço Social no processo de adoção ........................................................ 41 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 46 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A família é espaço vital para que os membros tenham em si um ambiente de 
proteção, cuidado e principalmente amor. Sendo uma constituição que vem passando 
por transformações há muito tempo. 
 Deste a Grécia antiga, em Roma e em outros povos, a família possuía um 
significado e cada membro um papel a exercer. A organização familiar no período 
Romano tinha a figura do patriarcado como detentor do poder e sobre os filhos tinha 
o direito de decidir seus destinos, desde castigá-lo até vendê-los; já a mulher, restava-
lhe exercer a submissividade ao homem e sua postura como dona do lar e desses 
afazeres. 
 A visão família foi sendo trazida em cada época da história, com diversas 
configurações, mas sem deixar que o núcleo principal deixasse de ser o mais aceito 
pela sociedade que vê a família como o ambiente ocupado por pai, mãe e filhos. 
 É por esta perspectiva que casais que não conseguem gerar um filho de 
maneira natural buscam a adoção como forma de garantir que passem a tornar um 
seio familiar completo. O processo de adoção precisou passar por diversas 
modificações desde o favorecimento dos desejos dos pretendentes ao fortalecimento 
da noção da importância do melhor interesse da criança nestes casos de adoção. 
 No Brasil, a adoção é um ato que acontece a muito tempo, trazendo fatos 
históricos, a entrega de bebês a casais que não possuíam filhos biológicos é algo que 
acontecia com frequência. Por falta de condições financeiras, principalmente, mãe 
doavam seus filhos a famílias que possuíam um nível social capaz de suprir com as 
necessidades básicas de uma criança e eles registravam o bebê como se filho fosse 
e criar um cenário que se assemelhe a chegada de um filho biológico, mais à frente, 
este ato passou a ser conhecido como Adoção Brasileira, por se tratar de uma ação 
que ocorre em paralelo a ações legais de adoção e garantir mais os direitos das 
crianças. 
 Durante a Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança, adotado pela 
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 20 de novembro de 
1989, entrando em vigor em 2 de setembro de 1990, sendo ratificado no Brasil em 24 
de setembro de 1990 assegurou que o Estado deve respeitar, garantir o bem-estar e 
os direitos de todas as crianças, independente de raça, cor, sexo, língua, religião, 
9 
 
opinião política e que estas possam ter um ambiente saudável para crescer e a adoção 
é uma forma de garantia legal para isso. 
 Como forma de garantia para que este pleito seja conquistado da forma que o 
Estatuto da Criança e do Adolescente legitima as Varas da Infância e Adolescência 
do Brasil são responsáveis pela habilitação e vinculação de candidato desejosos de 
adotar um filho. A equipe do Juizado da Infância e Adolescência formado por 
assistentes socias, psicólogos e pedagogos são os agentes que trabalharão para que 
os processos se realizem da melhor forma possível. 
 Sendo uma adoção de recém-nascido, adoção tardia ou adoção intuitu 
personae, o papel do assistente social é o mesmo, garantir que seus relatórios possam 
subsidiar a decisão dos juízes para o processo. 
Diante do exposto, o interesse da autora para realizar este trabalho surgiu 
após seu período de estágio curricular no Setor de Adoção do Juizado da Infância 
do Ceará, estando próximado seu recorte e com o questionamento de como o 
assistente social lida com as diversas formas de adoção e o paradigma de trabalhar 
junto ao juizado, mas sem distanciar-se do meio social a qual sua profissão é 
inserida e não deslegitimar o desejo dos pretendentes. 
 O trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica de dados relevantes ao tema 
escolhido. De acordo com Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa bibliográfica, ou de 
fontes secundárias, abrange a bibliografia já tornada pública em relação ao objeto de 
estudo. Realizou-se um levantamento de referenciais teóricos já publicadas por meios 
escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, revistas científicas, entre outros 
meios que embasaram este corpus, com o objetivo de recolher informações ou 
conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta 
(FONSECA, 2002). Os artigos foram selecionados utilizado o método de revisão 
sistemática da literatura e assim, segundo Caiado et al. (2016) localizou-se os estudos 
mais relevantes existentes com base em questões de pesquisa formuladas 
anteriormente para avaliar e sintetizar suas respectivas contribuições. 
 
 
 
 
 
10 
 
Capítulo 1: Família e suas evoluções 
 
 
 
1.1 A evolução do que é ser família 
 
 Família é um termo que possui uma diversidade de significados, tendo passado 
pelo decorrer da história diversas transformações. Segundo Sierra (2011) apud 
Christiano e Nunes (2013), a palavra família surgiu da palavra “famulus” significando 
“escravo doméstico”, sendo considerado na época dos romanos um conjunto de 
escravos pertencentes a um mesmo homem, destacando o homem como o possuidor 
da família e regente dela. Um outro conceito de família e trazido por Prado (1981) em 
que a família é constituída por pessoas aparentadas que vivem, no geral, na mesma 
moradia, formada por uma figura paterna, materna e a linhagem de filhos ou ainda 
pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidos por adoção. 
Quanto a Noronha e Parron (s.d., p 3) A origem da família está diretamente ligada à 
história da civilização, uma vez que surgiu como um fenômeno natural, fruto da 
necessidade do ser humano em estabelecer relações afetivas de forma estável 
 Com as mudanças ao decorrer da evolução histórica, passam a ter novas 
visões sobre os conceitos de família e daqueles que a integram, Christiano e Nunes 
(2013) destacam que dentro do seio familiar, um termo que pluralmente era utilizado 
caiu no desuso, nas famílias atuais o chamado chefe de família está sendo 
representado pelo termo “pessoa de referência” ou “pessoa responsável”, não sendo 
este necessariamente o homem. Para a chegada a este patamar, diversas 
transformações foram percebidos, cada civilização possuía uma forma diferenciada 
sobre o quer era a família e o seu papel na sociedade. 
 
 
 1.1.1 A concepção de Família nas civilizações 
 
 A origem da constituição familiar, segundo Cardoso e Brambilla (2015), chega 
a ser tão primitiva quanto o próprio homem, estando presente desde os primeiros 
11 
 
povos. Isto se explica porque o ser humano possui uma vontade característica de 
conviver com seus semelhantes. 
 A Grécia Antiga teve a família como uma formação de clãs, onde os indivíduos 
uniam-se baseados em um parentesco. Estes clãs foram os responsáveis pela 
formação das polis1, que possuíam mecanismos de organização, o que as faziam ser 
independente, politicamente, uma das outras. Os gregos viviam sob uma sociedade 
patriarcal; as mulheres possuíam uma vida reclusa, ligada aos afazeres domésticos 
(CARDOSO e BRAMBILLA, 2015). Van Acker (1994 apud Cardoso e Brambilla, 2015) 
afirma que o espaço feminino era restrito e as mulheres não precisavam trabalhar e 
muito mesmo sair as ruas da cidade, elas apenas eram vistas nos dias de festa. 
 
Homens e mulheres ocupavam espaços muito distintos, à semelhança dos 
deuses Héstia e Hermes. Héstia era relacionada sobretudo com a lareira que 
existia no centro das casas; e Hermes, o protetor dos mensageiros, estava 
sempre colocado na soleira das portas, ligado, portanto, ao lado exterior, ao 
mundo das conquistas, do comércio e do trabalho fora de casa (VAN ACKER, 
1994 apud CARDOSO e BRAMBILLA, 2015). 
 
 
 Roma possuiu uma forte influência grega, a sua organização familiar também 
estava sob a autoridade do pai que tinha o poder de vida e de morte sobre os filhos, 
assim como vendê-los e até mesmo castigá-los com penas corporais, quanto a mulher, 
esta assumia um papel de submissividade ao homem, com o dever de serviço aos 
afazeres domésticos e criação dos filhos, não tendo o mesmo direito que o marido e 
os poderes de decisões que o mesmo possuía, muito menos era permitido que a 
mulher fosse a provedora do sustento família, algo apenas posto ao homem 
(OLIVEIRA e SANTANA, 2015), essa definição se assemelha ao que Pizzi (2012) 
chama desdobramento nuclear tradicional, em que o casal possui uma concepção 
previamente postas pela sociedade, em que o homem deve responsabilizar-se por 
sustentar a família economicamente e ser a autoridade principal sobre filhos, quanto 
a mulher possui as tarefas reprodutivas, tarefas domésticas e a socialização dos filhos 
com o social. 
 
A família romana era formada por um conjunto de pessoas e coisas que 
estavam submetidas a um chefe: o pater familias. Esta sociedade primitiva 
era conhecida como a família patriarcal que reunia todos os seus membros 
 
1 Cidades-estados que possibilitaram o desenvolvimento da civilização grega. Cada polis possui uma 
organização política distinta, mas uniam-se no aspecto cultural, especialmente quanto à língua e 
costumes. 
12 
 
em função do culto religioso, para fins políticos e econômicos (NORONHA e 
PARRON, s.d., p 3). 
 
 E mais: 
É importante destacar que as famílias em tempo passado adotavam como 
cultura, não propor aos membros qualquer tipo de demonstração de afeto, o 
autoritarismo é o fator determinante dessa relação, os genitores sobre 
influência das gerações passadas, acreditavam que conquistava o respeito e 
admiração dos filhos por meio da submissão, desconheciam que afeto é um 
fenômeno que fortalece os laços familiares (RIBEIRO, 2018). 
 
 Para Noronha e Parron (s.d., p 3) a família romana teve o mérito de estruturar, 
com os seus princípios normativos, a família como se está acostumado. Isto porque 
até então a família era formada por meio dos costumes, sem regramentos jurídicos. 
Assim, a base da família passou a ser o casamento, uma vez que somente haveria 
família caso houvesse casamento. 
 
Observa-se, portanto, que a monogamia foi uma construção humana que se 
deu através do tempo e de maneira bastante morosa. A princípio, não havia 
a exigência de exclusividade. Ao revés, a promiscuidade predominava nas 
tribos pré-históricas. Isso demonstra que não só o comportamento humano é 
mutável, como também nossa moralidade e afeições, tudo consequência da 
evolução somada à intervenção do meio (CARDOSO e BRAMBILLA, 2015). 
 
 
 Oliveira e Santana (2015), destacam que assim como em Roma, via-se que na 
civilização Babilônica o núcleo familiar tinha como base o casamento monogâmico, a 
contudo, o marido detinha o direto a uma segunda esposa, caso a primeira estivesse 
com alguma doença grave ou não pudesse ter filhos, pois a questão de assegurar a 
linhagem era importante para esta sociedade. 
 Porém, foi na Idade Média que o cristianismo se solidificou e a Igreja Católica 
regia autoridade sob a sociedade com família como algo sagrado e divino, defendendo 
o casamento, incumbindo este sacramento como fonte única do surgimento da família., 
com a ideia da união de sexos opostos para gerar a prole e seus descendentes de 
direito, algo que se predomina a atualidade e faz de outras formas de família uma 
estranheza (ALVES, 2014). Comungando deste mesmo julgamento, no tempo do 
Império somente o casamento católico era reconhecido, pois era essaa religião oficial. 
Obrigando que apenas poderiam casar-se as pessoas que professassem a religião 
católica (NORONHA e PARRON, s.d., p 3). 
 
 
13 
 
 1.1.2 A concepção de Família nas civilizações contemporâneas 
 
 Em um salto histórico, chega-se a um período anterior ao da Revolução 
Industrial, momento este que as economias giravam em torno do artesanato e da 
agricultura, junto a uma família que era fomentada por papeis (SOUZA e SILVA, 2016). 
A autoras ainda destacam que os papeis era definidos para que o homem, pai de 
família, fosse o responsável pelo sustento da mulher e dos filhos. A mulher, por sua 
vez, cuidaria do lar e dos filhos, tendo ela um comportamento amável e submisso ao 
marido. Quanto aos filhos, estes eram auxiliares dos trabalhos agrícolas e as filhas 
eram educadas, desde a infância, para cuidar da casa e dos irmãos mais novos, este 
aprendizado iria fazer delas futuras boas senhoras e mães. 
 Ademais, Souza e Silva (2016), declaram que: 
 
A família possuía uma composição que configurou um modelo de “Família 
Nuclear Burguesa”, em que toda e qualquer família, considerada “normal” 
deveria ter um homem, uma mulher e filhos com os papéis definidos. No 
imaginário social, a família seria um grupo de indivíduos ligados por laços de 
sangue e que habitam a mesma casa. Depois da Revolução Industrial essa 
visão foi se transformando, a agricultura não era mais o ponto central da 
economia, muitas famílias deixaram os campos agrícolas para viverem nos 
centros urbanos industriais. O salário oferecido pelas indústrias já não era 
mais o suficiente para o sustento da família, as mulheres também foram 
trabalhar, até mesmo as crianças, iniciando assim, a exploração da mão-de-
obra de mulheres e crianças. Essas são modificações que configuram a 
emergência da sociedade urbana industrial. 
 
 
 Com a chegada da Revolução Industrial, o meio de sustento deixou de ser o 
agrícola e as familiar caminharam rumo as cidades para tentar trabalhar nos meios 
fabris. O ganho não era o necessário para assegurar as necessidades básicas da 
família e as mulheres saíram do oficio de donas de casa e adentraram em busca de 
trabalho. Estas mudanças são retratas por Amaral (2011, apud SOUSA e SILVA, 2016) 
como parte de uma construção social de uma nova visão do que é ser família, mas 
com traços comuns que não se desgastaram: 
 
A família é uma construção social que varia segundo as épocas, 
permanecendo, no entanto, aquilo que se chama de “sentimento de família”, 
que se forma a partir de um emaranhado de emoções e ações pessoais, 
familiares e culturais, compondo o universo do mundo familiar. Entretanto, há 
dificuldade de se definir família, cujo aspecto vai depender do contexto 
sociocultural em que a mesma está inserida. 
 
 
14 
 
 Percebe-se que a família contemporânea perdeu essa ligação tão forte com as 
normativas do âmbito da Igreja Católica e está sendo configurada de outras maneiras, 
sai um pouco Igreja, entra o Estado, em que junto as famílias devem assumir 
responsabilidades sobre as criança, adolescente, idosos e portadores de 
necessidades especiais (SOUZA e SILVA, 2016). Neste interim, Lévi-Strauss (1956, 
p.309 apud OLIVEIRA, 2009) realça que o casamento monogâmico é considerado 
instituição digna pelo senso comum, mesmo com diversos tipos de família percebe-se 
que a família monogâmica nuclear ainda predomina, constituindo-se como uma “união 
mais ou menos duradoura, socialmente aprovada, entre um homem, uma mulher e 
seus filhos, constitui fenômeno universal, presente em todo e qualquer tipo de 
sociedade”. 
 
 
1.2 Famílias brasileiras 
 
 Quanto ao Brasil, o pais esteve em seu período colonial e do império sob a 
égide de uma cultura católica, em que pregava a família como possível através do 
casamento, este possuía “três modalidades distintas de casamento: o casamento 
católico; o casamento misto (católico e acatólicos) e o casamento entre pessoas de 
seitas dissidentes” (NORONHA e PARRON, s.d., p 4). Dentro das diversas formas de 
família e sua construção histórica, os vários tipos de família brasileira tem como base 
laços de sangue ou não, composta por arranjos de famílias nucleares, monoparentais, 
aquelas em torno de uma figura que não tem companheiro residindo na mesma casa, 
podendo ou não residir com os filhos; multiparentais em que a 
paternidade/maternidade do padrasto ou madrasta que ama, cria e cuida de seu 
enteado(a) como se seu filho fosse, enquanto que ao mesmo tempo o enteado(a) o 
ama e o (a) tem como pai/mãe, sem que para isso, se desconsidere o pai ou mãe 
biológicos; família eudemonista em que afeto recíproco, a consideração e o respeito 
mútuos entre os membros que a compõe, independente do vínculo biológico; 
homoafetivas que são os casais homossexuais com ou sem crianças; e por fim, a 
família substituta no qual há colocação de uma criança ou adolescente em família 
mediante guarda, tutela ou adoção. Com isto, família nuclear já não se configura como 
único tipo familiar encontrado na esfera da sociedade e como fonte de uma assistência 
social (CHRISTIANO e NUNES, 2013). 
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/tutela.htm
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/adocao.htm
15 
 
 Oliveira (2009) realça que mesmo com a existência de novas tipologias de 
família, como família reestruturada, reconstituída, reorganizada, nova família, “não há 
um conceito novo de família, pois embutidos na família, existem várias possibilidades 
de novas configurações, não ficando exclusivamente em um único modelo”. 
 Carnut e Faquim (2014) ressaltam que a família nuclear é a mais aceita pelo 
senso comum e hegemônica na história brasileira. É composta de um homem e uma 
mulher que coabitam e mantêm um relacionamento, tendo pelo menos um filho. Outra 
configuração comum brasileira são os lares monoparentais, em que os filhos vivem 
com um único genitor. 
 
Portanto, na situação contemporânea, não se pode definir um “modelo” de 
família a ser seguido e uma única forma de trabalho com a mesma, pois ela 
possui particularidades e diferentes formas de enfrentamento das 
consequências do processo de produção capitalista e das transformações na 
sociedade consumista, determinadas pelo próprio sistema de produção que 
repercuti no consumo, na dinâmica social, comunitária e familiar, na vida e na 
classe social, que a família está inserida. O desafio das políticas públicas que 
visa a proteção social é pensar e repensar a família buscando superar velhas 
ações e concepções centradas na focalização e estratificação da proteção 
social a partir das famílias (SOUZA e SILVA, 2016). 
 
 No mais: 
 
Na contemporaneidade, a diversidade de questões que envolve a 
configuração familiar passa muito mais pela constituição de laços afetivos. 
Dessa forma, não é concebível a rotulação das relações afetivas 
empreendidas pelas pessoas. Quem poderá dizer que duas pessoas do 
mesmo sexo que se amam, coabitam, constroem juntas um patrimônio, não 
são uma família? Um casal heterossexual, que não tenha filhos, também não 
pode configurar-se como família? A família monoparental, seria de fato uma 
família? A família não pode ser reduzida a um simples e único modelo, tendo 
em vista que é composta a partir de seres humanos, com vivências e 
experiências distintas, com diferentes subjetividades e, por isso mesmo, em 
constante transformação (SOUZA e SILVA, 2016). 
 
 
 Conforme Oliveira (2009) “as novas estruturas familiares colocam os 
profissionais que trabalham com família e os próprios membros da instituição familiar 
em busca de novas denominações ou de tentar compreender socialmente tais 
mudanças”. 
 Segundo Neder (1996) apud Mioto (2004), os assistentes sociais tem a família 
como objetos de intervenção, sendo eles os são os únicos profissionais que possuem 
este trabalho desde sua trajetória histórica, ao contrário de outras profissões que não 
tem o contexto familiar como importantepara seu ofício. Complementando, Iamamoto 
16 
 
(1983, apud SOUZA e SILVA 2016) discorre que o trabalho do assistente social no 
Brasil, está ligado “aos movimentos sociais, cunho político junto as classes 
subalternas, particularmente junto a família operária. Ou seja, o alvo predominante do 
exercício profissional é o trabalhador e a sua família, em todos os espaços 
ocupacionais”. 
 No Brasil, as novas estruturas de parentesco colocam os profissionais que 
trabalham com família, principalmente os assistentes sociais e os próprios membros 
a procura de novas denominações ou de tentar compreender socialmente tais 
mudanças, entender em que ponto sua família se encaixa, coloca-la pertencente ao 
meio. 
 Dentre o seio familiar ainda incomum para a sociedade, Carnut e Faquim (2014) 
destacaram as famílias homoafetivas, compostas por um casal do mesmo sexo, 
também permitindo ser uma multiparentalidade, assim a criança possui duas figuras 
paternas e/ou maternas, simultaneamente. Para que seja possível esta forma de 
parentalidade, incluiria nesse conceito a hipótese de adoção homoafetiva, através da 
qual o adotado passará a ter dois pais ou duas mães. 
 
Essas famílias são constituídas por pessoas do mesmo sexo que têm filhos 
via três caminhos: (a) reconstituição – um dos parceiros traz para a relação 
homossexual os filhos do casamento anterior; (b) a adoção – legalizada ou 
não; (c) a co-parentalidade – em que um dos membros do casal gera uma 
criança com uma pessoa que oferece parceria biológica e o filho passa a fazer 
parte do núcleo parental do pai ou mãe homossexual (CARNUT e FAQUIM, 
2014 p. 65). 
 
 
 E mais: 
 
Hoje, em virtude da grande metamorfose que está ocorrendo nas 
configurações familiares, as possibilidades de adoção apresentam-se sob 
múltiplas formas e em diferentes contextos. Embora a maior demanda ainda 
seja oriunda de casais jovens com problemas de infertilidade, também casais 
com filhos biológicos, casais na meia idade, casais homossexuais e pessoas 
solteiras têm manifestado interesse em constituir ou aumentar a sua família 
através da adoção (SCHETTINI et al., 2006). 
 
 Não apenas nos casos de casais homoafetivos, mas de outras maneiras a 
adoção permite que a criança e o adolescente possam ter seu direito a família 
garantido. Durante a Convenção Internacional sobre os direitos da criança, adotado 
pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 20 de 
novembro de 1989, entrando em vigor em 2 de setembro de 1990, sendo ratificado no 
17 
 
Brasil em 24 de setembro de 1990 assegurou que o Estado deve respeitar, garantir o 
bem-estar e os direitos de todas as crianças, independente de raça, cor, sexo, língua, 
religião, opinião política. 
 
 
1.3 O Estatuto da Criança e Adolescente e o processo de adoção 
 
 Para Coelho et al. (2012) a Assistência Social no Brasil como meio de 
intervenção ao Estado iniciou nos anos 1937 e 1942, quando houve a criação do 
Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) em 1937 e a Legião Brasileira de 
Assistência (LBA) em 1942. Outro marco, destacado pelo autores ocorreu na década 
de 80, período marcado pelo processo de democratização do país com o fim da 
ditadura civil militar de 1964 e a promulgação da Constituição Federal de 1998, em 
vigor até hoje, quando a assistência social ganha o status de Política Pública, direito 
do cidadão e dever do Estado, bem como componente do Sistema de Seguridade 
Social (BRASIL, 1988, Art. 194). 
 No Artigo 203 da Constituição Federal (1988), a Assistência Social: 
 
Busca proteger, amparar e habilitar não qualquer família, idoso, adolescente 
ou deficiente, mas sim aqueles que sofrem privações de qualquer ordem, 
incluindo a regulamentação da garantia de transferência de renda em 
situações particulares de incapacidade de manutenção das condições 
mínimas de bem-estar, ou seja, de atendimento as suas liberdades 
substantivas básicas (COELHO, SOUZA, et al., 2012). 
 
 
 Para que a lei que visasse o benefício dos menores estivesse nos moldes do 
que hoje é reconhecido, muito foi criado e modificado. Inicialmente, o Código Civil de 
1916 a adoção possuía formas diferentes as quais é de conhecimento atualmente, 
estava ela com “fortes indícios de resistência e restrições” (BRITO SILVA, 2016). Este 
Marco civil, Segundo Brito Silva (2016), considera a adoção como uma convenção 
jurídica bilateral e solene, com a necessidade de escritura e consentimentos das 
partes, tanto o adotante2 como o adotado. Caso o adotado tivesse menos de 18 anos 
 
2 Aquele que está adotando. 
18 
 
deveria ser representado por seis pais, tutor3 ou curador4. Ademais, era possível uma 
dissolução do vínculo, mediante acordo entre as partes. 
De acordo o Capítulo V do Código Civil de 1916: 
 
Art. 368 - Só os maiores de 50 anos sem prole legítima ou legitimada podem 
adotar. 
Art. 369 - O adotante há de ser, pelo menos 18 (dezoito) anos mais velho que 
o adotado. 
Art. 370 - Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem 
marido e mulher. 
Art. 373 - O adotado, quando menor, ou interdito, poderá desligar-se da 
adoção no ano imediato ao em que cessar a interdição, ou a menoridade. 
Art. 374 - Também se dissolve o vínculo da adoção: 
I - Quando as duas partes convierem. 
II - Quando o adotado cometer ingratidão contra o adotante. 
Art. 377 - A adoção produzirá os seus efeitos ainda que sobrevenham filhos 
ao adotante, salvo se pelo fato do nascimento, ficar provado que o filho estava 
concebido no momento da adoção. 
 
 
 O Código Civil de 1916 foi totalmente revogado, trazia ela uma busca em 
satisfazer quem adota e não era levado em consideração o melhor interesse da 
criança ou adolescente. No ano de 1957 com a Lei 3.133/57 mudanças relevantes 
foram dadas a questão da adoção. Brito Silva (2016) afirma que nesta lei uma das 
mudanças significativas é que a adoção poderia ser permitida a quem tivesse vontade 
independente do adotando ser impossibilitado ou não de gerar filhos. Quanto ao 
adotando, este não entraria na sucessão hereditária. 
 
A Lei 3.133/57 tinha entre seus artigos uma nova redação para o código civil, 
sendo algumas delas: 
 
Art. 368. Só os maiores de 30 (trinta) anos podem adotar. 
Parágrafo único. Ninguém pode adotar, sendo casado, senão decorridos 5 
(cinco) anos após o casamento. 
Art. 369. O adotante há de ser, pelo menos, 16 (dezesseis) anos mais velho 
que o adotado. 
Art. 372. Não se pode adotar sem o consentimento do adotado ou de seu 
representante legal se for incapaz ou nascituro. 
Art. 377. Quando o adotante tiver filhos legítimos, legitimados ou 
reconhecidos, a relação de adoção não envolve a de sucessão hereditária. 
Art. 2º No ato da adoção serão declarados quais os apelidos da família que 
passará a usar o adotado. 
 
3 aquele a quem é conferido o encargo ou autoridade de alguém, por lei ou testamento, para que proteja, 
oriente, responsabilize-se e administre os bens uma criança ou de um menor de dezoito anos, que se 
acham fora do pátrio poder, ou seja, que seus pais tenham falecido ou sido destituídos do poder familiar. 
4 Aquele que é encarregado, pela justiça, de cuidar dos interesses das pessoas que estão impedidas 
de fazê-lo. 
19 
 
Parágrafo único. O adotado poderá formar seus apelidos conservando os dos 
pais de sangue; ou acrescentando os do adotante; ou, ainda, somente os do 
adotante, com exclusão dos apelidos dos pais de sangue. 
 
 
 Foi em 1965 que a Legitimação Adotiva, Lei 4.655/65, foi proposta, esta lei 
diferenciando-se das anteriores equiparava o filho adotada a um biológico, procurando 
criar um laço irrevogável e transferindo direitos hereditários à criança, no mais, a 
criança a ser adotada era de pais desconhecidos ou menores abandonados até os 
sete anos de idade e esta não teria qualquer ligação com sua família biológica 
(FREIRE, MARQUES e SILVA, 2013). 
A Lei 4.655/65 possuía a seguinte redação: 
 
 
Art. 7º A legitimação adotiva é irrevogável,ainda que aos adotantes venham 
a nascer filhos legítimos, aos quais estão equiparados aos legitimados 
adotivos, com os mesmos direitos e deveres estabelecidos em lei. 
Art. 8º A violação do segredo estabelecido neste capítulo, salvo decisão 
judicial, sujeitará o funcionário responsável às penas do art.325 do Código 
Penal. 
Art. 9º O legitimado adotivo tem os mesmos direitos e deveres do filho 
legítimo, salvo no caso de sucessão, se concorrer com filho legítimo 
superveniente à adoção (Cód. Civ. § 2º do art. 1.605). 
Art. 10. A decisão confere o menor o nome do legitimante e pode determinar 
a modificação do seu prenome, a pedido dos cônjuges. 
 
 
A lei n. 6.697/79, conhecida como o Código de Menores, revogou a lei de 1965. 
O Código de Menores, os autores Freire, Marques e Silva (2013) asseguram que 
tratava-se uma “regulação e controle dos então denominados pobres ou considerados 
em ’situação irregular’, separando sem menor constrangimento os ricos dos pobres, 
os sem pai nem mãe que viviam nas ruas”. 
 E mais: 
 
 
As crianças e adolescentes consideradas em “situação irregular” eram 
regidas pelo Código de Menores sendo consideradas como aquelas que 
praticavam atos infracionais, ou os que não tinham condições de sustento 
garantidas pela família, vivendo nas ruas. Para FÁVERO (2007) o Código de 
Menores foi criado a fim de lidar com estas chamadas crianças em situação 
irregular, aquelas que não vinham de boa família, que viviam na rua, ou 
aqueles que eram abandonados nas rodas dos expostos (FREIRE, 
MARQUES e SILVA, 2013). 
 
 
 
https://jus.com.br/tudo/penas
20 
 
Brito Silva (2016) complementa que o Código de Menores de 79 diferenciou a 
adoção em duas formas, adoção simples e adoção plena, destinadas àqueles 
considerados em situação irregular. 
A adoção simples era deliberada aos menores de 18 anos, com autorização 
judicial e o adotando a possibilidade de usar o apelido da família que o adotou, que 
passaria a constar do alvará e da escritura para averbação no registro de nascimento 
do menor. Para efetivar a adoção simples, era necessário um período de convivência 
de no máximo um ano entre quem desejava adotar e o menor. Dentre os requisitos 
para adotar, Brito Silva (2016) frisa que ainda era um forte requisito que os adotantes 
fossem casados por no mínimo 05 anos (desconsiderado caso fosse comprovado 
esterilidade pelo marido ou pela esposa) e que um dos cônjuges deveria ter mais de 
30 anos de idade. 
Sobre a adoção plena, a autora explica que era uma forma de adoção mais 
complexa. Configurava-se com viúvos e a separados possibilitados de adotar uma 
criança de até 07 anos de idade, podendo adotar acima desta idade caso o adotando 
já estivesse com a guarda. 
 
O grande diferencial nesse tipo de adoção estava na consequência que 
sentença que deferia a adoção, posto que, tornava sem efeito o registro 
anterior, como não fazia nenhuma menção à adoção, o nome dos novos pais, 
como dos novos avós, tanto paternos como maternos, nome e prenome do 
menor poderiam ser alterados, eram os de real validade, essa adoção era 
irrevogável, os direitos concedidos a esta criança que agora era adotada 
eram os menos que os filhos biológicos possuíam, como por exemplo, o 
direito de sucessão que até então era vetado aos adotados (BRITO SILVA, 
2016). 
 
 
 A criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) disposto pela Lei Nº 
8.069, de 13 de julho de 1990, foi proposto como forma de proteção aos menores, 
além de ser bem explícito quando considera que toda criança e adolescente tem 
direito a uma família, e que isto deve ser assegurado pelo Estado e pela própria 
sociedade. O ECA tem em geral o uso da democracia, buscando a solução das 
necessidades da população e fundamentado na doutrina da proteção integral (BRASIL, 
1990). 
 Embasando esta questão, a Constituição Federal (1988), estabelece: 
 
Artigo 226 – A família, a base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.069-1990?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.069-1990?OpenDocument
21 
 
Está explicitado no inciso 8º: O Estado assegurará a assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a 
violência no âmbito de suas relações. 
Artigo 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança 
e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de 
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. 
 
 
 Dentre os direitos fundamentais contido no ECA, dar-se importância a família. 
Bolwby (1997), salienta que à convivência familiar é de suma importância para a 
criança, visto que ela necessita de uma representação que lhe norteei, uma referência 
para que assim desenvolva sua sociabilidade, determinando todos seus 
relacionamentos íntimos futuros e por uma necessidade de segurança e apego, 
instintivos ao ser humano. Contudo, diante da atual situação de vulnerabilidade social 
ou pessoal em alguns lares é comum um ambiente familiar inóspito, que necessite de 
estratégias de apoio proporcionando o acesso aos bens e serviços públicos ou de 
uma mediação no atendimento a elas, com programas que tenham como propostas a 
manutenção dos vínculos ou procurar uma nova formação, como é o caso da adoção. 
De acordo com Nery (2010) quando a criança ou adolescente é inserida na medida 
protetiva, de acordo com o estabelecido pelo ECA (Título II), ficará em situação de 
abrigamento, podendo ser acolhida por uma instituição, sob guarda de pessoa da 
própria família (avós, tios etc.) ou de outra família, dependendo dos programas em 
funcionamento no município. Isto deve ser em caráter de provisoriedade, podendo a 
criança ou adolescente retornar à família de origem, assim que for superada a situação 
que gerou o afastamento. 
 
Decorrido algum tempo do abrigamento e após estudo aprofundado pela 
equipe técnica do Judiciário, poderá ser decretada, pelo juiz da Vara da 
Infância, a destituição do poder familiar ou a destituição dos pais e de seus 
deveres em relação aos filhos. Ocorrendo a suspensão do poder familiar, a 
criança ou adolescente deverá permanecer no abrigo, aguardando a 
possibilidade de adoção por uma nova família (NERY, 2010). 
 
 
O Estatuto da Criança e Adolescente (1990), afirma que a adoção é uma 
medida excepcional e irrevogável. É excepcional pelo fato que o Estado tem o dever 
de recorrer a ela apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança 
ou adolescente na família natural ou extensa (avós, tios, primos), visando atender 
seus diretos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 
22 
 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a uma convivência 
familiar e comunitária. É irrevogável por assegurar que nos meios legais a criança não 
retornará a sua família natural ficando permanentemente com a família que a adotou 
(BRASIL, 1990). 
 
Art. 19 – Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no 
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a 
convivência familiar e comunitária 
Art. 20 – Os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação (BRASIL, 1990). 
 
 
 Entende-se como criança a pessoa que possui doze anos incompletos e 
adolescente entre doze e dezoito anos, tendo com os pais, o seu poder familiar, que 
é um conjunto de direitos e obrigações para atender ao seu melhor interesse. Portanto, 
seus responsáveis deverão cumpri-los, sob as penas da lei, entre elas, a própriaperda 
ou suspensão de seu poder. Cabe destacar que adoção tardia é a adoção de crianças 
maiores de 2 anos de idade. 
 Em 2009, o Estatuto da Criança e Adolescente recebeu modificações algumas 
delas no que tratava dos procedimentos de adoção. Conforme Rampazzo e Mative 
(2010), as alterações tinham o propósito de garantir que as crianças e adolescentes 
tenham o direito de conviver com seus familiares e em comunidade, e a adoção como 
excepcional, sendo possível apenas quando forem esgotados todos os recursos para 
que a convivência com a família natural seja mantida, pois, a adoção precisa ser 
analisada, devendo ser uma decisão concreta e objetiva e sendo uma medida adotada 
em último caso, pois a família será o exemplo e espelho para o desenvolvimento social 
desta criança ou adolescente (RAMPAZZO e MATIVE, 2010). 
 Dentre as alterações, destacou-se, sobre a oitiva do adotando: 
 
Art.28 A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou 
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, 
nos termos desta Lei. 
 § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente 
ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de 
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e 
terá sua opinião devidamente considerada. 
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu 
consentimento, colhido em audiência. 
 
 
23 
 
 Quanto a grupos de irmãos, as modificações visão favorecer a não separação 
dos irmãos e o privilégio a fatores de parentesco, para assim, a criança ou adolescente 
não tenha prejuízos em sua formação, pois prega-se a manutenção do infante no seu 
meio familiar natural: 
 
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a 
relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as 
consequências decorrentes da medida. 
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da 
mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de 
abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de 
solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento 
definitivo dos vínculos fraternais. 
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em família substituta será 
precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, 
realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da 
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela 
execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. 
 
 
 Estágio de convivência é o período de adaptação do adotado ao adotante, 
neste período os pretendentes são acompanhados pela Equipe Técnica do Juizado 
da Infância, que mediante relatório emitido ao Juiz da Vara da Infância e Juventude 
posiciona-se a respeito do vínculo criado ou não. O período de Estágio de Convivência 
é de no mínimo 30 dias: 
 
 
Art. 46 A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou 
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as 
peculiaridades do caso. 
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver 
sob tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja 
possível avaliar a convivência da constituição do vínculo. 
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização 
do estágio de convivência. 
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora 
do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de no 
mínimo 30 (trinta) dias. 
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe 
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, 
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão 
relatório minucioso acerca da convivência do deferimento da medida. 
 
 
 
 Rampazzo e Mative (2010) argumentam que o papel do assistente social nos 
casos de adoção é de oferecer suporte à família que pretendente adotar, neste meio 
tempo o profissional auxilia e orienta os habilitados a respeito dos trâmites legais do 
24 
 
processo. Além do mais, o assistente social é responsável por encaminhar os 
interessados em adotar aos chamados grupos de adoção, locais que acontecem 
encontros e reuniões com pessoas que já passaram ou estão passando pelo processo 
de adoção. As autoras também abordam que o assistente social poderá indicar filmes 
ou livros sobre o tema, para que possam estar mais informados. 
 Durante os tramites da adoção é realizado um relatório psicossocial pelos 
assistentes sociais e psicólogos do Juizado. Este estudo é uma avaliação dos 
pretendentes, aferindo se a família está apta a assumir os cuidados de um filho, o 
profissional irá aproximar-se da vida pessoal dos adotantes, conhecendo as suas 
histórias de vida, a dinâmica familiar e contexto social que estão inseridos. 
Os aspectos a serem observados são: a composição familiar e os membros 
que dela fazem parte, a aceitação desses membros, a relação com o adotado 
e sua nova família, se já possui histórico de adoção na família, se todos estão 
de acordo com a intenção da adoção e identificar em sua família quais são 
seus valores e conceitos. Outro fator importante é a condição sócio 
econômica em que o interessado se encontra, se possui emprego, sua 
situação habitacional, para que com isso possa ser avaliado se o adotante 
possui condições de suprir as necessidades básicas da criança (alimentação, 
saúde, educação, lazer, esporte, entre outros). O fator motivação é 
fundamental e deverá ser observado criteriosamente pelo técnico. O 
assistente social possui o papel de orientar as famílias no que se refere a 
criança pretendida, buscando formas para expor aos interessados a situação 
da adoção referente a criança desejada a sua cor de pela idade, gênero. 
Principalmente orientá-los no que se refere à adoção tardia, devendo 
considerar o contexto social em que estava inserida e situações de violência 
doméstica que eventualmente tenha vivenciado (RAMPAZZO e MATIVE, 
2010). 
 
 
 Após esta avaliação o próximo passo é a inscrição no Cadastro Nacional de 
Adoção (CNA), onde serão vinculados a uma criação de seu perfil desejado. 
 
 
 1.3.1 Adoção 
 
 Meira (2017) enfatiza que historicamente a adoção no Brasil, traz consigo o 
abandono e a exclusão, em sua maioria de crianças pobres, deixadas em ruas, 
calçadas, florestas, quando não, eram assassinadas. Como uma forma de lidar com 
essa realidade do abandono e tentar acolher as crianças, foi criada a Roda dos 
Expostas ou Roda dos Enjeitados, criada em 1726. A Roda dos Expostos era um 
cilindro, instalado verticalmente, em uma janela da parede externa, com uma abertura 
onde o recém-nascido era abandonado, girando-o para dentro, por meio de um eixo 
25 
 
perpendicular e tocando um sino. Era dividida em quatro partes triangulares, uma das 
quais se abria sempre o lado externo. (SIMÕES, 2014, pg. 221 apud MEIRA, 2017). 
Comumente eram instaladas em conventos, Santas Casas, hospitais para receberem 
recém-nascidos sem qualquer identificação civil (FONSECA 2006 apud MEIRA, 2017), 
a roda foi a primeira política de acolhimento estabelecida pelo governo junto as Santas 
Casas de Misericórdias. 
 A Roda dos expostos, de certo modo, tinha como fator “positivo” a ação ser 
feita de forma anônima, sem precisar apresentar-se a alguma autoridade isto 
estimulava as mães deixarem seus filhos recém-nascidos na roda. 
 
Como não existia a legitimação da adoção, as mulheres abandonavam seus 
filhos. Essas rodas, inicialmente, foram criadas para aquelas mães pobres 
para que não abandonassem os filhos na rua, entretanto a Roda também era 
utilizada por 14 mulheres brancas e de alto nível que, segundo Motta (2008, 
p.54), “enjeitavam os filhos num gesto que resultavada condenação moral 
frente a amores considerados ilícitos”. Muitas das mães que tinham filhos 
bastardos dos homens ricos e que não podiam expor esta condição deixavam 
os filhos ali. Outro fator que influenciava na utilização das rodas para 
abandono de crianças era o da vergonha de ser mãe solteira, o que era 
inaceitável para aquele período histórico (MEIRA, 2017). 
 
 
Meira (2017), acrescenta: 
 
 
A Roda dos Expostos sempre esteve vinculada a uma condição de pobreza, 
pois na época a população economicamente carente ficava ao cuidado da 
Igreja Católica, e as Santas Casas de Misericórdias eram instituições 
vinculadas a Igreja. Para Weber (1998) o sistema de rodas no Brasil, era um 
mecanismo oficial para transformar as crianças abandonadas em filhos do 
Estado. Atualmente não existe mais Rodas dos Expostos em nosso país. Em 
contrapartida nos deparamos com a institucionalização de crianças e 
adolescentes “abandonadas” pela sociedade, fator que também nos aponta 
para desigualdade social existente em nosso país. As rodas foram extintas 
no Brasil em 1950, vale aqui ressaltar que o Brasil foi o último país do mundo 
a extinguir as rodas e teve seu debate iniciado em 1944, sendo decretado o 
seu fim em 1948. 
 
 
 Percebe-se, assim como Weber (1998) afirma, que a criança tinha pouca ou 
nenhuma importância no quesito social, “em praticamente todas as sociedades, o 
abandono ou exposição de crianças e, mesmo o infanticídio, eram práticas comuns”. 
A adoção faz parte da história da humanidade a bastante tempo, Weber (1996) afirma 
que com o intuito de simplesmente dar continuidade familiar podia-se haver 
substituição do marido por um parente em caso de impotência do primeiro, permitindo 
aferir que em suas origens históricas a adoção visava exclusivamente os interesses 
26 
 
dos adotantes, aquele que adota; não dando devido valor no que importa ao adotando, 
o que é adotado. 
 O ato de adotar pode ser vivenciado por casais heterossexuais e homossexuais, 
ou por solteiros, sendo sempre um desafio, pois acolhe-se e aceita um outro em sua 
integridade, com sua beleza e originalidade, mas também com suas dificuldades e 
limitações (CAMPOS, 2016). 
 Lidia Weber (1996) realizou uma pesquisa sobre a adoção no Brasil, os 
resultados mostraram o perfil dos pais adotivos. Nele verificou-se que 91% dos que 
adotam são casados, na média de idade de 40 anos, sendo que 55% não possuem 
filhos naturais. A maior parte dos casais pertencem a classes sociais média alta e 
realizam a adoção seguindo os trâmites legais, ou seja, por meio dos Juizados da 
Infância e da Juventude; enquanto que os de classes menos privilegiadas realizam as 
adoções dentro do modelo intitulado adoção à brasileira, quando os pais substitutos 
registram em cartório como se fosse seu um filho que sabe ser de outra pessoa. 
 Na mesma pesquisa, Weber (1996) categoriza que 76% do perfil das crianças 
que mais interessam aos casais correspondem àquelas cujo estado de saúde é 
avaliado como saudável, sendo que a preferência aponta para as recém-nascidas, os 
69% dos bebês que têm até 3 meses de idade. Quanto ao sexo, as preferências são 
por meninas, compreendendo 60%, e de pele clara, 64%. As crianças que despertam 
menos interesse nos requerentes à adoção, são as que possuem em média 2 anos, 
com índice de 16,66%. Também configuram crianças com mais dificuldades em serem 
filiadas as de cor negra ou parda, englobando 36%, e as que possuem alguma 
deficiência ou problema de saúde, totalizando 23,15%. 
 Recém-nascidas são as mais procuradas, o que permite destacar que os 
meninos e principalmente as crianças pardas, mais ainda as negras, são em maiores 
números em instituições de acolhimento do que as crianças brancas, logo, têm menos 
chances de serem adotadas e terem o seu direito à família suprido. Assim, 
permanecem por mais tempo em instituições de acolhimento. Segundo Camargo 
(2005) a justificativa para a preferência por bebes recém-nascidos é pelo fato de os 
pais acreditarem que será possível uma melhor adaptação da criança em relação a 
eles e a família extensa, uma solidificada relação de vínculos efetivos parentais para 
apagar as marcas da rejeição e abandono dos pais biológicos, acompanhamento do 
desenvolvimento e de sua educação. Destacou também, que o desejo por neonatos 
possibilita a construção de uma história e assim caso seja opção da família adotiva, 
27 
 
manter-se em segredo as origens do adotando, o que não se é indicado. 
 
 
 1.3.2 Adoção tardia 
 
 Para Vargas (1998) as crianças consideradas mais velhas para a adoção foram 
as abandonadas tardiamente pelas mães, que por circunstâncias pessoais, 
psicológicas ou socioeconômicas, não puderam manter a criança consigo ou estas 
crianças foram retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de 
mantê-las em seu poder, ou, ainda, foram “esquecidas” pelo Estado desde muito 
pequenas em orfanatos. 
Logo, em casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento 
cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente deverão 
obrigatoriamente ser comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem 
prejuízo de outras providências legais (BRASIL, 1990). 
 A criança e adolescente reside no acolhimento por um tempo provisório e há a 
possibilidade de retorno à família de origem, assim que for sanada a situação que 
gerou o afastamento. Decorrido algum tempo do abrigamento e após estudo 
aprofundado pela equipe técnica do Judiciário, poderá ser decretada, pelo juiz da Vara 
da Infância, a Destituição do Poder Familiar (DPF), que consiste na suspensão 
definitiva dos pais e de seus deveres em relação aos filhos. Ocorrendo a suspensão 
do poder familiar, a criança ou adolescente deverá permanecer no abrigo, aguardando 
a possibilidade de adoção por uma nova família. 
 A adoção tardia, em alguns casos, é marcada de desafios que cercam a 
vinculação dos pretendentes a pais com a criança. Dentre as dificuldades deste 
processo, ressalta-se a criança já possuir conceitos e posturas pré-definidas, uma 
bagagem emocional carregada de sentimentos e sensações e até o receio de ser 
novamente abandonada, o que pode vir a gerar agressividade, contribuindo para 
conflitos durante a rotina familiar. 
 Na adoção tardia, o desafio tende a ser maior, pois é comum que a criança ou 
adolescente tenham sinais de agressividade, emoções ambivalentes, imaturidade, 
frutos do conhecimento de sua história, das vivências em instituições de acolhimento 
e do receio de novamente ser abandonada pela família substituta. Como citado por 
Campos (2016): 
28 
 
 
Adotar uma criança maior, muitas vezes, se reveste de uma complexidade ou 
desafio maior porque nos relacionamos com alguém que não foi por nós 
“criado”, “moldado”, como se acredita que os filhos são ou devem ser pelos 
pais. Entretanto, nos esquecemos de que, na maior parte das nossas 
relações pela vida com os colegas de escola ou trabalho, namorado(a), 
marido ou esposa, nos relacionamos com outros “moldados” e “criados” por 
outros. E nem por isso essas relações são menos prazerosas ou significativas. 
O diferente, muitas vezes, assusta, mas sempre nos enriquece. 
 
 
 
 Frisa-se que adotantes devem perceber se realmente querem e estão 
dispostos a enfrentar os percalços que existirão, permitir que novos ensinamentos em 
relação a como cuidar de um filho sejam aceitos, pois nunca se está inteiramente 
preparado, nem nunca se está totalmente pronto para serem pais; além disto, 
entender que a construção do vínculo e de uma relação saudável entre pais e filhos 
depende da convivência, com a criação de afeto e respeito mútuos. Estabelecer este 
vínculo e consolidá-lo é uma conquista mútua diária com momentos muito prazerosos 
e outros não tanto. 
 
Caberá aos pais adotivos saberem lidar com o histórico de vida do filho, 
respeitando sua origem e identidade, inclusive o nome. No estudosocial é 
significante identificar no pretendente à adoção sua disponibilidade e 
interesse em buscar orientações e ajudas externas, isso no que se refere à 
rede de atendimento: saúde, educação, habitação, entre outros (RAMPAZZO 
e MATIVE, 2010). 
 
 
 Campo (2016) ressalta que é fundamental manter a esperança e a 
perseverança nos momentos agudos de crise. A cada etapa da vida das crianças 
novas exigências são formuladas necessitando de novos modos de relacionamento a 
serem constituídos. Facilita o limar deste desafio buscar formas de auxílio, como 
compartilhar experiências em grupos de apoio à adoção, assim como, também 
procurar ajuda especializada, profissional e fazer leituras sobre o tema. “Nessa 
perspectiva, a adoção tem dupla finalidade: permitir que a criança encontre uma nova 
família e um ambiente satisfatório para o seu desenvolvimento e possibilitar aos pais 
o exercício da paternidade” (SCHETTINI et al., 2006). 
 
 
29 
 
Capitulo 2: Diferenças entre os tipos de adoção e o papel do 
assistente social nestes processos 
 
 
 
 Há diversos tipos de adoção e se faz importante dar destaque a cada um deles 
para que se tenha ciência do papel do assistente social nestes processos. Para 
Moreira (2011) a adoção está ligada com as noções de afeto e a necessidade de ter 
uma filiação para poder constituir a família que o senso comum está acostumado. 
 O caráter de irrevogabilidade da adoção traz a importância do processo e como 
os operadores do Direito e a equipe do Juizado da Infância e da Juventude têm o 
papel estruturar um processo que vise o melhor interesse da criança e que a adoção 
a ser realizada possa trazer benefícios e atender aos direitos da crianças que estão 
constituídas no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
 
2.1 Adoção a brasileira 
 
 A roda dos expostos foi de certo modo marco inicial para a adoção no Brasil, 
mas foi sendo extinta, pois a adoção passou a ser tratada como uma questão jurídica 
e com um trâmite bem pontuados pelo Estatuto da Criança e Adolescente. Contudo, 
como destaca Moreira (2011), a motivação pra se constituir uma família fazia com 
que principalmente, antes da década de 80, um casal registrasse uma criança como 
sua, sem muitas perguntas ou exigências de documentos, ou seja, o cartório não 
indagava e nem exigia comprovações que aqueles que ali estavam eram realmente 
pais da criança a ser registrada. Este tipo de faceta passou a ser conhecida como 
“adoção a brasileira”. 
 
Trata-se de assumir uma criança sendo está entregue pelos pais biológicos 
ou não, como sua, sem passar pelos trâmites legais, registrando-a como filho, 
burlando assim os processos legais de adoção, eles desconhecem o 
programa da justiça e depois buscam o juizado para “oficializar” a adoção 
(ELIAS, 1994 apud ARAÚJO MONTE, 2014). 
 
 
30 
 
 Esta forma irregular de adoção era facilitada pela não exigência de declarações 
e as pessoas costumavam utilizar documentos falsos oriundos da maternidade ou 
hospitais para subsidiar o delito, fugindo da burocracia do processo legal de adoção. 
Relembra-se que durante o século XVI as crianças adotadas desta forma passavam 
a ser tidas como empregadas da casa ou servir como companhia (ARAÚJO MONTE, 
2014). 
 Este tipo de adoção é ilegal por pular etapas de um processo já estruturado. É 
um ato que prever crime pelo código penal, contudo, mesmo sendo um crime de 
falsidade ideológica para a esfera criminal, aqueles que realizam este ato são, em sua 
maioria, absolvidos pois o juiz acaba julgando o ato como algo nobre realizado pelo 
casal (MOREIRA, 2011). 
 
A linha evolutiva do direito de família é consubstanciada pelo afeto enquanto 
valor jurídico e, portanto, como mola impulsionadora para fundamentar e até 
mesmo justificar um ato que em princípio colida com a lei, como é a hipótese 
da adoção à brasileira, mas que o tempo solidifica uma realidade fática 
baseada no sentimento e no amor. E é esta realidade que motiva o ser 
humano em sua vida e em sociedade (MOREIRA, 2011). 
 
 
 Para Moreira (2011), aqueles que recorrem a esse tipo de adoção trazem a 
justificativa de que através dela se permite aproveitar as etapas de desenvolvimento 
de um bebê, além de que há a possibilidade da criança não ter lembranças de sua 
família de biológica, “se oculta a real origem da criança e ao mesmo tempo se mostra 
à sociedade uma gestação virtual, como se o adotado realmente tivesse nascido 
daquele núcleo familiar”. 
 A nomenclatura para esse tipo de adoção é fazendo uma analogia ao chamado 
“jeitinho brasileiro”, conhecido como uma forma comum dos brasileiros buscar atos 
que o permitam tirar vantagem sobre as situações, “se trata de uma prática muito 
comum no Brasil, completamente à margem da lei, mas totalmente integrada aos 
nossos costumes e valores – em especial nas classes populares” (DOMINGOS 
ABREU apud ARAÚJO MONTE, 2014). Ehrlich (1986) apud Araujo Monte (2014), 
caracteriza tipos de pessoas, no ponto de vista psicológico, que realizam adoção a 
brasileira. O autor salienta que, em sua maioria, as pessoas que adotam desta 
maneira temem a demora na fila da adoção, incerteza se o Poder Judiciário aceitará 
seu pedido para habilitar-se ou colocar objeções por motivos como falta de recursos 
financeiros, anomalias psíquicas, inadequação para os cuidados de uma criança etc., 
31 
 
acreditam que iram perder tempo no Cadastro Único de Adoção podendo já está com 
um filho, a possibilidade de não vincular-se ao perfil da criança desejada, o receio de 
envelhecer sem filhos e ou está velho demais para ter filhos. 
 
E reforça a ideia de que a adoção é um processo lento e burocrático, e com 
a adoção à brasileira tudo se torna mais “fácil para as crianças” 
principalmente para os pais, que diminuiria o tempo de espera para ambos, 
mas deve-se lembrar de que adoção não é sinônimo de benesse e que há 
um fila de pais, que aguardam ansiosamente por essas crianças, o que acaba 
os desanimando e rendendo-se também à adoção à brasileira, fora o perfil de 
pais que buscam normalmente essa adoção ( ARAÚJO MONTE, 2014). 
 
 
 Em contraponto as características psicológicas para realizar uma adoção tarda, 
Felipe (2006) apud Araujo Monte (2014) ressalta que há uma perfil social semelhante 
entre os “adotantes”, sendo eles de uma classe média, com idade de 40 a 50 anos, 
não residem na região do cartório em que registraram ilegalmente a criança, sendo 
estes cartórios, em geral, nos interiores dos estados, justificam o ato expondo que a 
criança necessita de benefícios que registrada possui acesso e buscam 
prioritariamente recém-nascidos. 
 Segundo Moreira (2011), a adoção a brasileira, em sua maioria: 
 
 
Esconde desinformação, o medo de a mãe de ser presa ao abrir mão de um 
filho e a do postulante de enfrentar longa espera na Justiça. Mas, entre os 
especialistas, existe também a preocupação de que o esquema possa 
esconder pressão sobre a mãe biológica, chantagem contra o casal e até a 
compra e venda de uma criança. 
 
 
 Por outro lado, Araujo Monte (2014) destaca que os pais que adotam através 
da adoção brasileira nem em todas as vezes estão incumbidos de realizar um gesto 
nobre, estão interessados de suprir com suas necessidades seja de mostrar a 
sociedade que possuem uma família tradicional, seja com a questão de ter uma 
criança que possa no futuro servir de companhia ou cuidadora na velhice. A autora 
também realça que esses pais não podem ser considerados como delinquentes, mas 
como uma saída para crianças que até então não possuem expectativa de futuro em 
uma sociedade que não se importa com elas. 
 Tal qual Moreira (2011), existem situações que o gesto admirável se transforma 
em uma relação de “faz-de-contas”, acreditando que o que vive é real, mas não passa 
32 
 
de uma história contada da forma que os pais desejam, montando e desmontado um 
cenário de uma geração e nascimento que não existiu como foi retratada.Como num reality show em que tudo é falso, menos os participantes, os “pais” 
são impostos ao jovem como sendo o grupo familiar. Como que apagando 
todas as pegadas feitas num solo arenoso que foram deixadas para trás, os 
indivíduos praticantes da “adoção à brasileira” procuram esconder do petiz 
sua real origem, evitando ao máximo expô-lo aos verdadeiros genitores. A 
criança não pode ser criada num ambiente de “faz-de-conta”, em uma 
montagem que no futuro virá somente em prejuízo em seu desenvolvimento. 
A mentira gera a mentira (MOREIRA, 2011). 
 
 De acordo com Moreira (2011), há a possibilidade de regularização de uma 
adoção a brasileira, para isso os pais devem procurar a justiça através de um 
advogado, entrando com um processo no Juizado da Infância e da Juventude. Neste 
momento haverá entrevistas e audiência com os pais adotivos e biológicos, estes 
devem expressar a concordância com a ação. 
 O assistente social, conforme Araujo Monte (2014), precisa acompanhar o 
processo juntamente com a equipe especializada, para garantir que todas as partes 
envolvidas estejam com seus direitos garantidos, principalmente o melhor interesse 
da criança. O profissional deve trabalhar com estes casos de forma ética, importar-se 
com a proteção do menor, sua segurança e o cuidado para que situação não cause 
danos ao infante. “É necessário dar maior atenção aos casos, às denúncias e observar 
com mais vigor, para que não ocorram mais casos” (ARAUJO MONTE, 2014). 
 
2.2 Adoção intuitu personae 
 
 
 A adoção nomeada de intuitu personae é uma das modalidades da adoção que 
comumente é realizada no Brasil, se resguardando por brechas do próprio Estatuto 
da Criança e Adolescente. Oliveira e Santos (2017) explicam que a palavra intuitu 
personae deriva do latim e tem o significado literal de “consideração à pessoa”. Apesar 
de uma forma de adoção que diverge do que é constituído por lei, a adoção intuitu 
personae é realizada ao longo dos anos, pois era comum que os pais biológico 
escolhessem quem desejavam que cuidasse de seus filhos. Acredita-se que os 
motivos deste tipo de adoção tenham colaborado para a criação de leis que 
regulamente a adoção no Brasil, pois, maioria dos casos, fatores financeiros e 
emocionais contribuem para este ato (OLIVEIRA e SANTOS, 2017). 
33 
 
 Contribuindo, Pádua e Marques (2015), afirmam que pelo receio de um ato 
ilegal pouco se é sabido sobre a adoção intuitu personae. Bordallo apud Pádua e 
Marques (2015) explica que este tipo de adoção se sucede com uma intervenção dos 
pais biológicos que escolherão que família ficará com seu filho, isto sem interposição 
e conhecimento do Poder Judiciário, entrando em posteriori com o pedido de adoção. 
 
Toda a situação de escolha e entrega da criança aos pais socioafetivos se dá 
sem qualquer intervenção das pessoas que compõem o sistema de justiça da 
infância e juventude. O contato entre a mãe biológica e as pessoas desejosas 
em adotar se dá, de regra, durante a gestação, sendo o contato mantido 
durante todo o período, em que existe a prestação de auxílios à gestante. 
Com o nascimento da criança, esta é entregue à família substituta 
(BORDALLO, 2013 apud PÁDUA E MARQUES, 2015). 
 
 
 Outra importante definição é tida por Kusano apud Oliveira e Santos (2017): 
 
 
Adoção intuitu personae é aquela em que a mãe (geralmente; ou também o 
pai, se conhecido) manifesta a vontade de disponibilizar o filho para à adoção 
e, sem que tenha havido a suspensão ou a perda do poder familiar, indica, 
fundamentadamente, pessoa determinada para ser o adotante, antes que 
este tenha convivido com o adotante e, por isso, ainda não criado o vínculo 
de afeto (não se trata, pois, de regularizar situação fática anterior), 
desnecessário que o indicado esteja previamente inscrito no cadastro de 
adotantes. 
 
 Segundo Pádua e Marques (2015), existem fatores que contribuem pra que se 
realize uma adoção intuitu personae, destacam que seja por encontra uma criança 
abandonada ou trabalhar em algum ambiente voluntário ou instituição de abrigo e de 
certa forma acaba por criar vínculos com determinada criança ou mesmo pela mãe 
que não tem condições de sustento e de dar uma criação digna para o filho escolhe 
quem melhor pode ofertar um futuro a criança, mas isto não é reconhecido como um 
direito a mãe, cabendo um processo jurídico para isso. Sobre a entrega de um filho a 
determinada pessoa fugindo do aspecto legal, Dias apud Pádua e Marques (2015), 
destaca: 
 
E nada, absolutamente nada, deveria impedir a mãe de escolher a quem 
entregar o seu filho. Às vezes é a patroa, às vezes uma vizinha, em outros 
casos é um casal de amigos, que têm certa maneira de ver a vida, ou uma 
retidão de caráter, que a mãe acha que seriam os pais ideais para o seu filho. 
Basta lembrar que a lei assegura aos pais o direito de nomear tutor ao filho. 
E, se há a possibilidade de eleger quem vai ficar com o filho depois da morte, 
não se justifica negar o direito de escolha de a quem dar em adoção. Aliás, 
não se pode olvidar que o encaminhamento de crianças à adoção requer o 
consentimento dos genitores. 
 
34 
 
 Para Goulart Filho (2012) há uma resistência a este tipo de adoção e se faz por 
conta de anseios que estão deste o medo de um tráfico de crianças por parte daqueles 
que estão querendo adotar, há uma forma de comércio, em que os genitores entregam 
o filho e dizem favoráveis a adoção mediante pagamento. A nova Lei de Adoção de 
2009 tende a prepara uma melhor análise de tais questões. A nova lei endossa uma 
possibilidade de retirada da criança da família substituta e que seja devidamente 
adotada por quem está na fila, uma forma fria de pôr a lei em prática e não objetivando 
assegurar o melhor para a criança. 
 Deste modo, um outro lado deve ser considerado, pois não há garantia que o 
habilitado que está na fila do Cadastro Único de Adoção seja a pessoa ou o casal mais 
indicado para aquela criança como a família a qual está estava pertencendo. E mais: 
 
 
É importante a participação dos pais biológicos no destino dos filhos que 
entregam à adoção, é singular quando os pais biológicos nutrem relações de 
respeito, estima, consideração e, sobremodo, confiança em relação às 
pessoas por eles escolhidas para amar, criar e educar o filho dado em adoção. 
A entrega à adoção não é como um abandono, mas como um ato de 
paternidade responsável dos pais que não se veem em condições de criarem 
seus filhos, esta é uma importante diretriz para a adoção intuitu personae 
(COELHO apud GOULART FILHO, 2012). 
 
 
 Percebe-se que este tipo de adoção não está nos moldes que o ECA adota 
como forma de subsidiar um processo legal de adoção. Há uma lacuna no Estatuto e 
a adoção intuitu personae vale-se dela, na lei não se tem uma regulamentação a este 
ato, como também não há explicitamente uma vedação para que este tipo de adoção 
ocorra. A Lei Nacional de Adoção, Lei n. 12.010 de 2009, possui o seguinte parágrafo: 
 
 
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado 
no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: 
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; 
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha 
vínculos de afinidade e afetividade; 
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior 
de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência 
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada 
a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 
238 desta Lei. 
 
 
 Desta forma, utiliza-se do princípio do melhor interesse da criança e a adoção 
é devidamente configurada. Importante ressaltar que para Kusano apud Goulart Filho 
35 
 
(2012), há um tipo de adoção que se difere da adoção intuitu personae, a adoção 
pronta, sendo está uma “resposta” ao que é trazido com a nova lei da adoção. A 
adoção prontaocorre quando as pessoas recebem a criança e permanecem com ela 
até que cumpra o tempo designado por lei (3 anos) para que tenha uma vinculação 
afetiva entre os adotantes e o adotado e só depois leva-se o caso para o Poder 
Judiciário para regularização. 
 Para Granato (2010 apud OLIVEIRA e SANTOS, 2017, p. 54) de certa forma a 
nova lei “veio impossibilitar a adoção intuitu personae, em relação a crianças com 
menos de três anos de idade” e trazendo mais casos de adoções prontas. 
 Para a regularização da adoção intuito personae, Pádua e Marques (2015), 
afirmam que os mesmos requisitos que são utilizados em uma adoção pelo cadastro 
devem ser obedecidos neste tipo de modalidade de adoção. Os pais adotivos devem 
comprovar sua idoneidade, possuir motivos genuínos, mostrar as reais vantagens 
principalmente para a criança e realizar um período de estágio de conivência, para 
que a equipe designada pela Vara da Infância e Adolescência possa realizar uma 
avaliação acerca do convívio e vinculação das partes. 
 Para a equipe interprofissional composta de psicólogos e assistentes sociais, 
em caso de adoções intuitu personae a avaliação são mais detalhadas e com atenção 
a cada motivação, deve subsidiar a decisão do Juiz levando em conta se há ausência 
ou não de má-fé para que o casal tenha realizado esta adoção. O profissional deve 
observar até que ponto aquele deferimento suprirá os interesses do adotando, 
existência de laços de afinidade e afetividade e se as intenções são realmente 
genuínas. 
 
 
2.3 Adoção através do Cadastro Único de Adoção 
 
 De acordo com Junqueira e Serres (2010 apud QUEIROZ e BRITO, 2013, p. 
58), adotar alguém ainda causa estranhamento, pois a ação está envolta a mitos, com 
crenças que a justiça é lenta e com um excesso de burocracias, e adotar uma criança 
é está protegendo as famílias pobres e desestruturadas que deveriam ser assistidas 
pelo Estado. Esquecendo que o ato de adotar é uma busca de novas garantias par o 
direito de uma criança ou adolescente de ter uma convivência familiar sadia. 
 
36 
 
 As outras formas de adoção são realizadas através do cadastro único de 
adoção, sendo elas a adoção de bebes e a considerada adoção tardia, já discutidas. 
É importante destacar que a diferença existente destas adoções é principalmente pelo 
cunho cultural. 
 O cadastro permite que os pretendentes sejam vinculados a criança que esteja 
no perfil desejado. Para que se tenha um registro quanto o número de pretendes e 
crianças cadastras e as ações que acontecem durante o processo, a Corregedoria 
Nacional de Justiça disponibiliza relatórios a respeito da situação das partes 
envolvidas no processo. Os dados a seguir são para embasar a situação existente no 
Cadastro Único de Adoção e servem como informativo acerca do histórico dos 
pretendestes e crianças e adolescentes que estão cadastrados, disponíveis e 
vinculados até o momento da pesquisa. 
 
 
Tabela 1: Relatório pretendentes por estado brasileiro. 
 
REGIÃO CADASTRADOS % DISPONÍVEIS % VINCULADOS % 
Norte 1601 3,47% 1452 3,41% 149 4,13% 
Centro-oeste 3596 7,79% 3294 7,74% 302 8,37% 
Sudeste 22278 48,31% 20694 48,68% 1584 43,95% 
Sul 12347 26,77% 11262 26,49% 1085 30,10% 
Nordeste 6291 13,64% 5807 13,66% 484 13,42% 
Total 46113 42509 3604 
 
FONTE: Corregedoria Nacional de Justiça (2019). 
 
 Relacionado ao número de pretendentes, os dados presentes na tabela 1 
mostram como há mais habilitados na fila da adoção do que crianças disponíveis para 
adotar. Existem 42509 candidatos a futuros pais para apenas 4957 crianças 
disponíveis, uma margem de 8 pais para uma criança, contudo, essa relação também 
elenca adolescentes e crianças acima da idade que é mais escolhida pelos 
pretendentes. 
 Confere-se que na tabela 1, a região Sudeste é a que possui o maior número 
de habilitados cadastrados, disponíveis e vinculados, até o momento da pesquisa, 
sendo o percentual quase metade do total, seguida pela região Sul com quase 30% 
37 
 
do geral de cadastrados. A região norte é onde encontram-se os estados com menor 
número de pretendentes nas situações apresentadas. 
 Para a cartilha do CNJ (2013), desenvolvida para analisar os dados dos 
relatórios, o motivo para que as regiões Sudeste e sul tenham um número bem 
superior de cadastrados é por estas regiões possuírem 39 municípios com grandes 
capitais regionais com apenas 17,7% de área do território nacional, enquanto o 
restante do pais há somente 15 municípios com cidades influentes. 
 
As regiões constituídas por fluxos migratórios e imigratórios mais intensos, 
com uma identidade consolidada há décadas, com municípios bem 
distribuídos espacialmente e que exercem o papel de capital regional em 
várias regiões da malha geográfica de um estado, sugerem a formação de 
traços culturais mais habituados à diversidade (CNJ, 2013). 
 
 Assim, a cartilha aponta que possivelmente a grande maioria dos castrados são 
residentes destas cidades plurais e diversificadas. 
 
Tabela 2: Relatório de crianças e adolescentes no CNA por estado brasileiro. 
 
REGIÃO CADASTRADAS % DISPONÍVEIS % VINCULADAS % 
Norte 402 4,18% 189 3,81% 213 4,58% 
Centro-oeste 833 8,67% 424 8,55% 409 8,81% 
Sudeste 4198 43,73% 2260 45,59% 1938 41,75% 
Sul 2770 28,86% 1340 27,03% 1430 30,81% 
Nordeste 1395 14,53% 744 15% 651 14,02% 
Total 9598 4957 4641 
 
 FONTE: Corregedoria Nacional de Justiça (2019). 
 
 Na tabela 2 percebe-se que a região Sudeste, novamente, é a que possui maior 
número de crianças cadastradas, disponíveis e consequentemente, vinculadas; 
seguida pela região Sul do país. Os números também apontam como uma região que 
tem o percentual menor em relação as crianças é a região Norte. 
 O relatório apresenta dados são de relevância. A tabela 3 destaca o sexo das 
crianças que estão no cadastro e como é possível notar, o número de crianças ou 
adolescentes do sexo masculino cadastradas é maior que do sexo feminino, mesmo 
com este sendo o sexo de perfil mais desejado entre os pretendentes, como uma 
diferença de 124 vinculações de meninos para meninas. Além disso, a tabela 3 traz 
38 
 
informações a respeito do número de gémeos existentes no sistema, mostrando que 
uma pequena parcela, 3,01%, são de gêmeos e dos 289 cadastrados, somente 148 
foram vinculados. 
 
Tabela 3: Relatório do sexo das crianças e adolescentes no CNA. 
 
SEXO 
CADASTRADA
S % DISPONÍVEIS % VINCULADAS % 
Feminino 4507 47% 2249 
45.43
% 2258 
48.66
% 
Masculino 5083 53% 2701 
54.57
% 2382 
51.34
% 
 
Gêmeos 289 3.01 141 2.85% 148 3.19% 
 
FONTE: Corregedoria Nacional de Justiça (2019). 
 
 A cartilha do CNJ (2013) traz ressalvas, afirmam que nas regiões brasileiras o 
sexo da criança é um fator importante para a escolha do perfil de adotante desejado, 
dentre as regiões, o percentual é pequeno como mostrando na tabela 3. No mais, há 
regiões que os pretendentes preferem adotar uma criança do sexo feminino (Regiões 
Norte e Sul) e outras com preferência pra o sexo masculino (Região Nordeste) e as 
demais regiões que são indiferentes quanto ao sexo, conforme dados da cartilha da 
Corregedoria Nacional de Justiça (2013). 
 Outra informação levantada através do relatório da CNJ é quanto o número de 
criança acometidas com alguma doença e da possibilidade de estas serem também 
adotas, mesmo que sendo em menor ocorrência, como se confere na tabela 4. Em 
que as crianças cadastradas com algum tipo de patologia, percebe-se que 1250 
doenças foram detectadas e serão repassadas o seu diagnóstico para os 
pretendentes. 
 
Tabela 4: Relatório das doenças das crianças e adolescentes no CNA. 
 
DOENÇA CADASTRADAS % DISPONÍVEIS % VINCULADAS % 
HIV 82 0.85% 38 0.77% 44 0.95% 
39 
 
Deficiência física 327 3.41% 276 5.57% 51 1.1% 
Deficiência mental 797 8.31% 698 14.1% 99 2.13% 
Doença detectada 1250 13.03% 755 15.25% 495 10.67% 
Doença

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