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Prof. Luciano Luckaschek dos Santos O sistema respiratório é composto por: 1. Pulmões; 2. Caixa Torácica; 3. Músculos Ventilatórios; 4. Vias aéreas Superiores e Inferiores Composta por diversas estruturas anatômicas: 1. Coluna vertebral; 2. Costelas; 3. Esterno; 4. Clavículas; 5. Pulmões; 6. Coração; 7. Músculos - diafragma Função: têm como objetivo proteger os órgãos vitais (coração e pulmão). A caixa torácica possui características elásticas. Esta característica será fundamental para a compreensão da biomecânica pulmonar. Durante a Inspiração, ocorre um aumento do diâmetro torácico em todas as direções, aumentando inclusive, os espaços intercostais; já a Expiração, o tórax retorna ao seu estado fisiológico normal. Costelas: são os ossos que dão proteção aos pulmões e a outros órgãos da cavidade torácica. Fisiologicamente: 12 pares de costelas: 7 verdadeiras = pois se insere no esterno por meio das cartilagens costais 3 falsas = sua inserção no esterno é feita através da sétima costela 2 flutuantes = não possuem cartilagem costal São diretamente responsáveis pela condução dos gases através do sistema respiratório. Dividiremos as vias aéreas em: Vias Aéreas Superiores (VAS) – nariz à traqueia Vias Aéreas Inferiores (VAI) – traqueia aos alvéolos Vias Aéreas Superiores (VAS) – nariz à traqueia Vias Aéreas Inferiores (VAI) – traqueia aos alvéolos Composta: fossas nasais (nariz), faringe, laringe até o limite da traquéia. Função: 1. Aquecimento; 2. Umidificação; 3. Filtração; 4. Fonação; 5. Abertura e fechamento de vias aéreas e digestivas. Cavidade Nasal: função filtrar o ar inspirado, aquecer e umedecer, além da função olfatória Faringe: é um tubo muscular que se relaciona com a digestão e com a respiração. Laringe: localiza-se anteriormente à faringe e é continuada pela traqueia. Função, por meio da epiglote, é elevar-se, possibilitando a passagem do fluxo aéreo. Além disso situam-se as cordas vocais (glote), responsável pela fonação. Função: conduzir o ar até os alvéolos para que ocorram as trocas gasosas. Didaticamente dividiremos em 2 zonas: A) Zona de Condução – vai da traquéia até os bronquíolos terminais B) Zona Respiratória – vai dos bronquíolos respiratórios até os alvéolos A traqueia é a via primária da ventilação, ou seja, é a geração zero. Tubo cartilaginoso, semicilindrico, situado anteriormente ao esôfago. Anteriormente possui anéis de cartilagem (cerca de 15 a 20) e posteriormente é por musculatura traqueal. A carina é o último anel cartilaginoso da traqueia, dividindo em duas partes: brônquios fontes direito e esquerdo. Emergem em número de dois da bifurcação da traquéia e então passam a sofrer divisões. Á medida que se distanciam da carina sofrem mudanças estruturais e teciduais ( diminuição de calibre e adelgaçamento de parede e, menor quantidade de cartilagem e maior de músculo liso) Primeiro par de brônquios : brônquios primários – brônquio esquerdo é mais perpendicular ã traquéia e o direito segue uma continuação da traquéia Nas paredes bronquiais existem glândulas mucosas que produzem muco na luz bronquial e o mesmo é conduzido pelos cílios das células ciliadas até as extremidades mais altas das vias aéreas inferiores e em seguida é expectorado, sendo eliminado pela boca ou deglutido. Condutos aéreos que dão continuidade aos brônquios Subdivide-se em : bronquíolos terminais e respiratórios As características dos bronquíolos são: diâmetro menor que um milímetro e ausência de cartilagem em sua estrutura parietal (o que permite a compressão destas pequenas vias aéreas), sendo o músculo o elemento que sobressai em sua estrutura. O ponto mais distal das vias condutoras é o bronquíolo terminal, Não apresenta cartilagem nem glândulas mucosas Desde a traquéia até os bronquíolos terminais, essa rede de condutos aéreos envolve o denominado espaço morto anatômico. Ao final dos bronquíolos terminais, estão localizados os dutos e sacos alveolares. Na transição entre os bronquíolos terminais e os sacos alveolares, alvéolos já surgem na parede dos bronquíolos, constituindo os chamados bronquíolos respiratórios. Ausência de Músculos lisos em sua parede Revestimento: Epitélio Cúbico não ciliado Devido a rica rede capilar nesse local e a fina parede , começa a surgir interação do ar com o sangue ( troca gasosa) Estruturas de formato sacular com parede extremamente delgada A parede alveolar se funde com a dos capilares e dá origem à membrana alveolo-capilar (pneumócitos tipo I – trocas gasosas) No interior dos alvéolos existe um líquido denominado surfactante (pneumócitos tipo II) – manutenção da tensão superficial (evita colabamento e hiperdistensão) Poros de Khon e Canais de Lambert - pequenas comunicações entre os alvéolos ( possibilita a ventilação colateral) Fig 04-2. Alvéolo único apresentando poros de Kohn ( ) no pulmão de rato. ácino lóbulo BRONQUÍOLOS E ALVÉOLOS As paredes da traqueia e das VAI são constituídas por epitélio pseudestratificado ciliado com presença de células caliciformes. As glândulas brônquicas, por meio das células caliciformes, produzem o muco e os cílios funcionam como uma vassoura, levando o muco em direção às VAS. O muco e batimento ciliar auxiliam na limpeza das VAI. Traqueia, brônquios e bronquíolos são revestidos por musculatura lisa (contração involuntária), aumentando e diminuindo o calibre das VAS. Bronquíolos terminais a presença de musculatura lisa é praticamente virtual. EPITÉLIO E ALVÉOLOS Os pulmões são os responsáveis pela realização das trocas gasosas por meio de seu sistema de condução (VA) e sua verdadeira área de troca gasosa (alvéolos). Ocupam a maior parte do tórax e tem entre si o coração Apresentam formato piramidal sendo o ápice a porção superior e a base a porção inferior A base é mais elevada anteriormente e mais inferior posteriormente Os pulmões são envolvidos pela pleura visceral que após revestir os pulmões reveste a caixa torácica sendo então denominada pleura parietal Essas duas membranas permanecem em contato intimo exceto na parte mais medial dos pulmões onde se situa o hilo pulmonar (região por onde entram e saem vasos, nervos e brônquios) Os pulmões situam-se no interior da caixa torácica e toda sua superfície é recoberta pela pleura, que é uma membrana serosa e fina. Didaticamente são divididas em: Pleura visceral ou pulmonar = intimamente aderida ao pulmão, ou seja, é parte mais interna da pleura. Pleura Parietal = esta em contato direto com as estruturas tórax e sua parede é mais espessa. Entre os lobos pulmonares há uma invaginação da pleura visceral denominada fissura pulmonar – confere independência funcional e estrutural entre os lobos pulmonares Pulmão direito – fissura horizontal e oblíqua Pulmão esquerdo – fissura oblíqua Constituído por um arcabouço osteomuscular cartilaginoso, tendo como estruturas principais as costelas, vértebras torácicas, o esterno e a cartilagem condroesternal, todos revestidos e intercalados por músculos esqueléticos. Este conjunto denomina-se gradil costal O gradil costal movimenta-se a cada respiração, expandindo-se na fase inspiratória e retraindo-se na fase expiratória (recuo elástico) Caixa torácica Arcabouço ósseo e músculos respiratórios Prof. Luciano Luckaschek dos Santos Ventilação é definida como a passagem do ar pelas vias aéreas. O ar entra pelas vias aéreas durante a inspiração, que é realizada pelos músculos ventilatórios, principalmente pela atuação do diafragma. Em seguida, o ar será expelido dos pulmõesdurante a expiração que, em repouso, é passiva. Corresponde à quantidade de ar inspirada/expirada por minuto Inspiração – fase ativa Expiração – fase passiva PL – pressão transpulmonar PA – pressão alveolar Ppl – pressão pleural 63 Pressões de vias aéreas na ventilação pulmonar Inspiração Contracção muscular → ↑ dimensão da caixa tóracica → ↓ da pressão no interior do tórax → entrada de ar nas vias aéreas (compliance) Expiração Quando pressão no interior do tórax = pressão atmosférica → propriedades elásticas do pulmão → saída de ar (elasticidade) Corresponde à energia dispendida na mobilização do pulmão e da caixa torácica Deve ser o menor possível para evitar fadiga respiratória Surfactante Substância rica em fosfolípidos produzida pelos pneumócitos tipo 2 reduz o trabalho muscular Ações diminui a força elástica do pulmão (evita colapso) estabiliza os alvéolos (≠ dimensões) Para expandir os pulmões é necessário um mínimo de esforço, que ocorre naturamente, na atividade da respiração. A maior ou menor capacidade de expansão pulmonar é denominada de Complacência. Representa a força de atração das moléculas de água, quando se encontram à superfície (em contacto com o ar) Promove o colapso alveolar Diminuída pelo surfactante Contribui de forma direta na força de retração elástica pulmonar Durante a ventilação, a passagem de dos gases pelas VA proporciona uma variação do volume pulmonar. Inspirações ou expirações forçadas também interferem diretamente nesta variação do volume. Volume Corrente (VC): volume pulmonar conquistado durante a ventilação em repouso.(500 ml) Volume de Reserva Inspiratório (VRI): volume pulmonar conquistado após uma inspiração profunda, a partir do VC (3.000 ml) Volume de Reserva Expiratório (VRE): volume de ar eliminado após uma expiração forçada, a partir do VC (1.100 ml) Volume Residual (VR): volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração forçada (1.200 ml) Capacidades Pulmonar Total (CPT): VC+VRI+VRE+VR Capacidade Vital (CVt): VC+VRI+VRE Capacidade Inspiratória (CI): VC+VRI Capacidade Residual Funcional (CRF): VR+VRE Volume Minuto (VM): é a quantidade de ar que é mobilizada nas vias aéreas em 1 minutos, ou seja, o produto do volume corrente (VC) pela frequência respiratória (FR) VM = VC x FR Espaço morto anatômico: volume de ar que não chega aos alvéolos, permanecendo nas vias de condução. Espaço morto alveolar: alvéolos que são ventilados mas não estão perfundido. Espaço morto Fisiológico: a soma do espaço morto anatômico com o espaço morto alveolar Dinâmica dos fluídos (fluxos) A perfusão é caracterizada pela passagem do sangue pelo capilar pulmonar, carreando o O2 para nutrir os tecidos, e eliminando o CO2 proveniente do ciclo tecidual. Os brônquios possuem circulação própria denominada circulação brônquica, que é constituída de artéria e veias brônquica, que levam, respectivamente sangue arterial para nutrir as vias aéreas e retornam com sangue venosos 78 A distribuição do débito sanguíneo no pulmão é heterogénea devido a: 1. efeito da pressão hidrostática (gravidade) 2. presença de vasos colapsáveis e distensíveis (reserva para o esforço) Depende: - do calibre dos vasos (determinado pelo músculo liso vascular) - da viscosidade do sangue - do volume pulmonar (por compressão dos vasos alveolares) É caracterizada pela passagem do gás do meio em que se encontra mais concentrado, para o meio menos concentrado, ou seja, a favor do gradiente de concentração (transporte passivo). No caso da respiração, a difusão será feita em área conhecida como ácino, ou área de troca gasosa (bronquíolos respiratórios aos alvéolos) Seu objetivo final é a hematose, passagem (difusão) do O2 e CO2 pela barreira alveolocapilar, em sentidos opostos. 81 Corresponde ao movimento passivo dos gases, sem consumo energético, entre os dois lados da membrana alvéolo-capilar, a favor do seu gradiente de pressão. A solubilidade do CO2 no sangue é cerca de 20x superior à do O2 A solubilidade do O2 na membrana é cerca de 15x superior à do CO2 A quantidade de gás transferida através de uma barreira tecidual é proporcional à sua área, a uma constante de difusão e à diferença de pressão parcial, e é inversamente proporcional à espessura 1. Gradiente de pressão: quanto maior o gradiente de pressão, mais fácil a difusão. 2. Área alveolar e área capilar: quanto maior a área do alvéolo e do capilar , mais fácil a difusão 3. Espessura das paredes alveolar e capilar: quanto menor a espessura da parede alveolar e capilar, mais fácil a difusão. 4. Velocidade de transferência dos gase Ventilação: através do qual o ar da atmosfera chega aos alvéolos; Perfusão: processo pelo qual sangue venoso procedente do coração chega aos capilares dos alvéolos; Difusão: processo em que o oxigênio do ar contido nos alvéolos passa para o sangue ao mesmo tempo em que o gás carbônico contido no sangue passa para os alvéolos. Funções respiratórias Definida como a relação direta entre a complacência e a resistência alveolar. Isto quer dizer que a constante de tempo reflete a mecânica de enchimento e esvaziamento pulmonar, ou seja, o tempo que os pulmões levam para expandir e se esvaziar CT = Complacência x Resistência 88 V/Q – principal factor que determina a eficiência da função pulmonar Alterações de V/Q levam inicialmente a ↓ pO2 89 Distribuição da ventilação: não é uniforme (na base é o dobro do vértice) varia com a gravidade e resistência das VA Distribuição da perfusão: não é uniforme (base 4x o vértice) varia com gravidade, DC e vasoconstrição 90 Espaço-morto Zona pulmonar ventilada mas não perfundida anatómico (traqueia e brônquios não respiratórios) fisiológico 91 Shunt Zona pulmonar perfundida mas não ventilada A – PO2 e PCO2 com V/Q normal. PO2 ar inspirado150/PCO2 0 Sangue venoso misto PO2 40 e PCO2 45. Equilíbrio => 100 e 40 B – Obstrução da ventilação e fluxo inalterado. O2 ↓ e CO2 ↑ Relação V/Q => 0. C – Obstrução do fluxo de sangue. O2 ↑ ↓ e CO2 ↓ Relação V/Q => tendendo ao infinito. Envolve vários passos: 1. Difusão através da membrana 2. Transporte de O2 até aos tecidos 3. Extracção de O2 a nível tissular 4. Transporte de CO2 Transporte de Gás O O2 é transportado por dois caminhos: Dissolvido no plasma Ligado a hemoglobina, como oxihemoglobina (HbO2) 98 A afinidade da Hg para o O2 varia com: 1. temperatura 2. pCO2 3. [H+] (efeito de Bohr) 4. 2,3 – DPG Importância fisiológica dos desvios da curva para a dta e para a esq O CO2 é transportado por três caminhos: Dissolvido no plasma Ligado com hemoglobina, como carboxihemoglobina (HbCO2) Proteínas plasmáticas convertido em íons bicarbonato 102 O transporte de O2 facilita a liberação de CO2 pela hemoglobina. Isto é conhecido como Efeito Haldane. O transporte de CO2, através da formação de íons hidrogênio, facilita a liberação de O2 pela hemoglobina. O efeito de redução do pH com a liberação de O2 é conhecido como Efeito Bohr. A eficácia da respiração depende de: regulação da ventilação regulação da perfusão regulação da relação ventilação-perfusão (V/Q) Duas formas de controlo: 1. metabólico ou automático 2. comportamental ou voluntário Regulação da ventilação pelo sistema nervoso central Bulbo Medula ve n ti la çã o a u to m á ti ca Córtex cerebral Ponte Centro pneumotáxicove n ti la çã o vo lu n tá ri a Quimiorreceptores aórticos e corpos carotídeos Quimiorreceptores bulbo Centro apnêustico • O ritmo respiratório basal é mantido pelo centro respiratório, localizado no bulbo. Outros centros respiratórios, localizados no bulbo e ponte também controlam a respiração. Quimioreceptores controlam a PCO2, pH e PO2 dos sangue arterial e alteram o ritmo respiratório. CO2 refletido pelas mudanças no pH, é o mais importante estímulo do controle respiratório. Mudanças no pH por acidose metabólica também altera a ventilação. O2 estimula a respiração apenas quando a PO2 sanguínea é muito baixa. Mecanoreceptores Encontram-se nas vias aéreas, parênquima pulmonar e parede torácica de distensão ou adaptação lenta – estão na parede das vias aéreas de irritação ou adaptação rápida – estão nas vias aéreas de maior calibre J (jota) – estão nos alvéolos; estimulados pela distorção e pelo edema fusos neuromusculares – informam sobre a relação tensão-comprimento dos músculos Quimioreceptores Sensíveis às variações de pH, pO2 e pCO2 periféricos – localizados nos corpos carotídeos e aórticos; respondem às variações da pO2 no sangue centrais – localizados no bulbo; são sensíveis às variações da concentração de H+ no LCR (variação lenta porque é necessário que o CO2 atravesse a barreira hemato-encefálica)
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