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livro introdução surdo cegueira

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Introdução aos estudos 
da surdocegueIra
Prof.ª Ana Regina e Souza Campello
Prof.ª Elis Gorett da Silveira Lemos
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Ana Regina e Souza Campello
Prof.ª Elis Gorett da Silveira Lemos
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C193i
Campello, Ana Regina e Souza
 Introdução aos estudos da surdocegueira. / Ana Regina e Souza 
Campello; Elis Gorett da Silveira Lemos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 207 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-270-4
 ISBN Digital 978-65-5663-264-3
 1. Surdocegueira. - Brasil. I. Lemos, Elis Gorett da Silveira. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Introdução aos 
estudos da Surdocegueira, que é uma disciplina de grande importância 
para o desenvolvimento de um trabalho voltado para a inclusão da pessoa 
surdocega, tanto em sociedade como na área escolar. Durante esta disciplina, 
aprenderemos sobre a pessoa com deficiência visual e nos aprofundaremos, 
de fato, nos estudos introdutórios da pessoa com surdocegueira, cuja 
realidade é pouco conhecida.
Na Unidade 1, estudaremos a história que envolve a comunidade 
surdocega, relembrando órgãos importantes relacionados aos surdocegos no 
mundo e aqui no Brasil e os personagens importantes que marcaram o início 
da comunidade surdocega na área educacional. Além disso, trouxemos 
pesquisadores atuais que romperam barreiras e hoje são grandes militantes 
da causa surdocega, trazendo seus estudos para o conhecimento da sociedade 
em geral. Na continuação, consideramos os conceitos de deficiência visual, 
pessoa com baixa visão, aprofundando-nos em conceitos e classificações 
da surdocegueira. Veremos, também, aspectos legais de apoio à pessoa 
surdocega no tocante da acessibilidade, bem como seu perfil social.
Na Unidade 2, consideraremos como a interdependência relacionada à 
cultura e identidade da pessoa surdocega pode limitar e/ou potencializar suas 
habilidades. As diferentes formas de comunicação dos surdocegos advindas 
das classificações da surdocegueira, além de estímulos e oportunidades que 
lhes foram dadas ao longo da vida. Nesse interim, passaremos pelo perfil 
do profissional em acessão, o guia-intérprete surdo e, principalmente, pela 
formação e atuação do guia-intérprete ouvinte.
Finalizando, na Unidade 3, iniciaremos contextualizando a escola como 
um espaço de interações importante para o aluno surdocego. Relembraremos 
algumas políticas públicas que envolvem a educação inclusiva, bem como o 
papel da escola inclusiva para com o aluno surdocego. A importância de o 
saber comunicar e de que forma deve ser a postura do educador ao receber 
e lidar com as singularidades dos alunos surdocegos dentro de sala e suas 
devidas adequações. Sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE) 
para alunos surdocegos, veremos como algumas tecnologias voltadas para 
área da educação têm sido fomentadas para o ensino-aprendizagem. Além 
disso, pesquisaremos como o sujeito surdocego tem sido protagonista de sua 
própria história por meio das redes sociais. Temos certeza que, juntos, vamos 
conhecer melhor o mundo onde prevalecem as sensações em sua volta. 
Bons estudos! 
Prof.ª Ana Regina e Souza Campello
Prof.ª Elis Gorett da Silveira Lemos
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumárIo
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, 
 BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA ................................................................... 1
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS 
 TEÓRICOS E HISTÓRICOS ....................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 BREVE APONTAMENTOS HISTÓRICOS DA PESSOA SURDA E CEGA NO 
 MUNDO E NO BRASIL ..................................................................................................................... 3
3 INSTITUTOS COMO REFERÊNCIA PARA COMUNIDADES SURDOCEGAS ................ 13
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 22
TÓPICO 2 — ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA 
 VISUAL E SURDOCEGUEIRA ................................................................................. 25
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25
2 SURDOCEGO NO CONTEXTO DAS INTERAÇÕES .............................................................. 25
2.1 COMPETÊNCIA SOCIAL E SURDOCEGUEIRA .................................................................... 27
3 O OLHO HUMANO .......................................................................................................................... 27
4 BREVE CONCEITO DE DEFICIÊNCIA VISUAL ...................................................................... 30
4.1 CAUSAS MAIS COMUNS E PREVENÇÃO À SURDOCEGUEIRA .................................... 32
5 ETIOLOGIA DE SURDOCEGUEIRA .......................................................................................... 33
5.1 CAUSAS MAIS COMUNS E PREVENÇÃO À SURDOCEGUEIRA .................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 42
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 44
TÓPICO 3 — CONTEXTODA LEGISLAÇÃO E OS DIREITOS DO SUJEITO 
 COM DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGO .................................................. 47
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47
2 DIVERGENCIAS E SEMELHANÇAS ENTRE AS LEIS PARA ASSEGURAR 
 O DIREITO DO SURDO CEGO ..................................................................................................... 47
3 ACESSIBILIDADE PARA PESSOA SURDOCEGA POR MEIO DE 
 DECRETO E LEIS .............................................................................................................................. 50
4 A FAMÍLIA E O PERFIL DA PESSOA SURDOCEGA – BREVE ENREDO ............................ 57
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 61
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 64
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 66
UNIDADE 2 — COMUNICAÇÃO E SURDOCEGUEIRA: O PODER 
 TRANSFORMADOR NA VIDA SOCIAL E ACADÊMICA ........................... 71
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO E ENFRENTAMENTO DAS DIFICULDADES 
 DIÁRIAS DO SURDOCEGOS E BAIXA VISÃO ................................................. 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 INTERDEPENDÊNCIA DA SURDOCEGUEIRA ....................................................................... 74
2.1 POTENCIALIDADES VERSUS LIMITAÇÕES ......................................................................... 75
2.1.1 O potencial por trás do sujeito surdocego: ...................................................................... 75
2.1.2 Limitações e o sujeito surdocego ....................................................................................... 76
3 SURDOCEGOS E AS DIFERENTES FORMAS DE SE COMUNICAR ................................. 77
3.1 LIBRAS TÁTIL............................................................................................................................... 78
3.2 LIBRAS EM CAMPO REDUZIDO ............................................................................................. 79
3.3 TADOMA ...................................................................................................................................... 80
3.4 ALFABETO DATILOLÓGICO TÁTIL ....................................................................................... 80
3.5 O ALFABETO DATILOLÓGICO EM LETRAS DE FORMA .................................................. 81
3.6 BRAILLE......................................................................................................................................... 81
3.7. BRAILLE TÁTIL ........................................................................................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 88
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89
TÓPICO 2 — ACESSIBILIDADE E/ OU ADAPTAÇÃO: O PAPEL DO 
 GUIA-INTÉRPRETE ................................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 OS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM COM SURDOCEGO: MEDIADOR 
 E GUIA-INTÉRPRETE: APROXIMAÇÃO E DISTANCIAMENTO .......................................92
2.1 PROFISSIONAL GUIA-INTÉRPRETE – IDENTIFICANDO A CULTURA DO 
SURDOCEGO ............................................................................................................................... 93
2.2 SURDOCEGUEIRA – MEDIAÇÃO ........................................................................................... 95
2.3 O GUIA-INTÉRPRETE E SUA ATUAÇÃO .............................................................................. 95
2.4 O GUIA-INTÉRPRETE SURDO .................................................................................................. 96
3 TÉCNICAS DE GUIA INTERPRETAÇÃO PELA NBR l5.599:2008 ....................................... 101
4 TIPOS DE INTERPRETAÇÃO ..................................................................................................... 106
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 110
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119
TÓPICO 3 — AS REDES SOCIAIS E A TRANSFORMAÇÃO NA VIDA DA 
 PESSOA COM SURDOCEGUEIRA ALIADA AO GUIA-INTÉRPRETE ........ 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121
2 SURDOCEGO X REDES SOCIAIS .............................................................................................. 121
3 REDES SOCIAIS OS BENEFÍCIOS PESSOAIS PARA O SURDOCEGO E O GUIA-
 INTÉRPRETE .................................................................................................................................... 122
3.1 COMUNIDADE SURDOCEGA CONECTADA .................................................................... 124
3.2 INFLUENCIADORES SURDOCEGOS – SUA PRÓPRIA HISTÓRIA ................................ 124
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 129
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 131
UNIDADE 3 — A PESSOA COM SURDOCEGUEIRA – CENÁRIO EDUCACIONAL
 BRASILEIRO E TECNOLOGIAS PARA SUA EDUCAÇÃO FORMAL ....... 139
TÓPICO 1 — CONCEPÇÕES ORIENTADORAS NA EDUCAÇÃO FORMAL 
 DA PESSOA SURDOCEGA E SEU AMPARO LEGAL ..................................... 141
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141
2 A EDUCAÇÃO FORMAL DA PESSOA SURDOCEGA ......................................................... 142
2.1 DOCUMENTOS NORTEADORES E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................... 143
3 ESCOLA COMUM E ESCOLA INCLUSIVA ............................................................................. 145
3.1 O PAPEL DA ESCOLA INCLUSIVA NA VIDA DO SURDOCEGO .................................. 146
3.2 COMUNICAÇÃO E A ESCOLA .............................................................................................. 147
3.3 POSTURA PROFISSIONAL DO PROFESSOR ....................................................................... 148
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 151
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) E O 
 CONTEXTO DO ALUNO SURDOCEGO ............................................................ 153
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................153
2 CONTEXTUALIZANDO O ATENDIMENTO EDUCACIONAL 
 ESPECIALIZADO (AEE) ................................................................................................................ 154
2.1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) E O ATENDIMENTO 
 E O ALUNO COM SURDOCEGUEIRA .................................................................................. 156
3 OBJETOS DE REFERÊNCIA PARA REALIZAR ATIVIDADES COM O ALUNO
 SURDOCEGO................................................................................................................................... 160
3.1 CAIXAS DE ANTECIPAÇÃO COMO FACILITADOR COGNITIVO ................................ 162
3.2 CALENDÁRIOS .......................................................................................................................... 164
4 ADEQUAÇÕES PARA O ATENDIMENTO ESCOLAR DA CRIANÇA 
 SURDOCEGA .................................................................................................................................. 171
4.1 ADEQUAÇÕES TÁTEIS ............................................................................................................ 171
4.2 ILUMINAÇÃO ........................................................................................................................... 171
4.3 POSIÇÃO E DISTÂNCIA ......................................................................................................... 172
4.4 DISPOSIÇÃO DA SALA E ORIENTAÇÕES PARA AS ATIVIDADES ............................... 173
4.5 MOVIMENTAÇÃO DO PROFESSOR EM SALA DE AULA COM ALUNO 
 SURDOCEGO .............................................................................................................................. 173
4.6 ALTERAÇÕES NO TAMANHO DAS FONTES, ÂNGULO E NA DISTÂNCIA .............. 175
4.7 MATERIAIS ESCRITOS ............................................................................................................. 175
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 178
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181
TÓPICO 3 — AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS DIRECIONADAS PARA OS 
 ALUNOS SURDOCEGO NA ESCOLA ................................................................ 181
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181
2 LEGISLAÇÃO E TECNOLOGIA ASSISTIVA ........................................................................... 182
2.1 TECNOLOGIA ASSISTIVA – LEGISLAÇÃO NACIONAL ................................................ 183
2.2 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NO CONTEXTO DA ESCOLA INCLUSIVA ..................... 184
2.3 TECNOLOGIA ASSISTIVA E A INFORMÁTICA ................................................................. 186
2.4 TECLADO PROGRAMÁVEL INTELLIKEYS ........................................................................ 187
2.5 SISTEMAS DE CONTROLE DE AMBIENTE ......................................................................... 188
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 191
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 201
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 202
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 203
1
UNIDADE 1 — 
APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA 
DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E 
SURDOCEGUEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• analisar a importância da sociedade na inclusão da pessoa com 
deficiência visual e com surdocegueira;
• passear pela história que permeia o universo social e educacional da 
pessoa surdocega no mundo e no Brasil;
• relembrar personagens que contribuíram para realização de estudos e 
construção de conceitos;
• conceituar deficiência visual, baixa visão ou visão subnormal (VSN) e 
surdocegueira;
• conhecer e identificar os tipos de surdocegueira a fim de relacionar suas 
identidades;
• compreender a importância da prevenção para deficiência visual para 
um bom prognóstico;
• compreender a legislação acerca da classificação e direitos sociais da 
pessoa com deficiência visual atrelado a pessoas com surdocegueira;
• identificar e entender o perfil social do indivíduo surdocego.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS
 TEÓRICOS E HISTÓRICOS 
TÓPICO 2 – ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA
 VISUAL E SURDOCEGUEIRA
TÓPICO 3 – CONTEXTO DA LEGISLAÇÃO E OS DIREITOS DO 
 SUJEITO COM DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGO
2
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS 
TEÓRICOS E HISTÓRICOS
1 INTRODUÇÃO
A discussão sobre a inclusão na sociedade e escola de sujeitos com 
deficiência visual, visão subnormal/baixa visão e surdocegueira ainda é muito 
tímida, pois envolve questões como as diferentes concepções de deficiência, 
principalmente, conhecimento dos estilos de vida e aprendizagem, além das reais 
necessidades de acessibilidade e de comunicação dessa população. 
Nesse interim, muitos questionamentos a respeito de uma pequena 
comunidade dentro desse público têm sido feitos: como a pessoa surdocega 
se comunica? O que significa incluir, de fato, a pessoa surdocega na sociedade 
e na escola? Bem, no Brasil, são poucos os estudos a respeito da pessoa com 
surdocegueira, mesmo assim, as pesquisas e experiências na área com essa 
comunidade específica têm sido muito positivas, principalmente com aqueles 
que já possuem uma comunicação mais eficiente. Neste caso, as oportunidades 
de aprendizagem têm sido significativas.
Assim, neste tópico, buscaremos romper paradigmas excludentes na 
sociedade e na escola, por meio da valorização, respeito e compreensão das 
diferenças, que compreende todas as pessoas como únicas e especiais, capazes de 
superar dificuldades, desde que respeitadas as suas possibilidades e necessidades. 
Então, vamos iniciar esta pesquisa?
 
2 BREVE APONTAMENTOS HISTÓRICOS DA PESSOA SURDA 
E CEGA NO MUNDO E NO BRASIL
A história da pessoa com surdocegueira aqui no Brasil, de modo geral, 
seja em sociedade ou na escola, não é muito robusta como normalmente se fala 
da pessoa com deficiência intelectual, por exemplo. Ainda são poucos os registros 
a respeito da comunidade surdocega. No Brasil, como já destacado, essa história 
caminha devagar, mas com bons avanços, e, com certeza, daqui alguns anos 
teremos muito o que contar sobre a evolução na vida dos surdos cegos brasileiros 
em sociedade e escola.
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
4
Segundo Estimado e Sofiato (2019), o surgimento da educação de surdos 
e cegos está na França, no século XVIII, e, no Brasil, foi iniciado no século XIX. 
Diante desse repertório, não podemos deixar de falar da história das pessoas 
surdocegas, bem como a história de duas mulheres notavelmente famosas. 
O primeiro exemplo é Laura Bridgman, que entrou no Instituto Perkins 
(EUA) em 1837, historicamente foi a primeira surdocega a ser educada com 
sucesso, antecedendo Helen Keller. Embora não se tenha muitosestudos a seu 
respeito, acredita-se que ela morou nesse instituto até a data de sua morte.
FIGURA 1 – SURDOCEGA LAURA BRIDGMAN
FONTE: <https://www.libras.com.br/images/artigos/surdos-famosos/laura-bridgman.png>. 
Acesso em: 1º out. 2020.
Laura Dewey Bridgman nasceu no dia 21 de dezembro de 1829 em Hanover, 
New Hampshire, EUA, filha de trabalhadores da Nova Inglaterra. É conhecida como a primeira 
criança americana surdocega a obter uma educação significativa no idioma inglês, 50 anos 
antes de Helen Keller. Laura era muito conhecida por sua capacidade de conversar com 
professores, familiares, colegas e o público curioso em geral. 
FONTE: <https://www.libras.com.br/surdos-famosos-laura-bridgman>. Acesso em: 1º out. 2020.
INTERESSA
NTE
Já Helen Keller teve uma bela experiência de vida com o auxílio de sua 
professora Anne Sullivan. Assim como Laura Bridgman, Helen Keller também 
estudou na Perkins por muitos anos, foi aluna e depois professora.
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
5
FIGURA 2 – SURDOCEGA HELEN KELLER
FONTE: <https://bit.ly/3owq7hB>. Acesso em: 1º out. 2020.
Como podemos notar, historicamente a educação de surdocegos tem 
suas origens na França e nos EUA, e, claro, consequentemente, hoje em dia, há 
mais pesquisas e profissionais na área de surdocegueira nestes países do que no 
restante do mundo. De acordo com Kenmore (1977), os programas para educação 
de surdocegos na Europa tiveram seu início na França (1884), seguindo-se na 
Alemanha (1887) e Finlândia (1889). 
A seguir, para aumentar seu conhecimento, trouxemos um recorte 
da história de Helen Keller, grande precursora da educação, socialização e 
comunicação da pessoa surdocega.
Não deixe de assistir estes vídeos históricos, ainda sem tradução para língua 
portuguesa. Eles destacam alguns aparecimentos de Helen Keller, em público, inclusive 
um encontro com o presidente Kennedy, em todos eles, sua professora, Anne Sullivan, 
acompanhou-a fazendo a mediação na comunicação.
https://www.youtube.com/watch?v=8ch_H8pt9M8
https://www.youtube.com/watch?v=KLqyKeMQfmY
https://www.youtube.com/watch?v=nqHdEPaUP6w&list=RDCMUCGp4u0WHLsK8OAxnvw
iTyhA&start_radio=1&t=1
DICAS
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
6
HELEN KELLER
A vida de Helen Adams Keller (1880-1968) é a história de uma criança 
que, aos 18 meses de idade, ficou cega e surda e de sua luta árdua e vitoriosa 
para integrar-se na sociedade, tornando-se além de célebre escritora, filósofa 
e conferencista, uma personagem famosa pelo trabalho incessante que 
desenvolveu para o bem-estar das pessoas com deficiência.
Nasceu em 27 de junho de 1880 em Tuscumbia, Alabama, descendendo 
de família tradicional do Sul dos Estados Unidos, passou os primeiros anos de 
sua vida sem orientação adequada. Alguns meses antes de Helen completar 
sete anos de idade, Anne Sullivan, uma professora de 21 anos, foi morar em 
sua casa para ensiná-la.
A professora Anne Sullivan havia estudado na Escola Perkins para 
Cegos (Perkins School for the Blind), pois quando criança tinha sido cega. Até 
a chegada da professora, Helen Keller ainda não falava e não compreendia o 
significado das coisas. Anne Sullivan assumiu a tarefa de ensinar Helen Keller 
e para isso necessitou de muita coragem e persistência.
No dia 5 de abril de 1887, Helen e sua professora estavam no quintal 
da casa, perto de um poço, bombeando água. A professora Sullivan colocou 
a mão de Helen na água fria e sobre a outra mão soletrou a palavra "água", 
primeiro vagarosamente, depois rapidamente. De repente, os sinais atingiram 
a consciência de Helen, agora com um significado.
Ela aprendeu que "água" significava algo frio e fresco que escorria entre 
suas mãos. A seguir, tocou a terra e pediu o nome daquilo e ao anoitecer já 
haviam relacionado trinta palavras aos seus significados. Este foi o começo da 
educação de Helen Keller. Numa sucessão rápida, ela aprendeu os alfabetos 
braile e manual, facilitando, assim, sua aprendizagem da escrita e leitura.
Em 1890, ela surpreendeu a "Professora" (como chamava Anne Sullivan) 
pedindo para aprender a falar. Sob a orientação de Anne Sullivan, matriculou-
se no Instituto Horace Mann para Surdos, de Boston, e depois na Escola 
Wright-Eumason Oral de Nova Iorque, lá, durante dois anos, recebeu lições de 
linguagem falada e de leitura pelos lábios.
Além de aprender a ler, escrever e falar, Helen Keller demonstrou 
também excepcional eficiência no estudo das disciplinas do currículo 
regular. Antes de formar-se, ela fez sua estreia na literatura escrevendo a sua 
autobiografia A História de Minha Vida, publicada em 1902, e em seguida no 
jornalismo, com uma série de artigos no Ladies Home Journal. A partir dessa 
data, não parou mais de escrever.
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
7
Em seus trabalhos literários, Helen usava a máquina de datilografia 
braile preparando os manuscritos e depois os copiava numa máquina de 
datilografia comum. Seus livros foram transcritos em várias línguas. Em 1954, 
a História da minha vida, após 50 anos de sua publicação como livro, foi 
traduzido em 50 línguas.
Poucos anos antes de sua morte, Mark Twain disse: "As duas 
personalidades mais interessantes do Século XIX são Napoleão e Helen Keller". 
William James escreveu sobre Helen Keller: "O que quer que você tenha 
sido ou é, você é uma bênção. Eu sou capaz de matar a quem disser que não". 
Helen Keller recebeu numerosos prêmios de grande distinção.
Em junho de 1952, foi feita Cavaleiro da Legião de Honra da França. Em 
reconhecimento ao estímulo que seu exemplo e presença deram aos trabalhos 
para cegos nos países que visitou, os governos do Brasil, Japão, Filipinas e Líbano 
conferiram-lhe respectivamente as seguintes condecorações: Ordem do Cruzeiro 
do Sul, do Tesouro Sagrado, do Coração de Ouro e Medalha de Ouro de Mérito.
Helen Keller recebeu também o prêmio Américas para a União 
Interamericana, o prêmio Medalha de Ouro do Instituto Nacional de Ciências 
Sociais e outros. Tornou-se membro honorário de sociedades científicas e 
organizações filantrópicas dos cinco continentes. Por mais diversos que fossem 
seus interesses, Helen Keller nunca esqueceu as necessidades das pessoas cegas 
e surdocegas.
Desde sua juventude, sempre esteve disposta a trabalhar pelo seu bem-
estar, comparecendo perante governos, dando conferências, escrevendo artigos 
e, sobretudo, pelo exemplo pessoal que uma pessoa severamente prejudicada 
pode alcançar. Quando a American Foundation for the Blind, a instituição nacional 
para informação sobre cegueira foi fundada em 1921, ela finalmente teve um 
efetivo instrumento nacional para dar vazão aos seus esforços.
De 1924 até sua morte, ela foi membro do "staff" da Foundation, servindo 
como conselheira em relações internacionais e nacionais. Foi também em 1924 
que Helen Keller começou sua campanha para levantar o "Fundo Helen Keller" 
para a Foundation. 
Até a sua aposentadoria da vida pública, ela foi incansável em seus 
esforços para que esse Fundo tivesse os recursos necessários para garantir 
programas de educação e reabilitação de cegos e surdocegos.
De todas as suas contribuições para a Foundation, Helen Keller talvez 
sentisse mais orgulho de sua assistência na formação de um serviço especial 
para pessoas surdocegas, em 1946. Em 1946 a Imprensa Braille Americana 
transformou-se na American Foundation for Overseas Blind e Helen Keller foi eleita 
conselheira em relações internacionais.
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
8
Foi então que ela começou suas viagens. Entre 1946 e 1957, visitou 35 
países em cinco continentes. Após 1961, Helen Keller viveu tranquilamente em 
Arcan Ridge, onde recebia a família, amigos íntimos e membros da American 
Foundation for the Blind e da American Foundation for Overseas Blind (hoje Helen 
Keller International Corporation).Passava a maior parte de seu tempo lendo. Seus livros favoritos foram 
a Bíblia e volumes de poesia e filosofia. Helen Keller faleceu em 1º de junho 
de 1968, em Arcan Ridge, algumas semanas antes de completar 88 anos. Suas 
cinzas foram colocadas na Capela de São José na Catedral de Washington, ao 
lado das de Anne Sullivan Macy e Polly Thomson.
Helen Keller foi, por si mesma, uma grande obra de educação, pois 
se dedicou ao trabalho para o bem-estar das pessoas cegas e surdocegas, 
influenciando na criação de legislação e serviços especializados. Por tudo isso 
ela foi chamada por seus amigos americanos "A primeira mulher de coragem 
do mundo".
São dela estas palavras: “Se metade do dinheiro gasto hoje em curar 
cegueira fosse utilizado em preveni-la, a sociedade ganharia em termos de 
economia, sem mencionar considerações de felicidade para a humanidade”.
FONTE: Adaptado de <http://www.ethelrosenfeld.com.br/personalidades4-hellenkeller.htm>. 
Acesso em: 1º out. 2020.
Aqui no Brasil, a história da surdocegueira teve visibilidade com a visita de 
Helen Keller em 1953. Segundo Garcia (2006), essa visita sensibilizou uma grande 
personalidade, a educadora Nice Tonhozi Saraiva, que, anos mais tarde, seria 
nacionalmente conhecida por seus esforços na educação de cegos e surdocegos.
Temos exemplos de muitos surdos brasileiros que, posteriormente, 
tornaram-se cegos, principalmente após a doença de Usher. 
Em 1962, Nice Tonhozi Saraiva fundou a Serviço de Atendimento ao Deficiente 
Audiovisual (SEADAV). “Em 1977, para garantir maior autonomia da escola, foi novamente 
alterada e passa a ser chamada de FUMAS – Fundação Municipal Anne Sullivan, que ficou 
sendo a mantenedora da Escola de Educação Especial Anne Sullivan, que funciona até os 
dias de hoje” (GARCIA, 2006, p. 26).
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
9
Em todos os casos, eles vêm fazendo um trabalho maravilhoso para 
comunidade surdocega brasileira, difundindo informações tanto para sociedade 
em geral como para a área educacional. Uma delas é Rosani Suzin, professora e 
poetisa surdocega. Rosani não é totalmente cega, mas, por causa da Síndrome 
de Usher, tem um campo de visão reduzida progressivo. Iniciou como militante 
da comunidade surda e hoje abraçou a causa dos surdocegos com muita 
adaptabilidade, pois já era usuária nativa de Libras, e hoje, além de conhecedora 
do braile, é usuária de Libras tátil. 
FIGURA 3 – ROSANI SUZIN SURDOCEGA BRASILEIRA DURANTE UMA ENTREVISTA
FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/39R5B7y>. Acesso em: 1º out. 2020.
Assista à entrevista de Rosani Suzin pela TV INES, na qual ela conta rapidamente 
como passou a se comunicar após a perda da visão. Disponível em: https://www.facebook.
com/tvines.oficial/videos/entrevista-com-rosani-suzin-semana-internacional-de-
difus%C3%A3o-da-cultura-surda/1267452890132571/ 
DICAS
Abdel Azziz é outro militante da comunidade surdocega, foi a primeira 
pessoa com deficiência em surdocegueira a se formar no curso de licenciatura 
Letras Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2010. 
Assim com a professora Rosani Suzin, é palestrante e ministrante de cursos para 
profissionais que atuam com pessoas surdocegas. 
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
10
FIGURA 4 – PROFESSOR ABDEL AZZIZ
FONTE: <https://bit.ly/2JK21RJ>. Acesso em: 1º out. 2020.
Outra figura conhecida no meio da comunidade surdocega brasileira é o 
professor especialista Carlos Eduardo Vilela, atualmente coordenador do setor de 
surdocegueira da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS).
FIGURA 5 – CARLOS EDUARDO VILELA
FONTE: <https://i.pinimg.com/280x280_RS/74/d3/e6/74d3e6bc2862660372ea4258cd31ebf7.
jpg>. Acesso em: 1º out. 2020.
Outros ativistas pelos direitos dos surdocegos são: Claudia Sofia, 
coordenadora da Associação Brasileira de Apoio ao Surdo Cego do Grupo 
“Brasil” de Apoio aos Deficientes Múltiplos, e Carlos Jorge, diretor geral da 
Associação Brasileira de Apoio ao Surdo Cego (ABRASC). Eles vivem em São 
Paulo e formam o primeiro casal de surdocegos da América Latina.
 
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
11
FIGURA 6 – CASAL SURDOCEGOS MORADORES DE SÃO PAULO
FONTE: <https://cdn77.pressenza.com/wp-content/uploads/2017/09/claudiasofia.jpg>. 
Acesso em: 1º out. 2020.
Para algumas tarefas, eles precisam da ajuda de um guia-intérprete, mas 
na maioria são exemplos de surdocegos que trabalham e vivem independentes, 
mesmo utilizando formas de se comunicar diferentes. Ela se comunica por meio 
do tadoma – uma forma de comunicação que se coloca a mão nos lábios de uma 
pessoa e consegue-se fazer uma leitura labial. Já Carlos, usa a língua brasileira de 
sinais (Libras).
Outra personalidade, conhecida principalmente na região do Rio Grande do 
Sul, é Alex Garcia, que possui uma doença rara, osteogeneses imperfecta, popularmente 
conhecida como “ossos de cristal”, e desde a infância sofre perdas gradativa da 
audição e da visão. Ele é um grande precursor de pesquisas na área de surdocegueira 
aqui no Brasil, sendo o primeiro surdocego a se formar na universidade. Por estar há 
muitos anos lutando a favor das causas da comunidade surdocega, acredita-se que ele 
é o primeiro surdocego brasileiro a escrever uma obra literária com total autonomia, a 
qual conta sua história de vida e nos sensibiliza para um mundo singular e inclusivo. 
Sobre a sua própria condição, ele descreve em seu livro: 
Não escutar direito e não enxergar direito muitas vezes torna-se 
insuportável. Muitas pessoas pensam que apenas as perdas totais que 
trazem complicações, mas é muito pelo contrário. Perdas de qualquer 
intensidade podem ser muito mais penosas do que as totais e também 
devem ser consideradas altamente relativas, principalmente do ponto 
de vista psicossocial (GARCIA, 2006, p. 21).
Fique atento, a Unidade 2 do seu livro didático abordará as várias formas de 
comunicação para os surdocegos.
ESTUDOS FU
TUROS
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
12
Atualmente, Alex Garcia é o presidente-fundador da Associação Gaúcha 
de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes (AGAPASM), ele mantém 
uma atuação nacional e internacional utilizando-se dos recursos da informática.
FIGURA 7 – PROFESSOR ALEX GARCIA
FONTE: <https://bit.ly/33OkdQX>. Acesso em: 1º out. 2020.
FIGURA – CAPA DO LIVRO SURDOCEGUEIRA EMPÍRICA E CIENTÍFICA
FONTE: <http://www.faders.rs.gov.br/uploads/1412182846Surdocegueira_Empirica_e_
Cientifica.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2020.
Baixe o PDF do livro do professor Alex Garcia. Disponível em: http://www.faders.rs.gov.br/
uploads/1412182846Surdocegueira_Empirica_e_Cientifica.pdf. 
DICAS
Após conhecer várias personalidades surdocegas brasileiras, vamos passar 
pelos institutos e entidades que dão suporte para pessoas com surdocegueira.
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
13
3 INSTITUTOS COMO REFERÊNCIA PARA COMUNIDADES 
SURDOCEGAS
Para se estabelecer como comunidade conhecedora de uma cultura, 
as pessoas com surdocegueira, começaram a participar de institutos que, 
inicialmente, não tinham especialização em surdocegueira. Isso se deu, pois a 
maioria foi perdendo um dos sentidos (visão ou audição) ao longo da vida, e já 
estavam participando de algumas dessas entidades e instituições. Assim, a vida 
do sujeito surdocego se entrelaça fortemente com o sujeito com deficiência visual 
e/ou com deficiência auditiva e surda.
FIGURA 8 – PRIMEIRO INSTITUTO DE CEGOS NO BRASIL NA URCA RJ – HOJE IBC
FONTE: <https://comandonoticia.com.br/wp-content/uploads/2019/07/institutodecegosbr-
-750x450.jpg>. Acesso em: 1º out. 2020.
A seguir, mostraremos algumas entidades e institutos que fizeram 
e ainda fazem toda diferença na vida social e acadêmica da comunidade com 
surdocegueira.
O INSTITUTO NACIONAL DE SURDOS-MUDOSDE PARIS (1760 A 1890)
O Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris tem seu embrião em 
1760, a partir do trabalho iniciado pelo abade Charles-Michel de L’Epée, na 
sociedade parisiense da segunda metade do século XVIII. As informações 
sobre o abade são raras e, em sua maioria, controversas. Sabe-se que ele nasceu 
na cidade de Versalhes no ano de 1712. Seu pai, Charles François L’Epée 
era arquiteto do rei e sua mãe, Marguerite Varignon, era filha de um grande 
empreiteiro, ligado oficialmente à construção dos edifícios do rei Luís XIV. 
Nesse sentido, seu lugar social fica evidenciado: um dos filhos de uma família 
burguesa tradicional do século XVIII, estudou teologia e direito e decidiu 
seguir o caminho religioso (BÉZAGU-DELUY, 1990). [...]
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
14
Assim, em 1771, com seus próprios meios, fundou a Instituição 
Nacional de Surdos Mudos de Paris, na sua própria casa, localizada a rua des 
Moulins, recebendo as crianças pobres em regime de internato (BERNARD, 
2014). A chave matriz para o sucesso e o reconhecimento internacional do 
trabalho desenvolvido por L’Épée com os surdos está nos chamados por ele 
exercícios públicos dos surdos e mudos. Tratava-se de demonstrações que 
ele organizava com seus melhores alunos, visando impressionar possíveis 
espectadores afortunados que pudessem se interessar em financiar a educação 
dessas crianças e promover a publicidade do abade e o reconhecimento de seu 
método de ensino. [...]
Quando ele morreu, em 1789, vários de seus alunos já se distinguiam 
na sociedade parisiense. Com efeito, a Assembleia Constituinte reconheceu, 
em 1791, a importância de sua obra, elevando a escola à categoria de Instituto 
Nacional, o que a tornaria a primeira escola oficial para surdos no mundo todo.
FONTE: Adaptado de ESTIMADO, B. R.; SOFIATO, G. C. A educação de surdos e cegos na 
França e no Brasil. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 32, p. 3-5, 2019. Disponível em: 
https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/33087/html. Acesso em: 1º out. 2020.
O INSTITUTO NACIONAL DE MENINOS CEGOS DE PARIS (1760 A 1890)
O Instituto Nacional dos Meninos Cegos de Paris tem sua origem com 
os trabalhos de Valentin Haüy, em um processo bastante similar ao realizado 
por L’Épée. O mito fundador de que Haüy teria encontrado próximo à Igreja 
Saint-Germain-des-Près um jovem cego e, sensibilizado, começou a estudar 
possibilidades para instruí-lo, remonta diretamente à história de L’Épée com as 
gêmeas surdas. Há ainda outras versões, como o dia em que ele teria visto uma 
festa com cerca de dez cegos na feira de Saint-Ovide, em que os cegos emitiam 
sons incoerentes dos instrumentos que tocavam. Emocionado e indignado com 
o espetáculo, ele teria decidido ali que precisava ajudar os cegos a desenvolver o 
toque e afinar o ouvido, valorizando seus outros sentidos para sair da condição 
de ignorância em que eles se encontravam (GUILBEAU, 1907). 
Contudo, as cartas de Valentin Haüy estudadas por François Buton e 
Pierre Henri nos relevam o aspecto central para a compreensão de seu interesse 
pelos cegos: Haüy era um frequentador recorrente dos exercícios públicos 
dos surdos-mudos realizados por L’Épée e não escondia o seu interesse pelo 
trabalho do abade. Inferimos, com efeito, que o interesse de Haüy pela educação 
dos cegos teria advindo, sobretudo, da constatação da notabilidade adquirida 
por L’Épée com seu método.
Vale ressaltar aqui que estas duas instituições se constituíram de 
iniciativas particulares, em que o instituidor nasceria como uma figura 
fundamental para a compreensão do seu processo de criação. Nesse sentido, 
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
15
entendemos que, tanto Charles Michel de L’Épée quanto Valentin Haüy tiveram 
suas motivações conectadas a essa lógica de notabilidade dos filantropos e, 
com efeito, no caso de Haüy, esse interesse fica evidente em seus relatos de 
admiração sobre o trabalho de abbé de L’Épée (HENRI, 1984). 
Ao contrário de L’Épée, Valentin Haüy vinha de uma família pobre. 
Nascido em 1745 em Saint-Just-en-Chaussé, na Picardia, ele vai a Paris realizar 
seus estudos clássicos, obtendo um desempenho de bastante destaque no 
estudo das línguas, dominando cerca de 12 línguas. Primeiramente, Valentin 
apresenta seu sistema de letras em relevo e seus primeiros alunos para a 
própria Academia de Ciências e, com o apoio de Réné, conquista uma pensão 
real para abrir uma escola com mais de 50 alunos. Ele teria, a partir disso, 
reconhecimento por seu trabalho quando, no ano seguinte, decide apresentar 
seus alunos ao rei no palácio de Versalhes, em uma tentativa similar a dos 
exercícios públicos de L’Épée (GUILBEAU, 1907). Se o seu interesse era de 
inicialmente ensinar aos cegos a leitura, por meio de seu método de letras em 
relevo, ele também se preocupava em ensinar ocupações a eles, almejando uma 
possível emancipação por meio de trabalhos como o tricô, cordoaria, produção 
de cintos e redes, entre outras atividades manuais (GUILBEAU, 1907). 
Haüy escreveu e publicou uma obra intitulada Essai sur l’Éducation 
des Aveugles, com intuito de apresentá-la à corte e ter seu instituto elevado à 
categoria de Nacional. [...]. O período em que surdos e cegos estiveram juntos 
no espaço do antigo Convento dos Celestinos é estimado entre dois a três anos. 
Todavia, foi um tempo de grandes conflitos e intensas disputas entre Haüy e 
Sicard visto que os dois dirigentes tinham posições políticas divergentes no 
seio das perturbações revolucionárias (BUTON, 1999, p. 99). 
Em 3 de abril de 1794, os surdos partem para se instalarem no edifício 
à Rua Saint-Jacques e, após alguns meses, os cegos também são transferidos, 
desta vez para o hospício “Catherinettes” (BUTON, 1999, p. 268-281). 
[...] Observamos aqui uma tendência diferente à assumida na escola 
de surdos. Enquanto a concepção de instituição escolar foi mantida durante 
toda a trajetória do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, apesar de algumas 
descontinuidades, os cegos passaram um longo período destinado à prática do 
trabalho. Contudo, Pignier decide receber Haüy com o objetivo de recuperar 
o projeto educativo do instituto, o que ele tenta fazer ao longo de sua gestão. 
Assim, ele se esforça para que os métodos para educar os cegos, sobretudo 
aqueles ligados à leitura e escrita, retomassem seu espaço dentro da instituição 
(DIDIER-WEYGAND, 2003, p. 283).
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
16
 [...] Assim, mesmo com todas as instabilidades e os períodos de declínio, 
o Instituto Nacional dos Meninos Cegos de Paris se tornaria uma referência 
mundial, bem como o Instituto de Surdos-Mudos de Paris. 
FONTE: Adaptado de ESTIMADO, B. R.; SOFIATO, G. C. A educação de surdos e cegos na França 
e no Brasil. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 32, p. 6-9, 2019. Disponível em: https://pe-
riodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/33087/html. Acesso em: 1º out. 2020.
O IMPERIAL INSTITUTO DOS MENINOS CEGOS (1854-1890)
O Imperial Instituto de Meninos Cegos, fundado no Brasil em 1854, 
tem sua origem diretamente relacionada ao poder de influência de Dr. José 
Francisco Xavier Sigaud, um dos médicos do Imperador D. Pedro II. Sigaud 
era um reconhecido médico francês que veio ao Brasil em 1825, fugindo da 
perseguição política antibonapartista. Seu interesse pela cegueira não vinha 
somente do fato de ser médico, mas principalmente por ter uma filha cega, 
Adèle Marie Louise Sigaud. 
Em busca de possibilidades de instrução para a sua filha, Sigaud recebe 
notícias sobre a primeira escola especializada para cegos criada em Paris e, em 
uma de suas viagens para a França, teria ido conhecer o instituto. Concomitante 
a isto, estudava no Instituto Nacional dos Meninos Cegos de Paris o jovem cego 
brasileiro José Álvares de Azevedo, que permaneceu na escola francesa durante 
seisanos ininterruptos (entre 1844 e 1850), onde se formou com destacadas notas 
e premiações. Não encontramos fontes que nos digam ao certo se Sigaud teria 
conhecido José Álvares de Azevedo quando este estava estudando no Instituto 
Nacional dos Meninos Cegos de Paris ou na própria cidade do Rio de Janeiro. 
Independente disto, Azevedo passa a alfabetizar Adèle por meio do sistema 
Braille e eles decidem, conjuntamente, encaminhar um projeto ao Imperador 
para a fundação de uma escola para cegos baseada no instituto parisiense. 
Com apoio de Couto Ferraz, que naquele momento ocupava o cargo de 
Ministro dos Negócios do Império, o Imperador decreta a criação do Imperial 
Instituto dos Meninos Cegos do Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1854. 
Junto ao decreto, vem anexo um regulamento provisório para a instituição, que 
entraria em vigor naquele momento, sendo complementado ao final do mesmo 
ano, por um segundo regimento interno provisório [...]. 
Além disso, as estatísticas de que os cegos no Rio de Janeiro do início 
do Império totalizavam cerca de 148 foram um argumento bastante relevante 
na aprovação da proposta. O Instituto tinha, em seu primeiro regulamento, 
aberto 30 vagas para alunos de ambos os sexos com idade máxima de admissão 
aos 12 anos e com comprovação médica de cegueira total. Além disso, os que 
não trouxessem uma comprovação de pobreza deveriam pagar 400 mil réis de 
pensão anual. 
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
17
Assim, a necessidade de o ensino ser gratuito, devido a maior parte de cegos 
serem pobres se contrapõe diretamente com a ideia de que a instituição deveria 
onerar o mínimo possível os cofres do Império, impasse que se resolve, em partes, 
com a limitação de apenas dez vagas para alunos que comprovassem pobreza.
[...] Sendo a idade máxima de admissão dos alunos 12 anos, era 
passível que estes ficassem no instituto até os 22, visto que o tempo máximo 
de permanência era de oito anos, prorrogáveis por mais dois, em caso de 
não conclusão dos estudos até o momento limite. Os professores teriam sido, 
primeiramente, trazidos de instituições já existentes na Europa. Os alunos 
que se destacassem nos estudos eram “preferidos para o cargo de repetidor 
que, no prazo de dois anos, passariam à condição de professor”. Além 
disso, os repetidores também poderiam se tornar inspetores, aumentando as 
possibilidades de permanência no instituto. 
Assim, o ensino no Instituto Imperial de Meninos Cegos baseava-
se no tripé música, trabalho e ciência, de modo a incentivar que os alunos 
mantivessem sua vida dentro do Instituto, ao invés de estimulá-los a garantir 
uma vida de forma independente. [...] Após a morte de José Francisco Xavier 
Sigaud, em 1856, assume a administração o Dr. Cláudio Luiz da Costa, que 
permaneceria no cargo até o ano de 1869.
[...] Em 1869, com a sua morte, assume a direção interina Benjamin 
Constant. Benjamin Constant teria entrado no Imperial Instituto dos Meninos 
Cegos como professor de matemática e ciências em 1862 (ZENI, 2005, p. 176). 
Cursou a escola militar, onde mais tarde teria sido professor. Ele se dedicava 
ao magistério, e já tinha lecionado também no Colégio Pedro II e na Escola 
Normal da Corte. (ZENI, 2005, p. 87). 
No ano seguinte a sua entrada no Imperial Instituto dos Meninos Cegos 
como professor, ele teria se casado com a filha de Cláudio Luiz da Costa, o que 
teria estreitado suas relações políticas com o antigo diretor e com o próprio 
Instituto. Benjamin Constant foi uma importante figura política brasileira nos 
finais do Segundo Reinado e no início do período republicano. [...]. Segundo Zeni 
(2005), Benjamin Constant já teria encontrado o instituto com bases firmadas, 
“mas carecendo muito de dedicação daquelas pessoas que por ele lutavam. 
Foi ele mais um destes abnegados, justificando com seu trabalho em prol dos 
cegos a consideração de que o Instituto representou sua ação mais importante 
no campo da assistência” (p. 119). Assim, ele se preocupou fundamentalmente 
em expandir a educação dos cegos pelo Brasil, ramificando o instituto pelas 
províncias do território nacional, com vistas a torná-lo autossuficiente. 
FONTE: Adaptado de , B. R.; SOFIATO, G. C. A educação de surdos e cegos na França e no 
Brasil. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 32, p. 10-13, 2019. Disponível em: https://pe-
riodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/33087/html. Acesso em: 1º out. 2020.
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
18
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL PARA SURDOCEGUEIRA E MÚLTIPLA 
DEFICIÊNCIA - AHIMSA
Foi criada por um grupo de 26 profissionais que atuavam há mais de dez 
anos com pessoas surdocegas e deficientes múltiplos em outro município. Com 
o intuito de expandir e implementar esse trabalho no município de São Paulo, a 
instituição, fundada em 4 de março de 1991, iniciou o seu atendimento apenas 
com trabalho domiciliar e, mais tarde, complementou-se com atendimento 
educacional na escola. 
A instituição possui como objetivo principal o desenvolvimento de 
pessoas com surdocegueira e deficiência múltipla sensorial, promovendo a 
inclusão social. Auxilia seus alunos (em torno de 180) a dominar a independência 
e a comunicação, além de lutar pelo direito à profissionalização. A instituição 
procura valorizar a ética (dá exemplos de integridade, moral, honestidade), a 
responsabilidade social (exercício da cidadania ao contribuir para educação e 
reabilitação), a valorização do trabalho em equipe e a promoção de espaços e 
ações recreativas visando à qualidade de vida e o respeito às necessidades e 
habilidades de cada um. 
Tem parceria com o Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo 
Deficiente Sensoria, Abrasc (Associação Brasileira do Surdocego) e Abrapascem 
(Associação Brasileira de Pais e Amigos do Surdocegos e Múltiplos Deficientes). 
A instituição promove, ainda, diversas atividades de recriação. Como 
pôde ser verificado em visita à AHIMSA, os alunos participam de atividades 
artesanais (confecção de agendas, telas, biscuit, mosaico etc.) e culinárias, além 
de se dedicarem à produção de pães dos mais diversos tipos para venda.
FONTE: Adaptado de TATEISHI, B.; SANTOS, I.; JINHUI, Z. A inclusão de portadores de 
surdocegueira. Revista Pandora Brasil, [S. l.], n. 24, p. 1-9, nov. 2010. Disponível em: http://revista
pandorabrasil.com/revista_pandora/inclusao/inclusao_portadores.pdf. Acesso em: 1º out. 2020.
Saiba mais sobre a AHIMSA por meio do vídeo disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=IFN_jloxepY
DICAS
Como notamos, a história dos surdos e cegos andam de mãos dadas, devido 
a compartilharem a privação dos mesmos sentidos de forma concomitante. Aqui, 
no Brasil, o Instituto Benjamin Constant continua a atender crianças e adolescentes 
com deficiência visual, surdocegos e com deficiência múltipla, sendo referência 
nacional e internacional.
TÓPICO 1 — DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA – ASPECTOS TEÓRICOS E HISTÓRICOS
19
No Quadro 1, listamos algumas associações de comunidades surdocegas, 
mais conhecidas no Brasil por pesquisar familiares e pessoas com síndrome de 
Usher e prestar todo o apoio para viver bem em sociedade e escolarização. 
QUADRO 1 – ASSOCIAÇÕES DE DEFICIENTES SURDOCEGOS
SÃO PAULO
ABRASC - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SURDOCEGOS
Endereço: Rua Baltazar Lisboa, 180 - Vila Mariana, SÃO PAULO / SP. CEP: 
04110-060
Telefone: (11) 95579-0032 / 5081-4633
E-mail: abrasc.sp@gmail.com
GRUPO BRASIL DE APOIO AO SURDOCEGO E AO MÚLTIPLO DEFICIENTE 
SENSORIAL
Endereço: Rua Baltazar Lisboa, 180 - Vila Mariana, SÃO PAULO / SP. CEP: 
04110-060
E-mail: grupobrasil@grupobrasil.org.br. 
Telefone: (11) 5579-5438 / fax: (11) 5579-0032
ABRAPASCEM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PAIS E AMIGOS DOS 
SURDOCEGOS E MÚLTIPLOS DEFICIENTES SENSORIAIS
Endereço: Rua Baltazar Lisboa, 212- Vila Mariana, SÃO PAULO / SP. CEP: 
04110-060
Telefone: (11) 5579-0032
E-mail: abrapacem@gmail.com
RIO GRANDE DOSUL
AGAPASM - ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE PAIS E AMIGOS DOS SURDOCEGOS 
E MULTIDEFICIENTES
Endereço: Rua Marechal Floriano Peixoto, 2771, Centro, SÃO LUIZ GONZAGA 
/ RS. CEP: 97800-000
Telefone: (55) 3352-1519
E-mail: alexsurdocego@icloud.com 
Site: http://www.agapasm.com.br/ 
FONTE: A autora
Conheça o Projeto Memória Instituto Benjamin Constant: o IBC e a 
educação de Cegos no Brasil. Disponível em: http://www.ibc.gov.br/a-criacao-do-
ibc#:~:text=Atualmente%2C%20o%20Instituto%20Benjamin%20Constant,e%20
assessorando%20institui%C3%A7%C3%B5es%20p%C3%BAblicas%20e.
DICAS
20
Neste tópico, você aprendeu que:
• A história da pessoa surdocega no Brasil, embora esteja intrínseca em institutos 
e entidades de pessoas com deficiência visual, ainda é carente de informações. 
• Laura Bridgman entrou no Instituto Perkins (EUA) em 1837, e é considerada 
a primeira surdocega a ser educada com sucesso. 
• Helen Keller, sem dúvida, foi um exemplo de vida para a comunidade 
surdocega mundial.
• A educação de surdocegos tem suas origens na França e nos EUA. 
• Os militantes surdocegos brasileiros concordam que o Brasil está muito 
atrasado no que se refere a sua educação.
• A história da surdocegueira no Brasil ganhou visibilidade com a visita de 
Helen Keller em 1953. 
• Alex Garcia, que possui uma doença rara chamada osteogeneses imperfecta, 
foi o primeiro surdocego brasileiro a se formar na universidade. 
• A professora Rosani Suzi é poetisa surdocega, que iniciou como militante 
da comunidade surda e hoje abraçou a causa dos surdocegos com muita 
adaptabilidade, pois já era usuária nativa de Libras.
• Abdel Azziz foi a primeira pessoa com deficiência em surdocegueira a se 
formar no curso de licenciatura Letras Libras da Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC) em 2010. 
• O professor especialista surdocego Carlos Eduardo Vilela, palestrante e 
administrador de cursos, atualmente é coordenador do setor de surdocegueira 
da Federação Nacional de educação e Integração dos Surdos.
• A maioria das pessoas surdocegas foram perdendo um dos sentidos (visão 
ou audição) ao longo da vida, por isso já estavam participando de algumas 
entidades ou instituições, especializadas em surdez ou cegueira, e continuaram 
a participar depois que perderam os dois sentidos.
• O Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris teve início em 1760, a partir 
do trabalho iniciado pelo abade Charles-Michel de L’Epée, na sociedade 
parisiense.
• O Instituto Nacional de Meninos Cegos de Paris (1760-1890) teve sua origem 
com os trabalhos de Valentin Haüy, em um processo bastante similar ao 
realizado por L’Épée. 
RESUMO DO TÓPICO 1
21
• O Imperial Instituto dos Meninos Cegos aqui no Brasil (1854-1890) teve sua 
origem diretamente relacionada ao poder de influência de Dr. José Francisco 
Xavier Sigaud, um dos médicos do Imperador D. Pedro II. Seu interesse pela 
cegueira foi por causa de sua filha cega, Adèle Marie Louise Sigaud. 
• Associação Educacional para Surdocegueira e Múltipla Deficiência (AHIMSA), 
muito conhecida na comunidade surdocega, foi criada por um grupo de 26 
profissionais que atuavam há mais de dez anos com pessoas surdocegas e 
deficientes múltiplos. 
22
1 Estimado e Sofiato (2019) ao tecerem reflexões sobre o surgimento das 
instituições brasileiras, as quais auxiliaram às pessoas surdas e cegas, 
reportam-se a exemplos de instituições da Europa. Considerando a base 
histórica da educação de surdos e cegos brasileiros, assinale a alternativa 
CORRETA. 
a) ( ) Na Itália no século XVIII, iniciando no Brasil do século XX.
b) ( ) Na França no século XVII, iniciando no Brasil do século XIX.
c) ( ) Na Alemanha no século XVII, iniciando no Brasil do século XVIII.
d) ( ) Na França no século XVIII, iniciando no Brasil do século XIX.
2 Uma das mais conhecidas e estudadas personagens com surdocegueira da 
história é Helen Keller. Helen, após auxílio da professora Anne Sullivan, 
aprendeu a ler, escrever e falar. Além disso, Helen Keller demonstrou, 
também, excepcional eficiência no estudo das disciplinas do currículo 
regular, iniciando seus escritos que, mais tarde, seriam traduzidos para 
muitos países. Sobre como ela conseguia fazer esses escritos, analise as 
sentenças a seguir:
I - Em seus trabalhos literários, Helen usava a máquina de datilografia em 
braile.
II - Em seus trabalhos literários, Helen usava uma caneta especial para cegos.
III - Ela também copiava seus escritos com um recurso da época de nome 
reglete.
IV - Ela também copiava numa máquina de datilografia comum.
 
Assinale a afirmativa CORRETA.
a) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
3 O Imperial Instituto de Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant 
(IBC), foi baseado no Instituto Nacional de Meninos Cegos de Paris. A 
ideia surgiu depois de uma das viagens de José Álvares de Azevedo, que 
permaneceu no Instituto da França durante seis anos ininterruptos. Sobre o 
Imperial Instituto de Meninos Cegos da época aqui no Brasil, classifique V 
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
AUTOATIVIDADE
23
( ) O Instituto tinha, em seu primeiro regulamento, aberto 50 vagas para 
alunos de ambos os sexos com idade máxima de admissão aos dez anos.
( ) A idade máxima de admissão dos alunos era de 12 anos, era passível que 
estes ficassem no instituto até os 22.
( ) O Imperador decreta a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos 
do Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1854.
( ) Os que não trouxessem uma comprovação de pobreza deveriam pagar 
quatrocentos mil réis de pensão anual.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) F – F – V – V.
24
25
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA 
VISUAL E SURDOCEGUEIRA
1 INTRODUÇÃO
As questões da inclusão em sociedade não é algo novo, a sociedade sempre 
é lembrada da importância de sermos inclusivos, conscientes das necessidades dos 
outros, usar de empatia, afinal, todos nós precisamos nos relacionar com o mundo. 
O objetivo central dessa teoria, também conhecida como abordagem 
sociointeracionista, foi “caracterizar os aspectos tipicamente humanos 
do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características 
se formaram ao longo da história humana e como se desenvolveram 
durante a vida do indivíduo” (VYGOTSKY, 1984, p. 21 apud OLIVEIRA, 
2010, p. 30). 
Assim, mesmo que biologicamente a pessoa tenha algum tipo de 
necessidade, pode desenvolver-se em sociedade ao conseguir inteirar-se no meio 
que vive, mas será que os elementos biológicos constituem um determinante para 
exclusão? Claro que não! 
Pode haver dificuldade sim, mas é justamente a consciência dessa dificuldade 
e a estimulação com a interação que motiva e possibilita que pessoas com qualquer 
deficiência ultrapasse barreiras dentro de seus limites. Por isso, neste tópico, vamos 
refletir que, “Nas pessoas que nascem ou venham a adquirir uma deficiência visual, 
a constituição do seu ser e sua identidade perpassa por sentimentos ambíguos e 
muitos conflitos compreensíveis” (AMIRALIAN, 2009, p. 35). 
Para isso, iniciamos nossos estudos falando da importância da interação 
entre os pares para o sujeito surdocego.
2 SURDOCEGO NO CONTEXTO DAS INTERAÇÕES 
As interações sociais acontecem quando duas ou mais pessoas se encontram 
com o objetivo de estabelecer um contato, Silva e Arce (2010, p. 122 apud ALVES, 
2017, p. 3) afirmam que a interação social é “um processo que se dá a partir e por 
meio de indivíduos com modos histórica e culturalmente determinados de agir, 
pensar e sentir, sendo inviável dissociar as dimensões cognitivas e afetivas dessas 
interações e os planos psíquico e fisiológico do desenvolvimento decorrente”. 
Vygotsky (1984) afirma que o aluno com deficiência deve participar 
ativamente da vidasocial e, principalmente, ter um ensino de qualidade, que lhe 
permita desenvolver suas funções psicológicas superiores. 
26
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
Concordamos que a interação social tem um papel extremamente 
importante, ela desenvolve uma consciência desde o nascimento, considerando 
que a criança é um ser que desenvolve sua personalidade e capacidade social 
desde seu despertar, assim, é fundamental proporcionar essa interação para 
favorecer sua constituição enquanto pessoa. 
Warneken e Tomasello (2007), citados por Arezes e Colaço (2014 apud 
ALVES, 2017, p. 4), expressam que a interação é um comportamento de um 
indivíduo perante a participação de outro, por meio de conversa, numa troca de 
gestos, num jogo ou num conflito. Logo, a interação social se estabelece na relação 
entre duas ou mais pessoas, ainda que esta não implique obrigatoriamente na 
comunicação oral (MESQUITA, 2015 apud ALVES, 2017, p. 4), tal afirmativa se 
cumpre quando compreendemos que as pessoas surdocegas possuem uma 
maneira específica de comunicação e interação social que acontece pelo tato. 
Considerando que as interações sociais se desenvolvem desde o 
nascimento, é importante que as crianças surdocegas construam relações não 
apenas no ambiente familiar, mas também no espaço educacional, visto que é um 
ambiente que propicia as interações com o meio pelo tato e percepções sensitivas. 
Neste sentido, a interação entre pares “tem muitas potencialidades educativas, 
nomeadamente de promoção cognitiva, progresso social e emocional” (IRIS, 2006, 
p. 12 apud ALVES, 2017, p. 5), as relações entre os pares proporcionam a formação 
do indivíduo favorecendo o ser humano no desenvolvimento a nível social. 
O elo que os surdocegos estabelecem com os outros sujeitos nos faz 
compreender que a pessoa surdocega, sendo um ser social, necessita criar um 
contexto de significado e de pertencimento, comunicando seus sentimentos e 
desejos por meio de um sistema específico de comunicação e interação. 
 
A atmosfera de confiança e segurança deve estar presente em todo o 
momento da interação, pois essa troca proporciona motivação e confiança para o 
surdocego enfrentar seus medos e inseguranças. 
Assista ao vídeo Cego enxerga tudo preto? Do canal Histórias de Cego. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1RDzxQWdbJ0 
DICAS
TÓPICO 2 — ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA
27
2.1 COMPETÊNCIA SOCIAL E SURDOCEGUEIRA
Entendemos como competência uma característica latente em 
determinado indivíduo e que está diretamente ligada à capacidade de realizar 
uma ação ou tarefa. Para McClelland (1973) citado por Fleury e Fleury (2001, p. 
184 apud ALVES, 2017, p. 7) “é uma característica subjacente a uma pessoa que é 
casualmente relacionada com desempenho superior na realização de uma tarefa 
ou em determinada situação”. 
Corroboramos com a ideia do autor compreendendo a competência 
como uma mescla de conhecimentos diversos, operantes, tão exclusivamente, 
no homem por sua racionalidade. Ainda sob essa perspectiva Fleury e Fleury 
(2001 apud ALVES, 2017) afirmam que as competências são um conjunto de 
conhecimentos, habilidades e atitudes (capacidades humanas) que, depois de 
desenvolvidas, proporcionam um bom desempenho, sendo todos os recursos que 
o indivíduo contém. 
 
A aquisição e desenvolvimento de tais competências em pessoas com 
surdocegueira depende diretamente do meio em que está inserida, necessita de 
estímulos e estratégias para que um conjunto de conhecimentos venham a eclodir 
em sua trajetória de aquisição de saberes. 
 
Essa relação de convívio e interação societária contribui fortemente para o 
surgimento das competências sociais, considerando que a troca de conhecimento 
é um estimulante vital para a aprendizagem. 
Spencer (2003), citado por Baptista et al. (2011, p. 4 apud ALVES, 2017, p. 7), 
atribuem as competências sociais como “a capacidade para obter determinados 
resultados (positivos) a partir das relações interpessoais”. 
As relações interpessoais são extremamente importantes para a pessoa 
surdocega, pois é por meio dela que o indivíduo desenvolve a capacidade de 
integrar competências em áreas emocionais e cognitivas, favorecendo a adaptação 
e convívio nos diferentes contextos sociais. 
Após essa nossa conversa, identificamos como a interação se torna 
fundamental para modificar o sujeito surdocego, intensificando sua participação 
em sociedade como cidadão atuante. Pesquisas pelo olho humano, até conhecer 
como acontece a deficiência visual, bem como sua prevenção.
 
3 O OLHO HUMANO
Estima-se que cerca de 80 a 90% da informação que recebemos é pelos 
sentidos da visão e da audição. Dessa forma, a privação destes dois sentidos, 
com certeza, pode provocar alterações drásticas no acesso da pessoa à informação 
e, consequentemente, em seu desenvolvimento. De acordo com Brasil (2006, 
p. 13), a “formação da imagem visual depende de uma rede integrada, de 
28
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
estrutura complexa, da qual os olhos são apenas uma parte, envolvendo aspectos 
fisiológicos, função sensório-motora, perceptiva e psicológica”. Como pudemos 
notar, a visão é um sentido muito importante para o nosso relacionamento com o 
mundo exterior, os olhos são responsáveis por captar imagens, transformá-las em 
impulsos e enviá-las ao cérebro. 
Neste contexto, quem de nós, em algum momento da vida, já não fez 
o exame com um profissional oftalmológico para saber se necessita ou não de 
um recurso óptico para correção da visão? Com certeza esse profissional deve 
ter utilizado a “Scala Optométria Snellen” para medir nossa acuidade visual, 
ao fazer o teste, que consiste em ler as letras em linhas que vão diminuindo 
sucessivamente.
Para conversar sobre a deficiência visual ou surdocegueira, é importante 
compreender como funciona nosso sistema visual. O olho humano é responsável 
por muitas estruturas cerebrais, afinal, como dizem, o olho é comparado, 
metaforicamente, ao “espelho humano”, por meio deles podemos enxergar os 
A acuidade visual pode ser medida mostrando-se objetos de tamanhos 
diferentes ao paciente e que se encontram a uma mesma distância do olho. A forma mais 
correta para medir a acuidade é no consultório oftalmológico, utilizando-se, normalmente, 
a Tabela de Snellen. [...] A avaliação é realizada com a tabela posicionada a uma distância 
padrão da pessoa a ser testada. Cada linha da tabela corresponde a uma fração, que 
representa uma acuidade visual. E cada olho deve ser testado separadamente”. 
FIGURA – SCALA OPTOMÉTRIA SNELLEN
FONTE: <http://www.stargardt.com.br/wp-content/uploads/2016/05/tabela-de-Snellen.png>. 
Acesso em: 1º out. 2020.
FONTE: <http://www.stargardt.com.br/entendendo-o-que-e-acuidade-visual/>. Acesso em: 
1º out. 2020.
NOTA
TÓPICO 2 — ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA
29
mais profundos sentimentos do ser humano. Bem, metáforas à parte, antes de 
continuarmos falando da pessoa com deficiência visual e surdocega, vamos 
entender melhor as principais estruturas do olho humano. Ele está dividido em:
• Córnea. 
• Íris. 
• Cristalino. 
• Retina. 
• Humor aquoso e vítreo. 
FIGURA 10 – PRINCIPAIS PARTES DO OLHO HUMANO
FONTE: <https://bit.ly/2VPSJq4>. Acesso em: 1º de out. 2020.
Silveira (2009, p. 16) nos explica o significado dessas principais parte do 
nosso olho, veja: 
A córnea é uma parte transparente que, juntamente com a íris, foca a 
imagem na retina. A íris é a parte colorida dos olhos. Fica localizada entre 
a córnea e o cristalino e funciona como um diafragma, determinando a 
quantidade de luz que penetra no olho, abrindo e fechando a pupila. O 
cristalino é a lente natural dos olhos. É transparente e fica atrás da íris. 
A retina é responsável por transformar a imagem em impulsos e enviá-
los ao cérebro. Funciona como um prolongamento doSistema Nervoso 
Central e está posicionada na face interna do olho. O humor aquoso é um 
líquido que preenche o olho, juntamente com o humor vítreo. Fica entre 
a córnea e o cristalino e é renovado constantemente. O humor vítreo tem 
característica de gel e preenche a cavidade posterior do olho humano.
Então, quando uma dessas estruturas principais é comprometida por 
alguma doença, acidente ou deficiência, muitas vezes podem ser corrigidas com 
o uso dos recursos ópticos (óculos, lentes de contato, cirurgia), mas quando isso 
não é possível pode resultar em baixa visão/visão subnormal e/ou deficiência 
visual conforme veremos a seguir.
30
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
4 BREVE CONCEITO DE DEFICIÊNCIA VISUAL 
Afinal, como podemos classificar uma pessoa como tendo deficiência visual? 
Para iniciar, muito embora a pessoa com visão subnormal ou baixa visão tenha sua 
própria classificação pelos órgãos responsáveis, a baixa visão está dentro do campo 
da deficiência visual, assim como a cegueira. Assim, primeiro vamos entender o 
que é baixa visão ou (ambliopia), visão subnormal (VSN) ou visão residual:
É a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente de inúmeros 
fatores isolados ou associados, tais como: baixa acuidade visual 
significativa, redução importante do campo visual, alterações corticais 
e/ou de sensibilidade aos contrastes, que interferem ou que limitam 
o desempenho visual do indivíduo. A perda da função visual pode 
se dar em nível severo, moderado ou leve, podendo ser influenciada 
também por fatores ambientais inadequados (BRASIL, 2006, p. 16).
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (1982 apud BONFADINI, 2020, 
s. p.), a baixa visão pode ser classificada nos seguintes aspectos:
• 20/30 a 20/60: é considerado leve perda de visão ou próximo da 
visão normal.
• 20/70 a 20/160: é considerada baixa visão moderada, baixa visão 
moderada.
• 20/200 a 20/400: é considerado grave deficiência visual, baixa 
visão grave.
• 20/500 a 20/1000: é considerado visão profunda, baixa visão 
profunda.
 
A baixa visão ou visão subnormal (VSN) é mais comum que a cegueira, e 
a maioria tem causa genética. Segundo Silva (2013), doenças como o glaucoma, 
que atinge o nervo óptico causando a perda do campo visual, na maioria das 
vezes, por aumento da pressão intraocular, além da diabetes. 
Além disso, mais recentemente, o vírus Zika, transmitido pela picada do 
inseto Aedes Aegypti, que é considerado um arbovírus, tem sido alvo de estudos 
para diagnósticos de baixa visão. Outra causa bem comum para baixa visão ou 
visão subnormal, conforme Santos e Lueders (2019, p. 9), é a:
Fique atento, no Tópico 3 desta unidade nos aprofundaremos na legislação e 
perfil da pessoa surdocega. 
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 2 — ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA
31
[...] catarata, que pode ser definida como a opacificação do cristalino, 
que é uma lente transparente localizada dentro do olho. Essa 
opacificação causa diminuição da entrada de luz para dentro do 
olho e, como consequência, a visão torna-se menos nítida, borrada e 
escura. Essa mudança geralmente é gradativa e as causas mais comuns 
que contribuem para o surgimento desta doença são: a senilidade, a 
congênita, traumática e inflamatória.
E a cegueira? “É a perda total da visão, até a ausência de projeção de luz” 
(BRASIL, 2006, p. 16). A cegueira é uma deficiência visual, ou seja, uma limitação 
de uma das formas de apreensão de informações do mundo externo. Ela se refere 
à ausência total da resposta visual, mesmo com o uso de qualquer recurso óptico. 
Segundo Couto e Oliveira (2016, p. 2):
A OMS define, por meio do International Statistical Classification of 
Diseases, Injuries and Causes of Death, 10th revision (ICD-10), como 
cegueira legal acuidade visual menor que 20/400 ou campo visual 
menor que 10 graus e baixa visão a acuidade visual menor que 20/60 
ou campo visual menor que 20 graus no melhor olho.
Amiralian (1997) destaca que os cegos que perdem a visão a partir dos 
cinco anos de idade são considerados cegos adventícios ou adquiridos. 
Os casos de cegueira anterior a essa idade são chamados de cegueira 
congênita “quanto mais cedo ocorre a perda da visão, mais essa condição 
influencia o desenvolvimento do sujeito e, quanto mais tarde a cegueira se 
apresenta, mais as características de personalidade anteriores à perda têm peso 
maior na formação do indivíduo” (AMIRALIAN, 1997, p. 54).
A cegueira pode ser classificada em congênita ou adquirida. 
• Causas Congênitas da cegueira: Retinopatia da Prematuridade, 
graus III, IV ou V – (por imaturidade da retina em virtude de 
parto prematuro, ou por excesso de oxigênio na incubadora). 
Corioretinite, por toxoplasmose na gestação. Catarata congênita 
(rubéola, infecções na gestação ou hereditária). Glaucoma 
congênito (hereditário ou por infecções). Atrofia óptica por 
problema de parto (hipoxia, anoxia ou infecções perinatais). 
Degenerações retinianas (Síndrome de Leber, doenças hereditárias 
ou diabetes). Deficiência visual cortical (encefalopatias, alterações 
de sistema nervoso central ou convulsões). 
• Causas Adquiridas: Por doenças como diabetes, descolamento de 
retina, glaucoma, catarata, degeneração senil e traumas oculares, 
acidentes traumas visuais (BRASIL, 2006, p. 17-18, grifo nosso).
Assista ao vídeo Surdocegueira: o sentido do mundo pelo tato produzido pelo 
INES. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3413dCuo5Ic
DICAS
32
UNIDADE 1 — APRESENTAÇÃO A RESPEITO DA DEFICIÊNCIA VISUAL, BAIXA VISÃO E SURDOCEGUEIRA
4.1 CAUSAS MAIS COMUNS E PREVENÇÃO À 
SURDOCEGUEIRA
O conceito de prevenção para qualquer deficiência tem sido modificado 
devido às pesquisas na área e sua visibilidade por vários grupos de estudos, 
principalmente nas áreas médica e pedagógica, além de ajuda tecnológica. É certo 
que, qualquer doença ou deficiência que possa ser prevenida vai de encontro ao que o 
ser humano deseja, uma vida plena, na qual suas expectativas possam ser alcançadas. 
Nesse contexto, as causas de origem genéticas tanto para baixa visão/
visão subnormal e/ou cegueira, podem ser difíceis de prevenir, haja visto que, 
as conexões genéticas são difíceis de controlar. É o caso da Retinite Pigmentosa 
(RP), glaucoma e catarata congênita, podem ser prevenidas e até minimizadas, 
principalmente por meio de aconselhamento genético, visto que, entre as 
principais causas, estão gestação precoce, desnutrição da gestante, drogas 
em geral, infecções durante a gravidez (rubéola, sífilis, AIDS, toxoplasmose e 
citomegalovírus, entre outros).
 Para entender melhor o que acontece com um olho com RP, o campo 
de visão pode ser disforme ou em um “circulo”. Quanto maior a degeneração, 
menor será o círculo para o campo de visão, em geral se há progressão por alguma 
doença associada, a pessoa se torna surdocega, conforme Figura 11. 
FIGURA 11 – EXEMPLO DE VISÃO PESSOA SEM RP E COM RP
FONTE: <https://oftalmologiamutton.com.br/wp-content/uploads/2019/09/retinose-pigmentar.
jpg>. Acesso em: 30 nov. 2020.
A incidência de deficiência visual relacionada à cegueira, na maioria das 
vezes, está associada a múltiplas deficiências, e, neste caso, a melhor forma de 
prevenir ainda é a vacinação, pois evitaria o nascimento de crianças com catarata 
congênita, surdez e deficiência mental. Por isso, a orientação dos profissionais 
da saúde é que toda mulher deve ser vacinada antes de engravidar ou no início 
da adolescência, devido ao vírus da rubéola, o qual pode atravessar a placenta 
quando a mulher engravida. 
TÓPICO 2 — ASPECTOS CONCEITUAIS RELACIONADOS À DEFICIÊNCIA VISUAL E SURDOCEGUEIRA
33
A toxoplasmose é uma doença zoonótica, também conhecida como 
a doença do gato, seu contágio, em geral, é por meio de contato com animais 
domésticos infectados: cães, coelhos, gatos, galinhas, pombos e alimentos mal 
cozidos. A principal transmissora é mãe, se contagiada no primeiro trimestre

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