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Revoluções Inglesas - Resumo

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Revolução Inglesa 
 
Introdução 
A Revolução Inglesa do século XVII é vista como a primeira manifestação grave da crise 
do Antigo Regime. A grande conseqüência do movimento foi a severa limitação ao poder 
monárquico e a consolidação dos ideais burgueses, através do Parlamentarismo, que perdura 
até os dias de hoje. 
A Inglaterra, no século XVII, às vésperas do movimento revolucionário, apresentava um 
notável desenvolvimento econômico. O papel desempenhado pela monarquia inglesa, nesse 
processo, deve ser considerado como um fator de relevante importância. 
Henrique VIII e Elizabeth I, reis ingleses, podem ser apontados como grandes 
incentivadores das práticas burguesas, uma vez que, durante o reinado de ambos, inúmeras 
medidas foram tomadas, dirigidas ao crescimento e desenvolvimento do comércio, como a 
unificação do pais, a Reforma Protestante e o confisco das terras da Igreja entre outras. 
Entretanto, a burguesia começou a ver na Monarquia Autoritária um entrave ao 
desenvolvimento pleno de suas atividades. O ideal revolucionário surge com a idéia de impor 
limites ao Rei, instalando a Monarquia Constitucional Parlamentar, que passaria a 
representar os interesses burgueses. 
A sociedade inglesa do século XIX encontrava-se em expansão e, regionalmente, dividida 
em regiões econômicas, que acabavam por definir a condição social. Nas regiões mais 
conservadoras do norte e oeste inglês, encontrava-se a nobreza tradicional, defensora de 
seus direitos feudais. 
As regiões do sul e do leste eram habitadas por uma nobreza em processo de 
transformação, conhecida como gentry. Esse grupo geralmente vivia em função da 
exploração da terra; porem, nos moldes capitalista. Era vista como uma nobreza 
progressista, sendo responsável pela liderança do processo revolucionário inglês do século 
XVII. Neste grupo, também poderiam ser incluídos os burgueses em ascensão 
Nas regiões sul e leste, também poderiam ser encontrados os yomanry, classe de 
pequenos posseiros, que teve um papel importante na revolução. 
Nas cidades, predominava a burguesia financeira, que por hora detinha os monopólios 
concedidos pela realeza, onde também conviviam os artesãos, os mestres, os funcionários 
públicos e outros agentes urbanos. 
 
As origens do absolutismo na Inglaterra 
Desde o período da conquista da Inglaterra pelos Normandos até aproximadamente o 
inicio do século XIII, existiu um crescente fortalecimento do poder real; porem, limitado 
pelos senhores feudais, devido às condições inerentes ao feudalismo. 
Entretanto, em diversos momentos, os reis ingleses tomaram medidas arbitrarias no 
intuito de desrespeitar os direitos dos senhores feudais, fortalecendo o poder real. 
João Sem Terra, filho de Henrique II, apoderou-se das terras de seus vassalos, impondo 
muitas e contribuições excessivas, ameaçando os direitos não só dos senhores feudais como 
também dos cidadãos livres. Tentou limitar o poder da Igreja e aumentar os impostos de 
toda a cidade. 
 
Mas João Sem Terra, em lutas contra a França, a Igreja e a Escócia, teve seu poder cada 
vez mais enfraquecido. Em 1215, a nobreza feudal, aliada às cidades, aproveitou-se do 
enfraquecimento do poder real e obrigou o Rei a juramentar um documento conhecido como 
Magna Carta. 
Henrique VI (Henrique Tudor) dá início à Monarquia inglesa, sustentada pela Carta 
Magna. Os reis Tudor foram apoiados incondicionalmente pela nova nobreza inglesa e pela 
burguesia, que desejavam um forte poder real como forma de submeter os grandes 
senhores feudais Pretendiam ainda defender o comércio inglês e massacrar as revoltas 
populares. A época dos Tudor é conhecida como período de extremo autoritarismo. O 
sucessor de Henrique VII, Henrique VIII, levou a cabo a reforma protestante inglesa, criando 
a Igreja Anglicana, doutrina religiosa mais conveniente a nova nobreza e a burguesia, e ao 
próprio rei. 
Em 1558 assume o trono inglês Elizabeth I, neste momento o governo, decididamente 
adota a política favorável a burguesia e a nova nobreza, a gentry, protegendo o comércio e a 
industria nacionais e se opondo fortemente a qualquer interferência contraria aos seus 
objetivos econômicos.. 
Favoreceu as companhias comerciais, concedendo-lhes monopólio comercial em diversos 
países. O desenvolvimento do comércio e das manufaturas inglesas levou a um choque 
inevitável com a Espanha, que detinha grande parte do monopólio comercial neste instante. 
Em 1588, Filipe II da Espanha organizou a Invencível Armada para a conquista da Inglaterra. 
A armada espanhola foi derrotada e a partir dai a Inglaterra transformou-se numa das 
principais potências marítimas e comerciais da Europa. 
Com Elizabeth 1, o poder do Parlamento e totalmente limitado. Podemos dizer que o 
“Absolutismo” na Inglaterra foi, de fato, implantado durante o seu reinado. 
E com a dinastia dos Stuarts, da qual falaremos mais adiante, que se tentou a legalização 
do absolutismo. 
 
O processo revolucionário 
No inicio do século XVII, a burguesia e a nova nobreza inglesa gentry, graças a política 
econômica mercantilista, estavam enriquecidas e fortalecidas, a ponto de não necessitarem 
mais da proteção do Estado Absolutista. A burguesia inglesa, ou pelo menos a sua parcela 
mais poderosa, participava das companhias privilegiadas de comércio, que se enriqueciam 
com a exploração colonial e com a expansão do comércio inglês. 
Esta alta burguesia, intimamente ligada a gentry, durante o século XVI, participava da 
corte da Rainha Elizabeth e financiava as guerras da dinastia Tudor. 
A nova nobreza, além de se beneficiar com a apropriação das terras da Igreja, beneficiou-
se também com os cercamentos, isto é, com a expulsão dos camponeses de suas terras, 
substituindo a agricultura pela rendosa criação de carneiros, fornecedora de matéria-prima 
(lã) para as manufaturas inglesas. A alta burguesia monopolista e a nova nobreza apoiavam 
o governo dos Tudor, que os favorecia. 
O “absolutismo” dos Tudor ficou conhecido como o absolutismo consentido, e se estendeu 
até 1603 Nesse período, os monarcas dessa dinastia não chegam a estabelecer um exercito 
permanente e nem mesmo uma burocracia. O poder dos Tudor vinha, principalmente, do 
apoio da burguesia comercial e da nova nobreza, ao mesmo tempo que dominavam a volta 
da nobreza e da Igreja. 
 
No século XVII, encontramos uma burguesia capitalista bastante desenvolvida. Mas o 
estado absolutista feudal era um obstáculo ao avanço do capitalismo como um todo, pois 
intervinha constantemente nas atividades econômicas, impedindo a livre concorrência. 
Esse Estado, que havia contribuindo para o desenvolvimento da burguesia, tornou-se um 
empecilho a este desenvolvimento. A burguesia, que até 1588 lutara pela sua sobrevivência, 
aliada aos monarcas absolutistas, no século XVII lutara pelo poder político, o que implica a 
derrubada do Estado Absolutista. 
Dentro da burguesia, operou-se uma diferenciação. Com o surgimento da produção 
manufatureira, a média burguesia, que não podia participar dos monopólios comerciais, 
aplicou seu capital diretamente na produção. 
Alguns mestres artesãos que haviam enriquecido passaram também a empregar outros 
artesãos como assalariados. Ocorreu uma verdadeira Revolução na produção. Essa média 
burguesia de artesãos vai colocar-se contra o Estado Absolutista, visto que esse Estado, ao 
garantir o monopólio, impedia a livre concorrência, enquanto as corporações de oficio das 
cidades eram um obstáculo ao estabelecimento das manufaturas. A média burguesia, para 
desenvolver a sua produção retirou-se para os distritos rurais. Foi justamente esta media 
burguesia que liderou os acontecimentos revolucionários no século XVII. 
A situação dos camponeses também estava muito ruim. Como vimos, os cercamentos 
provocaram a expulsão de grande parte da população rural de sues terras, ao mesmo tempo, 
os camponeses que permaneceram na agricultura passaram a ser super explorados pela 
nova nobreza. 
Os camponeses ricos, com a revoluçãodos pregos, começaram a passar necessidade, 
pois os gêneros agrícolas e manufaturados eram comercializados, indiretamente, através da 
burguesia comercial, e não entre os camponeses e os manufatureiros. 
Todos esses elementos irão participar dos acontecimentos do século XVII. 
 
Religião e política 
As revoluções na Inglaterra do século XVII foram lutas de caráter político-religioso. Por 
isso, é necessário entender as principais correntes religiosas dessa época. 
A religião anglicana, religião oficial da Inglaterra, apóia o absolutismo inglês, visto que 
seu chefe e o Rei inglês e sua base social e formada por grupos favorecidos pelo Estado 
Absolutista, tais como a grande nobreza e a burguesia monopolista. 
O calvinismo, que a partir do reinado de Elizabeth I influenciara também a doutrina 
anglicana, era, no século XVII, a religião mais importante da Inglaterra. Os Calvinistas 
dividiam-se em varias facções, sendo a mais importante a dos puritanos, cuja base social era 
a média burguesia inglesa, que se opunha ao absolutismo pelo fato de que ele limitava o seu 
direito de propriedade. 
A doutrina calvinista determinava que o puritano era um escolhido de Deus. Todos os 
elementos que o oprimiam, como, por exemplo, o Estado Absoluto e a Religião oficial 
anglicana, passavam a ser limitados por Deus. Por essas razões, o puritano tinha uma 
posição política radical. 
Outra facção calvinista era a dos presbiterianos. Os presbiterianos eram os Calvinistas 
mais moderados que tendiam a aceitar o Estado Absolutista, visto que a sua base social era 
formada pelos grandes burgueses e grandes proprietários rurais favorecidos pelo Estado 
Absolutista. 
 
Os anabatistas constituíam o grupo mais radical dos Calvinistas. Sua base social eram os 
camponeses e artesãos, que lutavam pelo sufrágio universal, pela abolição do poder real e 
pela devolução das terras aos camponeses. Os anabatistas não só eram perseguidos pelo 
Estado Absolutista, como também eram mal vistos pelos puritanos, visto que a pobreza era 
considerada por eles como expressão da falta de graça divina 
 
A dinastia dos Stuarts 
Esta Dinastia admiradora dos reis franceses, queria implantar, de direito, o absolutismo 
na Inglaterra, isto é, queria acabar inclusive com o poder nominal teórico do Parlamento. 
Para isso, intensificou as perseguições contra os puritanos, contrários ao poder absoluto dos 
reis. Os membros puritanos do Parlamento começaram a colocar-se contra a política de 
Jaime I, primeiro representante dos Stuarts. 
Foi no reinado de Carlos I(1625-1649), filho de Jaime, que as lutas entre o poder real e o 
Parlamento atingiram seu auge. Em 1629, o Rei dissolveu o Parlamento e passou a governar 
sozinho. A Câmara Baixa do Parlamento, ou seja, a Câmara dos Comuns, era dominada pela 
burguesia, isto é, pelos Calvinistas presbiterianos e puritanos, que passaram a ser 
perseguidos com violência. 
Os Stuarts eram reis da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda. na Escócia, a religião 
predominante era a presbiteriana. o governo Inglês tentou impor a Escócia o Anglicanismo, 
provocando uma rebelião dos escoceses, que invadiram a Inglaterra. Carlos I convocou o 
Parlamento em 1640, para tentar um apoio para a proposta do aumento dos impostos, 
necessárias para custear a guerra com a Escócia. Os deputados Calvinistas, adversários do 
absolutismo e do Anglicanismo, decidiram que o Rei não poderia elevar os impostos, sem 
aprovação do Parlamento. 
No outono de 1641, explode na Irlanda uma revolta separatista. A Irlanda católica se 
opõe ao domínio dos protestantes ingleses. Os deputados partidários do Rei e os puritanos 
estavam de acordo com a questão: era necessário um grande exercito para combater os 
católicos irlandeses. No entanto, estavam em desacordo em outra questão fundamental: com 
quem ficaria a liderança do exercito, com o Rei ou com Os lideres Puritanos do Parlamento? 
Os Puritanos negam a chefia do exercito pelo Rei, acusando-o de incapacidade. o Rei, em 
represália, ordena a invasão ao Parlamento pare efetuar a prisão de Alguns deputados. No 
mesmo dia. estoura em Londres uma rebelião armada. As milícias londrinas passaram para o 
lado do Parlamento, tendo inicio, então, a Guerra Civil. 
 
A Revolução Puritana (1642-1649) 
A Guerra Civil, que se estendeu até 1645, correspondeu à primeira fase da Revolução 
Puritana. As forças que apoiavam o Parlamento eram compostas pelos puritanos, 
camponeses ricos, comerciantes, artesãos e camponeses empobrecidos. As forças reais ou 
realistas eram formadas pelos católicos e pela grande nobreza. A pequena nobreza rural 
estava dividida entre o Parlamento e o Rei. No fundo, podemos dizer que as classes mais 
progressistas e as áreas mais desenvolvidas estavam com o Parlamento, e as classes mais 
conservadoras e as áreas mais atrasadas, ao lado do Rei. 
Quando Cromwell, deputado puritano, assumiu o comando do exercito parlamentar, suas 
tropas conseguiram, rapidamente, vitórias consideráveis sobre as tropas realistas. Isto 
deveu-se à reforma militar efetuada por Cromwell. Foi instaurada uma férrea disciplina no 
exército, o comando militar centralizado, os soldados pagos regularmente. 
 
A oficialidade do novo, exercito era recrutada basicamente na pequena e média nobreza, 
e pequena e média burguesia. Em 1645, em Naseby, Cromwell venceu as tropas realistas 
com o apoio do conhecido Exercito Modelo. 
Com essa vitória, o Parlamento, dominado pelos presbiterianos, tendo em vista que o 
absolutismo real havia se extinguido, dava por terminada a revolução. Tentaram, então, um 
acordo com o Rei, através do qual esse continuaria como tal, mas teria autoridade limitada 
pelo poder do Parlamento. Carlos I, entretanto, não aceitando tais limites, procurou jogar os 
presbiterianos contra os puritanos, que dominavam o exercito, acreditando que a revolução 
não havia terminado. 
Os presbiterianos, que eram maioria no Parlamento, votaram a instituição do 
presbiterianismo como religião oficial e uma serie de leis repressivas contra as outras seitas 
independentes. 
Ao mesmo tempo, procuraram, utilizando-se da autoridade real, desarticular o novo 
exercito controlado pelos puritanos. Em 1649, o exercito, tendo a frente Cromwell, deu um 
golpe de Estado, prendendo os deputados presbiterianos moderados e executando o Rei. 
Iniciou-se. desse modo a segunda fase da revolução, a Republica Puritana. 
Em 1651, Cromwell unifica a Inglaterra, Irlanda e Escócia numa só Republica, declarando-
se lorde Protetor da Comunidade Britânica. Ainda no ano de 1651, Cromwell obriga o 
Parlamento a votar o Ato de Navegação pelo qual as mercadorias vindas da Ásia África e 
América, para os portos ingleses, só poderiam ser transportadas por barcos da Inglaterra; as 
mercadorias vindas da Europa seriam levadas ou por navios ingleses ou por navios dos 
países produtores. 
O Ato de Navegação provocou a reação dos holandeses, que obtinham grandes lucros 
com o comercio marítimo inglês. Holanda e Inglaterra entram em guerra. A primeira é 
vencida, tendo início a hegemonia marítima inglesa. De 1653 até 1658, temos a chamada 
Ditadura Puritana, na qual Cromwell governou como ditador militar absolutista até sua morte 
(1658). 
 
A restauração da monarquia dos Stuarts 
Ricardo, o filho de Cromwell, assumiu o cargo de Lorde Protetor, apoiado por políticos 
desacreditados, que o utilizariam para defender seus interesses. O exército puritano, que 
não reconheceu o poder de Ricardo, destituiu-o. Os generais passaram, então, a lutar pelos 
seus próprios interesses, provocando uma divisão no exercito. 
Os proprietários ingleses, assustados com esta agitação, começaram a articular a 
restauração da monarquia. O general Monk, em 1660, apressou a dissolução do que restava 
do Longo Parlamento e entrou em negociações com Carlos II, filho de Carlos 1, visando a 
restauração da monarquia. Em abril de 1660, Carlos II lançou a chamada Declaração de 
Breda, onde se comprometeu a manter a tolerância religiosa e o respeitoàs relações de 
propriedade existentes. Em 25 de abril de 1660, reuniu-se um novo Parlamento, dominado 
por realistas e presbiterianos, que convidaram Carlos II a assumir a coroa inglesa. 
Carlos II não assumiu o poder como Rei absolutista e sim como um Rei dominado pelo 
Parlamento, formado por proprietários rurais e comerciantes. Entretanto, logo depois de sua 
ascensão, o Rei Carlos II entrou em conflito com o Parlamento. Esses conflitos eram 
motivados por dois fatores: a sua política externa e a sua atitude com relação aos católicos. 
Ao nível da política externa, o Rei, em troca de pensões que lhe eram oferecidas por Luís XVI 
da França, procurou subordinar a política inglesa a política francesa. 
 
Quanto a sua política, em relação aos católicos, Carlos II suspendeu as leis contra os 
católicos e outros dissidentes. O Parlamento, dominado pelos presbiterianos, e até mesmo os 
puritanos, voltou-se contra essa medida de Carlos II. Começaram a recear uma revolta ao 
catolicismo como religião oficial da Inglaterra. Procurando evitar a ascensão ao trono de 
Jaime II, irmão de Carlos, que era católico. 
 
A Revolução Gloriosa (1688-1689) 
Em 1685, assume o poder Jaime II, que procurou novamente conduzir o país para o 
catolicismo e fortalecer o seu poder as custas do Parlamento. Para tanto, preencheu 
importantes postos do exercito e da burocracia estatal com elementos católicos, violando, 
abertamente, uma resolução parlamentar que exigia dos ocupantes dos cargos oficiais a 
adesão ao anglicanismo. 
Todas as classes proprietários da Inglaterra colocaram-se contra Jaime II, mas temiam 
uma insurreição na qual talvez lhe fosse impossível controlar as massas populares. O 
Parlamento, pare resolver o problema da sucesso inglesa, colocou-se, secretamente, de 
acordo com Guilherme de Orange, príncipe da Holanda e genro de Jaime II, visando 
entregar-lhe o poder. Guilherme desembarcou na Inglaterra com seu exercito formado por 
holandeses e emigrados ingleses, com a justificativa de que visava restaurar a liberdade 
constitucional e proteger a religião protestante. 
Com a derrota de Jaime II, Guilherme e sua esposa Maria assumem o poder como 
soberanos da Coroa da Inglaterra. E a este episódio que se da o nome de Revolução 
Gloriosa. 
A Revolução Gloriosa foi um compromisso entre a burguesia inglesa e os grandes 
proprietários rurais. As massas populares não tomaram parte na sua execução. A Revolução 
Gloriosa levou ao poder os aliados burgueses e latifundiários. As terras da Coroa e da Igreja 
foram apropriadas pelas duas classes aliadas. Esta nova aristocracia promoveu uma 
legislação para garantir o desenvolvimento do livre comércio, a expansão da agricultura 
moderna e a ampliação da oferta de mão-de-obra para as manufaturas e industrias 
nascentes. 
Em 1689, pare assumir a Coroa, Guilherme de Orange aceitou a Declaração dos Direitos, 
marcando o fim dos conflitos entre a Coroa e o Parlamento. Surgiu na Inglaterra a Monarquia 
Constitucional O poder do Rei foi limitado pelo poder do Parlamento. A burguesia, aliada aos 
proprietários rurais, passou a exercer diretamente o poder político através do Parlamento. 
Estavam criadas as condições políticas para o surgimento da Revolução Industrial e para o 
desenvolvimento do capitalismo, baseado na grande industria e no trabalho assalariado. 
 
Texto: A REVOLUÇÃO INGLESA 
Lawrence Stone 
 
Stone, Lawrence. La Revolución Inglesa. In: Forster, Robert e Greene, Jack P. Revoluciones y Rebeliones 
de La Europa Moderna. Madri, Alianza, 1981, pp. 120-1. 
 
“O que caracteriza a Revolução Inglesa é o conteúdo intelectual dos diversos programas e 
atuações da oposição depois de 1640. Pela primeira vez na história, um rei ungido foi julgado 
por faltar à palavra dada a seus súditos e decapitado em público, sendo seu cargo abolido. 
 
Aboliu-se a Igreja estabelecida, suas propriedades foram confiscadas e se proclamou - e 
inclusive se exigiu - uma tolerância religiosa bastante ampla para todas as formas do 
protestantismo. Por um breve espaço de tempo, e provavelmente pela primeira vez, 
apareceu no cenário da história um grupo de homens que falavam de liberdade, não de 
liberdades: de igualdade, não de privilégios; de fraternidade, não de submissão. Estas idéias 
haveriam de viver e reviver em outras sociedades e em outras épocas. Em 1647, o puritano 
John Davenport predisse com misteriosa exatidão que "a luz que acabava de ser descoberta 
na Inglaterra... jamais se extinguirá por completo, apesar de eu suspeitar que durante 
algum tempo prevalecerão idéias contrárias". 
Ainda que a revolução fracassasse aparentemente, sobreviveram idéias de tolerância 
religiosa, limitações do poder executivo central a respeito da liberdade pessoal das classes 
proprietárias e uma política baseada no consentimento de um setor muito amplo da 
sociedade. Essas idéias reaparecerão nos escritos de John Locke e se consolidarão no 
sistema político dos reinados de Guilherme III e Ana, com organizações partidárias bem 
desenvolvidas, com a transferência de amplos poderes ao Parlamento, com um Bill of Rights 
e um Toleration Act, e com a existência de um eleitorado assombrosamente numeroso, ativo 
e articulado. É precisamente por estas razões que a crise inglesa do século XVII pode aspirar 
a ser a primeira "Grande Revolução" na história mundial, e portanto, um acontecimento de 
importância fundamental na evolução da civilização ocidental.” 
 
Texto: LEVELLERS E DIGGERS: O RADICALISMO NA REVOLUÇÃO INGLESA 
George Rudé 
 
Rudé, George. Ideologia e Protesto Popular. Rio de Janeiro, Zahar 1982, pp. 78-80. 
 
A maior parte dos fazendeiros e artesãos, porém - os de "nível médio" -, continuaram a lutar 
e muitos chegaram a servir no New Model Army, lado a lado com os "capitães de casaco de 
burel", de Cromwell, ao fim de 1644. Também os "religiosos" continuaram sendo partidários 
decididos do Parlamento, e saíam principalmente das camadas "médias" da população. E foi 
dessas camadas médias, e não dos trabalhadores como um todo, que uma nova ideologia 
popular da revolução, uma combinação de elementos velhos e novos, começou então a 
surgir. Tinha duas linhas principais, uma secular e outra "religiosa", embora as duas, pelos 
motivos já explicados, se confundissem inevitavelmente. A linha mais secular associa-se com 
os levellers e os diggers os quais, embora seus programas diferissem muito, ofereciam 
soluções políticas e sociais para males terrenos. Tais grupos surgiram dos acalorados 
debates, realizados em Putney em 1647, entre oficiais do exército (favoráveis aos grandes 
comerciantes e donos de propriedades rurais) e os "agitadores", que representavam as 
fileiras da tropa. Alguns levellers pediam, a princípio, a igualdade da propriedade, merecendo 
assim o rótulo de leveller (nivelador) a eles aplicado pelos seus críticos. Mas, com a 
continuação do debate, o grupo principal de levellers (inclusive John Lilburne, seu principal 
porta-voz) rejeitou as idéias coletivistas, embora continuasse, em suas petições e 
manifestos, a condenar o monopó1io, a pedir a abolição do dízimo (com compensação para 
os proprietários, porém) e da prisão por dívidas, e a reivindicar a reforma jurídica e o fim do 
cercamento das terras comuns e não usadas. Tiveram, portanto, uma política social de 
âmbito considerável, calculada para granjear o apoio dos pequenos proprietários, embora 
ficasse muito aquém da aspiração mais radical dos pobres sem propriedades - os criados, os 
miseráveis, os trabalhadores e os que não eram economicamente livres. 
 
Na verdade, o principal grupo dos Levellers (os levellers "constitucionais") deixou esses 
grupos sociais (os pobres sem propriedades) de fora não apenas de seu programa social 
como de seu próprio programa constitucional. Muita tinta já foi gasta sobre o problema de 
até onde foram os levellers no caminho da democracia. Nos debates de Putney, havia quem, 
como o coronel radical Rainborough, fosse a favor da ampliação do sufrágio paraincluir 
todos os adultos do sexo masculino (inclusive o "menor homem que existir na Inglaterra"). 
Mas a decisão final de Lilburne e seus companheiros, embora a formulação variasse por 
vezes, era em favor de algo parecido com o voto familiar, mas excluindo não apenas os 
criados e mendigos, como também todos os homens que trabalhassem em troca de salários. 
Esses grupos, portanto, na medida em que recusassem aceitar sua sorte, tinham de procurar 
defensores em outros círculos. Estes surgiram, em suma, no movimento dos diggers, ou true 
levellers (verdadeiros niveladores), que pregavam a ocupação, pela força, das terras 
desocupadas e das terras comuns, pelos pobres sem propriedades, o que se fez pela 
primeira vez em St. George's Hill, perto de Cobham, em Surrey, no mês de abril de 1649. 
Surgiram uma dezena de outras colônias de diggers, principalmente no sul e no centro da 
Inglaterra, nos dois anos seguintes. Seu principal representante foi Gerrard Winstanley, que 
não só formulou soluções para males agrários como também imaginou uma comunidade 
cooperativa do futuro, na qual toda a propriedade seria comum. A obra de Winstanley 
sobreviveu, para enriquecer futuras especulações sobre a sociedade perfeita. Mas o 
movimento dos diggers teve vida efêmera e uma das razões disso foi ter despertado pouca 
simpatia entre os arrendatários livres e pequenos proprietários, bem como entre os cidadãos 
"de nível médio", que representavam o corpo principal dos levellers. Isso não surpreende, 
pois seus interesses como pequenos proprietários constituíam um obstáculo que os tornava 
tão relutantes quanto os senhores e a pequena nobreza em abrir as terras comuns à invasão 
pelos pobres rurais. Já antes da queda dos diggers, porém, o movimento político dos 
Levellers havia sido sufocado depois de uma tentativa de amotinar o exército em maio de 
1649. 
Já se disse que os levellers "constitucionais", por suas concessões e hesitações em perturbar 
as classes proprietárias, não discordavam fundamentalmente do tipo de sociedade capitalista 
que surgia da revolução inglesa. Feito sem outros comentários, esse juízo parece 
excessivamente rigoroso, pois a tentativa dos Levellers de criar uma democracia de 
pequenos produtores ainda não havia sido feita antes, (apesar dos gregos antigos) nem 
voltaria a ser, até a revolução na França, século e meio depois. Não obstante, é certo que os 
levellers falavam por uma classe que esperava ampliar suas propriedades dentro de uma 
sociedade aquisitiva e não tinha, portanto, qualquer intenção de, uma vez terminado seu 
período de imaturidade, "virar o mundo de cabeça para baixo". Mas isso, de acordo com Hill, 
era precisamente o que as seitas religiosas radicais - os ranters, seekers e quakers - 
pretendiam fazer. 
 
	Revolução Inglesa
	O processo revolucionário
	Religião e política
	A dinastia dos Stuarts
	Texto: A REVOLUÇÃO INGLESA
	Texto: LEVELLERS E DIGGERS: O RADICALISMO NA REVOLUÇÃO INGLESA

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