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Plano de Aula: A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - CCJ0334 Título A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 3 Tema A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO Objetivos 1. - Identificar as características fundamentais das diversas correntes do pensamento jurídico, a saber: jusnaturalismo, positivismo, normativismo e o pós-positivismo. 2. - Conhecer o pensamento jusfilosófico de Miguel Reale por meio da teoria tridimendional do Direito 3. - Compreender a crítica à Teoria Pura do Direito elaborada pelo pensamento pós-Positivista. Estrutura do Conteúdo ESTRUTURA DO CONTEÚDO DESTA AULA: A HISTÓRIA DO PENSAMENTO JURÍDICO · A ideia do Direito Natural: O jusnaturalismo. · O Positivismo Jurídico. · O Normativismo jurídico. · O Pós-positivismo e a crítica à Teoria Pura do Direito de Kelsen . Miguel Reale e a estrutura tridimensional do Direito. Sugerimos ao professor que introduza o tema a partir da ideia de Direito Natural e como foi sendo desenvolvida pelas diversas correntes do pensamento jusnaturalista. Poderá iniciar a partir da afirmação de que a Teoria do Direito natural é muito antiga, estando presente na literatura jurídica ocidental desde a aurora da Civilização Europeia. Na descoberta ateniense do homem, parece encontrar-se a semente desse movimento, que atende ao anseio comum, em todos os tempos, a todo os homens, pôr um direito mais justo, mais perfeito, capaz de protegê-los contra o arbítrio do governo. Considerado expressão da natureza humana ou deduzível dos princípios da razão, o direito natural foi sempre tido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito positivo, como sendo absoluto e universal por corresponder à natureza humana. Antes de Cristo, seja em Atenas, seja em Roma, com Cícero (De res publica) assim era concebido. - A leitura histórica sobre as origens do Direito, constata que o seu nascedouro está intimamente associado à existência de um parâmetro geral de Justiça orientador do processo de criação do Direito. DIREITO NATURAL e suas três fases: visão cosmogônica; visão divina e visão racionalista. Escola do Direito Natural (Séculos XVII e XVIII): Expressão genérica que reúne diferentes tendências e autores do pensamento moderno, que associaram a noção de Direito Natural à ideia de Razão, como atributo do ser humano, que é capaz de fazer suas próprias escolhas, independentemente da vontade divina. O DECLÍNIO DO DIREITO NATURAL No Século XIX deu-se, pela primeira vez uma separação rigorosa entre o Direito e a Moral. Com as revoluções burguesas da segunda metade do Século XVIII, principalmente a Revolução Francesa de 1789, afirmaram-se princípios jurídicos como legalidade, separação de poderes e isonomia. O POSITIVISMO JURÍDICO Na visão positivista, a Ciência do Direito tem por missão estudar a correlação entre as normas que compõem a ordem jurídica vigente. Em relação à justiça, a atitude do positivismo jurídico é a de um ceticismo absoluto. Correntes Do Positivismo Jurídico ? recomenda-se ao professor discorrer brevemente sobre essas correntes, reportando-se aos textos encontrados no Livro didático, a saber: a) Escola da Exegese b) O Pandectismo Alemão e sua relação com a Escola Histórica c) A Escola Histórica do Direito d) Pandectismo Jurídico (Jurisprudência Conceitual) O NORMATIVISMO JURÍDICO As tendências de perfil factualista dominavam o debate jurídico das primeiras décadas do Século XX, quando surgiu a figura de um autor austríaco, chamado Hans Kelsen, que mudará por completo o foco do debate da Teoria Geral do Direito, ao questionar tais enfoques, investindo da proposta de construção de uma metodologia própria para a Ciência do Direito. A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen Hans Kelsen (1881-1973) dedicou a maior parte de sua vida à discussão da Teoria do Direito. O normativismo jurídico kelseniano consiste basicamente na defesa da construção de parâmetros metodológicos próprios para a Ciência do Direito, expressos na denominada Teoria Pura do Direito, que não fossem uma mera importação das Ciências Sociais e Humanas do Século XIX, tampouco a reprodução dos paradigmas teóricos próprios das Ciências Naturais e Exatas. Pontos Principais da Teoria Pura do Direito: - a Norma Fundamental - Kelsen priorizava o aspecto estrutural do ordenamento jurídico e a correlação entre suas normas, independentemente de concepções ideológicas e de regimes políticos. Pregava a pureza metodológica de uma Ciência dita Pura do Direito. Teoria da Interpretação de Kelsen: Fundada no caráter hierárquico e de autorreprodução do Direito, a concepção kelseniana sobre a interpretação do direito segue a premissa da pureza metodológica, presente em toda a sua Teoria. O PÓS-POSITIVISMO E A CRÍTICA à TEORIA PURA DO DIREITO DE KELSEN. A Teoria Pura do Direito de Kelsen teve uma aplicação distorcida, passando a servir de base para um afastamento do direito de parâmetros éticos, algo nunca defendido pelo próprio Kelsen. A TEORIA TRIDIMENSIONAL DE MIGUEL REALE A Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale é tida como a melhor sistematização da visão culturalista sobre o Direito. Para Reale, toda experiência jurídica pressupõe a correlação entre esses três elementos: fato, valor e norma. Aplicação Prática Teórica ATIVIDADE DE CAMPO n. 01: Assista ao vídeo indicado abaixo e realize as leituras dos textos que se seguem, para que você consiga realizar as tarefas que lhe são solicitadas como atividade de campo: O JULGAMENTO DE ANTÍGONA: ENTRE O DIREITO NATURAL E O DIREITO POSITIVO ASSISTA AO VÍDEO - https://www.youtube.com/watch?v=baGauFAzW3U - Direito e Literatura | Antígona, de Sófocles . Esse vídeo dispõe sobre os comentários dos professores Vicente Barreto e Lênio Streck, a respeito da tragédia teatral grega intitulada Antígona, do teatrólogo da Grécia Antiga, Sófocles, que pode se revelar uma boa fonte para se entender o que é o direito natural e o direito positivo. TEXTOS PARA LEITURA 1. SOBRE A PEÇA TEATRAL ANTÍGONA Filhos do rei Édipo que morrera no exílio, Polinice enfrentou o irmão Hetéocles visando ao trono de Tebas. O conflito acabou com os dois se matando e, então, assumiu o poder o tio Creonte, irmão de Jocasta, esposa de Édipo que também morreu anteriormente. Usando de seu poder, Creonte estabeleceu que o corpo de Polinice não receberia as honrarias tradicionais dos funerais, pois este tinha lutado contra a pátria. Já ao irmão, Etéocles, o rei determinou que fossem dadas tais honrarias fúnebres. Além disso, determinou pena de morte a quem desobedecesse às suas ordens. Entretanto, Antígona, irmã dos herdeiros e protagonista da peça, entendeu que esse procedimento do Tio Creonte, agora rei, era arbitrário, não respeitando as leis naturais mais antigas ou divinas que estabeleciam que todo homem devia ter o seu devido sepultamento. Era crença antiga que os rituais de passagem eram importantes para que a alma não ficasse vagando eternamente sem destino. Com essa preocupação, Antígona preferiu correr o risco da morte para enterrar seu irmão despojado. ? CREONTE ? [...] tiveste a ousadia de desobedecer a essa determinação? ANTÍGONA ? Sim, pois não foi decisão de Zeus; e a Justiça [Diké], a deusa que habita com as divindades subterrâneas, jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito que tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divinas [Thémis], nunca escritas, porém irrevogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos como os que proclamaste, eu, que não temo o poder de homemalgum, posso violar sem merecer a punição dos deuses! (SÓFOCLES, 2008, p. 96)?. Devemos perceber que estavam em conflito as leis divinas (Direito Natural), defendidas por Antígona e as leis humanas (Direito Positivo) determinadas pelo arbítrio de Creonte. A finalidade da obra trágica era justamente combater as duas posições extremistas, punindo ambas por não buscarem um acordo e desejarem prevalecer uma sobre a outra. Do lado de Creonte, havia a desobediência das tradições com a criação de uma lei contrária ás tradições. Do lado de Antígona, havia a desobediência das leis de seu país. Foi assim que cada um foi punido ao final, Antígona, por sua desobediência, provocou a morte de mais duas pessoas. Então, ela tornou-se uma heroína dos valores, mas que não gozou de prêmio nenhum. Creonte, por sua ambição e por seu despotismo, perdeu seu filho e sua esposa, evidenciando que devemos pensar sobre a responsabilidade de nossas ações no mundo. 2. JUSNATURALISMO É um modo de conceber e justificar a origem do Direito e o porquê de nos submetermos a ele. Para a concepção jusnaturalista o direito vale caso seja justo e a justeza das normas parte de uma justificativa de ordem moral. Inicialmente vinculada à vontade dos deuses cosmológicos (Antiguidade), havia uma justiça natural, emanada da ordem cósmica, havendo uma ligação profunda entre natureza, justiça e direito; depois vinculada à vontade de Deus (Idade Média) e depois vinculada à vontade da razão humana. Assim, embora se oriente pela busca de uma justiça eterna e imutável, a doutrina do Jusnaturalismo defende a existência de um direito natural que existe independente da vontade humana, mas cuja finalidade é a promoção da justiça entre os homens. O jusnaturalismo pode ser agrupado nas seguintes categorias: a) O jusnaturalismo cosmológico, vigente na Antiguidade clássica; b) o jusnaturalismo teológico, surgido na Idade Média, tendo como fundamento jurídico a ideia do princípio de um Deus criador (a divina providencia) , do qual emana a harmonia do universo e o homem criado à sua imagem e semelhança. Os princípios imutáveis e universais do direito natural podiam ser sintetizados na fórmula segundo a qual o bem deve ser feito, daí advindo os deveres dos homens para consigo mesmos, para com os outros homens e para com Deus ; c) o jusnaturalismo racionalista, surgido no ambiente do Iluminismo e das revoluções liberais burgueses do século XVII e XVIII, tendo como fundamento a razão humana universal que desponta como um código de ética universal e pressupõe um ser humano único em todo o tempo e em todo espaço. Os iluministas acreditavam, assim, que a racionalidade humana, ao invés da providência divina, poderia ordenar a natureza e vida social.; d) o jusnaturalismo contemporâneo concebido no século XX (pós- Segunda Guerra), que concebe a justiça no plano histórico e social, atentando para as diversas acepções culturais acerca do direito justo. Importante apontar que o Jusnaturalismo acompanha o olhar humanista sobre o direito. 3. POSITIVISMO JURÍDICO No positivismo jurídico enquadram-se todas as teorias que consideram expressar o direito a vontade do legislador, definindo-o como comando e reduzindo-o ao direito do Estado. Esse positivismo tem sido rotulado de positivismo estatal ou positivismo normativista, por dar preponderância à lei sobre as demais fontes do direito ou ao precedente judicial e por fazer depender o direito do Estado. Para essa versão do positivismo, o direito é identificado com o direito estatal: é o criado ou reconhecido pelo Estado, manifestação, portanto, de sua vontade. Além disso, faça a leitura dos Planos de Aula 03 e 04 da disciplina e dos seus respectivos slides, que podem ser encontrados no ambiente virtual do SAVA (Sala de Aula Virtual). ATIVIDADE PROPOSTA O conflito entre o que é justo e o que diz a lei é um tema jamais esgotado pela humanidade, ou seja, de um lado os valores inerentes à natureza humana que compõem uma ordem moral de justiça e de outro as leis escritas, postas pelo Estado. Senão vejamos: o direito à vida versus a pena de morte ou mesmo o direito à igualdade humana de um lado e de outro as leis de certos países que impedem o acesso à educação e ao trabalho para meninas e mulheres. O que deve prevalecer? Faça uma pesquisa na Internet, relacione com as informações e os textos lidos e responda: a) Qual deve ser a relação entre o direito e a moral? b) Que países que possuem pena de morte? c) O Brasil já teve pena de morte? Por que não tem mais? d) Existem países que impedem o acesso à educação e ao trabalho para meninas e mulheres? Em caso positivo, quais são e qual o motivo para tal? Sugestão de sites a serem consultados: https://anistia.org.br/noticias/pena-de-morte-em-2018-fatos-e-numeros/ https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/04/04/ha-140-anos-a- ultima-pena-de-morte-do-brasil https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2018/06/104-paises-proibem- mulher-por-lei-de-fazer-alguma-coisa-e-o-brasil-esta-no-grupo.html https://www.politize.com.br/7-direitos-das-mulheres-negados-no-mundo/ Produto/Resultado Suas respostas devem ser apresentadas segundo as orientações dos professor, bem como das instruções normativas institucionais (como as constantes do plano de ensino da disciplina e regulamento de provas). Trata-se, como dito acima, de atividade de campo, a que também se atribui grau, como parte, portanto, dos instrumentos de avaliação para aprovação na disciplina. QUESTÃO OBJETIVA No positivismo jurídico enquadram-se todas as teorias que consideram expressar o direito a vontade do legislador, definindo-o como comando e reduzindo-o ao direito do Estado. Esse positivismo tem sido rotulado de positivismo estatal ou positivismo normativista, por dar preponderância à lei sobre as demais fontes do direito ou ao precedente judicial e por fazer depender o direito do Estado. Para essa versão do positivismo, o direito é identificado com o direito estatal: é o criado ou reconhecido pelo Estado, manifestação, portanto, de sua vontade. São características do positivismo jurídico, EXCETO: a) o direito é identificado com o direito estatal: é o criado ou reconhecido pelo Estado, manifestação, portanto, de sua vontade. b) O positivismo afasta-se dos julgamentos morais, do justo ou injusto, colocando toda a questão na legalidade, no puramente legal. c) Vale o que está escrito na lei, não importando sua natureza moral. d) O direito vincula-se aos ideais de justiça, ao justo por natureza. e) É o direito posto pelo Estado.
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