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180 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 OBESIDADE E DOENÇAS PERIODONTAIS Obesity and Periodontal Diseases Sérgio Spezzia1. 1Cirurgião Dentista. Especialista em Saúde da Mulher no Climatério pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Gestão Pública pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Especialista em Adolescência para Equipe Multidisciplinar e Mestre em Ciências pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. INTRODUÇÃO Doenças periodontais (DPs) constituem problema de Saúde Pública capaz de gerar impacto, uma vez que mui- tos indivíduos são acometidos pela patologia pelo glo- bo (Chambrone et al., 2010; Ministério da Saúde, 2011; Wade, 2013; Batchelor, 2014). DPs constam de doenças multifatoriais, polimicrobia- nas, crônicas e infecto-inflamatórias que acometem os tecidos periodontais. Nelas evidenciam-se respostas infla- matória e imunológica, oriundas, principalmente do acú- mulo de biofilme dentário (Maçaneiro et al., 2015; Guar- dia et al., 2017). Geralmente convive-se com a ocorrência de DPs, como a gengivite e a periodontite. A doença ocorre quando bactérias atuam nos tecidos periodontais ao aderir-se na superfície dos dentes (Axelsson & Lindhe, 1981; Newman et al., 2003). O surgimento e a evolução das DPs variam individualmente, em conformidade com RESUMO Doenças periodontais (DPs) constam de doenças multifatoriais, polimicrobianas, crônicas e infecto-inflamató- rias que acometem os tecidos periodontais. Nelas evidenciam-se respostas inflamatória e imunológica, oriundas, principalmente do acúmulo de biofilme dentário. A obesidade é uma doença crônica, multifatorial onde ocorre acúmulo aumentado ou anormal de gordura corporal. Em âmbito médico destaca-se a importância das DPs por sua possível interação com várias doenças sistêmicas, dentre as quais, a obesidade, o que constitui fundamento de Medicina Periodontal. O objetivo do presente artigo foi evidenciar a inter-relação existente entre obesidade e doenças periodontais. Realizou-se revisão bibliográfica com busca nas bases de dados: PubMED, LILACS, Goo- gle Acadêmico de estudos e artigos acerca da possível correlação existente entre a doença sistêmica obesidade e as doenças periodontais. No contexto geral, DPs e a obesidade constituem similarmente doenças crônicas, multifatoriais, inflamatórias e de caráter complexo, que podem inter-relacionar-se. Os mecanismos biológicos responsáveis pela fisiopatogenia entre DPs e obesidade ainda não acham-se elucidados por completo e a cor- relação possível que existe fundamenta-se na produção de hormônios e de citocinas, via tecido adiposo, o que influi e pode modificar a resposta inflamatória evidenciada. Periodontite e obesidade são patologias que possuem algumas similaridades. O controle e a manutenção do quadro periodontal dos pacientes obesos em consultas odontológicas periódicas permite avaliar a higenização bucal dos pacientes e permite averiguar se existe necessi- dade da realização da terapia periodontal básica, cuidados que possibilitam minimização dos possíveis problemas inflamatórios periodontais que possam vir a ocorrer. Palavras-chave: Obesidade. Doenças Periodontais. Imunidade. Periodontite. Recebimento: 08/09/19 - Correção: 07/11/19 - Aceite: 18/12/19 181An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 fatores ambientais e dependentes do hospedeiro (Ali et al., 2011; Marin et al., 2012; Antonini et al., 2013). A doença origina-se da destruição dos tecidos que circundam os elementos dentais, devido ação de perio- dontopatógenos. Microrganismos atuantes produzem exotoxinas e lipopolissacarídeos, o que promove resposta inflamatória. Caso o periodonto de proteção seja afligido, têm-se instalação de gengivite, que é reversível, havendo simultaneamente dano também ao periodonto de sus- tentação com evidência possivelmente de reabsorção ós- sea, têm-se periodontite, que é irreversível (Garcia et al., 2010; Macedo et al., 2010; Marin et al., 2012). A etiologia primária das DPs, provém da influência desfavorável do biofilme dentário, que aglomera-se com maior intensidade nas localidades onde a higienização bucal é precária ou insuficientemente realizada (Kolen- brander, 2006; Marsh, 2011). Em âmbito médico destaca-se a importância das DPs por sua possível interação com várias doenças sistêmicas, dentre as quais, a obesidade, o que constitui fundamento de Medicina Periodontal (Rose et al., 2002; Seymour et al., 2007; Chaffee & Weston, 2010; Pizzo et al., 2010; Maddi & Scannapieco, 2013; Jeffcoat et al., 2014; Hasturk & Kan- tarci, 2015; Stokreef, 2015; Colombo et al., 2016; Brasil, 2017). A obesidade configura-se também como um problema de Saúde Pública, que gera transtornos e causa impacto a nível social e em âmbito econômico. Trata-se de doença crônica, multifatorial onde ocorre acúmulo aumentado de gordura corporal (Kopelman, 2000; Spezzia et al., 2009; Dias et al., 2017). Muitas complicações podem ocorrer pela presença da doença, o que repercutirá elevando as taxas de morbidade e de mortalidade (Samuel, 2015; Del- gado, 2016). Muitas outras patologias sistêmicas, envolvendo hi- pertensão, hiperlipidemia, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2, entre outras, podem ocorrer por ação da obesidade, que age como fator de risco. Além disso, a obesidade pode relacionar-se a patologias bucais, tais como cárie dentária e doenças periodontais, como a periodontite (Bertolini et al., 2010; Nascimento et al., 2014; Slotwinska & Slotwinski, 2015; Apovian, 2016; Del- gado, 2016; Nascimento et al., 2016). Doenças sistêmicas, como a obesidade podem agir como fator de risco desencadeador das DPs, modifican- do as respostas nos tecidos periodontais. Pode ocorrer relacionamento entre obesidade e DPs pela manifestação de desregulação inflamatória e disfunção imunológica (Saito et al., 2001; Calabro & Yeh, 2007; Cruvinel et al., 2010; Genco & Borgnakke, 2013; Slotwinska & Slotwinski, 2015). No ato das condutas odontológicas deve-se avaliar cuidadosamente o paciente obeso e sua história médica, anotando em sua ficha possíveis comorbidades presen- tes, visando evitar a ocorrência de complicações no trans- correr das intervenções ou procedimentos odontológicos realizados (Marsicano, 2008; Oliveira & Almeida, 2012; Santos et al., 2014; Ryan & Raja, 2016). No contexto geral, DPs e obesidade constituem simi- larmente doenças inflamatórias e crônicas, que podem correlacionar-se (Saporiti et al., 2014; Delgado, 2016; Nascimento et al., 2016). O objetivo do presente artigo foi evidenciar a inter-rela- ção existente entre obesidade e doenças periodontais. MÉTODO Realizou-se revisão bibliográfica com busca nas bases de dados: PubMED, Literatura Latino-americana e do Ca- ribe em Ciências da Saúde (LILACS), Google Acadêmico de estudos e artigos acerca da possível correlação existente entre a doença sistêmica obesidade e as DPs. No Google Acadêmico empregou-se a expressão de busca: obesida- de and odontologia and saúde bucal and doenças perio- dontais and periodontite and 2014 and 2015 and 2016 and 2017 and 2018 e obteve-se aproximadamente 286 resultados. No LILACS utilizou-se a expressão: obesidade and doenças periodontais e encontrou-se 53 resultados. No PubMED empregou-se: obesity and periodontal di- seases and periodontitis and dentistry and oral health e encontrou-se 117 resultados. Incluiu-se os principais estudos e artigos, que versa- vam acerca da correlação existente entre DPs e obesi- dade, presentes nas bases de dados PubMED e LILACS, independentemente da data de publicação e idiomas dis- ponibilizados nas bases. No Google Acadêmico conside- rou-se publicações de 2014 a 2018.Excluiu-se artigos que tratavam de outras patologias sistêmicas que não a obesidade e que não possuíam con- teúdo concernente com a temática de pesquisa. Apontamentos de livros, trabalhos, monografias, dis- sertações e teses sobre o mesmo assunto também foram considerados. 182 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 REVISÃO DE LITERATURA Nas DPs, mecanismos imuno-inflamatórios atuam, no intuito de deter a invasão tecidual e proteger o hospedei- ro dos microrganismos presentes. A resposta imunológica gera inflamação local. Nesse contexto, havendo manifes- tação de processos reacionais protetores frente as agres- sões de maneira continuada pode ocasionar perda óssea periodontal. A inflamação gerada trata-se de uma reação do hospedeiro frente aos malefícios ocasionados pela microbiota oral. Processos imuno-inflamatórios almejam promover proteção ao organismo frente ao ataque micro- biano, impedindo a invasão tecidual. No geral, processos imunológicos e inflamatórios que fazem-se presentes nos tecidos periodontais visam instituir proteção a integridade tecidual, realizando enfrentamento as agressões (Axels- son & Lindhe, 1981; Gaetti Jardim et al., 2010; Garcia et al., 2010; Ali et al., 2011; Antonini et al., 2013). Alguns fatores são considerados contribuidores para o surgimento das DPs, como: biofilme dentário; medi- camentos administrados; hábito de fumar; influências hormonais, que atuam podendo exacerbar o estado in- flamatório presente e influência oriunda da presença de doenças sistêmicas nos pacientes (Neville et al., 2004). Patologias sistêmicas, envolvendo osteoporose, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, aterosclerose, doenças cardiovasculares, e possivelmente obesidade, dentre outras, quando estiverem presentes coadjuvada- mente às DPs podem sofrer influência das mesmas. Pode ocorrer exacerbação ou intensificação da inflamação ou do grau inflamatório presente nessas doenças (Spezzia, 2012; Spezzia & Calvoso Jr., 2012; Spezzia, 2016). Comumente convive-se com DPs como a gengivite e a periodontite. A gengivite constitui processo inflamatório limitado aos tecidos marginais, manifestando edema, eri- tema, sangramento e vermelhidão. A periodontite possui etiologia multifatorial e acarreta destruição óssea perio- dontal com a formação de bolsas periodontais, que ao progredirem tornam-se cada vez mais infectadas e com maior profundidade. Nela ocorre manifestação da forma severa das DPs que aflige ligamentos periodontais e es- truturas ósseas de suporte dentário (Lindhe et al., 2005). Individualmente a resposta imunológica que é ma- nifestada intrinsecamente por cada hospedeiro agre- gada as características microbianas evidenciadas agem influenciando nos quadros de periodontite. Processos inflamatórios e imunológicos que ocorrem em decorrên- cia da periodontite acarretam a produção de proteína C reativa (PCR), citocinas e prostaglandinas. A destruição tecidual e reabsorção óssea manifestam-se, ocorrendo conjuntamente níveis altos de várias citocinas (Lima et al., 2008; Spezzia & Calvoso Jr., 2013). A PCR aumenta proporcionalmente, a medida que ocorre agressão e destruição tecidual. Trata-se do mar- cador de atividade inflamatória que detém capacidade de elevação e dependência relacionados com o estímulo inflamatório apresentado. Essa proteína atua como sina- lizador não-específico de agressões e processos infeccio- sos e possui emprego na averiguação de indivíduos com manifestações inflamatórias. A PCR auxilia na avaliação dos processos inflamatórios, podendo delinear sua exten- são e atividade. Outra função da proteína é a de permitir efetuar o acompanhamento da resposta terapêutica, a exemplo, têm-se a aferição do grau de inflamação pre- sente antes e depois da instituição da terapia periodontal, em período posterior comumente o grau inflamatório de- cresce. Os níveis da PCR acham-se elevados em indivíduos obesos e portadores de DPs (Bullo et al., 2003; Spezzia & Calvoso Jr., 2013). A obesidade advém do excesso de massa gordurosa apresentado, quando comparado a massa magra e é con- sequência do consumo crônico de calorias excedentes, suplantando o metabolicamente necessário. Ela é designa- da em conformidade com o peso e a altura, dessa forma pode-se evidenciar pesos mais elevados do que se define como saudável para determinada estatura. Calcula-se a presença possível de obesidade por intermédio da fórmula do índice de massa corpórea (IMC), em que o peso em quilogramas é dividido pela altura em metros ao quadrado, obtendo-se valor igual ou superior a 30 kg/m2, configura- -se obesidade. Pode-se classificar a obesidade de diversas formas, comumente emprega-se o IMC para tal finalidade (Spezzia et al., 2009; Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, 2016). Outro recurso passível de ser utilizado, visando identi- ficação de obesidade, consta da aferição da circunferên- cia abdominal, medida essa que correlaciona-se a gordura corporal total. A averiguação da circunferência abdominal pode ocorrer verificando-se os pacientes posicionados em supina, inspirando profundamente, uma vez ocorrido o término da expiração subsequente, procede-se a aferição. De acordo com a Organização Mundial de Saúde 183An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 (OMS), essa aferição pode ocorrer, medindo-se o maior perímetro abdominal presente na porção situada entre a última costela e a crista ilíaca (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, 2016). A OMS considera que uma pessoa para ser obesa deve possuir IMC com valor numérico de 30 ou mais. Sa- be-se que o IMC acha-se diretamente relacionado com a proporção apresentada de massa gorda corporal (Spezzia et al., 2009; Slotwinska & Slotwinski, 2015; Tirth & Tan- don, 2015). Pode-se também classificar a obesidade em três clas- ses: obesidade de grau I, quando o IMC estiver entre 30 e 34,9; de grau II, quando tivermos IMC aferido com valor entre 35 e 39,9 e obesidade de grau III, quando conviver- mos com IMC maior ou igual ao valor de 40 (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Me- tabólica, 2016). Em conformidade com o perímetro abdominal, classifi- ca-se a obesidade em subcutânea ou visceral. A obesida- de visceral é designada por obesidade com distribuição no formato androide ou de maçã e a subcutânea é designada por obesidade com gordura distribuída no formato de pera ou ginoide (Mancini, 2015; Associação Brasileira para o Es- tudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, 2016). A obesidade mórbida pode ser tratada fazendo-se uti- lização da cirurgia bariátrica, almejando que os pacientes venham a perder peso, entretanto, concomitantemente a realização da cirurgia bariátrica, evidenciam-se repercus- sões provocadas pela mesma a nível de saúde sistêmica e saúde oral. Posteriormente a realização da cirurgia, po- de-se conviver com alguns efeitos negativos em âmbito sistêmico e bucal, mais especificamente, levando a insta- lação de problemas periodontais. Alterações periodontais apresentadas, advém de fatores influenciadores psicoló- gicos e das adaptações ou mudanças que vão ocorrendo relacionadas a dieta pós-cirurgia (Sales-Peres et al., 2015). Existe inter-relação entre a elevação de tecido adiposo e a elevação dos níveis de várias citocinas, entre elas o fator de necrose tumoral alfa, a interleucina 6 e 8 e a PCR (Dursun et al., 2016). O desempenho de atividade física e o controle da die- ta através da ingestão de alimentação com menor teor calórico auxiliam no enfrentamento do quadro de obesi- dade. Exercícios físicos propiciam melhor gasto de energia e eliminam gordura com redução de tecido adiposo (Spe- zzia et al., 2009). A abordagem dos obesos deve procedercom empre- go de uma equipe multidisciplinar, que possua o cirurgião dentista incluso. Em âmbito odontológico, o levanta- mento da história médica e odontológica dos pacientes, faz-se necessário. Indivíduos portadores de obesidade devem ser investigados acerca da existência ou não de outras doenças que podem estar ocorrendo, concomitan- temente, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovascu- lares, entre outras. Convém também, visando proceder a condutas odontológicas isentadas de possíveis compli- cações, investigar e anotar na ficha odontológica todos os medicamentos que foram prescritos no tratamento de outras doenças sistêmicas, que coexistem com a obesida- de instalada, assim como deve-se averiguar se as patolo- gias sistêmicas que estão ocorrendo, concomitantemente a obesidade acham-se sob controle terapêutico (Oliveira & Almeida, 2012; Santos et al., 2014; Ryan & Raja, 2016). Os mecanismos biológicos responsáveis pela fisiopa- togenia entre DPs e obesidade ainda não acham-se elu- cidados por completo e a correlação possível que existe fundamenta-se na produção de hormônios e de citoci- nas, via tecido adiposo, o que influi e pode modificar a resposta inflamatória evidenciada (Kershaw & Flier, 2004; Khader et al., 2009). O tecido adiposo produz bastante interleucina 6 e fa- tor de necrose tumoral alfa, estes que são os elementos determinantes pela ocorrência da inflamação crônica, ca- racterística nas DPs (Orban et al., 1999; Kershaw & Flier, 2004; Dursun et al., 2016). Na obesidade pode-se conviver com resistência imuno- lógica reduzida, predispondo a instalação das DPs. Estudos realizados na atualidade afirmam que pode existir correla- ção entre o sistema imune e a obesidade. A imunidade dos pacientes, nesse contexto, pode ser afligida e prejudicada pela presença da obesidade, predispondo a instalação das DPs (Schmidt et al., 1996; Khader et al., 2009). Alguns fatores também continuam sendo averiguados em estudos que envolvem uma possível correlação entre DPs e obesidade e averigua-se como a escovação dentá- ria insuficiente e incorreta; o consumo elevado de alimen- tos contendo açúcares e a possível redução da secreção da saliva em obesos podem influir na determinação da ocorrência das DPs (Lundin et al., 2004; Correia, 2008). Periodontite e obesidade são patologias que possuem algumas similaridades, uma vez que tratam-se de doen- ças, que provém da somatória de alguns fatores, que são 184 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 intrínsecos aos pacientes ou são considerados extrínsecos (Antonini et al., 2013; Saporiti et al., 2014). Adipocinas, que constituem citocinas e hormônios, são secretadas normalmente via tecido adiposo, o que pode agir na modulação da periodontite. O paciente obe- so possui maiores chances de desenvolver periodontite, uma vez que a presença da obesidade pode influir no seu sistema imune (Kershaw & Flier, 2004; Khader et al., 2009). DISCUSSÃO Alguns estudos preocuparam-se em correlacionar DPs e obesidade com a faixa etária dos pacientes e puderam observar que a periodontite é mais frequente em indiví- duos jovens e obesos (Ostberg et al., 2012; Nascimento et al., 2014). Estudo transversal preconizado por Al-Zahrani et al. (2003), verificou haver inter-relação entre DPs e obesidade em indivíduos com faixa etária entre 18 e 34 anos. Cons- tatou-se presença aumentada de DPs em pacientes obe- sos e jovens, possuidores de IMC acima de 30 em compa- ração com pessoas portadoras de peso normal. Outro estudo realizado por Genco et al. (2005), evi- denciou ser a obesidade um fator promotor das DPs, mesmo sem considerar-se outros fatores possivelmente influenciadores, que pudessem agir concomitantemente, como faixa etária, sexo, raça e o hábito de fumar. Estudos evidenciaram que a produção de citocinas pró-inflamatórias ocorre de forma relacionada diretamen- te a circunferência abdominal, o que pode agir, predis- pondo a ocorrência de manifestações de caráter crôni- co, envolvendo a instalação da periodontite por exemplo (Bertolini et al., 2010). Estudo realizado por Wood et al. (2003), visava ava- liar a inter-relação existente entre DPs e obesidade em indivíduos com idade superior a 18 anos e caucasianos e observou que havia evidência de associação entre DPs e a obesidade abdominal. Sob outro enfoque pode-se correlacionar a obesidade a DPs, como periodontite, levando em conta o aspecto comportamental inerente. A adoção de comportamento nocivo a saúde pelos indivíduos, englobando consumo de dieta imprópria; estilo de vida inadequado e a não realiza- ção de atividade física podem levar ao acometimento por ambas doenças (Al-Zahrani et al., 2003). Existem estudos que denotam inter-relação entre DPs e obesidade, que é advinda de fatores biológicos, psicos- sociais e comportamentais (Reeves et al., 2006; Castilhos et al., 2012). O tecido adiposo produz adipocina, que tem a proprie- dade de poder modificar a resposta imunológica e promo- ver processo inflamatório crônico. A periodontite pode sur- gir dentre outras causas, oriunda da presença de citocinas formadas nas células adiposas e de macrófagos que estão presentes na inflamação. Algumas adipocinas, como resis- tina e leptina possuem papel na performance apresentada pelo processo inflamatório, relacionando-se com a produ- ção das citocinas pró-inflamatórias (Kopelman, 2000; Pre- shaw et al., 2011; Zimmermann et al., 2013). Estudos realizados em indivíduos portadores de obe- sidade e periodontite averiguaram haver nesses pacientes níveis elevados de PCR e de adipocinas e que a terapia periodontal, uma vez realizada possui meios para propi- ciar decréscimo desses níveis altos. Averiguou-se também nesses estudos que a redução de massa adiposa também consegue reverter a presença de níveis elevados desses marcadores (Zuza et al., 2011). Procedimentos odontológicos podem requerer soli- citação de exames complementares aos pacientes para avaliar a história sistêmica dos mesmos e planejar o des- fecho dos tratamentos, nesse contexto, deve-se avaliar e anotar na ficha dos pacientes o IMC também para averi- guar se trata-se de paciente obeso e que requer cuidados especiais (Oliveira & Almeida, 2012; Santos et al., 2014; Ryan & Raja, 2016). O cirurgião dentista deve embasar os pacientes obe- sos acerca dos cuidados essenciais com sua higienização bucal, no intuito de que os pacientes possam por si pró- prios realizarem a escovação e o uso de fio ou fita dental corretamente. Com a adoção dessas medidas, pode-se conseguir eliminar ou reduzir o biofilme bacteriano pre- sente (Lascala & Moussalli, 1994; Spezzia, 2018). Convém ressaltar que na adolescência cada vez mais convive-se com a obesidade, tendo em vista a predileção desse público por alimentos açucarados e do tipo “fast food”, que são constituídos basicamente por lanches ex- tremamente ricos em calorias. Ocorre que nesses indiví- duos comumente existe desleixo voltado para a higiene bucal, o que acarreta em DPs, principalmente em gengivi- te. Deve haver atenção redobrada pelo cirurgião dentista nessa fase da vida, uma vez que pode haver uma soma- tória de fatores desfavoráveis sob enfoque periodontal, 185An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 englobando influências hormonais da puberdade, que podem exacerbar problemas inflamatórios periodontais, além disso deve-se ater a hábitos alimentares inapropria- dos que devem ser corrigidos e a evidência de higieniza- ção bucal precária. O papel do cirurgião dentista será de orientar os pacientes adolescentes acerca da importância de consumir uma alimentação saudável, visando redução de peso e a minimização de efeitos deletérios a saúde oral, além disso o profissional deve procurar educar seus pacientes sobre a prática efetiva do autocuidadocom sua higienização bucal (OMS, 1965; Clerehugh, 1991; Spez- zia et al., 2014; Botero et al., 2015; Spezzia et al., 2016; Spezzia, 2018). A instituição da terapia periodontal almeja, dentre outras finalidades, o controle da inflamação. A raspagem e alisamento radicular depende de subsequente higieni- zação oral vigorosa e correta para que mantenha-se em boca uma microbiota que possibilite condições favoráveis. Em obesos, talvez, podem haver repercussões desfavorá- veis ocasionadas pela doença, como autoestima pobre, e adoção da prática do autocuidado com a higiene bu- cal insuficiente, fatores que podem modificar o desfecho possível de ser obtido via tratamento periodontal. Sabe-se também, nesse contexto, que a execução da terapia pe- riodontal pode agir na minimização dos níveis de citocinas pró-inflamatórias, atuando favoravelmente, no que tange a saúde sistêmica e oral (Danser et al., 1996; Beikler et al., 2004;. Wennstrom et al., 2005; Cionca et al., 2009). CONCLUSÕES O controle e a manutenção do quadro periodontal dos pacientes realizada preventivamente em consultas odon- tológicas periódicas permite avaliar como tem ocorrido o zelo pelo autocuidado com a higenização bucal por parte dos pacientes obesos, assim como permite averiguar se existe necessidade da realização da terapia periodontal básica com emprego da raspagem coronariorradicular e do alisamento, cuidados que possibilitam minimização dos possíveis problemas inflamatórios periodontais que possam vir a ocorrer. A predileção pela dieta cariogênica, rica em açúcares é frequente em obesos, portanto, faz-se importante in- teragir e estruturar meios para efetivar uma mudança de hábitos alimentares nos pacientes, alertando-os das im- plicações odontológicas que esses maus hábitos podem acarretar. O papel desempenhado pelo cirurgião dentista nesse contexto, orientando os pacientes nas consultas odontológicas acerca dos malefícios para a saúde do con- sumo de alimentação imprópria, auxiliará a evitar agra- vantes e danos futuros, que possam exigir tratamentos odontológicos mais complexos. ABSTRACT Periodontal diseases (PDs) consist of multifactorial, polymicrobial, chronic and infectious diseases that affect periodontal tissues. These evidence inflammatory and im- munological responses, mainly from the accumulation of dental biofilm. Obesity is a chronic, multifactorial disease where there is increased or abnormal accumulation of body fat. In the medical field, the importance of PDs for their possible interaction with various systemic diseases, including obesity, which constitutes the foundation of Peri- odontal Medicine, is highlighted. The aim of this paper was to highlight the interrelationship between obesity and peri- odontal disease. A literature review was performed with search in the databases: PubMED, LILACS, Google Scholar of studies and articles about the possible correlation be- tween the systemic obesity disease and periodontal dis- eases. In the general context, PDs and obesity are similarly chronic, multifactorial, inflammatory and complex diseases that can be interrelated. The biological mechanisms re- sponsible for the pathophysiology between PDs and obe- sity are not yet fully elucidated and the possible correlation exists based on the production of hormones and cytokines via adipose tissue, which influences and may modify the in- flammatory response evidenced. Periodontitis and obesity are pathologies that have some similarities. The control and maintenance of the periodontal condition of obesity pa- tients in periodic dental consultations allows to assess the oral hygiene of patients and allows to determine if there is need to perform basic periodontal therapy, care that mini- mize the possible periodontal inflammatory problems that may occur. Keywords: Obesity. Periodontal Diseases. Immunity. Periodontitis. 186 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 1. Chambrone L, Macedo SB, Ramalho FC, Filho ET, Chambrone LA. Prevalência e Severidade de Gengivite em Escolares de 7 a 14 anos: condições locais associadas ao sangramento à sondagem. Cien Saude Colet, 2010; 15(2):337-43. 2. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Geral de Saúde Bucal. SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: Resultados Principais. 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Endereço para correspondências: Sérgio Spezzia E-mail: sergio.spezzia@unifesp.br
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