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Tcc-Movimentos Sociais

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sistema de ensino presencial conectado graduação em serviço social
karla ariadne silva pereira
movimentos sociais e serviço social: UMA intrínseca RELAÇÃO PARA a EFETIVAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLITiCO da profissão.
 (
São José dos Campos / SP
2020
)
movimentos sociais e serviço social: UMA intrínseca RELAÇÃO PARA a EFETIVAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLITiCO da profissão.
	
Trabalho de final de curso, Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito para à obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Orientador: Profª Nelma dos Santos Assunção Galli
 (
São José dos Campos / SP
2020
)
movimentos sociais e serviço social: UMA intrínseca RELAÇÃO PARA a EFETIVAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLITiCO da profissão.
Trabalho de final de curso, Universidade Norte do Paraná - UNOPAR), como requisito para à obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Orientador: Profª Nelma dos Santos Assunção Galli
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Componente da Banca
Universidade Norte do Paraná
____________________________________
Prof. Componente da Banca
Universidade Norte do Paraná
____________________________________
Prof. Componente da Banca
Universidade Norte do Paraná
São José dos Campos, _____de ___________de 2020.
AGRaDECIMENTO (S)
Agradeço, primeiramente, a minha mãe Sonia, que sempre foi uma mulher guerreira e batalhadora, mãe e pai de quatro, sempre apoiou e incentivou todos os seus filhos, você é com toda a certeza o alicerce para todas as minhas realizações. 
 Ao meu marido Pedro, que alem de tudo sempre foi um grande amigo, esteve ao meu lado me apoiando e incentivando durante esses 4 anos, sou grata por tudo que você faz pela gente. 
 Ao meu Pai (in memoriam) que não pode estar presente nessa etapa da minha vida, se estivesse aqui com certeza estaria vibrando comigo esta conquista. Saudades eternas meu pai!. 
Á Lúcelia minha amiga, agradeço pela parceira desde o inicio do curso, por sempre compartilhar reflexões, angustias e aprendizados, você contribuiu muito para a minha formação.
Sou grata a Unopar e a todos os professores e tutores do curso de Serviço Social que me proporcionaram todo o suporte para a conclusão dessa graduação e sempre forneceram um ensino de qualidade.
 Por fim, agradeço a todas que contribuiram para a minha formação acadêmica. 
“Mudanças na sociedade ocorrem a partir da ebulição dos movimentos sociais: contra o capital e o Estado”. 
(Karl Marx)
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso apresenta um estudo sobre os movimentos sociaise sua importância para a conquista e efetivação de direitos e a relação do serviço social nas organizações populares. Durante toda a historia muitos movimentos sociais surgiram e amadureceram. O Serviço Social também passou por diversas mudanças ao longo do tempo, deixando de ser uma profissão que serve a burguesia e passou a servir a classe trabalhadora. Desse modo, verificamos que o Serviço Social se relaciona com os movimentos sociais na busca da transformação social, visando um novo projeto de sociedade livre de preconceito e com igualdade de direitos. Os movimentos sociais contribuem para a consolidação da democracia e o assistente social deve atuar juntamente aos movimentos sociais, visto que possuem como principios da profissão o aprofundamento da democracia, ampliação da cidadania e luta por direitos, ou seja, os assistentes sociais precisam estar relacionados com as mobilizações e organizações populares para a defesa da classe da classe trabalhadora e a efetivação do projeto ético-politico da profissão. 
Palavras-chave: Movimentos sociais; Serviço Social; Transformação social; Classe trabalhadora; projeto ético-politico. 
sumário
1. INTRODUÇÃO................................................................................................8
2. DEFINIÇÃO E SURGIMENTO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.....................10
3. MOVIMENTOS SOCIAIS NO MUNDO: REVOLUÇÃO FRANCESA, INDUSTRIAL E RUSSA................................................................................11
 3.1 Revolução Francesa.....................................................................................11
 3.2 Revolução Industrial.....................................................................................13
3.3 Revolução Russa..........................................................................................16
4. BREVE HISTORICO DO SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL E O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DA PROFISSÃO NA AMARICA LATINA.........................................................................................................17
5. MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL: ESTUDANTIL, TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, SINDICAL, FEMINISTA E NEGRO..........................23
5.1 Movimento Estudantil..................................................................................24
5.2 Trabalhadores rurais sem terra...................................................................25
5.3 Movimento Sindical no Brasil.......................................................................26
5.4 Movimento Feminista...................................................................................27
5.5 Movimento Negro........................................................................................29
6. SERVIÇO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS: UMA LUTA EM DESEFA AOS DIREITOS HUMANOS..............................................................................30
7.CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................35
8
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................37
1. INTRODUÇÃO
Os movimentos sociais são próprios de uma sociedade plural, construída através de organizações de grupos que lutam por um objetivo em comum,introduzem bandeiras de luta e se apresentam na defesa de direitos políticos, sociais, culturais e de expressão. 
A aproximação politica do Serviço Social com os interesses da população ocorreu de forma tardia, uma vez que, a gênese da profissão estava atrelada a igreja católica e vinculada ao Neotomismo (MORO, MARQUES, 2011).
O presente estudo refere-se à relação que o Serviço Social constrói com os movimentos sociais e seu vinculo para a efetivação do projeto ético politico da profissão. 
Objetiva-secom este trabalho de pesquisa trazer mais visibilidade para o tema, pois ainda é escasso este debate no meio acadêmico de acordo com as autoras Moro e Marques (2011).
Primeiramente abordaremos os movimentos sociais em seu contexto histórico no Brasil e no mundo, apresentado o seu surgimento, conceito e definição. Analisaremos o processo de renovação da profissão do serviço social, essencialmente no que se refere à atuação dos profissionais assistentes sociais e a intrínseca relação com movimentos sociais. E como se deu a incorporação do debate dos movimentos sociais no Serviço Social.
Foi preciso, dos profissionais da área, a superação do caráter assistencialista de atuação profissional e a participação ativa e até intersetorial, uma vez que também passou a haver ampliação de novas organizações e entidades assistenciais. (LIMA, 2019, p. 95).
Realizaremos um estudo sobre como o Serviço Social pode se relacionarcom os movimentos a fim de intervir na consolidação do seu projeto ético- político.
[...] O serviço social faz sua opção de projeto político, de sociedade e de profissão, com a finalidade de romper com as desigualdades sociais e de firmar um compromisso com um projeto societário quem também preconize os vieses de luta pela garantia e pela ampliação dos direitos humanos. (LIMA, 2019, p. 167).
Discutiremos os principais movimentos sociais no Brasil que tiverem grandes impactos na história como o movimento sindical no Brasil. 
O objetivo geral desta pesquisa é compreender a relação dos movimentos sociais com a profissão do Serviço Social. Os objetivos especificos consistemem: aprimorar o conhecimento a respeito do surgimento e desenvolvimento dos movimentos sociais; identificar como os movimentos sociais contribuiram no movimento de reconceituação do Serviço Social; aumentar a participação dos assistentes sociais nos movimentos sociais e apontar a relação dos movimentos sociais com a efetivação do projeto ético politico da profissão. 
A intenção desse trabalho é trazer visibilidade para os movimentos sociais, visto que, atualmente percebe-se o enfraquecimento das ações coletivas, sendo necessária a discussão sobre o tema no meio acadêmico. 
 O trabalho pretende proporcionar a reflexão a respeito da relação do serviço social com os movimentos sociais. Visto que o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais de 1993 em seu capitulo IV, artigo 12º, alínea “b” constituem direitos do/a assistente social: apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organizações populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação da democracia e dos direitos de cidadania (BRASIL, 1993). 
A Lei que Regulamenta a profissão do Assistente Social nº 8.662 de 7 de junho de 1993 em seu inciso IX do art.4º constituem competências do Assistente Social: prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade (BRASIL,1993).
Em relação à metodologia utilizada neste trabalho,primeiramente foi realizada uma pesquisa dos livros que seriam utilizados e definidos quais autores e obras seriam mencionadas no trabalho, buscando embasamento teórico sobre o tema, os autores mencionados foram escolhidos por abordar os temas de movimentos sociais e serviço social e a sua relação, através de uma perspectiva crítica, e alguns autores citados são conhecidos pelos assistentes sociais como: Maria da Glória Gohn, José Paulo Netto, entre outros. Foram analisadostambém artigos científicos que abordam a temática dos movimentos sociais e o Serviço Social.
O método utilizado no projeto de pesquisa é o materialista histórico dialético elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels, este método permite confrontar outras realidades e teorias para obter novas reflexões. Defende-se que os fatos não devem ser analisados fora de um contexto social, além disso, auxilia na interpretação da realidade levando em consideração a singularidade, particularidade e universalidade de cada contexto histórico e social. 
O projeto de pesquisa foi desenvolvido por meio de uma revisão bibliográfica, baseando-se em uma reflexão teórica a respeito da construção histórica e o desenvolvimento dos movimentos sociais, apresentando o seu vinculo com a luta da classe trabalhadora e o trabalho do assistente social.
	
2. DEFINIÇÃO E SURGIMENTO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
Os movimentos sociais são ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural proporcionando distintas formas da população se organizar e se expressar suas demandasdefineGohn (2015). 
Lima (2019) utiliza a definição de movimentos sociais como a expressão propriamente dita das organizações da sociedade civil que realizam ações para reclamar os seus direitos e necessidades. 
Durante toda a historia os movimentos sociais sofreram alterações conforme as mudanças ocorridas na sociedade. Podemos dizer que as formas de manifestar e reivindicar seus direitos também são modificados ao longo do tempo.
É importante ressaltar, que, de acordo com Medeiros (2014),
É preciso fazer uma distinção entre movimentos sociais e protestos sociais. O simples fato de ir ás ruas protestar contra a corrupção, por exemplo, não caracteriza um movimento social. Uma ação esporádica, ainda que mobilize um grande número de sociais e populares, mas não caracterizam um movimento social como tal. Tais protestos e mobilização podem ser frutos da articulação de atores de movimentos sociais, ONG’s, tanto quanto podem incluir cidadãos comuns que não estão necessariamente ligados a movimentos organizados como tais. 
De acordo com Lima (2019) é possível analisar três momentos que marcaram a sociedade em um contexto mundial sendo considerado um dos mais importantes acontecimentos e foram consolidados como exemplares das expressões da organização da sociedade civil. Sendo eles: Revolução Francesa (1789-1799), Revolução Industrial (1760-1840) e a Revolução Russa (1917-1923).
Não se sabe ao certo quando ocorreu o surgimento dos movimentos sociais, Houtart (2007) afirma que eles “nascem da percepção de objetivos como metas de ação, mas para existirem no tempo necessitam um processo de institucionalização”. 
Houtart (2007) aborda que em seu texto que nos tempos mais remotos o ser humano já possuía a capacidade de se organizar e de impor suas exigências.
Partindo desse pressuposto da dificuldade de mencionar os primeiros movimentos sociais e de abordar todos que ocorreram no mundo. Citaremos os movimentos sociais considerados os mais influentes na sociedade contemporânea e que serviram de exemplos para outros tipos de ações coletivas que surgiram ao longo da história. 
3. MOVIMENTOS SOCIAIS NO MUNDO: REVOLUÇÃO FRANCESA, INDRUSTIAL E RUSSA.
3.1 REVOLUÇÃO FRANCESA ( 1789- 1799).
Em 1789 na França ocorria a Revolução Francesa, nesta época o país estava sobre o comando de um regime absolutista onde todo poder se concentrava no rei. A população em geral nesse período vivia na miséria e passavam fome, enquanto isso, o clero e a burguesia que estavam nas classes sociais privilegiadas esbanjavam as suas riquezas.
Segundo Falcetti (2017) na França no século XVIII o rei gozava de poderes absolutos em todas as áreas, na economia, politica e até mesmo na religião de seus súditos.
Naquela época a sociedade francesa era divida em classes sociais, conhecidos também como Estados Nacionais, no Primeiro Estado ficavam os cleros (membros da Igreja Católica) no Segundo Estado a nobreza e no Terceiro Estado pertenciam o restante da população que não fazia parte do Primeiro e Segundo Estado.
É importante mencionar que a revolução francesa, ocorreu pelo descontentamento da maioria da população. Sobre suas causas podemos dizer que:
A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, portanto desejam melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social mais abastada, aspirava por maior participação politica e liberdade econômica para conduzir seus negócios interna e externamente, investir, produzir com maior eficiência e escoar a produção (FALCETTI, 2017,p.117).
A Revolução Francesa inspirou-se nas ideias iluministas que defendia o uso da razão e seus princípios eram “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, podemos dizer que foi um movimento social e politico, Martins e Reis (2019) afirmam que “é um marco histórico de alta relevância na evolução do direito constitucional no mundo”. 
Pode-se dizer que o Terceiro Estado influenciado pelas ideias iluministas se mobilizou, dando inicio a um movimento nas ruas objetivando a igualdade de todos. No dia 14 de julho de 1789 o Terceiro Estado, que era formado pela grande maioria da população, tomaram as ruas de Paris tendo como marco da revolução a tomada da bastilha que durante o governo de Luís XIII funcionava como prisão e tinha como símbolo a opressão do regime absolutista (Martins e Reis, 2019).
Após a queda da bastilha os camponeses começaram a invadir e a saquear as propriedades da nobreza, reivindicando acesso a alimentos e o fim de alguns impostos já que naquele período havia muitos. A burguesia francesa temia as manifestações camponesas e suas consequências e desejavam o controle da população, assim, no dia 4 de agosto de 1789 foi deliberada a abolição dos direitos feudais existentes na França. 
Mais tarde houve a criação da Declaração Universal dos direitos do Homem e do Cidadão que definiu os direitos individuais e coletivos dos indivíduos, posteriormente, influenciou a promulgação da Carta Magna de 1791 e constituições futuras em diversos países, incluindo o Brasil. Martins e Reis (2019) afirmam “que a revoluçãofrancesa foi um laboratório do constitucionalismo, não é atoa que o constitucionalismo francês teve grande influência em todo o século 19”. 
Posterior a todas as reviravoltas advindas da revolução, o então general do exercito Napoleão Bonaparte, que já se configurava perante a população como uma figura politica revolucionaria com ideais conexos aos dos antigos membros do Terceiro Estado, no ano de 1799, foi alçado ao poder, sendo nomeado o primeiro cônsul da França ao lado de abade Sieyés e Roger Ducos. No poder, Napoleão promove inúmeras mudanças na finalidade de reorganizar um país estruturalmente abalado após anos de turbulência fazendo com que as aspirações populares entrassem definitivamente para a historia (MARTINS; REIS 2019, p.69).
3.2	REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1760 – 1840).
Na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX ocorria à revolução industrial, esse período ficou marcado pelas alterações nas relações de trabalho e o êxodo rural. Pode-se dizer que o surgimento das indústrias de tecidos de algodão e as máquinas a vapor trouxeram mudanças profundas nas condições de trabalho e vida dos trabalhadores. (Lima, 2019). 
Segundo Oliveira e Chaves (2017), a Revolução Industrial trouxe estabilidade para o sistema capitalista, concedendo mais lucro para os donos dos meios de produção, aumentando sua capacidade de comprar máquina, matéria prima e de contratar e manter os operários. 
Naquela época, os trabalhadores recebiam baixos salários, não possuíam nenhum direito trabalhista e, além disso, possuíam uma longa carga horária de trabalho em fábricas insalubre. De acordo com Oliveira e Chaves (2017) “como não havia leis trabalhistas que regulamentassem o trabalho infantil, eram comum que famílias inteiras trabalhassem comooperários”. Outro fator existente naquele período era a falta de segurança dentro das fábricas, acidentes de trabalho eram comuns de acontecerem. 
Devido à situação precária que os operários estavam vivendo, houve a organização dos trabalhadores iniciando diversos movimentos sociais que refutavam a estruturação capitalista. 
Na Inglaterra, a agitação operaria percorreu todo o século XVIII, em especial a sua segunda metade. Mas as greves não se esgotaram em si mesmas: entre 1763 e 1768 diversas categorias se unificaram para levar petições ao rei George III. Por outro lado, ganhou corpo rapidamente a ideia de atacar diretamente o capital. Em 1768, os tecelões de Spitalfields se levantaram em massa e destruíram grande quantidade de teares de seda. Organizaram um fundo de greve, depositando de 2 a 5 shillings por tear. Os membros dos diferentes comitês se reuniram nas tavernas, onde deveriam comparecer armados e disfarçados. Formas de organização semelhantes foram adotadas pelo movimento de “destruidores de máquinas”, que se desenvolveu a partir de meados do século XVIII na Inglaterra (e também na Bélgica), com tal força e extensão que levou o Parlamento britânico a sancionar em 1769 uma lei que punia a destruição de fábricas e máquinas com a pena de morte. Muitos trabalhadores foram executados, o que não impediu que o movimento ganhasse enorme amplidão entre 1811 e 1817, já que então conhecido como “luddita” (do nome de Ned Ludd que, aborrecido com seu patrão, quebrou a marteladas os teares da oficina deste e tornou-se símbolo lendário, além de líder, do movimento). (COGGIOLA, 2008).
No inicio do século XIX surgiu o luddismo que foi um movimento de trabalhadores, conhecidos também como “destruidores de máquinas”, os operários se revoltaram contra as alterações trazidas pela Revolução Industrial, os ludditas protestavam entrando nas fabricas e destruindo as máquinas. É importante ressaltar que este movimento ganhou uma dimensão significativa e nacional (Coggiola, 2008, p.7). Muitos trabalhadores foram presos e até mesmo condenados à morte, pois se visava à desmobilização da classe operária. 
É necessário mencionar outro movimento importante que ocorreu durante a Revolução industrial, conhecido como Cartismo, o movimento recebeu este nome, pois, as reivindicações ligadas aos trabalhadores eram apresentadas em cartas e entregues as autoridades, essas cartas exigiam melhores condições de trabalho e maior representação dos operários diante do Estado (Oliveira e Chaves, 2017).
Convém mencionar a carta mais famosa desse período conhecida como People’s Charter (Carta do Povo) escrita em 1837, nesta carta o povo exigiam o “sufrágio universal, voto secreto, elegibilidade dos não proprietários, renovações anuais do Parlamento, subsidio para os parlamentares, entre outras coisas” (Oliveira e Chaves, 2017). Porém, a petição enviada para o parlamento foi recusada, 1848 organizaram nova manifestação em apoio a uma nova petição, entretanto, o exercito invadiu as ruas impedindo a manifestação. (Coggiola, 2008). 
De acordo com Coggiola (2008) “A influência do movimento cartista foi, portanto, decisiva para o surgimento do comunismo operário, impulsionado por Karl Marx e Friedrich Engels, ambos alemães”. 
No período da Revolução Industrial o movimento operário se consolidou, surgindo assim, sindicatos e outros tipos de organizações voltadas à exploração do trabalho. Houve grandes conquistas oriundas do movimento dos trabalhadores, por exemplo, a redução da jornada de trabalho para 10 horas, visto que naquela época era normal trabalhar entre 12 a 16 horas diárias. De acordo com Coggiola (2008) esses movimentos “foram produto de movimentos de natureza e conotações claramente politica, luta sindical e ação politica não estiveram separadas por períodos históricos diferenciados”. 
Desde então os trabalhadores começaram a questionar para além das questões do trabalho, por exemplo, a própria estrutura organizacional do Estado, portando-se de forma mais organizada e politizada, muitas greves ocorreram durante o período da Revolução Industrial contribuindo para o surgimento dos sindicatos, os operários começaram a pautar suas ações em ideologias, como o socialismo utópico e o anarquismo (Oliveira e Chaves, 2017).
Ainda sobre o movimento operário Coggiola (2008) diz:
[...] O movimento operário organizado foi resultado da percepção, pelos trabalhadores, do caráter historicamente irreconciliável das contradições de classe. A própria ideia de organização de classe, que surgiu da concentração física e social da nova classe operaria criada pelo desenvolvimento capitalista, expressa a ideia de uma luta a longo prazo, onde o que está em jogo é próprio poder na sociedade, a sua direção politica. Através do movimento operário, a luta inicialmente dispersa dos trabalhadores se transformou em luta de classe.
A Revolução Industrial provocou grandes transformações na sociedade e também muitas conquistas em relação ao desenvolvimento da produção, esse novo formato de trabalho dentro das indústrias ocasionou aos trabalhadores um tipo de escravismo, visto que as condições de trabalho eram desumanas (Santini, 2014).
3.3	REVOLUÇÃO RUSSA (1917 – 1923)
No inicio do século XX na Rússia a economia era predominantemente rural e considerada atrasada, levando em consideração os países da Europa que já usufruíam do industrialismo, os trabalhadores do campo viviam em situação de extrema pobreza, a população em geral ansiava melhores condições de vida e trabalho e desejavam abolir a monarquia que era a forma de governo, o atual imperador da Rússia era o Czar Nicolau II. 
A Revolução Russa ficou marcada pela aliança operário-camponesa e pelo caráter socialista. Os bolcheviques assumiram o poder, inicialmente se aliando a partidos de esquerda, mais tarde agindo mais sozinhos (Tonet; Ivo, p.21, 2018). 
Nesse momento, a situação em que a Rússia se encontrava era absolutamente calamitosa. Milhões de mortes provocadas pela guerra e pelas condições miseráveis no campo; péssimas condições de armamento, de abastecimento e de direção nos campo de batalha; rebaixamento da produção industrial, voltada em sua maioria para o esforço de guerra; avança implacável do exército alemão, ameaçando a própria capital, Petersburgo; a pressão das potencias capitalistaspara a continuação da guerra, desagregação do poder do velho Estado; tomada das terras pelos camponeses, muitas vezes de forma violenta e com execuções de proprietários. Enfim, a situação era caótica (TONET; IVO, p. 21, 2018). 
Em 1916 até o inicio do ano 1917 há um aumento nas greves dos trabalhadores, mesmo a classe operaria naquele período sendo pequena comparada aos países capitalistas, os proletariados se concentrava nas fábricas e em centros industriais, em 23 de fevereiro de 1917 as mulheres da cidade industrial Petrogrado realizam uma manifestação, cuja reivindicação focava principalmente no “Pão e Paz”, relacionado à comida e o fim da guerra (Minoru, 2018). 
Segundo Lima (2019) os bolcheviques eram liderados por Vladimir Lênin e possuíam como lema “paz, terra e pão”, de outro lado, estavam os mencheviques liderados por Georgy Plekanov e Yuly Martov, eles defendiam que apos a queda do Czar Nicolau II os burgueses deveriam governar o país. O poder foi assumido pelos bolcheviques após um golpe de estado, instaurou-se o socialismo implantando o partido comunista e fazendo com que as terras fossem distribuídas para os trabalhadores do campo, ocorrendo também à nacionalização de bancos e as fabricas passaram a ser dos trabalhadores.
4. BREVE HISTORICO DO SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL E O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DA PROFISSÃO NA AMÉRICA LATINA.
Sobre a gênese do Serviço Social no mundo podemos dizer, que o fator predominante para o seu surgimento foi à consolidação do sistema capitalista e o agravamento da “Questão Social” nos países que passaram a ser industrializados. 
A revolução industrial trouxe grandes transformações e muitas conquistas no desenvolvimento da produção, mas também proporcionou aos trabalhadores uma espécie de escravismo, no qual o trabalhador era ferido em sua dignidade por causa das condições desumanas a que era submetido. (SANTINI, 2014, p. 15).
De acordo com Malvezzi (2014) “a questão social surge mediante a tomada de consciência da classe trabalhadora, quando se verificou o estado de exploração e miséria ao qual eram submetidas”. 
 Após essa tomada de consciência o Estado, a Igreja Católica e a burguesia formada pelos donos dos meios de produção se uniram para tentar controlar a população, diminuir a fome e a exploração de trabalho de crianças, jovens, mulheres e velhos. 
 Segundo Fehlberg (2009), 
O serviço Social sofreu influências religiosas desde seus primórdios. Na Europa, onde primeiro se instalou enquanto profissão, em 1899, observa-se a influência protestante na organização da caridade, que deflagrou um importante movimento de ação social como intervenção para melhorar a vida dos pobres.
Podemos dizer que a industrialização nos países implicou em demandas para o atendimento social, pois, aquela nova forma de trabalho modificou o cenário econômico e familiar, diante dessas demandas inicia-se a realização de serviços de caridade, as ideias que baseavam essas ações era de São Vicente de Paulo e Juan Luis de Vives, a organização dos serviços de caridade foi de grande importante para a consolidação da profissão de Serviço Social mais tarde (Fehlberg, 2009).
Na Europa no século XIX os operários viviam em nível extremo de misériadecorrente da industrialização e a consolidação do capitalismo os trabalhadores eram cada vez mais explorados, dado esta situação a igreja foi obrigada a se posicionar e começou a realizar ações assistencialistas com o intuito de ajustar o homem à sociedade, visto que naquela época os indivíduos eram culpabilizados pela a situação em que viviam e precisavam ser ajustados para integrarem novamente a sociedade. 
 Segundo Santini (2014) a burguesia visava desorganizar os trabalhadores e como estratégia utilizou-se da filantropia de uma maneira mais organizada, realizavam os cadastros dos assistidos, visitas domiciliares e concediam treinamentos para novos agentes da assistência, visando inserir na classe operaria a ideologia dominante, é certo dizer que a burguesia, a Igreja e o Estado se uniram com o objetivo de coibir as manifestações dos operários, dificultando as organizações de classe e para tentar ocultar os efeitos daquele novo modelo de produção. 
O serviço social surge como uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, a partir de uma contradição que impregnou a sua construção, pois, produzida pelo capitalismo industrial, buscou afirmar-se como pratica humanitária, sancionada pelo Estado e protegida pela Igreja, como a ilusão de servir. (SANTINI, 2014).
A primeira escola de Serviço Social que surgiu no mundo foi em Amsterdã em 1899, na América Latina a primeira escola de Serviço Social foi no Chile em 1925, no Brasil surgiu em 1936 em São Paulo na época do governo de Getúlio Vargas, é importante mencionar que o Brasil no inicio do século XX passava por grande transformação, pois, iniciava-se o processo de urbanização e industrialização.
De acordo com Freitas (2011) o inicio do Serviço Social no Brasil, foi marcado por diversos aspectos, sendo eles, o desenvolvimento do capitalismo, a intervenção da Igreja e a influência dos modelos europeus e norte-americanos para a ação profissional, podemos dizer que a pratica profissional visava apenas amenizar os efeitos das desigualdades, contudo, não questionavam o sistema atual vigente responsável por criar e reproduzir essas desigualdades. A assistência social baseava-se em ações de filantropia, sendo considerada como beneficio do Estado e não como um direito do cidadão, o profissional agia tendo em vista o repasse de benefícios para a população. 
A partir da década de 1960 surge o movimento de reconceituação do Serviço Social na América Latina, os países envolvidos neste movimento eram o Brasil, Chile, Argentina, Peru e o Uruguai (Aragão, 2014).
Assim, o movimento de Reconceituação do Serviço social se dá no momento em que grupos organizados de profissionais iniciaram uma série de encontros para discutir o papel do Serviço Social, questionando suas práticas, compromissos assumidos frente às classes sociais. É um momento histórico de revisão dos projetos profissionais assumido até então, uma revisão dos conteúdos do serviço social vigente, buscando superar a visão que vinculava-se a adaptação do homem ao meio. Esse mesmo modo de intervenção não conseguia compreender que desde as origens de ais práticas estava interligado á perpetuação da denominação de uma classe sobre a outra. (ARAGÃO, p. 83-84, 2014).
Sendo assim, os profissionais do Serviço Social começaram a questionar o modelo vigente fundamentada na visão funcionalista e buscaram a renovação da profissão.
É importante mencionar que em 1964no Brasil ocorreu o golpe militar implantando uma ditadura militar (1964-1985), neste período houve censuras dos meios de comunicação, repressão aos opositores, liberdades individuais suprimidas, torturas, prisões e assassinatos foram realizados pelas forças militares do país. 
Podemos dizer, “como marco principal deste movimento – movimento de reconceituação – temos que ele emerge em 1965, no Primeiro Seminário Latino-Americano de Serviço Social, realizado em Porto Alegre” (Aragão, 2014, p. 86). 
Sobre o processo de renovação do Serviço Social no Brasil Netto, (2005, p.131) diz:
Entendemos por renovação o conjunto de características novas, que, no marco das constrições da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou á base do rearranjo de suas tradições e da assunção do contributo de tendência do pensamento social contemporâneo, procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação prática, através de respostas a demandas sociais e da sua sistematização, e de validação teórica, mediante a remissão as teorias e disciplinas sociais. (NETTO, 2005, p.129).
Podemos dizer que o movimento de reconceituação do Serviço Social buscava o reconhecimento de dependência da América Latina em relação aos países capitalistas centrais, a construção de um Serviço Social originalmente Latino-Americano,um regimento cientifico para a profissão e a afirmação do compromisso com a luta dos oprimidos. (Aragão, 2014, p.84).
Destaquemos, imediatamente, este ponto: tal laicização, com tudo o que implicou e implica, é um dos elementos caracterizados da renovação do Serviço Social sob a autocracia burguesa. Se é verdade que ela vinha se operando desde os finais da década de cinquenta, a sua culminação está longe de resultar de um acúmulo "natural" - foi precipitada decisivamente pelo desenvolvimento das relações capitalistas durante a modernização conservadora" e só é apreensível levando-se em conta as suas incidências no mercado nacional de trabalho e nas agências de formação profissional. (NETTO,2005, p.129).
Para superar o Serviço Social tradicional o movimento de renovação do Serviço Social, buscou-se uma nova base para a profissão, assumindo um caráter mais técnico em relação às metodologias interventivas, porém, sem negar as ideologias conservadoras, no entanto tal movimento visava legitimar a profissão. É necessário mencionar que durante este movimento houve a realização de seminários específicos, estruturados e incentivados especialmente pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercambio de Serviço Social (CBCISS). (Aragão, 2014, p.89).
Segundo Leorato (2017) o seminário de Araxá ocorrido em 1967 na cidade de Minas Gerais durante o regime ditatorial no Brasil foi um evento que sinalizou uma reflexão sobre a organização profissional, buscando uma adequação da profissão e uma teorização do Serviço Social. “Com isso, busca-se o exercício profissional não como mero formulador de operações, mas também como um executor presente e envolvido com as relações sociais”. 
Em 1968 um ano após o seminário de Araxá aconteceu uma manifestação popular conhecida com passeata dos cem mil que protestava contra a ditadura militar sendo organizada pelo movimento estudantil. A passeata dos cem mil foi um fato de extrema importância, pois, vinculou-se uma “totalidade ás questões sociais e expressamente ao Serviço Social, que tem a questão social como prioridade.” (Leorato, 2017). 
Em 1970 em Teresópolis no Rio de Janeiro ocorreu a elaboração do segundo documento do Serviço Social durante o movimento de renovação da profissão, tendo como tema a metodologia do Serviço Social. (Aragão, 2014, p.139).
Com o movimento de reconceituação do Serviço Social emergiu-se três vertentes que foram bases para esse processo de renovação da profissão, sendo elas: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção de ruptura. Em relação a vertente da perspectiva modernizadora Netto (2005) diz:
A primeira direção conforma uma perspectiva modernizadora para as concepções profissionais um esforço no estudo de adequar o Serviço Social, enquanto instrumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a ser operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, ás exigências postas pelos processos sócio-políticos emergentes no pós-64. Trata-se de uma linha de desenvolvimento profissional que, se encontra o auge da sua formulação exatamente na segunda metade dos anos sessenta - seus grandes monumentos, sem dúvidas, são os textos dos seminários de Araxá e Teresópolis -, revelar-se um eixo de extrema densidade no envolver da reflexão profissional: não só continuará mobilizando energias nos anos seguintes como, especialmente, mostrar-se-á aquele vetor de renovação que mais fundamente vincou a massa da categoria profissional. (NETTO, 2005, p.154).
Segundo Netto (2005) a perspectiva de reatualização do conservadorismo recupera as vertentes conservadoras da profissão, repudiando o pensamento crítico- dialético marxista, esta perspectiva tem como inspiração a fenomenologia baseada no exercício do Serviço Social fundado na ajuda psicossocial.
Assim, Aragão (2014) menciona que tal perspectiva reduz as possibilidades de analises e atuações macrossocietárias, focalizando somente o indivíduo e inclinando-se para uma ação mais micro. Dando ênfase na individualização das intervenções profissionais, ”buscando reconhecer as determinações internas e externas que incidem sobre o sujeito”.
 A terceira perspectiva do movimento de renovação do Serviço Social é a intenção de ruptura, que ansiava pelo rompimento total do tradicionalismo e conservadorismo da profissão, baseando-se na teoria crítica de Karl Marx. “Nessa perspectiva, compreende-se o homem como um ser concreto, histórico e social, contextualizando em determinada sociedade, considerada complexa e contraditória”. (Oliveira e Chaves, 2017).
No momento de sua emersão, o projeto de ruptura aproxima-se da tradição marxista especialmente pelo viés posto pela militância política- no que, recorda-se, conjuga-se o protagonismo oposicionista das camadas médias urbanas e a mobilização estudantil no período 1964-1968. (NETTO, 2005, p.268).
Netto (2005) complementa que esta perspectiva emergiu na década de 70 com o grupo de estudantes na Escola de Serviço Social na Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte. 
O “método” BH como ficou conhecido, propunha uma nova proposta profissional mais crítica “uma alternativa ao tradicionalismo preocupada em atender a critérios teóricos, metodológicos e interventivos capazes de apontar ao Serviço Social uma fundamentação orgânica e sistemática” (Netto, 2005).
É importante mencionar os últimos dois seminários elaborados durante o movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil, o seminário de Sumaré no Rio de Janeiro ocorreu em 1978, possuindo como tema central “O Serviço Social e a Cientificidade”, objetivando aprofundar os estudos de Araxá, e o Seminário de Alto da boa vista que ocorreu em 1984. (Aragão, 2014).
Em relação ao movimento de renovação do Serviço Social no Brasil, podemos concluir: 
[...] A renovação profissional, porque foi capaz de sintonizar as (auto)representações do Serviço Social com a pluridimensionalidade dos projetos que permeiam a sociedade brasileira, constituiu, em si mesma, a contribuição (nem sempre consciente e voluntária, é verdade) dos assistentes sociais para abrir o caminho no futuro - de sua profissão e da sociedade.. (NETTO, 2005, p.308).
5. MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL: ESTUDANTIL, TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA, SINDICAL, FEMINISTA E NEGRO.
Os movimentos sociais historicamente no Brasil e no mundo se diferenciam entre si, todavia podemos encontrar características semelhantes entre eles. Podemos dizer que para haver um movimento social é necessário possuir algum conflito social, no qual grande parte de população esta insatisfeita com a situação atual e se organizam com o objetivo de conquistar melhorias. Outra característica em comum entre os movimentos sociais é a luta pela cidadania, visto que na maioria das reivindicações objetiva-se defender a ampliar os direitos sociais, civis, políticos e humanos, estando ligadas ao exercício da cidadania.
Medeiros (2015) sobre os movimentos sociais no Brasil diz:
A história do Brasil é marcada por lutas e revoltas populares, desde o século XVI com a Confederação dos Tamoios (1562), passando pela Insurreição Pernambucana (1645), até a inconfidência Mineira (1789), a Guerra de Canudos (1896), a Revolução Constitucionalista de 1932 e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor em 1992. Os movimentos sociais no Brasil têm uma historia marcada por grandes lutas e embates realizados contra governos autoritários e luta pela liberdade e democracia.
É de suma importância mencionar alguns dos principais movimentos sociais no Brasil, porém, cabe ressaltar que analisaremos apenas uma parcela desses movimentos sociais, visto que, ainda há muitos outros existentes no país e que também são de grande importância.
5.1 MOVIMENTO ESTUDANTIL
O movimento estudantil no Brasil é organizado a partir da criação da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1937. Até meados de 1950, pauta pontos políticos importantes e significativos no cenário nacional, como a mobilização contra o Estado Novo entre outras ações. Com o Golpe de 64, asações repressivas culminaram na desmobilização dos estudantes e professores e as manifestações foram proibidas. No 30º Congresso da UNE, realizado em 1968, as autoridades agiram na desmobilização, prendendo todos os líderes congressistas participantes. O movimento estudantil retoma, em 1975, na defesa da anistia e na campanha pelas Diretas Já. Em 1992, ganha força com os caras pintadas no impeachment do presidente Collor (GENEROSO, 2017, p.153). 
O movimento estudantil teve uma grande importância durante a ditadura militar no Brasil, tornando-se a maior forma de oposição do atual governo.
Com isso, segundo Leorato (2017) muitas manifestações do movimento estudantil foram reprimidas, a grande opressão do regime militar resultou na morte de uma estudante de 17 anos, intensificando uma luta conta os militares em busca da garantia de direitos e melhoria na qualidade de ensino.
Este movimento tende a uma ligação extremamente forte com o Serviço Social, o qual luta pela garantia dos direitos, pela melhoria da qualidade de vida e enfrenta vários obstáculos e percalços para atingir os seus objetivos, de forma que muitas vezes, apesar de varias lutas, não se chega onde se quer. (LEORATO, 2017, p.30). 
Portanto, o movimento estudantil no Brasil sempre esteve presente em momentos importantes na historia do país, principalmente no período da ditadura militar, onde os estudantes lutaram contra o sistema repressivo vigente e no período de redemocratização do Brasil, no movimento Diretas Já, cuja reinvindicação era as eleições diretas no país, o movimento estudantil participou ativamente dessas manifestações e contribuiu para a conquista de diversos direitos para a população. 
Após a promulgação da constituição federal de 1988, conhecida como constituição cidadã houve grande expansão dos movimentos sociais pelo país na década de 1990, sendo realizado de forma mais organizada e estruturada. Houve a criação de conselhos, conferências e fóruns permitindo uma maior participação da população no âmbito público. Uma das manifestações que marcaram a década foi o movimento estudantil caras-pintadas possuindo como objetivo central o impeachment do presidente da Republica da época Fernando Collor de Mello (LIMA, 2019). 
5.2 MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA (MST)
O movimento dos trabalhadores sem terra (MST) é considerado um dos movimentos sociais mais importantes e conhecido no país, pois, o Brasil possui uma concentração enorme de terras, sendo muitas delas improdutivas. O MST visa à redistribuição de terras improdutivas e luta pela reforma agrária no país.
A concentração de terras no Brasil tem raízes históricas, visto que em 1850 foi promulgada a lei de Terras que fortaleceu a concentração fundiária no país, consolidando a desigualdade social e territorial vistas até os dias de hoje. Ao longo da história muitas lutas e resistências populares aconteceram, surgindo novas formas de organização na luta pela e terra e a questão agrária (MST, 2020).
Em 1984 os trabalhadores rurais que já estavam na luta pela terra organizaram o 1º Encontro Nacional dos trabalhadores sem terra e ali foi formado o MST e se organiza em torno de três princípios: reforma agrária, luta pela terra e por mudanças sociais no país. O debate em relação à questão agrária foi amadurecendo e passou a ser reforma agrária popular, pois, o movimento percebeu que a reforma agrária é uma necessidade de toda a sociedade (MST, 2020).
Com isso, os Sem Terra apresentaram seu novo programa agrária á sociedade, que tem como base de fundo na produção agrícola a matriz agroecológica. Nesse sentido, o MST está debatendo com sua base e seus aliados um programa novo de reforma agrária. Uma Reforma Agrária que deve começar com a democratização da propriedade da terra, mas que organize a produção de forma diferente. Priorizando a produção de alimentos saudáveis para o mercado interno, combinada com um modelo econômico que distribua renda e respeite o meio ambiente. Queremos uma Reforma agrária que fixe as pessoas no meio rural, que desenvolva agroindústrias, combatendo o êxodo do campo, e que garante condições de vida para o povo. Com educação em todos os níveis, moraria digna e emprego para a juventude (MST, 2020).
5.3	MOVIMENTO SINDICAL NO BRASIL
O movimento sindical no Brasil iniciou-se no começo do século XX com a chegada de trabalhadores europeus para trabalhar nas fábricas “houve um predomínio dos anarquistas no século XX, que foi decisivo para o nascimento do movimento operário organizado no Brasil”(Molina, entre 2000 e 2015).
A vinda de operários europeus no final do século XIX para o Brasil incentivaram estas mobilizações, já que na Europa já tinha ocorrido várias lutas operárias reivindicando melhores condições de trabalho (MONTAÑO, DORIGUETTO, 2010).
O movimento sindicalista no Brasil foi influenciado também pelas ideias de Karl Marx e a ideologia comunista, especialmente após a Revolução Russa de 1917 (Molina, entre 2000 e 2015).
Podemos dizer a primeira grande greve no país ocorreu em 1917 em São Paulo, os trabalhadores reivindicavam melhores condições de trabalho e aumento salarial, porém, muitos grevistas foram punidos ou expulsos do Brasil. Esta greve influenciou na consciência de classe dos trabalhadores e o surgimento dos sindicatos. 
Durante o período desenvolvimentista de 1950 a 1960 com o Presidente Juscelino Kubitschek o país passou por uma crescente industrialização e urbanização fazendo com que o movimento sindical se fortalecesse novamente, porem, após o período de ditadura militar o sindicalismo passou a ser duramente reprimido e controlado pelos militares “após 1965 o movimento sindical praticamente desaparece, embora continuem existindo, os sindicatos cumprem um papel de prestação de serviços assistenciais, médicos e jurídicos aos seus filiados”. (Molina, entre 2000 e 2015).
Na segunda metade da década de 1970 surge o novo sindicalismo, com o aumento da industrialização cresce o número de operários que recebem baixos salários, possuem condições precárias de trabalho contribuindo para realização de novas greves. O estado de São Paulo por concentrar grandes indústrias foi um palco muito importante para o fortalecimento da oposição sindical Metalúrgica Paulista, especialmente no ABC de São Paulo (Molina, entre 2000 e 2015).
A década de 1990, com a implantação do neoliberalismo, na esfera do Estado, e da reestruturação produtiva, no mundo do trabalho empurrou a classe para ações defensivas; de outro lado, a ilusão na democracia formal burguesa faz com que, majoritariamente, o sindicalismo abdicasse das ações diretas (greves) para negociações na institucionalidade, nas câmeras setoriais, implantadas no governo de Fernando Henrique Cardoso que consolidou o neoliberalismo no Brasil. Em 1995, a partir da greve dos petroleiros, o governo neoliberal de FHC tentou quebrar o movimento sindical de lutas com pressão ao movimento grevista em curso e do ponto de vista institucional promoveu as contrarreformas de ataque ao conjunto de classe (entre elas a do Estado, sindical, trabalhista e previdenciária). (ABRAMIDES; DURIGUETTO, 2014 p.238). 
5.4	MOVIMENTO FEMINISTA
O movimento feminista é um movimento social que visa à discussão, ampliação dos direitos das mulheres, garantindo assim a igualdade de gênero onde a mulher tenha uma participação na sociedade igualitária aos homens. Desde muito tempo a mulher foi retratada na sociedade com um único papel – a reprodução, vista como um sexo frágil que deveria ser submissa ao homem (Mendes, Vaz e Carvalho, 2015, p.90).
Desde meados da década de 60, os Estados Unidos e a Europa foram alvos das grandes discussões que eclodiram sobre a luta pelo sufrágio feminino, liberdade e demais direitos das mulheres, protagonizado com o surgimento do movimento feminista naquela época. A “queima de sutiãs”, protesto que marcou e entrou para a história do movimento feminista estadunidense foi um dos primeiros atos públicos a questionar o padrão e a “ditadura da beleza” que é historicamente imposta pela sociedade e incessantementepregado pela mídia. (MENDES; VAZ E CARVALHO, 2015,p.89).
No Brasil o movimento feminista surge a partir da luta das mulheres pelo direito ao voto na década de 1910, a partir deste movimento a luta se ampliou, visando também o direito ao divórcio, instrução educacional e trabalho assalariado. A partir de 1960 com a ditatura militar instaurada no Brasil as mulheres passaram a ter um papel muito importante contra o regime autoritário, muitas delas foram para a guerrilha, partindo para o enfrentamento direto com os militares, na década de 1970 como consequência deste enfrentamento muitas mulheres foram exiladas do país (Mendes, Vaz e Carvalho, 2015, p.90).
Os movimentos feministas nos anos 1870/80 continuaram na luta pela democracia, igualdade e direitos das mulheres. Em 1995 surge a Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB) através da IV Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher: igualdade, desenvolvimento e paz ocorrida em Pequim na China. A AMB baseava-se na participação politica das mulheres, saúde, violência, educação, direita sexual e reprodutiva e a mulher no poder(ABRAMIDES; DURIGUETTO, 2014 p.157-158).
Assim, a perspectiva politica da AMB encontra-se direcionada para um horizonte de transformação social, pautado na totalidade, ao contemplar na sua luta as dimensões de sexo, “raça”/etnia e liberdade sexual, articuladas dialeticamente, com a questão de classe (caráter popular e de aliança com os movimentos sociais (ABRAMIDES; DURIGUETTO, 2014 p.158).
 No inicio do século XXI ocorreu a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), 
A MMM surgiu em torno da organização de uma mobilização internacional que agregou mulheres de vários países em torno da campanha: “2.000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”, no ano de 2000. (ABRAMIDES; DURIGUETTO, 2014 p.158).
O movimento feminista no Brasil conquistou muitos direitos através de muita luta e reivindicações como a delegacia da Mulher e a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006), nos anos de 2005 a 2007 ocorreram as Conferências Nacionais para a Politica da Mulher onde se discutia a condição da mulher no país. Porém, podemos perceber que a desigualdade de gênero continua presente na sociedade atual, fazendo com que as mulheres continuem lutando em prol da equidade de raça e gênero, visando uma sociedade mais justa e igualitária (Mendes, Vaz e Carvalho, 2015, p.90). 
5.5	MOVIMENTO NEGRO
Outro movimento que é de extrema importância ser mencionado e que na atualidade vem ganhando muita força em diversos países é o movimento negro.
. A partir do século XIX, diversos movimentos surgiram em defesa dos direitos civis e contra a escravidão, a maior parte deles ocorreu nos Estados Unidos, África do Sul, por conta da escravidão nas Américas e do apartheid na África do Sul, no século XX se espalhou por diversos países e as pautas das lutas eram de acordo com a necessidade local (Porfirio, s.d). 
No Brasil o movimento negro surgiu no “período colonial, com os quilombos, além de outras iniciativas, sendo conhecidos personagens (como Zumbi dos Palmares), que se rebelaram contra o regime de escravidão” (Lima, 2019, p.144).Depois de muita luta em 1888 foi sancionada a Lei Áurea que aboliu a escravidão no país, porém, após os negros serem libertos continuaram a ser discriminados racialmente e socialmente, sendo excluídos na sociedade.
Em 1798 durante o período de ditadura militar no país surgiu o movimento negro unificado (MNU), após um feirante Robson Silveira da Luz foi acusado de roubar frutas sendo levado a prisão e torturado até a morte. Após o ocorrido um protesto contra a morte de Robson ocorreu levando duas mil pessoas na escadaria do teatro central de São Paulo, a partir deste momento vários representantes que de movimentos que lutavam pela igualdade racial uniram-se se tornando um movimento unificado e mais forte (Porfirio, s.d). 
Atualmente podemos perceber novos protestos contra a desigualdade racial e pela forte violência policial para com os negros principalmente nos Estados Unidos. Em 2020, o afro-americano George Floyd foi assassinado por um policial branco desencadeando uma serie de manifestações que ocorreram no território Americano e em diversos outros países contra o racismo, diversos manifestantes levaram cartazes com a bandeira do movimento Black Lives Metter (vidas negras importam).
Nesse sentido, o movimento negro contemporâneo é ativo em prol de politicas públicas para negros, compensação dos anos de trabalhos forçados, inclusão dos negros em universidades, postos de trabalhos e demais campos educacionais, bem como mais leis contra o racismo e a segregação. (LIMA, 2019, p.144).
6. SERVIÇO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS: UMA LUTA EM DEFESA AOS DIREITOS HUMANOS.
É necessário compreender a relação dos movimentos sociais e o serviço social no período da gênese da profissão no Brasil.
Os movimentos sociais eram vistos, pelos empregadores dos assistentes sociais, como organizações com as quais a profissão deveria manter um contato pautado no controle, uma vez que esta atuava por ordem do Estado e de organizações religiosas, que olhavam para os Movimentos como algo a ser combatido. A proximidade deveria ser pautada, única e minimamente. na caridade e no assistencialismo. Os sujeitos em situação de pobreza tinham sua condição vista como algo decorrente do pecado ou de desajustes á sociedade. Logo, reivindicações coletivas não deveriam ser incentivadas. E assim, o Serviço Social se consolida com a função de apaziguar a relação entre trabalhadores e patrões. (Sousa, 2018, p.38).
Na década de 1960 houve o fortalecimento dos princípios democráticos, uma maior radicalização e uma proposta populista expressada pelo governo de João Goulart, contribuindo assim, com a emersão e legalidade das organizações partidárias de inspiração socialista revolucionária, havendo ampliação dos direitos sociais que até o momento foram negados para a população e o aparecimento de protagonistas na perspectiva da esquerda marxista. (Moro e Marques, 2011).
Segundo Feliciano (2018), o marco das mudanças do período de reconceituação do Serviço Social no Brasil, ocorreu no III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, conhecido também como “Congresso da Virada” em 1979, fazendo com que muitos assistentes sociais adotassem uma perspectiva mais critica a respeitoda sua prática profissional e sua relação com os movimentos sociais e a classe trabalhadora, baseando-se na teoria crítica de Karl Marx.
De acordo com Netto (2005) foi durante o movimento de renovação da profissão na década de 70 que o Serviço Social passou a ter contato com a realidade das organizações populares. É importante ressaltar que durante o regime militar no Brasil as organizações populares foram muito reprimidas.
A partir de década de 80 com o fortalecimento de uma perspectiva profissional maiscrítica entre os Assistentes Sociais, muitos deles passaram a se filiar a partidos de esquerda, “fato que conferiu a profissão um fortalecimento para a vinculação politica e a ideologia em consonância com a classe trabalhadora” (Feliciano, 2018, p.4).
Podemos dizer que o Serviço Social sofreu grande influência do período, com grandes alterações econômicas, politicas, sociais, ideoculturais, “oriundas do exaurimento do padrão rígido de acumulação capitalista e das consequentes respostas que lhe são dadas pelo movimento das classes sociais em confronto”. (Moro e Marques, p.17, 2011). 
Foi necessário, dos Assistentes Sociais a superação da visão assistencialista e conservadora da profissão, uma participação mais ativa, propositiva e intersetorial, devido também o aumento de novas organizações assistenciais, surgindo novas demandas de articulação e mobilização politica, fazendo com que a atuação profissional naquele período sofresse grandes transformações. (Lima, 2019).
 A partir da década de 1990 houve transformações profundas no mundo do trabalho com a ofensiva neoliberal e uma contrarreforma do Estado. O assistente social neste período vivencia a precarização do trabalhoe aflexibilização das relações de trabalho, foi nesta conjuntura que foi consolidado o projeto ético politico da profissão do Serviço Social. (Abramides; Duriguetto, 2014). 
Situamos a atuação profissional nos processos de mobilização e organização popular como uma possibilidade de a profissão contribuir para as organizações e lutas sociais e, portanto, como contribuição necessária para o fortalecimento do projeto profissional. Entretanto, na conjuntura pós-anos 1990, a tematização e atuação do assistente social nas organizações da classe trabalhadora e a relação com os seus movimentos sociais a partir de outras inserções institucionais sobre uma curvatura, de modo que o que se apresentava, na década de 1980, como uma tendência ascendente, irá sofrer um processo de retração. Essa constatação se processa de forma contraditória, a partir da década em que temos a consolidação do projeto ético-politico da profissão, cujos aportes constitutivos implicam no vinculo politico e profissional com as lutas das classes subalternas. Temos, a partir da década de 1990, uma exígua produção teórica da profissão tanto acerca das organizações, movimentos e lutas sociais quanto da relação da profissão com as mesmas. E uma quase oculta sistematização/ relatos de experiência da intervenção profissional com as organizações, movimentos e lutas sociais.(Abramides; Duriguetto, p. 184-185, 2014). 
Com o neoliberalismo iniciou a restruturação produtiva do capital em nível mundial, os trabalhadores cada vez mais sofrem com as adversidades do campo do trabalho, fazendo o proletariado competir e lutar apenas por questões individuais, pela sua própria sobrevivência, sem conseguir lutar por questões coletivas. Além disso, no contexto neoliberal aumentou-se a repressão e criminalização das mobilizações populares, contribuindo com a retratação desses movimentos (Sousa, 2018).
 Com a implantação e consolidação do neoliberalismo no Brasil a partir de 1990, o então presidente da república Fernando Collor de Melo iniciou um processo de privatização das empresas estatais, terceirização de trabalhadores, impactando profundamente a vida da população. 
Acumulação flexível, financeirização da riqueza e as contrarreformas estatais no âmbito social produzem desemprego, aumentam a exploração do uso da força de trabalho e corroem os sistemas públicos de seguridade social. (Abramides; Duriguetto, p. 179, 2014).
Diante deste novo contexto econômico e social surgiram novas possibilidades de exercício profissional do assistente social, podendo o profissional trabalhar nos sujeitos formas de construir estratégias coletivas para o encaminhamento das suas necessidades, estimular a participação dos sujeitos em organizações e movimentos sociais e viabilizar a participação da população na elaboração e avaliação das politicas públicas. O Serviço Social possui o compromisso com o fortalecimento das organizações e lutas coletivas dos trabalhadores, afirmando a consciência coletiva e a dimensão ético-politico da profissão (Abramides; Duriguetto, 2014). 
	O Serviço Social tem como projeto político, de sociedade e de profissão, romper com as desigualdades sociais, lutar e ampliar os direitos humanos possuindo um compromisso com um novo projeto societário. A atuação profissional dos assistentes sociais está fundamentada no projeto ético-político sendo guiado pelos princípios da profissão contidos no código de ética da profissão de 1993 (Lima, 2019, p.167).
É importante ressaltar que o código de ética do Serviço Social de 1993 possui 11 princípios fundamentais da profissão (BRASIL, 1993). 
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo;
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras;
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida;
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças;
VII. .Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual;
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero;
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as;
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física.
Portanto, o Serviço Social se consolidou como profissão que luta pela defesa e ampliação dos direitos humanos e na prática profissional o assistente social se depara com diversas violações desses direitos, por exemplo: a fome, desemprego, a violência, pobreza, trabalho escravo e outros atentados a liberdade. 
[...] Evidencia-se a violação dos direitos humanos presentes nas relações sociais. O preconceito, a discriminação, as formas de opressão veladas ou desveladas, a xenofobia, entre outros. Construir os direitos humanos significa também elaborar estratégias que coíbam essas violações, ao mesmo tempo proporcionem realidades igualitárias que gerem empoderamento nas pessoas. (Klazura, p. 35, 2017).
De acordo com Klazura (2017, p.33) “o Serviço Social em sua atuação reconhece que é a partir da luta coletiva que se conquista e se constroem os direitos humanos”. 
Sendo assim, percebemos que o Serviço Social foi em direção a um projeto que visa à defesa da classe trabalhadora e luta pela liberdade, igualdade, justiça, democracia e cidadania, desta forma, podemos perceber “a conexão desta profissão com os objetivos dos movimentos sociais e demais organizações da classe trabalhadora, os quais partilham da luta em busca dos mesmos valores supracitados” (Sousa, p.98, 2018).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos proferir que é através dos movimentos sociais que a sociedade resiste às desigualdades sociais e a exclusão social, reivindicando os seus direitos e em busca de equidade, igualdade e justiça social. Tendo em vista a pesquisa que foi realizada sabemos que muitos direitos foram conquistados e efetivados através dos movimentos sociais durante toda á historia.
É de fundamental importância o conhecimento dos contextos históricos vivenciados ao longo dos anos e toda a conjuntura econômica, social e cultural de cada país para compreendermos os movimentos sociais, suas características e lutas. 
Além da participação nos movimentos sociais é de extrema importância que todos os cidadãos utilizem dos mecanismos de participação social, contribuindo para a democracia e a efetivação de direitos. A população pode exercer o controle social participando da administração pública, através de conselhos, conferências, audiências públicas e outros meios de participação social. Sendo fundamental desenvolver na população o hábito de participação e reflexão, possibilitando o questionamento da realidade vivenciada e formando cidadãos mais críticos.
Podemos dizer que o processo de ruptura do Serviço Social com o modelo tradicional e conservador se deu como um marco histórico da profissão e permitiu à aproximação dos assistentessociais com os movimentos sociaisa partir dos anos de 1980 e o Serviço Social passou a se posicionar em defesa as lutas da classe trabalhadora e consolidou o seu projeto ético-politico de profissão.
Através da pesquisa realizada podemos afirmar que foi a aproximação do Serviço Social com a teoria de Karl Marx que possibilitou a profissão uma compreensão mais critica e um posicionamento politico.
O Serviço Social tem o dever de apoiar e participar dos movimentos sociais, pois, é um direito do assistente social contido no código de ética da profissão de 1993. O profissional também deve prestar assessoria para os movimentos sociais, sendo uma competência do profissional contida na Lei de Regulamentação da Profissão. 
É extremamente importante proporcionar debates sobre os movimentos sociais no âmbito do serviço social, sobretudo no processo de formação dos assistentes sociais, visto que compreender os movimentos sociais é fundamental para que o exercício profissional do assistente social seja realizado de maneira assertiva e eficiente. Assim, faz-se necessário também a ampliação da produção teórica a respeito desta temática, trazendo mais visibilidade e discussão a respeito do assunto. 
Atualmente com a ofensiva neoliberal podemos perceber a dificuldade do Serviço Social de se articular com os movimentos sociais, tendo em vista a retração das organizações populares na atualidade, devido à criminalização e opressão que sofrem esses movimentos. Neste cenário, desfavorável aos trabalhadores, assistentes sociais e movimentos sociais é necessário que os profissionais de Serviço Social busquem fortalecer os movimentos sociais e proponham novas estratégiaspara o enfrentamento das novas demandas apresentadas para efetivação do projeto ético politico da profissão. 
Conclui-se que o Serviço Social possui grandes desafios para a efetivação do projeto ético-politico da profissão sendo necessário a articulação da classe com os movimentos social para eliminar todas as formas de preconceitos eviabilizar direitos, alcançando mudanças na sociedade e rumo a construção de uma nova ordem social. 
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