Buscar

Estatuto da Terra

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PARA AGRONOMIA
TAYNA POPPE BOURGUIGNON
ASPECTOS POSITIVOS E DESAFIOS DO ESTATUTO DA TERRA
ALEGRE
2019
O ESTATUTO DA TERRA
Durante quatro séculos esteve o Brasil junto com a classe latifundiários,
através de seus representantes e aliados no Legislativo e no Executivo, havia
conseguido o direito de propriedade, só aprovando a desapropriação de terras
mediante pagamento prévio em dinheiro de seu justo valor.
Um latifúndio é uma propriedade agrícola de grande extensão pertencente a
uma única pessoa, uma família ou empresa e que se caracteriza pela
exploração extensiva de seus recursos. O latifúndio tem sido tradicionalmente
uma fonte de instabilidade social, associada à existência de grandes massas
de camponeses sem terra. Para resolver os problemas causados por grandes
propriedades, já se tentou fórmulas diferenciadas, dependendo do tipo de
governo: desde a mudança na estrutura da propriedade (reforma agrária),
inclusive com expropriações, até a modernização da exploração agrícola
(agricultura de mercado).
No governo de João Goulart, o clima de insatisfação reinava no meio rural
brasileiro e havia um receio do governo e da elite conservadora pela eclosão
de uma revolução camponesa. Afinal, os espectros da Revolução Cubana
(1959) e da implantação de reformas agrárias em vários países da América
Latina (México, Bolívia, etc.) estavam presentes e bem vivos na memória dos
governantes e das elites. As lutas camponesas no Brasil começaram a ser
organizadas desde a década de 1950, com o surgimento de organizações e
ligas camponesas, de sindicatos rurais e com atuação da Igreja Católica e do
Partido Comunista Brasileiro. O movimento em prol de maior justiça social no
campo e da reforma agrária generalizou-se no meio rural do país e assumiu
grandes proporções no início da década de 1960.
A criação do Estatuto da Terra e a promessa de uma reforma agrária foram a
estratégia utilizada pelos governantes para apaziguar os camponeses e
tranquilizar os grandes proprietários de terra. O Estatuto da Terra foi criado pela
lei 4.504, de 30-11-1964, sendo, portanto, uma obra do regime militar que
acabava de ser instalado no país através do golpe militar de 31-3-1964. As
metas estabelecidas pelo Estatuto da Terra eram basicamente duas: a
execução de uma reforma agrária e o desenvolvimento da agricultura. Três
décadas depois, podemos constatar que a primeira meta ficou apenas no
papel, enquanto a segunda recebeu grande atenção do governo,
principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento capitalista ou
empresarial da agricultura.
O Estatuto da Terra é um conjunto de medidas que buscam a melhor
distribuição das terras rurais baseando-se na posse e no uso, ou seja,
propriedades que não produzem deveriam ser disponibilizadas a trabalhadores
rurais que produzem e sustentam suas famílias. 
O processo de redistribuição consiste, basicamente, na compra de terras
improdutivas pelo governo e na partilha de lotes entre as famílias de
trabalhadores rurais. Essa fiscalização e divisão são feitas pelo INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), órgão federal que cuida
de todas as questões envolvendo esse tema no país.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_agr%C3%A1ria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expropria%C3%A7%C3%A3o
Já a política agrícola é o conjunto de diretrizes que regem as atividades rurais e
agropecuárias, fazendo com que elas funcionem de maneira ordenada e justa,
tanto para os proprietários quanto para os trabalhadores.
Segundo o Estatuto da Terra, uma propriedade rural cumpre seu papel social
quando respeita os seguintes requisitos:
● Oferece bem-estar aos donos e trabalhadores da propriedade;
● Mantém uma produtividade em níveis razoáveis;
● Preserva recursos naturais;
● Cumpre as leis trabalhistas que amparam o trabalhador rural.
Quando os tópicos acima não são cumpridos corretamente, o poder público
tem o dever de intervir e tomar as atitudes previstas em lei para regularizar a
situação. 
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) é
uma autarquia federal da Administração Pública brasileira. Foi criado pelo
decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão prioritária de realizar
a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais e administrar
as terras públicas da União. Está implantado em todo o território nacional por
meio de 30 Superintendências Regionais.
O objetivo é implantar modelos compatíveis com as potencialidades
e biomas de cada região do País e fomentar a integração espacial dos projetos.
Outra tarefa importante no trabalho da autarquia é o equacionamento
do passivo ambiental existente, a recuperação da infraestrutura e
o desenvolvimento sustentável dos mais de oito mil assentamentos existentes
no País.
IMPORTÂNCIA DO ESTATUTO
O estatuto da terra possui diversos aspectos positivos, dentre eles:
● O respeito à indenização de desapropriações de terra;
● A funcionalização, onde o minifúndio e o latifúndio são duas situações
fundiárias consideradas impróprias;
● A utilização apropriada da terra pelo proprietário, de maneira que o usufruto
das condições econômicas favorecesse os seus trabalhadores e,
respectivamente, a família dos mesmos;
● Que os recursos naturais da terra fossem utilizados de maneira apropriada;
● Manutenção dos níveis satisfatórios de produtividade;
● Assegurar a legalidade nas relações trabalhistas entre os que cultivam e os
donos de terra.
Esse acontecimento refletiu diretamente na atual circunstância agrária em que
o país se encontra. Os movimentos sociais como o MST, consequentemente,
fomentam aí seus protestos, no intuito de consolidar a reforma agrária como
uma política pública permanente, e não somente uma forma de apaziguar o
conflito gerado pelos manifestantes.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Autarquia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o_p%C3%BAblica_no_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_agr%C3%A1ria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma
https://pt.wikipedia.org/wiki/Passivo_ambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Infraestrutura_(economia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
https://pt.wikipedia.org/wiki/Povoamento_humano
POR TRÁS DO ESTATUTO DA TERRA
O Estatuto da Terra possui ideologias do movimento que lhe deu origem,
sendo bem menos avançado que os anteriores projetos de lei oriundos do
Poder Executivo. Ele é complexo e inclui muitas normas de política agrícola
cuja adoção obviamente dispensaria autorização legislativa. Aparentemente,
essa ênfase na política agrícola atende à conhecida tese do conservadorismo
agrário no Brasil de que ela é mais importante do que uma reforma da estrutura
agrária. Em consequência, a lei está tomada de dispositivos ineficientes,
determinando medidas de assistência e proteção à economia rural, assistência
técnica, produção e distribuição de sementes e mudas, criação, venda,
distribuição de reprodutores e uso de inseminação artificial, mecanização
agrícola, cooperativismo etc.
Pelo Estatuto, todo imóvel rural cuja área mínima agricultável seja explorada
de forma econômica e racional, mesmo que não haja divisão alguma do
trabalho e nem seja utilizada mão-de-obra assalariada, é incluído na categoria
de empresa rural.
O Estatuto da Terra, tão minucioso e casuístico em muitos aspectos,
nenhuma referência faz à participação dos lavradores, parceiros e
arrendatários, isto é, beneficiários potenciais da reforma agrária, na execução
desta medida, e nenhum dispositivo vinculando a sindicalização rural à boa
execução da reforma. Sem sindicatos rurais fortes, bem organizados e
amparados pela Justiça Trabalhista, tornou-se inevitável o descumprimento dos
dispositivos do Estatuto que afetam os interesses dos latifundiários. A
experiência histórica demonstra que a reforma agrária não dá os frutos
esperados se não contar com o apoio político das coletividades mais
diretamente nele interessadas.
O Estatuto da Terra isenta (artigo 19, parágrafo2º, alínea b) a empresa rural
da desapropriação por interesse social. Como o artigo 4º, item VI, desta lei
equipara as pastagens e matas naturais às áreas cultivadas, muito latifúndio
inexplorado é classificado como “empresa rural”, estando assim livre de
desapropriação.
O Estatuto da Terra aboliu as diversas formas de exploração feudal dos
parceiros e arrendatários, tais como a prestação de serviço gratuito,
exclusividade de venda da colheita, pagamento em vales etc., mas não
estipulou sanção alguma em caso de violação do preceito, o que o torna
inoperante.
O Estatuto estipula, nos contratos de venda a prazo de lotes de terra em
programas de reforma agrária e colonização, o reajustamento das prestações
mensais de amortização e juros, bem como dos saldos devedores, em base
proporcional ao índice geral de preços. Tal disposição é desestimulante à
aquisição de lotes pelos lavradores, dado o caráter aleatório da atividade
agrícola, que, em caso de seca, inundação, ocorrência de pragas e aviltamento
de preços no mercado, poderá levá-los à ruína e, portanto, à impossibilidade de
liquidar a prestação reajustada.
Ao contrário da norma invariavelmente seguida em todas as leis de reforma
agrária de outros países, o Estatuto em Terra criou dois órgãos autárquicos
para sua execução: o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, subordinado à
Presidência da República, incumbido de promover e coordenar os programas
específicos de reforma agrária, e o Instituto Nacional do Desenvolvimento
Agrário, vinculado ao Ministério da Agricultura, com a finalidade principal de
promover o desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão
rural e do cooperativismo.
O Estatuto da Terra também estabelece, em que artigo 2º, que “é assegurada a
todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua
função social, na forma prevista nesta Lei” (BRASIL, 1964).
A Constituição de 1988 definiu diversos princípios relacionados à propriedade,
estabelecendo, por exemplo, o direito de propriedade e também a devida
observância de sua função social. Assim como também posteriormente dispôs
o texto constitucional, o Estatuto da Terra elencou os requisitos que denotam o
cumprimento da função social da propriedade, requisitos estes que devem ser
observados cumulativamente, sob pena de sanções quando configurado o
descumprimento. 
A função social da propriedade é um reflexo da principiologia constitucional
relacionada à dignidade da pessoa humana e à redução das desigualdades
sociais. Nesse sentido, a reforma agrária acaba por se encaixar como direito
fundamental a ser efetivado no ordenamento jurídico brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ERICEIRA, Cássio Marcelo Arruda. A importância da reforma agrária.
Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-importancia-da-reforma-agraria,488
24.html#_edn8. Acesso em: 11 dez. 2019.
BRUNO, Regina. O Estatuto da Terra: entre a conciliação e o
confronto. Estudos sociedade e Agricultura, 1995.
JONES, Alberto da Silva; HIRANO, Sedi. Política fundiária do regime militar:
legitimação privilegiada e grilagem especializada (do instituto de sesmaria ao
estatuto da terra). 1997.

Continue navegando