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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD Avaliação Presencial Adaptada 1 (APX1) – 2020.1 SUGESTÃO DE GABARITO Para revisão e estudo para AP3, reunimos respostas de alguns estudantes que obtiveram notas acima de 9,0 na APX1. Legenda: Em verde: estudante A. (polo ROC) Em azul: estudante Liliane Cristine Moreira Valerio (polo SPE) Em vermelho: estudante Sonia Dos Santos De Jesus (polo PET) Em rosa: estudante Rafaela Goncalves Da Silva (polo MAG) Em marrom: estudante Louise Costa da Silva Almeida (polo ARE) Disciplina: Literatura na Formação do Leitor Coordenadora(o): Anna Carolina C. de A. da Matta Machado 1ª Questão: (valor: 3,5) a) Analise as afirmativas a seguir. Uma obra tem ficcionalidade quando é capaz de exprimir uma realidade plausível, isto é, quando a estrutura da história consegue se sustentar. É um conceito bastante próximo da verossimilhança. A verossimilhança permite que determinados fatos não causem estranheza pois estão submetidos à lógica do universo do texto literário. b) Retome o estudo das aulas em que estes conceitos são abordados, indique em quais delas discussões sobre verossimilhança e ficcionalidade aparecem com mais ênfase, justificando sua resposta. (0,5)_ Os conceitos aparecem em diferentes aulas, citados ao longo do módulo 2. As discussões sobre verossimilhança e ficcionalidade foram aprofundadas na aula 9 quando é explicitado que os conceitos se aproximam. A aula 12 também trata do tema, retomando com mais ênfase o conceito de verossimilhança e, na aula 18, os temas tornam a ser tratados. (Estudante do polo Rocinha) Aula 09 - Na página 25 Aula 12 - Na página 67 Aula 13- Na página 85 Esses dois conceitos são melhores abordados nessas páginas, por serem características que são comuns ao texto literário, na aula 09, a ficcionalidade é conceituado fazendo uma comparação coma realidade, nos fazendo entender a complementação dos dois termos. A verossimilhança é condição para que o texto/obra tenha sentido, dentro do que foi estabelecido anteriormente no universo da ficção. Se a verossimilhança falhar a narrativa fica sem sentido para o leitor. Isso também pode 2 ocorrer com relação às expectativas de um padrão de um gênero. Exemplo: Histórias de detetives seguem um padrão que dão sentido a esse gênero de história. Na aula 12, página 67. O conceito de verossimilhança é explicado no trecho texto de “Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, acatamos sem problema o fato de o lobo falar com a menina”. Isso, não nos causa estranheza, pois o fato do lobo falar faz parte da regra daquele mundo estabelecida de antemão. Faz uma relação com o texto fantástico. Na aula 13, página 85, o conceito aparece para explicar a estruturação do gênero narrativo. Para que este mundo encontre objetivação, é necessária a presença de alguns elementos importantes tais como os “personagens”, a “ação”, o “tempo”, e o “espaço” que tenham semelhança com a realidade. c) Construa um texto ampliando estas definições e citando as fontes de consulta. (1,0) O texto ficcional é uma narrativa composta de ações ou sequencias de ações vividas por personagens, entende-se por personagens entidades literárias criadas pelo ator para compor o seu texto. Dentro dessa ficção, há o universo ficcional, ou seja, tudo criado/ imaginado pelo ator e para que esse mundo tenha sentido, tem que haver o quesito de verossimilhança. Esse conceito para Guimaraes Rosa é a verdade da mentira. Na narrativa, o autor não dialoga diretamente com o leitor, ele cria um narrador para que ele dialogue com o leitor. O narrador expõe o seu ponto de vista que não necessariamente é o ponto de vista do autor. Um exemplo de texto ficcional é a fábula que além de ser um gênero literário, é composta pelas ações e a forma como essas ações, acontecimentos e fatos ocorrem se entrelaçam. Nem todo texto ficcional é literário. Para ser literário, o texto precisa apresentar, em sua composição, elementos expressivos que lhe confiram valor de literatura. É o que chamamos de literariedade. O fato de o texto ser apenas ficcional não garante que ele tenha a especificidade do literário. A verossimilhança vai se relacionar com as referências que existem dentro da obra. Referências à realidade, ao conceito que está sendo tratado naquela obra. Respeitar os padrões estabelecidos anteriormente no universo da obra é o que dá sentido a obra, a quebra da verossimilhança deixa o mundo, a história sem lógica. (Inverossímil). Fontes: • AS CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE LITERATURA PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR NO ENSINO MÉDIO https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/as-contribuicoes- ensino-literatura-paraformacao-leitor-no-ensino-medio.htm • Ficcionalidade e Verossimilhança Postado por Marconi Almeida http://verveliteraria.blogspot.com/2009/03/ficcionalidade-e-verossimilhanca.html d) Pesquise a partir de palavras-chave 2 (dois) artigos acadêmicos no portal SciELO - Scientific Electronic Library Online (https://search.scielo.org) ou Google Acadêmico que dialoguem com os conteúdos destas aulas e justifique sua escolha. (2,0) BORGES, Heloísa Barretto. Uma leitura do romance Tenda dos Milagres, de Jorge Amado: A relação triádica real/fictício/imaginário no texto literário. Feira de Santana: 2007. p. 113-137. Disponível em: < http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/37/uma_leitura_do_ramance_tenda_dos_milagres.p df>. Acesso em: 21 de abr. de 2020. Esse artigo aborda a construção do texto literário através da relação entre Real/Fictício/Imaginário, exemplificada no romance de Jorge Amado “Tenda dos Milagres” (1969). Pontua como o texto se desenvolve através da relação do imaginário com a realidade, própria do texto literário e que abarca a ficcionalidade e a verossimilhança, possibilitando o entendimento do leitor como uma obra de ficção. Artigo 2: FIORUSSI, André. A mentira bem contada: voz narrativa e verossimilhança nos romances de Rosa e Rulfo. Literatura em Debate. Disponível em: < http://www.revistas.fw.uri.br/index.php/literaturaemdebate/article/view/421/760>. Acesso em: 21 de abr. de 2020. https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/as-contribuicoes-ensino-literatura-paraformacao-leitor-no-ensino-medio.htm https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/as-contribuicoes-ensino-literatura-paraformacao-leitor-no-ensino-medio.htm https://search.scielo.org/ 3 Os autores abordam nesse artigo alguns recursos técnicos que os escritores Ruan Rulfo (Pedro Páramo, 1955) e Guimarães Rosa (Grande sertão: veredas, 1956) utilizaram na construção de seus textos. Observaram sobre como Rulfo e Rosa utilizaram de uma narrativa pautada na imaginação, corroborada com os conceitos de ficcionalidade e verossimilhança para propiciar aos leitores uma viagem em seus universos, participando da geração de sentidos únicos que propuseram em seus romances. O primeiro artigo escolhido foi o Aluno-autor: a aprendizagem da escrita literária nas séries iniciais do ensino fundamental, cujas autoras fizeram a análise de dois textos literários, uma narrativa e uma fábula, produzidos por alunos do 4º ano de uma escola municipal, e concomitantemente apresentaram estratégias pedagógicas do professor direcionadas a formação do aluno-autor. Escolhi esse texto, pois achei interessante a pesquisa e a abordagem dada ao conteúdo, pois explicita como é concebida a literatura, como virtualidades do texto como a ficcionalidade são exploradas, suas características e função da leitura literária. Na análise do primeiro texto apontam que a professora não abordou a verossimilhança, cuja importância é fundamental arquitetura do texto literário, em seguida, citam três técnicas para 3 provocar efeito deverossimilhança, e indicam como aluno poderia ter tornado seu texto mais verossímil, assim como ponderam que “a ficção bem apresentada, bem organizada e envolvente tem a capacidade de ajudar o leitor a efetivamente se envolver com a leitura”. Na segunda análise, com mais atividades desenvolvidas, já foi percebida melhor desenvoltura do aluno-autor. Na conclusão, dentre outros itens apurados, constataram características textuais que apenas “provocam a sensação” de verossimilhança. DALLA-BONA, Elisa Maria; BUFREM, Leilah Santiago. Aluno-autor: a aprendizagem da escrita literária nas séries iniciais do ensino fundamental. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 29,n. 1,p. 179-203, Mar.2013 . Disponível em . Acesso em 25 de abril de 2020. O segundo artigo escolhido foi a reescrita do texto literário de alunos dos anos iniciais da escolarização, no qual foram analisados os processos de rescrita de textos com propósito literário, produzidos por alunos do 4º ano do ensino fundamental de escola municipal. Foi escolhido pois aborda ponto crucial existente nas práticas docentes quanto a trabalhos que envolvem textos literários, em que são considerados basicamente os aspectos gramaticais e ortográficos, desconsiderando a possibilidade de uma reescrita visando o aperfeiçoamento relativo as propriedades textuais. E o professor partir para uma correção de textos ao considerar os conhecimentos gramaticais, lexicais, ortográficos e sinais de pontuação, não torna a atividade de escrita literária motivante. As autoras ressaltam a liberdade para manifestações de criatividade, mas também, a questão de que no caso de textos ficcionais, apreender sua arquitetura, caracterizada dentre outras coisas pela verossimilhança, depende de trabalho sistematizado, mas não mecanizado. Assim, a reescrita do aluno deveria ser apropriada com a consideração de mais que erros “de português”, possibilitando melhor detalhamento, reordenação, substituições e outras considerações voltadas melhor elaborar no deslinde da produção literária. As autoras, ainda tocam num tema relevante que é promoção de discussão com a turma sobre esses aspectos, para que pudessem observar as especificidades de textos ficcionais, reconsiderando o significado da reescrita. Concluem que o importante é que a reescrita seja uma opção do aluno-autor, carregada de consciência quanto as mudanças que deveriam constar do texto, o que permitiria estímulo à produção de maior qualidade. (Aluna do polo Rocinha) GUSSO, Angela Mari; DALLA-BONA, Elisa Maria. A reescrita do texto literário de alunos dos anos iniciais da escolarização. Educ. rev., Curitiba, n. 52,p. 69-84, Jun 2014 . Disponível em . Acesso em 25 de abril de 2020 (estudante do polo Rocinha). 4 1º artigo- TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. Disponível em: https://www.academia.edu/download/31678658/Tzvetan_Todorov_-_Introducao_a _literatura_Fantastica.pdf. Vimos que o fantástico não dura mais que o tempo de uma vacilação: vacilação comum ao leitor e ao personagem, que devem decidir se o que percebem provém ou não da “realidade”, tal como existe para a opinião corrente. Ao finalizar a história, o leitor, se o personagem não o tiver feito, toma entretanto uma decisão: opta por uma ou outra solução, saindo assim do fantástico. Se decidir que as leis da realidade ficam intactas e permitem explicar os fenômenos descritos, dizemos que a obra pertence a outro gênero: o estranho. Se, pelo contrário, decide que é necessário admitir novas leis da natureza mediante as quais o fenômeno pode ser explicado, entramos no gênero do maravilhoso.(TODOROV, 1971, p. 24) Nesse trecho do livro, o autor explica bem a diferença entre os gêneros fantástico, maravilhoso e estranho, entendi a definição da seguinte maneira. O elemento que não encontramos correspondente no mundo real, esse elemento é o fantástico, o real se confronta com o imaginário. No gênero maravilho, não há a presença do mundo correspondente ao real. Apenas o mundo que foi criado pelo escritor com suas próprias regras. Não há estranheza, pois é o único mundo conhecido. E no gênero estranho, ocorre quando se explica a presença de um elemento que causa estranheza, mas que é explicado racionalmente, dentro da realidade. 2º artigo- CECCAGNO, Douglas. A VERDADE REAL DO DIREITO E A FICÇÃO DA LITERATURA. Disponível em: http://rdl.org.br/seer/index.php/anamps/article/view/63/130. Ceggagno (2015, p.285), afirma que “Pode-se dizer que não há Literatura sem ficção, já que é imprescindível ao fazer literário a criação imaginativa, esteja ela presente na forma ou no conteúdo, na trama ou na fábula.” O que da credibilidade a obra, fazendo o leitor aceitar a ficção que enuncia, é a verossimilhança externa, que ocorre quando reconhecemos os elementos que pertences a nossa realidade. O que esta sendo narrado é possível no mundo real, dentro de um senso comum, é possível acontecer. A verossimilhança interna ocorre, dentro de uma realidade paralela, uma coerência que é construída e faz sentido dentro da obra, mas no mundo externo não existe, seguindo as regras daquela realidade. O que faz a obra perder a credibilidade é a inverosimilhança, quando a sucessão de fatos torna-se contraditória, não parece verdadeira ou provável dentro das realidades constituídas. 2ª Questão: (valor: 2,0) Na tese “Formação do leitor de literatura: do hábito da leitura à cultura literária”, o pesquisador Josué de Sousa Mendes (UNB, 2008) aponta que O leitor da literatura se forma a partir de escolhas, ora por vontade própria, ora por vontade de outrem, sempre a partir do gosto e da necessidade de compartilhamento. Gostar e querer compartilhar, portanto, são essenciais para despertar o prazer de ler no leitor. Nesse processo, é importantíssimo que o leitor comece com leituras coletivas e em voz alta porque não se formam leitores solitários e sim comunidades de leitores. (MENDES, 54, 2008). Escreva um texto se posicionando a respeito desta citação e discutindo os desafios das práticas de leitura em sala de aula, levando em conta os conceitos de hábito e gosto pela leitura, vistos sobretudo em uma de nossas primeiras aulas. https://www.academia.edu/download/31678658/Tzvetan_Todorov_-_Introducao_a%20_literatura_Fantastica.pdf https://www.academia.edu/download/31678658/Tzvetan_Todorov_-_Introducao_a%20_literatura_Fantastica.pdf 5 Após refletir sobre a citação e os materiais didáticos da disciplina, é possível pontuar que o prazer e o gosto pela leitura é algo que se desenvolve a partir das próprias experiências leitoras. Assim, há diferenças entre ter a leitura como apenas um hábito - como uma tarefa monótona e rotineira a ser cumprida, que não produz reflexão e que, por não impactar o leitor, pode ser abandonada - e a que se desenvolve como prazer, que produz um encontro prazeroso com a leitura e impulsiona os leitores a perceberem os múltiplos sentidos do texto, auxiliando na formação humana. Nesse contexto, em grande parte das escolas, as práticas leitoras são comumente utilizadas em sala de aula apenas para corroborar a aplicação de metodologias e conteúdos. Dificilmente há opções de escolha dos títulos por parte dos alunos, nem nenhum tipo de atividade problematizadora que impulsione a reflexão ou que leve em consideração as particularidades sociais, econômicas e culturais dos alunos, reflexo de uma perspectiva de ensino tradicional e mecanicista. Dessa maneira, para se construir práticas significativas de leitura na sala de aula e desenvolver o prazer de ler nos alunos, o professor precisa, antes de tudo, gostar de ler. A partir daí, pode-se oportunizar ambientes leitores para as crianças, pensando na perspectiva emancipadora da leitura, em que está inserida a leitura coletiva e em voz alta, que possibilita a apropriação da leitura pelos alunos. Sendo assim, os alunosterão a oportunidade de construir um vínculo afetivo com a leitura, despertando não só o prazer de ler, como também o senso crítico, a criatividade e a reflexão que são tão importantes para o processo de desenvolvimento de qualquer indivíduo. Na Antropologia diz-se que o homem não difere em nada dos demais animais até que ele se humanize a partir das relações sociais que estabelece. O que o influencia a ser humano são as interações que lhe cercam, definindo, até mesmo, seu futuro. A formação do sujeito leitor também se fundamenta nesta perspectiva, de que nos tornamos leitores a partir das interações humanas e materiais que nos atravessam, potencializando nossa capacidade de ler e de gostar de ler, tal como abordado por Mendes (2008). 4 Dois ambientes são essenciais para a formação do sujeito leitor: a casa e a escola. Ambos são espaços capazes de proporcionar experiências positivas ou negativas com a leitura e são mediados por pessoas que nos influenciam em nossa trajetória, como bem aponta a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, organizada por Zoara Failla (2016). Neste texto, cabe-nos refletir sobre as influências e práticas de leitura do ambiente escolar, um espaço formal onde se processa a aprendizagem de sujeitos que carregam dentro de si o potencial de serem leitores proficientes, como desejam os planos de educação, mas que, todavia, comumente fazem parte de um cenário de desinteresse pelo universo da leitura e pelo embotamento do gosto de ler. Ora, como Mendes (2008) pontua, o leitor de literatura não se forma sozinho e a escola é uma ferramenta estratégica para proporcionar que essa formação aconteça, sempre aos poucos, progressivamente, apresentado para seus alunos opções de leitura e modos de ler atrativos, providos de sentidos atribuídos a partir das experiências individuais e coletivas. As atividades que envolvem a leitura não podem desconsiderar as condições objetivas em que se circunscrevem nossos alunos-leitores, como apontam Capello et.al (2010), pois elas interferem diretamente na formação deles. Neste sentido, cabe a escola refletir se tem desenvolvido o aluno-leitor, o leitor-autor, a partir de uma concepção mecânica, reduzida, da língua ou se mediante uma concepção ampliada, onde uma interação viva e contextualizada no tempo, espaço e história norteiam as práticas de leitura propostas pelas escolas. Se a escola adota uma concepção ampliada da língua, tal concepção irá permear o plano pedagógico, as estratégias de fomento à leitura, trazendo investimentos junto aos ambientes geradores, aos seus agentes formadores e mediadores desse processo de incentivo à formação do sujeito leitor, buscando com isso aproximá-lo e atraí-lo. Leitura ampliada requer que o sujeito leitor leia com e por prazer e não meramente por dever, como um repertório obrigatório e maçante que no fundo só quer dotá-lo de habilidades gramaticais, sintáticas e morfológicas. Ler com prazer está, por sua vez, diretamente relacionado ao mundo subjetivo do leitor, dotado de gostos, preferências, costumes e envolto numa cultura local, características essas que necessitam ser levadas em conta na hora de montar o cardápio de textos literários, contando que o aluno-leitor tem interesses próprios e outros que podem surgir a partir da troca com pares e com seus professores. É possível construir 6 uma escola que se utilize de práticas de leitura norteadas por princípios emancipatórios e comprometidos com o desenvolvimento do leitor-autor de modo crítico e contextualizado que conte com o professor enquanto mediador responsável por implementar estratégias que permitam que seus alunos-leitores assumam uma atitude protagonista, auto-regulada e autônoma frente ao texto lido, possibilitando que eles se aproximem, escolham, alterem e opinem sobre o que desejam ler e sobre os modos múltiplos de se vincular ao ato de ler e aos livros. REFERÊNCIAS CAPELLO, Cláudia et al. Literatura na formação do leitor. v. 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. FAILLA, Zoara. Retratos da leitura no Brasil 4. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. Quando crianças, vivemos experiências como esta citada por Mendes. Rodas de leitura, o professor contando histórias e, de fato, incentivando a leitura e ajudando a desenvolver esse hábito em seus alunos. É ali que o leitor tem uma de suas primeiras experiências. Alguns já viveram algo parecido em casa com seus pais a ler histórias. Concordo com o autor de que esses momentos coletivos e leituras em voz alta favorecem e despertam o prazer pela leitura. Mas não creio que seja apenas dessa maneira que esse processo funcione. Muitas crianças não se sentem à vontade para ler em público, por exemplo, talvez até por conta de timidez. Claro que isso é algo com o qual a criança deve ser encorajada a lidar, mas o que quero dizer é que muitas experiências fantásticas com a leitura e o prazer por esse mundo começam de forma solitária e nem sempre na infância. Muitos descobrem verdadeiro prazer pela leitura já na adolescência ou até mesmo na fase adulta, em seus momentos de descanso e desfrutando de uma boa leitura. Sendo assim, concordo com o que diz o autor, mas entendo que não é o único meio pelo qual a leitura possa e transformar em prazer e ser capaz de formar um leitor. 3ª Questão: (valor: 3,5) A partir da leitura e da análise destes trechos do poema “Dentro do livro”, de Ricardo Azevedo, e tendo como base o que estudamos nas Aulas 15 e 16: a) Imagine que você é professor de uma turma dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental ou da Educação de Jovens e Adultos. Escolha que ano de escolaridade seria este e escreva uma definição para poesia com linguagem adequada a este público-alvo. (0,5) Segmento: 1º Série: 1º ano Objetivo: apresentar e vivenciar o conceito de poesia Conceito: A poesia é uma forma de escrita que diz exatamente o que sente, pensa e vive quem a escreve, como se fosse uma carta cheia de emoções, lembranças e desejos que o seu autor quer expressar. Quando fazemos poesia, nós usamos muitas vezes versos e músicas para expressar o que sentimos. Analise o poema abaixo e responda: b) É um soneto? Justifique sua resposta. (0,25) Não, pois não obedece a uma estrutura fixa com versos dispostos na estrutura de 2 quartetos e 2 tercetos. c) Existes figuras de linguagem presentes no poema? Justifique sua resposta. (0,5) Sim. Metáfora, pois confere um atributo e valor comparativo ao livro, como por exemplo, “tem estrada, tem princesa”. Anáfora, à medida que vemos a palavra “tem, quanto” se repetindo no início dos versos. d) Existe rima? Caso positivo, dê um exemplo. (0,25) Sim, rima externa como no caso do “quanto mito...quanto dito”. e) Por último, pesquise no Portal do Professor do MEC ou na Revista Nova Escola um plano de aula que trabalhe a obra de Ricardo Azevedo e analise-o, destacando os pontos fortes. (2,0) 7 Plano analisado: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19517 Segmento: Ensino Fundamental Inicial - 1º segmento Análise: o plano analisado merece destaque no que concerne seu caráter lúdico, interação social, escuta interessada dos alunos e seus conhecimentos, criatividade na apresentação da obra “ Material Escolar”, de Ricardo Azevedo, além da valorização das condições sociais e históricas dos alunos. O plano lança a poesia de forma lúdica e bem próxima do universo do estudante, possibilitando um nova olhar sobre o material escolar que o acompanha e sobre formas textuais que podem ser utilizadas para expressar pensamentos, vivências e emoções. Não se ateve aos aspectos performáticos da língua, nem conceitos teóricos, ou detalhes sobre métrica e tipologias de rimas etc, mas proporcionou experiência sensorial, aplicando leveza na abordagem utilizada e uma ambiente de apropriação de conteúdos com base numa realidade de qualquer estudante, desvelando uma realidade conhecidae promovendo um novo sentido para os mesmos fenômenos observados cotidianamente. Dentro do livro1 tem partida tem viagem tem estrada tem caminho tem procura tem destino lá dentro do livro tem princesa tem herói tem fada tem feiticeira tem gigante tem bandido lá dentro do livro quanto mito quanta lenda quanta saga quanto dito quanto caso quanto conto lá dentro do livro (...) tem desejo tem vontade tem projeto tem trabalho tem fracasso tem sucesso lá dentro do livro quanta gente quanto sonho quanta história quanto invento quanta arte quanta vida há dentro de um livro! 4ª Questão: (valor: 1,0) A partir da leitura desta versão de “O gigante egoísta”, publicada no livro Meu primeiro livro de contos de fadas, de Mary Hoffman (Companhia das Letrinhas, 2014): a) Construa um enunciado de uma atividade/proposta didática voltada para formação do leitor nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Escolha um livro que você goste muito, traga para a próxima aula. Na aula: Vamos nos sentar em uma grande roda e cada um de vocês poderá falar um pouco sobre o livro que escolheu, contando para nós o motivo de ser tão especial. Nos conte essa história! b) De acordo com o que você estudou nas aulas de nossa disciplina, justifique porque a atividade é relevante. Qual foi o objetivo? Quais procedimentos adotados no trabalho com este conto de fadas? O prazer pela leitura é o que formará o leitor. Esse é o principal objetivo do educador, desenvolver o gosto pela leitura, para que nasça um leitor. Sendo assim, meu objetivo com a atividade proposta foi o de proporcionar troca de experiências entre as crianças que poderão 1 Azevedo, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São Paulo: Ática, 1999. 8 falar sobre seus livro e histórias preferidos e ouvir seus colegas fazendo o mesmo. Quando falamos de algo que gostamos, demonstramos interesse e o desejo de que o outro goste disso tanto quanto nós gostamos. Essa pode ser uma experiência enriquecedora e capaz de aguçar o desejo pela leitura de textos diferentes, com base nas experiências vividas pelos colegas. .
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