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1 CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ARTHUR GOMES DE MEDEIROS ELTON ANTONIO FIRMINO GUILHERME SILVA RODRIGUES KAIQUE INÁCIO DA SILVA PAREDE DIAFRAGMA MOLDADA EM CANTEIRO DE OBRA – ANÁLISE, EXECUÇÃO, CARACTERÍSTICAS E CONCLUSÃO. GUARULHOS 2020 2 ARTHUR GOMES DE MEDEIROS ELTON ANTONIO FIRMINO GUILHERME SILVA RODRIGUES KAIQUE INÁCIO DA SILVA PAREDE DIAFRAGMA MOLDADA EM CANTEIRO DE OBRA – ANÁLISE, EXECUÇÃO, CARACTERÍSTICAS E CONCLUSÃO. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia civil da Universidade de Guarulhos como requisito para obtenção de grau de bacharel em Engenharia civil. Área de concentração: Construção civil Orientador (a): Prof. Ms. Bruna Catarino Xavier GUARULHOS 2020 3 FOLHA DE APROVAÇÂO 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradecemos a DEUS. Sem ele, jamais teríamos chegado até aqui. À Universidade, instituição que nos oportunizou este grande passo para o desenvolvimento de nossas carreiras. Aos professores, que ao longo do curso compartilharam seus conhecimentos e agregaram ao desenvolvimento de cada aluno. A Prof. Ms. Bruna Catarino Xavier, pela orientação e colaboração nos momentos de desenvolvimento deste instrumento. Aos familiares, que sempre nos apoiaram em busca do objetivo de cada integrante. A todos que de forma direta ou indireta colaboraram para o andamento e realização deste estudo. 5 RESUMO A inevitabilidade de escavação de subsolos hoje em dia tornou-se progressivamente usual, devido ao crescimento urbano em perímetros e áreas cada vez menores e já determinadas, exigindo da engenharia escavações cada vez mais profundas em edificações, para soluções de patologias causadas pelo solo, como por exemplo, o deslizamento. O método de contenção mais frequente no cenário atual é o uso de paredes diafragma, por se tratar de uma solução rápida, econômica e segura. A técnica possibilita a escavação de solo especialmente em perímetros urbanos, executando uma parede de concreto armado a partir da superfície do terreno, ao longo do perímetro da obra. A contenção por si só tem importância fundamental para a estruturação da obra, combatendo o recalque (variação do solo) que é um grande vilão para estruturas. O presente trabalho tem como objetivo apresentar o método construtivo de paredes diafragma, elencar as etapas e os componentes envolvidos em obra, analisar a execução indicando a melhor forma para realização, de modo que atinja a resistência dos esforços solicitantes vindos do solo. Observou-se que é um método eficaz, que necessita de acompanhamento técnico devido diversas etapas a serem realizadas em um curto espaço de tempo. Do contrário, as ocorrências podem impactar negativamente o andamento da obra em termos de custo, prazo e qualidade. Palavras-chave: Parede diafragma, Escavações, Contenção, Solo, Esforços solicitantes. 6 ABSTRACT The inevitability of underground excavation nowadays has become progressively usual, due to urban growth in ever smaller and already determined areas and perimeters, requiring from engineering ever deeper excavations in buildings, for solutions of pathologies caused by soil, such as for example, the slip. The most frequent containment method in the current scenario is the use of diaphragm walls, as it is a quick, economical and safe solution. The technique makes it possible to excavate soil especially in urban perimeters, executing a reinforced concrete wall from the surface of the land, along the perimeter of the work. Containment alone is of fundamental importance for structuring the work, combating repression (soil variation), which is a major villain for structures. The present work aims to present the constructive method of diaphragm walls, list the stages and components involved in the work, analyze the execution indicating the best way to carry it out, so that it reaches the resistance of the soliciting efforts coming from the ground. It was observed that it is an effective method, which requires technical monitoring due to several steps to be performed in a short time. Otherwise, the occurrences can negatively impact the progress of the work in terms of cost, time and quality. Keywords: Diaphragm wall, Excavations, Containment, Soil, Requesting efforts. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Parede diafragma em perímetro urbano....................................................19 Figura 2 - Partes da máquina PC...............................................................................26 Figura 3 - Guindastes principal e auxiliar para escavação e inserção de armadura....................................................................................................................27 Figura 4 - Clamshell acoplado a um guindaste de esteiras.......................................30 Figura 5 - Diafragmadora, clamshell e guindaste principal........................................30 Figura 6 - Ilustração de uma diafragmadora passo a passo em execução................31 Figura 7 - Fabricação do fluido estabilizante através da adição de polímeros em pó a água............................................................................................................................33 Figura 8 - Fabricação de fluido estabilizante através da adição de emulsão de polímeros a água........................................................................................................33 Figura 9 - Bomba de sucção utilizada em obra..........................................................35 Figura 10 - Sistema de reservatório vertical...............................................................36 Figura 11 - Encaixe de chapa metálica......................................................................37 Figura 12 - Tubo tremonha em obra...........................................................................38 Figura 13 - Ilustração de sequência de escavação....................................................39 Figura 14 - Exemplo de armadura com rolete............................................................40 Figura 15 - Demarcação para área para elaboração de mureta guia........................42 Figura 16 – Montagem de mureta guia......................................................................43 Figura 17 – Escavação com máquina Clamshell.......................................................44 Figura 18 – Arremesso de fluido................................................................................45 Figura 19 – Montagem chapas espelho.....................................................................49 Figura 20 – Montagem armadura...............................................................................50 Figura 21 – Montagem tubo tremonha e funil.............................................................51 Figura 22 – Ato para inserção de armadura da parede.............................................52 Figura 23 – Armação de parede com roletes.............................................................53 Figura 24 – Concretagem, descarga de betoneira funil ligado ao tubo tremonha.....54 8 Figura 25 – Sistema de recirculação de lama bentonítica para reutilização..............55 Figura 26 – Lançamento de concreto diretamente no funil e bomba posicionada.....56 Figura 27 – Arranque de parede diafragma...............................................................57 Figura 28 – Armação de viga de coroamento unificando com arranque da parede..58 Figura 29 – Conclusão de viga de coroamento..........................................................58 Figura 30 – Atuação do empuxo na estruturade contenção.....................................60 Figura 31 – Paredes com marcas de desalinhamento...............................................65 Figura 32 – Após escavação, evidenciado falhas de concretagem com ferragem exposta.......................................................................................................................67 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Atividades e adequações para tipo do solo.............................................22 Tabela 2 - Especificação de bentonita......................................................................46 Tabela 3 - Parâmetros para lama bentonítica...........................................................47 Tabela 4 - Propriedades recomendadas para lama bentonítica................................62 Tabela 5 - Propriedades recomendadas para o polímero sintético...........................63 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS cm – Centímetros. ELS – Estado Limite de Serviço. Fck – Resistência característica à compressão do concreto. m – Metro. MPa – Mega Pascal. NBR – Norma Brasileira 11 SUMÁRIO Página 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................13 1.1 Contextualização ....................................................................................................... 13 2. DIRETRIZES DO TRABALHO ..................................................................................... 14 2.1 Objetivos gerais ......................................................................................................... 14 2.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 14 2.3 Justificativa ................................................................................................................ 15 2.4 Delimitações do problema ........................................................................................ 15 3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17 3.1 Parede diafragma ....................................................................................................... 15 3.2 Classificação do solo ................................................................................................ 20 4. MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................... 24 4.1 Metodologia ............................................................................................................... 24 4.2 Materiais e equipamentos ........................................................................................ 25 4.2.1 Máquina PC .............................................................................................................. 25 4.2.2 Guindaste ................................................................................................................. 27 4.2.3 Diafragmadora .......................................................................................................... 29 4.2.4 Fluido ........................................................................................................................ 32 4.2.5 Bomba de sucção ..................................................................................................... 35 4.2.6 Reservatórios ............................................................................................................ 35 4.2.7 Chapa espelho, tubos e funil ..................................................................................... 37 4.2.8 Armadura e roletes.................................................................................................... 39 4.2.9 Concreto armado ...................................................................................................... 40 5. FASES E EXECUÇÂO. .............................................................................................. 42 5.1 Locação de obra e execução de mureta guia .......................................................... 42 5.2 Escavação de parede ................................................................................................. 44 5.3 Fluido estabilizante .................................................................................................... 45 5.4 Chapa espelho e tubos .............................................................................................. 48 5.5 Armação ..................................................................................................................... 51 5.6 Concretagem .............................................................................................................. 53 5.7 Viga de coroamento................................................................................................... 57 12 5.8 Esforços solicitantes ................................................................................................ 59 5.8.1 Empuxos da terra ...................................................................................................... 59 6. INTERFERÊNCIAS...................................................................................................... 61 6.1 Classificação do solo ................................................................................................ 61 6.2 Eficácia do fluido ....................................................................................................... 62 6.3 Desbarrancamento de solo ....................................................................................... 63 7. OCORRÊNCIAS .......................................................................................................... 64 7.1 Acabamento das paredes.......................................................................................... 64 7.2 Falhas de concretagem ............................................................................................. 65 8. RESULTADOS ............................................................................................................. 67 9. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 69 9.1 Vantagens .................................................................................................................. 69 9.2 Desvantagens ............................................................................................................ 70 10. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 71 11. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 73 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 74 13 1. INTRODUÇÃO A pesquisa tem por objetivo compreender a execução de um dos sistemas de contenção de obras, mais utilizados na construção civil. Em um país com a grande diversidade de solos a parede diafragma pode ser a melhor escolha para conter a terra visto que a mesma pode ser construída em uma ampla variedade de tipos de solo, com baixo impacto ambiental e sem apresentar muito ruído no ato da execução. (NEVES, 2020) As primeiras aplicações práticas deste método, primeiramente com funções de impermeabilização e, mais tarde, como obras de contenção, ocorreram na Europa durante a década de 50, com posterior implantação da técnica nos Estados Unidos na década de 60. No Brasil, a primeira parede diafragma foiconstruída no ano de 1969. Como consequência do grande crescimento de construções verticais este método ainda é muito utilizado e serve de solução de contenção em perímetros urbanos. A contenção para obras de qualquer porte se faz necessário a fim de evitar quaisquer tipos de deslizamentos de terra, patologias estruturais, erosão do solo e sempre visando à entrega de um empreendimento seguro para ao cliente final. Tendo este quadro exposto, pretendemos com este projeto elencar todo o procedimento de forma correta, passo a passo, identificar possíveis falhas de processos e de um modo geral, sanar dúvidas quanto à execução, funcionalidade e importância de executar da melhor forma possível. 1.1 Contextualização Com o crescimento em grande escala de construções verticais grandes centros urbanos tem a necessidade de um aumento no espaço como, por exemplo: lojas e estacionamentos que tem em seus projetos subsolos, estes que, exigem 14 escavações cada vez mais profundas em áreas intensamente edificadas. Este cenário propicia, cada vez mais, o desenvolvimento e aprimoramento da técnica. Esta técnica vem sendo cada vez mais utilizada por ser uma solução que apresenta segurança, economia e rapidez, quando comparada a outros sistemas de contenção. (HACHICH et al, 1998) 2. DIRETRIZES DO TRABALHO 2.1 Objetivos gerais Tendo em vista o que já foi exposto, pretendemos estruturar neste projeto as etapas de execução da parede diafragma moldada in loco, com o intuito de explicar fase a fase através de acompanhamento de execução, a concepção do mesmo a fim de evitar possíveis retrabalhos vindos de falhas de execução. Partindo deste ponto o projeto elencará desde a execução da mureta guia até a retirada da chapa espelho, que permite o acabamento da concretagem em um lado da parede. Coletar análises referentes a variações de solo, equipamentos e materiais necessários, condições climáticas que podem influenciar na execução da atividade, concretagem, terminalidade e limpeza. 2.2 Objetivos específicos - Compreender, por meio das pesquisas deste projeto tamanha importância deste tipo de contenção de obras; - Ir a campo, na obra onde um dos integrantes trabalha e vivenciar na prática a execução deste serviço; - Expor as dificuldades impostas por variações de solo, esforços solicitantes, condições climáticas, entre outros; 15 - Caracterizar os problemas encontrados para a execução deste serviço; - Elencar as etapas, para identificar possíveis erros de execução a fim de evita-los; 2.3 Justificativa A justificativa para a realização deste trabalho é de reunir os conceitos que envolvem a execução desta atividade muito comum para sistema de contenção em obras. Com o apoio das referências bibliográficas e experiência adquirida in loco, expor quais são as fases desse tipo de projeto visando esclarecer as etapas, passo a passo. 2.4 Delimitações do problema Para o desenvolvimento desse projeto, escolhemos analisar a execução do sistema de contenção parede diafragma moldada in loco, tendo como pontos chave de pesquisa, interpretar as dificuldades encontras por todo o processo, desde as variações do solo, as falhas de execução, as precauções e visando sempre a segurança de todos. Realizar um empreendimento sempre requer um grande estudo da obra, logística, acesso, canteiro..., porém não se restringi apenas a análise da edificação em questão, é necessário analisar ao redor. Construir em um bairro já ocupado territorialmente necessita de uma análise das construções ao redor e isso impacta diretamente na solução de contenção de solo a ser escolhida através dos projetistas de fundações. O solo é um elemento essencialmente crítico para o sucesso de um projeto segundo (BRITO, 2017). 16 Não há um tipo de solo que seja único, sempre haverá variações. Justamente por este motivo é aconselhado um estudo detalhado do solo em questão antes de começar um empreendimento no local para evitar problemas futuros. Para (PFENG, 2016), o resultado obtido por sondagem, é matéria fundamental para início das projeções, nele são evidenciados quais os cuidados que devem ser tomados para a execução da obra. Além do estudo do solo e os arredores, o início da fase de fundação deve ser muito bem escolhido, executar a fundação da obra em época de chuvas torrenciais, pode atrasar o cronograma de todo o projeto, além do mais importante, colocar a vida de colabores em risco. A parede diafragma é um conjunto de elementos para a contenção de solo que é formado por um muro vertical de profundidades e espessuras variáveis, com o proposito de reter cargas axiais, empuxos horizontais e momentos fletores, a mesma pode ser feita em concreto simples, armado e pré-moldado. O método consiste na realização de muros escavados em forma de “trincheiras” abertas na superfície que serão preenchidas com armações e concreto, dando origem a uma parede de contenção. A parede diafragma tem o intuito de cumprir a função estática do solo, assim evitando os empuxos e que atende a função de interceptação hidráulica, é principalmente indicado em obras que há necessidade de escavação em grandes centros urbanos que ultrapassam o nível do lençol freático. Seu método é cada vez mais utilizado por ser uma solução que apresenta segurança, economia e rapidez, quando comparada a outros sistemas de contenção. Deste modo, a execução desse serviço necessita de atenção não apenas no ato de sua realização, e sim toda uma pesquisa elaborada anteriormente para adequação à obra. 17 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Parede diafragma Parede diafragma compõe-se na maioria das vezes em obras executadas em perímetro urbano (Figura 1), onde, na execução de subsolos é realizado um muro vertical sendo capaz de absorver cargas axiais, empuxos horizontais e momentos fletores, apresentando-se com profundidades e espessuras variáveis. Geralmente são executadas com espessuras variando entre 30 a 120 cm, podendo ser utilizadas em contenções de pequena ou grande altura, na presença, ou não, do lençol freático, (BRASFOND, 2020). Existem diferentes tipos de parede diafragma: Parede Diafragma Moldada in loco; Parede Diafragma Pré-moldada; o Parede parcialmente pré-moldada; o Parede totalmente pré-moldada; Parede Diafragma Plástica. Parede Diafragma Mista. O tipo mais utilizado atualmente é a parede diafragma moldada in loco. Consiste em trincheiras abertas no terreno preenchidas com concreto, simples ou armado, ou argamassa plástica, mantidas estáveis através do uso de lama bentonítica ou outro material com função similar. 18 A parede diafragma pré-moldada consiste em painéis pré-moldados de concreto armado ou protendido que podem ser preparados no canteiro ou em usina. A escavação desse tipo de parede diafragma, assim como no processo de escavação de paredes diafragma moldadas in loco, ocorre com o uso da lama bentonítica. A diferença é que, antes da colocação dos painéis pré-moldados, a lama bentonítica existente nas lamelas escavadas é substituída por “coulis”, uma mistura de cimento, bentonita e água em proporções adequadas. O “coulis” deve ser lançado de forma a substituir a lama bentonítica, sem com ela se misturar. Para isso, a lama bentonítica deve estar limpa, leve e com viscosidade baixa. Após a colocação das placas, o “coulis” preencherá o espaço entre as juntas, impedindo a passagem de água, garantindo, desta forma, a estanqueidade das mesmas. (ANSON, 2020). A opção de uso de painéis pré-moldados propicia redução das perdas de concreto, reduzindo os custos com o material e com a remoção dos bolsões de concreto que sobram na superfície do terreno (FUNDESP, 2013) além da obtenção de paredes diafragma mais resistentes estruturalmente, já que normalmentese utiliza concreto com FCK superior a 25 MPa. (HACHICH et al, 1998), citam como vantagens a obtenção de paredes diafragma com um melhor acabamento e aparência, já que este tipo não necessita de aparelhamento do topo dos painéis e da retirada das protuberâncias na superfície, e obtenção de paredes menos espessas que as moldadas no terreno, para uma mesma solicitação, devido à maior precisão do posicionamento da armadura e melhor qualidade do concreto. Existem dois tipos de parede diafragma pré-moldada: parcialmente e totalmente pré-moldada. As parcialmente pré-moldadas tem como objetivo limitar o comprimento e, portanto, o peso dos painéis, no qual se concreta in loco uma pequena parte inferior do painel. Assim, é recomendável que os painéis sejam vazados permitindo que a concretagem desse pequeno trecho ocorra por dentro da placa. Nas totalmente pré-moldadas não há nenhuma concretagem in loco, apenas seu engastamento dentro do “coulis”. (FUNDESP, 2013) 19 Existem limitações no uso de paredes diafragma pré-moldadas quanto ao comprimento das placas. Assim, quando a altura de escavação for muito grande, pôde-se optar pelo uso de paredes diafragma misto, nas quais o trecho inferior é moldado in loco e o trecho superior é pré-moldado. Este tipo se diferencia do modelo parcialmente pré-moldado na altura do trecho moldado in loco, que são maiores nas paredes diafragma mistas. A execução deste tipo pode ser a seguinte: escavação com lama bentonítica, introdução da placa pré-moldada, substituição da lama bentonítica pelo “coulis” injetado de baixo para cima e lançamento da argamassa ou concreto também de baixo para cima. (HACHICH et al, 1998) Outro tipo existente é a parede diafragma plástica. Consiste em uma barreira vertical de “coulis”, em proporções que variam em função da permeabilidade desejada, que não tem função estrutural, apenas de reduzir a percolação horizontal da água. (BRASFOND, 2020) Figura 1 - Parede diafragma em perímetro urbano. Fonte: GEOFIX (2020) 20 3.2 Classificação do solo O solo tem concentrações diferentes de materiais orgânicos, rochas e entre outros elementos que afetam a sua tonalidade. Para as tonalidades permanecem as seguintes classificações: Avermelhados e amarelos: Esse tipo de solo apresenta grande quantidade de óxido de ferro. Exemplo, chamada “Terra Roxa” muito comum nas regiões sudeste e centro-oeste do Brasil; Claros: Esse tipo de solo indica pouca quantidade ou ausência de materiais orgânicos. Um exemplo simples é a areia, que é composta por partículas de rochas degradadas; Escuros: Os solos escuros indicam a forte presença de materiais orgânicos. Um exemplo é a “Terra Preta”, que contém muito húmus. Trata-se de uma matéria orgânica composta pela decomposição de animais e plantas mortas. Por esse motivo, ele é considerado muito fértil, ideal para o plantio de diversas espécies de vegetais; Além das tonalidades o solo se divide em classificações que se referem a sua granulometria, abaixo as classificações mais encontradas no ramo de construção civil no país: Solo Argiloso; Solo siltoso; Solo Arenoso; 21 a) O solo argiloso diante de todos os tipos de solo esse é o predominante no Brasil segundo Embrapa (1997). Ele de fato se torna muito importante para economia, pois é uma das matérias primas utilizadas nas fabricações de diversos materiais usados na construção civil tais como: azulejos, telhas, pisos cerâmicos e tijolos. O solo argiloso é o mais fino entre os tipos de solo, pois a argila é uma substância com partículas muito pequenas. As mesmas tem um fácil ligamento entre si, em um processo denominado ligação molecular. É por isso que a argila é um material resistente, utilizado desde para fabricação de esculturas e outros objetos. Devido a essa característica, os terrenos com esse tipo de solo são os mais seguros para a construção civil. b) O solo siltoso seria basicamente o meio termo entre o argiloso e arenoso. O Silte também é um solo com partículas pequenas, porém não possui uma ligação molecular forte como a argila. Por causa disso ele não é muito interessante na construção. Quando ele está presente no local onde será executada a obra é de suma importância contar com um geólogo na equipe para identificar as possibilidades do terreno. O solo siltoso é dificilmente encontrado puro, geralmente ele é encontrado misturado com outros tipos de solo, argiloso ou arenoso. c) O solo arenoso não apresenta ligação molecular, isso pode ser notado quando pegamos um pouco de areia na mão e ela corre entre os dedos com muita facilidade. Para uma estabilização desse tipo de solo é necessário o uso de outras substâncias. Devido a essas características apresentadas o solo arenoso é o mais permeável. O solo arenoso precisa de fundações mais profundas como estacas, geralmente de aço ou concreto armado, para garantir a segurança da edificação. No Brasil temos tipos de solos que possuem suas características próprias devidas sua geologia diversificada e singulares feições climáticas. Tudo isso contribui para que ocorram diversos tipos de solos, como por exemplo: “Terra Roxa”: Regiões com maior presença, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. “Massapé”: Regiões com maior presença, Nordeste. 22 “Salmorão”: Regiões com maior presença, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. “Aluviais”: distribuído por diversos pontos do país. Um ponto importante para se ressaltar, é que os solos dificilmente são completamente compostos por um tipo de material, na maioria dos casos existe uma variação, essa que decreta a mistura entre as matérias, que nesse caso é devido a rocha de sua originalidade. Isso demonstra a grande importância de um estudo detalhado por uma empresa qualificada para definição do projeto de fundação a ser seguido, a fim de impossibilitar quaisquer problemas futuros com o empreendimento a ser realizado no local. Abaixo, tabela com critérios de adequação para comparação entre os tipos de solo: Tabela 1 - Atividades e adequações para tipo do solo. Uso Solo arenoso Solo siltoso Solo argiloso Fundação direta É adequado, mas necessita atenção aos recalques devida rebaixamento do lençol freático. Durante a execução, é difícil manter a estabilidade das paredes laterais. Similar ao solo arenoso, porém é menos sensível ao lençol freático e também é mais fácil de escavar. É usual e recomendável, mas também ocorrem problemas de recalque em função do lençol freático. Durante a escavação, é fácil de manter a estabilidade das paredes laterais. Fundação em estaca Difícil de cravar frente ao atrito lateral. Em terrenos É usual, por ser possível tirar partido tanto do atrito lateral Usual, mas a estaca geralmente precisa atingir 23 molhados, é preciso fazer cravação a ar comprimido. quanto da resistência de ponta para absorver a carga. profundidades maiores para aumentar capacidade de carga. Cortes e taludes sem proteção Não recomendável, pois o talude fica instável. Possível, mas é preciso levar em consideração a coesão e o ângulo de atrito para dimensionar o talude. A altura do corte é menor em comparação as argilas. Possível devido à grande coesão e estabilidade. Esforços em escoramento Esforços são maiores, levando a necessidade de escoramento contínuo. Comportamento idêntico ao solo arenoso. Esforços são menores, o escoramento pode ser bem espaçado e não continuo. Recalques frente ás cargas Recalques em solo arenoso são imediatos à aplicação das cargas, mas podem ocorrer posteriormente devido à mudança do lençol freático. Intermediário entre areia e argila. Recalques extremamentelentos podem levar décadas para ocorrer às estabilizações. Adensamento e Adensamento Há adensamento Há adensamento 24 compactação ocorre apenas se houver perda de água. A compactação se faz com vibração. se houver perda de água. Compactação é feita com percussão ou com rolos (pé de carneiro). se houver perda de água. Compactação é feita com percussão e com rolos. Drenabilidade Ocorre facilmente, mas precisa cuidado com a instabilidade das paredes e do fundo das valas. Aceita água passante, mas necessita verificação cuidadosa da coesão e ângulo de atrito. Alta impermeabilidade dificulta a drenagem. Material de barramento Não recomendado por ser permeável e sem coesão. Os taludes são instáveis e haveria fluxo intenso de água pela barragem. Utilizável desde que com maior coeficiente de segurança. Tem pouca coesão e os taludes ficam mais abatidos (ângulo menor). Recomendável pela impermeabilidade, coesão e ângulo de atrito favorável à estabilidade. Fonte: Fórum da construção-Arquiteto Iberê M. Campos – acesso em 30 set. 2020 25 4. MATERIAL E MÉTODO 4.1 Metodologia Buscando apresentar um cenário autentico este trabalho foi fundamentado através de vivencia em canteiro de obras e a utilização de estudos bibliográficos referentes ao tema publicados nos últimos 25 anos, através de dissertações, artigos, monografias, teses e livros, tendo como objetivo apresentar as vantagens, desvantagens, características, execução e analise do sistema de construção da parede diafragma. 4.2 Materiais e equipamentos Os materiais e equipamentos utilizados para construção de uma parede diafragma têm de passar por inspeções de qualidade, pois, quando se trata de uma construção de alto custo, não deve se abrir mão de materiais de qualidade e uma mão de obra qualificada e especializada. Por conseguinte, garante a segurança da estrutura e a prevenção de aparições patológicas. 4.2.1 Máquina PC Como é denominado genericamente qualquer tipo de retroescavadeira. A construção civil e suas vertentes da engenharia utilizam muitos tipos de maquinários para suprir a grande demanda do mercado, com a grande quantidade de obras em andamento as construtoras necessitam de máquinas de grande porte como exemplo: a escavadeira hidráulica para otimizar o trabalho dos funcionários e com isso a junção de diferentes outros tipos de maquinários que auxiliam nessa tarefa. Contudo, para a utilização destas maquinas necessita-se de ter conhecimento especifico e treinamento. 26 A retroescavadeira serve para escavar e retirar a terra de aterros sanitários, construções ou grandes áreas de mineração. A força da escavadeira vem do seu sistema hidráulico localizado dentro do seu interior. O óleo que está no interior do equipamento é bombeado para os diferentes pistões da máquina e outro pistão é acionado fazendo com que a força da escavadeira aumente. Está maquina pesada funciona combinando centenas de componentes, os mais relevantes são os chassis, lança, esteiras e pôr fim a caçamba, a mistura desses maquinários completa a Escavadeira Hidráulica conforme explica PME Maquinas (2020). No projeto em questão a escavadeira é utilizada para retirada de terra que está em volta da diagramadora. Também é usada para realizar a escavação do terreno, no local em que a parede de diafragma já atingiu o ponto de cura do concreto. A figura 2 abaixo ilustra uma escavadeira hidraulica com destaque para seus principais componentes. Figura 2 - Partes da máquina PC. Fonte: PME MAQUINAS (2020) 27 4.2.2 Guindastes É uma grande máquina, comumente é equipada com uma grua, cabos ou correntes e roldanas, utiliza-se tanto para elevar e baixar objetos de grande peso como para movê-los horizontalmente. É usado principalmente para levantar itens de peso elevado e movê-los para outros locais. Pode-se usar uma ou mais máquinas simples para obter vantagem mecânica e, assim, locomover cargas que vão muito além da capacidade de uma pessoa. Guindastes são geralmente utilizados na indústria da construção para a montagem de grandes equipamentos e estruturas. Conforme figura 3 abaixo, a imagem ilustra o trabalho dos guindastes para a inserção das armaduras nas trincheiras. Figura 3 - Guindastes principal e auxiliar para escavação e inserção de armadura. Fonte: AUTOR (2020). 28 O guindaste é composto conforme explica PORTO (2020) pelos seguintes itens: a) Alavanca: um guindaste contém uma viga horizontal que gira em torno de um ponto chamado de ponto de apoio. O princípio da alavanca permite uma carga pesada ligada à extremidade mais curta do feixe a ser levantada por uma força menor aplicada na direção oposta à da extremidade mais longa da viga. A razão entre o peso da carga do que a força aplicada é igual à razão entre os comprimentos do braço maior e o braço mais curto, e é chamado de vantagem mecânica. b) Polia: um guindaste de lança contém um suporte inclinado, que suporta um bloco de polia fixa. Os cabos são enrolados diversas vezes em volta do bloco fixo e redondo, e outro bloco é anexado à carga. Quando a extremidade livre do cabo é puxada manualmente ou por uma máquina de enrolamento, o sistema de roldanas proporciona uma força para a carga, que é igual à força aplicada, multiplicada pelo número de comprimentos de cabos que passam entre os dois blocos. Este balanço é a vantagem mecânica. c) Cilindro hidráulico: este pode ser utilizado diretamente para levantar a carga ou indiretamente para mover o braço ou viga que transporta outro dispositivo de elevação. Guinchos, como todas as máquinas obedecerem ao princípio da conservação da energia. Isto significa que a energia fornecida para a carga não pode exceder a energia aplicada na máquina. Por exemplo, se um sistema de roldanas multiplica a força aplicada por dez, então a carga se move apenas um décimo, tanto quanto a força aplicada. Uma vez que a energia é proporcional à força multiplicada pela distância, a energia de saída é mantida aproximadamente igual à energia de entrada. O guindaste é extremamente importante para este tipo de técnica de contenção ele é responsável e utilizado na colocação de armaduras dentro do painel escavado e na movimentação de equipamentos (tubos tremonha, funil, chapa espelho, bombas etc.) dentro do canteiro. (QUARESMA, 1998) 29 4.2.3 Diagramadora Conjunto composto por clamshell e guindaste mecânico ou hidráulico. Utiliza- se a diagramadora na escavação dos painéis a mesma precisa estar sempre bem balanceada e alinhada, assim garante a qualidade da parede, que advir das condições do clamshell e do guindaste. O clamshell é içado pelo guindaste através de um cabo de aço, onde sua extremidade terá um distorcedor, que impedirá a torção da peça pelo cabo de aço. Os clamshells cortam o solo como um todo e transportam este volume coletado todo para fora da escavação, sendo, sem dúvidas um dos melhores equipamentos que atendem os serviços exigidos na execução da parede diafragma. Por escavarem o solo como um todo, os clamshells praticamente não contaminam a lama bentonítica, além de possibilitar o controle da velocidade de escavação dos painéis, através do controle da velocidade de suas consecutivas descidas e subida permitindo a correta formação do chamado cake. Os clamshells possuem um baixo custo de operação, o mesmo pode estar acoplado a guindastes de esteiras conforme (Figura 4), ou até mesmo equipamentos desenvolvidos especialmente para operá-los (Figura 5). Entretanto, o acionamento do fechamento de suas conchas pode ser mecânico, através de roldanas, ou hidraulicamente, quando o solo for muito duro. (NAKAMURA, 2012)30 Figura 4 - Clamshell acoplado a um guindaste de esteiras. Fonte: GEOFIX (2020) Figura 5 - Diafragmadora, clamshell e guindaste principal. Fonte: NARESI (2016) 31 A escavação é conduzida e em paralelo a cava da parede deve ser preenchida por um material que pode ser a lama bentonítica ou lama polimérica, afim de que a reação química desse material contribua para que não ocorra desbarrancamento de solo e entraves na continuidade da escavação. Com a escavação executada, o empreiteiro solicita que seja liberado o concreto usinado para finalizar a parede. A imagem abaixo (Figura 6) ilustra o passo a passo dessa execução: Figura 6 - Ilustração de uma diafragmadora passo a passo em execução. Fonte: GEOFIX (2020) 32 4.2.4 Fluido Após a execução das muretas guia, procede-se com a escavação da vala da parede diafragma. Mas, para isso, faz-se necessário utilizar um fluido que melhore as condições de estabilidade do solo, evitando, desta forma, desmoronamentos durante a etapa de escavação. Os materiais utilizados para isto são a lama bentonítica ou polímeros adicionados em agua. A lama bentonítica é uma mistura de bentonita em pó com agua pura obtida em misturadores de alta turbulência numa concentração variável em função da viscosidade e da densidade que se pretende obter, normalmente variando da 4 a 8%. A bentonita é uma argila, encontrada em depósitos naturais, caracterizadas pelo alto poder de inchamento, podendo ser sódicas ou cálcicas dependendo do cátion permutável que possuam. Somente as bentonita sódicas podem ser usadas na preparação da lama bentonítica, já que as bentonita cálcicas produzem lamas pouco estáveis. (ANSON, 2020) e (ABNT NBR 6122/96). Com a crescente restrição ao uso de bentonita, por esta ser um produto natural, os polímeros vêm ganhando destaque com fluido estabilizante em escavação, como no caso das paredes diafragma. Normalmente, este fluido é formado pela mistura de dois componentes poliméricos, um solido, em pó (Figura 7), e um liquido, emulsão (Figura 8), em agua pura. (FORTUNA, 2020). Essa mistura geralmente se dá in loco, sendo preparada em misturadores de alta turbulência abastecidos por agua, nos quais manualmente são adicionados os componentes poliméricos. O uso de polímeros frente ao uso da lama bentonítica traz algumas vantagens, sendo destaque o fato do produto ser biodegradável, facilitando a disposição dos materiais resultantes da escavação. 33 Figura 7 - Fabricação do fluido estabilizante através da adição de polímeros em pó a água. Fonte: PEREIRA (2012) Figura 8 - Fabricação de fluido estabilizante através da adição de emulsão de polímeros a água. Fonte: PEREIRA (2012) 34 O efeito estabilizante da lama bentonítica é decorrente da estrutura formada pelas partículas de bentonita quando em contato com agua. Nesta condição, as partículas com formato lamelar, se hidratam e se expandem, formando uma suspensão coloidal que, no estado de máxima expansão, movem-se livremente e, devido as suas cargas elétricas, formam uma estrutura tipo “castelo de cartas”. Quando estas partículas são agitadas, esta estrutura é rompida e as partículas se dispersam. (ANSON, 2020) De acordo com a ABNT NBR 6122/96 e ANSON (2020), a lama bentonítica possui três características importantes que possibilitam seu uso como material estabilizante: Não decantação das partículas de bentonita mesmo por um grande período de tempo; Formação rápida de uma película impermeabilizante, chamada de “cake”, sobre uma superfície porosa, na qual as partículas de bentonita vão colmatando os vazios do solo rapidamente; Comportamento tixotrópico: capacidade reversível de se tornar liquida quando agitada ou bombeada, em que suas partículas estão livres, e de formar um gel quando um repouso, em que as partículas estão livres, e de formar um gel quando um repouso, em que as partículas estão com a estrutura em formado de “castelo de cartas”. A resistência do gel, somada ao fato da lama bentonítica possuir densidade maior que a agua, mantem “cake” aderindo a paredes e impedindo sua remoção pela escavação. 35 4.2.5 Bomba de sucção As bombas de lama são mecanismos de deslocamento positivo. Estes equipamentos são compostos por um conjunto de cilindros, pistões e válvulas conforme ilustra a figura 9, seu trabalho consiste em um momento onde o fluido é sugado e preenche o cilindro, na sequência o pistão é acionado e pressuriza o fluido em direção ao orifício de saída. As bombas de lama contemporâneas, em grande parte são as da categoria triplex, isto é, contém três cilindros trabalhando em paralelo. Já existem no mercado modelos de bombas com mais de três cilindros trabalhando em paralelo, estes novos equipamentos diminuem o ruído na lama e são benéficos às operações. Figura 9 - Bomba de sucção utilizada em obra. Fonte: GEOSONDA (2020) 4.2.6 Reservatórios Os reservatórios também conhecidos como central da lama também utilizado para tratamento da lama bentonítica que somente é uma mistura de água e argila 36 bentonítica, é utilizado um local para estocagem da lama constituída, chamados de reservatórios verticais, misturador de alta turbulência, bombas de alta vazão do tipo submersa ou não apropriadas para bombeamento de lamas densas e com alta porcentagem de areia. A figura 10 abaixo apresenta o sistema de reservatório vertical ou também conhecido como Central da lama. Figura 10 - Sistema de reservatório vertical. Fonte: GEOSONDA (2020) A proporção mais comum da mistura água/bentonita para ser utilizada na escavação é de 1000 litros de água para 50 Kg de bentonita. Essa mistura deve permanecer durante 24 horas em descanso viabilizando uma maior hidratação das partículas da bentonita para posterior utilização. A lama bentonítica é feita em uma instalação especial denominada central de lama, lá ocorre à mistura da bentonita (trazida em pó, com uma variação de concentração que vai de 25 a 70 kg de bentonita por metro cúbico de água, em função da viscosidade e da densidade que se pretende obter). Na central existe um 37 laboratório para controle de qualidade (parâmetros exigidos pela Norma Brasileira de Projeto e Execução de Fundações NBR 6122). 4.2.7 Chapa espelho, tubos e funil. São Chapas metálicas posicionadas nas extremidades dos painéis antes de iniciar a concretagem (Figura 11) e são retiradas quando começa o “pega” do concreto. Utilizadas quando existe união entre lamelas, serve também para fazer o encaixe macho e fêmea entre as lamelas. Outro benefício da utilização da chapa é possibilitar um melhor acabamento ao concreto. Figura 11 - Encaixe de chapa metálica. Fonte: GEOFIX (2020) 38 O tubo tremonha (Figura 12) é um tubo metálico de diferentes diâmetros, o menor diâmetro é dez polegadas. Na extremidade do tubo é colocado o funil onde se despeja o concreto que irá concretar o painel. Figura 12 - Tubo tremonha em obra. Fonte: GEOFIX (2020) Após o início do processo de pega do concreto, retiram-se os tubos, que proporciona a obtenção de superfícies semicilíndricas nas extremidades do painel (RIBAS, 2020). Os painéis podem ser executados de forma continua ou alternada, conforme a figura 13 abaixo. Quando executados continuamente, necessitam de um tubo junta apenas na extremidade de ligação com o painel seguinte. Quando alternados, os painéis iniciais utilizam dois tubos juntas, um em cada extremidade, e são chamados de painéis primários. Os painéis intermediários, chamados de secundários, não necessitam de tubos junta. (RIBAS, 2020) 39 Figura 13 - Ilustração de sequência de escavação. Fonte: RIBAS (2020) 4.2.8 Armadura e roletesArmadura é a ferragem dos painéis feita em barras de aço nervurado, montadas e armadas nas dimensões do painel. As armaduras que são especificadas no inicio, durante a execução do projeto estrutural. As barras de aço são utilizadas para assegurar à resistência a tração das peças de concreto. Ressaltando que o concreto é muito resistente a compressão, mas pouco eficaz a tração. Com isso as barras de aço servem para manter a estabilidade e compensar à baixa resistência do concreto a tração, assim tornando a peça estruturalmente ideal para o andamento da obra. (UNESC, 2020) Roletes (Figura 14) são peças em geral de plástico utilizados para posicionar, centralizar e garantir a descida de armaduras e garantir o cobrimento das mesmas. Roletes são indicados para fundações, como: estacas moldadas “in loco”, tubulão, parede diafragma etc. (TORRI, 2020) 40 Figura 14 - Exemplo de armadura com rolete. Fonte: TORRI (2020) 4.2.9 Concreto armado De acordo com Malhotra e Mehta (1996), o cimento Portland é, hoje, o material mais utilizado na construção civil ao redor do mundo. Desde enormes barragens até sofisticados prédios de concreto armado ou protendido, este material encontra aplicação em uma grande variedade de estruturas, apresentando-se na maior parte dos casos, ser mais acessível economicamente, com resistência e durabilidade satisfatórias, e que, em comparação com outros materiais, não requer elevada taxa de energia em sua produção. Tem vantagem também com a baixa manutenção que o concreto exige, em comparação com outros materiais estruturais, além da sua resistência ao fogo e a carregamentos cíclicos. O concreto armado é um tipo de estrutura em que se usam armações criadas com barras de aço. Além de outras matérias como: cimento, brita e areia, utiliza-se essas ferragens por causa da baixa resistência a tração que o concreto tem. 41 Para Bastos (2019), em uma estrutura de concreto armado, o uso de aço em vigas e pilares torna-se indispensável e o dimensionamento precisa ser bem calculado seguindo as normas vigentes dos órgãos reguladores. O projeto de uma estrutura em concreto armado é realizado por engenheiros especializados em cálculo estrutural. Também conhecidos como calculistas, eles vão dimensionar a bitola do aço a ser utilizado e os elementos que compõem a estrutura, como vigas, pilares, lajes, blocos, sapatas e etc. Assim como determinar a resistência do concreto e o espaçamento entre as barras de aço. Assim como todo tipo de estrutura, o concreto armado tem suas vantagens e desvantagens. Para que um projeto seja bem-sucedido, conforme Bastos (2019) a avaliação e comparação de alguns fatores no momento da escolha do tipo de estrutura são indispensáveis para a redução de custos e adaptação técnica para cada projeto. Como vantagem, a estrutura de concreto armado em relação as outras oferece: Resistência a tração e compressão, o valor para manutenção do concreto armado é pequeno, não advém de mão de obra completamente especializada, possui resistência ao fogo, intemperes e ao longo do tempo, além de ser resistente ao desgaste mecânico como choques e vibrações. Por outro lado, temos como aspectos negativos: Deve-se respeitar o processo de cura, para não afetar sua resistência, o concreto armado utiliza-se de formas de madeira ou metálicas, aumentando o custo, geração de resíduos, concreto armado tem grande peso próprio (2.500 kg.m-3) e um maior tempo de execução. A principal norma referente ao concreto armado é a NBR 6118/2003 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Entretanto, várias outras normas são utilizadas no momento da concepção do projeto para atender as peculiaridades de cada obra. 42 5. FASES E EXECUÇÃO 5.1 Locação de obra e execução de mureta guia De acordo com Vidal (2015) a locação de obra consiste em transportar o projeto para obra. A marcação dos eixos é o ponto de partida para o início dessa atividade. A partir de equipamentos como estação total, ou similar, o topógrafo demarca os eixos de execução das paredes. O profissional devidamente qualificado fica responsável por marcar eixos da construção (Figura 15), normalmente em gabaritos, ou dependendo do caso, nos próprios tapumes/paredes da obra, que serão seguidos para execução dos próximos passos. Figura 15 - Demarcação da área para elaboração da mureta guia Fonte: GEOFIX (2020) 43 O passo seguinte é executar escavação com a máquina PC para que o colaborador consiga realizar a forma para mureta guia de forma com que garanta nível, alinhamento e prumo. A partir do topo que ficará a cota de concreto para a parede diafragma, é escavado entre 1 a 2 metros para a execução da parede guia. A mesma não tem fim estrutural, serve para guiar o equipamento clamshell, no ato da escavação e contribuir para que não ocorra desmoronamento de lama no vão. A mureta guia consiste em duas paredes em concreto armado que contorna a diafragma (Figura 16) As paredes guia seguem espessura entre 10 e 20 cm, variando de acordo cm a espessura da parede diafragma, deixando ao centro um espaçamento entre si de aproximadamente dois centímetros de folga de cada lado para a medida final da parede que fica especificada em projeto. Essa folga garante maior acessibilidade do clamshell no momento da escavação e possibilita a utilização de chapa espelho no lado acabado da parede diafragma. Figura 16 - Montagem da mureta guia Fonte: GEOFIX (2020) 44 5.2 Escavação de parede Com a realização da mureta guia, dá-se início a escavação das paredes diafragma. Com a utilização da escavadeira PC é regularizado o terreno onde ficará posicionado o guindaste, a fim de garantir o prumo do mesmo para execução da parede. No guindaste é montado o Clamshell, peça responsável por escavar a parede e retirar a terra do vão (Figura 17). As paredes são divididas em números com o comprimento variando de 2,50m a 3,00m, de acordo com o projeto e medida do equipamento utilizado. Para execução dessa atividade o projetista indica no projeto a sequência de trabalho a ser seguida, normalmente nomeando as paredes como inicial, sequencial e final, com o intuito de projetar a sequência de execução. Esse fato ocorre para que não sejam executadas paredes seguidas, algo que pode comprometer a estrutura da mesma, intercalar a execução é o melhor a se fazer. De acordo com Tecnogeo (2020) ao atingir aproximadamente 2 metros de profundidade, inicia-se o bombeamento de polímero no vão da parede com o objetivo de garantir estabilidade do solo para conclusão da escavação. Figura 17 - Escavação com a máquina clamshell. Fonte: GEOFIX (2020) 45 5.3 Fluido estabilizante Para Tecnogeo (2020) o fluido estabilizante é utilizado para combater um possível desbarrancamento de solo que aconteça no momento da escavação, deve sempre estar preenchendo o vão de escavação até o topo, a fim de ter uma área maior sob ação desse fluido (Figura 18). O mesmo pode ser utilizado de duas formas, como lama bentonítica ou polímero. Ambas entregam o mesmo resultado para execução, porém com características diferentes. Figura 18 - Arremesso do fluido. Fonte: GEOFIX (2020) A lama bentonítica é composta por água e bentonita, (silicato hidratado de alumínio), quando ocorre a mistura se comporta como fluido quando agitado, porém 46 se faz um gel quando está em repouso. Esse material necessita de um descarte em local adequado, porque o mesmo sendo lançado em um lugar inapropriado pode causar danos à fauna e flora da região devida sua composição química segundo Bonezi (2010). Já o polímero quando misturado com água garante maior viscosidade do material e ao ser lançado na atividade apresenta uma forma de gel estabilizante.A grande diferença é que o polímero que necessite ser descartado pode ser misturado com a propriedade química hidróxido de sódio que neutraliza o PH do material possibilitando o descarte no solo sem causar danos ambientais. A ABNT NBR 6122/96 estabelece parâmetros para bentonita e para a bentonítica respectivamente que devem ser respeitados a cima de que possa utilizar a lama bentônica em escavações tendo suas propriedades desejadas devidamente garantidas. Segue abaixo Tabela 2 e 3 que reproduzem estes parâmetros. Tabela 2 - Especificação de bentonita. Fonte: NBR 6122/96 – acesso 30 setembro 2020 47 Tabela 3 - Parâmetros para lama bentonítica. Fonte: NBR 6122/96 – acesso 30 setembro 2020 Quando terminada a fase de escavação, a lama que está dentro da vala escavada exibe uma elevada porção de sólidos (grãos de areia) em suspensão (25% a 30%). Na etapa de concretagem na lama tem que ter proporção máxima de areia na ordem de 3% em volume, sabendo que uma elevada taxa de areia pode causar o perigo de misturar as partículas de areia presentes na lama com o concreto. Por esse motivo deve haver a troca da lama utilizada durante a escavação. A troca da lama pode ser feita de duas maneiras, a saber: a) Com Substituição: na medida em que a lama utilizada na escavação vai sendo retirada pela parte inferior, com a utilização de bombas submersas ou por processo utilizando-se “air-lift”, a lama nova vai sendo introduzida na cava pela parte superior. b) - Com Circulação: a lama usada que vem sendo recolhida pela parte inferior é bombeada através de desarenadores onde através de processos mecânicos a areia que se encontra em suspensão é retirada da lama. A lama então já sem areia volta para a cava. Este sistema se denomina desarenação. 48 Finalizada a etapa de troca da lama realiza-se a limpeza do fundo da escavação, para garantir de que não tenha partículas de areia no fundo da escavação. 5.4 Chapa espelho e tubos As chapas juntas são chapas metálicas posicionadas nas laterais das lamelas, que tem como função fazer a amarração entre as paredes. O guindaste auxiliar é encarregado por essa etapa. São montadas verticalmente nas laterais da escavação, com a seção trapezoidal virada para dentro, formando assim uma junta fêmea, que na concretagem do painel adjacente será preenchida totalmente com concreto. Inicia-se a colocação das chapas espelho (Figura 19). Serão colocadas do lado interno da parede de diafragma, com a função de deixar um bom acabamento da parede. Ficarão apoiadas na mureta guia. O número de chapas dependerá do tamanho da lamela. 49 Figura 19 - Montagem da chapa espelho. Fonte: GEOFIX (2020) A armadura para a parede de diafragma previamente montada segue o projeto estrutural para cada tipo de lamela também especificada em projeto, (figura 20). 50 Figura 20 - Montagem armadura. Fonte: GEOFIX (2020) O tubo tremonha é colocado no meio da armadura (Figura 21), chegando até o final da lamela. 51 Figura 21 - Montagem tubo tremonha e funil. Fonte: GEOFIX (2020) O número de tremonha dependerá da largura do painel, geralmente quando for maior que 4m utilizam dois tubos tremonha. Deve ficar aproximadamente 50cm acima do nível da mureta guia, para posteriormente colocar o funil. A concretagem será através deste conjunto, tremonha e funil. 5.5 Armação As armaduras são previamente montadas conforme o projeto, levando em consideração o dimensionamento dos painéis, dos tubos ou chapas juntas, das folgas necessárias (ANSON, 2020) e cobrimentos indicados (SERKI, 2020). Deve ser rígido o suficiente para serem içadas e manuseadas por guindastes, devendo ser soldadas em alguns pontos, conter barras adicionais de travamento (ANSON, 2020) e alças de içamento na parte superior. (FRANKI, 2020) 52 A gaiola, como é conhecida às estruturas devidamente formadas pelas barras de aço, é inteiramente mergulhada no buraco cavado composto de lama bentonítica. Deve descer suavemente e, após estar corretamente posicionada, ser presa nas muretas guia, evitando seu deslocamento quando do lançamento de concreto (Figura 22). As armaduras devem estar espaçadas de forma a possibilitar a passagem de concreto e do tubo de tremonha. A distância mínima entre as barras deve ser de 7 cm, sendo recomendável a utilização de 10 cm. (ANSON, 2020) Figura 22 - Ato para inserção de armadura de parede. Fonte: AUTOR (2020) 53 A gaiola da armadura deve ficar imersa na lama bentonítica por, no máximo, 4 horas antes da concretagem. Um período maior que esse pode provocar adesão de partículas de bentonita no aço, prejudicando a aderência do concreto-aço quando executada a concretagem. (GEOSONDA, 2020) A gaiola de armadura pode ser executada inteira ou em frações, de acordo com a altura da parede diafragma e a capacidade elevatória do guindaste ou grua (RIBAS, 2020). Quando fracionada, a armadura deve ser ligada por emenda por transpasse, soldas de topo ou luvas de pressão. (ANSON, 2020) Para garantir o cobrimento estabelecido em projeto e a verticalidade das armaduras, devem-se colocar roletes espaçadores nas barras de aço (Figura 23). Figura 23 - Armação de parede com roletes. Fonte: ANSON (2020) 5.6 Concretagem O processo de concretagem antes mesmo de ser iniciado é de total 54 importância verificar o estado da lama bentonítica que deve atender os requisitos mínimos expostos no item 2.1.1b NBR 6122/96, principalmente no que se refere à contaminação da lama bentonítica existente no fundo da lamela. Ribas (2020) explica que a lama bentonítica contaminada dificulta a concretagem, misturando-se ao concreto e gerando regiões de baixa resistência. Quando ocorrer contaminação, proceder com a troca ou tratamento da lama, conforme descrito no item 2.1.1d NBR 6122/96. A concretagem das paredes diafragma é submerso, ou seja, o concreto inicialmente é lançado no fundo da lamela. Por isso, é utilizado o tubo tremonha, formado por elementos de diâmetro normalmente de 15 a 25cm de comprimento de 1 a 4m, os quais são emendados por rosca até atingir a região próxima ao fundo da lamela. Ribas (2020) explica que o posicionamento tem de ser no centro da gaiola da armadura e conectado na parte superior a um funil. O concreto é lançado diretamente no caminhão betoneira ao funil, descendo por dentro do tubo tremonha conforme figura 24 abaixo: Figura 24 - Concretagem, descarga de betoneira em funil ligado ao tubo tremonha. Fonte: ANSON (2020) 55 A concretagem da parede diafragma é executada de baixo para cima, o concreto quando comparado com a lama bentonítica é mais denso e por isso expulsa a mesma quando se misturam. Esta, por sua vez, vem subindo até a superfície e assim a lama é bombeada de volta para os reservatórios (Figura 25). O concreto usado deve apresentar alta trabalhabilidade e fluidez para que ele se espalhe por completo por toda a escavação. Figura 25 - Sistema de recirculação de lama bentonítica para reutilização. Fonte: NARESI e HILBER (2020) Naresi e Hilber (2020) estabelecem que a concretagem deva ser executada o mais rápido o possível, pois assim, evita possível instabilizações. O concreto a ser utilizado deve atender as exigências especificadas na ABNT NBR 6122:1996, sendo estas: - Consumo de cimento não inferior a 400 kg/m3; - Abatimento ou slump igual a (200 ± 20) mm; - Diâmetro máximo do agregado não superior a 10% do diâmetro interno do tubo tremonha; 56 - O embutimento da tremonha no concreto durante toda a concretagem não pode ser inferior a 1,50 m. De acordo com Anson (2020),o concreto do topo da parede diafragma geralmente vem misturado com lama bentonítica, numa altura dependente da qualidade da lama e do tempo de concretagem. Normalmente, o arrasamento dos 50 cm superiores é suficiente para retirar esse concreto misturado com lama, que possui baixa resistência à compressão. (GEOSONDA, 2020) É recomendável a utilização de mais de uma coluna de tubo tremonha quando o comprimento do painel for maior que 3 metros, para evitar a segregação do concreto. As colunas devem ser devidamente espaçadas e lançar concretos em taxas semelhantes, a fim de manter o nível de concreto mais uniforme possível. Na figura 26 abaixo a ilustração do lançamento do concreto. Figura 26 - Lançamento de concreto diretamente no funil, e bomba já posicionada. Fonte: GEOSONDA (2020) Quando do início da pega do concreto, os tubos ou chapas junta, colocados antes da concretagem, devem ser retirados lentamente, finalizando o processo executivo da parede diafragma. 57 5.7 Viga de coroamento O arranque deixado na parede diafragma (Figura 27) é a parte de extrema importância, pois com a junção da armação da viga de coroamento (Figura 28, 29) que se consolidam as peças conformando um real travamento da estrutura de acordo com Antunes (2016). Figura 27 - Arranque de parede diafragma. Fonte: AUTOR (2020) 58 Figura 28 - Armação de viga de coroamento unificando com o arranque da parede. Fonte: AUTOR (2020) Figura 29 - Conclusão de viga de coroamento. Fonte: AUTOR (2020) 59 5.8 Esforços solicitantes A parede diafragma precisa aguentar esforços de empuxo da terra e água, e esforços verticais dos pilares que descarregam cargas no térreo do edifício, e das lajes dos subsolos. Segundo Marcon (2011) “Empuxo de terra é o esforço que um solo exerce sobre uma obra de engenharia projetada para sustenta-lo”. Para Gerscovich (2010) empuxo de terra é a “ação horizontal produzida por um maciço de solo sobre a obra com ele em contato”. A sequência básica da determinação dos empuxos consiste em calcular primeiramente o empuxo-força resultante, estaticamente determinado pela teoria de equilibro-limite para as condições de ruptura do solo, e, posteriormente, estimar a distribuição de tensões respectivas (HACHICH, 1998). A maioria dos métodos de cálculo tem pressuposto o valor e a distribuição das tensões com base na flexibilidade estimada da parede. (HACHICH, 1998) Para o cálculo do empuxo, é utilizada a teoria da mecânica dos solos. O correto é colher amostras dos solos, para se realizar ensaios de laboratório, para se obter a resistência, o ângulo de atrito, o gama e a coesão. 5.8.1 Empuxos da terra É a força resultante das pressões laterais de terra ou água exercidas sobre a estrutura de contenção ou fundação. Estas pressões podem ser devido ao peso próprio do solo ou de sobrecargas aplicadas sobre ele. (BARROS, 2006). A determinação do valor do empuxo de terra é fundamental na análise e projeto de obras de contenção. As teorias mais utilizadas no meio geotécnico para a 60 determinação do empuxo (Figura 30), “foram formuladas por Coulomb (1773) e Rankine (1856), tendo sido desenvolvidas por Poncelet, Culmann, Rebhann, Krey e, mais modernamente, estudadas e criticadas por Caquot, Ohde, Terzaghi, Brinch Hansen e outros autores”. (CAPUTO, 2014) Figura 30 - Atuação do empuxo na estrutura de contenção. Fonte: CAPUTO (2014) (Rankine, Coulomb, etc.), permitem o cálculo de empuxos ativos e passivos com base apenas em parâmetros geotécnicos simples. Essa simplicidade faz com que esses métodos continuem a ser empregados, sobretudo para projeto de obras de médio e pequeno porte, como para anteprojeto de obras de maior vulto. A grande vantagem dos métodos clássicos é que se baseiam apenas nos parâmetros de resistência ao cisalhamento: coesão, ângulo de atrito interno e massa específica, além de serem métodos de dimensionamento direto, fornecendo como resultado dos cálculos as dimensões da estrutura. (RANZINI & NEGRO Jr, 2012, p.510) 61 6. INTERFERÊNCIAS 6.1 Classificação do solo A análise de classificação do solo que será responsável pelo carregamento da estrutura de contenção é um dos pontos mais importantes do estudo, onde entender as características e o estado em que se encontra o solo torna-se fundamental para a execução da obra. A busca pela compreensão das características existentes no solo requer tempo e atenção, através de investigações geotécnicas e um pré- levantamento das condições geológicas da região é possível estabelecer o perfil geológico do local. O estudo deve identificar a natureza das camadas, desde sua resistência, permeabilidade, estado inicial de tensões, a presença de água e sua natureza, uma eventual contaminação e a presença de obstruções naturais (matacões), entre outros. Entre as características procuradas esta as propriedades dos solos onde é possível identificar as partes do subsolo com resistência muito maior ou menor que a esperada, sendo que a análise da resistência é necessária para o dimensionamento de componentes estruturais enquanto que a análise da deformação visa determinar a deflexão de paredes e movimento de solos. O principal objetivo da classificação dos solos, do ponto de vista da engenharia, é o de poder estimar o provável comportamento do solo, ou pelo menos, o de orientar o programa de investigação necessário para permitir a adequada análise de um problema (PINTO, 2006). Dito isto existem diversos ensaios que permitem a caracterização e classificação de um solo. Entre os principais fatores que guia a compreensão do solo e suas características estão: Granulometria Consistência do solo Limite de liquidez 62 Limite de plasticidade Resistência ao cisalhamento Garantindo o conhecimento do tipo e características do solo contido no local, podemos assim iniciar a obra de contenção, onde será possível executar escavações e perfurações com segurança e cuidado. 6.2 Eficácia do fluido O grande desafio do fluido estabilizante é proporcionar segurança a obra, para que não haja desbarrancamento do solo, usado na parede diafragma, o fluido acompanha a aplicação das estacas, onde o fluido é colocado, retirado, filtrado e recolocado na escavação por sistema de bombeamento e filtragem. A ação estabilizante dos fluidos acontece devido à sua densidade capacidade tixotrópica, ou seja, possuem comportamento fluido quando a sua agitação, mas formam uma espécie de gel quando em repouso. Essas propriedades impedem tanto a entrada de água do solo, quanto à desagregação ao redor da escavação. De acordo com a NBR 6122:2010, onde estabelece os parâmetros recomendados para os fluidos estabilizantes, conforme tabelas 4 e 5 abaixo: Tabela 4 - Propriedades recomendadas para lama bentonítica. Propriedades Valores Equipamentos para ensaio Densidade 1,025 g/cm³ a 1,10 g/cm³ Densímetro Viscosidade 30 s a 90 s Funil Marsh Ph 7 a11 Indicador de pH Teor de areia Até 3% Baroid sand contente ou similar Fonte: NBR 6122:2010, Anexo I, Tabela I.1. – acesso 01 outubro 2020 63 Tabela 5 - Propriedades recomendadas para o polímero sintético. Propriedades Valores Equipamentos para ensaio Densidade 1,005 g/cm³ a 1,05 g/cm³ Densímetro Viscosidade 35 s a 120 s Funil Marsh Ph 8 a 12 Indicador de pH Teor de areia Até 3% Baroid sand contente ou similar Fonte: NBR 6122:2010, Anexo I, Tabela I.2. – acesso 01 outubro 2020 6.3 Desbarrancamento de solo Durante a execução da obra o desbarrancamento se torna algo desafiador, onde se não houver um entendimento do local a obra sofrerá com os desmoronamentos. O perfil de sondagem sempre deverá ser analisado com rigor,pois dependendo do parâmetro que o solo apresentar, os responsáveis poderão tomar as devidas atitudes em relação ao desenvolvimento da obra. Com a análise do perfil de sondagem geológico-geotécnico iremos constatar ou não que a resistência do solo ideal para execução de parede diafragma moldada in loco é quando a resistência do solo é muito baixa, isso é, um solo mole não se torna viável a execução de parede diafragma moldada in loco pelo motivo de perda de concreto, essa perda ocorre no desmoronamento do solo quando se escava e todos esses vazios denominados de over break acabam sendo preenchidos pelo concreto. 64 De acordo com Highland e Bobrowsky (2020) um deslizamento é um movimento de descida de rocha, solo, ou ambos, em declive, que ocorre na ruptura de uma superfície, ruptura curva (escorregamento rotacional) ou ruptura plana (escorregamento translacional) — na qual a maior parte do material move-se como uma massa coerente ou semicoerente, com pequena deformação interna. Deve-se observar que, em alguns casos, os deslizamentos podem envolver outros tipos de movimentos, tanto no desencadeamento da ruptura ou posterior a ele, se as propriedades são alteradas durante o movimento do material. 7. OCORRÊNCIAS 7.1 Acabamentos das paredes Já nos estágios finais da execução do projeto é possível identificar patologias nos acabamentos das paredes, onde se passadas desapercebidas, no futuro poderá causar graves danos a estrutura, uma das soluções para identificar patologias na parede é lavagem com água em alta pressão, retirando toda terra existente, facilitando a identificação dos pontos mais críticos e a limpeza da área tratada. A parede diafragma, arquitetada em 1938, na Itália, segundo Hachich (1998), consiste “na execução de painéis de concreto armado ou não, de uma mistura de cimento, bentonita e água (coulis), de profundidades e espessuras variáveis formando uma cortina”. Dentre as patologias identificadas estão os furos dos tirantes responsáveis pelo travamento das paredes diafragmas, Como forma de tratamento, os furos foram limpos, escarificados e tampados com concreto usinado com adição de impermeabilizante cristalizante. Na concretagem, utilizou-se forma de madeira e uma mangueira para dar vazão ao fluxo de água. Após a secagem do concreto, a mangueira foi retirada e o furo restante tampado com impermeabilizante cristalizante 65 de pega rápida. O cobrimento da armação também passa a ser uma patologia, onde como forma de tratamento, as estruturas podem ser limpas, escarificadas e tampadas com concreto usinado com adição de impermeabilizante cristalizante. Foi utilizada forma de madeira e uma mangueira para dar vazão ao fluxo de água. Depois de secar o concreto, a mangueira foi removida e tampou-se o restante do furo com impermeabilizante cristalizante de pega rápida, e por último entre as patologias no acabamento está à falta de alinhamento (Figura 31), Como forma de tratamento, as estruturas foram limpas e uma parede foi construída na frente dessa parede diafragma, tampando as falhas de acabamento. Figura 31 - Paredes com marcas de desalinhamento. Fonte: AUTOR (2020) 7.2 Falhas de concretagem Geralmente as falhas geradas nesta etapa de concretagem terão como consequência problemas patológicas com soluções mais dificultosas e com maior valor de custo de reparo do que problemas patológicos gerados nas etapas 66 seguintes. Segundo Souza e Ripper (1998), geralmente os empecilhos e o fator custo para curar uma estrutura com danos originários de falhas da concepção do projeto, são proporcionais à antiguidade da falha, ou seja, erros no início da concepção e levados adiante nas outras etapas, tendem á causar um maior prejuízo. A falta de controle de qualidade quando se trata de estruturas de concreto armado é um fator muito preponderante na ocorrência de patologias. Sendo o aço e o concreto os dois materiais responsáveis pela durabilidade e pela resistência do elemento estrutural, é logico que necessitem de um criterioso padrão de qualidade, tanto na produção quanto na execução de qualquer estrutura, para que seja evitado o uso de concretos com Fck abaixo do estimado pelo calculista, e também que seja usado aço com menor bitola do que a estimada no projeto, fazendo com que, apresente pequenas trincas, ou até mesmo a gerar o colapso de uma estrutura no qual o mesmo esteja em falta, ou ainda se usado em posição incorreta na estrutura. O cobrimento que as armaduras necessitam ter é outro fator que, se não for levado em conta, pode ser causa de deterioração. O valor do cobrimento deve obedecer a ABNT, caso contrário pode facilitar que ocorra o processo de corrosão das armaduras. O uso de espaçadores é indispensável neste caso. Os valores de ancoragem também devem obedecer ao que a norma dita, um comprimento menor que o necessário poderá causar o surgimento de fissuras. (BOTELHO, 1996) Na figura 32 conforme apresenta abaixo, se trata de uma breve patologia causada por armaduras expostas, causando corrosão e deterioração do concreto. 67 Figura 32 - Após escavação, evidenciado falhas de concretagem com ferragem exposta. Fonte: AUTOR (2020) Segundo Cánovas (1988), são patologias que além do próprio risco que trazem para a segurança da estrutura, também acabam por ser uma porta aberta para a ocorrência de corrosões das armaduras, já que acabam por desproteger o aço. 8. RESULTADOS A partir de um estudo de viabilidade é possível detalhar com maior precisão a necessidade de certos materiais, os cálculos a serem utilizados e projetos. A parede diafragma está submetida a deslocamentos e esforços solicitantes simultaneamente a momento fletor e esforço normal. Quando há esforço normal e momentos fletores atuando em duas direções, a seção está submetida à flexão composta oblíqua. E quando se trata de um aumento na altura da parede, o esforço cortante obtido é maior, devido ao empuxo ativo ser proporcional à altura de solo contido pelo 68 elemento estrutural. Vale lembrar também que os deslocamentos da ocorrência têm de ser calculado de acordo com o deslocamento admissível de acordo com a ABNT NBR 6118:2007. Observou-se nesse trabalho que a área ao ser escavada após sua conclusão tem de estar completamente alinhada com os painéis laterais, isso porque a chapa espelho que é utilizada tem apenas 6 metros de profundidade, e a parede tem variações entre 8 a 16 metros, dessa forma, ao atingir a medida de 6 metros o concreto que é inserido não tem nenhum limitador de acabamento a não ser o próprio solo, que devido movimentação do clamshell, ocasiona algumas variações na largura ao longo da profundidade da parede. Neste caso, o subsolo do projeto tem menos que 6 metros de profundidade, ou seja, não afetou a parte que ficou exibida no estacionamento do empreendimento. Vivenciamos falhas de concretagem, onde foram identificados pontos pela obra que apresentaram patologias no cobrimento de concreto especificado no projeto. Isso ocorreu devido à retirada da chapa espelho antes do ponto ideal de pega do concreto, ou seja, antes do concreto começar a endurecer, o operador começou a retirada da chapa espelho, e o concreto por estar de certa forma fluida, se alocou em outro espaço da parede. A forma para correção desta patologia foi de arrasar a parede com martelete ao redor dos pontos danificados até o encontro da armação, retirar todos os vestígios de solo presentes no aço, executar fôrma manual e preencher com concreto novamente. Essa atividade denominada de reparo da parede diafragma foi realizada em todos os pontos que apresentaram ferragem aparente. Identificamos o mesmo e foi realizado o reparo como a única opção para garantir a segurança contra os colapsos estruturais, que devem
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