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Aula 13 - Prof. Rodrigo Rennó Administração p/ ICMS/RJ - 2016 (Com Videoaulas) Professores: Marco Tulio Bicalho Gomes, Rodrigo Rennó, Sérgio Mendes, Vinícius Nascimento Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 103 Aula 13: Estrutura e Funcionamento da Administração Pública. Olá pessoal, tudo bem? Na aula de hoje iremos cobrir os seguintes itens do edital: Estrutura e funcionamento da administração pública; Aspectos sociais, econômicos e políticos que condicionam a administração pública; Papel dos gestores públicos no tratamento dos recursos financeiros, humanos e físicos. Espero que gostem da aula! 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 103 Sumário Estrutura e funcionamento da administração pública; Aspectos sociais, econômicos e políticos que condicionam a administração pública. ............................................. 3 Conceito de Administração Pública ............................................................ 4 Intermediação de Interesses .................................................................... 6 Modelos da Administração Pública .......................................................... 11 Administração Patrimonialista. ............................................................ 12 Administração Burocrática. ................................................................ 16 A Nova Gestão Pública. ................................................................... 30 Gerencialismo Puro - Managerialism ..................................................... 44 Consumerism ............................................................................... 47 Public Service Orientation - PSO ......................................................... 49 Papel dos gestores públicos no tratamento dos recursos financeiros, humanos e físicos. .... 52 Governança e Governabilidade............................................................... 52 Capacidade Governativa ...................................................................... 57 Accountability ................................................................................... 61 Tipos de Accountability ...................................................................... 63 Transparência ................................................................................. 68 Governo Eletrônico e Transparência. ..................................................... 69 Transparência no Contexto da LRF ....................................................... 77 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 85 Gabarito ........................................................................................ 101 Bibliografia .................................................................................... 101 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 103 Estrutura e funcionamento da administração pública; Aspectos sociais, econômicos e políticos que condicionam a administração pública. O relacionamento entre a política e a Administração é estudado em diversos modelos de Administração Pública, como os modelos burocráticos e gerenciais – ou pós-burocráticos. De certa forma, estes modelos fazem uma divisão clara de funções entre o papel dos políticos (relacionado com a definição da agenda de políticas públicas) e o papel da Administração (que deve implementar e executar estas políticas públicas).1 Entretanto, várias diferenças existem entre os diferentes modelos de Administração Pública. Estes modelos tratam tanto o relacionamento da máquina estatal com os agentes políticos, quanto o relacionamento com a população em geral de modo diverso. Desta maneira, os modelos burocrático e gerencial ainda fazem uma distinção muito clara entre a política e a Administração Pública. A diferença que existe entre estes dois modelos é que, no gerencialismo, a responsabilidade sobre os resultados das políticas públicas recai sobre os ombros dos políticos2. Entretanto, o modelo da Governança Pública, com sua preocupação em envolver a sociedade organizada e a burocracia no processo de elaboração e controle das políticas públicas, acaba por suavizar esta diferenciação entre a política e a Administração Pública. Com relação ao contexto da autonomia dos agentes públicos e da centralização de poder, a burocracia se caracteriza por uma “desconfiança” inata em relação aos agentes públicos. Para Hood3: “evitar a discricionariedade de gestores públicos sempre foi uma marca característica da administração pública burocrática”. Já os modelos pós-burocráticos, como o gerencialismo e o movimento da governança pública, têm uma visão mais positiva dos agentes públicos. Com isso, enfatizam uma mudança na “ótica” do controle. Estes modelos reforçam a necessidade de que o que deve ser controlado são os resultados, ao invés dos procedimentos. A preocupação 1 (Secchi, 2009) 2 (Secchi, 2009) 3 (Hood, 1995) apud (Secchi, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 103 apenas com a estrita legalidade deixa de ser o objetivo do agente público para alcançar também a eficiência e a efetividade das ações governamentais. Conceito de Administração Pública A Administração Pública pode ser definida de várias formas. De acordo com a ciência da Administração, refere-se ao ramo da Administração aplicado à gestão dos diversos entes públicos e da administração direta e indireta. De acordo com a ciência jurídica, trata-se do conjunto de funções e órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do governo. De acordo com Meirelles, a Administração Pública: “em sentido formal é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo. Em sentido material, é o conjunto das funções necessárias para os serviços públicos em geral...pratica atos de execução, vinculada à lei ou à norma técnica, com maior ou menor autonomia funcional, de acordo com a competência do órgão ou agente.” Assim, no sentido amplo, abrange os órgãos do governo, que exercem a função política, mas também os órgãos e agentes que exercem funções administrativas4. Desta forma, a Administração Pública é um conjunto de órgãos e agentes públicos que devem executar as políticas públicas e as funções estatais. Poderíamos definir as funções políticas como as principais diretrizes de um governo, suas principais políticas de atuação na sociedade. Já ao corpo técnico – a burocracia – cabe a função de executar estas políticas definidas pelos agentes políticos. Assim sendo, estes agentes têm a responsabilidade técnica – mas não política – de executar as funções estatais. Imagine que um governador decide ampliar o horário escolar em todas as instituições de ensino de seu estado. Assim, ele acredita que esta decisão ampliará os conhecimentos dos alunos e proporcionará um melhor futuro a estes jovens. Esta é, portanto, uma decisão política. Entretanto, para que se torne realidade, dependerá de uma série de atos administrativos e de um 4 (Alexandrino & Paulo,2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 103 trabalho de gestão para que esta decisão possa ser executada de acordo com os objetivos do governo. De acordo com Alexandrino e Paulo: “O “como fazer”, o estabelecimento das prioridades na execução, o detalhamento dos programas de ação, tudo isso é atividade administrativa em sentido amplo, vale dizer, atividade política, para o exercício da qual o Poder Público, embora subordinado à lei e ao direito, dispõe de ampla discricionariedade.” Vamos dar uma olhada em algumas questões que cobram isso? 1 - (FGV – BADESC – ANALISTA ADM - 2010) Com relação ao funcionamento da administração pública, analise as afirmativas a seguir. I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do governo. II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos de governo. III. A administração pública executa, com responsabilidade constitucional e política, os projetos governamentais. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. A primeira frase está correta. Na segunda afirmativa, cabe uma diferenciação entre os atos de governo (políticos) com os atos de execução - executados pela Administração Pública. Desta forma, a segunda frase está errada, pois os atos de governo são executados pelos agentes políticos. A terceira frase também está incorreta, pois a Administração Pública executa seus atos sem a responsabilidade constitucional e política, somente técnica. Ou seja, não é responsável pela definição das leis e das políticas governamentais. O nosso gabarito é, portanto, a letra A. 2 - (CESGRANRIO – CAPES – ANALISTA - 2008) Em sentido formal, a Administração Pública pode ser conceituada como o (a) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 103 a) conjunto de funções necessárias aos serviços públicos em geral. b) conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo. c) expressão política de comando e de fixação de objetivos do Estado. d) união dos Poderes de Estado com funções atribuídas com precipuidade. e) união de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. Vejam como a banca somente copiou a definição de Administração Pública do Meirelles. De acordo com o autor, a “Administração Pública é conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo”. Assim sendo, o gabarito é a letra B. Intermediação de Interesses A intermediação de interesses se relaciona com o modo em que a sociedade interage com o Estado. De acordo com o trabalho de Nunes5, existem quatro tipos de relacionamento (ou “gramáticas”, nas palavras do autor) que regulam as relações entre a sociedade e o Estado no Brasil: O clientelismo; O corporativismo; O Insulamento Burocrático; O universalismo de procedimentos. Clientelismo O clientelismo está entranhado na cultura política brasileira desde a colonização portuguesa e está ligado ao patrimonialismo e ao fisiologismo. Historicamente, Portugal não adotou muitos dos princípios que levaram ao Iluminismo e à Revolução Industrial6. Desta maneira, o Estado português transplantou para sua colônia brasileira os seus traços 5 (Nunes E. , 2003) 6 (Magalhães, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 103 principais, como: o sistema cartorial (com monopólio das atividades comerciais e o controle da atividade econômica) e a distribuição de prebendas (as funções públicas eram concedidas a uma nobreza “falida” e improdutiva, ocasionando um inchaço da máquina pública)7. Portanto, o clientelismo predominou no Brasil até o governo de Vargas, que buscou instaurar o modelo burocrático. Neste modelo, a classe dominante vai “tomando conta” dos cargos mais importantes do Estado e fornecendo os cargos subalternos aos seus “clientes”. Estes clientes são pessoas que não fazem parte da elite (que, no Brasil da época, era composta pelos grandes proprietários de terra – os coronéis). Estas pessoas dependiam de seus “patrões” para ter acesso aos poucos serviços públicos e cargos disponíveis. Por isso, o comum neste modelo é a “troca de favores” entre patrões e “clientes”. Entre as moedas de troca, poderíamos citar o trabalho, a fidelidade ou até o apoio eleitoral (quando um deputado “protege” seus cabos eleitorais, por exemplo, está agindo dentro deste padrão de relacionamento). Assim, é um relacionamento informal e, de certa forma, caótico. Não se baseia em nenhum acordo formal, apenas no consentimento e na tradição. Além disso, existem diversos níveis de “patrões” disputando os recursos públicos e cargos na máquina pública. Do mesmo modo, podem existir patrões intermediários, com suas clientelas específicas (Partidos da coalizão governista que desejam “comandar” um ministério para “alocar” sua base de apoio estão abaixo dos Partidos que comandam o governo, por exemplo). De acordo com Magalhães8, as características principais deste relacionamento são: Não há número fixo ou organizado de unidades constitutivas; As unidades constitutivas do clientelismo são agrupamentos, pirâmides ou redes baseados em relações pessoais que repousam em troca generalizada; As unidades clientelistas disputam frequentemente o controle do fluxo de recursos dentro de um determinado território; A participação em redes clientelistas não está codificada em nenhum tipo de regulamento formal; Os arranjos hierárquicos no interior das redes estão baseados em consentimento individual e não gozam de respaldo jurídico. 7 (Martins, 1997) apud (Magalhães, 2005) 8 (Magalhães, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 103 Corporativismo Com o início do governo de Getúlio Vargas, ocorre uma tentativa de acabar com o domínio desta oligarquia agrária que comandava a política brasileira. Além disso, percebe-se a necessidade de racionalizar e profissionalizar o Estado, de modo que este pudesse induzir o desenvolvimento nacional em outras bases. Getúlio buscou então aumentar o poder do governo central e implantar o modelo burocrático na administração pública brasileira. Este novo Estado passou a incentivar o processo de industrialização brasileiro, que se desenvolveu dentro do que se chamou “processo de substituição das importações”, pois a indústria nacional, protegida, passou a tomar o mercado dos produtores estrangeiros. Desta maneira, começou a ser introduzido o modelo de desenvolvimento econômico nacional-desenvolvimentista. Com a industrialização, Getúlio começou também a se preocupar com os conflitos capital-trabalho inerentes ao capitalismo. Para controlar estes conflitos e regular a participação da sociedade, Getúlio instaurou o corporativismo estatal, em que o próprio Estado incentiva a criação de associações e organizações de classe. Portanto, a representação eo relacionamento com o Estado deixam de ser individuais e passam a ser feitos através das corporações9. Estas corporações são reguladas e, muitas vezes, mantidas pelo Estado. Desta maneira, as associações são, de certo modo, controladas pelo Estado. De contrapartida, estas corporações recebem do Estado o monopólio de representação de suas respectivas categorias. De acordo com Carnoy10, os objetivos do corporativismo são a supressão ou neutralização dos conflitos: no plano econômico (através do controle da concorrência), no plano social (através do controle da luta de classes), no plano político (reprimindo o conflito entre os partidos). O outro modelo de corporativismo é chamado de neocorporativismo ou corporativismo societal. Neste modelo, as associações são livres para se relacionar, ou não, com o Estado. Foi comum nas economias européias que estavam se recuperando da guerra, onde existiu um pacto nacional (em que os trabalhadores 9 (Magalhães, 2005) 10 (Carnoy, 1994) apud (Magalhães, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 103 aceitaram sacrifícios em prol de um capitalismo monopolista avançado e um Estado de bem-estar)11. Este não foi o modelo histórico brasileiro. De acordo com Carnoy12, as principais características do neocorporativismo são: As associações têm autonomia e penetram no Estado; O modelo surgiu na vigência do Estado de Bem-estar Social e da social-democracia européia, a partir das políticas de Estado e de corte Keynesiano; Resultaram da dinâmica da própria organização dos interesses, ainda que respaldadas pelas políticas governamentais. Insulamento Burocrático Este modelo foi muito comum no governo JK, em que o governo necessitava de uma máquina pública mais racional e capacitada para induzir o crescimento econômico e social na esteira do processo de substituição de importações. Sem ter uma “receita” para reformar a máquina pública, que era “poluída” por práticas clientelistas e patrimonialistas, com seus quadros pouco capacitados e desmotivados, JK buscou um “atalho” que o possibilitasse desenvolver os projetos de desenvolvimento “ao largo” desta estrutura atrasada. Desta forma, ele instituiu os Grupos Executivos, que eram compostos de profissionais capacitados e que não tinham, teoricamente, vinculação com as práticas clientelistas e patrimonialistas vigentes13. Estes seriam mais racionais e capazes de formular e de acompanhar as políticas públicas e os imensos projetos daquele governo (como a construção da nova capital – Brasília). Estes profissionais (núcleo técnico) seriam então “protegidos” das pressões clientelistas e teriam liberdade para executar os projetos sem se preocupar com a barganha política. De acordo com Nunes14: “o insulamento burocrático é o processo de proteção do núcleo técnico do Estado contra a 11 (Magalhães, 2005) 12 (Carnoy, 1994) apud (Magalhães, 2005) 13 (Magalhães, 2005) 14 (Nunes E. , 2003) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 103 interferência oriunda do público ou de outras organizações intermediárias”. Universalismo de Procedimentos Na teoria, o universalismo de procedimentos está relacionado à igualdade de tratamento a todos os cidadãos. Ou seja, está ligado à ideia de cidadania plena15. Neste modelo, os serviços públicos do Estado não são “manipulados” e fornecidos apenas aos clientes, mas vistos como um dever do Estado a todos os seus cidadãos. De acordo com Nunes16, o universalismo de procedimento está ligado aos sistemas típicos das sociedades capitalistas mais avançadas: a economia de mercado e a democracia representativa. Desta maneira, é o modelo a ser buscado atualmente no Brasil, de modo que todos sejam tratados de forma igual perante a lei e que não existam favorecimentos ilegítimos. Vamos ver agora uma questão recente? 3 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) O processo de proteção do núcleo técnico do Estado contra a interferência oriunda do público ou de outras organizações intermediárias corresponde ao conceito de um padrão institucionalizado que estrutura as relações entre sociedade e Estado no Brasil define o que se denomina de: A – clientelismo B – corporativismo C – neocorporativismo D – Insulamento burocrático E – universalismo de procedimentos Como vimos acima, o processo de intermediação de interesses em que um núcleo técnico é “protegido” das pressões da sociedade (e das práticas clientelistas) é o insulamento burocrático, que foi muito praticado por Juscelino Kubitschek em seu governo. O gabarito da questão é a letra D. 15 (Magalhães, 2005) 16 (Nunes E. , 2003) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 103 Modelos da Administração Pública Tipos de Dominação. Para que possamos entender os modelos de administração pública, devemos conhecer os tipos de dominação. Segundo Weber17: “Dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo entre determinadas pessoas indicáveis”. Em todo Estado, deve existir alguma relação de dominação na qual os governantes (dominadores) exercem autoridade perante os indivíduos (dominados). Assim, a dominação não é simplesmente o exercício do “poder”, mas também a sua aceitação – que leva à obediência! Portanto, se diz que a dominação é o somatório do poder com a legitimidade. Figura 1 - Tipos de dominação Para Weber18 existem três tipos de dominação: Dominação Tradicional – Baseia-se na tradição, nos costumes arraigados, nos relacionamentos construídos por gerações. O “senhor” governa não porque tenha algum mérito ou competência específica, mas porque seu pai governava antes dele, e antes dele seu avô, etc. Dominação Carismática – Baseada no carisma de uma pessoa. Acredita-se que aquele indivíduo possui qualidades e características extraordinárias, fora do comum, que o credenciam a liderar seus 17 (Weber, 2000) 18 (Weber, 2000) Tipos de Dominação Dominação Tradicional - baseada nos costumes, na tradição Dominação Carismática - baseada no carisma do líder Dominação Racional-Legal - Baseada nas normas e regulamentos 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 103 “súditos” ou “seguidores”. Estes lhe conferem um afeto e uma lealdade muitas vezes “cegos”. Dominação Racional-legal – Baseada na lei! Nesse tipo de dominação, não seguimos um indivíduo, mas devemos obediência a uma série de normas e regulamentos. A Burocracia moderna baseia-se na dominação racional-legal. Administração Patrimonialista. O modelo patrimonialista foi introduzido no Brasil pela própria administração portuguesa quando ainda éramos uma colônia. Como Portugal era uma monarquia, todo o Estado era patrimônio da família real. Quando Dom João VI chegou aqui, em 1808, vindo fugido dos exércitos de Napoleão, trouxe grande parte da máquina administrativa portuguesa consigo. Desta forma, herdamos o modo de administrar português e adaptamos à nossa realidade durante o império.Neste sistema, existe uma confusão natural entre os bens públicos e particulares, pois o Rei (ou chefe político) não diferencia seu patrimônio particular do estatal. No patrimonialismo, segundo Weber19, o senhor tem um relacionamento de “troca” com seus súditos, pois depende da boa vontade deles para manter sua capacidade de prestar serviços e manter seu poder político. Em troca desta boa vontade, o senhor passa a “dever” também uma atenção especial a seus súditos, como proteção a perigos externos e auxílio em momentos difíceis. Naturalmente, este “dever” não está escrito em nenhuma ordem ou lei, mas deriva dos costumes, da tradição. Portanto, a base de sua dominação é a tradição! O governante trata dos assuntos do Estado como se fosse uma extensão de sua vida pessoal. Seus súditos seriam sua “família”. Desta forma, no patrimonialismo existe uma grande dificuldade deste senhor de diferenciar “esfera pública” da “esfera privada”. O personagem mais exemplar na história brasileira deste período é o “coronel”, oligarca do interior, que dominava (e em certos aspectos ainda domina) o cenário da política regional através da utilização do poder econômico e da “troca de favores” entre seus partidários. 19 (Weber, 2000) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 103 Dentro deste contexto, as eleições (quando existiam) eram fraudadas para que o grupo dominante continuasse no poder e recursos públicos são desviados de sua finalidade. Neste modelo, a posse em cargos públicos acontecia por livre escolha do soberano. Desta forma, estes cargos eram direcionados a amigos, parentes e apoiadores dos grupos dominantes. Assim, não existiam carreiras organizadas e profissionalizadas no estado. Portanto, uma característica forte deste modelo é o nepotismo e a corrupção. Os bens públicos são utilizados para fins pessoais e os cargos públicos são usados como “moeda de troca” de favores ao soberano (vemos isso atualmente quando agentes públicos utilizam carros oficiais para viajar a turismo, quando funcionários fazem a chamada “contratação cruzada” – João contrata o filho de José, e, em troca deste favor, José contrata o filho de João, por exemplo). Como o soberano está acima das regras, a racionalidade é subjetiva, ou seja, depende da opinião, da discricionariedade (e das arbitrariedades) do senhor no momento, inclusive nas decisões da Justiça. Se você é amigo do Rei pode “quebrar” algumas regrinhas! Já se não for conhecido de ninguém importante, terá que se comportar exemplarmente! Lembra do ditado: “Para os amigos tudo, para os inimigos a Lei”? Ele descreve bem uma prática do patrimonialismo, não é verdade? Assim sendo, no modelo patrimonialista, o patrimônio público é "capturado" por grupos de interesse da sociedade (que podem ser empresários, sindicatos, burocratas, etc.). Ou seja, este patrimônio deixa de servir à coletividade para passar a servir aos interesses do grupo dominante. Além disso, a justiça fiscal é um aspecto quase inexistente, pois a estrutura tributária (os impostos) é desenhada para afetar pouco os nobres ou senhores dominantes. Com isso, a população mais pobre é a que acaba proporcionalmente pagando mais impostos. Desta forma, esse modelo é conhecido por sua tendência à corrupção e ao nepotismo. Veja abaixo no gráfico as principais características do modelo patrimonialista: Lembre-se: No modelo Patrimonialista, o governante não separa o patrimônio público do privado! 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 103 Figura 2 - Características do modelo patrimonialista Raymundo Faoro20 chamava o grupo que comandava o poder no Estado patrimonialista brasileiro de Estamento Burocrático. Este modelo se caracterizava por um desrespeito aos princípios da impessoalidade e era composto por ocupantes de cargos públicos de alta cúpula, burocratas e políticos. Prestem atenção, pois o termo burocracia não foi estabelecido por Weber e sua Burocracia Profissional (baseada na dominação Racional-legal). O termo Burocracia vem do francês “Bureau”, que se refere aos órgãos do governo (seria algo como “governo de escritório”). Normalmente pensamos a dominação tradicional como uma disputa de classes, como uma divisão entre pobres e ricos (classes sociais). Entretanto, de acordo com Weber, um estamento não é exatamente uma classe. O autor afirma21: “A situação estamental pode se basear numa situação de classe de natureza unívoca ou ambígua. Mas não se determina somente por ela: a posse em dinheiro e a posição do empresário não são, por si só, qualificações estamentais – ainda que possam levar a estas; nem a falta de patrimônio constitui, por si, uma desqualificação estamental, ainda que também possa levar a esta.” 20 (Faoro, 2001) 21 (Weber, 2000) Esfera Pública se confunde com a Privada Sistema fiscal injusto e irracional Falta de profissionalização Tendência à corrupção e ao nepotismo Racionalidade subjetiva 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 103 Ou seja, uma divisão em estamentos é uma divisão entre pessoas com um tipo de educação, ou etnia (descendência genética e cultural) e modos de vida diferentes. Um filho de um funcionário público pobre que conseguisse estudar em um bom colégio da capital (e construísse um bom círculo de amizades) poderia fazer parte do estamento dominante. Já o filho de um fazendeiro rico do interior que não estudasse na capital provavelmente não faria parte deste estamento, por exemplo. Portanto, o estamento burocrático se relacionava com os funcionários públicos e membros da sociedade que mandavam no Estado Patrimonialista22. De acordo com Weber, ao quadro administrativo da dominação tradicional, em seu tipo puro, faltam23: A competência fixa segundo regras objetivas; A hierarquia racional fixa; A nomeação regulada por contrato livre e o ascenso (promoção) regulado; A formação profissional (como norma); (muitas vezes) o salário fixo e (ainda mais frequentemente) o salário pago em dinheiro. As monarquias absolutistas foram sendo substituídas aos poucos, no final do século XIX, por Estados modernos, passando a existir a necessidade da separação entre os bens públicos e privados, bem como a profissionalização da Administração Pública. O Estado moderno precisava ampliar suas ações de indução do crescimento da economia, com uma atuação mais direta na criação de empresas estatais e na regulação da atuação econômica. Além disso, a sociedade começou a demandar diversos serviços públicos e proteções sociais que não existiam. Antigamente, o Estado só fornecia o acesso a Justiça, a proteção policial e a defesa nacional. Depois, serviços públicos como a educação, a previdência social e a prestação de saúde passaram a ser oferecidos para grande parte da população. Portanto, o Estado necessitava de se capacitar e de se profissionalizar. O modelo patrimonialista passou a ser visto como um problema e um limitador ao desenvolvimento por diversos países. 22 (Bresser Pereira L. C., 2001) 23 (Weber, 2000) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennówww.estrategiaconcursos.com.br 16 de 103 Administração Burocrática. O termo “burocracia” é derivado do termo francês “bureau” (significa escritório) e do termo grego “kratia”, que se relaciona a poder ou regra. Desta forma, a burocracia seria um modelo em que o “escritório” ou os servidores públicos de carreira seriam os detentores do poder. Com a industrialização e a introdução de regimes democráticos no fim do século XIX, as sociedades ficaram cada vez mais complexas. A introdução da máquina a vapor acarretou uma evolução tremenda dos meios de transporte. Se antes se levavam meses para uma viagem do Brasil para a Europa, por exemplo, agora uma viagem por meio de navios a vapor passou a ser feita em poucos dias. O trem a vapor fez a mesma revolução no transporte interno. Desta forma, as notícias passaram a “correr” muito mais rápido e os produtos de cada região puderam passar a ser comercializados em cada vez mais mercados consumidores. Estes fatores levaram a uma urbanização acelerada, pois as indústrias necessitavam de cada vez mais “braços” para poder produzir em larga escala e atender ao mercado regional e mundial de produtos. Diante deste aumento da demanda por trabalhadores no setor industrial, os salários na indústria ficaram melhores do que os do campo e as pessoas passaram a se mudar das fazendas para as grandes cidades em busca de trabalho. Desta forma, o êxodo rural (massa de trabalhadores saída do campo e dirigindo-se para as cidades em busca de melhores condições de trabalho) foi marcante neste período. Estas pessoas encontravam na cidade grande uma realidade totalmente diferente da qual estavam acostumadas. Se antes tinham uma “terrinha” para cultivar alguns alimentos, agora tinham de comprar estes produtos no mercado. Se anteriormente aprendiam a trabalhar na prática, agora tinham de frequentar escolas para poder lidar com as máquinas. Assim, passaram a demandar serviços que antes não existiam em grande escala, como escolas e hospitais públicos. Deste modo, tinham necessidades que o Estado (que tinha uma filosofia liberal) ainda não estava capacitado para atender. Era o início do que iríamos denominar de “sociedade de massa”. Portanto, o Estado, que antes só se preocupava em manter a ordem interna e externa, passa a ter de se organizar cada vez mais para induzir o crescimento econômico, aumentar a infraestrutura do país e prestar cada vez mais serviços à população. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 103 O Patrimonialismo não conseguia mais atender a este novo Estado, que concentrava cada vez mais atividades em sua máquina. O modelo Burocrático, inspirado por Max Weber, veio então suprir esta necessidade de impor uma administração adequada aos novos desafios do Estado moderno, com o objetivo de combater o nepotismo e a corrupção. Ou seja, uma administração mais racional e impessoal. Figura 3 - Contexto da burocracia Desta forma, o modelo burocrático surgiu como uma necessidade histórica baseada em uma sociedade cada vez mais complexa, em que as demandas sociais cresceram, e havia um ambiente com empresas cada vez maiores, com uma população que buscava uma maior participação nos destinos dos governos. Portanto, não se podia mais “depender” do arbítrio de um só indivíduo. As regras deveriam estar claras para todos e as decisões deveriam ser tomadas com base em uma lógica racional. Uma coisa que devemos ter em mente é que a Burocracia foi uma grande evolução do modelo patrimonialista. Weber concebeu a Burocracia como o modelo mais racional existente, o qual seria mais eficiente na busca dos seus objetivos. Atualmente, o termo Burocracia é visto como algo negativo em nossa sociedade, mas o modelo “puro” pensado por Weber foi um grande avanço em relação ao que existia antes e possibilitou a construção de um Estado mais atuante e capacitado do que existia. As características principais da Burocracia são: Formalidade – a autoridade deriva de um conjunto de normas e leis, expressamente escritas e detalhadas. O poder do chefe é restrito aos objetivos propostos pela organização e somente é Sociedades ficam mais complexas Patrimonialismo não consegue atender às demandas sociais Modelo Burocrático é visto como solução mais racional e adequada Lembre-se: O modelo burocrático foi uma grande evolução do patrimonialismo! 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 103 exercido no ambiente de trabalho - não na vida privada. As comunicações internas e externas também são todas padronizadas e formais. Impessoalidade – Os direitos e deveres são estabelecidos em normas. As regras são aplicadas de forma igual a todos, conforme seu cargo em função na organização. Segundo Weber, a Burocracia deve evitar lidar com elementos humanos, como a raiva, o ódio, o amor, ou seja, as emoções e as irracionalidades. As pessoas devem ser promovidas por mérito, e não por ligações afetivas. O poder é ligado não às pessoas, mas aos cargos – só se tem o poder em decorrência de estar ocupando um cargo. Profissionalização – As organizações são comandadas por especialistas, remunerados em dinheiro (e não em honrarias, títulos de nobreza, sinecuras, prebendas, etc.), contratados pelo seu mérito e seu conhecimento (e não por alguma relação afetiva ou emocional). O modelo burocrático, que se caracterizou pela meritocracia na forma de ingresso nas carreiras públicas, mediante concursos públicos, buscou eliminar o hábito arraigado do modelo patrimonialista de ocupar espaço no aparelho do Estado através de trocas de cargos públicos por favores pessoais ao soberano. Neste modelo, as pessoas seriam nomeadas por seus conhecimentos e habilidades, não por seus laços familiares ou de amizade. Prebendas e sinecuras, características do modelo patrimonialista, ou seja, aquelas situações em que pessoas ocupam funções no governo ganhando uma remuneração em troca de pouco ou nenhum trabalho, são substituídas pelo concurso público e pela noção de carreira. Desta forma, o que se busca é a profissionalização do servidor público, sua especialização. De acordo com Weber, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo “puro” se compõe de funcionários individuais, os quais24: São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações objetivas de seu cargo; São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos; Têm competências funcionais fixas; 24 (Weber, 2000) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 103 Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a base de livre seleção segundo; A qualificação profissional – no caso mais racional: qualificação verificada mediante prova e certificada por diploma; São remunerados com salários fixos em dinheiro; Exercem seu cargo como profissão única ou principal; Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do critério dos superiores; Trabalham em “separação absoluta dos meios administrativos” e sem apropriação do cargo; Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e controle do serviço. Veja abaixo, em resumo, as características da Burocracia: Figura 4 - Características da Burocracia Dentre as principaisvantagens que a Burocracia trouxe, podemos citar: O predomínio de uma lógica científica sobre uma lógica da intuição, do “achismo”; A redução dos favoritismos e das práticas clientelistas; Uma mentalidade mais democrática, que possibilitou igualdade de oportunidades e tratamento baseado em leis e regras aplicáveis a todos. Hoje em dia, o termo Burocracia virou sinônimo de ineficiência e lentidão, pois conhecemos os defeitos do modelo (que chamamos de disfunções da Burocracia), mas ele foi um passo adiante na sua época! Formalidade ͻ Autoridade é expressa em leis; ͻ Comunicação é padronizada; ͻ Controle de Procedimentos. Impessoalidade ͻ Isonomia no tratamento; ͻ Meritocracia; ͻ Racionalidade; ͻ Sistema legal e econômico previsível. Profissionalismo ͻ Comando é dos especialistas; ͻ Remuneração em dinheiro; ͻ Administrador é especialista - noção de carreira; ͻ Hierarquia. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 103 Na Burocracia, existe uma desconfiança extrema em relação às pessoas, portanto são desenvolvidos controles dos processos e dos procedimentos, de forma a evitar os desvios. Ou seja, os funcionários têm pouca discricionariedade, ou liberdade de escolha da melhor estratégia, para resolver um problema ou atender seus clientes! Deste modo, existe uma grande preocupação em criar critérios e processos que estabeleçam o método correto de se agir. Todos os processos e atividades são padronizados, são manualizados! Com isso, os servidores passam a se preocupar mais em seguir regulamentos e normas do que em atingir bons resultados. Outra característica da Burocracia é a hierarquia. As organizações são estruturadas em vários níveis hierárquicos, em que o nível de cima controla o de baixo. É o que chamamos de estrutura verticalizada, na qual as decisões são tomadas na cúpula (topo da hierarquia ou nível estratégico). Esta situação acaba gerando uma demora na tomada de decisões e no fluxo de informações dentro da organização! Outro problema é a dificuldade de trocar informações com outras áreas da empresa, pois este fluxo não é livre (você precisa enviar a informação ao seu chefe, que envie a solicitação ao chefe do outro setor etc.) Desta maneira, é importante não confundir a Teoria da Burocracia, ou seu modelo “puro”, com os problemas que a Burocracia causou – o que chamamos de disfunções da Burocracia. Normalmente a banca citará uma “disfunção” da burocracia e dirá que é uma característica da Teoria da Burocracia. Por exemplo, as nomeações para funções públicas sem base no mérito ainda ocorrem com frequência no Brasil. Sabemos que é um dos problemas da Administração Pública na prática. Entretanto, isto não faz parte da teoria da Burocracia, ou seja, do modelo idealizado por Weber! Além disso, vocês devem entender que nenhum modelo existiu isoladamente, mas que conviveram e convivem juntos. No nosso contexto atual, temos ainda aspectos presentes que são heranças do patrimonialismo (nomeações em cargos de confiança), aspectos da teoria da burocracia (concursos públicos e noção de carreira, entre outros) e aspectos do modelo gerencial, que veremos a seguir. Lembre-se: Convivemos atualmente com características dos três modelos: patrimonial, burocrático e gerencial. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 103 O modelo de gestão pública buscado no momento é o gerencial, mas ainda é muito forte a presença do modelo burocrático e, infelizmente, do próprio modelo patrimonialista na administração pública brasileira. Ou seja, nunca aplicamos o modelo “puro” da burocracia weberiana. Preste atenção, pois as bancas costumam cobrar muito isso. Veja o texto abaixo do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, de 199525, documento muito importante e que recomendo a leitura a todos que queiram se aprofundar no tema das reformas administrativas no Brasil. O texto original é esse: “A administração pública brasileira, embora marcada pela cultura burocrática e regida pelo princípio do mérito profissional, não chegou a se consolidar, no conjunto, como uma burocracia profissional nos moldes weberianos. Formaram-se grupos de reconhecida competência, como é o caso das carreiras acima descritas, bem como em áreas da administração indireta, mas os concursos jamais foram rotinizados e o valor de sua remuneração real variou intensamente em função de políticas salariais instáveis. Os instrumentos de seleção, avaliação, promoção e treinamento que deram suporte a esse modelo estão superados.” O que fica claro é que o nosso modelo ainda guarda práticas e costumes patrimonialistas, e o próprio modelo burocrático hoje não é mais visto como adequado aos novos desafios da administração pública. Portanto, temos hoje um modelo ainda muito baseado na Burocracia, mas com resquícios de clientelismo e patrimonialismo, e alguns setores que já aplicam a administração gerencial. Não aplicamos o modelo “puro” de Weber. As principais disfunções da Burocracia são: Dificuldade de resposta às mudanças no meio externo – visão voltada excessivamente para as questões internas (sistema fechado, ou seja, autoreferente, com a preocupação não nas 25 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) Lembre-se: Nunca aplicamos o modelo "puro" da burocracia de Weber. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 103 necessidades dos clientes, mas nas necessidades internas da própria burocracia). Rigidez e apreço extremo às regras – o controle é sobre procedimentos e não sobre resultados, levando à falta de criatividade e ineficiências. Perda da visão global da organização – a divisão de trabalho pode levar a que os funcionários não tenham mais a compreensão da importância de seu trabalho nem quais são as necessidades dos clientes ou dos outros órgãos da instituição. Lentidão no processo decisório – hierarquia, formalidade, centralização e falta de confiança nos funcionários levam a uma demora na tomada de decisões importantes. Excessiva formalização – em um ambiente de mudanças rápidas, não se consegue padronizar e formalizar todos os procedimentos e tarefas, gerando uma dificuldade da organização de se adaptar a novas demandas. A formalização também dificulta o fluxo de informações dentro da empresa. Podemos resumir as principais disfunções ou problemas do modelo burocrático no quadro abaixo: Figura 5 - disfunções da Burocracia Outro aspecto importante é a relação da burocracia com o poder político. Weber preocupava-se com o aumento do poder da burocracia no Disfunções da Burocracia Perda da Noção Global Lentidão na comunicação e processo decisório Formalização Excessiva Preocupação com as regras e não com resultado Rigidez e falta de inovação 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 103 Estado moderno. Os políticos cederiam cada vez mais influência à burocracia, o que criaria um “absolutismo burocrático”, ou seja, um abuso de poder por parte da administração, em prejuízo dos representantes da população. Portanto, a criação das leis e seu controle devem ser privativos dos políticos,de forma a limitar o poder e o alcance desta burocracia. Outra disfunção que pode ocorrer é o “insulamento burocrático”, uma situação em que os técnicos dentro da máquina administrativa passam a ser “blindados” contra a interferência do público em geral e de outros órgãos do governo. Estes órgãos ou grupo de técnicos teriam então mais liberdade para buscar objetivos específicos, mas também poderiam passar a não “ouvir” mais a população, ou seja, buscar não os objetivos desejados pelos cidadãos, mas os seus próprios objetivos (ou dos grupos empresariais dominantes). Desta forma, não existiria um controle social sobre o trabalho destes servidores, pois estes estariam “blindados” aos desejos e interesses da sociedade civil. Um grande crítico da Burocracia foi Michel Crozier26. Este autor buscou apontar que este modelo reduzia a eficácia das organizações, ao contrário do que pensava Weber. As instituições não poderiam operar como máquinas. Assim, as organizações deveriam ser vistas como algo que: “não está apenas constituída pelos direitos e obrigações da bela máquina burocrática, e nem muito menos pela exploração e pela resistência da força de trabalho a ser explorada por um patrão ou por uma tecnoestrutura. Ela é um conjunto complexo de jogos entrecruzados e interdependentes, através dos quais os indivíduos, com oportunidades frequentemente muito diferentes de sucesso, procuram maximizar seus benefícios, respeitando as regras não escritas do jogo que o meio lhes impõe, tirando partido sistematicamente de todas as suas vantagens e tentando minimizar as dos outros.” Outro ponto ressaltado por Crozier seria o caráter de estabilidade do modelo burocrático. Para esse autor, uma organização burocrática não é propensa a mudanças. 26 (Crozier, 1981) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 103 Assim sendo, as burocracias costuma enfrentar longos períodos de estabilidade, com espaços curtos de crise aguda. Portanto, a crise seria o “estopim” ou a “janela de oportunidade” para as mudanças necessárias. Este seria um problema inerente ao modelo burocrático, pois estas organizações seriam quase sempre reativas aos problemas. E como sabemos, quando as crises aparecem as soluções se tornam mais difíceis e custosas. O ideal seria que a mudança na instituição ocorresse antes da “bomba” estourar, não é verdade? Vamos ver algumas questões recentes? 4 – (ESAF – MF – ANALISTA TÉCNICO – 2013) A respeito do sistema de organização burocrático, analise as afirmativas abaixo, classificando- as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) A crise é, efetivamente, um dos elementos distintivos de qualquer sistema de organização burocrática. Ela constitui o meio para chegar a operar os reajustes necessários. ( ) O ritmo essencial que caracteriza uma organização burocrática é, particularmente, a alternância de longos períodos de estabilidade e curtos espaços de crise e mudança. ( ) O poder de decisão, no interior de um sistema de organização burocrática, tende a situar- se, naturalmente, entre aqueles que dêem prioridade aos objetivos funcionais da organização independentemente da estabilidade do sistema político. a) V, F, V b) V, V, F c) F, F, V d) F, V, V e) V, F, F A primeira frase está correta, pois de acordo com Crozier as crises são os grandes impulsionadores de mudanças dentro das organizações burocráticas27. A segunda frase está também certa. Como as burocracias têm dificuldades de inovar e se adaptar aos novos desafios, acabam passando por longos períodos de estabilidade. Isso só muda quando ocorre uma crise, que precipita as mudanças. 27 (Crozier, 1981) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 103 Finalmente, a terceira frase está errada. O poder decisório nas organizações burocráticas é centralizado na alta direção, e não distribuído “entre aqueles que deem prioridade aos objetivos funcionais da organização”. Deste modo, o gabarito é mesmo a letra B. 5 – (ESAF – RFB – AUDITOR – 2012) Sobre o modelo de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que: a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle de procedimentos. c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores. d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções. e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer serviços, e não em gerir programas. A primeira alternativa está incorreta, pois se refere ao modelo gerencial e não ao modelo burocrático. Esta frase foi retirada de um texto de Bresser28, que dizia: “Mais amplamente, a administração pública gerencial está baseada em uma concepção de Estado e de sociedade democrática e plural, enquanto que a administração pública burocrática tem um vezo centralizador e autoritário. Afinal o liberalismo do século XIX, no qual se moldou a forma burocrática de administração pública, era um regime político de transição do autoritarismo para a democracia. Enquanto a administração pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, que a burocracia está encarregada de garantir, a administração pública gerencial pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas 28 (Bresser Pereira L. , 1998) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 103 posições ideológicas, que afinal se expressam na administração pública.” Já a letra B está perfeita e é o nosso gabarito. A administração burocrática busca, através do controle dos procedimentos, eliminar a corrupção e o nepotismo. A letra C também está equivocada, pois quem prega a descentralização é o modelo gerencial. Pelo mesmo motivo, a letra D também está incorreta. Finalmente, a letra E também está errada. O modelo burocrático é autorreferenciado, voltado para dentro. Assim, ele é voltado para a gestão dos programas, não para o cliente e os serviços que ele precisa. Desta forma, o gabarito é mesmo a letra B. 6 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) A respeito da Administração Pública Burocrática, assinale a Incorreta: A) Estrutura complexa, altamente hierarquizada. B) Autoridade centrada na hierarquia de competências. C) Clara divisão do trabalho. D) Especialização das funções E) Processos de trabalho e mecanismos de controle definidos formalmente por normas e regras rígidas. Esta questão busca saber se o candidato conhece as principais características da Burocracia. A única alternativa é a letra B, pois a autoridade, na teoria burocrática, é baseada nas leis e normas e não nas competências. É o modelo racional-legal. Assim, o nosso gabarito é a letra B. 7 - (FCC – ALESP/SP – GESTÃO PROJETOS – 2010) Com relação à administração pública burocrática considere. I. Surge na segundametade do século XIX, na época do Estado liberal, com o objetivo de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista. II. Esse modelo de gestão possui como princípios orientadores a profissionalização, ou seja, a idéia de carreira e hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo. III. Os pressupostos da administração burocrática são a confiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles, administradores públicos, dirigem demandas. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 103 IV. O controle pode transformar-se na própria razão de ser do funcionário; voltando-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. V. A administração burocrática tem como principal qualidade a efetividade no alcance dos resultados; seu foco central é a eficiência do Estado. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I, II, III e V. (C) II, III e IV. (D) II e V. (E) III, IV e V. A primeira frase está correta, pois descreve o contexto em que a teoria da burocracia foi criada por Max Weber. A criação deste modelo burocrático ocorreu no final do século XIX e buscava um meio mais racional e eficiente para gerir as organizações do que o patrimonialismo (que tinha como defeito a tendência à corrupção e ao nepotismo – nomeação de parentes para cargos públicos). A segunda frase está igualmente correta, descrevendo os princípios da burocracia, que já vimos anteriormente. Entretanto, a terceira frase está incorreta, pois não existe essa confiança prévia nos servidores públicos. Muito pelo contrário! Na hora em que se imagina que seja necessário manualizar todos os processos, de forma a reduzir ao máximo a liberdade que o administrador terá para fazer seu trabalho, já existe uma idéia de desconfiança em seu trabalho, não é mesmo? A quarta frase está incorreta por um único detalhe. A banca se baseou em um texto de Chiavenato, que em sua obra Administração Geral e Pública menciona: “Na administração pública burocrática, o controle pode transformar-se na própria razão de ser do ESTADO, voltando-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade.” Assim, a banca trocou Estado por funcionário e considerou a frase incorreta. Acho esta uma questão bastante maldosa. Além disso, o controle deve sempre existir. O que ocorre na burocracia é que existe um controle prévio, de procedimentos ou “a priori”, e não um controle de resultados, ou “a posteriori”. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 103 Finalmente, a quinta frase também está incorreta. A burocracia não se distingue por sua efetividade, ou seja, a capacidade de atingir os efeitos e impactos desejados na sociedade. Normalmente, a burocracia, por sua cultura legalista, acaba sendo mais voltada às necessidades de sua máquina do que às necessidades de seus clientes. É o que chamamos de organização autorreferida, ou seja, que se preocupa mais com os problemas internos do que com sua missão e com seus objetivos. Desta forma, as únicas frases corretas são a I e a II. Assim, o gabarito é letra A. 8 - (ESAF – MPOG – APO – 2010) Uma das maiores obras de análise da estruturação e formação do Estado no Brasil foi 'Os Donos do Poder', de Raymundo Faoro. Assinale a opção que não corresponde ao pensamento de Faoro. a) A comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos depois, em linhas que se demarcam, gradualmente. b) O súdito e a sociedade se compreendem no âmbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo - assim é porque sempre foi. c) O patrimonialismo estatal, no Brasil, incentivou o setor especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado no desenvolvimento econômico sob o comando político; para satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu componente civil e militar. d) O brasileiro que se distingue há de ter prestado sua colaboração ao aparelhamento estatal, não na empresa particular, no êxito dos negócios, nas contribuições à cultura, mas numa ética confuciana do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae aprovado de cima para baixo. e) Na peculiaridade histórica brasileira, a camada dirigente atua em nome do interesse público, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas forças sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhes a agressividade transformadora, para incorporá-las a valores próprios, muitas vezes mediante a adoção de uma ideologia diversa, se compatível com o esquema de domínio. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 103 Esta questão é bastante complexa para os não-iniciados no estudo de Administração Pública, mas pode ser “decifrada” com uma leitura cuidadosa do seu texto. A alternativa E logo “pula” como a incorreta, pois no patrimonialismo a camada dirigente não atua em nome do interesse público, mas em próprio interesse. O texto correto da obra de Faoro diz o seguinte: “Na peculiaridade histórica brasileira, todavia, a camada dirigente atua em nome próprio, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas forças sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhe a agressividade transformadora, para incorporá-las a valores próprios, muitas vezes mediante a adoção de uma ideologia diversa, se compatível com o esquema de domínio.” Deste modo, o nosso gabarito é a letra E. 9 - (FCC – ISS-SP – AFTM – 2007) O modelo de Administração Burocrática, que tem entre seus principais expoentes Max Weber, caracteriza-se (A) pela criação de uma estrutura própria e estável, imune à alternância dos governantes, submetida a rígidos controles de resultado e de qualidade, sendo comumente criticada pelo excesso de formalismo e falta de flexibilidade. (B) pela consolidação do patrimonialismo, fazendo com que o Aparelho do Estado atue como extensão do poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo clientelismo, nepotismo e ausência de controles efetivos. (C) pelo fortalecimento do Aparelho do Estado, que passa a atuar de forma paralela e imune ao poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo inchaço dos quadros de servidores públicos e ausência de eficiência na correspondente atuação. (D) pela ênfase na idéia de carreira, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo, sendo comumente criticada pela rigidez do controle dos processos, de forma auto-referenciada e sem compromisso com os resultados para o cidadão. (E) como reação à Administração Pública patrimonialista, buscando instituir mecanismos de controle da atuação dos 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 103 governantes, com ênfase nos resultados, sendo comumente criticada pela ausência de controles eficazes dosprocessos. A alternativa A está errada, pois a burocracia não deve ser “imune” à alternância de governantes, já que deverá pôr em prática os objetivos estratégicos definidos na esfera política. Outro erro se relaciona com o controle de resultados, que é característica do modelo gerencial, e não do burocrático. A alternativa B está incorreta, pois busca eliminar o patrimonialismo, e não consolidá-lo. A alternativa C também está incorreta, pois a burocracia não deve atuar “imune” aos políticos, e sim deve cumprir as leis e controles estipulados pelos detentores do poder legislativo. A letra D está toda correta e descreve as características principais da burocracia. A letra E também está incorreta, pois identifica a burocracia com o controle de resultados – característica do modelo gerencial. Outro fato que não faz sentido é a afirmação de que a burocracia deve buscar criar mecanismos de controle dos governantes, ok? O gabarito é mesmo a letra D. A Nova Gestão Pública. Durante as décadas de 70 e 80 do século passado, os governos passaram por momentos difíceis, com uma economia em recessão e choques externos (como os do petróleo em 73 e 79), que levaram a uma crescente dificuldade destes governos em manter tanto o “Estado de bem-estar” (série de bens e serviços fornecidos pelo Estado a qualquer cidadão – educação e assistência médica gratuitas, renda mínima, auxílio desemprego etc.) quanto o investimento estatal, que foi a alavanca do crescimento econômico de várias economias até aquele momento29. No caso do Brasil, o modelo de desenvolvimento era baseado em pesados investimentos estatais e na criação de diversas empresas públicas para induzir o crescimento da economia nacional. Principalmente nos anos 60 e 70, o governo brasileiro utilizou o Estado para buscar o aumento do crescimento econômico. O investimento direto em diversas áreas (como a petroquímica e a siderurgia) foi a base 29 (Abrucio, 1997) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 103 deste processo. Com a crise internacional, o Estado brasileiro viu-se impossibilitado de continuar a impulsionar a economia desta forma. A crise fiscal foi também um importante fator, pois ficou cada vez mais difícil para o país “rolar” as dívidas antigas e financiar os déficits, portanto era primordial reduzir os gastos governamentais. Naquele momento, o aumento de impostos não era visto pelo governo como uma alternativa “palatável” ou aceitável, pois os cidadãos tinham uma percepção extremamente negativa da capacidade da máquina estatal de utilizar os recursos públicos. A dívida externa brasileira cresceu enormemente nesta época, e o Brasil acabou declarando moratória (dando o famoso “calote”) desta dívida – junto com diversos países latinoamericanos. Desta forma, o início da década de 80 foi marcado por um baixo crescimento econômico por parte da maioria destes países. Este período econômico da história brasileira – e sul-americana – ficou conhecido como a “década perdida”. A crise do Estado levou a uma crescente crítica ao modelo burocrático, visto como causador de lentidão, ineficiências e gastos excessivos. O governo era visto como um gastador perdulário, que não tinha eficiência e prestava um péssimo serviço aos cidadãos. Muitos teóricos iniciaram então uma busca por melhores práticas e foram ao encontro de várias iniciativas já em curso na administração empresarial. O setor privado era visto como mais eficiente e detentor de um modelo mais avançado de gestão. O setor estatal passou a adotar então o discurso de descentralização, da inovação, do foco nas necessidades do cliente, da estrutura mais flexível e enxuta que já existia no setor privado. O gráfico abaixo resume o contexto em que o modelo gerencial foi introduzido. Este processo ocorreu inicialmente na Inglaterra e Estados Unidos, e depois nos demais países desenvolvidos. Crise Econômica Crise do Estado Crítica ao Modelo Burocrático 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 103 Figura 1 - contexto da introdução do gerencialismo Essa nova concepção do Estado, em que se começa a implantar uma administração gerencial, é chamada também de Nova Gestão Pública (“New Public Management” ou NPM em inglês). Todavia, não podemos ver a administração gerencial como uma negação da Burocracia já que ela mantém diversas características, como a meritocracia, a avaliação de desempenho, a noção de carreira, entre outras. Ou seja, a administração gerencial deve ser vista como uma evolução do modelo burocrático, pois “aproveita” diversos de seus aspectos. Uma das principais diferenças entre o modelo burocrático e o modelo gerencial está na função controle, que deve deixar de ser efetuado com base em processos e procedimentos (“a priori” ou “ex- ante”) para ser efetuado com base em resultados (“a posteriori” ou “ex-post”). Veja abaixo um texto do PDRAE30 que aborda este tópico: “A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático. A 30 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) Nova Gestão Pública - controle finalístico ou "a posteriori" Burocracia - controle dos processos ou "a priori" 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 103 diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental.” Um dos autores mais importantes quando estudamos este tema é Bresser Pereira. De acordo com Bresser31, o modelo burocrático é baseado em uma mentalidade de desconfiança total em relação aos servidores públicos. Esta desconfiança é a premissa básica de todos estes controles de procedimentos. Se não confiamos na honestidade e capacidade de decisão dos servidores, controlamos todos os seus atos nos mínimos detalhes, não é mesmo? O problema é que isto acarreta uma rigidez muito grande e uma dificuldade em lidar com problemas específicos e localizados, já que as leis não conseguem abranger todas as especificidades de um problema. Desta forma, o modelo gerencial prega que o Estado deveria ter um grau de confiança limitado em relação aos seus servidores. Veja o texto original de Bresser: “Algumas características básicas definem a administração pública gerencial. É orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe que os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau real ainda que limitado de confiança.” Ou seja, deve-se dar autonomia ao servidor e cobrar resultados. O objetivo não pode ser que ele cumpra 497 regulamentos diversos e sim que os objetivos e metas dos órgãos sejam alcançados. A ideia é valorizar a capacidade de tomada de decisão e o empreendedorismo do servidor.Outra ideia é a de competição. Para muitos teóricos do gerencialismo (como Gaebler e Osborne32), o problema da falta de eficiência e eficácia de muitos órgãos públicos pode ser “debitado” ao “monopólio” destes órgãos na prestação de serviços públicos. Desta maneira, a Polícia Federal teria pouca preocupação em acelerar a emissão de passaportes, por exemplo, pois o cidadão não teria outra opção para conseguir este serviço. Para estes autores, este monopólio deveria ser “quebrado” sempre que possível. 31 (Bresser Pereira, 2001) 32 (Osborne & Gaebler, 1992) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 103 Veja abaixo no gráfico os objetivos do modelo gerencial, de acordo com o PDRAE: Figura 2 - Objetivos do gerencialismo Vamos ver algumas questões relacionadas a estes temas? 10 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito da chamada administração pública gerencial, analise as assertivas abaixo, classificando-as como verdadeiras(V) ou falsas(F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) A administração gerencial era considerada, quando da sua implementação, uma forma de trazer as mais recentes conquistas da administração de empresas para a administração pública. ( ) O paradigma gerencial contemporâneo, que se dizia fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exigia formas flexíveis de gestão, conforme se depreende do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. ( ) A administração gerencial visava transferir atividades de setor de serviços competitivos ou não exclusivos mediante o processo de publicização, ou seja, adoção pela sociedade, de formas de produção não lucrativas de bens e serviços públicos. ( ) As agências executivas também surgem como uma proposta inovadora da reforma administrativa gerencial no setor de atividades não exclusivas do Estado. a) F, F, V, F b) V, V, V, F c) F, F, V, V d) V, V, F, F Definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade Garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros ,para que possa atingir os objetivos contratados Controle ou cobrança a posteriori dos resultados Competição administrada no interior do próprio Estado 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 103 e) V, F, V, F A primeira assertiva está correta. O modelo gerencial realmente partiu de uma tentativa de implementar no setor público diversas práticas e ferramentas já utilizadas na iniciativa privada, nas empresas. A segunda frase também está certa. O modelo burocrático tem uma característica de desconfiança no servidor. O modelo gerencial busca alterar isto. Bresser comenta que o Estado deve pregar uma “confiança limitada” nos servidores e no cidadão. Deste modo, um modelo mais flexível de gestão é buscado. A terceira afirmação está igualmente correta. O Plano Diretor de 1995 incentivou a criação das organizações privadas sem fins lucrativos, que deveriam oferecer serviços e bens públicos. Seria o que o PDRAE chama de “serviços não exclusivos”. Finalmente, a última frase está errada. As agências executivas não seriam criadas para atuar no setor de atividades não exclusivas, mas sim no setor de “atividades exclusivas”. O gabarito é mesmo a letra B. 11 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A administração pública no Brasil evolui-se por meio de três modelos básicos: a administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Assim, pode-se afirmar que a reforma do aparelho do Estado que adotou o modelo de administração gerencial foi orientada predominantemente: I. pelos valores da eficiência e qualidade na prestação dos serviços públicos. II. pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. III. pelo rompimento com todos os princípios da administração pública burocrática. Marque a opção correta. a) As afirmativas I e III estão corretas. b) As afirmativas II e III estão corretas. c) As afirmativas I e II estão corretas. d) Somente a afirmativa I está correta. e) Somente a afirmativa III está correta. A primeira frase está certa. Os valores relacionados com a eficiência e com a qualidade na prestação dos serviços são ressaltados neste 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 103 modelo. A gestão por resultados busca exatamente melhorar os indicadores nestes aspectos. A segunda frase também está certa. Com um modelo mais flexível de gestão, buscamos dar maior autonomia aos gestores públicos, maior poder de decisão sobre os recursos disponíveis. Assim, isto deve gerar uma cultura gerencial nas organizações e nos servidores públicos, o que muitos autores chamam de empreendedorismo governamental. Finalmente, a terceira frase está errada. O modelo gerencial não rompe com todos os valores e princípios do modelo burocrático. Ele busca manter diversos aspectos, como a meritocracia, por exemplo. O gabarito é a letra C. 12 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A reforma do aparelho do Estado no Brasil, que substituiu o modelo de administração burocrático e adotou o modelo de administração gerencial, foi marcada por uma diferença que é considerada fundamental. Essa diferença fundamental está a) na forma de controle, que deixa de basear-se nos resultados para focar nos processos. b) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para focar nos resultados. c) na rigorosa profissionalização da administração pública que deixa de ser um princípio fundamental. d) na forma de controle, que passa a basear-se unicamente nos processos. e) na forma de controle, que deixa de basear- se nos processos e na profissionalização da administração pública para focar nos resultados. Questão bem tranquila da ESAF. A principal diferença entre os modelos burocráticos e gerenciais é o foco no controle. O modelo burocrático enfatiza os procedimentos, os processos de trabalho. Já o modelo gerencial enfatiza os resultados. Desta forma, o gabarito é a letra B. 13 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito das características da administração burocrática e da administração gerencial, atribua B à assertiva que descreva aspectos da administração burocrática e G à assertiva que descreva aspectos da administração gerencial. Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 103 ( ) O modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle dos procedimentos. ( ) Pensa na sociedade como campo de conflito, cooperação e incerteza no qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. ( ) Preocupa-se em oferecer serviços e não em gerir programas, visa atender aos cidadãos. ( ) É autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias necessidades e perspectivas. a) G, G, B, G b) B, G, B, B c) B, B, G, G d) B, G, G, B e) G, B, B, G A primeira frase está associada com a Burocracia. Este modelo busca controlar através de rígidos procedimentos e processos de trabalho. Ao contrário, o modelo gerencial busca dar maior flexibilidadeaos gestores e controlar os resultados. A segunda frase está relacionada com o modelo gerencial, pois é este que pressupõe uma sociedade em que cada pessoa busca maximizar seus interesses, com cenários incertos envolvendo conflitos e cooperação entre os indivíduos. O modelo burocrático tem uma visão mais determinista, que se baseia em um modelo de racionalidade absoluta. A terceira frase também está associada ao gerencialismo, pois este é mais focado no cliente/usuário dos serviços. Assim, o foco deve estar nos bens e serviços que são entregues e não na “máquina estatal”. Já a burocracia é autorreferenciada, voltada para dentro. Por este mesmo motivo, a quarta frase está associada ao modelo burocrático. Portanto, o gabarito é a letra D. 14 - (ESAF – ANA – ANALISTA – 2009) Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública: a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 103 b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis. d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos. Pessoal, a fase do império é um exemplo clássico de administração patrimonialista no Brasil. Deste modo, a primeira alternativa está incorreta, pois o modelo de gestão não era o burocrático naquele momento. A letra A descreve corretamente o que ocorreu na época, mas trocou o patrimonialismo pelo modelo burocrático. A letra B também está errada, pois Dom João não tinha nenhum destes objetivos e tampouco existia o modelo gerencial naqueles tempos. Já a letra C está correta e é o nosso gabarito. Entretanto, na letra D a banca mais uma vez trouxe o modelo burocrático, que não foi adotado por Dom João. Na letra E, o problema é que o modelo patrimonial de Dom João não centrou esforços no combate da corrupção e nem profissionalizou sua máquina. Assim sendo, o gabarito é mesmo a letra C. 15 - (ESAF – CGU – AFC – 2004) Ao longo de sua história, a administração pública assume formatos diferentes, sendo os mais característicos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial. Assinale a opção que indica corretamente a descrição das características da administração pública feita no texto a seguir. O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional. a) Patrimonialista e gerencial b) Patrimonialista e burocrático 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 103 c) Burocrático e gerencial d) Patrimonialista, burocrático e gerencial e) Burocrático A primeira situação (nepotismo, clientelismo e interpermeabilidade dos patrimônios públicos e privados) é característica do modelo patrimonialista. Já o modelo que se baseia no tripé: impessoalidade, profissionalismo e racionalidade é a burocracia. Portanto, o gabarito é a letra B. 16 - (CESPE – TRE-BA /ANAL JUD - ADMINISTRATIVA – 2010) A administração pública burocrática se alicerça em princípios como profissionalização, treinamento sistemático, impessoalidade e formalismo, que são abandonados à medida que a administração pública gerencial, calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo burocrático. O erro da questão é que nem todos estes princípios do modelo burocrático citados são abandonados pelo modelo gerencial, mas sim incorporados ao modelo gerencial. Portanto, o modelo gerencial é uma ruptura somente com alguns aspectos da burocracia (o formalismo, por exemplo), mas podemos dizer que “se apóia” em vários de seus princípios (profissionalização, meritocracia, etc.). Assim, o gabarito é questão errada. Continuando nossa aula, outro ponto trabalhado por Bresser é a noção de que se deve coibir uma forma de privatização do Estado, que ele chama de “Rent-seeking” (ou a busca pela renda/recurso, em tradução livre). O termo privatização não está sendo aqui usado com o significado de venda de empresas estatais, como é geralmente conhecido! A ideia é a de que o recurso público está se destinando a um interesse privado (interesses de grupos de pressão, de partidos etc.). Veja outro texto de Bresser abaixo: “A administração pública gerencial, por sua vez, assume que se deve combater o nepotismo e a corrupção, mas que, para isto, não são necessários procedimentos rígidos. Podem ter sido necessários quando dominavam os valores patrimonialistas; mas não o são hoje, quando já existe uma rejeição universal a que se confundam os 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 103 patrimônios público e privado. Por outro lado, emergiram novas modalidades de apropriação da res publica pelo setor privado, que não podem ser evitadas pelo recurso aos métodos burocráticos. Rent-seeking é quase sempre um modo mais sutil e sofisticado de privatizar o Estado e exige que se usem novas contra-estratégias. A administração gerencial — a descentralização, a delegação de autoridade e de responsabilidade ao gestor público, o rígido controle sobre o desempenho, aferido mediante indicadores acordados e definidos por contrato — além de ser uma forma muito mais eficiente para gerir o Estado, envolve estratégias muito mais efetivas na luta contra as novas modalidades de privatização do Estado.” Assim, o termo privatização é utilizado na frase não como venda regular de um patrimônio público à iniciativa privada, mas como o “parasitismo” do Estado, como o próprio Bresser define: “Rent-seeking é definido como a atividade de indivíduos e grupos de buscar “rendas” extra-mercado para si próprio através do controle do Estado.” A palavra tem origem na teoria econômica neoclássica, onde um dos sentidos da palavra “rent” é exatamente o ganho que não tem origem nem no trabalho, nem no capital. Este é o caso de grupos poderosos que se aproveitam de seu poder de influenciar o governo para receber recursos que não deveriam estar recebendo. Temos atualmente inúmeros casos de sindicatos, por exemplo, que recebem recursos públicos sem ter prestado nenhum serviço à sociedade, apenas por seu poder de ajudar ou atrapalhar o governante de ocasião! Desta forma, veja no quadro abaixo um resumo das principais característicasda Administração Gerencial: 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 103 Figura 6 - Características do modelo gerencial Outras características marcantes do novo modelo gerencial são: a demanda por maior autonomia aos gestores públicos (financeira, material e de recursos humanos), a definição clara de quais serão os objetivos que os gestores devem buscar, a descentralização administrativa, o incentivo à inovação, a maior flexibilidade, a preocupação com as necessidades dos “clientes”, o foco na qualidade dos serviços públicos e uma estrutura hierárquica mais achatada e flexível. O modelo de administração gerencial não surgiu “pronto”. Este teve uma evolução que podemos classificar em três momentos: inicia-se com o que chamamos de gerencialismo puro (ou managerialism), depois se volta para o “consumerism” e o PSO - “Public Service Orientation”. Como já vimos, as reformas administrativas implantadas nos países anglo-saxões a partir dos anos 70 do século passado, e depois disseminadas para os outros países, ficaram conhecidas pelo nome de Nova Gestão Pública (ou New Public Management – NPM). De acordo com Paula33: “a partir da década de 1970, a tentativa de adaptar e transferir os conhecimentos gerenciais desenvolvidos no setor privado para o setor público começou a se tornar preponderante, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos. Esta visão alcançou o seu auge nos anos 1980 com a emergência da new public management ou nova administração pública.” 33 (Paula, 2005) Cobrança de Resultados "a posteriori" Maior Autonomia e Flexibilidade Incentivo à Inovação e foco na qualidade Descentralização e preocupação com os "clientes" Administração Gerencial 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 103 Estas reformas foram causadas pelas crises fiscais destes países e geraram uma revisão do papel do Estado na economia e uma noção de que o atendimento aos cidadãos devia ser prestado com mais qualidade. Além disso, a definição e o controle de resultados, atrelados a mecanismos como os contratos de gestão, buscaram associar, à administração pública, um novo paradigma de gestão que viesse substituir o modelo burocrático. Assim, existiram três principais fases destas reformas: O Gerencialismo Puro, o Consumerism e o Public Service Orientation. Veja outras questões abaixo: 17 - (ESAF – RFB – AFRF – 2009) Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país: a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade. b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na lealdade política. c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada. d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona. e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle. O erro da primeira questão está relacionado com a “ordem dos fatores”. O que ocorreu foi que o modelo gerencial incorporou características do modelo burocrático (como a noção de profissionalismo) e não que o modelo burocrático incorporou valores do modelo gerencial. As alternativas restantes estão corretas. Assim, o gabarito é mesmo a letra A. 18 - (FCC – MP/SE – ADMINISTRADOR – 2009) modelo de Administração Pública Gerencial tem como principais características (A) descentralização dos processos decisórios, redução dos níveis hierárquicos, competição administrativa no interior das estruturas organizacionais e ênfase no cidadão-cliente. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 103 (B) concentração dos processos decisórios, aumento dos controles formais de processos e ênfase no cidadão-cliente. (C) inversão do conceito clássico de hierarquia, com redução dos níveis superiores e aumento dos inferiores, que passam a ser dotados de total autonomia decisória. (D) acentuação da verticalização das estruturas organizacionais, com aumento dos níveis hierárquicos superiores, onde se concentra todo o poder decisório. (E) descentralização dos processos decisórios, horizontalização das estruturas organizacionais e supressão dos mecanismos de controle de processos. A alternativa A descreve os pontos principais da Administração Gerencial e é o nosso gabarito. A alternativa B está errada, pois o modelo gerencial prega a descentralização do processo decisório, de forma a flexibilizar e a agilizar a tomada de decisões. Já a letra C vai longe demais, pois não se pretende dar total autonomia decisória aos níveis inferiores, nem inverter o conceito de hierarquia (o subordinado mandaria no chefe!). A alternativa D também está errada, pois a verticalização é característica da burocracia, e o modelo gerencial busca exatamente o contrário, ou seja, o achatamento das estruturas. Com isso teríamos menos níveis hierárquicos e menor custo administrativo. Por fim, a alternativa E está errada porque não se busca suprimir os mecanismos de controle, mas apenas trocar o foco nos procedimentos para o foco em resultados. 19 - (FCC – TRT/PR – ANALISTA ADM – 2010) Sobre as características da administração pública gerencial considere: I. No plano da estrutura organizacional tornam-se essenciais a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos. II. Tem como princípios orientadores do seu desenvolvimento o poder racional-legal. III. O cidadão é visto como contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços. IV. Sua estratégia volta-se para a definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade. V. Os cargos são considerados prebendas. É correto o que consta APENAS em (A) I e V. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 103 (B) I e II. (C) II, III e IV. (D) I, III e IV. (E) II, III e V. A primeira frase está correta, pois a estrutura da organização deve ser achatada (reduzindo seus níveis hierárquicos) de modo a agilizar o fluxo de informações e a aumentar a velocidade de adaptação desta organização aos desafios externos e demandas dos “clientes” internos e externos. A descentralização, que também é importante, ocorre quando as decisões passam a ser tomadas, em sua maioria, na base da organização, ou seja, pelas pessoas envolvidas diretamente no problema (pessoal na “linha de frente”). Entretanto, a segunda frase está errada, pois o modelo que se baseia na dominação racional-legal é a burocracia, e não o modelo gerencial. A terceira frase também aborda um aspecto correto do modelo gerencial, que é a visão do cidadão como um contribuinte e cliente dos serviços públicos. Portanto, a máquina pública teria de focar nas necessidades e demandas destes cidadãos, e não em seus problemas e demandas internos. A quarta frase aborda um dos aspectos mais importantesdo modelo gerencial – a preocupação com os resultados. Neste sistema, os gestores devem se comprometer com o alcance de resultados, em troca de maior autonomia para gerir seus recursos e de maior flexibilidade. A frase está certa. Já a quinta frase aborda uma característica do patrimonialismo (prebendas e sinecuras), e não do modelo gerencial. As prebendas e sinecuras eram posições ou cargos em que as pessoas eram escolhidas por seus contatos no poder (e não por mérito) e trabalhavam muito pouco. A escolha dos cargos públicos funcionava como uma troca de favores entre os envolvidos. O gabarito da questão é letra D. Gerencialismo Puro - Managerialism O primeiro impulso da Nova Gestão Pública (NPM) veio com o gerencialismo puro (ou managerialism – em inglês). De acordo com 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 103 Abrucio34, a Inglaterra, no governo Thatcher em 1979, foi um dos primeiros países a adotar os conceitos do NPM. O contexto era de exaustão das finanças do Estado e de incapacidade do mesmo em atender a todas as demandas sociais que a sociedade cobrava. Neste primeiro momento, as primeiras ações buscaram reduzir custos e pessoal. O objetivo era devolver ao Estado a condição de investir através da redução de custos e do aumento da eficiência. Dentro deste prisma, estava toda uma estratégia de reposicionar o papel do Estado na sociedade, reduzindo o número de atividades que eram exercidas. O primeiro impulso deste modelo, portanto, foi na direção de melhorar as finanças e a produtividade dos órgãos públicos. A burocracia era vista como excessivamente rígida e centralizadora na época, tornando o Estado lento e pouco responsivo às demandas do meio externo. Além disso, acabou gerando uma mentalidade no setor público de busca do cumprimento de regras e regulamentos, e não dos resultados. Dentre as iniciativas de Thatcher estavam: a privatização, a desregulamentação, a redução de cargos públicos, a definição clara dos objetivos de cada setor e outras com o intuito de reduzir os gastos. O movimento ficou conhecido como “rolling back the state”, algo como “retração da máquina estatal”. De acordo com Jenkins35: “Thatcher se comprometeu a mudar este modo de funcionamento do serviço público (centralização administrativa), aumentando a eficiência administrativa do Estado. Suas primeiras medidas foram reduzir o tamanho da máquina e o seu custo: a administração central passou de 700 mil para aproximadamente 600 mil funcionários. Em seguida, aprimorou o gerenciamento por meio das ações da Efficient Unit, que tinha como objetivo acompanhar as melhorias na administração do serviço público e executar avaliações do desempenho dos servidores.” Nesta visão, o cidadão é encarado pelo Estado como contribuinte (financiador do Estado), que deve ter seus recursos gastos de maneira mais consciente. 34 (Abrucio, 1997) 35 (Jenkins, 1998) apud (Abrucio, 1997) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 103 Assim, foi implantada aos poucos uma administração voltada para os resultados, com uma maior flexibilidade e descentralização dos gestores públicos, em vista a um ganho esperado de eficiência, que ao final acabou ocorrendo – pelo menos na ótica do gasto público. Como falamos acima, o gerencialismo buscou aumentar a eficiência do setor público. Mas, após os primeiros resultados, viu-se que o setor público não deveria apenas se preocupar com a eficiência, mas principalmente com a efetividade. Vamos relembrar rapidamente estes conceitos? Figura 7 - Eficiência, eficácia e efetividade Portanto, o gerencialismo puro buscava mais a eficiência, relacionada à gestão dos recursos, do que a efetividade – o efeito ou impacto na realidade social decorrentes das ações do governo. De acordo com Paula36, as características principais deste modelo foram: 36 (Paula, 2005) ͻ Aumento da eficiência e redução de custos Alvo do Gerencialismo Puro ͻ Fazer bem alguma tarefa ͻ Utilizar da melhor forma os recursos ͻ Relacionado ao modo, ao meio de se fazerEficiência ͻ Fazer a coisa certa ͻ Atingir os resultados e metas ͻ Relacionado aos finsEficácia ͻ Impacto das ações ͻ Mudar a realidade Efetividade 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 103 Descentralização do aparelho de Estado, que separou as atividades de planejamento e execução do governo e transformou as políticas públicas em monopólio dos ministérios; Privatização das estatais; Terceirização dos serviços públicos; Regulação estatal das atividades públicas conduzidas pelo setor privado; Uso de ideias e ferramentas gerenciais advindas do setor privado. Consumerism Desta forma, o gerencialismo puro recebeu muitas críticas, pois a redução de custos e o aumento da eficiência não podiam ser o único objetivo das reformas. Mas o retorno à burocracia não era mais visto como uma solução aceitável. O que faltava no modelo era a visão de que os serviços deveriam ser prestados com qualidade e com foco nas necessidades dos “clientes” e não com base nas necessidades da máquina pública. Esta nova visão não renegou os princípios do gerencialismo puro, mas acrescentou outras variáveis e prioridades. Foi o início do que chamamos de “paradigma do cliente” na administração pública. A preocupação deixou somente de ser com os custos e a produtividade para ser voltada a “fazer melhor” – entregar serviços de qualidade para a sociedade. Uma das medidas tomadas neste modelo foi a descentralização do processo decisório. A ideia é delegar poderes para quem está efetivamente envolvido na prestação do serviço ao “cliente”. Ao dar liberdade e autonomia para o servidor público que está lidando com o problema diretamente, sem necessitar “passar” esta informação a um superior e esperar sua resposta, aumentam-se as chances da organização responder ao problema de forma mais acertada. Além disso, as decisões são mais rápidas e o próprio “cliente” poderá acompanhar o processo decisório e cobrar do agente público que gerencia o processo. Pense bem, sempre será mais fácil cobrar algo de um prefeito do que de um ministro ou Presidente da República, não é mesmo? Portanto, a fiscalização sempre será mais fácil quando o agente público que toma a decisão estiver mais próximo do cidadão. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 103 Outra medida foi a tentativa de quebrar o “monopólio” na prestação de serviços dentro da máquina pública, tentando assim criar uma competitividade dentro do setor público e gerando alternativas de atendimento ao “cliente”. Ou seja, devia-se buscar, sempre que possível, criar alternativas para o “cliente” na prestação de serviços públicos (como no caso de escolas próximas, por exemplo) e fomentar esta “disputa” entre estes prestadores de serviços públicos. De acordo com Martins37, “O consumerism consistiu numa segunda resposta, uma reorientação do gerencialismo puro mais voltada à racionalização tendo como ponto central a questão da satisfação das necessidades dos cidadãos/consumidores de serviços públicos. A ênfasedeste modelo é uma estratégia de qualidade, a ser controlada pelo programa Citizen’s Charter, cujos resultados apoiavam-se em medidas tais como descentralização, estímulo à competitividade, modelos contratuais flexíveis e direcionados para a qualidade.” Por fim foram criados novos modelos contratuais, que serviriam como uma gestão de resultados no setor público. As principais críticas direcionadas ao Consumerism vieram exatamente do problema de se considerar o cidadão um simples cliente, pois apesar de ser uma evolução do que existia antigamente, não se adapta perfeitamente ao real relacionamento que deve existir entre o Estado e seus cidadãos. O termo cliente traz a noção de tratamento diferenciado aos que realmente utilizam os serviços públicos, enquanto o Estado deve ser isonômico! 37 (Martins, Burocracia e a revolução gerencial - a persistência da dicotomia entre política e administração, 1997) Alvo do Consumerism Satisfação do ͞ĐůŝĞŶƚĞ͟ 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 103 Assim sendo, o bordão comum no setor privado (“o cliente sempre tem razão”) não se aplica no setor público, e no relacionamento entre o Estado e o cidadão devem existir direitos e deveres. O conceito de cliente VIP também seria obviamente inconstitucional, pois o Estado não poderia tratar como especial um cidadão por ser um maior contribuinte, não é mesmo? Imagine se os maiores empresários do Brasil tivessem uma fila de atendimento prioritário em um órgão público. Não seria bem aceito isso pela população, não é verdade? Desta forma, se fez necessária uma nova visão, que iremos ver no Public Service Orientation. Public Service Orientation - PSO Com o PSO, que é a versão atual ou mais moderna da Nova Gestão Pública (ou NPM), entra a noção de tratamento não somente como “cliente”, mas como cidadão – uma noção mais ampla do que a de cliente, com direitos e deveres. Ou seja, neste caso, o cidadão não só pode como deve supervisionar a gestão dos recursos públicos e o funcionamento do Estado como um todo. Os princípios do PSO são temas como a equidade, a justiça, a transparência, a accountability, bem como a participação popular. A descentralização no PSO não é vista somente como uma maneira de melhorar os serviços prestados, mas como um meio de possibilitar a participação popular, criando-se uma arena que aumente a participação política dos cidadãos. Desta forma, busca-se trazer o cidadão para dentro da esfera do funcionamento do Estado, de modo que ele possa direcionar a maioria das ações do Estado. Veja como Marini38 descreve o PSO abaixo: “O terceiro, o Public Service Oriented (PSO), está baseado na noção de eqüidade, de resgate do conceito de esfera pública e de ampliação do dever social de prestação de contas (accountability). Essa nova visão, ainda que não completamente delimitada do ponto de vista conceitual, introduz duas importantes inovações: uma no campo da descentralização, valorizando-a como meio de implementação de políticas públicas; 38 (Marini, 2003) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 103 outra a partir da mudança do conceito de cidadão, que evolui de uma referência individual de mero consumidor de serviços, no segundo modelo, para uma conotação mais coletiva, incluindo seus deveres e direitos. Desse modo, mais do que “fazer mais com menos” e “fazer melhor”, o fundamental é “fazer o que deve ser feito”. Isto implica um processo de concertação nacional que aproxima e compromete todos os segmentos (Estado, sociedade, setor privado, etc.) na construção do projeto nacional.” Portanto, a visão atual é a de que o Estado deve não só prestar serviços de qualidade e tratar bem seus cidadãos, mas que deve proporcionar meios que possibilitem a cobrança de resultados e a participação destes cidadãos nas políticas públicas, de modo que o cidadão deixe de ser passivo diante do Estado para uma postura mais ativa. De acordo com Martins39, o PSO: “propõe uma revalorização da política na definição das finalidades estatais, aumento da accountability, participação, transparência, eqüidade e justiça. Este movimento baseia-se numa visão coletiva do cidadão, enfoca a esfera pública como um locus de aprendizado social e prega o aprimoramento da cultura cívica do cidadão, burocrata e político.” Vamos ver mais questões agora? 20 – (ESAF – RFB – AUDITOR – 2014) Considerando-se os modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrático e gerencial, é correto afirmar que: a) a Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, pregando o formalismo, rigidez e o rigor técnico. b) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. c) a Administração Pública burocrática prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores. 39 (Martins, Burocracia e a revolução gerencial - a persistência da dicotomia entre política e administração, 1997) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 51 de 103 d) a Administração Pública Gerencial é autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias necessidades e perspectivas, sem considerar a alta ineficiência envolvida. e) a Administração Pública Gerencial assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos com o controle de procedimentos. A Administração Burocrática é baseada na dominação racional-legal e prega o formalismo e o rigor técnico. Assim, a letra A está certa e é o gabarito. Já a letra B está errada, pois é o modelo gerencial que pensa a sociedade como um campo de conflito. O mesmo erro ocorre na letra C, pois é o modelo gerencial que prega a descentralização, não o modelo burocrático. Na letra D, é o modelo burocrático que é autorreferente, voltado para dentro. Finalmente, a letra E está errada porque é o modelo burocrático que tem um foco nos procedimentos. Deste modo, o gabarito é mesmo a letra A. 21 - (ESAF – MTE / AFT – 2010) As seguintes afirmações espelham entendimentos corretos sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto: a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas nas administrações públicas de alguns países a partir da década de 1970, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo puro, mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos. c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da tecnologia de gestão empresarial ao Estado. d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de transparência, dever social de prestação de contas, participação política, equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo gerencial puro. e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma forte retomada do estado do bem-estar social e do desenvolvimentismo burocrático, ideal reforçado pela recentecrise do mercado financeiro internacional. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 103 A questão pede que o candidato marque a opção errada. Assim sendo, a letra E está claramente equivocada e é o nosso gabarito. O início da experiência brasileira com a Nova Gestão Pública, ou modelo gerencial, buscou a melhoria da gestão fiscal (através de cortes de despesas, privatizações, terceirizações etc.). Não existiu esta forte retomada do estado do bem-estar social nesta época, pelo contrário. A crise financeira só ocorreu em 2008, bem depois do PDRAE (1995). Portanto, o gabarito é mesmo a letra E. Papel dos gestores públicos no tratamento dos recursos financeiros, humanos e físicos. Governança e Governabilidade Os termos governança e governabilidade passaram a ser mais debatidos após as crises econômicas dos países em desenvolvimento nos anos 70 e 80 do século passado e do crescente processo de globalização40. Um exemplo de instituição que disseminou estes conceitos foi o do Banco Mundial. Esta instituição estava preocupada, naquela época, com uma baixa capacidade dos governos em desenvolvimento de implementarem seus programas com eficiência e eficácia. Portanto, o conhecimento destes conceitos nos possibilita entender melhor os desafios que os Estados modernos enfrentam nestes tempos complexos. Entretanto, são termos muito confundidos, pois são conceitos entrelaçados e conexos. O conceito de governabilidade é mais relacionado à capacidade política de governar41, ou seja, às condições de um governo de se legitimar perante a sociedade como um todo. É um termo ligado ao próprio exercício do poder e às condições materiais que devem existir para que um governo consiga exercer suas funções. Se um governo conta com apoio da sociedade como um todo para governar, ele tem governabilidade. A governabilidade insere-se então nos 40 (Araújo V. d., 2002) 41 (Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 103 aspectos políticos do Estado: as relações entre os poderes, os sistemas partidários, a forma de governo, etc.42 Eli Diniz apresenta três dimensões do conceito de governabilidade43: Capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular politicas adequadas ao seu enfrentamento; Capacidade governamental de mobilizar os meios e recursos necessários à execução dessas politicas, bem como sua implementação; Capacidade de liderança do Estado sem a qual as decisões tornam- se inócuas. Já a governança está relacionada com a gestão dos recursos e com a capacidade deste governo de implementar as políticas públicas, ou seja, sua capacidade gerencial, técnica e financeira. De acordo com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado44 - PDRAE, o governo brasileiro não carece de governabilidade, mas de governança. Veja o texto original abaixo: “...pretende-se reforçar a governança - a capacidade de governo do Estado - através da transição programada de um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para uma administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão. O governo brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja, de poder para governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que conta na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de governança, na medida em que sua capacidade de implementar as políticas públicas é limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa.” Assim, de acordo com a análise de Bresser, o Brasil naquela época (anos 90) tinha apenas um problema de governança. Após a redemocratização, o governo era percebido pela população como legítimo, portanto tinha apoio – e governabilidade. O que faltava era capacidade 42 (Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais, 2009) 43 (Diniz, 1995) apud (Gonçalves, 2005) 44 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 103 gerencial e financeira de atender às demandas da sociedade por serviços públicos. De acordo com Bresser: “Um governo pode ter governabilidade, na medida em que seus dirigentes contem com os necessários apoios políticos para governar, e no entanto pode governar mal por lhe faltar a capacidade da governança.”45 Vamos analisar uma questão que analisa este tópico? 22 - (CESPE - TCE-AC / ANALISTA - 2006) Aumentar a governança do Estado significa aumentar sua capacidade administrativa de gerenciar com efetividade e eficiência, voltando-se a ação dos serviços do Estado para o atendimento ao cidadão. Esta questão está perfeita e seu texto foi retirado do PDRAE. De acordo com o Plano Diretor46 em seu tópico 6.1, um de seus objetivos é: “Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade administrativa de governar com efetividade e eficiência, voltando a ação dos serviços do Estado para o atendimento dos cidadãos.” Portanto, a questão está correta. Mas professor, eu não entendi porque estes conceitos são entrelaçados! Pessoal, imaginem que vocês estejam morando agora no Egito (que enfrentou diversas revoltas para derrubar o ditador Mubarak). Este país enfrentou uma crise de governabilidade, ou seja, não foi visto pela sua própria população como legítimo para governar o país. Com estas revoltas que aconteceram, certamente diversos serviços públicos foram suspensos (como escolas e hospitais) e vários programas governamentais não foram executados de forma correta. Desta forma, a dificuldade do próprio governo de exercer o poder (governabilidade) acaba afetando a capacidade deste mesmo governo de viabilizar as políticas públicas (governança), não é mesmo? Entretanto, a falta de governança também pode diminuir a governabilidade. Mas como vimos no texto acima do PDRAE, a falta de governança não reduziu a governabilidade no caso brasileiro. 45 (Bresser Pereira, A reforma do estado dos anos 90: lógica e mecanismos de controle, 1998) 46 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 103 Ou seja, é possível um Estado ter uma baixa governança e manter a sua governabilidade. Abaixo podemos ver um resumo dos conceitos: Figura 8 - Governança e governabilidade Outra vertente teórica considera a governança (ou “governance”) como uma mudança no papel do Estado. Este passaria a ser mais pluralista, ou seja, aceitaria uma participação maior da sociedade na formulação das políticas públicas. Seria o movimento da governança pública. Desta forma, a governança pública seria uma maneira de aumentar a participação da sociedade na gestão do Estado e de tornar as decisões menos técnicas e mais políticas. De acordo com Kooiman47, a governança poderia ser definida como “um modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no processo de elaboração de políticaspúblicas.” Assim, o Estado abre espaço para um maior envolvimento de outros atores não-estatais na formulação, implementação, execução e avaliação das políticas públicas. Assim sendo, a governança teria um aspecto interno e outro aspecto externo. A gestão dos diversos recursos públicos (como as pessoas, os recursos financeiros e os recursos materiais) estaria relacionada com a governança interna. Já a coordenação com diversas entidades governamentais e não governamentais na implementação das políticas públicas estaria ligada a governança externa. De acordo com Gonçalves: “enquanto a governabilidade tem uma dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema politico-institucional, a governança opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo”. 47 (Kooiman, 1993) apud (Secchi, 2009) ͻCapacidade técnica, financeira e gerencial; ͻAspectos operacionais - gerir recursos. Governança ͻLegitimidade; ͻPoder para governar; ͻCapacidade política.Governabilidade 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 103 Vejam que o conceito de governança não significa o mesmo para todos os autores! Alguns teóricos (como Gonçalves) acreditam que o conceito de governança é mais amplo do que o de governabilidade e engloba a relação com a sociedade. De acordo com Secchi48, a governança pública seria ligada ao movimento do Neoliberalismo. De acordo com o autor: “A etiqueta “governance” denota pluralismo, no sentido que diferentes atores têm, ou deveriam ter, o direito de influenciar a construção das políticas públicas. Essa definição implicitamente traduz-se numa mudança do papel do Estado (menos hierárquico e menos monopolista) na solução de problemas públicos.” Assim, na visão destes autores, o movimento da governança pública seria uma resposta dos Estados a um ambiente de maior complexidade e maiores demandas sociais; à ascensão dos valores neoliberais (que derivam de uma desconfiança na capacidade do Estado sozinho resolver os problemas da sociedade e prescrevem uma associação com entidades da sociedade civil para que estas ajudem ao Estado) e à própria elevação do modelo gerencial (e sua preocupação com o desempenho da máquina estatal). De acordo com estes autores, o resgate das redes ou comunidades como estruturas de construção de políticas públicas49 é um dos pontos mais importantes do movimento da governança pública. Além disso, dentro desta lógica, o Estado passa a ter de lidar com uma gama de redes interorganizacionais, integradas por diversos diferentes atores, sejam pertencentes ao Estado ou não, que estarão envolvidos neste processo. Portanto, neste modelo, o Estado deixa de “fazer tudo sozinho” e passa a contar com diversos atores (ONG´s, Organizações Sociais, etc.) no processo de execução das políticas. Assim, deixa de ocupar um papel de execução para assumir uma posição de coordenação e controle das políticas públicas50. De acordo com Matias-Pereira51, a Governança Pública está apoiada em quatro princípios: 48 (Secchi, 2009) 49 (Brugué e Valles, 2005) apud (Secchi, 2009) 50 (Richards e Smith, 2002) apud (Secchi, 2009) 51 (Matias-Pereira, Os efeitos da crise política e ética sobre as instituições e a economia no Brasil, 2006) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 103 Relações Éticas; Conformidade, em todas as suas dimensões; Transparência; Prestação responsável de contas. Outra diferença entre a governança e a governabilidade relaciona-se com a fonte de cada uma. No caso da governabilidade, sua fonte direta são os cidadãos e da cidadania organizada52. Ou seja, sem o apoio destes, nenhum governo consegue desenvolver as condições políticas para suas políticas públicas. Já no caso da governança, de acordo com Araújo53, sua fonte não seriam os cidadãos, mais os agentes e servidores públicos (pois são os que efetivamente formulam e executam as políticas públicas). Capacidade Governativa Com a evolução das discussões sobre as distintas capacidades do Estado de atuar no plano político institucional (identificado com o conceito de governabilidade) e no plano gerencial (identificado com o conceito de governança), alguns autores já falam da falta de sentido de existir uma diferenciação dos conceitos. De acordo com Santos54, o conceito de governança não englobaria apenas os aspectos operacionais e da gestão de recursos do Estado e de gestão da máquina. Pela autora, “a discussão mais recente do conceito de governance ultrapassa o marco operacional para incorporar questões relativas a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico. Incluem-se aí, não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como partidos políticos e grupos de pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos.” 52 (Araújo V. d., 2003) 53 (Araújo V. d., 2003) 54 (Santos, 1996) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 103 Assim, os conceitos de governança e de governabilidade deveriam ser substituídos pelo conceito de capacidade governativa, que englobaria tanto os aspectos políticos quanto os aspectos de gestão do Estado. A capacidade governativa, de acordo com ela55, seria “a capacidade de um sistema político de produzir políticas públicas que resolvam os problemas da sociedade, ou, dizendo de outra forma, de converter o potencial político de um dado conjunto de instituições e práticas políticas em capacidade de definir, implementar e sustentar políticas” Portanto, o conceito de capacidade governativa seria mais adequado, pois facilitaria a compreensão de que os fatores políticos afetam a capacidade de gestão e que uma incapacidade nesta gestão também causa uma erosão na capacidade política de governar. Vamos ver algumas questões agora? 23 - (FCC – ISS-SP – AUDITOR – 2012) Governança, no setor público, I. é um fenômeno mais amplo que governo; abrange as instituições governamentais, mas implica também em mecanismos informais, de caráter não governamental. II. implica principalmente mecanismos formais, de caráter governamental, que fazem com que as pessoas e as organizações dentro da sua área de atuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam suas necessidades e respondam às suas demandas. III. refere-se a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico. IV. diz respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes e o sistema de intermediação de interesses. V. é a capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular políticas adequadas ao seu enfrentamento. Está correto o que se afirma APENAS em (A) II, IV e V. (B) III e V. (C) I e III. 55 (Santos, 1996) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs.Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 103 (D) II, III e IV. (E) I, IV e V. Esta questão foi baseada em um artigo de Alcindo Gonçalves: “O conceito de governança”56. De acordo o texto, Rosenau descreve o conceito de governança como mais amplo do que o de governo: “governança é um fenômeno mais amplo que governo; abrange as instituições governamentais, mas implica também mecanismos informais, de caráter não governamental, que fazem com que as pessoas e as organizações dentro da sua área de atuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam suas necessidades e respondam as suas demandas”. Vejam que a definição retirada do texto foi “copiada” pela banca na frase I. Com isso, esta está certa. Já a segunda frase está incorreta, pois para este autor o conceito de governança não implica principalmente os mecanismos formais, mas também os informais. Em outro trecho do artigo, Gonçalves traz outra definição utilizada pela banca: “a governança refere-se a “padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico”, incluindo-se ai “não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos de pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos” (Santos, 1997, p. 342). Ou seja, enquanto a governabilidade tem uma dimensão essencialmente estatal, vinculada ao sistema politico-institucional, a governança opera num plano mais amplo, englobando a sociedade como um todo”. Vejam que a terceira frase está também “copiada” do texto do Alcindo. Entretanto, saibam que a definição no final da citação não é 56 (Gonçalves, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 103 consenso entre os teóricos da área. Para o Gonçalves, o conceito de governança é mais amplo do que o de governabilidade. Já a quarta frase está incorreta porque se refere ao conceito de governabilidade e não de governança. De acordo com o texto do autor: “A governabilidade refere-se mais a dimensão estatal do exercício do poder. Diz respeito às “condições sistêmicas e institucionais sob as quais se da o exercício do poder, tais como as características do sistema politico, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de interesses” (Santos, 1997, p. 342).” Finalmente, a quinta frase está relacionada à uma das dimensões do conceito de governabilidade do Eli Diniz. Com isso, a frase está incorreta. O gabarito é mesmo a letra C. 24 - (FCC – TRE/MS – ANAL ADM – 2007) Considere as afirmativas abaixo. I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder. II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas. III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação. IV. Diz respeito à capacidade de decidir. V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo a viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução das decisões que o governo toma. Correspondem ao conceito de governança APENAS: (A) I e II. (B) III e IV. (C) II e III. (D) II e V. (E) IV e V. A questão refere-se ao conceito de governança. Assim, a primeira frase está incorreta, pois as condições necessárias ao exercício do poder relacionam-se com a governabilidade, não com a governança. Já a 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 103 segunda frase está correta, pois a governança refere-se exatamente à capacidade do Estado de implementar suas políticas públicas. A terceira frase também está incorreta, pois as relações entre os poderes, a forma de governo são aspectos políticos ligados à governabilidade. A quarta frase também está ligada à governabilidade, ou seja, a capacidade de tomar decisões relaciona-se com o exercício do poder. A quinta frase está certa, pois dizemos que existe governança quando o Estado consegue implementar (viabilizar) as políticas públicas. Desta forma, tem capacidade gerencial, técnica e financeira de tornar realidade as decisões políticas tomadas pelos governantes. O gabarito é mesmo a letra D. Accountability O termo accountability deriva da noção, antiga no mundo anglo- saxão, de que os representantes do Estado devem prestar contas à sociedade de seus atos. Portanto, podemos ligar este conceito à capacidade dos governantes e agentes públicos de prestar contas de seus atos na gestão da coisa pública aos governados. De acordo com Campos57, nas sociedades democráticas mais modernas, se aceita como natural e se espera que os governos – e o serviço público – sejam responsáveis perante os cidadãos. Além disso, acredita-se nestes países que a própria accountability força uma evolução das práticas administrativas, pois com mais informação e participação, a população passa a exigir melhores resultados. Para a supracitada autora, o próprio conceito de accountability não era conhecido no Brasil até pouco tempo, pois não havia esta noção de que o agente público teria a obrigação de prestar contas e de que os recursos públicos tinham, sim, dono - a coletividade. Desta forma, os mecanismos burocráticos de controle não supriam esta necessidade e não existia na cultura do setor público esta noção de prestação de contas à população. Entretanto, como os recursos públicos são da sociedade, torna-se fundamental a obrigação dos agentes que cuidam destes recursos de responder por eles58. Portanto, o agente que recebeu o poder de administrar a “coisa” pública deve prestar contas à sociedade, que delegou este poder. De 57 (Campos, 1990) 58 (Paludo, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 103 acordo com Paludo, nas experiências de accountability, quase sempre “estão presentes três dimensões: informação, justificação e punição”. Para Mosher59, a accountability é sinônima de responsabilidade objetiva ou obrigação em responder por algo. Desta forma, o autor diferencia a responsabilidade objetiva (que vem de fora, sendo imposta), da responsabilidade subjetiva (que vem de dentro do sujeito). Assim, se o agente público não se sente na obrigação de prestar contas, deveria existir algum mecanismo que o obrigue! Deve existir a noção de que a prestação de contas não é um favor, mas um dever do agente público. Este fator é ainda mais importante no caso da burocracia. Estes agentes públicos, ao contrário dos políticos (que devem ser eleitos a cada eleição), não são submetidos a uma avaliação da sociedade. Desta forma, devem existir mecanismos que busquem evitar que estes servidores públicos abusem de sua autoridade ou façam uma má gestão dos recursos públicos. Além disso, a accountability é um elemento fundamental para o grau de governança democrática60. Afinal, se não temos nenhum controle sobre as ações e decisões do Estado, como podemos exercer a nossa cidadania em sua plenitude? Se não estamos informados dos fatos que ocorrem no governo, das decisões e motivos dosgovernantes, não teremos como exigir melhoras práticas e governantes, não é mesmo? De acordo com de Araújo: “o grau de governança democrática de um Estado depende, diretamente, do quantum de accountability existente na sociedade, assim como da natureza e abrangência do controle público sobre a ação governamental, visto que o princípio da soberania popular, alma da democracia, pressupõe não apenas o governo do povo e para o povo, mas também pelo povo” 59 (Mosher) apud (Campos, 1990) 60 (de Araújo, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 103 Tipos de Accountability O conceito de accountability pode ser dividido em três tipos: horizontal, vertical e societal61. A accountability horizontal é relacionada com o controle e prestação de contas que ocorre quando um poder ou órgão fiscaliza o outro. Ou seja, o accountability horizontal ocorre quando existe uma ação entre entidades no mesmo plano. Pense neste termo horizontal – passa uma ideia de que as pessoas ou entidades são do mesmo nível, não é mesmo? Portanto, este tipo de controle funciona dentro do equilíbrio que deve existir entre os Poderes da República e o próprio controle interno de cada órgão. Dentre os exemplos, podemos citar as auditorias realizadas pela Controladoria-Geral da União nos órgãos federais (controle interno), as auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (controle externo), dentre outras. Já a accountability vertical se refere ao controle que a população exerce sobre os políticos e os governos. De acordo com O´Donnell62, que criou os conceitos de accountability horizontal e vertical, a accountability vertical é relacionada com a capacidade da população de votar e se manifestar de forma livre: “Por definição, nesses países a dimensão eleitoral de accountability vertical existe. Por meio de eleições razoavelmente livres e justas, os cidadãos podem punir ou premiar um mandatário votando a seu favor ou contra ele ou os candidatos que apoie na eleição seguinte. Também por definição, as liberdades de opinião e de associação, assim como o acesso a variadas fontes de informação, permitem articular reivindicações e mesmo denúncias de atos de autoridades públicas. Isso é possível graças à existência de uma mídia razoavelmente livre, também exigida pela definição de poliarquia. Eleições, reivindicações sociais que possam ser normalmente proferidas, sem que se corra o risco de coerção, e cobertura regular pela mídia ao menos das mais visíveis dessa reivindicações e de atos 61 (Campos, 1990) 62 (O´Donnell, 1998) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 64 de 103 supostamente ilícitos de autoridades públicas são dimensões do que chamo de "accountability vertical".” Os principais mecanismos da accountability vertical seriam: o voto e a ação popular. Entretanto, O´Donnell critica a eficácia deste tipo de controle, pois as eleições ocorrem somente de quatro em quatro anos. Desta forma, pouco a população pode fazer neste intervalo de tempo. Ao contrário da accountability horizontal, no caso do vertical, este controle não é exercido por entidades do mesmo plano, do mesmo nível, com poderes semelhantes. A accountability societal refere-se ao controle exercido pela sociedade civil, muitas vezes representada por ONGs, sindicatos e associações. Estas instituições, em busca de denunciar abusos e desmandos dos agentes públicos, exercem uma pressão legítima sobre a Administração Pública. Além disso, estas instituições buscam, com este tipo de pressão e de denúncia, alertar os “canais normais” de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União, por exemplo. De acordo com Smulovitz e Peruzzotti63: “um mecanismo de controle não-eleitoral, que emprega ferramentas institucionais e não institucionais (ações legais, participação em instâncias de monitoramento, denúncias na mídia, etc.) e que se baseia na ação de múltiplas associações de cidadãos, movimentos, ou mídia, objetivando expor erros e falhas do governo, trazer novas questões para a agenda pública ou influenciar decisões políticas a serem implementadas pelos órgãos públicos.” De acordo com Carneiro64, os Conselhos de Políticas Públicas, em que o Estado e a sociedade participam de forma paritária, são exemplos de accountability societal, pois possibilitam a participação popular na condução das políticas públicas e, portanto, no funcionamento do Estado. De acordo com a autora: “os conselhos apontam para uma nova forma de atuação de instrumentos de accountability societal, pela capacidade de colocar tópicos na agenda pública, de controlar seu desenvolvimento e de monitorar processos de implementação de 63 (Smulovitz e Peruzzotti, 2000) apud (Carneiro, 2006) 64 (Carneiro, 2006) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 65 de 103 políticas e direitos, através de uma institucionalidade híbrida, composta de representantes do governo e da sociedade civil.” Desta forma, podemos ver no gráfico abaixo as três modalidades de Accountability. Figura 9 - Tipos de Accountability Vamos ver agora algumas questões? 25 - (FCC – BAHIAGAS – ADMINISTRADOR – 2010) Accountability é (A) a relação de legitimidade e autoridade do Estado e do seu governo com a sociedade. (B) o reconhecimento que tem uma ordem política, dependente das crenças e das opiniões subjetivas, e seus princípios são justificações do direito de mandar. (C) o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestarem contas dos resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição das políticas públicas. (D) a capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias instituições. (E) a aquisição e centralização de poder do setor público na administração das agências, por meio dos princípios de governança corporativa do setor privado. Após o que já vimos acima, não fica difícil acertar esta questão, não é mesmo? O conceito de accountability relaciona-se com a alternativa C. A alternativa A relaciona-se mais com a governabilidade, portanto está incorreta. A segunda opção também não se relaciona com a accountability. Accountability Societal Horizontal Vertical 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 66 de 103 Já na letra D, o governo deve representar a sociedade, e não suas próprias instituições. Da mesma maneira, a letra E contradiz o conceito de accountability, pois o a centralização do poder na administração das agências não é coerente com a prestação de contas e a responsividade aos desejos da população. Assim sendo, o gabarito é mesmo a letra C. 26 - (FCC – TCE-PR – ANALISTA – 2011) Considere as afirmativas: I. A Accountability horizontal requer a institucionalização de poderes para aplicação de sanções legais em atos verificados como nocivos à gestão pública. II. A Accountability relaciona-se ao princípio da publicidade. III. A Governança tem um sentido amplo, denotando articulação entre Estado e sociedade. IV. A Governabilidade denota um conjuntoessencial de atributos de um governo a fim de executar sua gestão. V. Há relação direta e proporcional entre a percepção dos cidadãos na avaliação positiva de governantes agirem em função do interesse coletivo e a maior accountability do governo. No âmbito da esfera pública, está correto o que se afirma em a) I, II, III e V, apenas. b) II, III, IV e V, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, II, III, IV e V. e) I, III, IV e V, apenas. A primeira frase está correta, pois para que ocorram os “checks and balances”, ou “pesos e contrapesos” é necessário que os papéis de cada poder estejam definidos e balanceados entre si. Um poder não pode “dominar” o outro. A segunda frase também está perfeita. A Accountability está ligada mesmo ao princípio da publicidade, pois indica que os órgãos devem ser transparentes aos seus cidadãos. A terceira frase apresenta a definição de Gonçalves de governança, que abrange as relações entre o Estado e a sociedade. Com isso, está correta. A quarta frase também está certa. A governabilidade indica a capacidade de um governo de angariar apoio político e poder tomar suas decisões políticas. Sem esta capacidade, o governo não consegue articular 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 67 de 103 os diversos interesses na sociedade e canalizar os meios necessários para resolver os problemas. Finalmente, a quinta frase está certa também, apesar de sua redação não ser das melhores. A percepção da população tem uma relação direta com a capacidade de accountability. Quanto mais transparentes e quanto mais agirem de acordo com os desejos da comunidade, melhor será a percepção dos cidadãos. O gabarito é, assim, a letra D. 27 - (FCC – TRT-PE – ANALISTA – 2012) O desenvolvimento da capacidade de governança aplicada às organizações públicas foca, principalmente, a) o desenvolvimento de estratégias de fortalecimento da burocracia profissional, por meio da universalização dos concursos públicos, redução dos cargos comissionados e eliminação da terceirização na administração pública. b) as questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, a definição do mix apropriado do público/privado nas políticas, a participação e a descentralização, assim como o escopo global dos programas. c) a reforma do regime político, reduzindo a necessidade de coalizões amplas de sustentação do governo e aperfeiçoamento de técnicas de planejamento estratégico na gestão dos programas ministeriais. d) a redução da máquina burocrática, especialmente nos níveis gerenciais, introduzindo métodos de contratação de gestores semelhantes aos da iniciativa privada. e) a introdução da gestão por resultados, a redução dos níveis hierárquicos e maior autonomia gerencial para os níveis operacionais, responsáveis pela implementação dos programas governamentais. Esta questão baseou-se no artigo de Maria Helena de Castro Santos: “Governabilidade, Governança e Democracia: Criação de Capacidade Governativa e Relações Executivo-Legislativo no Brasil Pós- Constituinte” e no conceito “ampliado” de governança. De acordo com o artigo65, “Governance, conforme Melo, refere-se ao modus operandi das políticas governamentais que inclui, 65 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 68 de 103 dentre outras, questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, à definição do mix apropriado do público/privado nas políticas, à participação e descentralização, aos mecanismos de financiamento das políticas e ao alcance global dos programas (cf. Melo, 1995:30-31). O conceito não se restringe, contudo, aos aspectos gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao funcionamento eficaz do aparelho de Estado.” Desta maneira, a letra B está correta e é o nosso gabarito. A letra A está errada porque apesar do conceito de governança estar relacionado com o fortalecimento da máquina estatal, isto não quer dizer necessariamente que estes aspectos sejam seguidos, como a eliminação da terceirização no setor público. A letra C também está incorreta, pois a reforma do regime político estaria mais ligada ao conceito de governabilidade do que do conceito de governança. A letra D tem o mesmo erro da letra A. O fortalecimento da máquina estaria ligado ao conceito de governança, mas não é seu ponto central a definição de como isto seria feito. Além disso, já vimos que a banca baseou-se no conceito ampliado de governança. A letra E está também apresentando diversos aspectos relacionados com o fortalecimento da máquina estatal. Entretanto, já vimos que a banca não utilizou o conceito tradicional de governança, de gestão dos recursos estatais e da capacidade técnica e financeira de executar as políticas públicas. Desta maneira, o gabarito é mesmo a letra B. Transparência Cada vez mais, a transparência nas ações governamentais é vista como elemento necessário para que o país possa reduzir as suas desigualdades, aumentar sua eficiência e atingir o seu pleno desenvolvimento. De acordo com Matias-Pereira66, “a transparência do Estado se efetiva por meio do acesso do cidadão à informação governamental, o 66 (Matias-Pereira, Os efeitos da crise política e ética sobre as instituições e a economia no Brasil, 2006) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 69 de 103 que torna mais democrática as relações entre o Estado e sociedade civil.” Ou seja, ser transparente é dar acesso para a sociedade de todos os atos e decisões públicas. É informar à sociedade e deixar disponíveis dados e informações que possibilitem uma análise e eventual crítica da atuação do Estado. Mais informado, o cidadão poderá avaliar melhor as políticas públicas, os diversos governantes e fazer melhores escolhas quando for votar. Governo Eletrônico e Transparência. Para que este movimento de ampliação da transparência possa acontecer, a Tecnologia da Informação e o que se conceituou de governo eletrônico são aspectos fundamentais. A evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), como a internet, as redes de computadores, as comunicações via satélite e celular, criaram um ambiente propício para o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento67. Neste contexto, o governo eletrônico é a forma pela qual os governos, de acordo com a ONU68, podem usar a internet e a Web para disponibilizar informação e serviços aos cidadãos. Já para a OCDE69, o governo eletrônico é definido como o uso das TIC, em particular a internet, como ferramenta para levar a um melhor governo. Já para Diniz70, a ideia de governo eletrônico está ligada a duas dimensões: uma relacionada à modernização da administração pública por meio da utilização destas tecnologias de informação e comunicação (TIC) e na melhoria dos processos administrativos; a outra dimensão seria ligada ao uso da internet para a prestação de serviços públicos eletrônicos. Assim, o governo eletrônico, ou governança eletrônica, é uma ferramenta essencial para que o Estado possa aumentar a transparência de seus atos e programas para a sociedade ao mesmo tempo em que aumenta sua eficiência e eficácia. 67 (Braga, Alves, Figueiredo, & Santos, 2008) 68 (ONU, 2002) apud (Braga, Alves, Figueiredo,& Santos, 2008) 69 (OCDE, 2003) apud (Braga, Alves, Figueiredo, & Santos, 2008) 70 (Diniz, Barbosa, Junqueira, & Prado, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 70 de 103 Portanto, podemos pensar tanto no governo eletrônico como uma forma de modernizar a própria gestão da máquina pública, quanto em uma forma mais moderna e eficiente de prestar serviços públicos aos seus cidadãos. O governo eletrônico insere-se, portanto, dentro deste panorama da utilização da internet e das tecnologias de comunicação por todos os agentes da sociedade para trocar informação, vender, comprar, prestar serviços, etc. Dentre os tipos de relacionamento de negócios privados que são encontrados na internet, Nunes e Vendrametto citam71: B2C (Business to Consumer ou Negócios-Consumidores) – é o meio mais conhecido, em que empresas atendem diretamente ao consumidor final. Neste caso, estão incluídas todas as lojas virtuais e portais institucionais de empresas. Quando compramos algum produto em um site (como a “americanas.com.br”, por exemplo) estamos nos utilizando deste tipo; B2B (Business to Business ou Negócio a Negócio) – neste caso, o que ocorre é a troca de informação ou compra e venda de produtos entre empresas. Portanto, é o uso da internet por empresas, para que estas tenham maior facilidade para negociar entre si. Assim, só participam pessoas jurídicas; Com a disseminação da utilização da internet para o atendimento das demandas de empresas e clientes, o governo se viu cada vez mais cobrado pela população para que passasse a utilizar estas ferramentas. Estas iniciativas, também chamadas de e-gov, podem ser desdobradas nestes relacionamentos72: G2C (Government to Citizen/Consumer ou Governo para Cidadão/Cliente) Abrange a utilização da internet e das TIC para o governo atender diretamente aos cidadãos e melhorar a qualidade de seus serviços públicos. Dentre as iniciativas mais conhecidas, podemos citar a utilização das urnas eletrônicas nas eleições (que reduziu enormemente as filas e o tempo de apuração dos resultados) e o recebimento das declarações de imposto de renda pela internet (que possibilita o preenchimento e a entrega dos dados pelo contribuinte no conforto de seu lar). 71 (Nunes & Vendrametto, 2009) 72 (Nunes & Vendrametto, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 71 de 103 G2B (Government to Business ou Governo para Empresas) É o relacionamento do governo com as empresas, através da utilização da internet e das TIC. O governo busca com estas iniciativas tanto uma melhoria no tempo e nos custos de suas aquisições, bem como o incentivo a determinados negócios e um melhor acesso de pequenos negócios a estas oportunidades de negócios que as compras do governo possibilitam. De acordo com Zimath73: “As iniciativas voltadas para o setor empresarial, o G2B, surgem para atender uma demanda das organizações atualmente munidas de computadores, sistemas de informações gerenciais, aplicações em comércio eletrônico, intranet, extranet. O e-gov permite o “diálogo” digital entre empresas e governo, reduzindo custos, promovendo o desenvolvimento de determinados segmentos e regiões e viabilizando negócios.” Dentre as experiências de sucesso nesta área, podemos citar o portal Comprasnet, que proporciona uma visão global de todas as compras efetuadas pelo governo federal74. Os fornecedores têm acesso aos editais e podem participar dos pregões eletrônicos. Já os gestores têm acesso aos preços e catálogos de materiais de modo mais fácil e rápido. G2G (Government to Government ou Governo para Governo) O governo federal também se relaciona com outros entes federados através das TIC. Quando os estados utilizam o portal do CAUC, Cadastro Único de Convênios, para checar se existem pendências com a União, estão fazendo uso deste tipo de relacionamento. Desta forma, a internet e as TIC serão cada vez mais utilizadas para que os governos possam trocar informação e se relacionar. 73 (Zimath, 2003) apud (Nunes & Vendrametto, 2009) 74 (Nunes & Vendrametto, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 72 de 103 Figura 10 - Relacionamentos do e-gov Vamos ver algumas questões? 28 – (FCC – TCE/CE – ACE – 2008) O Portal do Tribunal de Contas do Ceará na Internet é um exemplo de governo eletrônico (E- Gov), por provocar transformações profundas nos relacionamentos. Os relacionamentos mantidos pelo Tribunal com os cidadãos e com os demais órgãos governamentais denominam- se, respectivamente, (A) G2G e G2B. (B) G2B e C2G. (C) G2C e G2G. (D) B2G e C2G. (E) C2G e G2B. A questão cita duas situações e pede que relacionemos com as opções descritas nas alternativas. A primeira trata-se do relacionamento do Tribunal de Contas com os cidadãos. Desta forma, é o governo lidando com o cidadão (G2C), não é mesmo? Só esta informação já seria suficiente para “matarmos” a questão, pois não existe alternativa além da C que tenha o G2C como o primeiro relacionamento. Já a outra situação descreve o relacionamento do TCE com outros órgãos governamentais. Portanto, trata-se de uma relação de governo com governo (G2G). Assim, o gabarito é mesmo a letra C. 29 - (FCC – PGE/RJ – AUDITOR – 2009) Dentre as práticas orientadas para a modernização da Administração Pública, a mais adequada ao aumento da transparência e eficiência dos serviços públicos para o cidadão é E-gov G2C - Governo para Cidadãos G2B - Governo para Empresas G2G -Governo para Governos 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 73 de 103 (A) a descentralização dos serviços para as burocracias municipais. (B) a privatização das políticas sociais para organizações com fins lucrativos. (C) a redução de custos e racionalização dos serviços por meio de técnicas de downsizing. (D) o oferecimento de serviços públicos por meio de políticas de governança eletrônica. (E) a implementação de políticas de valorização das carreiras estratégicas em todas as áreas da Administração Pública. A alternativa A não está correta, pois esta descentralização não aumenta necessariamente a transparência das ações para os cidadãos, pois os municípios podem continuar não fornecendo as informações a estes cidadãos. A letra B é absurda. Já a letra C não se relaciona com uma ação de modernização da Administração Pública, pois o downsizing (redução drástica de pessoal e de níveis hierárquicos) não está inserido nas reformas administrativas. A letra D está correta, pois o governo eletrônico (ou governança eletrônica) realmente aumenta a transparência das ações e dos programas governamentais e leva a uma maior eficiência. Entretanto, a letra E não se relaciona com ações que levem a uma maior transparência. A valorização de carreiras estratégicas pode aumentar a eficiência (mesmo que indiretamente), mas não necessariamente aumentará a transparência. O gabarito é mesmo a letra D. CEGE O governo brasileiro vem praticando uma política de incentivo à utilização da internet como maneira de melhor atender aos cidadãos em empresas, além de melhorar a governançapública, ou seja, a gestão dos recursos públicos para poder atender aos desejos e às necessidades da sociedade. A coordenação destas ações no governo brasileiro é função do Comitê Executivo de Governo Eletrônico – CEGE. Este comitê elegeu como princípios de sua atuação75: 75 (CEGE, 2004) apud (Nunes & Vendrametto, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 74 de 103 a promoção da cidadania como prioridade; a indissociabilidade entre inclusão digital e o governo eletrônico; a utilização do software livre como recurso estratégico; a gestão do conhecimento como instrumento estratégico de articulação e gestão das políticas públicas; a racionalização dos recursos; a adoção de políticas, normas e padrões comuns; a integração com outros níveis de governo e demais poderes. De acordo com Pinto e Fernandes76, a implementação do programa do governo eletrônico abrange um conjunto de projetos e ações: “Em primeiro lugar, os projetos voltados para a oferta de serviços e informações ao cidadão em meio eletrônico, particularmente por meio de sítios na Internet. A criação e desenvolvimento de portais integradores de serviços e informações tem sido a principal iniciativa. Em segundo lugar, a expansão e melhoria da infra-estrutura de redes de comunicação, destacando-se a constituição da denominada Infovia Brasil, que será uma rede de alto desempenho para uso exclusivo da administração pública federal9. Em terceiro lugar, a convergência e integração entre os sistemas e bases de dados. Avanço relevante nesse sentido foi a definição inicial dos padrões de interoperabilidade para sistemas e equipamentos de informática que deverão orientar a estratégia de integração10. Finalmente, a construção do marco legal e normativo para as transações eletrônicas tem sido prioridade que afeta não somente o desenvolvimento dos serviços do Governo ao cidadão, como também toda a vasta gama de atividades no âmbito do comércio eletrônico.” Assim, estes projetos englobam diversas iniciativas que buscam fortalecer o governo eletrônico. Estas iniciativas transversais são fundamentais para criar uma infraestrutura para que o governo eletrônico seja eficaz e eficiente77: 76 (Pinto & Fernandes, 2005) 77 (Pinto & Fernandes, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 75 de 103 Inclusão Digital Abrange iniciativas de cunho social, de forma a possibilitar que pessoas mais necessitadas não fiquem alijadas dos conhecimentos e instrumentos necessários para que participem da internet e do governo eletrônico. Uma das ações inseridas neste contexto é a ampliação dos telecentros, bem como o fornecimento de acesso em locais remotos e a um preço mais acessível para a população mais carente. Universalização dos Serviços de Telecomunicações Fundamental para que a iniciativa anterior funcione, esta universalização deve proporcionar acesso aos serviços de telecomunicações em todo o território nacional e engloba a telefonia e as redes de dados digitais. Dentre as ações que são inseridas neste contexto, temos: a informatização das bibliotecas, de redes de ensino, de instituições de saúde e a ampliação da oferta de conectividade à internet78. Certificação Digital A certificação digital busca, através da disseminação das chaves públicas de segurança, garantir o sigilo e a segurança nas informações, pagamentos e transações online. Estas chaves públicas de segurança são fundamentais para que o governo eletrônico possa funcionar, pois garante a integridade das informações e para que somente as pessoas e empresas autorizadas tenham acesso aos seus próprios dados fiscais e cadastrais. Compras Eletrônicas Governamentais Envolve a disponibilização de informações sobre as compras governamentais e a modalidade de compra conhecida como pregão eletrônico. Esta modalidade aumenta a transparência sobre as aquisições do governo, bem como busca aumentar a competição entre os licitantes e reduzir o custo total para o Estado. O portal utilizado no momento pelo governo federal é o www.comprasnet.gov.br. 78 (Pinto & Fernandes, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 76 de 103 Cartão Magnético O pagamento de auxílios como o Bolsa-família, entre outros, através de cartões magnéticos possibilita uma redução de custos e o aumento do controle sobre estes programas79. Por meio da utilização destes cartões, o governo pode ter um controle mais eficaz do funcionamento do programa e dos dados destes beneficiários. Comércio Eletrônico Existem diversas iniciativas que estão inseridas neste contexto. A definição dos marcos legais que regulam o comércio eletrônico é uma delas. Outra ação é a inclusão digital de micro e pequenas empresas. De certa forma, busca-se criar o arcabouço jurídico que dê segurança a todas as partes que operam no comércio eletrônico, além de criar condições que possibilitem às pequenas empresas participar deste processo. Vamos ver mais algumas questões? 30 - (FCC – TCM/CE – AUDITOR – 2010) A garantia do sigilo e da segurança nas informações e nas transações que envolvam pagamentos online, fundamental para a consolidação do Governo Eletrônico como instrumento de gestão pública, depende da implantação de (A) um sistema de banda larga universal e estável. (B) um sistema público de busca de informações. (C) uma infraestrutura de chaves públicas. (D) um backbone multicast em toda a extensão da rede pública. (E) uma comissão de gestão da internet pública. O instrumento que garante o sigilo e a segurança nas transações online e é fundamental para a consolidação do governo eletrônico é a certificação digital. Esta certificação se consiste em chaves públicas de segurança. Desta forma, nosso gabarito é a letra C. A letra A descreve um requisito para que as informações sejam transferidas de modo rápido e confiável, mas não garante o sigilo. A letra B descreve o que seria um “Google” público, portanto não se relaciona com o sigilo. Já o backbone multicast (a banca “pegou pesado” nesta!) é 79 (Pinto & Fernandes, 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 77 de 103 um instrumento que facilita videoconferências, entre outras aplicações. Assim, não se relaciona com o que a questão pede. Finalmente, a última alternativa também não se refere ao sigilo e à confiabilidade das transações eletrônicas. Deste modo, o gabarito é mesmo a letra C. 31 - (FCC – TCM/CE – AUDITOR – 2010) A inovação nos sistemas eletrônicos de compras governamentais de maior relevância e contribuição para a redução dos preços é (A) a emissão eletrônica de ordem de pagamento. (B) a publicação online de catálogos eletrônicos de materiais e serviços padronizados. (C) o cadastramento online dos fornecedores permanentes. (D) o registro e a publicação online dos preços praticados pelos fornecedores. (E) a divulgação eletrônica dos editais de contratação. Esta questão dá para ser respondida somente com a lógica. A banca está pedindo algumacaracterística dos sistemas de compras governamentais que possa gerar redução de preços para o governo. A letra A com certeza não se enquadra, pois a simples emissão de uma nota fiscal não gera economia na compra dos materiais. A publicação de catálogos também não seria um fator deste. O principal benefício desta publicação é a disseminação dos melhores preços (que já existem) aos outros gestores públicos. A letra C também está errada, pois o simples cadastramento de fornecedores não gera, por si só, a redução de preços. A letra D seria a que melhor se enquadra na questão, pois a publicação das informações de preços dos concorrentes pode gerar um processo de maior concorrência entre estes. Entretanto, a letra E também está equivocada. A divulgação dos editais possibilita, em teoria, a participação de mais concorrentes, mas não necessariamente uma maior concorrência. Assim, o nosso gabarito é mesmo a letra D. Transparência no Contexto da LRF Com a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, a transparência no Brasil ganhou um grande impulso. Esta lei veio exigir dos governos diversos instrumentos de transparência atualmente 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 78 de 103 consagrados, como o Relatório de Gestão Fiscal - RGF e o Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO. De acordo com Paludo80, a LRF foi um divisor de águas na história das finanças em termos de transparência das contas públicas no Brasil. Desde então, os diversos governos têm aprimorado seus instrumentos de transparência, de forma a cumprir com a LRF. Estes instrumentos têm possibilitado uma tomada de consciência que antes não se via do estado das contas governamentais e das prioridades e qualidades da diferentes gestões públicas. Assim, a democracia participativa passa a se tornar realidade, pois, somente com instrumentos que facilitem a participação dos cidadãos, o controle da sociedade sobre o Estado pode ocorrer. Abaixo, podemos ver os artigos 48, 48-A e 49 da LRF, que detalham os instrumentos de transparência da lei: Da Transparência da Gestão Fiscal “Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com 80 (Paludo, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 79 de 103 a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.”81 Vamos ver mais questões sobre estes temas? 32 - (FGV – SEFAZ-RJ – AUDITOR – 2008) No que se refere ao papel dos gestores públicos no tratamento dos recursos financeiros, humanos e físicos, é correto afirmar que: a) as atividades de gestão de pessoal são obrigações exclusivas dos órgãos de Recursos Humanos da Administração Pública Federal. b) o gestor público que trata de transferências governamentais tem por regra a aplicação de recursos públicos de um ente federado para pagamento de despesas de pessoal de outro ente federado. c) para preservar o patrimônio público, a regra estabelece que as receitas de capital devem ser maiores que as despesas de capital. d) só o administrador público tem o dever de prestar contas dos recursos públicos que ele possui sob sua guarda. e) a relação de accountability estabelece que o administrado pode e deve exigir transparência dos administradores, que começa na publicidade, mas não se extingue nela. 81 Lei Complementar n° 101/2000 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 80 de 103 A letra A está incorreta, pois não existe esta exclusividade. A letra B é absurda e não merece maiores comentários. Na letra C, o que não é permitido, de acordo com a LRF, é a utilização de receitas de capital (vendas de imóveis etc.) para despesas correntes (com a exceção dos regimes de previdência dos servidores). A letra D está equivocada, pois todos que manejam recursos públicos devem prestar contas. Entretanto, a letra E está correta e é o nosso gabarito. 33 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) Com relação à governança na Administração Pública, assinale a alternativa Incorreta. A) Governabilidade diz respeito ao exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo. B) Governabilidade é a capacidade que determinado governo tem para formular e implementar as suas políticas. C) O grau de governança democrática de um Estado independe do quantum de accountability existente na sociedade. D) A fonte direta da governança não são os cidadãos ou a cidadania organizada em si mesma, mas um prolongamento desta, ou seja, são os próprios agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a formulação e a implementação adequada das políticas públicas e representam a face deste diante da sociedade civil e do mercado, no setor de prestação de serviços diretos ao público. E) Uma boa governança pública está apoiada em 4 princípios: relações éticas; conformidade, em todas as suas dimensões, transparências; e prestação responsável de contas. A FMP nesta questão pediu para que o candidato apontasse a opção incorreta. As duas primeirasopções estão corretas e não apresentam maiores dificuldades. A governabilidade está realmente relacionada com o exercício do poder e da legitimidade deste perante a sociedade. A terceira frase está errada e é o nosso gabarito. A banca inverteu o conceito, pois a governança democrática está ligada à Accountability. Desta maneira, esta é sim necessária para que a governança democrática exista. Na letra D, a banca trouxe o conceito da origem da governabilidade e da governança. Ao contrário da governabilidade (que depende do apoio da sociedade e dos grupos organizados), a governança deriva dos servidores e agentes públicos, pois são eles que formulam e executam as políticas públicas. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 81 de 103 A letra E reproduz o conceito de Matias-Pereira, que cita estes quatro elementos como princípios de uma boa governança pública. Assim, o nosso gabarito é mesmo a letra C. 34 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) A transparência da gestão fiscal será garantida pela participação da sociedade e pela divulgação que deve ser dada a todas as ações relacionadas à arrecadação de receitas e à realização de despesas. Com esse propósito, a LRF criou alguns mecanismos. Assinale a Incorreta. A) A participação popular na discussão e na elaboração dos planos e dos orçamentos. B) A disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. C) A emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal, de acesso público e ampla divulgação. D) A emissão de relatórios periódicos de execução orçamentária, de acesso público e ampla divulgação. E) O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por Conselho de Orçamento Participativo, constituído por representantes de todos os poderes e esferas de governo, do MP e de entidades técnicas representativas da sociedade. Esta questão da FMP cobrou o conhecimento dos instrumentos de transparência trazidos pela LRF. A letra A está correta e está contida no primeiro inciso do artigo n°48 da lei. As outras alternativas também estão todas contidas no texto legal. A única alternativa incorreta é a letra E. A banca pautou-se em uma “pegadinha” maldosa. Este Conselho de Gestão Fiscal está previsto no Artigo n° 67 da LRF, mas ainda não foi criado. Veja abaixo o texto legal82: “Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a: 82 Lei Complementar n° 101/2000 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 82 de 103 I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação; II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de receitas, no controle do endividamento e na transparência da gestão fiscal; III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao controle social; IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.” Como a banca solicitou os instrumentos já criados pela LFR, esta alternativa torna-se incorreta (apesar de estar prevista no texto legal). Portanto, o nosso gabarito é mesmo a letra E. 35 - (CESPE – TCU / PLANEJAMENTO – 2008) A governabilidade diz respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes e o sistema de intermediação de interesses. Esta definição de governabilidade está perfeita. Como já vimos, a governabilidade está associada às condições políticas do exercício do poder. O gabarito é, portanto, questão correta. 36 - (CESPE – MDS / TÉCNICO – 2006) O termo governabilidade está associado às condições políticas de gestão do Estado, enquanto governança refere-se às condições administrativas de gestão do aparelho estatal. Beleza. Mais uma vez vemos o Cespe cobrar os conceitos de governança e governabilidade. Questão bem tranqüila. O gabarito é questão correta. 37 - (CESGRANRIO – FUNASA - ADMINISTRADOR – 2009) Accountability, Governabilidade e Governança são categorias muito utilizadas pelos cientistas políticos e por profissionais especializados na área de administração pública, cujos conceitos são importantes para a compreensão da formulação e da 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 83 de 103 implementação das políticas públicas. Nesse contexto, como se caracteriza o conceito de Governabilidade? (A) Conjunto dos mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade, o que implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e de administração do jogo de interesses. (B) Capacidade governativa em sentido amplo, envolvendo a capacidade de ação estatal na formulação e implementação das políticas, tendo em vista a consecução de metas coletivas. (C) Condições sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício do poder numa dada sociedade, refletindo características do sistema político, como a forma do governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e de intermediação de interesses. (D) Efetividade das políticas públicas elaboradas por governos, caracterizadas pelo rigor dos mecanismos que induzem os decisores a prestar contas dos resultados de suas ações, garantindo a transparência. (E) Prestação de contas pelo governo à Sociedade como fator de exposição pública das políticas. Como já vimos, a governabilidade está relacionada com a legitimidade do governo e com sua capacidade política de exercitar o poder. Desta forma, a população vê o governo como o representante legítimo de sua vontade e concede o apoio necessário para que este consiga governar. Portanto, nosso gabarito é a letra C. 38 - (CESGRANRIO – BANCO CENTRAL – ANALISTA ÁREA 4 – 2010) Boa governança e accountability são conceitos interdependentes. Quando o Banco Central do Brasil divulga, em seu site, diversas informações sobre sua atuação, dentre elas, a remuneração de membros da diretoria em eventos externos, exemplifica a importância da accountability vertical das organizações públicas. Entretanto, o fortalecimento da accountability vertical não depende apenas das próprias organizações públicas, sendo também fatores de seu desenvolvimento: I - ocorrência de competição real entre elites pelo poder; II - instâncias institucionais de supervisão, controle e avaliação recíproca; III - existência de liberdade de expressão e mídia independente do Estado; 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 84 de 103 IV - população com bom nível educacional, renda e bem-estar; V - divisão de poderes segundo a estrutura republicana.Estão corretos APENAS os fatores (A) II e V. (B) I, II e IV. (C) I, III e IV. (D) II, III e V. (E) III, IV e V. Esta questão é bem inteligente e busca saber se o candidato conhece os conceitos de accountability vertical e horizontal. Como já vimos, o accountability vertical refere-se à prestação de contas entre a Administração Pública e seus eleitores, a sociedade. Já o accountability horizontal refere-se aos “pesos e contrapesos”, ou seja, ao controle que um órgão exerce sobre o outro (dentro da máquina estatal) e ao controle interno dentro do próprio ente. Assim sendo, as afirmativas II e V estão ligadas ao accountability horizontal, tornando-as incorretas. O gabarito é a letra C. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 85 de 103 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. 1 - (FGV – BADESC – ANALISTA ADM - 2010) Com relação ao funcionamento da administração pública, analise as afirmativas a seguir. I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do governo. II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos de governo. III. A administração pública executa, com responsabilidade constitucional e política, os projetos governamentais. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente a afirmativa III estiver correta. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. 2 - (CESGRANRIO – CAPES – ANALISTA - 2008) Em sentido formal, a Administração Pública pode ser conceituada como o (a) a) conjunto de funções necessárias aos serviços públicos em geral. b) conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo. c) expressão política de comando e de fixação de objetivos do Estado. d) união dos Poderes de Estado com funções atribuídas com precipuidade. e) união de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo soberano. 3 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) O processo de proteção do núcleo técnico do Estado contra a interferência oriunda do público ou de outras organizações intermediárias corresponde ao conceito de um padrão institucionalizado que estrutura as relações entre sociedade e Estado no Brasil define o que se denomina de: A – clientelismo B – corporativismo C – neocorporativismo D – Insulamento burocrático 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 86 de 103 E – universalismo de procedimentos 4 – (ESAF – MF – ANALISTA TÉCNICO – 2013) A respeito do sistema de organização burocrático, analise as afirmativas abaixo, classificando- as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) A crise é, efetivamente, um dos elementos distintivos de qualquer sistema de organização burocrática. Ela constitui o meio para chegar a operar os reajustes necessários. ( ) O ritmo essencial que caracteriza uma organização burocrática é, particularmente, a alternância de longos períodos de estabilidade e curtos espaços de crise e mudança. ( ) O poder de decisão, no interior de um sistema de organização burocrática, tende a situar- se, naturalmente, entre aqueles que dêem prioridade aos objetivos funcionais da organização independentemente da estabilidade do sistema político. a) V, F, V b) V, V, F c) F, F, V d) F, V, V e) V, F, F 5 – (ESAF – RFB – AUDITOR – 2012) Sobre o modelo de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que: a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle de procedimentos. c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores. d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções. e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer serviços, e não em gerir programas. 6 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) A respeito da Administração Pública Burocrática, assinale a Incorreta: 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 87 de 103 A) Estrutura complexa, altamente hierarquizada. B) Autoridade centrada na hierarquia de competências. C) Clara divisão do trabalho. D) Especialização das funções E) Processos de trabalho e mecanismos de controle definidos formalmente por normas e regras rígidas. 7 - (FCC – ALESP/SP – GESTÃO PROJETOS – 2010) Com relação à administração pública burocrática considere. I. Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, com o objetivo de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista. II. Esse modelo de gestão possui como princípios orientadores a profissionalização, ou seja, a idéia de carreira e hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo. III. Os pressupostos da administração burocrática são a confiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles, administradores públicos, dirigem demandas. IV. O controle pode transformar-se na própria razão de ser do funcionário; voltando-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. V. A administração burocrática tem como principal qualidade a efetividade no alcance dos resultados; seu foco central é a eficiência do Estado. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I, II, III e V. (C) II, III e IV. (D) II e V. (E) III, IV e V. 8 - (ESAF – MPOG – APO – 2010) Uma das maiores obras de análise da estruturação e formação do Estado no Brasil foi 'Os Donos do Poder', de Raymundo Faoro. Assinale a opção que não corresponde ao pensamento de Faoro. a) A comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos depois, em linhas que se demarcam, gradualmente. b) O súdito e a sociedade se compreendem no âmbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos extremos. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 88 de 103 Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo - assim é porque sempre foi. c) O patrimonialismo estatal, no Brasil, incentivou o setor especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado no desenvolvimento econômico sob o comando político; para satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu componente civil e militar. d) O brasileiro que se distingue há de ter prestado sua colaboração ao aparelhamento estatal, não na empresa particular, no êxito dos negócios, nas contribuições à cultura, mas numa ética confuciana do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae aprovado de cima para baixo.e) Na peculiaridade histórica brasileira, a camada dirigente atua em nome do interesse público, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas forças sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhes a agressividade transformadora, para incorporá-las a valores próprios, muitas vezes mediante a adoção de uma ideologia diversa, se compatível com o esquema de domínio. 9 - (FCC – ISS-SP – AFTM – 2007) O modelo de Administração Burocrática, que tem entre seus principais expoentes Max Weber, caracteriza-se (A) pela criação de uma estrutura própria e estável, imune à alternância dos governantes, submetida a rígidos controles de resultado e de qualidade, sendo comumente criticada pelo excesso de formalismo e falta de flexibilidade. (B) pela consolidação do patrimonialismo, fazendo com que o Aparelho do Estado atue como extensão do poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo clientelismo, nepotismo e ausência de controles efetivos. (C) pelo fortalecimento do Aparelho do Estado, que passa a atuar de forma paralela e imune ao poder dos governantes, sendo comumente criticada pelo inchaço dos quadros de servidores públicos e ausência de eficiência na correspondente atuação. (D) pela ênfase na idéia de carreira, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo, sendo comumente criticada pela rigidez do controle dos processos, de forma auto-referenciada e sem compromisso com os resultados para o cidadão. (E) como reação à Administração Pública patrimonialista, buscando instituir mecanismos de controle da atuação dos governantes, com ênfase nos resultados, sendo comumente criticada pela ausência de controles eficazes dos processos. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 89 de 103 10 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito da chamada administração pública gerencial, analise as assertivas abaixo, classificando-as como verdadeiras(V) ou falsas(F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) A administração gerencial era considerada, quando da sua implementação, uma forma de trazer as mais recentes conquistas da administração de empresas para a administração pública. ( ) O paradigma gerencial contemporâneo, que se dizia fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exigia formas flexíveis de gestão, conforme se depreende do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. ( ) A administração gerencial visava transferir atividades de setor de serviços competitivos ou não exclusivos mediante o processo de publicização, ou seja, adoção pela sociedade, de formas de produção não lucrativas de bens e serviços públicos. ( ) As agências executivas também surgem como uma proposta inovadora da reforma administrativa gerencial no setor de atividades não exclusivas do Estado. a) F, F, V, F b) V, V, V, F c) F, F, V, V d) V, V, F, F e) V, F, V, F 11 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A administração pública no Brasil evolui-se por meio de três modelos básicos: a administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Assim, pode-se afirmar que a reforma do aparelho do Estado que adotou o modelo de administração gerencial foi orientada predominantemente: I. pelos valores da eficiência e qualidade na prestação dos serviços públicos. II. pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. III. pelo rompimento com todos os princípios da administração pública burocrática. Marque a opção correta. a) As afirmativas I e III estão corretas. b) As afirmativas II e III estão corretas. c) As afirmativas I e II estão corretas. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 90 de 103 d) Somente a afirmativa I está correta. e) Somente a afirmativa III está correta. 12 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A reforma do aparelho do Estado no Brasil, que substituiu o modelo de administração burocrático e adotou o modelo de administração gerencial, foi marcada por uma diferença que é considerada fundamental. Essa diferença fundamental está a) na forma de controle, que deixa de basear-se nos resultados para focar nos processos. b) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para focar nos resultados. c) na rigorosa profissionalização da administração pública que deixa de ser um princípio fundamental. d) na forma de controle, que passa a basear-se unicamente nos processos. e) na forma de controle, que deixa de basear- se nos processos e na profissionalização da administração pública para focar nos resultados. 13 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito das características da administração burocrática e da administração gerencial, atribua B à assertiva que descreva aspectos da administração burocrática e G à assertiva que descreva aspectos da administração gerencial. Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) O modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle dos procedimentos. ( ) Pensa na sociedade como campo de conflito, cooperação e incerteza no qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. ( ) Preocupa-se em oferecer serviços e não em gerir programas, visa atender aos cidadãos. ( ) É autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias necessidades e perspectivas. a) G, G, B, G b) B, G, B, B c) B, B, G, G d) B, G, G, B e) G, B, B, G 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 91 de 103 14 - (ESAF – ANA – ANALISTA – 2009) Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública: a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis. b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis. d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos. 15 - (ESAF – CGU – AFC – 2004) Ao longo de sua história, a administração pública assume formatos diferentes, sendo os mais característicos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial. Assinale a opção que indica corretamente a descrição das características da administração pública feita no texto a seguir. O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que usa, como instrumentos,os princípios de um serviço público profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional. a) Patrimonialista e gerencial b) Patrimonialista e burocrático c) Burocrático e gerencial d) Patrimonialista, burocrático e gerencial e) Burocrático 16 - (CESPE – TRE-BA /ANAL JUD - ADMINISTRATIVA – 2010) A administração pública burocrática se alicerça em princípios como 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 92 de 103 profissionalização, treinamento sistemático, impessoalidade e formalismo, que são abandonados à medida que a administração pública gerencial, calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo burocrático. 17 - (ESAF – RFB – AFRF – 2009) Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país: a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade. b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na lealdade política. c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada. d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona. e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle. 18 - (FCC – MP/SE – ADMINISTRADOR – 2009) modelo de Administração Pública Gerencial tem como principais características (A) descentralização dos processos decisórios, redução dos níveis hierárquicos, competição administrativa no interior das estruturas organizacionais e ênfase no cidadão-cliente. (B) concentração dos processos decisórios, aumento dos controles formais de processos e ênfase no cidadão-cliente. (C) inversão do conceito clássico de hierarquia, com redução dos níveis superiores e aumento dos inferiores, que passam a ser dotados de total autonomia decisória. (D) acentuação da verticalização das estruturas organizacionais, com aumento dos níveis hierárquicos superiores, onde se concentra todo o poder decisório. (E) descentralização dos processos decisórios, horizontalização das estruturas organizacionais e supressão dos mecanismos de controle de processos. 19 - (FCC – TRT/PR – ANALISTA ADM – 2010) Sobre as características da administração pública gerencial considere: I. No plano da estrutura organizacional tornam-se essenciais a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 93 de 103 II. Tem como princípios orientadores do seu desenvolvimento o poder racional-legal. III. O cidadão é visto como contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços. IV. Sua estratégia volta-se para a definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade. V. Os cargos são considerados prebendas. É correto o que consta APENAS em (A) I e V. (B) I e II. (C) II, III e IV. (D) I, III e IV. (E) II, III e V. 20 – (ESAF – RFB – AUDITOR – 2014) Considerando-se os modelos teóricos de administração pública: patrimonialista, burocrático e gerencial, é correto afirmar que: a) a Administração Pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, pregando o formalismo, rigidez e o rigor técnico. b) a Administração Pública burocrática pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. c) a Administração Pública burocrática prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores. d) a Administração Pública Gerencial é autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias necessidades e perspectivas, sem considerar a alta ineficiência envolvida. e) a Administração Pública Gerencial assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos com o controle de procedimentos. 21 - (ESAF – MTE / AFT – 2010) As seguintes afirmações espelham entendimentos corretos sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto: a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas nas administrações públicas de alguns países a partir da década de 1970, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 94 de 103 b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo puro, mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos. c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da tecnologia de gestão empresarial ao Estado. d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de transparência, dever social de prestação de contas, participação política, equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo gerencial puro. e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma forte retomada do estado do bem-estar social e do desenvolvimentismo burocrático, ideal reforçado pela recente crise do mercado financeiro internacional. 22 - (CESPE - TCE-AC / ANALISTA - 2006) Aumentar a governança do Estado significa aumentar sua capacidade administrativa de gerenciar com efetividade e eficiência, voltando-se a ação dos serviços do Estado para o atendimento ao cidadão. 23 - (FCC – ISS-SP – AUDITOR – 2012) Governança, no setor público, I. é um fenômeno mais amplo que governo; abrange as instituições governamentais, mas implica também em mecanismos informais, de caráter não governamental. II. implica principalmente mecanismos formais, de caráter governamental, que fazem com que as pessoas e as organizações dentro da sua área de atuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam suas necessidades e respondam às suas demandas. III. refere-se a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico. IV. diz respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes e o sistema de intermediação de interesses. V. é a capacidade do governo para identificar problemas críticos e formular políticas adequadas ao seu enfrentamento. Está correto o que se afirma APENAS em (A) II, IV e V. (B) III e V. (C) I e III. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 95 de 103 (D) II, III e IV. (E) I, IV e V. 24 - (FCC – TRE/MS – ANAL ADM – 2007) Considere as afirmativas abaixo. I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder. II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas. III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação.IV. Diz respeito à capacidade de decidir. V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo a viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução das decisões que o governo toma. Correspondem ao conceito de governança APENAS: (A) I e II. (B) III e IV. (C) II e III. (D) II e V. (E) IV e V. 25 - (FCC – BAHIAGAS – ADMINISTRADOR – 2010) Accountability é (A) a relação de legitimidade e autoridade do Estado e do seu governo com a sociedade. (B) o reconhecimento que tem uma ordem política, dependente das crenças e das opiniões subjetivas, e seus princípios são justificações do direito de mandar. (C) o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestarem contas dos resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição das políticas públicas. (D) a capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias instituições. (E) a aquisição e centralização de poder do setor público na administração das agências, por meio dos princípios de governança corporativa do setor privado. 26 - (FCC – TCE-PR – ANALISTA – 2011) Considere as afirmativas: 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 96 de 103 I. A Accountability horizontal requer a institucionalização de poderes para aplicação de sanções legais em atos verificados como nocivos à gestão pública. II. A Accountability relaciona-se ao princípio da publicidade. III. A Governança tem um sentido amplo, denotando articulação entre Estado e sociedade. IV. A Governabilidade denota um conjunto essencial de atributos de um governo a fim de executar sua gestão. V. Há relação direta e proporcional entre a percepção dos cidadãos na avaliação positiva de governantes agirem em função do interesse coletivo e a maior accountability do governo. No âmbito da esfera pública, está correto o que se afirma em a) I, II, III e V, apenas. b) II, III, IV e V, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, II, III, IV e V. e) I, III, IV e V, apenas. 27 - (FCC – TRT-PE – ANALISTA – 2012) O desenvolvimento da capacidade de governança aplicada às organizações públicas foca, principalmente, a) o desenvolvimento de estratégias de fortalecimento da burocracia profissional, por meio da universalização dos concursos públicos, redução dos cargos comissionados e eliminação da terceirização na administração pública. b) as questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, a definição do mix apropriado do público/privado nas políticas, a participação e a descentralização, assim como o escopo global dos programas. c) a reforma do regime político, reduzindo a necessidade de coalizões amplas de sustentação do governo e aperfeiçoamento de técnicas de planejamento estratégico na gestão dos programas ministeriais. d) a redução da máquina burocrática, especialmente nos níveis gerenciais, introduzindo métodos de contratação de gestores semelhantes aos da iniciativa privada. e) a introdução da gestão por resultados, a redução dos níveis hierárquicos e maior autonomia gerencial para os níveis operacionais, responsáveis pela implementação dos programas governamentais. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 97 de 103 28 – (FCC – TCE/CE – ACE – 2008) O Portal do Tribunal de Contas do Ceará na Internet é um exemplo de governo eletrônico (E-Gov), por provocar transformações profundas nos relacionamentos. Os relacionamentos mantidos pelo Tribunal com os cidadãos e com os demais órgãos governamentais denominam-se, respectivamente, (A) G2G e G2B. (B) G2B e C2G. (C) G2C e G2G. (D) B2G e C2G. (E) C2G e G2B. 29 - (FCC – PGE/RJ – AUDITOR – 2009) Dentre as práticas orientadas para a modernização da Administração Pública, a mais adequada ao aumento da transparência e eficiência dos serviços públicos para o cidadão é (A) a descentralização dos serviços para as burocracias municipais. (B) a privatização das políticas sociais para organizações com fins lucrativos. (C) a redução de custos e racionalização dos serviços por meio de técnicas de downsizing. (D) o oferecimento de serviços públicos por meio de políticas de governança eletrônica. (E) a implementação de políticas de valorização das carreiras estratégicas em todas as áreas da Administração Pública. 30 - (FCC – TCM/CE – AUDITOR – 2010) A garantia do sigilo e da segurança nas informações e nas transações que envolvam pagamentos online, fundamental para a consolidação do Governo Eletrônico como instrumento de gestão pública, depende da implantação de (A) um sistema de banda larga universal e estável. (B) um sistema público de busca de informações. (C) uma infraestrutura de chaves públicas. (D) um backbone multicast em toda a extensão da rede pública. (E) uma comissão de gestão da internet pública. 31 - (FCC – TCM/CE – AUDITOR – 2010) A inovação nos sistemas eletrônicos de compras governamentais de maior relevância e contribuição para a redução dos preços é 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 98 de 103 (A) a emissão eletrônica de ordem de pagamento. (B) a publicação online de catálogos eletrônicos de materiais e serviços padronizados. (C) o cadastramento online dos fornecedores permanentes. (D) o registro e a publicação online dos preços praticados pelos fornecedores. (E) a divulgação eletrônica dos editais de contratação. 32 - (FGV – SEFAZ-RJ – AUDITOR – 2008) No que se refere ao papel dos gestores públicos no tratamento dos recursos financeiros, humanos e físicos, é correto afirmar que: a) as atividades de gestão de pessoal são obrigações exclusivas dos órgãos de Recursos Humanos da Administração Pública Federal. b) o gestor público que trata de transferências governamentais tem por regra a aplicação de recursos públicos de um ente federado para pagamento de despesas de pessoal de outro ente federado. c) para preservar o patrimônio público, a regra estabelece que as receitas de capital devem ser maiores que as despesas de capital. d) só o administrador público tem o dever de prestar contas dos recursos públicos que ele possui sob sua guarda. e) a relação de accountability estabelece que o administrado pode e deve exigir transparência dos administradores, que começa na publicidade, mas não se extingue nela. 33 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) Com relação à governança na Administração Pública, assinale a alternativa Incorreta. A) Governabilidade diz respeito ao exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo. B) Governabilidade é a capacidade que determinado governo tem para formular e implementar as suas políticas. C) O grau de governança democrática de um Estado independe do quantum de accountability existente na sociedade. D) A fonte direta da governança não são os cidadãos ou a cidadania organizada em si mesma, mas um prolongamento desta, ou seja, são os próprios agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a formulação e a implementação adequada das políticas públicas e representam a face deste diante da sociedade civil e do mercado, no setor de prestação de serviços diretos ao público. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br99 de 103 E) Uma boa governança pública está apoiada em 4 princípios: relações éticas; conformidade, em todas as suas dimensões, transparências; e prestação responsável de contas. 34 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) A transparência da gestão fiscal será garantida pela participação da sociedade e pela divulgação que deve ser dada a todas as ações relacionadas à arrecadação de receitas e à realização de despesas. Com esse propósito, a LRF criou alguns mecanismos. Assinale a Incorreta. A) A participação popular na discussão e na elaboração dos planos e dos orçamentos. B) A disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. C) A emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal, de acesso público e ampla divulgação. D) A emissão de relatórios periódicos de execução orçamentária, de acesso público e ampla divulgação. E) O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por Conselho de Orçamento Participativo, constituído por representantes de todos os poderes e esferas de governo, do MP e de entidades técnicas representativas da sociedade. 35 - (CESPE – TCU / PLANEJAMENTO – 2008) A governabilidade diz respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes e o sistema de intermediação de interesses. 36 - (CESPE – MDS / TÉCNICO – 2006) O termo governabilidade está associado às condições políticas de gestão do Estado, enquanto governança refere-se às condições administrativas de gestão do aparelho estatal. 37 - (CESGRANRIO – FUNASA - ADMINISTRADOR – 2009) Accountability, Governabilidade e Governança são categorias muito utilizadas pelos cientistas políticos e por profissionais especializados na área de administração pública, cujos conceitos são importantes para a compreensão da formulação e da implementação das políticas públicas. Nesse contexto, como se caracteriza o conceito de Governabilidade? 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 100 de 103 (A) Conjunto dos mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade, o que implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e de administração do jogo de interesses. (B) Capacidade governativa em sentido amplo, envolvendo a capacidade de ação estatal na formulação e implementação das políticas, tendo em vista a consecução de metas coletivas. (C) Condições sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício do poder numa dada sociedade, refletindo características do sistema político, como a forma do governo, as relações entre os poderes, o sistema partidário e de intermediação de interesses. (D) Efetividade das políticas públicas elaboradas por governos, caracterizadas pelo rigor dos mecanismos que induzem os decisores a prestar contas dos resultados de suas ações, garantindo a transparência. (E) Prestação de contas pelo governo à Sociedade como fator de exposição pública das políticas. 38 - (CESGRANRIO – BANCO CENTRAL – ANALISTA ÁREA 4 – 2010) Boa governança e accountability são conceitos interdependentes. Quando o Banco Central do Brasil divulga, em seu site, diversas informações sobre sua atuação, dentre elas, a remuneração de membros da diretoria em eventos externos, exemplifica a importância da accountability vertical das organizações públicas. Entretanto, o fortalecimento da accountability vertical não depende apenas das próprias organizações públicas, sendo também fatores de seu desenvolvimento: I - ocorrência de competição real entre elites pelo poder; II - instâncias institucionais de supervisão, controle e avaliação recíproca; III - existência de liberdade de expressão e mídia independente do Estado; IV - população com bom nível educacional, renda e bem-estar; V - divisão de poderes segundo a estrutura republicana. Estão corretos APENAS os fatores (A) II e V. (B) I, II e IV. (C) I, III e IV. (D) II, III e V. (E) III, IV e V. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 13 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 101 de 103 Gabarito 1. A 2. B 3. D 4. B 5. B 6. B 7. A 8. E 9. D 10. B 11. C 12. B 13. D 14. C 15. B 16. E 17. A 18. A 19. D 20. A 21. E 22. C 23. C 24. D 25. C 26. D 27. B 28. C 29. D 30. C 31. D 32. E 33. C 34. E 35. C 36. C 37. C 38. C Bibliografia Abrucio, F. L. (1997). O impacto do modelo gerencial na Administração Pública: Um breve estudo sobre a experiência internacional recente. Caderno ENAP n°10 , 52. Alexandrino, M., & Paulo, V. (2009). Direito administrativo descomplicado. São Paulo: Forense. Araújo, V. d. (2002). A conceituação de governabilidade e governança, da sua relação entre si e com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho. Brasília: ENAP. Araújo, V. d. (2003). O túnel no fim da luz: uma análise da privatização do setor elétrico em Mato Grosso no marco da governabilidade democrática. XVII Concurso del CLAD sobre Reforma del Estado y Modernización de la Administración Pública. Caracas. Braga, L. V., Alves, W. S., Figueiredo, R. M., & Santos, R. R. (2008). O papel do Governo Eletrônico no fortalecimento da governança do setor público. Revista do Serviço Público , V. 59 (1), 05-21. Bresser Pereira, L. C. (1998). A reforma do estado dos anos 90: lógica e mecanismos de controle. 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