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1
DIREITO CONSTITUCIONAL – PONTO 01
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Poder constituinte: originário e derivado.
Hermenêutica constitucional. O constitucionalismo brasileiro. A ordem constitucional vigente.
Emendas à Constituição. Disposições gerais e transitórias. República e federação no direito
Constitucional em geral. Sistema brasileiro. Repartição de competências. União: bens e
competência. Competência exclusiva, competência de normas gerais, competência comum e
competência concorrente. 
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. 
DIREITO CONSTITUCIONAL: “É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o
ordenamento positivo dos Estados.” (BULOS, 2010 p. 56). Para Pinto Ferreira é a ciência positiva da
constituição. Sempre a constituição será o centro. O direito constitucional é dividido pela doutrina em 03
grandes ramos:
DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – estuda uma determinada constituição;
Direito Constitucional Positivo ou Particular: é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e
normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado determinado. Daí falar-se em Direito
Constitucional brasileiro, direito constitucional americano...
DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – estuda a comparação entre duas ou mais constituições;
Direito Constitucional Comparado: este é muito mais um método do que uma ciência ou disciplina
propriamente dita. Seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições.
Estas confrontações podem utilizar como critério distintivo o aspecto temporal – e aí se compara a
Constituição vigente com outras Constituições deste mesmo Estado que não estão mais em vigor) ou o
aspecto espacial – quando se comparam Constituições de vários Estados entre si, não necessariamente
vigentes).
DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – busca identificar os conceitos e noções gerais que estão em
todas as constituições.
Direito Constitucional Geral: é a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser
encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário. Constituem
objeto do direito constitucional geral: o próprio conceito de direito constitucional, seu objeto genérico,
seu conteúdo, suas relações com outras disciplinas, suas fontes, a evolução do constitucionalismo, a teoria
da constituição, a teoria do poder constituinte etc.
Constitucionalismo: 
Walber Agra afirma que “o constitucionalismo significa que as condutas sociais devem ser determinadas
por normas, e o ápice da escala normativa reside nas normas constitucionais.” A doutrina costuma
reportar-se a, no mínimo, quatro significados do termo constitucionalismo, compreendidos como
constitucionalismo antigo, da Idade Média, moderno e contemporâneo.
André Ramos Tavares (2006) sintetiza que “numa primeira acepção, emprega-se a referência ao
movimento político-social com origens históricas bastante remotas, que pretende, em especial, limitar o
poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas
constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais
latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais
restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”.
2
A primeira ideia de constitucionalismo está associada às pioneiras limitações ao poder do Estado. As
raízes desse “movimento constitucional” 1 são encontradas entre os hebreus, para quem as leis dos
homens estariam limitadas pelos comandos divinos. Os povos hebreus, juntamente com as cidades-
estados gregas formam o denominado constitucionalismo antigo. 
A segunda vertente do constitucionalismo aparece na idade média, com o surgimento da Magna Carta do
Rei João Sem-Terra, de 1215. Ainda que seja mais identificada como um Documento instituidor de
privilégios, a Magna Carta de 1215 representou, sem dúvida, uma limitação do poder real, tendo
importância histórica para a evolução do constitucionalismo.
Neste aspecto, Fábio Konder Comparato (2010), menciona que, mais de reconhecer que a soberania do
monarca passava a ser substancialmente limitada por franquias ou privilégios estamentais, conferidos aos
barões feudais, a Magna Carta “deixa implícito pela primeira vez, na história política medieval, que o rei
achava-se naturalmente vinculado pelas próprias leis que edita”. O autor identifica esta primeira limitação
institucional como o embrião da democracia moderna. Mas o constitucionalismo inglês não se restringiu à
elaboração da Magna Carta do rei João da Inglaterra. Ao contrário, enfrentou diversas fases, entre as
quais se destaca a Petition of Rights e o Bill of Rights.
Jorge Miranda (2003) separa a formação evolutiva do direito constitucional britânico desta época em duas
fases, a saber, “a fase dos primórdios, iniciada em 1215 com a concessão da Magna Carta (pela primeira
vez, porque diversas outras vezes viria a ser dada e retirada consoante fluxos e refluxos de supremacia do
poder real) e a fase de transição, aberta em princípios do século XVII pela luta entre o Rei e o Parlamento
e de que são momentos culminantes a Petição de Direito (Petition of Rights) de 1628, as revoluções de
1648 e 1688 e a Declaração de Direitos (Bill of Rights) de 1689”.
O marco do constitucionalismo moderno está ligado a dois grandes acontecimentos do Séc. XVIII,
símbolos da limitação do poder estatal, a saber: Constituição norte-americana, de 1787, e Revolução
Francesa de 1789, e na consequente elaboração da Constituição francesa de 1791.
André R. Tavares pontua que este novo modelo de constitucionalismo caracteriza-se “a) pela publicidade,
permitindo amplo conhecimento da estrutura do poder e garantia de direitos; b) pela clareza, por ser um
documento unificado, que afasta incertezas e dúvidas sobre os direitos e os limites do poder; c) pela
segurança, justamente por proporcionar a clareza necessária à compreensão do poder.
O constitucionalismo moderno foi fortemente influenciado pelo iluminismo, movimento cultural surgido
na Europa cujos expoentes, entre os quais se destaca Locke, Hobbes, Rousseau, Montesquieu, defendiam
que as crenças religiosas e o misticismo, típicos da Idade Média, deveriam ceder espaço ao racionalismo.
É a própria sociedade quem deve traçar seu rumo e decidir por quem e como deve ser governada, o que
era inconciliável com a moral religiosa até então sedimentada.
Por sua vez, o constitucionalismo contemporâneo surgiu após o fim da 2ª Guerra Mundial, quando o
mundo ocidental sentiu a necessidade de reformular o conceito de Constituição, de maneira a não mais
admitir como legítima a ação estatal que fragilizasse a dignidade da pessoa humana e outros valores como
a justiça a paz social, ainda que supostamente amparada na lei. A ordem é que nenhum ordenamento
jurídico, por mais democrático que se intitule, possa violar os direitos fundamentais, possa desrespeitar o
postulado da dignidade humana, considerado valor universal pela Declaração dos Direitos de 1948.
Não é por outra razão que o prof. André R. Tavares insere o constitucionalismo atual no fenômeno mais
amplo da globalização, no qual qualquer ameaça à paz mundial afetará o interesse de todas as nações
NEOCONSTITUCIONALISMO
1 J. J. Gomes Canotilho adverte que o mais correto seria referir-se a “movimentos constitucionais, ao invés do termo
constitucionalismos. In: CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Almedina. 2003.
pag. 51. 
3
Daniel Sarmento registra que este conceito foi formulado sobretudo na Espanha e na Itália, mas que tem
repercutido na doutrina brasileira a partir da divulgação da obra Neoconstitucionalismo, organizada pelo
mexicanoMiguel Carbonell, em 2003. Seus adeptos buscam embasamento em Dworkin, Alexy, Peter
Härbele, Gustavo Zagrebelsky, Ferrajoli e Carlos Santiago Nino, mesmo que nenhum deles tenha se
definido como neoconstitucionalista.
O fenômeno ocorrido na Europa Ocidental do pós-guerra foi o panorama histórico que ensejou seu
advento. Sarmento destaca que “A percepção de que as maiorias políticas podem perpetrar ou acumpliar-
se com a barbárie, como ocorrera no nazismo alemão, levou as novas constituições a criarem ou
fortalecerem a jurisdição constitucional. (...)” As constituições do pós-guerra são marcadas por elevado
teor axiológico, caracterizadas, ainda, pela abertura e indeterminação semântica, importando em sua
aplicação pelo Judiciário a partir de novas técnicas e estilos hermenêuticos.
Assim, muitos dizem que moral e direito têm uma conexão necessária, cujo significado último é: “norma
terrrivelmente injusta não tem validade jurídica, independentemente do que digam as fontes autorizadas
do ordenamento”(frase de Gustav Radbruch, citada por Sarmento).
No Brasil, esse movimento só iniciou com a CF/88, eis que até então as constituições não eram vistas
como autênticas normas. Neste contexto, os adeptos (Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de
Barcellos etc.) e críticos (Dimitri, Humberto Ávila etc.) do neoconstitucionalismo apontam suas
principais características como sendo: valorização dos princípios, adoção de métodos ou estilos mais
abertos e flexíveis na hermenêutica jurídica, com destaque para a ponderação, abertura da argumentação
jurídica à moral, reconhecimento e defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do
Judiciário na Agenda de concretização dos valores constitucionais.
Sarmento aponta as principais críticas ao neoconstitucionalismo como sendo: (a) a de que seu pendor
judicialista é antidemocrático; (b) a de que sua preferência por princípios e ponderação, em detrimento de
regras de subsunção, é perigosa, sobretudo no Brasil, em função de singularidades de nossa cultura; e (c)
a de que ele pode gerar uma panconstitucionalização do Direito, em detrimento da autonomia pública do
cidadão e da autonomia privada do indivíduo.
O autor citado defende um neoconstituconalismo pensado como uma teoria constitucional que, sem
descartar a importância das regras e da subsunção, abra espaço para os princípios e ponderação, tentando
racionalizar o seu uso; seja visto como uma concepção que, sem desprezar o papel protagonista das
instâncias democráticas na definição do Direito, reconheça e valorize a irradiação dos valores
constitucionais pelo ordenamento, bem como a atuação firme do Judiciário para proteção e promoção dos
direitos fundamentais e dos pressupostas da democracia; seja concebido como uma visão que conecte o
Direito com exigências de justiça e moralidade crítica, sem enveredar pelas categorias metafísicas do
jusnaturalismo.
O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO? 
A palavra constituição, em sentido comum, está relacionada ao conjunto de elementos que constituem,
que constroem determinado objeto. Do ponto de vista jurídico, a constituição é o documento que
estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será
necessário tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo;
há doutrinadores que acrescentam um 4o. elemento que é a finalidade (Mazzuoli)), que serão tratados pela
CONSTITUIÇÃO.
O vocábulo constituição, em seu significado de ordenamento político do Estado, existe desde os
primórdios. Aristóteles distinguia as leis do Estado daquelas que estabeleciam os seus alicerces e
fundamentos. Cícero e Maquiavel, igualmente, distinguiam entre normas fundamentais e demais normas.
4
Não resta dúvida de que o termo Constituição é resultado de uma evolução histórica. Não obstante, tal
como concebida hoje, a Constituição provém do racionalismo do século XVIII. Documentos elaborados
anteriormente, como a Magna Carta (1215), que alguns autores afirmam terem sido formas rudimentares
de leis fundamentais, não podem ser consideradas como Constituições, eis que o poder ainda não havia
sido unificado nas mãos do Estado e não se poderia falar em Estado do Direito, estruturado por leis
vigentes para toda a população. (Walber de Moura Agra).
Surgiu na doutrina francesa, a noção de LEIS FUNDAMENTAIS DO REINO, que seriam impostas ao
próprio rei contra a suas fraquezas, protegendo-se, assim, a Coroa. Penetrou na Inglaterra, sendo usadas
pelo monarca contra os parlamentares e pelos parlamentares contra os STUARTS. Essa doutrina é fonte
da superioridade e intocabilidade concernentes ao poder, que se empresta às constituições escritas.
No séc. XVIII, surge o PENSAMENTO ILUMINISTA. Supremacia do indivíduo. Impera a não-
intervenção do Estado (LAISSEZ-FAIRE). MONTESQUIEU (ESPÍRITO DAS LEIS, marcou a ideia de
separação dos poderes). São marcos fundamentais do constitucionalismo: 1787 (Constituição dos Estados
Unidos2) e 1789 (Revolução Francesa)3. Somente aqui começa a surgir a noção de constituição escrita. 4
A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da
publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”), posto que se deve a ele o deslocamento de eixo de
legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – da para um substrato de
legitimidade alicerçado na soberania da nação.
A partir do Séc. XIX, começou-se a desenvolver o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE
CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO):
 toda nação deveria ter uma constituição que deveriam ter 03 elementos:
 sistema de garantias da liberdade (implementado a partir da existência de direitos individuais e da
participação popular no parlamento),
 princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e
 forma escrita.
Esses elementos irradiaram por todo o mundo, com algumas variações: constituições não escritas, estados
fundamentalistas. 
Já no Séc. XX, surgiu a ideia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER, já não basta a previsão dos direitos
fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir (crise
econômica, minorias raciais em conflito, agitação extremista, ausência de tradição liberal e outros).
OBJETO DA CONSTITUIÇÃO: é a disciplina dos elementos constitutivos do Estado (meios de
aquisição do poder, sistema de governo, forma de governo). Questão é saber se o objeto é DINÂMICO ou
ESTÁTICO. É sempre dinâmico, porque a sociedade humana está sempre em evolução, sempre se
modificando. 
2 Antes disso, no navio MAYFLOWER os chefes de família firmaram o acordo COMPACT (1620).
3 Preocupou-se em romper com o absolutismo, que confundia a noção de Estado e Monarca: artigo 16. Toda a sociedade na qual não
está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, NÃO TEM CONSTITUIÇÃO. 
4
Constitucionalismo. A) Causas: os mesmos fatores que contribuíram para o desmoronamento do sistema político medieval foram, por consequência,
determinantes para o aparecimento das constituições: 1) o jusnaturalismo (obra dos contratualistas); 2) a luta contra o absolutismo; 3) o iluminismo (e seu
apego à razão). B) Objetivos: 1) afirmação da supremacia do indivíduo; 2) limitação do poder; 3) racionalização do poder. C) Primeiras Constituições: Estado
de Virgínia (EUA), em 1776; Constituição americana, em 1787; Constituição francesa (1791).
5
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O QUE É A CONSTITUIÇÃO: são 03:
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA a elaboração deste conceito é de Ferdinand Lassale, apresentado na
obra “O que é uma Constituição?” (obs: não seria “A essência da Constituição?”), de 1862. Para este
autor, a Constituição é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que regem um determinado
Estado. Neste sentido, a Constituição não é um mero produto darazão; algo inventado pelo homem,
mas sim o resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. A Constituição escrita é
uma mera “folha de papel” e só será boa e durável se seus preceitos coincidirem com os fatores reais de
poder que regem a sociedade. – Características do enfoque sociológico: 1) a Constituição é vista mais
como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a do dever-ser; 2) a Constituição
não está sustentada numa normatividade superior transcendente (como seria o direito natural), está
baseada nas práticas desenvolvidas na sociedade. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26).
CONCEPÇÃO POLÍTICA este conceito foi concebido por Carl Schmitt, para quem a Constituição
significaria a decisão política fundamental. Para Schmitt, há diferença entre Constituição e lei
constitucional. A Constituição resulta da manifestação de um poder constituinte que, por intermédio
de uma decisão política fundamental, crie e organize o Estado. Assim, o conteúdo próprio da
Constituição é simplesmente aquilo que diga respeito à estrutura básica do Estado, à sua
conformação fundamental. A Constituição limitar-se-ia, portanto, a disciplinar a forma de Estado, a
forma de governo, o Sistema de governo, o regime de governo, a organização e divisão dos poderes,
o rol de direitos individuais. Segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA, consitituiria decisão política
fundamental na nossa Constituição, apenas os seguintes dispositivos: art. 1°> forma de Estado e forma de
governo; art. 1°, § único> regime de governo; art. 2°> princípio da divisão, harmonia e independência dos
poderes e base da organização do sistema presidencialista; art. 5°, 12 e 14> declaração dos direitos
individuais; arts. 18 a 43 e 145 a 162> organização federal e distribuição de competências; art. 44 a 125>
que tratam da organização de cada um dos 3 poderes. – As leis constitucionais, por sua vez, são todas
aquelas normas inscritas na Constituição mas que não têm a natureza de decisão política
fundamental. Estas normas só se tornam constitucionais em virtude do documento em que estão
inseridas. A matéria de que tratam poderia muito bem ser relegada à legislação ordinária. EX. art. 242, §
2° da CF/88. Sobre Schmitt: JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26 a 29 e MICHEL TEMER,
p. 18).
CONCEPÇÃO JURÍDICA5 (KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO6) – a constituição é
norma pura é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O kelsen dá 02
sentidos à palavra constituição: 
5 A concepção jurídica da Constituição tem em Hans Kelsen seu principal representante. Neste sentido a Constituição é vista essencialmente como norma
jurídica, norma fundamental ou lei fundamental de organização do Estado e da vida jurídica de um país. – A Constituição é considerada como norma pura,
puro dever-ser, completamente desligada da sociologia, da política, da filosofia ou da moral. A Teoria Pura do Direito de Kelsen visa exatamente tornar puro o
objeto de estudo da ciência jurídica (as normas jurídicas) livrando-o de qualquer juízo de valor moral ou político, social ou filosófico. – Constituição em
Kelsen tem dois sentidos: 1) sentido lógico-jurídico: Constituição = norma hipotética fundamental. Como Kelsen não admite que o direito se fundamente em
qualquer elemento sociológico, político ou filosófico, ele teve que cogitar de uma norma fundamental, meramente hipotética, que existe apenas como
pressuposto lógico da validade da própria Constituição. O teor desta norma hipotética fundamental seria mais ou menos este: “obedeça a tudo o que está na
Constituição”. 2) sentido jurídico-positivo: é a Constituição positiva. É a norma positiva suprema; conjunto de normas que regulam a criação de outras normas.
É a Constituição que confere a unidade ao ordenamento jurídico de um Estado. Com efeito, no ápice do ordenamento jurídico está a Constituição. – Esta é o
fundamento de validade de todas as outras normas jurídicas. É da Constituição que se extrai a validade de todas as outras normas infra-constitucionais em
qualquer órbita: federal, estadual ou municipal. – Consideração sobre Hans Kelsen: elogia-se a grande racionalidade e a lógica que Kelsen imprimiu à ciência
do direito. A grande objeção é que seu intento de purificar o direito, livrando-o da moral, da ética, da política não pode ser de todo satisfeito. Isto porque se é
correto e aceitável que todas as normas infra-constitucionais devam buscar na Constituição seu fundamento de validade; é altamente arriscado e diria até
inaceitável que o fundamento de validade da própria Constituição seja simplesmente uma suposta norma hipotética fundamental. A construção teórica genial
de Kelsen, se não estiver ligada a uma concepção filosófica, política, respeitadora dos direitos humanos, pode ser utilizada tanto pelos Estados mais
democráticos e justos quanto pelos mais injustos e autoritários. Não se poderia aceitar, por exemplo, uma norma constitucional que estabelecesse como um dos
objetivos do Estado exterminar uma parcela da população. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade; e MICHEL TEMER).
6 BONAVIDES: O formalismo de Kelsen ao fazer válido todo conteúdo constitucional, desde que devidamente observado o modus faciendi
legal respectivo, fez coincidir em termos absolutos os conceitos de legalidade e legitimidade, tornando assim tacitamente legítima toda
espécie de ordenamento estatal ou jurídico ... até o Estado nacional-socialista de Hitler fora Estado de Direito.
6
JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis –
princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). Quem escreveu muito
sobre esse princípio foi o MAURICE HAURIOU. No topo da pirâmide, há uma norma suprema que
impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO.
LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for
superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no
plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a
NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico.
CONCEPÇÕES MODERNAS: Além dessas 03 concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou
teorias, mais modernas:
TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE7, no livro a força
normativa da constituição) – é uma resposta ao Lassele. A constituição escrita NÃO necessariamente será
a parte mais fraca no embate, pode ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos
fatores reais de poder, ela pode modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade;
não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES, no livro constitucionalização
simbólica) – a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora
o texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um
símbolo à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas
constituições ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos
fatos.
CONSTITUIÇÃO ABERTA (PAULO BONAVIDES, CARLOS ROBERTO CIRQUEIRA CASTRO) –
o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não
será enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de
ficar ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos: casa, meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES – a doutrina apresenta várias classificações distintas:
QUANTO AO CONTEÚDO: pode ser
MATERIAIS – “são as normas constitucionaisescritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento
escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais”
(JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). (Obs: as normas costumeiras não são fruto de uma decisão
política fundamental, elas se formam ao longo do tempo).
FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e
somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o
peculiar modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 45). As normas
constitucionais, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária.
EXEMPLOS CF/88:
7 A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição tem uma força normativa, não sendo somente uma folha de papel
(LASSALLE). As questões jurídicas somente serão convertidas em questões de poder, caso não haja a satisfação de determinados
pressupostos. O autor reconhece a existência de uma VONTADE DA CONSTITUIÇÃO, não só há a vontade do poder, há também a
vontade da própria constituição. Deve ser reconhecida a força normativa da Constituição, sob pena de ser confundida com a Sociologia
ou a Ciência Política. Não pode haver o isolamento entre a norma e a realidade, como propõe o positivismo. A constituição jurídica
e a constituição real complementam-se, condicionam-se mutuamente, mas não dependem, pura e simplesmente, uma da outra.
7
Art. 208. § 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
Art. 242. § 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita
federal.
QUANTO À FORMA: podem ser
ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou sistemático, aplicando-se
racionalmente os dogmas da sociedade.
CODIFICADA – um único texto
NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos (Ex: Constituição da Suécia)
NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS – é o exemplo da
Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito,
especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam-se de textos históricos que se
incorporam à constituição.
QUANTO À ORIGEM 
DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as elaboradas por representantes do
povo, ou seja, são fruto de uma assembleia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891,
1934, 1946 e 1988.
OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem participação popular. No Brasil, são: 1824,
1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e
soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga
do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo de
constituição).
PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu titular o povo. Mas quando houver
a divisão entre os dois (o povo e o poder constituinte), a constituição será pactuada.
CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade, é
um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto.
QUANTO À ESTABILIDADE – a constituição deve ser capaz de se adequar às novas realidades
sociais. A emenda é uma alteração formal que altera o texto da constituição. Quando ao processo de
elaboração da emenda podem ser classificadas em:
RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração das emendas são diferentes dos processos de
elaboração da lei. Na CF (art. 60), dois turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA
CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar
em controle se há supremacia e rididez.
FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não há
divergência entre os procedimentos de uma e outra.
SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível. EXEMPLO: constituição do império.
CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO DE 1824) EM NOME
DA SANTISSIMA TRINDADE.
8
Art. 178. É SÓ CONSTITUCIONAL o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos
Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é
Constitucional, PÓDE SER ALTERADO SEM AS FORMALIDADES REFERIDAS, pelas
Legislaturas ordinarias.
OBSERVAÇÃO: Constituição escrita não significa Constituição rígida. Pode haver Constituições escritas
e ao mesmo tempo flexíveis. Constituição histórica não significa Constituição flexível. Em verdade, as
Constituições históricas geralmente são rígidas.
QUANTO À EXTENSÃO
CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: prevêem somente princípios e normas gerais,
não vão se preocupar em definir todos os efeitos. São típicas do estado liberal.
LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. São típicas do estado de bem estar
social
QUANTO À FINALIDADE
NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas.
DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus
direitos, equivalem às constituições longas. Principal teórico é o CANOTILHO, no livro constituição
dirigente e vinculação do legislador, mas o próprio Canotilho fez um novo prefácio, afirmando que a
constituição dirigente MORREU. Porque na realidade contemporânea, há outros mecanismos que são
responsáveis pela programação da sociedade, a CF não é mais o único instrumento, no livro,
CANOTILHO e a constituição dirigente. Existe o direito internacional e a constituição da comunidade
européia.
CONSTITUIÇÕES BALANÇO: De conotação socialista, oriunda principalmente da ex-União Soviética,
representa um estágio no desenvolvimento das forças produtivas, porque são essas forças econômicas que
moldam o arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores reais de poder”, de Lassale, ela deve
registrar a organização estabelecida em determinado momento histórico. Com a evolução das forças
econômicas deve haver uma alteração na estrutura jurídica, de modo que a Constituição sobra reflexo da
infraestrutura econômica. (AGRA).
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEVENSTEIN. Ele
vai cotejar a constituição com o processo político:
NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se
impõe ao processo político;
NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele;
SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo.
Outras classificações 
Constituição expansiva – sinônimo de Constituição analítica.
Constituição contratual ou pactual – resultado da aliança entre o rei e o Poder Legislativo.
Constituição semântica – é aquela que só serve para legitimar os interesses da classe dominante, sem
que seus fundamentos tenham eficácia.
9
Constituição garantia – seu objetivo é de assegurar a liberdade, limitando para isso o poder estatal
através da separação de poderes.
Constituição legal – é a que se apresenta esparsa ou fragmentada em vários textos.
Constituição total – refere-se àquela que engloba os vários tipos de perspectivas constitucionais, como o
político, o sociológico, o normativo. É a visão da lei maior em sua integralidade.
Constituição oral - é a que não está sedimentada em um determinado texto escrito. Cretella Júnior cita o
exemplo da Islândia do séc. IX.
Constituição compromissória – é a que se originou de uma compromisso constitucional, fruto de uma
ampla composição entre as várias classes sociais. 
 
OBSERVAÇÃO: Classificação da Constituição federal de 1988: formal, escrita, dogmática, promulgada,
rígida e analítica.
Poder constituinte: originário e derivado. 
1 TEORIADO PODER CONSTITUINTE 8
1.2 NATUREZA DO PODER CONSTITUINTE 8
1.3 TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE 9
2 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 9
2.1 CARACTERÍSTICA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 10
2.2 POSITIVAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORGINÁRIO 12
3 PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO12
3.1 CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO 12
3.2 ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO 13
4 GRAUS DE LEGITIMIDADE DAS CONSTITUIÇÕES 16
5 FENÔMENO DO DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL 17
É o poder que cria a norma constitucional, tornando-a exigível, cria e põe em vigor a norma
constitucional (Estrutura do Estado, Divisão dos Poderes e outros). Visa a criar a Constituição, a
estabelecer a estrutura do Estado. Ele se manifesta em momentos de crise (não necessariamente violenta),
porque instaura uma Nova Ordem Constitucional (crises jurídica, econômica, social e política).
O Poder Constituinte legitima a estrutura do Poder. Inicialmente, Sieyes pensava no Poder Constituinte
tendo como titular a nação, o que foi depois evoluído para povo. 
A Teoria do Poder Constituinte é algo distinto do Poder Constituinte, ela veio explicar o surgimento do
Poder Constituinte. 
1 TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
O marco foi a Teoria de SIEYÈS, com o livro “O que é o Terceiro Estado” (A Constituinte Burguesa).
A manifestação deve ser feita pelos representantes do Povo, materialização do Poder, no conceito de
representatividade. Exercício da soberania popular. Distinguiu:
O Poder Constituinte (poder de elaborar a estrutura do Estado e dividir os Poderes) do 
10
Poder Constituído (Poderes reconhecidos pela constituição são: o Legislativo, Executivo e Judiciário). 
Desde o primórdio da organização das sociedades humanas, já há algo cunhado como constituição, sendo
identificado o poder constituinte. A existência do poder constituinte não coincide com o marco histórico
de seu surgimento. A Revolução Francesa (fev 1789) é o marco do surgimento do poder constituinte, com
a obra de SIEYÈS. Nesta obra, pela primeira vez, alguém racionalmente tratou do poder constituinte. 
No séc. XVIII, a França vivia uma enorme crise política, econômica, social e orçamentária. Foram
convocados os ESTADOS-GERAIS. 
ESTADOS-GERAIS eram a assembleia consultiva do rei. Foram criados por Felipe IV (o belo) em 1303.
Eram formados por 03 classes que compunham a sociedade burguesa: 
o primeiro estado (clero); 
o segundo estado (nobreza) e 
o terceiro estado (comuns, posteriormente, chamados de burguesia). 
Os Estados tinham a seguinte forma de deliberação: cada Estado tinha um voto, em todas as questões os
votos eram mantidos unidos entre a nobreza e o clero, e a burguesia que pagava a conta sempre perdia.
Assim, quando Luis XVI convoca os estados-gerais, o abade propõe que a representação em cada Estado
seja proporcional à quantidade de franceses que representavam. Desta forma, ao terceiro estado caberia a
maior representatividade. Ele propõe ainda que o voto fosse por cabeça e não por estado, assim, cada
integrante teria um voto e não o estado todo somente com um voto exclusivo. O objetivo era acabar com
os privilégios tributários da nobreza e do clero.
Para justificar essa mudança, ele afirmava que o Estado está submetido a certas regras, entretanto, a nação
tem o poder de modificar essas normas, por meio do seu PODER CONSTITUINTE, por meio de seus
PODERES CONSTITUÍDOS (executivo, legislativo e judiciário). As leis constitucionais não podem ser
independentes da vontade da nação. Quem pode mudar a constituição não é a própria assembleia
(estados gerais), mas a constituinte.
Mas, o abade não foi bem sucedido, porque os estados gerais não aceitaram a votação por cabeça. Daí, há
a rescisão por meio de uma rebelião da assembleia do terceiro estado que se autoproclama em poder
constituinte, sendo que o rei não aceita essa rebeldia, e eles afirmam que quem manda é povo.
Ao longo do tempo, o abade foi reescrevendo o panfleto aprofundando-o e atualizando-o de acordo com
os acontecimentos da época, até alcançar a redação final que se conhece. Conclusão: a nação era escrava
da vontade do rei.
1.2 NATUREZA DO PODER CONSTITUINTE
A natureza do Poder Constituinte é jurídica ou extrajurídica? Existem duas correntes doutrinárias que
procuram impor suas posições: 
JUSPOSITIVAS (KELSEN): o poder constituinte é um poder histórico, ele simplesmente existe, ou
seja, é assim, não se funda em uma ordem jurídica superior, ele inaugura toda a normatização jurídica, ele
é um fato, não deriva de um outro direito superior, o poder que antecede a norma, sendo um Poder
Político8. No Brasil, essa é a posição adotada.
8 Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie institucionalizada (organizado e 
permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua vontade sobre os outros e exigir o cumprimento de 
suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político não é exclusivo: permite a existência de outros poderes paralelos 
(poder econômico, poder social, poder sindical etc.) mas está acima de todos eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: 
capacidade de editar normas jurídicas e de fazê-las cumprir. (CELSO BASTOS, cap. II). 
11
JUSNATURALISTAS (TOMÁS DE AQUINO): o fundamento de validade do poder constituinte está
no direito natural, que é superior hierarquicamente ao poder constituinte, ou seja, ele existe por força do
sistema de direito natural; os adeptos reconhecem no Poder Constituinte a natureza extrajurídica, já que o
Direito não é só norma.
1.3 TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE
Titularidade do Poder Constituinte: Quem é o titular do Poder Constituinte? Para Sieyès, é a nação, mas
hoje o titular é o povo. Nação é identidade de língua, cultura e raça. Povo é parte da nação que habita
determinado território. Titular do poder constituinte é o POVO, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente nos termos da CF (artigo 1o., CF/88).9
Não é possível reunir o povo no mesmo lugar para decidir sobre as normas constitucionais, por isso, é
preciso que o poder seja exercido por meio de representantes, que em nome do povo irá elaborar as
normas constitucionais. Assim, os exercentes do poder constituinte são os REPRESENTANTES DO
POVO.
Manifestação do Poder Constituinte 
Referendos constitucionais (Democracia direta)
Representantes do povo (Democracia representativa)
A legitimidade da ordem constitucional é o que o Poder Constituinte tenta explicar ou justificar; são
espécies de poder constituinte: Poder Constituinte originário e Poder Constituinte Derivado
2 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
Poder Constituinte Originário: Poder que cria uma nova ordem constitucional. É o capaz de fazer
nascer uma nova constituição, é o poder que o povo tem de escrever uma nova constituição para conduzir
os seus destinos. Tem a natureza jurídica política (pré-jurídico), não é norma é fato social, antecede a
formação A sua manifestação ocorre em um momento de ruptura da sociedade, quando uma nova ordem
constitucional precisa ser escrita. Essa ruptura pode ser: 
revolução10, que pressupõe o uso da força, que se legitima pelas injustiças da ordem anterior, é a tomada
do poder por quem não está no poder; 
golpe de Estado, é a tomada de poder por quem já está em exercício de uma parcela de poder; 
transição constitucional, ocorre quando uma colônia tem a sua independência preparada pelo
colonizador, por exemplo (Grã-Betanha fez a CF do Canadá, África do Sul e Austrália), outro exemplo de
transição foi o que ocorreu no Brasil, com a ruptura do regime ditatorial para um regime democrático, por
um amadurecimento político houve o surgimento de uma nova constituição. 
Há uma corrente que nega que a CF/88 foi resultante de um movimento soberano, porque ela foi
convocada por uma emenda constitucional da constituição anterior, assim, alguns afirmam que não foi
uma verdadeira constituinte, não existindo umverdadeiro poder constituinte originário. ROBÉRIO: isso é
uma besteira, não importa a forma pela qual a assembleia se reuniu, o que interessa é que de fato ela não
9 Povo é o conjunto de pessoas que têm a mesma nacionalidade, ou seja, ligação jurídica a um determinado Estado (povo é um conceito
jurídico). Difere da idéia de população (conceito demográfico), que é a expressão numérica dos habitantes de um Estado (inclui os
estrangeiros residentes) e difere da idéia de nação (conceito sociológico, cultural), que é o conjunto de pessoas que têm em comum fatores
culturais, étnicos, históricos e/ou lingüísticos. OBS: Povo mas não nação: cidadãos da antiga Iugoslávia. Nação mas não povo: os
palestinos (já que a Palestina não é um Estado) e os curdos (pode-se falar em nação curda mas não em povo curdo, já que não há um
Estado Curdo).
10 Há um direito à revolução, quando o povo esteja sendo oprimido pelas instituições jurídico-políticas. 
12
sofreu limitação pela ordem constitucional anterior, que era totalmente irrelevante para o novo poder
constituinte que se formou. 
Outra crítica que pode ser feita à assembleia constituinte é que seria um CONGRESSO CONSTITUINTE
e não uma assembleia nacional constituinte. ROBÉRIO: há duas formas/modelo de ser feita uma
constituinte: 
assembleia específica para o fim de constituinte e um 
congresso que simultaneamente faz o papel da assembleia constituinte; 
Não houve prejuízo porque no momento da eleição dos congressistas, sabia-se que eles seriam eleitos
para fazer também uma nova constituição. 
2.1 CARACTERÍSTICA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
À luz da corrente juspositivista, o poder constituinte originário é:
Inicial – não existe nem poder de fato e nem direito acima dele; inicia toda a normatividade jurídica.
 Autônomo – não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o soberano, o
titular, pode dizer o seu conteúdo. 
Incondicionado – não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica. 
Ilimitado – nenhum limite de espécie alguma, muito menos imposto pela ordem jurídica anterior. Não
tem que respeitar ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido. 
Mas, a Constituição para relativizar ou desconstituir os institutos do ato jurídico perfeito, a coisa julgada e
o direito adquirido ela deve ser EXPRESSA, não basta a omissão, os dispositivos constitucionais devem
ser claros e expressos para desconstituir essas garantias constitucionais. 
A nova constituição tem dois fenômenos em nome da segurança jurídica: RECEPÇÃO de toda a
legislação que não a contrariam e RECEPÇÃO de todo ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito
adquirido que não a contrarie. 
Juridicamente, NÃO há limites, mas, as relações humanas não são ditadas apenas por normas jurídicas,
assim, a assembleia nacional constituinte tem limites metajurídicos (sociologia, história, cultura), que
estão fora do direito, mas, presentes nas relações sociais estabelecidas e reconhecidas historicamente.
JORGE MIRANDA classifica essas limitações (há outras tantas propostas) em:
Ideológicas – baseadas na opinião pública, no pensamento predominante;
Institucionais – ligadas a instituições arraigadas na sociedade, EXEMPLO: a família, a propriedade
Substanciais – divididas em 03 grupos:
Transcendentes: valores éticos superiores, uma consciência ética coletiva, direitos fundamentais ligados
à dignidade do homem, isso está fora do direito positivo.
Imanentes: dizem respeito à história do Estado, EXEMPLO: a revolução acabou de derrubar a
monarquia, não pode a nova ordem restabelecê-la. 
Heterônomas: dizem respeito ao direito internacional, nenhum Estado pode mais tentar ser isolado dos
problemas do planeta, que por sinal são comuns de todos os Estados.
13
2.2 POSITIVAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORGINÁRIO
O momento da POSITIVAÇÃO ocorre quando a nova Constituição deixa de ser um PROJETO DE
CONSTITUIÇÃO e passa a ser uma nova constituição. A positivação pode ser por: 
OUTORGA (ato de força do poder totalitário), 
PROMULGAÇÃO (último ato da assembleia constituinte) ou 
REFERENDO (aprovação posterior pelo povo).
3 PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Para garantia de maior durabilidade de uma CF, é importante que existam possibilidades de sua
atualização, para se afastar de uma ruptura. As constituições obedecem ao princípio da
IMUTABLIDADE RELATIVA, ou seja, não são eternas mas, por outro lado, não podem ser
modificadas de forma contumaz. Essas modificações não podem ferir o espírito da constituição, só quem
pode fazer isso é o poder originário, mediante um processo de ruptura. A constituição tem que poder
mudar para servir de instrumento para a sociedade. Essas alterações podem ser:
i. FORMAIS – há Estados que não diferenciam as emendas da revisão, no Brasil, não há essa nítida
distinção, já que a previsão de revisão foi pontual.
Emenda – será uma revisão pontual
Revisão – será uma revisão total
Tratados equivalentes à emenda (EC/45)
ii. INFORMAIS – são as que modificam a CF sem alterar o seu texto, ocorrem por meio de:
interpretação evolutiva, jurisprudência, doutrina, aplicação de conceitos jurídicos indeterminados. A isso
se dá o nome de MUTAÇÃO, que a doutrina admite
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL não ofende o texto da lei, a sua literalidade (artigo 5o., XI, CF), na
inviolabilidade de domicílio, o conceito de casa, não corresponde a um conceito literal, se no futuro
houver o entendimento no sentido de restrição do conceito de casa, não há ofensa à literalidade da
constituição.
MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL (artigo 102, § 2o., CF) – as decisões definitivas de mérito
admitem efeito vinculante, mas, por meio de decisão do STF admitiu-se o efeito vinculante da decisão
liminar, com nítida ofensa à literalidade da constituição; dizer que a liminar tem efeito vinculante viola-se
a literalidade da CF, sem mudar o texto.
As mutações informais são fruto de um “PODER CONSTITUINTE DIFUSO” (JELLINEK).
3.1 CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Estão mais relacionadas aos mecanismos formais: 
Derivado: decorre do poder constituinte originário e da constituição;
Subordinado: hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do poder constituinte originário. 
Condicionado ou Limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo poder constituinte
originário, que estabelece regras que determinam a contenção do seu exercício. É o poder para alterar
uma ordem constitucional pré-existente; além das limitações metajurídicas terá também limitações
jurídicas.
14
3.2 ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Ele pode ser de duas espécies:
Decorrente (Poder de estabelecer uma nova constituição em um segundo nível – Estadual). Art. 11,
ADCT
Reformador ou de revisão: poder de alterar a própria constituição.
Há quem negue a existência do poder constituinte derivado, somente existindo o poder constituinte
originário. A reforma da constituição seria um PODER CONSTITUÍDO (MIN CARLOS AYRES DE
BRITO). Não é possível imaginar o poder de constituir o estado sem imaginar o correlato poder de
DESCONSTITUIR o estado anterior, ou seja, o PODER DESCONSTITUINTE. Enquanto, é escrito
algo novo, a ordem antiga é apagada. Somente quem tem esse poder de desconstituir o estado anterior é o
poder constituinte originário. O que classicamente se chama de poder constituinte reformador não tem a
força de desconstituir o Estado anterior, assim, muitos doutrinadores defendem que somente é poder
constituinte o originário, que tem essa capacidade correlata de desconstituir a ordem posta. 
Há quem diga também que somente é poder constituinte uma única espécie de poder: PODER
FUNDACIONAL, qual seja, aquele que faz a primeira constituição do Estado. 
3.3 LIMITES DO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR 
Na CF/88, os limites do poder constituinte derivado reformador estãofixados no art. 60.
3.3.1 Limite temporal 
Esse limite consiste no estabelecimento de prazo. A Constituição Federal de 1988 não tem. A
Constituição Federal de 1824 tinha.
3.3.2 Limite circunstancial 
A Constituição não pode ser alterada em algumas circunstâncias, sob o fundamento legitimador de que o
ânimus do legislador estará alterado: estado de defesa; estado de sítio e intervenção federal (§ 1o.).
Esse limite é absoluto, mas provisório. A Constituição de São Paulo não fala da intervenção federal como
limite circunstancial. Mas, a emenda pode ser proposta, mas, se for discutir, há divergência doutrinária;
agora a partir de votar não pode. A emenda pode ser até discutida.
Nas circunstâncias em questão, o país está em uma situação crítica, na qual, não pode ser modificada a
CF, o constituinte confiou nos mecanismos que a CF tem para atravessar esse momento, inclusive a
guerra. O constituinte não quer que a CF seja modificada em momento de exceção.
3.3.3 Limite Material 
Por força desse limite, excluem determinada matéria do Poder Constituinte derivado reformador, por ser
superior no ordenamento nacional. Os limites materiais podem ser: EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS:
3.3.3.1 Limite expresso
Limitação material expressa. PROPOSTA de emenda tendente a abolir. Pode existir o controle de
constitucionalidade contra a emenda constitucional (OTTO BACHOF). No Brasil, se afirma que não se
admite a teoria da norma constitucional inconstitucional: ofensa ao direito natural; hierarquia entre as
normas constitucionais; (mas, uma das situações, no Brasil, é aceita) emendas constitucionais
inconstitucionais, nesse ponto o Brasil, adota a teoria de OTTO.
15
O limite expresso trata das cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas (art. 60, § 4º ). 
 Não será objeto de DELIBERAÇÃO, ou seja, o processo sequer pode chegar ao final, o vício é anterior
à deliberação da emenda, hipótese de controle de constitucionalidade preventivo e judicial, cabimento de
MS impetrado por parlamentar (STF).
O voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea, ele existe na CF, mas, pode ser abandonado por emenda,
adotando-se voto facultativo.
Quanto aos direitos e garantias individuais há uma discussão sobre qual a interpretação que deve ser
utilizada. Assim, dependendo da interpretação, haverá consequências distintas em relação à aplicação da
limitação prevista no dispositivo. Se a INTERPRETAÇÃO for:
LITERAL: ficam afastados os direitos sociais, difusos, coletivos; sendo objeto de proteção somente os
direitos e garantias puramente individuais. O STF ainda não foi decisivo quanto a isso, mas, já entendeu
que existem cláusulas pétreas fora do artigo 5o. 
TELEOLÓGICA OU SISTEMÁTICA: é uma posição mais moderna, por meio da qual, deve-se entender
como objeto da proteção do artigo todos os DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
A interpretação literal esbarra em uma dificuldade: não há identificação, no texto constitucional, de texto
idêntico à expressão utilizada no inciso IV, do § 4o, pois em nenhum lugar fala-se de direitos individuais
isoladamente. 
Entretanto, por meio da regra geral de hermenêutica que diz que a exceção será interpretada
restritivamente. Assim, como a emenda é uma EXCEÇÃO (a regra é não emendar a CF), vai-se ampliar o
inciso IV. Isto é, a regra é a manutenção da constituição, a exceção é a emenda, assim, a possibilidade de
emenda deve ser restringida, por ser a exceção, assim, a vedação à emenda deve ser ampliada para
restringir a emenda; essa é a posição da doutrina majoritária. O inciso IV deve ser interpretado
ampliativamente, para restringir a emenda. Deve ser entendido que os DIREITOS FUNDAMENTAIS
são cláusula pétreas, sejam individuais, coletivos, difusos ou sociais.
Há direitos fundamentais que são FORMALMENTE FUNDAMENTAIS, mas, não têm substância de
direitos fundamentais, assim, não são cláusulas pétreas, somente os que têm substância de direito
fundamental não poderão ser abolidos, sem os quais não há vida humana digna. XXIX, ARTIGO 5º, não é
materialmente fundamental, é formalmente fundamental. (MIN. CARLOS VELLOSO defende essa
posição, em um artigo).
Fazendo interpretação sistemática e teleológica, o STF entendeu que medida provisória pode tratar de 
matéria penal, desde que seja para beneficiar o réu. (RE 254818/PR, julgado em 08/11/2000)
3.3.3.2 Limite implícito
Redução de cláusula pétrea e a titularidade do Poder Constituinte Originário (não pode existir emenda que
restrinja a titularidade do poder constituinte originário); 
emenda modificando o exercente do poder reformador; 
as limitações metajurídicas; 
modificação do processo de emendas futuras, facilitando ou dificultando (há quem diga que pode
dificultar) os processos de emenda, se permitir que dificulte, o reformador está limitando a si próprio o
que não é possível juridicamente. 
Pode haver uma nova revisão constitucional como foi em 1993? Está relacionado com a possibilidade de
poder facilitar a revisão constitucional; o rol de cláusulas pétreas, o conteúdo é fluido no tempo, a questão
é saber se pode ou não modificar o rol, há quem diga que pode aumentar (ROBÉRIO acha que não,
mesmo motivo acima), a possibilidade de reduzir traz a discussão de possibilidade de DUPLA REVISÃO.
16
JORGE MIRANDA afirma que existem 03 posições: 
insuperáveis, não podem ser reduzidas
ilegítimas, há quem diga que não pode existir porque o povo de hoje não pode condicionar o povo do
futuro, a geração atual não pode criar amarras para as gerações futuras.
Legítimas, mas, superáveis, pela DUPLA REVISÃO = 1a. emenda para retirar do rol de cláusulas pétreas
que está incomodando; 2a. modificar realmente. APROFUNDAR seria falar em plebiscito ou referendo.
Não há posição acertada, no Brasil, a maior parte entende que são INSUPERÁVEIS. ROBÉRIO: não se
filia à dupla revisão, porque no momento da Assembleia constituinte o povo está atento ao que está
acontecendo, com discussão mais profunda, mas, ordinariamente, o povo não está ligado a essas questões,
seria perigoso que o congresso ordinariamente pudesse fazer isso.
A República e o Presidencialismo são cláusulas pétreas? Houve a possibilidade de modificação em
revisão. Há quem diga que a república é uma cláusula implícita, porque dentro da ideia de forma
federativa de Estado, a proteção do voto periódico também, protegeria a república. ROBÉRIO: são
limitações implícitas, mas, especiais (artigo 2o., ADCT), o povo decidiu assim não pode haver emenda
contra a vontade, mas, pode ser superada por meio de uma outra consulta direta ao povo.
Artigo 127, CF o MP é instituição permanente, pode ser extinto por emenda? Pode ter suas atribuições
extintas por emenda? MP é cláusula pétrea ou instituição permanente? HUGO NIGRO MAZZILLI é
cláusula pétrea. Forças armadas, polícia federal, rodoviária e ferroviária também são instituições
permanentes.
3.3.4 Limite processual ou formal 
INCISOS I A III – limitações formais, no inciso I, troca-se o OU pelo E. O STF não se posicionou sobre a
possibilidade de iniciativa popular para proposta de emenda, mas, pode-se defender isso, a maioria dos
autores não aceita.
4 GRAUS DE LEGITIMIDADE DAS CONSTITUIÇÕES
A Constituição promulgada é mais legítima que a Constituição que foi outorgada. A constituição será
mais legítima, quanto mais atender aos procedimentos da assembleia constituinte. 
O procedimento constituinte é imposto pela própria assembleia constituinte, mas, se na hora de julgar não
obedecer a alguns procedimentos, não faz diferença porque a assembleia constituinte não está obrigada
por ela própria, seus procedimentos NÃO emanam de uma ordem superior. 
A violação aos procedimentos não é jurídica, assim, a sua autolimitação pode ser revista a qualquer
momento. 
EXEMPLO: discussão de que algumas normas da CF não obedeceram ao procedimento previsto, isso não
tem relevância já que foi aprovado pela assembleia. 
17
LEGITIMIDADEé diferente de LEGALIDADE11, EXEMPLO: o ato revolucionário é ILEGAL, por sua
natureza, mas, NÃO é ilegítimo. Obedecer ao procedimento aproxima a constituição da legitimidade,
mas, sozinho não quer dizer nada.
A participação do povo legitima a constituição, quanto maior a participação, maior a legitimidade.
Outro critério é o critério do CONSENSUS, será legítima a Constituição que atendeu a posição da
maioria. É um critério que também é sedutor, quanto mais atender ao que o povo pensa, mais legítima é.
Mas, sozinho não serve, porque por trás da ideia de atender à maioria não pode desrespeitar os direitos da
minoria, porque deve ser a constituição de todos e não da maioria.
Outro critério é o do EXERCÍCIO CONFORME OS INTERESSES DO TITULAR do poder constituinte,
quando mais o exercente atue no interesse do titular, mais legítima será a constituição. Esse critério
sozinho é insuficiente, porque há um pluralismo reinante, que faz parte do jogo democrático.
A constituição pode ser legítima ou não a partir da análise de todos os critérios, nenhum é suficiente
sozinho, devem ser conjugados.
A constituição pode começar legítima e depois deixar de ser, quando passe a ser instrumento de exercício
de poder da classe dominante. O contrário também pode ocorrer, ou seja, pode uma constituição ser
outorgada e com o passar do tempo tornar-se legítima.
5 FENÔMENO DO DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL
A positivação de uma nova carta produzida por uma assembleia constituinte. A partir das relações da nova
constituição com a ordem infraconstitucional é que se podem observar os fenômenos:
RECEPÇÃO – a nova constituição recebe a legislação inferior, que não lhe é materialmente ofensiva.
Utopicamente, o ideal era que todo o ordenamento jurídico fosse refeito, mas, pragmaticamente, isso
NÃO é possível. Observe-se a compatibilidade é MATERIAL. Do ponto de vista formal, não há que se
indagar se a lei anterior é ou não conforme a nova constituição. Se no momento em que a lei surge é de
acordo com a constituição vigente ela é válida. EXEMPLO: a CF não admitiu os decretos-lei, mas, eles
foram recepcionados, desde que materialmente compatíveis com a CF. 
OBS: Em razão de ter sido objeto da oral do TRF 2, vale comentar a discussão que ficou famosa no
Supremo , quando da análise da ADI 2, em 1992. Prevaleceu o entendimento do ministro Paulo Brossard,
relator, após longo debate com o Min. Pertence, firmando o entendimento de que há revogação do direito
anterior incompatível com a nova CF.
Obs: A partir do julgamento da ADPF 130 (Lei de Imprensa), julgada em abril de 2009, o STF passou a
entender que norma anterior incompatível com a nova ordem constitucional é tida como não-
recepcionada, abanando a nomenclatura outrora empregada (revogação).
Obs: lei anterior não pode ser objeto de ADIN, mas, a ADPF pode ter por objeto lei anterior à CF.
Pode ser protelado para o futuro o momento em que a legislação anterior contrária permaneça vigendo,
isso deve ser expresso, EXEMPLO: artigo 25, ADCT. Inclusive com a utilização do termo: REVOGADO.
REPRESTINAÇÃO – pode se aplicar no momento de sucessão de constituições no tempo. Constituição
A que admite a pena de morte, a lei B regulamenta a pena de morte. Depois vem a CF C que proíbe a
pena de morte, a lei é não recepcionada, depois uma nova CF D, passa a permitir novamente a pena de
morte, poderá fazer valer novamente a lei anterior, assim, a repristinação só é válida quando expressa.
DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO – o normal é que quando surge uma nova Constituição a anterior
será completamente apagada, mas, por esse fenômeno, ao invés de descartar a CF anterior, pode
11 LEGALIDADE E LEGITIMIDADE: (PAULO BONAVIDES, Ciência política)
LEGALIDADELEGITIMIDADEConceito formal, observância à leiConceito substancial, consonância do poder com a vontade
popularNoção jurídicaNoção ideológicaConformação a um texto constitucional precedenteConformação aos
princípios da nova ordem jurídica proclamadaLEGAL E ILEGÍTIMO: poder conquistado segundo as regras vigentes
mas desvirtuado por aquele que o exerce.
ILEGAL E LEGÍTIMO: movimentos revolucionários (rompem com a ordem vigente) que traduzam os anseios populares.
18
permanecer no ordenamento jurídico como lei ordinária, isso pode ocorrer quando se tem uma CF longa e
pretende-se ter uma norma breve. 
Há o fenômeno pelo qual a CF permite que sejam aplicadas normas da CF anterior, EX. art. 27 e 29,
ADCT. 
Art. 27 - O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Presidência do Supremo Tribunal
Federal. 
Esse fenômeno não se confunde com a desconstitucionalização. 
6 MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
A Ordem Constitucional pode ser modificada sem que haja necessidade de alteração do texto. Exemplo: a
interpretação do princípio da igualdade pode ser aplicada de forma mais ampla. Exemplo: a interpretação
do STF sobre a inviolabilidade de casa, ampliando para o ambiente de trabalho, garagem, jardins. Com
isso, houve ampliação do conteúdo constitucional. Mutação constitucional, ou seja, permite a alteração
da constituição sem alteração do texto constitucional, adequação da constituição à realidade social.
O fundamento de validade para a mutação constitucional está na Teoria dos Poderes Implícitos (poderes
necessários para dar cumprimento às suas competências, aos seus objetivos e aos seus deveres). A
mutação demonstra um resquício do Poder Constituinte na atuação do judiciário.
Pode ocorrer a mutação pelas seguintes técnicas:
Interpretação: exemplo: posição do STF que se modifica no tempo. Exs: posição sobre
inconstitucionalidade da dispositivo da lei de crimes hediondos que vedava a progressão de regime,
concessão de liberdade provisória; efeitos do mandado de injunção; exigência de depósito prévio para
admissibilidade de recurso administrativo (Súmula Vinculante 21).
Construção Constitucional: não são todos os autores que admitem isso. Trata-se de uma teoria norte-
americana, que consiste em conjugar dois preceitos constitucionais para extrair o sentido do preceito.
Alguns autores afirmam que isso na verdade é interpretação sistemática.
Prática Constitucional: utilização reiterada do costume de uma determinada sociedade, pode estabelecer
o conteúdo do texto constitucional. Exemplo: sociedade conjugal de fato como entidade familiar na
ordem constitucional anterior.
Prática Inconstitucional: mesmo que o anterior, mas ofende a constituição, é método ilegítimo e não
pode ser reconhecido.
A mutação constitucional pode ocorrer por intermédio do Poder Legislativo, quando ele pretende
regulamentar algum preceito constitucional, e depois modificar a lei que tenha anteriormente feito. Por
outro lado, o Poder Judiciário também pode ser responsável por mutação, quando determina os limites
do alcance da norma constitucional.
7 REVISÃO CONSTITUCIONAL
A REVISÃO CONSTITUCIONAL estava prevista no artigo 3o, do ADCT. Estava submetida a um
LIMITE TEMPORAL – 05 anos depois de promulgada a constituição. LIMITE FORMAL – unicameral
por voto de maioria absoluta. QUESTÃO: pode haver nova revisão? O limite temporal era absoluto ou
relativo? QUESTÕES: houve limite material à revisão? As cláusulas pétreas limitavam essa revisão?
QUESTÕES: a revisão estava atrelada ao plebiscito do artigo 2º?
19
É cabível o controle de constitucionalidade das emendas de revisão constitucional.
8 TRATADOS INTERNACIONAIS
Atualmente, há nova forma de alteração formal do texto constitucional, nos termos do novo § 3o., do
artigo 5o., CF. A correta aplicação do dispositivo dependerá de apreciação do STF. Há divergência:
Alguns defendem a inconstitucionalidade do dispositivo, porque, teria dificultado a absorção dos tratados
de direitos humanos, que já poderiam ingressar no ordenamento com menos exigência, a teor do § 2o. O
STF não confere status constitucional ao tratado que ingressou na forma do art. 5 º do § 2 º, da CF .
Há quem diga que havendo maioria simples,os tratados ingressariam como lei ordinária. 
O dispositivo somente cria uma nova possibilidade de emenda constitucional.
Essa recepção sofre limitações circunstanciais? O que significa ser equivalentes às emendas
constitucionais?
O STF, em 03.12.08 (RE 466.343-SP e HC 87.585-TO), atribuiu status supralegal para os tratados de
direitos humanos não aprovados com o quorum qualificado previsto no art. 5º, § 3º, da CF (tese
vencedora do Min. Gilmar Mendes). 
Para Celso de Mello, vencido, ingressariam no ordenamento jurídico brasileiro ou como norma
constitucional (posição da doutrina avalizada pelo Min. Celso de Mello – HC 87.585-TO, seja em relação
aos tratados aprovados com quorum qualificado, seja em relação aos tratados de direitos humanos
vigentes no Brasil antes da EC 45/2004
9 PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE
É com base nesse poder é que são elaboradas as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais.
Há, na doutrina, quem discorde de que as leis orgânicas são expressão do poder constituinte derivado
decorrente12, já que os Municípios são entidades federadas. Esse poder possui as mesmas características
do poder reformador.
Dentre os princípios da constituição, destaca-se o princípio da rigidez constitucional, ou seja, as
constituições estaduais não podem ser revogadas por lei, somente cabe por emenda. O mesmo se aplica às
Leis Orgânicas.
As normas derivadas do poder decorrente podem ser:
NORMAS PRÓPRIAS – são as imaginadas e discutidas pelo poder decorrente dentro de sua
competência.
NORMAS REPETIDAS – há correspondente na constituição. Aqui, há ainda outra divisão:
Normas de repetição obrigatórias: normas centrais federais, de comando obrigatório, que alcançam os
estados membros de forma obrigatória. Tais normas limitam a autonomia organizativa dos estados
membros. Integram o ordenamento jurídico dos Estados-membros independente de repetição dessas
normas na Constituição dos Estados-membros, cabendo ao Poder Constituinte Decorrente apenas
complementar a obra do Constituinte Federal.
Normas de repetição facultativas – o legislador estadual ou municipal pode repetir ou não, mas, se repetir
deve obedecer à simetria. EXEMPLO: estabelecimento de medida provisória.
12 Classificação doutrinária tradicional (e suponho que majoritária) reduz o poder constituinte derivado decorrente ao poder 
constituinte dos Estados-membros, não incluindo o poder de os municípios elaborarem suas próprias Leis Orgânicas. 
20
A distinção entre norma de repetição obrigatória e facultativa desperta interesse em sede de controle de
constitucionalidade de leis estaduais, pois se a norma impugnada em sede de ADI Estadual for de
repetição obrigatória há a possibilidade de interposição de recurso extraordinário para o STF,
visualizando-se, assim, uma espécie de transformação de controle concreto para abstrato, que é a regra em
sede de ADI (à exceção de ADI interventiva, onde se constata um controle concentrado e concreto).
Seleção de Jurisprudência
Ao Poder Legislativo Federal ou Estadual, não está aberta a possibilidade de nova revisão constitucional,
como disposto no ADCT. (ADI 1722 MC/TO).
Viola a separação dos poderes a norma de Constituição que proíbe a realização de prova oral nos
concurso públicos em geral, notadamente na magistratura e MP. (ADI 1080 MC/PR, Julgamento:
29/06/1994) Autonomia do Estado membro, impossibilidade de EMENDA proibir a prova oral, separação
de poderes.
Na ADI 425/TO (2002) o STF assentou que os Estados-membros podem editar medidas provisórias em
face do princípio da simetria, obedecidas as regras básicas do processo legislativo no âmbito da União
(CF, artigo 62). 2. Constitui forma de restrição não prevista no vigente sistema constitucional pátrio (CF,
§ 1º do artigo 25) qualquer limitação imposta às unidades federadas para a edição de medidas provisórias.
Legitimidade e facultatividade de sua adoção pelos Estados-membros, a exemplo da União Federal
3 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
Toda a hermenêutica constitucional procura a CONCRETIZAÇÃO DA NORMA
CONSTITUCIONAL, considera além objeto do texto os fatos do mundo real, ou seja, deve ser levada
em consideração a realidade concreta do mundo. A tarefa de hermenêutica constitucional trará
consequências para toda a sociedade. COLOCAÇÃO: em que pese a afirmação de controle abstrato de
constitucionalidade, ainda assim, haverá o peso dos fatos sobre a interpretação, note-se que na própria lei
9868 fala-se da possibilidade de realização de perícia e de audiência pública, bem como, solicitação de
informações aos juízos inferiores sobre as consequências fáticas de aplicação da norma. Note-se que a
importância das circunstâncias do mundo real é justificada pelos institutos: aplicação de efeitos pro
futuros; a lei ser constitucional em dado momento, para mais adiante tornar-se INCONSTITUCIONAL.
Para evitar que a interpretação seja desarrazoada, há o estabelecimento de regras, métodos e princípios de
hermenêutica, que permitirão um certo controle sobre a atividade interpretativa, garantindo uma certa
uniformidade, ou seja, alguns pontos comuns estarão presentes na atividade interpretativa, busca do
EQUILÍBRIO. A liberdade do operador existe, mas, não é absoluta, já que se encontra limitada por
determinadas regras.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
CARACTERÍSTICAS DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
PREÂMBULO
Mesmo que o STF não o reconheça como norma constitucional, é regra
interpretativa
PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS
São decididos antes da elaboração do texto, no momento de construção das
normas, deve-se lembrar dos conceitos – VETORES INTERPRETATIVOS
QUEIMPRIMEM COESÃO, HARMONIA E UNIDADE AO SISTEMA
UNIDADE DA
CONSTITUIÇÃO
A Constituição é um sistema único, não pode ser uma colcha de retalhos
INTERPRETAÇÃO
INTRÍNSECA
A Constituição será interpretada dentro dos parâmetros positivos da
constituição, a Constituição não pode ser interpretada à luz da lei ordinária. A
lei ordinária que é interpretada a partir da constituição –
NEOCONSTITUCIONALISMO – CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO
21
DIREITO
3.2 ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
INTERPRETAÇÃO JUDICIAL – irá produzir uma NORMA DE DECISÃO, concretizando a
constituição no caso concreto. O STF é um legislador negativo, na medida em que, retira do
ordenamento as normas inconstitucionais. Entendendo-se a norma como resultado da interpretação, não
há como afastar a noção de que o Judiciário produz norma (PRODUZ A NORMA DO CASO
CONCRETO). O limite da norma de decisão é o STF, a partir da interpretação do STF, não há nada que se
possa fazer, senão a REVOLUÇÃO, para que surja uma nova ordem constitucional.
INTERPRETAÇÃO ADMINISTRATIVA – quando o chefe do executivo entende que a lei é
inconstitucional, ele pode deixar de dar cumprimento a lei.13
Recurso Especial 23.121/92-GO, Min. Humberto Gomes de Barros, publicado no DJU no dia 08
nov. 1993, p. 23251 "Lei inconstitucional – Poder Executivo – Negativa de eficácia. O Poder Executivo
deve negar execução a ato normativo que lhe pareça inconstitucional
Obs: o STF ainda não se manifestou sobre tal possibilidade.
INTEPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA – pode servir para a interpretação de algum conceito aberto.
EXEMPLO: o que é casa.
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA – é questão dividida na doutrina: 1) entendem que sim, por meio de
emendas constitucionais; 2) entendem que não existe a interpretação autêntica, porque quem faz a CF
é o poder constituinte originário, assim, a emenda não é da mesma fonte criadora (POSIÇÃO
MAJORITÁRIA). No Brasil, isso não tem consequência prática, porque, a utilidade dessa interpretação
é a retroatividade da lei nova em relação à lei interpretada, o que não pode ocorrer com as emendas
constitucionais,que não têm efeitos retroativos. A Reforma da Previdência não atingiu direito adquirido,
porque na verdade não há direito adquirido a regime jurídico, a EC/41 não retroagiu mandando aplicar os
atrasados dos últimos 05 anos.
3.3 MÉTODOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
Os métodos de interpretação são caminhos que não se excluem, podem ser usados ao mesmo tempo,
no processo de interpretação constitucional.
Métodos clássicos: gramatical ou literal; histórico; sistemático; lógico; teleológico.
3.3.6 MÉTODO TÓPICO - PROBLEMÁTICO
13 LUIS ROBERTO BARROSO (O Controle de constitucionalidade..., P. 70) informa que: “No Brasil, anteriormente à
Constituição de 1988, a doutrina e a jurisprudência haviam se consolidado no sentido de ser legítimo o Chefe do Executivo
deixar de aplicar uma lei que considerasse inconstitucional, bem como expedir determinação àqueles submetidos a seu poder
hierárquico para que procedessem da mesma forma”. Após a CF/88 este poder passou a ser questionado, visto que, com a
ampliação do rol dos legitimados à propositura de ADI´s, os Chefes do Executivo poderiam agora ajuizar eles mesmo a ação
direta de inconstitucionalidade, devendo aplicar as leis até que a inconstitucionalidade das mesmas fosse reconhecida. Contra
este último argumento objeta-se que a referida legitimidade não inclui os Prefeitos Municipais (em relação à CF). Além disso,
alega-se que obrigar o Poder Executivo a cumprir uma lei que ele entenda inconstitucional seria ferir o princípio maior da
supremacacia da Constituição. Após a CF/88, o STJ (Resp 23221) já se manifestou pela possibilidade de o Executivo deixar de
aplicar lei que entenda inconstitucional. O STF, contudo, ainda não se manifestou expressamente sobre o tema após a CF/88. A
nova redação conferida ao art. 102, par. 2º da CF/88, pela EC 3/93 e posteriormente pela EC 45/04, previu que as ADI´s e
ADC´s teriam efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Com isso, BARROSO argumenta que: “ao estabelecer que a declaração de
constitucionalidade vincula o Executivo, o dispositivo pressupõe que até que ela ocorra poderia ele considerar a norma
inconstitucional.
22
O intérprete deve preferir a verificação da finalidade prática da interpretação para resolver um problema
prático. Ou seja, valoriza a solução de um determinado problema. Isto é, o intérprete quer discutir o
problema que está posto diante de si para solucioná-lo, está ligado à ideia de constituição aberta. É a
PRIMAZIA DO PROBLEMA (MPF).
O método tópico foi desenvolvido pelos juristas alemães THEODOR VIEHWEG e JOSEF ESSER .
A primeira obra sobre o assunto, denominada "Tópica e Jurisprudência", de autoria de Viehweg, foi
publicada em 1953. O método tópico caracteriza-se como uma "arte de invenção" e, como tal, uma
"técnica de pensar o problema", elegendo-se o critério ou os critérios recomendáveis para uma
solução adequada. Referindo-se ao método tópico, PAULO BONAVIDES faz a seguinte ponderação:
"Da tópica clássica, concebida como uma simples técnica de argumentação, a corrente
restauradora, encabeçada por aquele jurista de Mogúncia, compôs um método fecundo de tratar e
conhecer o problema por via do debate e da descoberta de argumentos ou formas de argumentação
que possam, de maneira relevante e persuasiva, contribuir para solucioná-lo satisfatoriamente". A
principal crítica feita ao método tópico é a de que "além de poder conduzir a um casuísmo sem
limites, a interpretação não deve partir do problema para a norma, mas desta para os problemas."
Com a tópica, a norma e o sistema perdem o primado: são rebaixados à condição de meros pontos
de vista ou "tópoi", cedendo lugar à hegemonia do problema.
3.3.7 MÉTODO INTEGRATIVO OU CIENTÍFICO-ESPIRITUAL
Na doutrina de RUDOLF SMEND, a base de valoração, vale dizer, os valores expressos e tutelados
pela Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais) operam como valores de interpretação
coletivos dos cidadãos e, destarte, devem ser compreendidos e aplicados. Como acentua PAULO
BONAVIDES: "A concepção de Smend é precursoramente sistêmica e espiritualista: vê na
Constituição um conjunto de distintos fatores integrativos com distintos graus de legitimidade. Esses
fatores são a parte fundamental do sistema, tanto quanto o território é a sua parte mais concreta.O
intérprete constitucional deve prender-se sempre à realidade da vida, à "concretude" da existência,
compreendida esta sobretudo pelo que tem de espiritual, enquanto processo unitário e renovador da
própria realidade, submetida à lei de sua integração."
3.3.8 MÉTODO CONCRETIZADOR ou MÉTODO CONCRETISTA
CONCRETISMO INTERPRETATIVO. O intérprete sempre deve ter uma noção de que a interpretação é
a concretização da Constituição pela importância que se deve dar aos fatos reais. Ou seja, o intérprete
deve ter uma compreensão prévia da constituição para permitir a concretização em uma
determinada ambiência histórica, é basicamente um resumo de tudo que foi visto aqui.
O método concretista foi desenvolvido por três juristas alemães Konrad Hesse, Friedrich Müller e
Peter Häberle. Cada um deles ofereceu valiosas contribuições para o desenvolvimento desse método,
gravita em torno de três elementos essenciais: 
a norma que vai concretizar , 
a compreensão prévia do intérprete e 
o problema concreto a solucionar.
Como salienta Paulo Bonavides: "Os intérpretes concretistas têm da Constituição normativa uma
concepção diferente daquela esposada pelos adeptos de outros métodos, porquanto não consideram a
Constituição um sistema hierárquico-axiológico, como os partidários da interpretação integrativa
ou científico-espiritual, nem como um sistema lógico-sistemático, como os positivistas mais
modernos. Ao contrário, rejeitam o emprego da ideia de sistema e unidade da Constituição
normativa, aplicando um "procedimento tópico" de interpretação, que busca orientações, pontos de
vista ou critérios-chaves, adotados consoante a norma e o problema a ser objeto de concretização . É
uma espécie de metodologia positivista, de teor empírico e casuístico, que aplica as categorias
constitucionais à solução direta dos problemas, sempre atenta a uma realidade concreta, impossível de
conter-se em formalismos meramente abstratos ou explicar-se pela fundamentação lógica e clássica dos
silogismos jurídicos".
23
MÉTODO CONCRETISTA
DE 
KONRAD HESSE
MÉTODO CONCRETISTA
DE 
FRIEDRICH MÜLLER
MÉTODO CONCRETISTA
DE 
PETER HÄBERLE
O teor da norma só se
completa no ato interpretativo.
A concretização da norma pelo
intérprete pressupõe uma
compreensão desta; essa
compreensão pressupõe uma
pré-compreensão. A
concretização e a compreensão
só são possíveis em face do
problema concreto, de forma
que a determinação do sentido da
norma constitucional e a sua
aplicação ao caso concreto
constituem um processo unitário.
A interpretação adequada é
aquela que consegue concretizar,
de forma excelente, o sentido da
proposição normativa dentro das
condições reais dominantes
numa determina da situação.
Não existe interpretação
constitucional desvinculada
dos problemas concretos.
Tem sua base medular ou
inspiração maior na tópica, a que
ele faz alguns reparos,
modificando-a em diversos
pontos para poder chegar aos
resultados da metodologia
proposta. O texto de um
preceito jurídico positivo é
apenas a parte descoberta do
iceberg normativo. Além do
texto, a norma constitucional
compreende também um
domínio normativo , isto é,
pedaço da realidade concreta,
que o programa normativo só
parcialmente contempla. A
norma constitucional não se
confunde com o texto da
norma. Ela é mais que isso: é
formada pelo programa
normativo e pelo domínio
normativo. A normatividade
constitucional consiste

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